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10 Principais julgados de
DIREITO PROCESSUAL PENAL 2018
Márcio André Lopes Cavalcante
1) O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando, mesmo esgotados os prazos para a
conclusão das diligências, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade
O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após terem sido feitas
diligências de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a instrução do inquérito,
não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade (art. 231, § 4º, “e”, do RISTF).
A pendência de investigação, por prazo irrazoável, sem amparo em suspeita contundente,
ofende o direito à razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88) e a dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88).
Caso concreto: tramitava, no STF, um inquérito para apurar suposto delito praticado por
Deputado Federal. O Ministro Relator já havia autorizado a realização de diversas diligências
investigatórias, além de ter aceitado a prorrogação do prazo de conclusão das investigações.
Apesar disso, não foram reunidos indícios mínimos de autoria e materialidade. Com o fim do
foro por prerrogativa de função para este Deputado, a PGR requereu a remessa dos autos à 1ª
instância. O STF, contudo, negou o pedido e arquivou o inquérito, de ofício, alegando que já
foram tentadas diversas diligências investigatórias e, mesmo assim, sem êxito. Logo, a
declinação de competência para a 1ª instância a fim de que lá sejam continuadas as
investigações seria uma medida fadada ao insucesso e representaria apenas protelar o
inevitável.
STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 (Info 912).
Obs: o entendimento acima exposto vale também para o STJ. Assim, as hipóteses de foro por prerrogativa de
função perante o STJ restringem-se àquelas em que o crime for praticado em razão e durante o exercício do
cargo ou função (STJ. Corte Especial. AgRg na APn 866-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/06/2018).
Exceção: os Desembargadores dos Tribunais de Justiça continuam sendo julgados pelo STJ mesmo que o crime
não esteja relacionado com as suas funções (STJ. APn 878/DF QO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
21/11/2018).
5) Prisão domiciliar para gestantes, puérperas, mães de crianças e mães de pessoas com
deficiência
REGRA. Em regra, deve ser concedida prisão domiciliar para todas as mulheres presas que sejam
- gestantes
- puérperas (que deram à luz há pouco tempo)
- mães de crianças (isto é, mães de menores até 12 anos incompletos) ou
- mães de pessoas com deficiência.
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Observação:
A Lei nº 13.769/2018 positivou no art. 318-A do CPP o entendimento manifestado pelo STF no julgamento acima
explicado (HC 143641). A principal diferença foi que o legislador não incluiu a exceção número 3. Além disso, na
exceção 2 não falou em descendentes, mas sim em filho ou dependente.
6) É possível que a Receita Federal compartilhe, com a Polícia e o MP, os dados bancários
que ela obteve em procedimento administrativo fiscal, para fins de instrução processual
penal
Os dados do contribuinte que a Receita Federal obteve das instituições bancárias mediante
requisição direta (sem intervenção do Poder Judiciário, com base nos arts. 5º e 6º da LC
105/2001), podem ser compartilhados, também sem autorização judicial, com o Ministério
Público, para serem utilizados como prova emprestada no processo penal. Isso porque o STF
decidiu que são constitucionais os arts. 5º e 6º da LC 105/2001, que permitem o acesso direto
da Receita Federal à movimentação financeira dos contribuintes (RE 601314/SP, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 24/2/2016. Info 815). Este entendimento do STF deve ser estendido também
para a esfera criminal.
É lícito o compartilhamento promovido pela Receita Federal dos dados bancários por ela
obtidos a partir de permissivo legal, com a Polícia e com o Ministério Público, ao término do
procedimento administrativo fiscal, quando verificada a prática, em tese, de infração penal.
STF. 1ª Turma. RE 1043002 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 01/12/2017.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1601127-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Felix Fischer, julgado em
20/09/2018 (Info 634).
Se a delação do colaborador mencionar fatos criminosos que teriam sido praticados por
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autoridade (ex: Governador) e que teriam que ser julgados por foro privativo (ex: STJ), este