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COMPÊNDIO SOBRE AYAHUSCA

Ayahuasca
Ayahuasca (doquíchua aya, que significa 'morto, defunto, espírito', e waska, 'cipó',
podendo ser traduzido como "cipó do morto" ou "cipó do espírito"), também conhecida
como hoasca, daime, iagê, santo-daime e vegetal, é uma bebida enteógena
produzida a partir da combinação da:
- videira Banisteriopsis caapi (cipó mariri http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-
865917978-cipo-mariri-500g-p-cha-_JM) Pode ser substituído
por banisteriopsis inebrians ou por Arruda da Síria.
com várias plantas, em particular a:
- Psychotria viridis (chacrona) ( http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-865913541-
200g-folha-chacrona-para-cha-_JM) e a :
- Diplopterys cabrerana ou chaliponga; (pode ser substituída por Jurema Preta =
Mimosa hostilis)
(http://www.naturezadivina.com.br/loja/product_info.php?products_id=214).

A produção e o consumo da bebida são difundidos no mundo todo, em especial nos países
ocidentais. A ayahuasca é, frequentemente, associada a rituais de diferentes grupos
sociais e religiões, além de fazer parte da medicina tradicional dos povos da Amazônia.
Sinonímia
O nome ayahuasca pode designar tanto o cipó Banisteriopsis spp. quanto a bebida.
Entre as traduções para esse nome, estão "cipó do homem morto" (aya significando
"espírito, morto ou ancestral" e huasca significa "vinha ou corda"), "liana das almas",
"cipó dos espíritos", "cipó da pequena morte", "vinho da alma". Os nomes além do
significado literal referem-se a elementos de significação cultural, a exemplo de
"professor dos professores", "planta professora", entre outros.

Ayahuasca sendo preparada na região de Iquitos, no Peru

Na tabela a seguir, são descritos os diversos nomes atribuídos à bebida pelos grupos que
a consomem:
Grupo Cipó Folha Bebida

Barquinha jagube chacrona Daime, Luz.

Cefluris jagube rainha Santo Daime

Ciclu - Alto Santo jagube chacrona Daime[7]

União do Vegetal mariri chacrona Vegetal

História do uso indígena


Era utilizada pelos incas ou, melhor, pelo complexo histórico cultural assim denominado.
Segundo Darcy Ribeiro, apesar das diferenciações linguísticas e das variantes culturais e
nacionais, o bloco inteiro deve ser encarado como uma só macro-etnia: a neo-incaica.
Numa avaliação que fez em 1960, publicada no livro "As Américas e a civilização",
encontrou-se uma população de 15,5 milhões de habitantes, na área montanhosa de 3
000 quilômetros de extensão que vai do Norte do Chile ao Sul da Colômbia, cobrindo os
atuais territórios da Bolívia, Peru e Equador. Destes, 7,5 milhões são considerados
indígenas, 3 milhões, brancos por autodefinição e 5 milhões de mestiços.
Os primeiros relatos do uso indígena de ayahuasca, no Ocidente, são dos
missionários jesuítas Pablo Maroni em 1737 e Franz Xaver Veigl em 1768, que
descreveram um cipó (liana) conhecido como ayahuasca, "usado para adivinhação,
mistificação e enfeitiçamento", enquanto estiveram no Rio Napo Estima-se entretanto que
populações indígenas utilizem bebidas com estas plantas há aproximadamente cinco mil
anos, oito mil anos ou pelo menos 3.500 anos.
A ayahuasca é utilizada tradicionalmente em países como Estados Unidos,
Austrália, Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Brasil e ainda por pelo menos 72 diferentes
tribos indígenas da Amazônia. Há estimativas do início da sua utilização e dispersão entre
as tribos ameríndias entre 1500 e 2000 a.C., estando, entre os principais estudos dessa
datação, os realizados pelo etnógrafo equatoriano Plutarco Naranjo, que sumariou a pouca
informação disponível sobre a pré-história da ayahuasca a partir de
evidências arqueológicas abundantes em vasos de cerâmica, estatuetas antropomórficas e
outros artefatos. Atualmente, já se observa um cuidado das autoridades sanitárias,
governamentais e das próprias etnias que fazem uso da bebida em reconhecê-la como
patrimônio cultural e de padronizar sua utilização, como é o caso da UMIYAC - Unión de
Médicos Yageceros de la Amazonía Colombiana, que reúne representantes das etnias:
inga, cofán, siona, kamsá, coreguaje, tatuyo e carijona.

Visão religiosa da ayahuasca


Contexto médico-científico
Antropólogos e adeptos religiosos frequentemente desaprovam o uso do termo
"alucinógeno" para descrever a ayahuasca.[ Propõe-se o
termo enteógeno (grego en- = dentro/interno, -theo- = deus/divindade, -genos =
gerador), ou "gerador da divindade interna" uma vez que seu uso se dá em
contextos ritualísticos específicos. Contudo, a categorização científica da
ayahuasca, enquanto substância, sem levar em consideração qualquer contexto de
uso, é de um "alucinógeno" ou "psicodélico". Para a farmacologia, do ponto de vista
bioquímico, essa categorização não possui qualquer juízo de valor, e
simplesmente denota a substância como um alterador da percepção e da cognição
que age sobre os receptores de serotonina. Mas ressalta-se que, para compreender
seus efeitos psíquicos ou subjetivos, não se pode ignorar as crenças e contexto
social de uso.

A controvérsia "enteógeno x alucinógeno" ocorre devido à conotação negativa que


este último termo adquiriu em seu uso nos meios sociais e nos meios de
comunicação. O etnofarmacologista Dennis McKenna, tendo em vista essa
controvérsia, considera tanto o termo alucinógeno quanto o termo enteógeno como
inadequados para descrever a ayahuasca, e diz preferir o termo "shamanic
medicine".

Pesquisadores de medicina indígena, sistemas etnomédicos e adeptos religiosos


consideram a possibilidade e/ou atribuem à substância propriedades curativas. Nas
religiões tradicionais do Brasil e entre curandeiros "mestizos" da região andina, por
exemplo, acredita-se que a ayahuasca é capaz de desintoxicar (purgar), reativar
órgãos danificados e propiciar melhoras em quadros de dependência química, por
exemplo. O Mestre Irineu, fundador do primeiro grupo neo-ayahuasqueiro, o Centro
de Iluminação Cristã Luz Universal - Alto Santo, dizia que o seu daime podia curar
todas as doenças, exceto aquelas que vieram por sentença divina. Entretanto, ele
também dizia que "o Daime é para todos, mas nem todos são para o Daime", e
proibiu o proselitismo da bebida para os seus seguidores.

Indígenas: O mito fundador dos Kaxinawá mostra a ayahuasca como agente


curativo e dissipador de ilusões.

Religiões brasileiras "tradicionais"

O uso da ayahuasca se expandiu pela América do


Sul e outras partes do mundo com o crescimento
de movimentos religiosos organizados, sendo os
mais significativos a União do Vegetal (1961),
o Santo Daime (1930-1945, apesar de registrada
somente em 1971) e a Barquinha (1945), além de
dissidências destas e grupos (centros, núcleos ou
igrejas) independentes que o consagram em seus
rituais.
Ayahuasca sendo cozida na Região de Iquitos, no Peru
Neo-ayahuasqueiros Entre as comunidades ayahuasqueiras, os grupos e
organizações religiosas de formação mais recente têm sido denominados como ecléticos
ou neo-ayahuasqueiros. Ainda estão para ser realizados estudos mais aprofundados sobre
a dimensão quantitativa, socioantropológica e jurídica dessa extensão, como proposto
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Segundo Labate os grupos neo-
ayahuasqueiros formam uma interseção entre os que compõem o universo da "Nova Era"
e suas matrizes (de inspiração nas religiões orientais, neoxamanismo e holismo) e o
universo das religiões ayahuasqueiras tradicionais. Entre esses grupos, podemos citar:
Centro espiritual Estrela de Salomão, Centro Espiritual Beneficente União do Vegetal Luz
Paz e Amor (criada por Joaquim José de Andrade Neto; uma das inúmeras dissidências da
Verdadeira UDV - União do Vegetal), Núcleo Espiritual Rosa de Luz, Centro de
Desenvolvimento Integral Luz do Vegetal, Centro Terapêutico Caminho do Coração,
Irmandade Beneficente Natureza Divina, Templo Mãe d'Água, Escola da Rainha - Reino do
Sol, Centro de Cultura Cósmica Suprema Luz Paz e Amor (fundado pelo Mestre
Francisco), entre outros.
A proibição do proselitismo é observada quase que universalmente entre os grupos neo-
ayahuasqueiros. Há divergências, porém, na permissão ou condenação da venda das
plantas que compõem o chá, ou do próprio chá, entre grupos organizados ou indivíduos a
eles coligados, e também há divergências sobre a permissão da posse individual da
bebida aos membros de grupos. Os grupos variam entre si largamente na frequência de
uso, indo de quinzenal a diário ou quase diário, na potência da bebida e quantidade
ingerida por sessão, no nível de preparo pessoal necessário, como na exigência ou não,
nos dias mais próximos aos rituais, da dieta, que pode incluir abstinência sexual e/ou
jejuns ou alimentação controlada.

Grupos e religiões não ayahuasqueiros Legalidade


• Após 18 anos de estudos, o Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas do Brasil
retirou, em 23 de novembro de 2006, a ayahuasca da lista de drogas alucinógenas
definitivamente, fato que se fez possível graças a UDV (www.udv.org.br).
A ayahuasca já havia sido excluída desta lista em caráter provisório desde setembro
de 1987. Em 26 de janeiro de 2010, o Governo Brasileiro dispôs, através de parecer
do CONAD, a regulamentação de seu uso para fins religiosos, tendo vetado o plantio,
o preparo e a ministração da bebida com o fim de auferir lucro, a prática do comércio,
a exploração turística da bebida, o uso associado a substâncias psicoativas ilícitas, o
uso fora de rituais religiosos, a atividade terapêutica privativa de profissão
regulamentada por lei sem respaldo de pesquisas científicas, o curandeirismo, a
propaganda, e outras práticas que possam colocar em risco a saúde física e mental
dos indivíduos. O cadastramento das entidades que utilizam a ayahuasca é facultativo.

• A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu (em 20 de fevereiro de 2006) que o
governo estadunidense não pode impedir a filial da União do Vegetal no Estado
do Novo México de utilizar o chá ayahuasca em seus rituais religiosos. O veredicto
atesta que o grupo religioso está protegido pelo Religious Freedom Restoration Act,
aprovado pelo congresso em 1993, e que foi peça jurídica fundamental no processo
que legalizou o uso ritual do cacto peiote (cujo princípio ativo é a mescalina)
pela Native American Church — congregação que reúne descendentes de algumas
etnias indígenas norte-americanas.
• O Órgão Internacional de Controle de Entorpecentes (OICE), órgão de fiscalização
independente e quase-judicial criado para monitorar a implementação das
Convenções Internacionais das Nações Unidas (ONU) de controle de drogas, afirmou
em 2001 através de um fax do seu Secretário enviado ao Ministro de Saúde Pública
dos Países Baixos que as bebidas preparadas a partir das plantas que compõem a
ayahuasca não são substâncias controladas nos termos da Convenção sobre
Substâncias Psicotrópicas das Nações Unidas de 1971[40], cuja autoridade jurídica o
governo brasileiro reconhece no Decreto no. 154 de 26 de junho de 1991. [41] Em
relatório anual de 2010, o OICE afirmou que há riscos para a saúde no uso abusivo da
ayahuasca, e aconselhou os governos a adicionarem a bebida à lista de substâncias
controladas em populações onde ocorra o uso fora de contextos tradicionais, como o
uso recreativo ou a compra e venda da bebida e das plantas que a compõem.
• O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [[analisa transformar a
ayahuasca em patrimônio imaterial da cultura brasileira, a pedido do então
ministro Gilberto Gil e das religiões que comungam da bebida. No Peru, a bebida já foi
declarada patrimônio cultural da nação. No Peru, a ayahuasca passou a ser
considerada patrimônio cultural da nação a partir de 2008. [43]

Farmacologia
Cientificamente, a propriedade psicoativa da Ayahuasca se deve à presença, nas folhas da
chacrona ((Psychotria Viridis), de uma substância denominada N,N-dimetiltriptamina
(DMT), produzido naturalmente (em doses menores) no organismo humano. O DMT é
metabolizado pelo organismo por meio da enzima monoamina oxidase (MAO). O caapi
(cipó Mariri) possui alcaloides capazes de inibir os efeitos da MAO e, assim, evitar a
oxidação da molécula de DMT, o que a tornaria inativa. Desse modo, o DMT fica ativo
quando administrado por via oral, tendo sua ação prolongada.
Os harmanos são as betacarbolinas inibidoras de monoamina oxidase. A harmina e
a harmalina têm preferência pela inibição da enzima MAO-A, e, em altas doses, podem
passar a inibir a MAO-B, enquanto a tetraidroarmina (THH) é, além de um inibidor da
monoamina oxidase, um inibidor da recaptação de serotonina de baixa intensidade,
prolongando, assim, a meia-vida da molécula de DMT. Estes compostos permitem que as
moléculas de DMT não sejam metabolizadas, e assim atravessem a mucosa do estômago
e do intestino para que, então atravessando a barreira hematoencefálica, possam chegar
aos seus receptores correspondentes no cérebro Polimorfismos na enzima citocromo
P450-2D6 podem afetar a capacidade de um indivíduo de metabolizar a harmina.
A ayahuasca provoca alucinações entópticas (fosfenos), originadas entre o nervo óptico e
o córtex cerebral, que se encaixam em padrões geométricos previsíveis, como mandalas,
podendo também lembrar formas do mundo natural, como flores. Isto ocorre porque o
agonismo de receptores 5-HT2A abaixa a pressão ocular, naturalmente produzindo
fosfenos. Ela também provoca alucinações eidéticas, as chamadas visões, originadas
no hipocampo e no lobo temporal mesial, associadas à
alta neuromodelação de acetilcolina. Sob o efeito da ayahuasca, um ambiente escuro e o
repouso corporal potencializam alucinações eidéticas porque auxiliam as betacarbolinas
(que são hipnóticos) na indução do estado hipnagógico, aquele estado transitório entre a
vigília e o sono, no qual aumenta a atividade colinérgica.
Conforme a dose se eleva, há maior tendência de ocorrerem alucinações erráticas, estas
definidas como alterações na percepção do espaço, principalmente do contorno e tamanho
de formas, e da passagem do tempo. O caapi (cipó Mariri) e a chacrona potencializam-se
reciprocamente. As betacarbolinas, por seus efeitos hipnóticos, induzem ondas cerebrais
que favorecem as alucinações eidéticas, produzidas em maior potencial pela DMT, e as
ondas induzidas pela DMT favorecem as alucinações entópicas, produzidas em maior
potencial pelas betacarbolinas. Estas alucinações são bastante fluídas: uma alucinação
eidética pode formar-se gradualmente a partir de elementos de uma entópica, e pode
facilmente esvair-se, transformar-se em outra.
A jurema (Loja:Shop2953092 Store) funciona através de método análogo à ayahuasca. Ela
contém N,N-DMT e Juremamina, a qual atua como inibidor de MAO.

Formas de preparação
Banisteriopsis caapi

Segundo Strassman, e outros autores a ayahuasca é


uma das várias infusões ou decocções psicoativas
preparada a partir de Banisteriopsis spp. As bebidas
resultantes são farmacologicamente complexas e
utilizadas com propósitos etnomédicos distintos e
xamânico-religiosos. Para Strassman (o.c.), é uma
questão aberta se a hoasca deve ser considerada
como uma infusão medicinal xamânica ou se deve
ser considerada como uma medicina tradicional ao
lado, por exemplo, da medicina ayurvédica ou tibetana. Etnobiólogos ocidentais, como
Jonathan Ott, já registraram uma variedade de 200 a 300 plantas diferentes utilizadas no
seu preparo.Embora a ayahuasca seja produzida a partir do cipó Banisteriopsis caapi
(Cipó Mariri) e das folhas do arbusto Psychotria viridis (Chacrona), em alguns grupos
indígenas e neo-ayahuasqueiros, outras plantas psicoativas, junto a outras psiquicamente
inativas, podem ser adicionadas à mistura. Em alguns contextos indígenas, por exemplo,
pode ser adicionadas folhas de tabaco, coca ou guaraná; cactos como peiote ou São
Pedro, a chaliponga (Diplopterys cabrerana), que além da N,N-DMT, contém 5-MeO-DMT,
ou até mesmo a trombeta (Brugmansia suaveolens) conhecida pelos indígenas como Toé.
O cipó exibe várias variedades: são conhecidas mais de 40, sendo as mais famosas a
tucunacá e a caupuri (Sinônimos do Cipó Mariri). As variedades de cipó variam tanto em
aspecto quanto na natureza dos seus efeitos cognitivos, e a sua proporção junto à folha
varia conforme o contexto cultural. Os métodos para preparo, portanto, diferem muito em
relação à ocasião ou a cultura local.
A chacrona (Psychotria Viridis contém DMT) precisa do Caapi (Cipó Mariri contém
betacarbolinas) para ser oralmente ativa, mas o caapi não precisa da chacrona, e exerce
efeitos psicoativos por si próprio. A bebida preparada apenas a partir do cipó também é
chamada de ayahuasca. Ela é utilizada deste modo em algumas culturas, como entre os
Piaroa na Venezuela.
As proporções entre a dimetiltriptamina e as betacarbolinas variam largamente na bebida
final. Embora o cipó apresente apenas traços de harmalina, com proporção de 1:200 entre
harmina e harmalina, um estudo que realizou a cromatografia da bebida chegou a
encontrar proporções de quase 2 para 1 para 1 para 1 entre, respectivamente, THH, DMT,
harmalina e harmina, em bebida preparada na União do Vegetal. Bebidas coletadas de
indígenas e outros centros exibem proporções como 1:32 ou 1:490 entre harmina e
harmalina. O modo de preparo, portanto, é o que parece determinar a concentração dos
componentes na bebida final. O momento da colheita das folhas de chacrona também é
um fator determinante: a concentração de DMT nas folhas atinge o ápice durante o pôr-do-
sol e começo da noite, decai à metade deste ápice até a meia-noite, atinge novamente
altos níveis durante a madrugada e retorna a baixos níveis durante os trechos mais
quentes do dia.

Efeitos
Efeitos fisiológicos
Durante a sua ação, a bebida provoca aumento do diâmetro pupilar, da frequência
respiratória, da pressão arterial, tanto diastólica quanto sistólica; e aumenta drasticamente
as respostas neuroendócrinas para prolactina,cortisol e hormônio do crescimento
plasmático. Estas são ações típicas da N,N-DMT, ou de qualquer outro psicoativo que
também atue sobre os receptores 5-HT,tal como a LSD ou a psilocina. Esta ação pode
gerar sensações de queda de pressão, de súbito frio ou de calor, e ainda, tremores.
A ocorrência de náuseas, vômitos e diarreias pode estar associada à ação da bebida
sobre o receptor 5-HT2. Outros efeitos específicos são o aumento da empatia, a
diminuição da fome e um aumento na acuidade da visão noturna.
Devido à presença da harmina no caapi, a ayahuasca tem ação afrodisíaca, provocando
um aumento do vigor e do desejo sexual em seus usuários. A N,N-DMT, presente na
chacrona (Psichotria Viridis), também pode ter um papel nesta ação: estudos com 5-MeO-
DMT apontaram efeitos de estimulante sexual quando agia sobre receptores 5-HT2 e de
inibidor sexual quando agia sobre receptores 5-HT1. A ação inibitória desta triptamina foi
potencializada com a elevação da sua dose.
A bebida altera a natureza dos sonhos, que podem alterar em conteúdo, modo de
apresentação e intensidade, causando um aumento no realismo das sensações oníricas.
Podem ocorrer sensações de liberação dos limites normais de espaço-tempo. Em alguns
casos, sob altas doses, podem ocorrer episódios de distorção sonora. Entretanto, por
razões desconhecidas, não é normalmente relatado que os usuários escutem vozes,
experiência comum quando ingeridas substâncias bem próximas à N,N-DMT presente na
ayahuasca, como a 4-HO-DMT ou psilocina, presente nos cogumelos mágicos. Os
cogumelos também se diferenciam da ayahuasca na natureza das visões, por induzirem
ao riso e por alterarem a clareza dos pensamentos, características que também podem
ocorrer sob altas doses de cannabis.
Os usuários de ayahuasca costumam relatar fenômenos parapsíquicos com seu uso,
como a clarividência. Quando tomada em grupo, os usuários relatam experiências
telepáticas. Por este motivo, o primeiro nome que foi dado à harmina, presente no caapi,
foi Telepathine.
Ao contrário de outras triptaminas, como a LSD e os cogumelos mágicos, os efeitos da
ayahuasca não diminuem em intensidade com o uso frequente ou diário: é possível passar
meses a fio, ininterruptamente, sob o efeito da bebida. Após cessado o uso, podem
acontecer flashbacks, isto é, alguns dos efeitos voltarem, muitas horas após terem
cessado.

Efeitos cognitivos
Segundo os relatos dos usuários, a Ayahuasca produz uma ampliação da percepção que
faz com que se veja nitidamente a imaginação e acesse níveis psíquicos subconscientes e
outras percepções da realidade, estando sempre consciente do que acontece — as
chamadas mirações. Os adeptos consideram esse estado como supramental
"desalucinado" e de "hiperlucidez" ou êxtase. O estado alterado pode se dar por visões
interiores. Em doses baixas ou moderadas, o usuário consegue distinguir tais visões ou
"mirações" pessoais do que vê externamente com seus olhos; em altas doses, estas
visões podem se sobrepôr e se misturar ao que vê com olhos abertos, e a percepção de
objetos externos também pode se alterar: é comum nestas doses, por exemplo, ver os
dedos das mãos em forma diferente do real.
Segundo algumas linhas tradicionais de uso, a ingestão dessa bebida pode provocar a
absorção ou contato com o "Espírito da Planta" ou com uma "Planta Professora". Usuários
relatam, dentre outras sensações, ter os sentidos expandidos, os processos mentais e as
emoções tornarem-se mais profundos. A experiência vivenciada é a de poder mover-se em
muitas dimensões: "o voo da alma", uma sensação de partida do espírito do corpo físico,
para partir rumo a viagens astrais. Nestas viagens, ocorre a exploração tanto de novos
aspectos do mundo ordinário como de "mundos paralelos", que estariam além da
percepção corrente. O usuário pode experienciar a sensação de ser colocado na situação
de espectador externo de seus próprios atos, de tal modo que é chamado a um exame de
consciência. Esta experiência pode ser bastante súbita e violenta, sendo chamada pelos
adeptos religiosos de "apanhar","peia", "cacete","chicote", dentre outros termos.
A experiência pode em algum ponto revelar visões notáveis, insights, produzir catarses e
conseqüentes experiências de renovação e de renascimento; visões arquetípicas, de
animais, plantas e flores, mandalas, cidades, de espíritos elementais, de cenas que podem
ser interpretadas como lembranças de vidas passadas, ou de divindades. É possível que a
experiência induza a lembrança de memórias esquecidas ou muito recuadas no tempo,
como aquelas da primeira infância. Entretanto, também é possível que produza visões de
aspectos desagradáveis ou reprimidos do subconsciente, ou de entidades de aspecto
perturbador, como demônios. Abre-se o portal para outras formas de realidade, do acesso
ao inconsciente numa perspectiva psicanalítica e da criatividade do ponto de vista da
neuropsicologia e da estética.

Potencial terapêutico
No Brasil, o Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (CONAD) decretou, através de
relatório, que "Qualquer prática que implique utilização de Ayahuasca com fins
estritamente terapêuticos, quer seja da substância exclusivamente, quer seja de sua
associação com outras substâncias ou práticas terapêuticas, deve ser vedada, até que se
comprove sua eficiência por meio de pesquisas científicas realizadas por centros de
pesquisa vinculados a instituições acadêmicas, obedecendo às metodologias científicas.
Desse modo, o reconhecimento da legitimidade do uso terapêutico da Ayahuasca somente
se dará após a conclusão de pesquisas que a comprovem. Com fundamento nos relatos
dos representantes das entidades usuárias, verificou-se que as curas e soluções de
problemas pessoais devem ser compreendidas no mesmo contexto religioso das demais
religiões: enquanto atos de fé, sem relação necessária de causa e efeito entre uso da
Ayahuasca e cura ou soluções de problemas."
Pesquisadores estão encontrando indicativos de que a ayahuasca talvez auxilie no
tratamento do câncer, como também pode ter efeitos contrários aos agentes da malária e
doença de Chagas, e auxiliar na reversão de quadros de alcoolismo e comportamento
suicida, na recuperação de quadros de ansiedade fóbica, autismo, esquizofrenia,
desordem de déficit de atenção por hiperatividade e demência senil.
Embora todos os grupos ofereçam auxílio aos dependentes químicos, existem grupos
especificamente voltados para o uso da ayahuasca na superação da dependência
química, como a Associação Beneficente Luz de Salomão. Dependentes em tratamento
que optaram pela ayahuasca ao invés dos medicamentos tradicionais, como
antidepressivos ou a metadona, relatam que a bebida é mais eficaz por não provocar
dependência e efeitos colaterais pesados, tal como fazem estes remédios. Apesar disso,
ainda não existem estudos científicos que determinem de modo conclusivo a existência ou
não de indução de tolerância, síndrome de abstinência ou desejo compulsivo advindos do
consumo da ayahuasca, ou que ela não seja uma terapia de substituição.
Estudos indicam que o potencial de auxílio no tratamento da depressão e da dependência
química se concentra na harmina, presente no caapi. Enquanto os antidepressivos (SSRIs)
funcionam inibindo a recaptação de neurotransmissores, a ayahuasca funciona inibindo a
destruição dos neurotransmissores por enzimas. Assim, teoricamente, é possível uma
modalidade de tratamento que utilize uma bebida preparada apenas a partir do caapi, para
aqueles pacientes que queiram se tratar sem participar das intensas experiências
visionárias proporcionadas pela N,N-DMT, presente na chacrona. Extratos do B. caapi
também apresentam um potencial terapêutico para mal de Parkinson e outras desordens
neurodegenerativas.

Riscos para a saúde


As autoridades jurídicas do Peru, considerando o uso tradicional, reconhecem a
ayahuasca como parte da medicina tradicional amazónica e patrimônio cultural da nação,
e reconhece virtudes terapêuticas na planta, sem apresentar riscos à saúde quando usada
no contexto do tradicional e do sagrado. As autoridades jurídicas do Brasil, segundo o
relatório do CONAD supracitado, compreendem que os riscos para a saúde ainda devem
ser investigados pela ciência, e que as curas que possam ocorrer em rituais com a bebida
não devem ser consideradas ou propagandeadas como resultado de seu uso, mas como
resultados da fé, como nas curas que possam ocorrer no interior de outras religiões. Nos
Estados Unidos, as autoridades jurídicas legalizaram a bebida baseados no princípio da
liberdade religiosa, sem levar em conta estudos sobre riscos para a saúde ou o uso
tradicional.
Alguns pesquisadores concluíram que o uso da ayahuasca é relativamente seguro, com
riscos mínimos para a saúde. Representantes religiosos[ afirmam que o chá é
"comprovadamente inofensivo à saúde". Na comunidade científica, entretanto, não há
consenso formado sobre o assunto. As investigações são ainda preliminares, e ainda não
existem estudos aprofundados, realizados em seres humanos, de vários aspectos básicos
dos possíveis efeitos da ayahuasca sobre o organismo. Ademais, o modo de vida das
populações urbanas é bastante distinto das populações tradicionais, bem como o modo de
uso e de preparo da bebida, acrescentando novas variáveis a serem consideradas e
pesquisadas na avaliação de riscos.

Saúde física
Sistema digestivo
São comuns, após a ingestão da ayahuasca, relatos de vômitos, sudorese e diarreia em
uma proporção não muito bem estabelecida, entre os que a experimentam, podendo
resultar, segundo alguns pesquisadores, em quadros de desidratação e descompensação
eletrolítica, de modo mais agravado em organismos sensíveis, como os de crianças. As
razões pelas quais alguns indivíduos apresentam distúrbios eméticos e outros não,
permanecem obscuras.Os grupos religiosos, entretanto, defendem que a bebida não é
prejudicial à saúde digestiva, pois, em sua visão, os vômitos atuam como instrumento de
purificação e limpeza das impurezas físicas e espirituais presentes no organismo. Sabe-se
que diversas condições clínicas e digestivas podem eliciar o vômito. Observe-se que um
dos nomes da bebida ayahuasca no Peru e outras regiões da América do Sul é "la purga"
Sistema cardiovascular
A ayahuasca altera parâmetros cardiovasculares, podendo trazer efeitos nocivos para
pessoas com problemas cardíacos graves. Para pessoas em bom estado de saúde
cardíaca, entretanto, a bebida não oferece riscos significativos imediatos comprovados. A
imprensa brasileira relatou, por exemplo, o caso de um jovem que tinha Síndrome de
Marfan, doença que provoca alterações cardiológicas e vasculares graves, que morreu
após ter ingerido a bebida.
Ainda são necessários estudos para determinar se a ayahuasca pode causar valvopatia a
longo prazo. Esta suspeita existe porque a N,N-DMT apresentou alta afinidade pelos
receptores 5-HT2B em ensaios in vitro, com valores de 0,108µM e 0,184µM, e por existirem
estudos demonstrando uma ligação de causa-efeito entre o uso frequente ou crônico de
drogas serotoninérgicas com alta afinidade por receptores 5-HT2B e o desenvolvimento
de valvopatia no organismo.Também é problemática a ativação de receptores 5-HT2A tanto
pela N,N-DMT quanto pelas β-carbolinas presentes na bebida, visto que causa um
aumento na pressão sanguínea via vasopressina.[119]
Gestantes
No Brasil, o CONAD considerando a utilização secular da Ayahuasca, que não demonstrou
efeitos danosos à saúde e tendo em vista a inexistência de suficientes evidências
científicas em estudos específicos, decretou os termos da Resolução nº 05/04, quanto ao
uso da Ayahuasca por menores de 18 (dezoito) anos deve permanecer como objeto de
deliberação dos pais ou responsáveis, no adequado exercício do poder familiar (art. 1634
do CC); e quanto às grávidas, cabe a elas a responsabilidade pela medida de tal
participação, atendendo, permanentemente, a preservação do desenvolvimento e da
estruturação da personalidade do menor e do nascituro." [120]
Não existem ainda estudos epidemiológicos sobre o uso da ayahuasca em populações
gestantes e mulheres em idade fértil mostrando a presença ou ausência de defeitos
congênitos, motivo pelo qual o psiquiatra Jaime Hallak recomenda que gestantes se
abstenham da bebida até que existam estudos conclusivos [121]; contudo, alguns
pesquisadores supõem que o uso do chá por gestantes pode ser prejudicial ao feto em
desenvolvimento, pois certas β-carbolinas possuem ação co-mutagênica, inclusive
a harmina, que está presente na bebida.
Experimentos conduzidos em ratas grávidas, com doses de ayahuasca equivalentes e
também acima das humanas, apontam a possibilidade de toxicidade ao feto, que varia
conforme a dose e frequência do uso.
Em um estudo que estimou a dose letal da bebida como 50 vezes a dose típica cerimonial,
a ingestão diária do chá, por gavagem, em doses de 4 e 8 vezes maiores do que aquela
consumida quinzenalmente na União do Vegetal levou a óbito cerca de 33,3 e 40% das
ratas grávidas tratadas, respectivamente, caracterizando toxicidade materna. O estudo
reconheceu que em relação à exposição fetal in útero existe uma tendência à ação
teratogênica em ratos, visto que houve aumento na frequência de malformações viscerais,
além de embriofetotoxicidade. Porém, ele afirmou que este estudo deverá ser
complementado com as análises esqueléticas para uma conclusão mais detalhada. O
estudo concluiu que, embora o regime diário não representa a exposição normal no
contexto religioso da União do Vegetal, que o uso abusivo da bebida pode representar um
risco para a saúde humana, principalmente para gestantes, inclusive levando a morte. Os
autores também concluíram que seus resultados revelaram uma baixa toxicidade oral
aguda do chá, que o uso do chá na dose ritualística é seguro e que a administração de
Ayahuasca não pode ser correlacionada com as lesões anatomopatológicas detectadas
uma vez que não houve diferenças significativas entre os grupos.
Em um estudo de revisão que incluiu experimentos com animais e estudos com
integrantes de grupos religiosos R. S. Gable, chegou a conclusão que decocção que
contém DMT e e os alcalóides harmanos usados em cerimônias religiosas tem uma
margem de segurança comparável à codeína, mescalina ou metadona, com um potencial
de dependência de DMT oral e o risco de distúrbios psicológicos mínimos. Calculou
também que a dose letal mediana de alcaloides harmanicos e da dimetiltriptamina (DMT)
em humanos é provavelmente maior que 20 vezes a dose típica cerimonial.
Observe-se também que o reconhecimento do uso tradicional como parte da comprovação
da eficácia e segurança de produtos naturais é possível em algumas legislações
internacionais (Ex. Canadá, Comunidade Européia e México) e recomendado
pela OMS desde a conferência de Alma Ata em 1978. [128]

Saúde mental
Não foi encontrado no uso tradicional em tribos indígenas e no uso religioso em grupos
quase centenários no Brasil, segundo vários estudos científicos, uma relação de causa e
efeito entre o uso da ayahuasca e o desenvolvimento de problemas psicológicos ou
psiquiátricos.[129] Estes estudos realizaram pesquisas instrumentais que resultaram em
baixos escores em medidas de psicopatologia em adultos, baixas frequências de sintomas
psiquiátricos e bom desempenho em testes neuropsicológicos apresentadas entre
adolescentes usuários.Também consta na literatura científica referências a remissão de
quadros psicopatológicos, e constatações de ausência de evidências de deterioração
cognitiva ou da personalidade em usuários com 15 anos de uso. [133]
Entretanto, pesquisadores apontam que todos os estudos desta natureza, existentes na
revisão que realizaram, cometeram o erro metodológico de examinar somente membros
veteranos de grupos religiosos que consomem a bebida, e que portanto, se mostraram
tolerantes aos seus efeitos: não foram inclusos ex-membros que interromperam o uso por
terem sentido consequências neuropsiquiátricas negativas.[113] Estudos realizados em
ratos apontam que a harmalina, presente na bebida, é neurotóxica e degenerativa a um
conjunto específico de células cerebrais que regem a coordenação
motora.[134][135] Observe-se que esta mesma substância, que por si só tem efeitos
psicoativos quando consumida em dose suficiente, está presente em outros vegetais
comumente utilizados na dieta e medicina tradicional em concentrações menores, não
suficientes para surtir tais efeitos, a exemplo das passifloras.e da aveia (Avena sativa) que
também possui alcaloides indólicos tipo betacarbolina com um efeito sedativo fraco
semelhante ao da Passiflora. Naturalmente novos estudos precisam ser realizados e as
comparações devem ser realizadas com os devidos cuidados de equiparação de dose /
equivalência para humanos e especificidade biológica das cobaias utilizadas, e mesmo os
estudos em humanos estão sendo constantemente refeitos como pode ser visto pela
quantidade de artigos realizados aqui citados.
BOUSO et al, 2012, em um estudo longitudinal de um ano com usuários de ayahuasca
regulares (n = 127) e controles (n = 115) afirma não ter encontrado evidências de
desajuste psicológico, saúde mental deterioração ou disfunção cognitiva no grupo que
utilizava ayahuasca.
Em estudo realizado com desenho duplo-cego controlado com placebo, a ayahuasca,
administrada de forma aguda para consumidores com larga experiência com a bebida,
reduziu sinais relacionados ao pânico, diminuiu a desesperança e não alterou os sinais
relacionados com a ansiedade. Entretanto, outros estudos apontam episódios de
ansiedade e paranóia mesmo em ambientes controlados, e estudos dos efeitos
da harmalina em ratos apontaram alterações na ansiedade, na reatividade emocional e no
processo de tomada de decisão.[146]

Interações
Interações com medicamentos e psicoativos
A ayahuasca contém em sua composição inibidores da monoamina oxidase ( MAOIs)
como a harmina, que resultam na maior parte de suas contraindicações. Tomar
um MAOI em menos de cinco semanas após ter deixado de usar um SSRI, tal como
o Prozac, pode levar ao coma e à morte. A ayahuasca é contraindicada, por este critério
científico, para quem tenha doenças graves no fígado ou nos rins, dor de cabeça frequente
ou severa, hipertensão descontrolada, doenças cardiovasculares e doenças
cerebrovasculares, além de, obviamente, pessoas com histórico de problemas
psiquiátricos, especialmente de surtos psicóticos. Também é contraindicado que a
ayahuasca, por conter MAOI, seja combinada com mescalina (comopeiote ou wachuma =
cacto de São Pedro ), 5-MeO-DMT, álcool, erva-de-são-joão, sal de lítio, kava, kratom,
anfetaminas (como ecstasy), cocaína, opiáceos (como heroína ), barbitúricos,
descongestionantes e remédios para problemas respiratórios, petidina, levodopa,
dopamina, carbamazepina, dextrometorfano, alguns medicamentos anti-hipertensivos,
aminas simpaticomiméticas tais como a efedrina e a pseudoefedrina, dentre outros
compostos. Pelo menos 48 horas antes e depois da experiência, devem ser
evitados camomila, erva mate, curcumina, cúrcuma, ginseng, funcho, noz-
moscada, alcaçuz, dentre outras ervas.
Estudos apontam que os MAOIs presentes na ayahuasca são seguros se for
ingerida tiramina anteriormente ao uso, sem que exista perigo de crises hipertensivas.
Recomenda-se, entretanto, que alimentos contendo tiramina não sejam ingeridos 12h
antes e 24h depois do uso.
Pessoas que estejam tomando antidepressivos de qualquer classe não devem tomar
ayahuasca, e devem consultar um médico para saber quando poderão tomá-la, após
interrompido o uso do medicamento. Talvez o maior perigo na interação de
antidepressivos com ayahuasca seja a ocorrência de um quadro de síndrome
serotoninérgica, ainda que num grau leve a moderado.
Pode haver interação também com anti-histamínicos: calmantes, como benzodiazepínicos,
podem potencializar os efeitos sedativos, como também podem
os anestésicos. Diuréticos potencializam as alterações na pressão sanguínea. A
combinação com vasodilatadores resulta em risco de crises de pânico e desmaios.
Após o transporte da ayahuasca a contextos urbanos, ela passou a ser utilizada por alguns
grupos junto a psicoativos desconhecidos em seu contexto tradicional, sendo mais
frequente o uso da planta Cannabis sativa. Os impactos destas combinações sobre o
organismo são pouco conhecidos, quando não completamente desconhecidos pelos
estudos científicos; mas pesquisadores apontam que a interação entre a ayahuasca e a
maconha apresenta maior riscos de produzir problemas cardíacos, surtos psicóticos,
ataques de pânico e crises de ansiedade, do que quando estas substâncias são
consumidas isoladamente.[158]

Interações neurofisiológicas
Em alguns casos, a ingestão pode levar a sensação de medo e perda do controle, levando
a reações de pânico. A hipótese sobre o desencadeamento de um quadro
de ansiedade crônica ou síndrome do pânico vem sido discutida.
O consumo da bebida pode também desencadear quadros psicóticos em pessoas
predispostas a essas doenças, ou desencadear novas crises em indivíduos portadores de
doenças psiquiátricas tais como transtorno bipolar e esquizofrenia. Um estudo realizado ao
longo de 5 anos com 951 usuários de 3 cidades brasileiras registrou 20 eventos
psiquiátricos ( 2,1% ) sendo que 7 eram reações psicóticas ( 0,73% ). Observe-se que a
incidência de psicoses na população brasileira situa-se em torno de 1%.
A ayahuasca é contraindicada para pessoas com transtorno bipolar (antes referida como
psicose maníaco-depressiva).[164] Os alcaloides inibidores de monoamina
oxidase presentes na bebida, como a harmina e harmalina, têm efeito análogo a
alguns antidepressivos, como a moclobemida (Aurorix). Importante observar que
antidepressivos, sejam eles inibidores de monoamino oxidase, sejam inibidores seletivos
de recaptação de serotonina ou ainda de outras classes, são associados a maior risco de
episódios de mania nos casos de transtorno bipolar.

AVENA SATIVA (O OATS ) (inibidora da MAO contem harmalina usada na bebida


Ayahuasca)
Pode substituir o Cipó Mariri por possuir betacarbolinas, incluem-se aí também a
Passiflora.
* Funciona libertando a testosterona ligada, que aumenta a testosterona em circulação
* Aumenta os níveis de Testosterona através do estimulo a Hipófise e,
consequentemente, a liberação de Hormônio Luteinizante(LH). Possui alta
concentração de zinco. O zinco é fundamental para o bom funcionamento dos órgãos
sexuais, do metabolismo das enzimas, do sistema imunológico, da visão, além de agir
na produção de insulina.
No tratamento de disfunções sexuais, a avena sativa pode ser consumida associada à
urtiga dióica, pois melhora a circulação na próstata.
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PLANTAS USADAS PARA RESTAURAÇÃO DA CAPACIDADE SEXUAL: ....,


ayahuasca (caapi, yajé),...

A Ayahuasca é originária da Amazônia e preparada com dois vegetais: Chacrona ou Rainha


(Psychotria viridis, RUBIACEAE) e Caapi ou Jagube (Banisteriopsis caapi, MALPIGHIACEAE).
O Jagube é uma trepadeira e utiliza-se o cipó e da Rainha, as folhas par ao preparo do Daime.
Banisteriopsis caapi

Psychotria viridis

O preparo do chá é realizado em uma cerimônia chamada Feitio, onde os homens batem o
jagube e as mulheres cuidam das folhas da rainha.
O jagube é batido com marrretas de madeira, e depois de as folhas do arbusto rainha haverem
sido limpas, os dois são cozidos em água. Esse primeiro cozimento é retirado e colocado em
outra panela com uma nova quantidade de jagube e rainha. Após esse segundo cozimento está
pronto o daime.

O poder da Ayahuasca sobre a mente deriva dos potentes alcalóides presentes no cipó B.
caapi e no arbusto P. viridis empregados no preparo do chá. O arbusto é rico na substância
alucinógena dimetiltriptamina (DMT), que não tem efeito quando ingerido. Mas a DMT conta com
a ajuda da harmina e da harmalina do cipó para chegar ao sistema nervoso central, onde juntas
iniciam a subversão da consciência. O mecanismo básico é uma inundação de serotonina,
neurotransmissor com múltiplos e complexos efeitos no corpo e no cérebro. Pessoas deprimidas,
por exemplo, costumam ter baixos teores de serotonina. A fluoxetina (Prozac) consegue
melhorar sua vida porque impede a recaptação (retirada) do neurotransmissor no espaço livre
entre os neurônios, reforçando a comunicação entre eles.

http://www.bialabate.net/news/reportagem-do-correio-
da-bahia-sobre-a-ayahuasca
“Queremos verificar se isso ocorre com metodologia científica”, explicou, em
entrevista por e-mail, o pesquisador brasileiro Rafael Guimarães dos Santos,
biólogo que está em Barcelona desenvolvendo sua tese de doutorado sob a
supervisão do farmacêutico catalão Jordi Ribas.
Voluntários ingerem as cápsulas feitas a partir da desidratação da ayahuasca. “A
cápsula é, resumidamente, ayahuasca sem água, ou seja, a ayuahuasca que passou
por um processo de desidratação. Em termos químicos, é a mesma coisa que o chá
dos rituais. Mas para algumas pessoas, principalmente membros dos grupos, a
cápsula pode ser vista como ‘artificial’, e o chá como ‘verdadeiro’, e isso pode
influenciar na experiência da pessoa”, afirmou Rafael.

DMT E NEUROCIÊNCIAS
http://www.universomistico.org/s/dmt-e-neurociencias.html

por: Marcelo Bolshaw Gomes [1]

JUSTIFICATIVA

O N,N-DMT ou N,N-dimethyltryptamine (C12H16N2), o


alcalóide psicoativo existente na “bebidas mágicas brasileiras”
(Ayahuasca e Jurema), deve se tornar no principal
antidepressivo deste século, indicado para processos
terapêuticos de mudança de hábitos, principalmente em
tratamentos de dependência química, podendo ainda ser
utilizado para o estudo da mente e para o desenvolvimento
humano. E, apesar desta substância, só existir em plantas no
Brasil e de sua patente científica ser discutido no âmbito
internacional, ainda são poucas as pesquisas
interdisciplinares realizadas sobre o assunto.

Sobre a Ayahuasca, há uma farta literatura botânica e antropológica, alguns estudos


específicos sobre sua farmacologia e uma compilação interdisciplinar recente (LABATE &
ARAÚJO; 2002) – que detalhamos adiante. Importante agora é ressaltar a descoberta
do “efeito ayahuasca” (HOLMSTEDT-LINDGREN, 1967), isto é, de que a psicoatividade
oral do DMT depende da inibição da monoanima-oxidase (a enzina catabólica MAO),
causada pela ingestão simultânea de beta-carbonilas. Na Ayahuasca, o princípio
simbólico feminino é constituído pela folha da Psichotria Viridis (Chacrona ou Rainha),
portadora de DMT; e o princípio masculino, pelo cipó Banisteriopsis Caapi (Jagube ou
Mariri), que contém harmina e harmalina, inibidores que geram a psicoatividade.
Porém, nem a folha nem o cipó são psicoativos tomados separadamente.

Sobre a Jurema, o estudo contemporâneo mais importante é harmahuasca, anahuasca


e jurema preta: farmacologia humana de DMT oral mais harmine de Jonathan Ott
(2002), em que se investiga a hipótese de sinergia psicoativa entre o DMT e as b-
carbonilas em diferentes preparos: a pharmahuasca (cápsulas de DMT e Harmine
sintéticos); a anahuasca (bebidas preparadas com plantas diferentes da Ayahuasca,
mas com os mesmos princípios ativos); e, finalmente, a Jurema preta, que apresenta
um nível de concentração de DMT muito superior ao de outras plantas e é principal
fonte contemporânea de triptaminas para as pharmahuascas e anahuascas. Outra
descoberta notável, é que, consumido via oral acima de 25 mg, o DMT é psicoativo por
si só, não precisando de inibidores. Não haveria, portanto, o tão propalado “ingrediente
perdido” do preparo da Jurema entre os índios nordestinos.
Sobre o DMT propriamente dito, as pesquisas se iniciam com os textos de Terence
McKenna (1992, 1993, 1994 e 1996). Hoje, na internet, encontram-se alguns sites com
informação detalhada sobre a substância ([2]).
Toda informação disponível referente a estes três pontos (a Ayahuasca, a Jurema e o
DMT) será detalhada em diferentes revisões bibliográficas.

OBJETIVOS E METODOLOGIA
Além de investigar o efeito do DMT no cérebro, o objetivo principal desta pesquisa é,
observando o aspecto reverso, estudar a mente através do DMT. Ou seja: não apenas
estudar o efeito químico da substância no organismo, mas, sobretudo, compreender
quais dimensões de consciência que este efeito propicia (telepatia, regressões mentais
a traumas infantis, visualização de imagens do inconsciente profundo, mudanças na
percepção do tempo e da realidade).

Todavia, há também objetivos secundários bastantes relevantes. Em primeiro lugar,


trata-se da importância de se estabelecer um projeto de pesquisa trans-disciplinar de
ponta envolvendo pesquisadores locais (psicólogos, antropólogos, médicos, etc) com
um assunto regional (uma vez que a jurema é nativa do semi-árido nordestino) dentro
do Centro Internacional de Neurociências. Pensamos que a UFRN não deve apenas
sediar este instituto de pesquisa, mas também participar desta iniciativa com seus
pesquisadores, com temas de interesse público da sociedade potiguar. Mas não é só: o
projeto quer também objetiva a elaboração e produção artesanal de um medicamento a
base de DMT extraído da Jurema, bem como a possibilidade de sua utilização no
tratamento de dependentes químicos. Para tanto, várias outras pesquisas específicas
precisam ser desenvolvidas, ampliando assim o campo da investigação. Trata-se assim
de um projeto geral a partir do qual outros projetos podem ser desenvolvidos.

A idéia é entrecruzar diferentes metodologias para investigar o DMT: estatísticas de


entrevistas qualitativas, hipnose, encefalogramas, tomografias cerebrais, simulações
holográficas, experiências com símios e outros animais e até dissecação do cérebro de
doadores. Também é preciso colocar que cada sub-pesquisa do macro-projeto comporta
uma metodologia específica aos seus objetivos particulares. Por exemplo: extrair DMT
da Jurema e sintetiza-lo com b-carnboninas em um medicamento? Ou ainda se a
potencialização homeopática do DMT+harmine aumenta a eficácia do medicamento em
pequenas dosagens de longo prazo? Essas são investigações que comportariam
metodologias e técnicas de pesquisas específicas.

O essencial, no entanto, será demonstrado através do método lógico dedutivo, com


ficará claro com a enunciação da hipótese da pesquisa, após as revisões bibliográficas
necessárias para colocação do assunto no patamar atual.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA I – A AYAHUASCA

A bebida conhecida como Ayahuasca ou Yajé é preparada através da infusão do cipó do


Jagube ou Mariri (Banisteriopsis caapi) e da folha da Rainha ou Chacrona (Psycotria
viridis) - naturais da região. A bebida teria origem do Império Inca e seu uso teria se
difundido entre várias tribos indígenas, das quais se tem razoável conhecimento
antropológico. Ingerindo o chá, os índios absorvem o espírito da planta e, em transe,
têm experiências psíquicas e vivenciam fenômenos paranormais, tais como a telepatia,
a regressão a vidas passadas, contatos com os espíritos dos seus antepassados mortos,
presciência e visão à distância. Há relatos de xamãs usavam a bebida para descobrir
qual era a doença de seus pacientes e saber como tratá-la. Diversos antropólogos,
inclusive, tomaram o chá e descreveram seus efeitos parapsíquicos. Ainda hoje, várias
tribos praticam rituais com o uso da Ayahuasca no Brasil, como as dos Kampas e dos
Kaxinawás, localizadas perto da fronteira com o Peru. Desde o início do século, nos
contatos culturais entre seringueiros e índios, a Ayahuasca passou a ser usada pelos
migrantes nordestinos, que colonizaram a Amazônia ocidental. Destes contatos
surgiram diversos grupos que associaram o uso da bebida a um contexto religioso
cristão-espírita, dos quais a União do Vegetal, no estado de Rondônia, o Santo Daime e
a Barquinha, no Acre, são os maiores expoentes.

Paralelamente ao crescimento desses grupos e à expansão do uso religioso do


Ayahuasca, uma forte resistência dos setores conservadores da sociedade brasileira se
formou, pressionando o governo para embargar o funcionamento destas instituições
nos grandes centros metropolitanos. Porém, no dia dois de junho de l992, o conselho
decidiu liberar definitivamente a utilização do chá para fins religiosos em todo o
território nacional. Segundo a então presidente do Conselho Federal de Entorpecentes
(Confen), Ester Kosovsky, “a investigação, desenvolvida desde l985, baseou-se numa
abordagem interdisciplinar, levando em conta o lado antropológico, sociológico, cultural
e psicológico, além de análises fitoquímicas”. O relator do processo de investigação,
Domingos Carneiro de Sá, explicou que o fato fundamental para a liberação da bebida
foi o comportamento dos ayahuasqueiros e a seriedade dos centros que utilizam o chá
em seus rituais: “Não foram observadas atitudes anti-sociais dos participantes dos
cultos, ao contrário, podemos constatar os efeitos integrados e reestruturantes do
Ayahuasca com indivíduos que antes de participarem dos rituais apresentavam
desajustes sociais ou psicológicos”.

Contra-indicações e efeitos colaterais:

Geralmente se observa uma dieta estrita antes as sessões de ayahuasca: comida sem
sal, açúcar, óleo, gorduras e condimentos picantes; e principalmente nenhum álcool ou
sexo antes, durante ou nos dias imediatamente após a ingestão, em um marco de
repouso, silêncio e isolamento do mundo cotidiano. Está comprovado que a dieta
influencia diretamente na qualidade da experiência e, sem dúvida, o maior perigo físico
ao ingerir ayahuasca está relacionado com os efeitos da harmala, harmalina e
tetrahidroharmina que contém, os que cumprem uma importante função inibidora da
enzima monoamina oxidasa (MAO).

A tiramina é um aminoácido que normalmente é metabolizado pela MAO no intestino.


Logo de levar compostos inibidores da MAO, a tiramina que se encontra em certos
alimentos já não pode ser metabolizada pelo organismo enquanto a MAO se encontre
inibida. Isto pode causar um acréscimo dos níveis de tiramina na sangre. Feito que os
altos níveis de tiramina podem afectar a produção natural de noradrenalina, esta
condição pode conduzir a uma crise hipertensiva. Numa crise hipertensiva a pressão
sanguínea pode sobressair 180 e o batido cardíaco pode chegar a mais de 100 pulsos
por minuto. Quem sofre de uma crise hipertensiva geralmente reporta uma terrível
enxaqueca, e pode se complicar chegando a produzir hemorragias, infartos, problemas
neurológicos entre outros.

A tiramina se encontra em queijos, vinhos e geralmente em tudo fermentado. Também


as drogas simpatomiméticas (MDMA, benzedrina, etc.) podem causar uma crise
hipertensiva, além disso de certas ervas naturais a dar reações alérgicas. Os alimentos
com alto teor de tiramina que devem ser evitados nos dias prévios e posteriores de
cada sessão: queijos fermentados, molhos picantes, feijões, soja, caviar e sucedâneos,
chocolate, enlatados, levedura, fígados, figos secos, pescado seco e encharque, banana,
café, cerveja, vinho rosado e tinto, carnes em geral. Há também alimentos com
moderado teor de tiramina a serem limitados: frutas (a maioria), produtos lácteos
(leite, manteiga, yogurte, queijo fresco, etc.), chá, gasosos, vinhos brancos, missó e
amendoim.

Um problema mais sério é a possibilidade de interação com outras drogas como o


álcool. Uma das interações mais perigosas com inibidores da MAO é a modificação de
inibidores seletivos de serotonina (SSRIs). Isto pode desencadear uma síndrome
serotoninérgica, parecida com a crise hipertensiva em quanto aos sintomas de elevação
da pressão, mas com certas diferenças. Sintomas como agonia aguda na ponta-cabeça,
sangramento pelo nariz, rigidez muscular e febre podem indicar o aparecimento de uma
crise hipertensiva, de uma síndrome serotoninérgico ou de ambas.

Incidentalmente, não só antidepresivos como os tricíclicos, heterocíclicos, SSRIs e


outros antidepresivos atípicos podem causar interacciones perigosas com os começos
ativos da Ayahuasca, senão também muitas outras drogas, como os descongestionantes
nasais, pílulas de emagrecimento, efedrinas, remédios contra a alergia e opiáceos.
Também os medicamentos contra a enxaqueca, como o sumatriptan (Imitrex), são
maliciosos à inibição da MAO. Ante a aparição inconfundível dos sintomas hipertensivos
é recomendável uma cápsula sublingual de nifedipina 10 mg. cada 8 horas, ou se não
tabletes de 25 mg. de clorpromazina (narcótico adrenolítica). Ambas podem abaixar a
pressão, em caso de urgência.

Em relação aos aspectos antropológicos do Ayahuasca (tradição indígena, grupos


religiosos atuais, farmacologia e comportamento psicológico, na Internet, é possível
levantar bastante informação sobre o assunto[3]. Mas, o trabalho científico mais
importante publicado sobre o tema certamente é O Uso Ritual da Ayahuasca, (LABATE,
B. C. & ARAÚJO W. S. (Orgs); 2002). Neste trabalho, além de trabalhos sobre as
tradições indígenas e os principais grupos ayahuasqueiros brasileiros (Santo Daime,
União do Vegetal e a Barquinha), encontram-se três estudos médicos coordenados pelo
Dr. Glacus Brito, em que se relata os resultados da investigação realizadas em 1993 por
um grupo de pesquisadores biomédicos brasileiros, norte-americanos e finlandeses para
avaliar os efeitos bioquímicos e psicológicos do ayahuasca.

Porém, o texto mais interessante desta compilação é o trabalho do psicólogo cognitivo


israelense Benny Shanon, em que se investiga não apenas os aspectos antropológicos e
botânicos do ayahuasca, mas também e sobretudo, no sentido reverso, se pesquisa da
mente através da experiência do DMT. Pesquisa essa que queremos retomar no âmbito
da neurociência.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA II – A JUREMA

Não é difícil entender porque a Jurema seria sagrada para os índios nordestinos antes
da chegada dos brancos. Além de seu caráter alucinógeno e do seu comprovado uso
nas guerras e ritos de passagem, a Jurema, enquanto planta, desempenha um papel
central no ecossistema semi-árido das caatingas nordestinas: durante os longos
períodos de estiagem, quando a paisagem do sertão fica cinza e vermelho, apenas ela e
o cacto do mandacaru resistem verdes e com reservas de água. Na verdade, no auge
da estiagem, a casca da Jurema seca enquanto seu interior permanece viçoso. Quando
a chuva volta, a casca seca cai e a árvore reaparece jovem. Esse fenômeno dá margem
a uma longa mitologia de lendas e cantos envolvendo os ciclos de sazonalidade e
morte/renascimento. Mas, ao contrário do mandacaru, do qual o sertanejo pode extrair
água durante a estiagem, a água da Jurema é completamente inacessível ao uso
humano. No caso da Jurema, a existência de água atrai a presença de pequenos insetos
e de vários níveis de pequenos predadores da cadeia alimentar do ecossistema do
sertão. As cobras são habituais no juremal, tanto pela existência farta de seu alimento
como pela proteção dos galhos espinhosos, impossibilitando o trânsito de animais
maiores. Este fato deu margem a uma extensa mitologia popular, cantada em pontos e
chamadas tradicionais, em que as cobras protegem espiritualmente à árvore, assim
como esta, com seus espinhos, protege os seus répteis guardiões. Assim, centro da
resistência da vida orgânica à seca, em torno do qual todo ecossistema ‘não-humano’
(na verdade, não-mamífero) da caatinga gravita, a Jurema reina no sertão nordestino,
desde tempos imemoriais, às margens de qualquer socialização: trata-se apenas um
local perigoso e cheio de tabus, sob múltiplos aspectos.

O próprio termo comporta denotações múltiplas, que são associadas em um simbolismo


complexo (MOTA & BARROS, 1990:171). Além do sentido botânico[4], a palavra Jurema
designa ainda pelos menos três outros significados: preparado líquido à base de
elementos do vegetal, de uso medicinal ou místico, externo e interno, como a bebida
sagrada, "vinho da Jurema”; cerimônia mágico-religiosa, liderada por pajés, xamãs,
curandeiros, rezadeiras, pais de santo, mestras ou mestres juremeiros que preparam e
bebem este "vinho" e/ou dão a beber a iniciados ou a clientes; e a Jurema como sendo
uma entidade espiritual, uma "cabocla", ou divindade evocada tanto por indígenas,
como pelos herdeiros de cultos afro-brasileiros, o Catimbó e a Umbanda.

Antes dos colonizadores apenas os índios do sertão do Rio Grande do Norte, os Kariris e
os Jê (ou Tapuios), tomavam Jurema. (SANGIRARDI JR; 1983) Essas tribos, detentoras
dos ritos da Jurema, no entanto, se aliaram aos holandeses e foram completamente
destruídas pelas forças portuguesas. A Jurema como identidade étnica foi então
construída historicamente em segredo durante o período de colonização, chegando até
tribos litorâneas distantes que não tinham tradição com a bebida. O uso da Jurema foi
tolerado e aceito pelos portugueses católicos quando era canalizado para lógica de
guerra contra invasores franceses e holandeses, enquanto seu uso religioso era
condenado como feitiçaria. Há vários registros históricos (século XVI e XVII) sobre a
eficácia militar dos guerreiros-juremeiros. Esta dupla permissão/condenação favoreceu
uma expansão secreta e silenciosa da Jurema, levando o uso da bebida a ser conhecida
até o Maranhão. (ANDRADE, 1992:9)

Numa primeira fase da colonização, a resistência dos povos indígenas no Nordeste, não
permitiu que a Jurema, enquanto árvore sagrada, fosse conhecida, em seus usos e
significados, não sendo assim documentada pelos colonizadores e estrangeiros. Numa
segunda fase histórica a Jurema representa um elemento ritual ligado à própria
resistência armada dos povos indígenas ou à guerra empreendida contra inimigos
inclusive em suas alianças. Ainda nesta fase na qual a Jurema começa a ser
documentada, seu significado ainda não é entendido mas seu uso já é motivo de
repressão, prisão e morte de índios, (...). Na medida em que avança o rolo compressor
da colonização, processo de genocídio ou tentativa de dominação, não só política e
econômica como também cultural, aparece uma nova forma de resistência: a Jurema
assume um lugar central na religiosidade popular, não só indígena regional - Catimbó.
Diante do componente negro a Jurema garante seu reconhecimento, como entidade
(espírito, divindade, cabocla) autóctone, "dona da terra". A Jurema é absorvida pelos
cultos afro-brasileiros, tendo surgido inclusive os "Candomblés de Caboclos". Nas
últimas décadas é no contexto da Umbanda, religião nascente e em pleno processo de
sistematização e de expansão nacional, que a Jurema é integrada na cosmologia
sagrada, no panteão da religião nacional. Constatamos em vários estados nordestinos
as "Linhas da Jurema", dentre as linhagens e filiações religiosas da Umbanda. Nesses
últimos anos, e paralelo ao movimento religioso propriamente brasileiro, a Jurema
continua como "núcleo duro", segredo, bandeira ou símbolo, para os remanescentes
indígenas, em pleno "movimento étnico", num contexto de defesa de seus direitos
humanos, de suas áreas de reservas e de sua autonomia e reconhecimento no
pluralismo da sociedade e das culturas brasileiras. (ANDRADE, 1992:2)

E foi assim, neste contexto contraditório, que a Jurema se firmou como prática étnica
indígena e se misturou com os cultos africanos. E não se trata, nesses cultos, de reduzir
a planta a um ‘espírito’ de uma cabocla como conhecemos na umbanda: o candomblé
africano reconhece a Jurema como orixá, o único genuinamente brasileiro.[5] A Jurema
chegou ao império como uma forma religiosa de resistência cultural bastante complexa,
mantendo viva seu caráter guerreiro e marginal e conheceu ainda um novo ciclo de
religiosidade popular - o dos mestres da jurema no catimbó nordestino, que, até a
primeira metade do século XX utilizavam a bebida para desfazer feitiços e
encantamentos no CE, PB e RN (CASCUDO, 1978).

Porém, apesar de se constituir como um complexo rico em variações, a maioria dos


estudos antropológicos sobre a Jurema descreve apenas o Toré, festa dos índios
nordestinos em que a bebida é ritualmente consumida. O relato mais antigo data de
1946, quando Oswaldo Gonçalves de Lima descreve o contínuo uso xamânico do vinho
da jurema entre os índios Pankararu do Brejo dos Padres, no sul de Pernambuco.

Por volta de 1980, alguns pesquisadores advogam na extinção dos cultos da Jurema
(SCHULTES & HOFMANN, citados por OTT, 2002:673). No entanto, sabe-se que
algumas formas cerimoniais associadas ao Toré têm sobrevivido entre os Xucuru da
Serra de Ararobá/PE; os Kariri-xocó de Colégio, na divisa entre AL e SE (MOTA, 1987);
os Atickum-Umã/PE (GRÜNEWALD, 1995); os Truká (BATISTA, 1995) e numerosos
outros grupos espalhados pelo sertão nordestino (PINTO, 1995). Além disso, durante a
segunda metade do século XX, a cerimônia indígena do Toré tem sido adotada
simbolicamente por grupos umbandistas ao longo do litoral nordestino.

Em A Jurema em “Regime de Índio”: o caso Atikum (GRÜNEWALD, 1995) observa-se o


contraste de alguns aspectos simbólicos desta reconstituição do uso cerimonial da
Jurema em um contexto religioso contemporâneo e entre seu contexto tradicional. O
texto trata de como, entre 1943 e 1945, os caboclos da Serra do Uma, descendentes de
tribos indígenas desconhecidas, sabendo de que o governo brasileiro tinha como critério
para concessão de terras para reservas indígenas a realização do Toré, procuraram a
tribo dos Tuxá para aprender o ritual e conseguir o benefício. O que realmente acontece
em 1949, quando os caboclos de Umã são elevados a categoria de índios Atikums
(nome de um suposto ancestral mítico da tribo). Assim, o Toré e o uso ritual da Jurema
são tradições a serem exibidas como certificados étnicos, devidamente reconhecidas
pelo SPI (Serviço de Proteção ao Índio) e depois dele, a FUNAI. Grünewald observa, no
entanto, que não se trata de um mero ardil para garantir a posse coletiva da terra, mas
que os caboclos de Umã realmente passaram a acreditar em sua nova identidade
Atikum. A Jurema deu a esses homens mais do que um pedaço de terra: uma
identidade étnica une um grupo separando-o de outros, dando a ele um lugar no tempo
e no espaço social.

Outro episódio, narrado de passagem neste texto, cita o trabalho desenvolvido por uma
fundação holandesa, Friends of the Forest – Ethnopharmacological agents & rituals and
drug dependency treatment research. A fundação, em conjunto com universidades e
autoridades públicas holandesas, aplicava tratamento gratuito para reabilitação de
viciados em drogas (heroína, cocaína, álcool, etc) utilizando-se principalmente da
Ayahuasca. No entanto, devido ao corte de fornecimento pela entidade que gerencia o
Santo Daime, que considerou o uso terapêutico da bebida fora dos seus preceitos
religiosos, “os amigos da floresta” passaram então a pesquisar e utilizar os mesmos
princípios psicoativos extraídos de outras plantas similares. Nesta “ayahuasca
analógica”, a Jurema Preta (Mimosa Hostilis) passa a ser utilizada em combinação com
sementes de Perganum Harmala [http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-871329496-
sementes-de-arruda-da-siria-peganum-harmala-25g-_JM] (Sinônimo de Arruda Síria –
obs "Petiveria tetrandra" é mais forte), um arbusto do oriente médio muito conhecido
por suas características sedativas[6].Mas não é só: os próprios pesquisadores da
fundação Friends of the Forest descrevem seu contato com os índios Atikum e como
introduziram o uso desta nova fórmula em alguns de seus rituais (BARBOSA, 1998:27-
28). Segundo eles, os Atikum não apenas reconheceram a potencialização dos efeitos
da Jurema pelo Perganum Harmala, como também ficaram com sementes do arbusto
para plantar no sertão. O texto insinua que houve uma assimilação cultural de técnicas
de preparo científicas, importadas do exterior, pela “cultura Atikum” e que tal fato
poderá ressuscitar a tradição da Jurema.

Não sabemos se realmente os Atikum levarão adiante os ensinamentos dos


pesquisadores holandeses. Também não é possível saber, pelo menos através da
pesquisa antropológica, se realmente existe uma tradição secreta da Jurema, que
detenha o conhecimento do ingrediente inibidor. O certo é que hoje é mais fácil
encontrar trabalhos espirituais com a utilização da Jurema na Europa que nas caatingas
do nordeste brasileiro. Vivemos um processo de reconstrução mítica globalizada, em
que uma planta genuinamente brasileira, símbolo de parte de nossa consciência étnica,
está sendo reinventada em um contexto global contemporâneo e até mesmo re-
importada de volta para as classes médias culturalmente mais sofisticadas da sociedade
brasileira.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA III - O DMT

N,N-DMT ou N,N-dimethyltryptamine (C12H16N2) é um psicoactivo da família


tryptamine, causa intenso visuais e forte estado mental psicodélico quando fumado,
injetado, bufado, ou (quando levado com um MAOI tais como harmaline) quando
engolido oralmente. N,N-DMT é muito chamou freqüentemente só "DMT", embora este
nome cause confusão algumas vezes com seu primo químico 5-MeO-DMT. Ele está
presente em milhares de espécie de plantas e foi usado tradicionalmente em América
do sul ambas em Ayahuasca e rapés.

DMT é um neurotransmissor químico presente naturalmente no corpo humano bem


como em plantas muitas. Ele não causa dependência física ou psicológica. Mas há
contra-indicações: os efeitos de fumado N,N-DMT são dramaticamente aumentado se
usados por indivíduos usando MAOIs. MAOIs são enzimas comumente encontradas nos
anti-depressivos Nardil (phenelzine), Parnate (tranylcypromine), Marplan
(isocarboxazid), Eldepryl (l-deprenyl), e Aurorex ou Manerix (moclobemide). Indivíduos
com casos de esquizofrenia em sua história familiar, com tendências à psicose
depressiva ou ainda em estado emocional fragilizado devem ter cuidado com
psicolédicos pois eles podem ser um ‘gatilho’ para a manifestação desses desequilíbrios.
NOME: N,N-Dimethyltryptamine

NOME QUÍMICO: N,N-Dimethyl-1H-indole-3-ethanamine


OUTROS NOMES: 3-[2-(dimethylamino)ethyl]indole, DMT
FÓRMULA QUÍMICA: C12H16N2
PESO MOLECULAR: 188.27
PONTO DE FUSÃO: 44.6-46.8°C (116°F) (crystals)
PONTO DE EBULIÇÃO: 60-80°C (crystals)
Fumar DMT é muito diferente que usar ayahuasca. Usar Jurema ou DMT sintética e um
IMAO farmacêutico também não são o mesmo. Há significativas diferenças tanto
químicas como na experiência subjetiva. Os inibidores também apresentam diferenças
relevantes. A maior diferença entre P. harmala e B. caapi reside nos níveis de harmalina
e tetrahidroharmina. Na P. harmala os níveis de harmalina são mais altos (o que explica
sua maior efetividade IMAO) e os níveis de tetrahidroharmina são muito menores ou
estão ausentes.

O uso de DMT em rapés dos índios da América do Norte e Central é documentado desde
o início do Século VIII DC, mas suspeita-se que seu uso seja muito mais antigo. Os
rapés Cohoba (da árvore Yopo) foram documentados em Columbia nos Séculos XVI até
XIX. Em 1931, o primeiro DMT químico foi sintetizado por Richard Manske e chamado
de "nigerine". É ilegal possuir ou vender DMT nos Estados Unidos e na maioria dos
países desde 1971.

Porém, o DMT ganhou notoriedade significante nos últimos 15 anos com Terence
Mckenna. McKenna, foi o pioneiro no estudo sistemático das tradições de consumo de
substâncias químicas. Autor de vários livros sobre diferentes substâncias psicoativas e
religiosidade contemporânea (1993, 1995 e 1996) – estabelece uma associação
estratégica entre duas hipóteses de outros autores, que se tornarão os cânones do
movimento entheogênico[7]:

1. A hipótese de que foi através da ingestão de substâncias químicas psicoativas


(principalmente o DMT) que os macacos se tornaram conscientes de si, dando início à
evolução da espécie humana. Nesta hipótese, sugere-se que toda nossa experiência
com o sagrado derivou originalmente do consumo de substâncias químicas.

2. A hipótese de Gaia (James Lovelock e Lynn Margulis) segundo a qual a biosfera da


Terra é na verdade um organismo vivo. De forma que, mais do que dispositivos de
poder para o controle social (as drogas), as substâncias psicoativas teriam como função
primordial à re-ligação dos homens com a consciência telúrica do planeta.

Na mesma linha de raciocínio, Jeremy Narby, em seu livro A Serpente Cósmica,


compara a dupla hélice do DNA às duas serpentes do símbolo do Caduceu e advoga a
tese de que o DMT é a chave para o processo de evolução humana (o “programa lógico
do mundo vegetal para rodar no cérebro humano”) do ponto de vista da biologia
molecular.

Tais abordagens vêem suscitando grandes debates no campo da neurociência e


psicologia cognitiva. Debates esses, que queremos, neste projeto, revisar e aprofundar.
Como já adiantamos no início, de todas as contribuições recentes sobre o tema,
consideramos o mais relevante o de Benny Shanon, sobre a Ayahuasca como
instrumento de investigação da mente (in LABATE, 2002; pág. 631), através dos
parâmetros teóricos da psicologia cognitiva. Para ele, há questões fenomenológicas de
primeira ordem (o que está sendo experimentado?) e de segundo ordem (Há uma
ordem e um sentido no que está sendo experimentado?). Há também questões de
dinâmica, de contexto e teóricas gerais a serem discutidas sobre o uso do Ayahuasca.
Por exemplo, em relação às questões fenomenológicas de primeira ordem, Shanon
distingue as questões de conteúdo das de domínio e de estrutura. Assim, felinos,
pássaros e répteis são as imagens mais recorrentes nos transes, seguidos de perto
pelos palácios, tronos e imagens arquitetônicas celestiais.

A pesquisa destaca que as imagens são ‘universais da mente’ (semelhantes ao que Jung
chamou de arquétipos[8]) pois surgem em indivíduos social e culturalmente diferentes.
Esses conteúdos podem surgir de diferentes formas ou domínios e o encadeamento
dessas formas com estes conteúdos forma estruturas narrativas paralelas aos rituais. E
Shanon entrevê, através deste sistema cognitivo de conteúdos/domínios, os parâmetros
estruturais da consciência e destaca pelo menos quatro aspectos relevantes em relação
ao efeito do Ayahuasca: a percepção do pensamento como uma cognição coletiva, a
indistinção entre o interior e o exterior, e as experiências desindentificação pessoal e de
tempo não-linear.

Ou seja: quando tomam Ayahuasca as pessoas percebem que seus pensamentos não
são individuais mas sim ‘recebidos em rede’ (a mente como um rádio); que não existe a
distinção entre o sensorial e o sensível; podem se transformar em animais (jaguares e
águias são freqüentes) ou em outras pessoas; e finalmente percebem o transcorrer do
tempo de forma desigual, em que alguns segundos demoram séculos e horas se
sucedem rapidamente e em que alguns momentos se experimentam a simultaneidade
(ou a eternidade) temporal.

Quando baixamos arquivos no computador, pode-se perceber que alguns segundos


demoram mais que outros, em função do peso do arquivo e da aceleração da conexão
da internet. O que Shanon suspeita é que o mesmo acontece com o cérebro sob o efeito
do Ayahuasca.

HIPÓTESE

Acredito que no aprofundamento neurocientífico das teses de Shanon. Nossa principal


hipótese de pesquisa é que o DMT poderá, dentro de um setting clínico não-religioso,
funcionar com uma substancia vital ao desenvolvimento psicológico humano no século
que se inicia.

Acredito também que os países e regiões detentores das plantas ricas nesta substancia
(como o nordeste em relação à Jurema e a Amazônia em relação à Ayahuasca) não
podem ser privadas dos benefícios sociais e culturais decorrentes desta realidade.

Assim sendo submeto este primeiro esboço de projeto de pesquisa à avaliação crítica
dos interessados, na esperança de que, com novas contribuições, ele se consolide e
vingue em seus objetivos estratégicos.

Natal, 29 de outubro de 2003. Marcelo Bolshaw Gomes

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