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ENGENHARIA
autores
RONALDO MOTA
LIANA MACHADO
SILVIA M DE PAULA
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial regiane burger; roberto paes; gladis linhares
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
1. Método Científico 7
3. Mecânica 57
4. Fluidos 89
4.1 Hidrostática 90
4.1.1 Caracterização de Sólidos, Líquidos e Gases 90
4.1.2 Fluidos 92
4.1.3 Princípio de Pascal 97
4.1.4 Principio de Arquimedes 99
4.2 Hidrodinâmica 102
4.2.1 Fluidos em Movimento 102
4.2.2 Teorema de Torricelli 105
4.2.3 Lei dos Gases 106
4.2.4 Capacidade e condutividade térmica 107
5. Calor 111
6. Eletrostática 131
7.1 Magnetismo 152
7.1.1 Propriedades dos imãs. 153
7.1.2 Campos magnéticos 154
7.1.3 Fluxo magnético 157
7.2 Eletromagmetismo 161
7.2.1 Aspectos Históricos do Eletromagnetismo 161
7.2.2 Ondas eletromagnéticas 162
8. Óptica 167
a) b) c)
8• capítulo 1
O desenvolvimento de técnicas e a melhor utilização de utensílios marca-
ram esse processo evolutivo (figura 1.1c), transformando as sociedades de eco-
nomia de subsistência em direção ao surgimento dos primeiros agrupamentos
diferenciados, nos quais a produção ultrapassava as necessidades imediatas do
grupo, ou seja, geravam, pela primeira vez, excedentes além de suas capacida-
des naturais de consumo (ANDERY, 1999).
capítulo 1 •9
Figura 1.3 – Desenhos de deuses da Grécia Antiga. a) Dioniso e sátiros. Interior de um vaso
com figuras vermelhas, 480 a.C. b) Hércules e Atena. Cerâmica grega antiga, 480–470 a.C.
http://amanecemetropolis.net/el-aprendiz-del-drama/
Substitui-se uma relação de espanto com a natureza por uma tentativa embrionária
de explicar racionalmente o mundo à sua volta, em contraposição às interpretações
míticas de seus predecessores (MOTA, 1997).
Evoluções similares também ocorreram no mundo oriental, sem nenhum, ou muito pou-
co, contato com esses agrupamentos. Posteriormente, intercâmbios serão estabele-
cidos, mas cujas contribuições, ao menos por enquanto, não foram tão relevantes na
história inicial do surgimento do pensamento racional no mundo ocidental.
10 • capítulo 1
1.1.3 O período homérico
TURQUIA
BULGÁRIA
SKOPIA THRACE
(EX-IUGOSLÁVIA)) ALEXANDROPOULIS
KAVALA
THESSALONIKI
MACEDÔNIA
ALBÂNIA TURQUIA
ILHAS DO NORDESTE DO EGEU
IOANNINA LARISSA
VOLOS ILHAS
ÉPIRUS THESSÁLIA SPORADES
IGOUMENITSA
HALKIDA ÉVIA
ILHAS
GRÉCIA CENTRAL
JÔNICAS ATENAS
PIREUS
SOUNIO
PELOPONESO KORINTHOS
NAFPLIO
OLYMPIA
ILHAS DO GOLFO
KALAMATA ARGO-SARÔNICO DODECANESO
E PELOPONESO
ILHAS CICLADES
CRETA
Em torno de 1200 a.C. a invasão dos Dórios pôs fim à civilização micêni-
ca, introduziu o uso do ferro, o que implicou no aprimoramento das armas de
guerra, e substituiu a realeza pela aristocracia. As decisões que eram exclusiva-
mente palacianas foram para as praças públicas (ágoras), compartilhadas por
todos os cidadãos, o que não queria dizer escravos.
Com os Dórios, as forças produtivas tiveram um significativo avanço, com
aumento na produção de cereais, óleo, vinha, horticultura, pastoreio e artesa-
nato (tecelagem, fiação, trabalhos em metal, cerâmica etc.). Da mesma forma,
iniciaram-se as cidades (polis) com uma diversidade social mais complexa en-
volvendo, além da aristocracia e dos escravos, os artesãos, trabalhadores libe-
rais, pequenos proprietários e militares.
capítulo 1 • 11
No século IX a.C. reaparece a escrita, desaparecida desde a civilização mi-
cênica, agora com nova função, muito mais pública do que aquela dos tempos
da realeza.
As obras de Homero (Ilíada e Odisseia) constituem, sem dúvida, o que de mais impor-
tante foi escrito nesse período. Ilíada versa sobre o período de lutas (guerra de Troia)
e acerca de heróis de guerra. Por sua vez, a Odisseia refere-se a um período de paz,
retratando relações familiares e a vida doméstica.
O próximo período (arcaico, nos séculos VII e VI a.C.) caracteriza-se pelo estabe-
lecimento definitivo das cidades-estados, um aprimoramento das polis do perí-
odo anterior. As polis (figura 1.5) compreendiam as cidades e suas redondezas
mais próximas, sendo unidades econômicas, políticas e culturais independentes
entre si. Nesse período intensifica-se o comércio, surgem as moedas utilizadas
nas trocas de mercadorias e que representavam os símbolos das polis respecti-
vas. Ocorre também um aumento da utilização do trabalho escravo, permitindo
aos cidadãos da aristocracia liberação quase total dos trabalhos manuais.
12 • capítulo 1
O período arcaico se por um lado aprofunda o conceito de democracia, por
outro distancia ainda mais os cidadãos dos não cidadãos, definindo um incre-
mento da prática da cidadania nas decisões, desde que garantida a exclusão de
setores não participantes.
Nesse período, fruto da liberação dos trabalhos manuais e da capacidade
crescente do pensamento abstrato, alguns pensadores marcaram o período
com a produção de concepções complexas e profundas. Os mais importantes
são Tales, Anaximandro, Anaxímenes (escola de Mileto), Pitágoras, Parmênides,
Heráclito e Demócrito (BORNHEIM 1967).
capítulo 1 • 13
a) b)
14 • capítulo 1
Sócrates (469-399 a.C.), embora educado pelos sofistas, por eles desenvolveu uma
grande aversão. Sua discordância incluía a defesa de valores de virtudes permanentes
contra o relativismo, assim como seu pavor pelas convenções de comportamento e modos
de vestir defendidos pelos sofistas. Nada tendo escrito, até mesmo porque acreditava que
o autoconhecimento deveria ser fruto do diálogo permanente e sem ocupar as mãos, o
que dele sabemos é por meio de seus discípulos. Era central no seu pensamento a neces-
sidade do homem primeiro reconhecer a sua própria ignorância, para, por meio do diálogo
e da ironia, descobrir em sua alma o conhecimento. Assim, a sabedoria estava na desco-
berta do conhecimento pelo homem em si mesmo. Segundo Sócrates, o bem e a virtude
eram conceitos e valores universais, imutáveis e permanentes.
Aristóteles (384-322 a.C.) não foi contemporâneo de Sócrates, ainda que infuenciado
por ele, nasceu quando Platão já tinha 42 anos e estudou na Academia convivendo com
ele por um período (Aristóteles tinha 36 anos na morte de Platão). Aristóteles, ao con-
trário de Sócrates e Platão, não é de Atenas, ele era originário do norte da Grécia, região
sob domínio macedônico, onde seu pai era médico de Felipe II, imperador da Macedônia.
Inicialmente, assumiu as teorias de Platão para depois rejeitá-las, fundando sua própria
escola denominada Liceu.
capítulo 1 • 15
persas. O império expande-se muito durante Alexandre, porém, com sua morte,
a disputa entre seus generais divide o império em três reinos em luta. O general
Ptolomeu controlava Egito, Arábia e Palestina, o general Antígono garantia o
controle de Grécia e Macedônia, e o general Seleuco tinha o controle da Síria,
Mesopotâmia e Ásia Menor.
Como é possível observar, da dimensão geográfica do Império Grego deu-se
origem, nesse período, a uma significativa fusão da cultura grega com o conhe-
cimento oriental. Em particular, o Museu de Alexandria (figura 1.9) transfor-
mou-se no mais importante centro de pesquisa daquela época. Os reis egípcios
participaram ativamente desse empreendimento, mesmo porque eles consi-
deravam os avanços no conhecimento científico, na medicina e na literatura
como parte do tesouro real. Assim, pela primeira vez na história do homem,
foi criada uma instituição de caráter científico organizada e financiada pelo
Estado (lembremos que a Academia de Platão e o Liceu de Aristóteles eram de
cunho privado). O Museu tinha uma ênfase em investigação da natureza e con-
tava com laboratórios de pesquisa, jardim botânico, zoológico, salas de disse-
cação, observatório astronômico e uma grande biblioteca (figura 1.7).
16 • capítulo 1
Figura 1.8 – Movimento na Biblioteca de Alexandria. http://caosnosistema.com/wp-content/
uploads/2013/06/biblioteca-din-Alexandria-acervo.jpg
capítulo 1 • 17
No ano de 305 a.C Ptolomeu I Sóter foi proclamado faraó e se tornou um líder que
acolhia os sábios do mundo inteiro de braços abertos. Demétrio de Falero, líder de
Atenas, obrigado a se exilar na cidade de Ptolomeu I devido às guerras. Os dois com-
partilhavam dos mesmos ideais e se tornaram grandes amigos. Com isso, decidiram
colocar em prática um projeto cuja intenção era reunir e classificar todos os tipos de
conhecimento registrados em rolos de papiro ao redor do mundo, fazendo de Alexandria
a capital do conhecimento.
Iniciou-se, então, a construção do magnífico Templo das Musas [museu] com dezenas
de salas de investigação e leitura, zoológicos, diversas hortas e jardins, laboratórios
para dissecações, observatório astronômico e a imponente Biblioteca de Alexandria.
Sabendo que para tornar Alexandria o centro do conhecimento mundial, precisava reu-
nir os intelectuais, o faraó começou a oferecer moradia, dinheiro e alimentação para
que estudassem no museu em troca da dedicação integral à busca pelo conhecimento.
O sucesso foi tanto que tiveram que ampliar e o Templo de Serápis foi erguido.
Em 391 d.C., o patriarca Teófilo I destruiu a Biblioteca sob as ordens do Imperador
Teodósio, que havia unido Roma ao Cristianismo e passou a perseguir os pagãos e
outras religiões.
Infelizmente o medo dos governantes e sacerdotes frente ao conhecimento que vinha
sendo desenvolvido destruiu o que, segundo Carl Sagan, foi, em seus tempos, a glória e
o cérebro da mais importante cidade do planeta, o primeiro instituto de investigação da
história do mundo.
18 • capítulo 1
1.2 Pensamentos da Idade Média e da
Renascença e o surgimento do Método
Científico
1.2.1 Final do Império Romano e início da Idade Média
O Império Romano (séculos l a.C. a século V d.C.) que seguiu-se à queda do Im-
pério Grego e Macedônico teve muitas contribuições no campo da retórica, de
estruturas urbanizadas, aquedutos e técnicas de guerra, mas que não foram tão
fundamentais na compreensão histórica e no desenvolvimento do tema espe-
cífico que estamos tratando. Na verdade, o uso do latim pelos romanos consti-
tuiu-se em um elemento a mais para dificultar a utilização plena do conheci-
mento produzido em grego até então.
Assim, abordaremos o período Medieval, no qual, ao seu final, se estabele-
cerão as bases do início da ciência moderna, a partir da redescoberta de antigos
pensadores da Grécia Antiga via, simbolicamente, aquele conhecimento guar-
dado no Museu de Alexandria.
O final do Império Romano (séculos IV e V) está associado à aceleração da
destruição do modo de produção escravista, o qual tornara-se dispendioso,
gerando o empobrecimento dos pequenos proprietários. Além disso, revoltas
contra os altos impostos, invasões dos bárbaros do norte, que somados aos in-
teresses de grandes proprietários em busca de maior autonomia, levaram ao
fim de Roma e dos demais centros urbanos da época.
As novas relações a partir dos séculos V e VI são centradas na figura do se-
nhor feudal (grande latifundiário) e nos servos da gleba (arrendatários, peque-
nos agricultores, mas não escravos). A prestação de serviços (jovens campo-
neses no corpo de guarda do senhor feudal e a prática do maritagium para as
jovens) e pequenos excedentes agrícolas eram as formas de pagamento usuais
dos servos ao senhor em troca pela proteção dentro dos limites da gleba. A vida
no feudo caracterizava-se pela autossuficiência, produção agrícola e criação de
animais de pequena monta e pequena indústria caseira (MONTEIRO, 1986).
Após a queda do Império Romano no século V, a Igreja de Roma é o centro da
cristandade ocidental e divide com os senhores feudais o controle de boa parte da
Europa. A Igreja terá do século V até o século XII um quase monopólio do saber,
inclusive da leitura e da escrita, exercida via o controle do sistema educacional.
capítulo 1 • 19
1.2.2 Alta e Baixa Idade Média
20 • capítulo 1
capacidade local de consumo, fazendo com que o intercâmbio de produtos
constituísse um novo fenômeno que alteraria as relações sociais e econômicas
de toda uma região, espalhando-se a partir da Península Ibérica em direção ao
centro da Europa (FRANCO, 1986).
Figura 1.11 – Catedral de Notre Dame, Paris, Trança. Início da construção –1163
capítulo 1 • 21
Figura 1.12 – Universidades de Paris (França), de Oxford (Inglaterra) e de Cambridge
(Inglaterra). http://www.brasilescola.com/historia/universidades-na-idade-media.htm.
http://www.telegraph.co.uk/education/universityeducation/8674265/Trinity-College-
Cambridge-A-talent-for-nurturing-the-life-of-the-mind.html
22 • capítulo 1
Antiga e mesclado esses conhecimentos com contribuições de todo o oriente.
Eles conheciam, e bem, Aristóteles, que havia sido traduzido do grego para o
árabe. Por ser um conhecimento completo, enciclopédico e de fácil ensina-
mento, constituiu a primeira tarefa desses sábios concluir a tradução integral
de Aristóteles para o latim e ensiná-lo nessas Instituições emergentes.
De fato, Platão já era bem conhecido da Igreja via Santo Agostinho (SANTO
AGOSTINHO, 1973), tendo influenciado fortemente os círculos internos da
Igreja na Alta Idade Média (séculos V ao X). Da mesma forma, a Igreja interessa-
se por Aristóteles e, via São Tomás de Aquino (SÃO TOMÁS DE AQUINO, 1973),
por ele é influenciada na Baixa Idade Média (séculos XI ao XV).
O final da Idade Média é um período de profundas contradições. A peste
negra do verão de 1347 contribuiu para a afirmação do poder da Igreja, via au-
toridade papal, sendo que coube à Igreja a tarefa de coordenar os trabalhos
de restauração da ordem nas cidades que haviam se desintegrado política e
economicamente.
Até o final da Idade Média, a Terra é inquestionavelmente o centro do Universo
em torno das visões do mundo hierarquizado de Aristóteles (século IV a.C.) e do
astrônomo egípcio Cláudio Ptolomeu (século II d.C.). Acreditava-se e ensinava-se
que Deus criara o céu em movimento circular perfeito e eterno. Por sua vez, o nos-
so mundo era imperfeito, dado que, formado de água, ar, fogo e terra, deteriorava
e morria. Assim, o mundo era constituído de oito grandes esferas, sendo que o
Sol ocupava a primeira, depois a Lua, após os cinco planetas conhecidos (Marte,
Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno) e, por fim, na última esfera, todas as estrelas.
capítulo 1 • 23
Após o período medieval há um grande vazio intelectual. As bases conso-
lidadas da escolástica, centrada no pensamento enciclopédico de Aristóteles,
pode ser questionada, porém, nada há similar que possa substitui-lo no seu
conjunto. Assim, esse período caracteriza-se pela magia, feitiçaria e alquimia.
Tudo pode ser aceito, mas nada era consolidado, tudo parecia aceitável e con-
denável simultaneamente, carecendo de solidez os pensamentos propostos
(MOTA, 1997).
Por outro lado, o homem agora é a preocupação principal, ao passo que até
então o essencial havia sido discutir a relação homem-Deus. Isso abre espaço
para tornar-se cada vez mais relevante a relação homem-natureza. Destaque-se,
nesse período, a importância das ideias de Francis Bacon (1561-1626) que, a
partir da oposição ao teocentrismo, via o antropocentrismo, e da oposição à fé
pela razão propõe a ciência prática em contraposição à ciência contemplativa
praticada até então. De acordo com Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros
depende principalmente de observações experimentais guiadas pelo método
indutivo e não de raciocínios matemáticos (BACON, 1973). Suas análises eram
baseadas no exame de fatos, tipo presença e ausência. A maior falha do seu pen-
samento reside exatamente na pouca importância que ele conferia à hipótese e
o menosprezo exagerado à formulação matemática.
No campo religioso, essa fase de transição entre o feudalismo e o capita-
lismo caracteriza-se pela ocorrência da Reforma Protestante, de alguma forma
associada aos obstáculos da Igreja Católica às práticas capitalistas burguesas e
também relacionado com a vontade dos Reis de não dividir o poder centraliza-
do com o Papa (WEBBER, 1930). Conforme cresce a Reforma, a Igreja lança a
contrarreforma, onde particularmente a Companhia de Jesus tem, entre outras
missões (inquisição, por exemplo), o papel de empreender uma ação pedagógi-
ca em oposição à escolaridade protestante.
1.2.4 A Renascença
A Renascença tem seu eixo principal na Itália, tendo sido a primeira região a
recuperar-se dos acontecimentos da Peste Negra. Além disso, a Itália era o cen-
tro do trânsito crescente entre a Europa e o Oriente Médio. Por ali passavam
necessariamente as especiarias, os perfumes e as sedas. Ocorre nesse período
um significativo refinamento de sistemas administrativos, práticas bancárias e
conhecimentos financeiros em geral. Florença em torno do século XV já detém
24 • capítulo 1
um efervescente sistema bancário associado ao comércio internacional. A ma-
temática (geometria, trigonometria e álgebra), usada na construção, na navega-
ção, na cartografia e no levantamento topográfico, se desenvolve fortemente.
Por exemplo, o cosmólogo italiano Paolo Toscanelli (1397-1482) fornece a Co-
lombo o mapa que o guiou na primeira viagem à América (figura 1.14).
Figura 1.14 – Paolo Toscanelli e uma reconstrução hipotética do mapa que guiou Colombo.
http://www.arcetri.astro.it/~ranfagni/CD/CD_TESTI/TOSCNLLI.HTM
capítulo 1 • 25
ocentrismo. Em 1463, a lgreja, a pedido de agricultores e navegantes, encomen-
da a um de seus agregados e protegidos, o astrônomo Johann Müller, estudos
visando a correção do calendário egípcio (365 e ¼ dias), adotado desde Júlio
César no sec. I d.C. A encomenda do Papa Sisto IV não é atendida satisfatoria-
mente, mas Müller publica o Epitome em 1496, sendo uma das primeiras obras
a contrapor-se a Ptolomeu, em particular à sua obra Almagesto, ao defender
que a Terra não era imóvel, imutável e centro do Universo.
A tarefa não cumprida por Müller é posteriormente repassada a Nicolau
Copérnico (1473-1543) (figura 1.15), também agregado da Igreja. Em 1514,
Copérnico comunica ao Papa Clemente VII que o problema da Páscoa (cada vez
a Páscoa parecia acontecer antes) não teria solução antes que as relações entre
Terra, Sol e Lua fossem mais bem estabelecidas. Em 1530, Copérnico adota o
heliocentrismo e, em 1543, na sua obra As Revoluções, afirma categoricamen-
te: a Terra é esférica e seis planetas giram em torno do Sol em órbitas perfeitas.
O mais importante de tudo é que Copérnico, com essas hipóteses, resolveu
o calendário, substituindo o calendário Juliano pelo Gregoriano com 365 dias,
5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Ou seja, 11 minutos e 14 segundos mais
longo do que o anterior. No mesmo ano de publicação de sua obra Copérnico
morre, evitando constrangimentos a ele e à Igreja que adota o calendário pro-
posto, mesmo negando as hipóteses (ao menos publicamente) que lhe deram
origem e respaldo.
26 • capítulo 1
A chamada revolução copernicana foi fundamental, tendo sido onde, pela
primeira vez, foi elaborado de forma mais sistemática a ideia de que o sistema
solar pode ser visto e estudado como uma estrutura independente das demais
estrelas. Mesmo assim, contemporaneamente, logo em seguida à sua morte,
suas ideias foram condenadas pela Igreja por estarem em conflito com a Bíblia
e por não explicarem os fortes ventos da rotação da Terra. Mesmo líderes reli-
giosos como Calvino e Lutero também o condenaram. Assim, permaneceu a
Terra no centro do Universo no decorrer do Renascimento.
Se Copérnico foi motivado pelo calendário, o dinamarquês Tycho Brahe
(1546-1601) tinha, como principal propósito, medidas precisas dos movimen-
tos dos corpos celestes. Ele foi motivado pela demanda crescente dos navega-
dores por mapas celestes, bússolas e relógios mais exatos. Tycho descobriu o
surgimento de novas estrelas, o que provaria que a imutabilidade do céu, apre-
goada por Aristóteles, era um equívoco. O rei da Dinamarca (Frederico II), em
1576, concedeu a Ilha de Vem (próxima a Copenhagem) para Tycho montar um
observatório. Ainda que a observação fosse a olho nu, lembre-se de que o teles-
cópio ainda não fora inventado, Tycho obteve pleno sucesso no mapeamento
de estrelas e dos movimentos dos planetas. Curioso observar que Tycho Brahe
foi, durante toda sua vida, geocêntrico. Seu trabalho, no entanto, teve aplica-
ções imediatas para navegadores, agricultores e fabricantes de relógios.
O principal continuador da obra de Brahe foi Johannes Kepler (1571-1630)
(figura 1.16), nascido na Alemanha, que, em que pese sua infância pobre e di-
fícil, foi eternizado como o responsável pela descoberta das leis de movimento
planetário. Em 1600, um ano antes da morte de Tycho Brahe, Kepler foi traba-
lhar com ele, de quem recebeu todos os rigorosos registros dos movimentos
dos corpos celestes.
Fazendo uso desses dados, entre 1609 e 1618, Kepler anuncia as leis do
Movimento Planetário:
1. Todos os planetas giram ao redor do Sol em órbitas elípticas;
2. Uma linha radial que ligue qualquer planeta ao Sol varre áreas iguais
em tempos iguais;
3. O quadrado do período da revolução de um planeta é proporcional ao
cubo de sua distância média em relação ao Sol.
capítulo 1 • 27
Figura 1.16 – Kepler e o Movimento planetário.
28 • capítulo 1
Se os gregos estabeleceram o pensamento racional e o primeiro método ba-
seado na observação e na lógica, Galileu representa simbolicamente uma nova
revolução: a afirmação do método científico enquanto observação, lógica e ex-
perimentação (BANFI, 1983).
No verão de 1592, Galileu renunciou à sua cátedra em Pisa e foi para Pádua
à procura de espaços mais abertos às suas novas e revolucionárias ideias.
Disputou uma cátedra também pretendida por Giordano Bruno (1548-1600),
o qual viria a ser morto, queimado vivo, em 1600, por determinação do Papa
Clemente VIII. Bruno, após ter sido ordenado padre em Nápoles, dirige-se para
ensinar em Paris e Londres, caracterizando-se pelo combate permanente às
ideias de Aristóteles, em particular acerca da Terra não ser o centro do Universo,
afirmando ser o Universo infinito e que as estrelas não se encontravam fixas em
uma esfera cristalina. Giordano influenciou bastante Galileu e marcou sua vida
como mártir da liberdade de expressão.
Galileu viveu 18 anos em Pádua, onde deu continuidade aos trabalhos de
Kepler, organizou e sintetizou o ramo da mecânica na física, escreveu a obra O
Ensaidor (GALILEU, 1973), que trata especialmente do método científico, es-
creveu sobre a teoria das marés e aperfeiçoou o telescópio, o que permitiu o es-
tudo das manchas solares e a compreensão da superfície montanhosa da Lua.
Em 1610, Galileu observou quatro satélites em torno de Júpiter, semelhan-
tes à Lua na Terra e identificou a Via Láctea como composta de estrelas e não de
substância nebulosa. Lembremo-nos de que foi exatamente por motivos simi-
lares que Giordano Bruno houvera sido condenado à morte alguns anos antes.
Galileu, da mesma forma que Giordano, afirmou ser papel da Bíblia preocupar-
se com a moral e não com a ciência. Galileu acreditava que a Bíblia não poderia
ser interpretada ao pé da letra e prestava-se a diferentes interpretações.
‑Inicialmente, até 1614, Galileu não teve maiores problemas com a Igreja.
No entanto, em 1615 ele foi convocado a comparecer junto à Igreja e desafiado
a demonstrar a conciliação da Bíblia com os pensamentos de Copérnico, ou
então a renunciar explicitamente às suas ideias. Galileu justificou que os postu-
lados de Copérnico eram, para ele, uma simples suposição matemática.
Em 1616, o Cardeal Belarmino decretou que o sistema copernicano era fa-
lho e errôneo e proibiu as obras de Copérnico, o que não havia ocorrido até en-
tão, e afirmou que Deus fixou a Terra em seus alicerces para jamais ser movida.
Em 1624, o novo Papa, Urbano VIII, amigo de Galileu, autorizou Galileu a es-
crever Os Sistemas do Mundo. Em 1632, Galileu publica Diálogo Sobre os Dois
capítulo 1 • 29
Máximos Sistemas do Mundo (GALILEU, 1973) (figura 1.17). Ainda que bem re-
cebido na comunidade acadêmica, causa irritação na lgreja, especialmente em
Urbano VIII, principalmente por não ter Galileu respeitado o decreto de 1616.
Figura 1.17 – Galileu Galilei e seu livro Diálogo Sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo.
Finalmente, em 1633, aos 70 anos de idade, Galileu foi uma vez mais colo-
cado entre a fogueira e a negação de suas convicções. Galileu renega tudo o que
fez, sentenciando, porém, ao final, em voz baixa, que mesmo assim ela (a Terra)
se move (e pur, si muove).
Galileu morre em 1642 e somente em 1757 a Igreja retirou sua obra da lista
de proibidos. Em 1992, 359 anos mais tarde, o Papa João Paulo II reconheceu
oficialmente que os teólogos que condenaram Galileu não souberam reconhe-
cer a distinção formal entre a Bíblia e sua interpretação. Isso os levou a traspor
indevidamente para a fé uma questão pertinente à investigação científica.
No ano em que morreu Galileu, 1642, nasceu na Inglaterra Isaac Newton. Nas-
cido prematuro, tendo seu pai falecido três meses antes, aos três anos foi aban-
donado pela mãe e criado pela avó. Quando completou dez anos, sua mãe re-
tornou após a morte do Pastor que ela havia acompanhado e com quem teve
outros filhos.
30 • capítulo 1
Em que pese todo esse conjunto de dificuldades, Newton formou-se aos
23 anos em Cambridge, Inglaterra, em um período marcado por uma forte
incidência da peste bubônica, que levou ao fechamento da Universidade de
Cambridge.
Newton retornou à sua terra natal e por lá permaneceu 18 meses, os quais
foram muito profícuos e criativos, gerando a formulação de teorias que revolu-
cionariam toda a ciência moderna. Nesse intervalo de tempo, Newton elaborou
as leis do movimento:
1. Um corpo em repouso continuará em repouso, a menos que uma for-
ça atue sobre ele e um corpo em movimento retilíneo uniforme, continuará a
mover-se em linha reta com velocidade constante a menos que uma força atue
sobre ele;
2. A aceleração (taxa de variação da quantidade de movimento) é direta-
mente proporcional à força;
3. A cada ação corresponde uma reação igual e oposta.
capítulo 1 • 31
O Principia (NEWTON, 1979) (figura 1.18), na verdade, é constituído de três
livros:
1. Mecânica;
2. Movimento dos corpos em meios com resistência (ar ou água);
3. Estrutura e funcionamento do sistema solar, inclusive o tratamento das
marés e cometas.
32 • capítulo 1
durecimento e a constatação de que todo o conhecimento científico sobre o
mundo deve ser construído por intermédio da utilização do método científico.
Tudo pode ser racionalizado, medido e calculado. Newton estabeleceu a possi-
bilidade de chegar às leis sobre a natureza com ênfase no poder da razão. Gra-
dativamente, a partir de então, o racionalismo passa a ser, cada vez mais, con-
siderado uma característica diferencial do ser humano. A razão é vista como
mecanismo, meio de obtenção do conhecimento e guia das ações humanas.
Em síntese, o método científico é definido como o método pelo qual cientis-
tas pretendem construir uma representação precisa – ou seja, confiável, consis-
tente e não arbitrária – do mundo à sua volta. Em geral, podemos afirmar ter o
método científico quatro etapas fundamentais:
1. Observação e descrição de um fenômeno ou grupo de fenômenos;
2. Formulação de uma hipótese para explicar os fenômenos. Muitas ve-
zes tais hipóteses assumem a forma de um mecanismo causal ou relação
matemática;
3. A hipótese é utilizada para prever a existência de outros fenômenos,
ou então para predizer, quantitativamente, a ocorrência de novas observações
possíveis;
4. Realização de testes experimentais acerca das previsões por vários ex-
perimentalistas independentes e confirmação dos pressupostos adotados.
Caso os experimentos confirmem as hipóteses e as previsões decorrentes, po-
de-se construir uma lei ou teoria científica.
capítulo 1 • 33
religiosos e populares. Para ser conhecimento científico há que ser provenien-
te do uso, assim como estar submetido ao teste, do método científico. Dessa
forma, não basta ser verdade, para ser conhecimento científico há que ser ver-
dadeiro e demonstrável à luz do método científico (MOTA, 2000).
A título de explicação do discutido acima, imagine alguém que firmemente
crê em vidas em outros planetas. Trata-se de crença pessoal que pode ser ver-
dadeira, dado que é possível que tais seres existam. Assim, embora respeitável
enquanto fé, no entanto, não é ciência. Não por não ser verdadeiro, dado que
igualmente não pode a ciência provar a impossibilidade de vidas extraterres-
tres, mas sim por não haver provas que atendam aos pressupostos do método
científico.
Consolidada a ciência moderna com Newton, foi exatamente a visão de que não
bastaria entender o mundo, era preciso modificá-lo, que implicaria nas gran-
des transformações que marcaram os séculos XVIII e XIX. Em particular, a má-
quina a vapor, descoberta por James Watt em 1784, representou um tremendo
impulso na área da produção (ANDERY, 1999).
A partir de então, ciência e produção interferem-se mutuamente. A ciência
modifica, altera, submete a natureza à sua volta a serviço do homem.
No século XIX, a ciência organiza-se formalmente, deixando suas práticas
basicamente amadoras, sendo que especialmente na Inglaterra, na França e na
Alemanha ela volta-se naturalmente para os interesses da produção.
Esse período tem como característica a ênfase no poder da razão. O raciona-
lismo passa a ser entendido como uma marca natural do ser humano, e a razão,
mais do que um mecanismo de obtenção do conhecimento, era vista como um
guia das ações humanas.
A possibilidade de se chegar a leis sobre a natureza gera o pressuposto de
que há regularidades e uniformidades nos fenômenos – quer físicos ou sociais
– já que todos passam a ser considerados fenômenos naturais. Em suma, em
princípio, acreditava-se que tudo pudesse ser observado, medido e calculado.
No decorrer do século XIX, há um grande desenvolvimento capitalista, po-
dendo ser entendido como dividido em dois grandes momentos. Primeiro até
34 • capítulo 1
1848, período em que ocorreu uma expansão centrada principalmente nos pa-
íses industrializados. Nesse período, crescem as forças produtivas e a classe
operária cresce tanto em número como em nível de pobreza. Na mesma pro-
porção aumenta sua consciência política, enquanto classe, dando origem à
proposta do socialismo.
Em 1848, há uma enorme efervescência na Europa, um período revolucio-
nário, levando os capitalistas a prepararem mudanças e implementarem um
novo momento do desenvolvimento capitalista (BERNAL, 1976). A unificação
da Alemanha e da Itália em meados da segunda metade do século XIX contribui
com a implantação de políticas nacionalistas e liberais.
Marx, participante ativo da esquerda Hegeliana, em 1841 defendeu sua
tese de doutorado acerca da filosofia de Demócrito e Epícuro (MARX, s/d).
Posteriormente, ele trabalhou acerca da concepção materialista do homem e
da história em contraposição à visão idealista de Hegel. Uma vasta produção
posterior, incluindo os Manuscritos Econômico-Filosóficos (1844) (MARX,
1984), Miséria da Filosofia (1847) (MARX, s/d), Ideologia Alemã (1848) (MARX
e ENGELS, 1980), Manifesto Comunista (1848) (MARX, 1985), O Dezoito
Brumário (MARX, 1985), O Capital I (1867), II (1885) e III (1894) (MARX, 1983),
marcarão profundamente a virada do século IXI para o XX.
A importância de Marx, do ponto de vista do método, está justamente na
tentativa de elaboração de um sistema explicativo baseado em bases metodo-
lógicas, consubstanciadas no materialismo histórico e no materialismo dialé-
tico. A visão de Marx está centrada na concepção de que as transformações na
sociedade se dão via contradições e antagonismos, estando o desenvolvimento
associado à superação permanente desses conflitos, sendo que os elementos
de transformação não estão fora da sociedade, mas sim efetivados por meio do
próprio homem enquanto agente social.
Tais pensamentos de Marx partem da abordagem que as ideias são decor-
rentes da interação do homem com a natureza, de um homem que faz parte da
natureza e que recria constantemente suas concepções da natureza, a partir de
sua interação com ela. Para Marx não é a consciência dos homens que determi-
na seu ser, mas o contrário, é o seu ser social que determina sua consciência.
Interessante observar aqui que a concepção materialista de Marx carrega em
sua base uma visão da natureza e da relação do homem com essa natureza.
capítulo 1 • 35
Do ponto de vista do método, de acordo com Marx, é da produção e da base
econômica que se parte para explicar a própria sociedade. Trata-se de, no limi-
te, tentar descobrir nos fenômenos leis que originam e conduzem às transfor-
mações. Marx alerta, no entanto, que não é possível, no campo social, pensar-se
em leis abstratas, imutáveis, atemporais e a-históricas. Trata-se, segundo ele,
de descobrir as leis que, sob condições históricas específicas, são as determi-
nantes de um fenômeno que tem existência em condições dadas, e não uma
existência que independe da história.
Considerando que Marx estava atrás da descoberta das relações e conexões,
envolvendo a totalidade dos fenômenos, compreendidos a partir da realidade
concreta, sua obra representa tanto um marco do pensar ou agir político como,
também, a questão do método nas ciências.
O conhecimento científico adquire, de forma acentuada a partir de Marx, o
caráter de ferramenta a serviço da compreensão do mundo visando sua trans-
formação. No caso específico de sua visão política, a serviço de uma classe, os
trabalhadores, e em conflito com os detentores dos meios de produção.
A ciência na virada do século XIX para o século XX explicita sua não neutrali-
dade. O caráter do conhecimento científico, enquanto comprometido com a
transformação concreta do mundo, geraria a certeza de que o século seguinte
só não seria mais como houvera sido até então.
O clima dominante na Europa no começo do século XX é o positivismo ló-
gico, baseado em que algo só é verdadeiro se for possível demonstrá-lo lógica
e empiricamente. Assim, matemática e ciência são consideradas fontes supre-
mas de verdade.
Charles Sanders Pierce, filósofo americano, considerado o fundador da filo-
sofia do pragmatismo, afirma no começo do século XX que a verdade absoluta
é, por definição, tudo aquilo que os cientistas afirmarem ser verdadeiro quan-
do chegarem ao final de seu trabalho (WIENER, 1966).
36 • capítulo 1
1.4 Os grandes filósofos da ciência do
século XX
capítulo 1 • 37
1.4.2 Karl Popper e a refutabilidade
38 • capítulo 1
A partir do ponto de vista de Kuhn, qualquer método científico deverá
ser avaliado não absolutamente, mas sim a partir daquilo que se possa fazer
com ele. Nesse contexto, e somente nele, pode-se aplicar os conceitos de fal-
so e verdadeiro, desde que necessariamente no interior de um paradigma bem
estabelecido.
Kuhn afirma que, em geral, os cientistas trabalham no contexto de uma ci-
ência normal, ou seja, preenchem detalhes, resolvem charadas, que reforçam
o paradigma dominante. Assim funciona até que haja uma ruptura, gerada a
partir de perguntas não respondidas nos limites do paradigma anterior, que
demanda modificações profundas em direção à construção de um novo para-
digma. A adoção de novos conceitos, diferentes enfoques e originais teorias se-
rão decorrentes da implementação do eventual paradigma revolucionário.
Popper e Kuhn divergem a respeito da natureza essencial da ciência e a gê-
nese das revoluções científicas. Popper crê que se uma refutação for bastante
convincente está definida a necessidade de uma revolução. Por outro lado, se-
gundo Kuhn, a maior parte do tempo, os cientistas dedicam-se ao exercício da
ciência normal. Consequentemente, uma revolução científica é um fenômeno
singular, muito raro e ocasional.
capítulo 1 • 39
destruí-la. A ciência pode ser considerada superior às demais formas de conhe-
cimento somente à medida que permite que todos que com ela trabalham pos-
sam estar em contato com o maior número possível de modos de pensar dife-
rentes e, a partir desse pressuposto, escolher livremente entre eles.
Feyerabend findou conhecido como o filósofo da anticiência por defender
que toda descrição da realidade seria necessariamente inadequada. No entan-
to, a leitura atenta de sua obra mostra essencialmente uma preocupação, antes
de mais nada um alerta, acerca das dificuldades em todos os empreendimentos
humanos que vissem reduzir a diversidade natural inerente à realidade. Nesse
sentido, ele era um cético da crença de que os cientistas pudessem um dia abar-
car a realidade em uma teoria única no mundo, a partir da qual um método
científico completo seria bem estabelecido.
Fruto de todas essas discussões que marcaram o século e esses três filósofos,
eles se autoinfluenciaram e foram mudando e incorporando novos elementos
aos seus respectivos pensamentos. Em particular, Popper, no processo do ama-
durecimento de suas teorias, podemos destacar pelo menos três fases bastante
distintas nas suas concepções de falseacionismo: dogmático, metodológico e
sofisticado (LAKATOS e MUSGRAVE, 1965).
O falseacionismo dogmático é influenciado, ainda que oposto, pelas visões dos
justificacionistas clássicos, os quais só admitiam como teorias científicas as te-
orias provadas. Os justificacionistas neoclássicos, por sua vez, estenderam esse
critério às teorias prováveis. Os falseacionistas dogmáticos só aceitavam teorias
que fossem refutáveis. Dentro dos marcos do falseacionismo dogmático, tam-
bém conhecido como naturismo, admite-se a falibilidade de todas as teorias
científicas, uma vez que em falhando, abandonam-se as mesmas imediatamen-
te. Da mesma forma, executam-se sumariamente todas as proposições que não
possam ser falseadas. Obviamente, tratava-se de um critério demasiadamente
rígido entre o caráter científico e não científico do conhecimento.
O falseacionismo metodológico apresenta de novidade a adoção do convencio-
nalismo, onde permite-se que o valor da verdade nem sempre pode ser prova-
do por fatos. Em alguns casos, pode-se decidir por consenso. O falseacionista
metodológico separa a rejeição da refutação, que o falseacionista dogmático
havia fundido. O falseacionista metodológico indica a necessidade urgente de
40 • capítulo 1
substituir uma hipótese falseada por uma melhor. Esse critério metodológico
é muito mais liberal do que o dogmático anterior. Por exemplo, as teorias pro-
babilísticas merecem a qualificação de científicas, porque embora não sendo
falseáveis, podem, no entanto, ser mostradas inconsistentes.
Por fim, Popper, na sua fase mais recente, adotou o falseacionismo metodoló-
gico sofisticado, o qual difere dos anteriores tanto nas regras de aceitação como
nas regras de falseamento (eliminação). Dentro do falseacionismo sofisticado
uma teoria será aceitável se tiver um excesso corroborado de conteúdo empíri-
co em relação à sua predecessora (ou rival), isto é, se levar a descoberta de fatos
novos.
Enquanto nos marcos do falseacionismo dogmático, uma teoria pode ser
falseada se uma observação conflitar com ela, dentro dos pressupostos do fal-
seacionismo sofisticado uma teoria científica T só será falseada se outra teoria
T’ tiver sido proposta com as seguintes características:
1. T’ apresenta um excesso de conteúdo empírico com relação a T;
2. T’ explica com êxito tudo o que explica também T e todo o conteúdo não
refutado de T está incluído no conteúdo de T’;
3. Parte do conteúdo excessivo de T’ é corroborado.
Além disso, nessa última fase, Popper passou a trabalhar com a aceitação de
hipóteses auxiliares (ad hoc). De acordo com Popper, salvar uma teoria com a
ajuda de hipóteses auxiliares que satisfazem a certas condições bem definidas
pode representar um progresso científico. Observando que, neste caso, qual-
quer teoria científica precisaria ser avaliada juntamente com suas hipóteses au-
xiliares. Assim, examinamos uma série de teorias e não mais teorias isoladas.
Dessa forma, o falseacionista sofisticado transfere o problema de avaliar teo-
rias para avaliação de séries de teorias. Somente uma série de teorias poderia
ser científica ou não científica, e não mais uma teoria isolada. Aplicar o termo
científico a uma única teoria poderia incorrer em um erro de categoria.
Fundamentalmente, a grande modificação no falseacionismo sofisticado,
com relação às versões anteriores de falseacionismo, é a concepção de que não
há falseamento de uma teoria antes da emergência de uma teoria melhor. A
proliferação de teorias é muito mais importante nesse contexto do que para as
visões anteriores. Ou seja, como exemplificado por Lakatos, a teoria de Einstein
não é melhor do que a de Newton porque esta foi refutada e a de Einstein não.
De fato, rigorosamente existem anomalias conhecidas na teoria Einsteiniana.
capítulo 1 • 41
O motivo central para a teoria de Einstein ser considerada progresso, quando
comparada com a de Newton, reside no simples fato que ela explica com êxito
tudo que a teoria anterior explicava e decifra também algumas anomalias que a
anterior não poderia entender (por exemplo, a luz não se propaga em linha reta
quando próxima a corpos com grandes massas).
42 • capítulo 1
negativa, como a refutação ou a demonstração de uma inconsistência, não eli-
minam um projeto. Mesmo mostrando a degeneração de um projeto, somente
a crítica construtiva pode, com a ajuda de projetos de pesquisas rivais, cumprir
a missão de não só falsear o primeiro, mas estabelecer de forma “definitiva” o
segundo.
Assim, a partir da apropriação de conceitos fundamentais de Popper e
Kuhn, somados aos alertas de Feyerabend por mais tolerância e menos preten-
são de rigidez desnecessária, viramos o século, e o milênio, com a produção
de conhecimentos científicos em um ritmo sem precedentes comparados com
períodos anteriores da humanidade.
Tal constatação torna ainda mais importante que a ciência seja populari-
zada sem ser vulgarizada, o que obtém-se pelo incremento substancial da edu-
cação científica da população. Por fim, não pode haver educação e divulgação
científica sem que o método científico seja discutido, conhecido e, acima de
tudo, utilizado como instrumento de análise da realidade que nos cerca e de
nós mesmos, enquanto investigadores da própria natureza.
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44 • capítulo 1
WEBBER, M. The protestant ethic and the spirit of capitalism. Nova York: Talcott Parsons, 1930.
WIENER, P. Pierce: selected writings. Nova York: Dove Publications, 1966.
(Endnotes)
MOTA, R.; FLORES, R. Z.; SEPEL, L.; LORETO, E. Método Científico & Fronteiras do
Conhecimento1. Santa Maria: Cesma, 2003.
1 Agradecimento especial à Editora Cesma Edições, por cessão de direitos autorais de partes do livro "Método
Científico & Fronteiras do Conhecimento".
capítulo 1 • 45
46 • capítulo 1
2
Grandezas Físicas,
Unidades e Suas
Representações
2.1 Unidades e Representação
A medida de uma grandeza física sempre tem um valor numérico e uma unida-
de. Isto faz com que estas duas partes tenham que estar sempre bem definidas
para que a grandeza esteja completamente caracterizada. A medida depende do
observador e do instrumento utilizado na medida. Por exemplo, na figura 2.1,
a medida pode apresentar diferentes valores, para diferentes formas de
observação.
4.8 cm
4.9 cm 4.7 cm
3 4 5 6
Figura 2.1 – A figura tem a observação dos valores da medida invertidos. A observação 4.9
cm deveria estar no lugar da observação 4.7 cm e vice-versa.
As medidas podem ser diretas ou indiretas. Medidas diretas são aquelas que
não dependem de outras grandezas para serem realizadas, ou seja, é possível
realizar sua medida diretamente com um instrumento. Tempo e temperatura
são duas grandezas físicas que são normalmente determinadas de forma dire-
tas. Já as medidas indiretas, precisam de uma relação matemática para serem
determinadas. Essa relação matemática normalmente sintetiza uma dada lei
física, ou conjunto de conhecimentos de uma dada área de interesse.
A maioria das grandezas que caracterizam o movimento de um corpo, por
exemplo, são feitas de forma indireta. Dessa forma, para determinar a velocida-
de de um objeto temos que determinar a distância percorrida num certo inter-
valo de tempo e, a partir dessas medidas diretas, calcular a velocidade. Mesmo
a leitura do velocímetro do carro é indireta, pois há um mecanismo de calibra-
ção de distância que utiliza o perímetro do pneu para determinar a distância
percorrida, e um comparador que determina o tempo de cada volta, permitindo
assim a determinação da velocidade. Aceleração é outro exemplo de medida
48 • capítulo 2
indireta, seja ela feita através das medidas diretas da força e massa ou da varia-
ção de velocidade.
Grandezas fundamentais como distância, tempo e massa são tipicamente
feitas de forma direta, através da comparação com padrões. O padrão é basi-
camente o que estabelece a unidade de uma dada grandeza. Comparando-se
diretamente aquilo que queremos medir com o padrão, tiramos um valor nu-
mérico, que expressa quantas vezes a grandeza de interesse é maior ou menor
que aquele padrão, e assim determinamos tanto a parte numérica quanto a uni-
dade daquela medida.
candela, cd: a candela é a intensidade luminosa, numa dada direção, de uma fonte
Intensidade que emite uma radiação monocromática de frequência 540x1012 hertz e cuja
Luminosa intensidade energética nessa direção é de 1/683 watt por Ester radiano.
Tabela 2.1 – As sete unidades de base do SI, suas unidades e seus símbolos. http://www.
inmetro.gov.br/consumidor/Resumo_SI.pdf data – 25/04/2010
capítulo 2 • 49
2.2 Erros e Desvios
As grandezas ou propriedades físicas têm um valor exato, mas o resultado final
do processo de medida,que sempre está associado a alguma incerteza, nunca
expressa o valor exato dessas grandezas. Fatores, dos mais diversos, impedem-
nos de obter de forma simples o valor verdadeiro de uma grandeza. Toda medi-
da está sujeita aos chamados “erros de medida”. Estes erros podem ser de dois
tipos: erros estatísticos e erros sistemáticos.
Os erros estatísticos, ou aleatórios, podem ser causados pelo operador do
instrumento de medida, por alterações momentâneas no ambiente da medida,
por flutuações no circuito do instrumento, etc. Sua característica principal é
que este tipo de erro não tem uma tendência, ou direção única, para ocorrer e,
por isto, caracteriza-se por uma aleatoriedade no valor medido, tipicamente em
torno de um valor médio.
O erro sistemático, por outro lado, advém de defeitos de calibração ou ví-
cios no processo de medida. Eles ocorrem sempre na mesma direção e, por-
tanto, apresentam uma tendência que provoca um desvio do valor medido do
valor verdadeiro. Enquanto os erros estatísticos podem ser minimizados por
medidas repetitivas e a realização de médias e análises estatísticas, os erros sis-
temáticos não permitem fazer isto. Estes são os erros mais complicados de se-
rem determinados e eliminados no processo de medida de qualquer grandeza.
É por isso que os erros sistemáticos são hoje a grande limitação nas medidas de
alta precisão, que são aquelas que permitem avançar determinados aspectos
científicos na fronteira do conhecimento.
As medidas com instrumentos levam aos chamados erros de medida. Eles
normalmente vêm do fato que de os instrumentos têm uma precisão limitada,
que não permite obter o valor verdadeiro (exato) de certa grandeza, além da pre-
cisão característica daquele instrumento, mesmo quando operado de forma
correta. Um bom exemplo disto é uma régua. Ao utilizarmos a régua, fazemos
uma medida estritamente comparativa. A maioria das réguas mais simples tem
como menor divisão o milímetro. No exemplo da figura 2.2, a régua foi utilizada
para medida de uma distância cujo valor seja exatamente de 5,27 cm, teremos
provavelmente certeza do valor 5,3 cm, pois a comparação direta permite ve-
rificar muito bem que o objeto em questão tem dimensão que cai entre 5,2 e
5,3 cm. Porém, para definirmos o terceiro dígito desta grandeza (o segun-
do depois da vírgula), teremos que “adivinhar” (ou estimar) da melhor forma
50 • capítulo 2
possível, já que a escala da régua não permite fazer uma comparação direta
mais precisa. Mesmo se usarmos bons critérios nesta estimativa, ainda haverá
um pouco de adivinhação, o que leva uma incerteza na medida. Tais incertezas
resultam nos erros da medida.
6
5
4
3
2
1
capítulo 2 • 51
2.3 Algarismos significativos, conversão e
regras de arredondamento
Numa medida, os algarismos significativos são todos aqueles sobre os quais te-
mos certeza (confiança) mais o primeiro dígito duvidoso. Estes são aqueles que
de fato fazem sentido na medida. Por exemplo, na medida feita com a régua,
um observador com olho mais preparado poderia dizer que a medida realizada
pela régua seria de 7,534 cm. Mas será mesmo que essa medida, aparentemen-
te mais “precisa” faz algum sentido?
Neste caso, como o dígito “3” é o primeiro dígito duvidoso, o dígito “4” já
não faz mais sentido e, na verdade, não é mais significativo. Desta forma, os
algarismos significativos, neste caso, são os números 7, 5 e 3. No primeiro alga-
rismo duvidoso é onde temos a nossa imprecisão, ou incerteza.
Para quase todos os cálculos, os valores podem ser representados com três
algarismos significativos através da notação científica.
Os algarismos significativos de um número são os dígitos diferentes de
zero, contados a partir da esquerda até o último dígito diferente de zero à direi-
ta, caso não haja vírgula decimal, ou até o último dígito (zero ou não) caso haja
uma vírgula decimal.
EXEMPLOS
• 3467 - 4 algarismos significativos
• 346897 - 6 algarismos significativos
• 10001 - 5 algarismos significativos
• 1001,01 - 6 algarismos significativos
• 1001,000 - 7 algarismos significativos
• 0,002567 - 4 algarismos significativos
52 • capítulo 2
2.3.2 Conversões
Unidade
Múltiplos Submúltiplos
Fundamental
tonelada kilograma grama miligrama micrograma nanograma
t kg g mg µg ng
106 103 100 10-3 10-6 10-9
1.000.000 g 1.000 g 1g 0,001 g 0,000001 g 0,000000001 g
Unidade
Múltiplos Submúltiplos
Fundamental
quilômetro hectômetro decâmetro metro decímetro centímetro milímetro
km hm dam m dm cm mm
1.000 m 100 m 10 m 1m 0,1 m 0,01 m 0,001 m
capítulo 2 • 53
Desta forma, se for preciso converter:
1 kg = 1.000 g = 103 g
1 g = 0,001 kg = 10-3 kg
1 ton = 1.000 kg = 103 kg
1 mg = 0,000001 kg = 10-6 kg
As unidades de tempo são medidas um pouco diferente, pois não são múlti-
plas apenas de 10. Temos o minuto, a hora, o dia e o ano. Entretanto, podemos
também expressar uma medida como milésimos de horas, nanossegundos etc.
As conversões mais usuais estão descritas na tabela 2.3:
Unidade
Múltiplos Submúltiplos
Fundamental
Ano dia hora minutos segundos milisegundos nanosegundos
Ano d h min s ms µg
365x24x60x60 24x3600 60x60 s 60 s 1 10-3 10-6
31536000 s 86400 s 3600 s 60 s 1 0,001 s 0,000001 s
54 • capítulo 2
2.4 Notação científica
Nas áreas científicas, e em particular na Física, é muito frequente encontrar-
mos grandezas expressas tanto por números muito grandes ou muito peque-
nos. Nestes casos, é muito conveniente expressarmos esses números de uma
forma compacta e que dê uma ideia clara de sua magnitude. É justamente isso
que nos permite fazer a chamada notação científica.
A ideia básica desta notação é bem simples: utilizar potências de 10, ao in-
vés de escrever todos os números decimais do número original. Nesta notação
o que se faz é expressar o número de interesse em duas partes, que são chama-
das de mantissa e a potência de 10 ou expoente. O valor absoluto (módulo) da
mantissa deve ser maior do que 1 e menor do que 10, e o expoente fornece a
potência de 10 correspondente.
Vejamos alguns exemplos: o número de Avogadro, por ser um valor bastante
grande, é normalmente expresso em notação científica como NA= 6,02 ·1023, as-
sim como os valores usados pelos astrônomos em suas pesquisas. Outro exem-
plo ilustrativo é o da carga do elétron, que é um valor bem pequeno, dado por
qe= 1,60217646 ·10–19 coulombs. Os valores relativos às partículas elementares
também são exemplos de números pequenos usados por pesquisadores em
Física.
EXEMPLOS
• 524.000.000 = 5,24 x 108
• 0,0000032 = 3,20x 10-6
• 7.200 = 7,20 x 103
• 7.210 = 7,21 x 103
• 98.750 = 9,88 x 104
• 720.609 = 7,21 x 105
• 0,082 = 8,20 x 10-2
• 0,0008800 = 8,80 x 10-4
Uma das grandes vantagens desta notação que dá uma ideia imediata e cla-
ra de quais são os algarismos significativos de uma dada medida, assim como
a ordem de grandeza.
capítulo 2 • 55
CONEXÃO
Assista aos vídeos para aprender mais sobre Notação Científica:
https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/exponents-radicals/scientific-notation/v/
scientific-notation
https://pt.khanacademy.org/math/pre-algebra/exponents-radicals/scientific-notation/v/
scientific-notation-examples
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física. 8ª ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2008. v.1.
Young, H. D. e Freedman, R. A. Física II - Termodinâmica e Ondas, 10ª edição, Pearson Education,
2002 Ca
56 • capítulo 2
3
Mecânica
3.1 Movimento dos Corpos
Tudo ao nosso redor se move. Não há nada na natureza em repouso. Para enten-
dermos este frenético mundo em movimento, é preciso saber como descrever o
movimento. Mais do que descrever o movimento, temos que aprender a carac-
terizá-lo. Alguns corpos se movem mais rápido que outros, bem como corpos
em repouso podem começar a se mover.
58 • capítulo 3
5. A direção = um eixo (uma reta que liga a origem a posição do corpo).
Podemos adotar um eixo que passe em cima da estrada.
6. O sentido positivo do eixo = o sentido dos números crescente na escala
de medidas. Podemos escolher o sentido do movimento como positivo.
3.1.3 Movimento
capítulo 3 • 59
3.1.4 Velocidade
capítulo 3 • 61
Os ponteiros de um relógio se movimentam com velocidade constante, caso
contrario, seria impossível medir a hora correta.
Quando a velocidade não é constante, o movimento é chamado de variado.
Caso a variação da velocidade seja uniforme ao longo de todo tempo, define-se
o chamado movimento uniformemente variado.
Δt Δt Δt
Figura 3.4 – Variação da posição para um mesmo intervalo de tempo de uma pessoa em
movimento. Fonte: https://kleberandrade.files.wordpress.com/2010/04/ma.png
3.1.5 Aceleração
62 • capítulo 3
∆v
a=
∆t
Os diversos movimentos podem ser representados na forma de gráficos,
permitindo que se perceba rapidamente como a posição, a velocidade, ou mes-
mo a aceleração variam com o tempo. As regras para montar um gráfico são
simples. Basta determinar, para cada valor de tempo, o valor da posição, da ve-
locidade e da aceleração para montarmos os conjuntos dos pontos como coor-
denadas abscissa e ordenada de um gráfico.
Os gráficos apresentados na figura 3.7 são relativos a um movimento unifor-
me, ou seja, a velocidade é constante.
s v a
s = s0 + v · t
v = cte. > 0
s0
a=0
t t t
Figura 3.7 – Gráficos de movimento uniforme. a) Gráfico da posição versus o tempo, repre-
sentado por uma reta. b) Gráfico da velocidade versus o tempo, representado por uma reta
paralela ou eixo do tempo, demostrando que a velocidade tem valor fixo. c) Gráfico da ace-
leração versus tempo, mostrando aceleração igual a zero, para qualquer t. (Retirado do site
http://www.brasilescola.com/fisica/graficos-movimento-uniforme-mu.htm)
EXEMPLOS
Alguns exemplos do uso dos Estudos dos Movimentos
Se observarmos o movimento do trânsito dia após dia, perceberemos o quanto é impor-
tante sua análise para evitar os terríveis engarrafamentos e também, torná-lo mais seguro.
Com relação aos engarrafamentos, pode-se controlar a velocidade permitida das vias e com
isso criar as famosas ondas verdes que facilitam o escoamento dos veículos. Quanto à ques-
tão da segurança, é possível estipular uma velocidade segura para cada via, dependendo da
64 • capítulo 3
intensidade de veículos e de sua periculosidade. Quem realiza esse trabalho é o Engenheiro
de Tráfego.
Os freios ABS, obrigatórios pelo Contran desde 2014, é considerado um item de segu-
rança dos veículos diminuindo sua derrapagem em caso de frenagem de emergência evi-
tando o travamento das rodas e, com isso, aumentando sua estabilidade e melhorando o
controle da direção. Seu funcionamento é explicado através do texto a seguir:
O ABS (Anti-lock Braking System) é um sistema de frenagem que evita que a roda blo-
queie e entre em derrapagem quando o pedal do freio é pisado fortemente, evitando a perda
de controle do veículo.
Esse sistema é composto por sensores que monitoram a rotação de cada roda e a com-
para com a velocidade do veículo. Esses sensores medem a rotação e passam essas infor-
mações para a unidade de controle do ABS. Se essa unidade detectar que alguma das rodas
está na eminência de travar, haverá a intervenção da central em milésimos de segundo,
modulando a pressão de frenagem, garantindo assim que a roda não trave e proporcionando
uma frenagem mais segura.
Quais as diferenças em relação à frenagem sem ABS?
Durante o uso normal do freio (fora da iminência de travamento das rodas), o condutor
não irá perceber nenhuma diferença na utilização do freio. Contudo, quando o ABS estiver
em funcionamento em condições de frenagem de emergência, em que as rodas estão no
limite de travarem, ocorrerá uma forte vibração e ruído no pedal de freio. “Esta vibração é pro-
vocada pelo fluido no contrafluxo do sistema, causado pela bomba de recalque empurrando
o fluido no sentido contrário, buscando a equalização da pressão hidráulica dos freios, a fim
de evitar o travamento das rodas”, explica o engenheiro mecânico André Brezolin
Este efeito é absolutamente normal e o condutor não deve, em hipótese alguma, aliviar a
pressão ou a força sobre o pedal de freio para não causar a ineficiência do sistema de ABS
e, consequentemente, o aumento da distância de frenagem.
Em caso de emergência, o motorista deve pressionar o pedal de freio e manter a pressão
sobre ele com força máxima, pois o ABS não deixará as rodas travarem. (http://www.noticia-
sautomotivas.com.br/entenda-como-funciona-o-sistema-de-freios-abs/).
capítulo 3 • 65
Grandezas, fórmulas e unidades
Outras Unidades:
Posição: x, y, z... pés, polegadas e milhas
SI: m (metro)
Saiba mais
66 • capítulo 3
Caracterizar os movimentos através das equações horárias e das equações
que descrevem os movimentos não explica suas causas. Quando não entende-
mos suas causas, não podemos entender de fato como o sistema chegou a uma
determinada situação de estado de movimento e nem podemos saber seu fu-
turo. Quando um corpo está em movimento com relação a um referencial, é
porque, algum esforço causou o movimento.
3.2.1 Forças
-
Figura 3.8 – Lançamento de uma flecha (Fonte – http://direitasja.com.br/2012/08/23/a-
conquista-do-brasil-parte-v/)
O que faz a Lua girar ao redor da Terra? Qual a razão de sermos arremessa-
dos ao para-brisa do carro quando se faz uma freada brusca? Ou porque que
o cavaleiro continua seu movimento quando o cavalo resolve parar repentina-
mente? Essas situações não poderiam ser diferentes?
capítulo 3 • 67
No século XVII, o físico e matemático Isaac Newton, conseguiu correlacio-
nar tudo que se movia e criar novos conceitos capazes de explicar os movimen-
tos de uma forma coerente.
Para entender as ideias de Newton, vamos definir alguns conceitos, para ca-
racterizar as grandezas que descrevem o movimento: massa, força e aceleração.
EXEMPLO
Onde tem mais massa, num saco cheio de ar ou de água?
A resposta é óbvia. Mas a questão é sobre como medimos a massa. Há diversas formas
de medir, a mais comum é utilizar uma balança em repouso. A tirinha da Mafalda, personagem
de Quino, mostra exatamente essa forma de medição da massa de um corpo (figura 3.10).
68 • capítulo 3
Pode-se associar o entendimento do significado da massa de um corpo à dificuldade de
movê-lo.
Resumindo:
Maior Massa → Maior Dificuldade de Movimento
Menor Massa → Menor Dificuldade de Movimento
As forças não são fáceis de definir, mas são mais fáceis de sentir. Todos
sentem algo quando tomam um empurrão. Aquele esforço do empurrão é ca-
racterizado por uma força.
Quando jogamos bola, o chute que faz a bola adquirir velocidade também é
caracterizado por uma força (figura 3.11).
A força que atua nos objetos sempre depende de um segundo agente para
fazê-la ocorrer. A maioria dos exemplos citados envolve força por contato.
capítulo 3 • 69
Observação:
Mas existem forças que atuam a distância, como as forças magnéticas, elé-
tricas e gravitacionais. A força que mantém a Lua presa na Terra, não age por
contato, mas a distância.
70 • capítulo 3
A força é uma grandeza física, capaz de agir sobre corpos seja em contato
ou a distância, e tem diversas naturezas. A força é uma forma de quantificar
a ação de um agente sobre um objeto, de corpo sobre outro corpo. A noção de
força existia mesmo antes de Newton, mas não se tinha notado o quanto ela
é necessária para nos ajudar a investigar as causas dos movimentos e de seus
vários estados.
72 • capítulo 3
Primeira Lei de Newton ou Princípio da Inércia
capítulo 3 • 73
De acordo com a Primeira Lei de Newton, classifica-se o estado de equilíbrio
em:
Equilíbrio Estático → Corpo em Repouso → Velocidade igual a zero 8
Fr
74 • capítulo 3
Terceira Lei de Newton ou Lei da Ação e Reação
3. Quando um agente atua sobre um corpo através de uma força, este úl-
timo reage de volta sobre o agente com uma força igual e oposta. Elas são ação
e reação.
Toda força precisa de um agente e quando ele age, ele sente de volta a re-
sistência agindo sobre ele. Quando empurramos uma caixa, parece que a caixa
não quer ir, pois ela age de volta sobre nós. A ação e reação agem em partes
diferentes, e é por isto que o esforço realizado gera resultado. Se eles agirem
no mesmo corpo, o resultado é nulo. Tente puxar seu próprio cabelo para cima
para ver se você levantará do chão? Claro que não, certo? A razão neste caso é
que a Ação e a Reação se fecham no mesmo corpo e o resultado é nulo. Peça ago-
ra ao seu amigo para puxar seu cabelo para cima, com certeza que você vai sair
do chão se ele puxar com bastante força. No entanto, ele sente que sua cabeça
está puxando ele para baixo.
Usando adequadamente estas leis, podemos resolver praticamente todos os
problemas de mecânica tradicional envolvendo movimento, tendência de mo-
vimento e variações dos movimentos.
capítulo 3 • 75
Grandezas e unidades:
Massa aceleração força
Símbolo: m símbolo: a símbolo: f
No si: kg (kilograma) no si: m/s
2
no si: [kg] · [m/s2] = N (newton)
Fórmulas:
Força resultante: FR = ma
Força peso: P = mg, onde g é a aceleração da gravidade.
Força de atrito: fat = µN, onde µ é chamado de coeficiente de atrito (dependente das
superfícies de contato) e N é a força normal.
Força elástica: FE = kx, onde k é a constante elástica (dependente do material da
mola/elástico) e x é o deslocamento da mola/elástico.
Figura 3.16 – As forças em vermelho são devido à aceleração das partículas do gás, ao
serem expelidas do tanque de combustível do foguete por causa das reações químicas. As
forças em verde são de reação às forças vermelhas.
76 • capítulo 3
Exemplo da Primeira Lei de Newton
Continuamos com o movimento do foguete
Quando o foguete entra no espaço os propulsores podem ser desligados,
nesse momento, ele passa a adquirir uma velocidade constante e permanece
com a mesma velocidade até que os propulsores sejam acionados novamente.
CONEXÃO
Link para o vídeo: Fernanda escorregando no gelo.
http://www.youtube.com/watch?v=90cqTghSoRk
capítulo 3 • 77
http://www.reinalab.com.br/media/catalog/product/u/2/u20032_02_dinamometro-de
-precisao-1-n.jpg
capítulo 3 • 79
3.3 Energia e Trabalho
Imagine um carro que translada na rua com certa velocidade. O fato de ele ter
uma velocidade, já lhe dá uma série de capacidades como subir uma ladeira,
derrubar um poste, colocar outros corpos em movimento, etc. Quanto mais
velocidade o carro tiver, maior será esta capacidade de fazer estas coisas, isto
mostra que a energia contida no corpo deve depender da velocidade (figura
3.17).
Da mesma forma, se um caminhão ou um carro tem a mesma velocidade, quem
terá maior capacidade de realizar tudo aquilo que discutimos acima? O caminhão,
certamente. Isto nos mostra que a quantificação desta energia contida nos corpos
em movimento, deve depender da massa e não apenas de sua velocidade.
Figura 3.17 – Caminhão e carro com a mesma velocidade batem em um poste. O caminhão
que tem mais massa causa mais estrago no poste do que o carro que tem menor massa.
(http://www.cefetsp.br/edu/okamura/quantidade_movimento_resumo_teorico.htm)
80 • capítulo 3
Com essas verificações podemos definir a Energia Cinética (K):
A energia cinética é a energia associada ao movimento dos corpos. Todo
corpo em movimento possui energia cinética.
1
K = mv 2 (Eq 1)
2
capítulo 3 • 81
Fundação indireta - estacas
Concreto
Armação Tubo de aço
cravado
Estaca tipo STRAUSS, previamente, é
Estaca tipo FRANKI, retirado à
ou broca, moldada
in loco Concreto moldada in loco medida que a
estaca vai
Solo resistente Solo resistente sendo
concretada
Assim, podemos deduzir que qualquer corpo que tem o potencial de pro-
duzir o movimento, possui uma energia. A essa energia chamamos de Energia
Potencial (U). A energia potencial gravitacional é gerada por um corpo que está
a uma distância da superfície do solo.
• U = mgh (Eq 2)
• Onde m é a sua massa, h é a altura que se encontra em relação ao solo e g
é a aceleração da gravidade.
• Unidades no SI:
• m é em kilograma (kg)
• g é em m/s2 (metro por segundo ao quadrado)
• U é em J (Joule)
82 • capítulo 3
Outro exemplo de Energia Potencial é a Energia Potencial Elástica. Ela é oriunda
da compressão e distensão de molas ou elásticos. Quando um corpo comprime ou
estende uma mola/elástico ele possui um potencial para o movimento.
k
m
A
Fel
m
B
1
UE = kx 2
2
capítulo 3 • 83
F
A B
d
Definimos trabalho (τ) mecânico com sendo o produto da força pela distância des-
locada. Matematicamente, temos:
τ=Fxd
Onde τ representa o Trabalho, F a força aplicada sobre o corpo e d a distância
percorrida pelo corpo.
Unidades no SI:
• F é em N (Newton)
• d é em m (m)
• τ é em J (Joule)
Para vencer uma força por maior distância, será necessário mais trabalho
do que para curtas distâncias. Que o trabalho seja dependente da distância e
do valor da força, nos parece natural. De uma forma mais geral, dizemos que
um objeto tem energia mecânica quando ele é capaz de realizar trabalho me-
cânico, isto é vencer ou exercer uma força concomitante com a existência de
deslocamento.
Podemos traçar uma relação entre o trabalho mecânico e a variação da ener-
gia de uma forma bastante simplificada, podemos dizer que se trata da trans-
formação de um estado físico.
Quando realizamos Trabalho sobre um corpo, estamos alterando o seu esta-
do físico, fazendo-o se movimentar.
Em relação à Energia, sabemos que a sua maior característica é a transfor-
mação, ou seja, a mudança de um estado físico.
A relação matemática para essas duas Grandezas Físicas é:
τ = ΔK ou ΔU
Impulso de uma força
Definimos o impulso de uma força F como sendo a grandeza cujo módulo
é o produto do módulo da força aplicada ao corpo pelo intervalo de tempo no
qual esta força é aplicada. A direção e o sentido do impulso serão os mesmos
da força F .
I = F ∙ ∆t
capítulo 3 • 85
Unidade de I = Newton∙segundo = N ∙ s
Duas forças com módulos diferentes podem produzir a mesma impulsão,
pois esta depende não somente da força aplicada mas, também do tempo no
qual esta força é aplicada.
EXEMPLO
Considere dois carrinhos, um azul e outro vermelho, inicialmente em repouso sobre uma
superfície horizontal plana, sem atrito.
No carrinho azul, aplicamos uma força de 15N durante 2,0 segundos.
No carrinho vermelho, aplicamos uma força de 3,0N.
Sabemos que o impulso é o mesmo nos dois carrinhos. Pede-se determinar o intervalo
de tempo no qual a força atuou no carrinho vermelho.
86 • capítulo 3
EXEMPLO
Sabe-se que uma força variável é aplicada a um corpo, conforme o gráfico abaixo. Determine
o impulso desta força no intervalo de tempo de 0s até 5,0 s.
F(N)
10,0
2,0
5,0 t(s)
Precisamos encontrar o valor da área sob o gráfico da reta. Observe que a figura em
questão é um trapézio retângulo, cuja área pode ser calculada pelo produto da base pela
altura.
B+b
I = ST = ⋅h
2
10 + 2
I= ⋅ 5 = 30 N.s
2
EXEMPLO
Um jogador de futebol chuta uma bola, aplicando nela uma força de 500 N, em 0,1 s. Qual a
intensidade do impulso da força exercida?
I = F ∙ ∆t
I = 500 N ∙ 0,1s = 50 N.s
Temos uma bicicleta e um caminhão, ambos com a mesma velocidade, o que é mais fácil
parar? Claro! A bicicleta, pois o caminhão tem mais massa.
No início da aula de hoje chegamos à conclusão de que para se conseguir a mesma
variação de velocidade precisamos considerar tanto a intensidade da força quanto o intervalo
de tempo.
Através do cálculo do impulso a partir da força aplicada e do intervalo de tempo, pode-
mos verificar o efeito da força aplicada ao corpo, e prever como o movimento ocorrerá.
capítulo 3 • 87
Este conceito é muito aplicado em Engenharia Mecânica para desenvolvimento de mo-
tores, carros e aviões.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Discovery na Escola Elementos da Física, Energia e Trabalho. http://www.youtube.com/
results?search_query=trabalho+e+energia+discovery&oq=trabalho+e+energia+discovery&gs_
l=youtube.3...6737.10810.0.11521.10.10.0.0.0.0.186.1635.0j10.10.0...0.0...1ac.1.NWez6TNERY0
Energia do sol, tecnologia do povo - mabcomunicacao. http://www.youtube.com/
watch?feature=endscreen&v=bPRbF8kB4YQ&NR=1. http://educacao.uol.com.br/fisica/ult1700u9.
jhtm
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física. 8ª ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2008 . v.1.
TREFIL, James; HAZEN, Robert M. Física Geral. 1ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. v.1.
TIPLER, Paul A. Física para cientistas e engenheiros. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, c2000. v.1
YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Sears e Zemansky. Física, I: mecânica. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2006. v.1
88 • capítulo 3
4
Fluidos
4.1 Hidrostática
4.1.1 Caracterização de Sólidos, Líquidos e Gases
Sólido:
O estado sólido é caracterizado por uma forte agregação molecular, ou seja,
a coesão entre as moléculas é consideravelmente forte, garantindo a forma e vo-
lume bem definidos. Um exemplo bastante conhecido da água no estado sólido
é o iceberg, que são enormes blocos de gelo encontrados nos oceanos.
Observação:
Os cristais de gelo ou de neve apresentam formatos geométricos belíssi-
mos. Cada formato depende da temperatura em que se encontram (figura 4.1).
Líquido
Nesse estado observamos que o volume é bem definido, mas a forma é va-
riável. Um suco, por exemplo, terá o formato do copo em que o colocarmos.
90 • capítulo 4
4.1.2 Fluidos
92 • capítulo 4
A seguir abordaremos os conceitos de densidade e pressão e a estática dos
fluidos discutida nos teoremas de Pascal e Arquimedes.
Conceito de densidade
Como os fluidos não possuem forma definida, ao invés da massa, o melhor
é sempre lidar com a chamada densidade, que representa a massa por unidade
de volume. Quando os fluidos têm densidade que não variam com a pressão de
forma considerável, são chamados de incompressíveis. A água é um exemplo
deste tipo de fluido. Por outro lado, quando a densidade pode variar dependen-
do da pressão, temos os fluidos compressíveis. O ar atmosférico é exemplo des-
te tipo de fluido.
A densidade (p), também conhecida como massa específica, é definida como
o quociente entre a massa (m) e o volume (V) de um corpo, resumidamente:
m
p= (Eq. 1)
v
Unidades no SI:
• Massa (m) – unidade kg
• Volume (V) – unidade m³
• Densidade (p) – unidade kg/m³
capítulo 4 • 93
Na tabela 4.1 são mostrados alguns valores de densidades de algumas subs-
tâncias conhecidas:
Você sabia que mesmo sendo de aço os navios não afundam. Isso acontece porque são
dotados de partes ocas, apresentando assim, densidade menor do que a água. É importan-
te lembrar que o aço maciço em grandes quantidades afunda rapidamente.
Observação:
Os icebergs flutuam nos oceanos, pois a densidade do gelo é menor que a
densidade da água do mar. Da mesma forma, os lagos no frio do inverno criam
gelo em sua superfície pois sua densidade é menor que a densidade da água.
Conceito de pressão
No caos do ar atmosférico, que é uma camada de gás envolvendo o planeta,
o próprio peso deste fluido faz uma força nas camadas inferiores, e esta força
por unidade de área chama-se pressão atmosférica. No nível do mar, esta pres-
são é da ordem de 105 N/m2, que é o valor chamado de atmosfera (igual a 1 atm).
94 • capítulo 4
Para definirmos a pressão, podemos considerar uma pequena superfície de
área A localizada em um ponto do fluido e a força normal exercida pelo fluido
em cada lado da superfície é F.
A partir dessas considerações, definimos a P pelo quociente entre a força F
e a área A:
∆F
p=
∆A
F
p= (Eq. 2)
A
Unidades de pressão:
No SI:
• 1 Pa (Pascal) = 1Pa= 1N/m²
• 1 atm (atmosfera)= 1,01325.105 Pa
Curiosidade!
Uma delicada bailarina de 48 kg, apoiada na ponta de um dos seus pés pode exercer
uma pressão sobre um piso no valor de 8.105Pa em uma área de 6.10-4m²!
EXEMPLO
Determinar o módulo da força que a atmosfera exerce sobre o alto da cabeça de uma pessoa
que tem uma área de aproximadamente 0,030m². Considere a pressão atmosférica igual a
1 atm.
Cálculo da força que a atmosfera exerce sobre a cabeça da pessoa,
F
P= ⇒ F = p ⋅ A , fazendo 1 atm = 1,013 · 105 Pa
A
capítulo 4 • 95
F1
F2
Sendo F1 = p1·A , F2 = p2 · A e m = ρ . A . (y1 – y2)
p2 · A = p1 · A + ρ · A · g · (y1 – y2) , dividindo a expressão por A temos
p2 = p1 + ρ · g · (y1 – y2) (Eq. 3)
De acordo com a expressão obtida, é possível concluir que a pressão aumen-
ta linearmente com a profundidade do liquido incompressível. Essa função
pode ser utilizada para determinar a pressão não apenas no líquido, o seu uso
estende-se a cálculos relacionados a atmosfera.
Você sabia que para cada 10 m percorridos na vertical durante um mergulho, acrescen-
ta-se 1,0.105 Pa ou 1 atm no valor da pressão.
capítulo 4 • 97
F F
pe = e ps = s
A A
e s
F F A
∆P = e = s ⇒ Fs = Fe s (Eq. 4)
A A A
e s e
Observando a figura 4.8 constatamos que o peso do corpo fora do recipien-
te contendo água é maior, pois estando submerso a água exerce sobre o bloco
uma força dirigida verticalmente para cima, denominada empuxo (E); o senti-
do dessa força, o seu sentido e a direção do empuxo são definidos pelo princí-
pio de Arquimedes enunciado logo a seguir :
Em todo corpo que está total ou parcialmente submerso em um fluido, existe uma força
exercida pelo fluido que age sobre o corpo, chamada empuxo, essa força é dirigida para
cima e tem o módulo igual ao peso do volume do fluido deslocado pelo corpo.
onde:
• pa = peso aparente
• pr = peso real
• E = empuxo
• ρL = densidade do fluido
• VL = volume do fluido deslocado
EXEMPLO
A partir dos Princípios de Arquimedes, explique a razão dos balões de ar quente subirem.
Solução:
Os balões de hélio sobem porque o seu peso total é menor do que o módulo da força de
empuxo do ar externo onde eles estão imersos.
100 • capítulo 4
EXEMPLO
Com base na figura 4.8, considere o peso real do bloco maciço igual a 10 N e o peso marcado no
dinamômetro quando esse é imerso no fluido igual a 8N. Determine o empuxo e o volume do bloco.
Solução:
Utilizando a equação pa = pr – E calculamos o valor do empuxo (E) ,
8 = 10 – E ⇒ E = 2N
Com o valor do E = 2N, calculamos o valor do volume do bloco utilizando a definição de
empuxo dada por:
E = pL · VL · g, sendo pL = 1.000kg/m³
2 = 1000 · VL · 9,8 ⇒ VL = 2,04 · 10 – 4 m³
CONEXÃO
Exemplos do estudo dos Fluidos:
Freios Hidráulicos
Leia em: http://www.alunosonline.com.br/fisica/freio-hidraulico-principio-pascal.html
Amortecedor Hidráulica
Existem vários tipos de amortecedores hidráulicos, tais como os de portas
e os de carros. Todos eles têm o mesmo funcionamento: um fluido com muita
capítulo 4 • 101
resistência (viscosidade) é usado para transformar a energia cinética em energia
térmica e, com isso, vai diminuindo o movimento (da porta ou do balanço do
carro devido à buracos) até que pare através do esquentamento do fluido.
4.2 Hidrodinâmica
Outro exemplo é o sangue, que flui pelas veias e artérias, levando os nutrien-
tes para todos os órgãos. A capacidade dos líquidos e gases em fluir é essencial
para tudo vivo e não vivo de nosso planeta.
102 • capítulo 4
Vazão
Um dos fundamentos importantes do estudo dos fluidos diz que a massa
de um fluido não sofre alterações durante o seu escoamento, quando fazemos
o estudo do escoamento de um fluido, estudamos a equação de continuidade,
que envolve conceitos de vazão e velocidade de escoamento.
A vazão é uma grandeza física que permite saber o volume de um dado flui-
do que cruza uma determinada área por unidade de tempo e é dada como a
multiplicação da área pela velocidade do fluido (figura 4.10):
A1
v1 → → v2
A2
capítulo 4 • 103
Esta conservação torna possível fazer os fluidos escoarem mais rapidamen-
te ou mais lentamente, a fim de preservar a massa transportada. É por esta ra-
zão, que restringido a saída de uma mangueira de água, a água sai com maior
velocidade e chega mais longe quando queremos usar o jato de água (figura
4.11). Também, quando um rio é mais estreito, a água flui mais rapidamente.
Mas afinal, o que causa o escoamento? Ninguém nunca viu um rio escoar
morro acima, certo? Na verdade, os fluidos são como pequenas porções de mas-
sa se movimentando, e desta forma, obedecem às leis da mecânica. A única di-
ferença é que sendo fluido, o conceito de força é substituído pelo de pressão e a
massa é mais convenientemente expressa pela densidade.
Viscosidade
Para que ocorra o escoamento entre dois pontos de um fluido, é necessário
que haja uma pressão causando este movimento. Se o fluido esta contido num
tubo, e há atrito com as paredes (normalmente falamos em viscosidade), pode
ocorrer que a pressão é compensada por esta força de resistência. É importante
diferenciar viscosidade de densidade. A viscosidade está relacionada à veloci-
dade de escoamento, enquanto a densidade está relacionada ao peso.
Um exemplo aplicado é a comparação entre o óleo e a água. Quando mistu-
ramos os dois, o óleo fica em cima da água, indicando que ele é mais leve, ou
menos denso. Entretanto, o óleo tem mais dificuldade de escoar do que a água,
portanto tem viscosidade maior (figura 4.12).
104 • capítulo 4
Figura 4.12 – Óleo e água em um mesmo recipiente. Fonte: http://cdn1.glgcdn.com/tim/
w646/h400/z3/cassimsefaz_com_br/shttp%253A%252F%252Fgloballeadsgroup.demand.
production.s3.amazonaws.com%252F00000139-8284-9854-6ac7-6ccac143fa99.jpg
Em todo lar podemos observar que as caixas d'água são colocadas na altura
dos telhados e a água escoa pelas tubulações até chegar às torneiras e chuvei-
ros. Quando observamos o escoamento dependente da altura, verificamos que
a energia potencial se converte em escoamento do fluido. Esta situação pode ser
comprovada se fizermos um furo lateral numa lata que esteja cheia de água. A
água sairá pelo furo com velocidade maior quanto mais embaixo estiver o furo (fi-
gura 4.13). Toda esta situação pode ser devidamente equacionada com as leis da
mecânica, e obtemos as leis básicas dos movimentos do fluidos como Torricelli .
Figura 4.13 – Caixa d’água com furos em alturas diferentes. Fonte: https://upload.wikimedia.
org/wikipedia/commons/thumb/5/5b/TorricelliLaw.svg/400px-TorricelliLaw.svg.png
capítulo 4 • 105
Através do teorema de Torricelli é possível calcular a velocidade de saída de
um líquido quando conhecida a altura do recipiente em que ele é confinado:
v2 = 2gh (Eq. 4)
Um tipo de fluido de extremo interesse é o gasoso. Os gases são fluidos que não
possuem forma, nem volume definido, ou seja, a forma e o volume dos gases
dependem diretamente do recipiente que ocupam. As moléculas dos gases, di-
ferente dos sólidos, estão muito mais separadas umas das outras.
Existem três leis importantes que contribuíram para determinar as proprie-
dades e comportamento dos gases:
CONEXÃO
Observe a Lei de Boyle através da animação em:
http://imagem.casadasciencias.org/online/37798608/conteudo/Representacao%20
Grafica%20Isotermica%20Lei%20Boyle%20Marriote.html
CONEXÃO
Lei de Gay-Lussac (transformação isobárica = pressão constante)
Observe a Lei de Gay-Lussac através da animação em:
http://imagem.casadasciencias.org/online/37751115/37751115.php
106 • capítulo 4
CONEXÃO
Lei de Charles (transformação isométrica = volume constante).
Observe a Lei de Charles através da animação em:
http://imagem.casadasciencias.org/online/37798608/conteudo/Representacao%20
grafica%20isocorica%20lei%20Charles.html
Onde,
• P: pressão
• V: volume
• n: número de mols
• R: constante universal dos gases perfeitos: 8,31 J/mol.K
• T: Temperatura
Enquanto a pressão está associada com a força que as partículas do fluido são
capazes de exercer nas paredes do recipiente que o contém; a temperatura, a ní-
vel microscópio, está associada com a energia cinética contida em cada partícu-
la do gás. Ao medirmos a temperatura de um fluido gasoso, estamos na verdade
medindo a energia cinética contida em suas partículas.
capítulo 4 • 107
Para um gás ideal, a única forma de armazenar energia é pelo seu movimen-
to. Quando o gás está mais frio ou mais quente, na verdade estamos verificando
o movimento de suas moléculas ou átomos que é mais ou menos rápido, res-
pectivamente. Por intermédio da interação dos átomos, é gerado o movimento
dos seus constituintes. Aqueles que ganharam energia podem, através das co-
lisões, transferir energia para os demais que estejam com menor movimento.
Este é o fenômeno básico em que ocorre o processo de transferência de energia,
que agora chamamos de calor.
A transferência de calor depende da capacidade dos constituintes atômicos
de um gás, por exemplo, em transferir energia entre si e para as paredes do re-
cipiente no qual ele está contido (figura 4.14). A transferência de energia nos
fluidos ou mesmo nos sólidos é a essência da dinâmica do planeta.
Corpo Corpo
Quente
Corpo Frio
Corpo
Quente Frio
Extremidade Extremidade
Quente
Extremidade Fria
Extremidade
Quente Fria
Calor
Calor
Corpo Corpo
Morno
Corpo Morno
Corpo
Morno Morno
Figura 4.14 – Transferência de calor entre dois corpos até atingirem o equilíbrio térmico. Fon-
te: http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.aspx?ID_OBJETO=58321&tipo=ob&-
cp=780031&cb=&n1=&n2=M%EF%BF%BDdulos%20Did%EF%BF%BDticos&n3=En-
sino%20M%EF%BF%BDdio&n4=F%EF%BF%BDsica&b=s
108 • capítulo 4
A capacidade de ceder ou absorver calor que um determinado corpo tem, em
razão da variação de temperatura sofrida por ele, é definida como Capacidade
Térmica ou Capacidade Calorífera. Corpos que possuem baixa capacidade tér-
mica são corpos que demoram mais para serem aquecidos e quando submeti-
dos a alta temperatura demoram a resfriar-se.
Você já percebeu que perto do meio-dia, na beira da praia, podemos obser-
var que a areia está a uma temperatura mais alta que a água do mar? Isto se
deve a alta capacidade térmica da água. A água tem uma capacidade térmica es-
pecífica de aproximadamente é 4.184 J/(g oC) ou 4184 J/(kg oC). A água também
é responsável pelas brisas terrestres, marítimas e pelas condições climáticas.
A condutividade térmica é a capacidade dos materiais de conduzir calor.
Materiais com alta condutividade térmica transferem calor de forma mais rá-
pida que os materiais com baixa condutividade térmica. Logo, os isolantes tér-
micos têm baixa condutividade. O ar é um exemplo de material com baixa con-
dutividade térmica. Em lugares de clima muito frio, as janelas de vidro têm três
camadas, duas camadas de vidro com ar no meio, para isolar o calor interno do
externo, minimizando a troca de calor.
Aplicação na Engenharia
O estudo dos fluidos é muito utilizado nas engenharias. O engenheiro civil
cuida da parte das tubulações e utiliza o estudo do escoamento para projetar
as tubulações de casas e apartamentos, como também, das águas e esgotos de
uma cidade.
Para os engenheiros ambientais, o estudo dos fluidos traz informações im-
portantes para o tratamento de esgotos e para projetos de saneamento básico.
Também estão nas atribuições dos engenheiros os projetos de usinas hi-
drelétricas e a escolha de sua melhor localização.
Termômetro a gás:
Escala
Capilar
h R
Sistema
Bulbo com gás Tubo
flexível
capítulo 4 • 109
O termômetro a gás utiliza um gás como fluido termométrico ao invés de
um líquido (no caso mais comum temos o mercúrio como líquido nos termô-
metros). Ele é constituído de uma massa fixa de gás a volume constante, usan-
do os conceitos da Lei de Gay-Lussac para gases. Seu funcionamento ocorre a
partir da medição da pressão, pois uma vez que estamos com o volume constan-
te, podemos aferir a temperatura usando a Equação de Clapeyron para gases
ideais.
110 • capítulo 4
5
Calor
5.1 Temperatura e Calor
Qual a diferença entre calor e temperatura? No cotidiano das indústrias e de
alguns profissionais, a temperatura e a dilatação dos materiais são importantes
em muitas tomadas de decisões.
Muitas vezes ouvimos algumas confusões com relação ao conceito de calor
e de temperatura, convém definirmos adequadamente cada uma dessas gran-
dezas ao iniciarmos nosso estudo. As definições resumidas de calor e tempera-
tura são:
Figura 5.1 – Tartaruga nadando em uma região próxima ao Havaí, trocando calor com o meio
e experimentando diferentes sensações com relação à temperatura. Fonte – Amostra de
imagens – Microsoft word
112 • capítulo 5
Certamente, neste momento, você deve estar se questionando sobre qual a me-
lhor forma de avaliar fisicamente o que é quente e o que é frio.
Figura 5.2 – Deserto - mesas do vale Monument, Utah. Fonte – Amostra de imagens – Mi-
crosoft word
Figura 5.3 - Cascata ladeada de flores. Fonte – Amostra de imagens – Microsoft word
capítulo 5 • 113
Resumidamente, a temperatura pode ser associada à energia cinética das moléculas,
sendo uma grandeza que caracteriza o estado térmico de um sistema.
Medindo a temperatura
A medida da temperatura deve ser verificada através de um processo indire-
to, que exige um instrumento de medida com padrão definido. Para verificar a
temperatura é necessária a utilização de um instrumento que sofra alterações
mensuráveis em algumas de suas propriedades físicas quando o equilíbrio
térmico for atingido. O instrumento utilizado para medir a temperatura é o
termômetro.
De maneira geral, as pessoas conhecem o termômetro clínico, que é capaz
de medir valores entre 35 °C e 42 °C visto que objetiva medir a temperatura do
corpo e desconhecem os demais modelos existentes.
Existem outros modelos desse equipamento como, por exemplo: o termô-
metro de lâmina bimetálica que funciona pela dilatação da lâmina e é utilizado
no interior de fornos. O pirômetro óptico, que mede altas temperaturas utili-
zando a intensidade das radiações emitidas pelo objeto aquecido; e o termô-
metro de gás , que mede baixas temperaturas sendo largamente utilizados na
indústria.
114 • capítulo 5
A partir das escalas termométricas é possível chegar à expressão matemática:
5
Tc = .( T F −32) (Eq. 2)
9
EXEMPLO 2
Leo sentiu-se mal durante o dia e ao verificar a temperatura do seu corpo, o termômetro
marcou a temperatura igual a 102°F. Determine o valor dessa temperatura em graus Celsius.
Solução :
Para o cálculo da temperatura em °C, devemos aplicar a equação 2:
5
Tc = ⋅ (102 − 32) ≈ 38,89o C
9
Leo sentiu-se mal porque sua temperatura de 38,89°C indica estado febril.
116 • capítulo 5
Figura 5.5 – Trilhos deformados pela expansão térmica – Asburyv Park, New Jersey. Fonte –
Halliday, Resnick e Walker, pag. 175 , v.2 – 4ª Ed.- LTC.
Figura 5.6 – Detalhe de uma das gigantescas rachaduras em Marte, provocadas pelo pro-
cesso de dessecamento. Em seu interior pequenas rachaduras causadas devido à contração
térmica. Fonte – Nasa/JPL/Caltech/Google.
capítulo 5 • 117
A dilatação e a contração térmica ocorrem nas três dimensões do objeto em-
bora seja comum analisarmos os efeitos das variações da temperatura separa-
damente, ou a análise pode ser da dilatação linear (uma dimensão), superficial
(duas dimensões) e volumétrica (três dimensões).
Quando um Concorde voava mais depressa do que a velocidade do som, a dilatação tér-
mica produzida pelo atrito com o ar aumentava o comprimento da aeronave em 12,5 cm
porque a temperatura aumentava de 128 °C no nariz e 90 °C na cauda.
Fonte : Hugh Thomas/BWP Medial Getty Images News and Sport Services.
5.3 Calorimetria
É do conhecimento de todos que as diversas substâncias conhecidas podem
apresentar-se em diferentes estados: sólido, líquido e gasoso. O que diferencia
os estados é a forma de agregação molecular de cada um deles. O estado de
agregação da matéria depende das condições de temperatura e da pressão a
que está submetida. Como exemplo, podemos citar a água, pois sabemos que
essa substância apresenta-se em diferentes fases da matéria. Nos próximos
itens, explicaremos detalhadamente as fases da água.
CONEXÃO
Para saber mais sobre a água acesse o link abaixo: http://revistafisica.blogspot.
com/2011_02_01_archive.html
118 • capítulo 5
Essa fórmula é conhecida como a equação fundamental da calorimetria.
No SI a unidade de calor é dada em J (Joule)
Sendo :
• Q – quantidade de calor
• m – massa
• c – calor específico
• Δθ – variação da temperatura
Calor específico (c) é a quantidade de calor que um grama de substância deve receber
ou ceder para que nela aconteça a variação de um grau de temperatura.
Os peixes não são congelados no fundo dos oceanos porque a água possui um com-
portamento diferenciado com relação à sua solidificação. Todos já ouvimos falar que uma
garrafa completamente cheia de água, se for colocada no refrigerador, pode estourar de-
vido ao congelamento da água. Isso ocorre porque quando resfriamos a água a 4 °C, seu
volume diminui normalmente, como acontece com os demais líquidos porém, se o resfria-
mento continuar, de 4 °C até °C, seu volume aumenta em vez de diminuir!
120 • capítulo 5
Equilíbrio térmico
∑ Qcedido = ∑ Qrecebido
Qcedido + Qrecebido = 0
capítulo 5 • 121
Condução
A condução de calor ocorre de forma simples, imagine dois corpos manti-
dos em temperaturas fixas T1 e T2, de forma que a temperatura T2, seja maior
que T1. O calor fluirá através corpo mais quente para o ponto mais frio.
A energia se propaga através de choques entre moléculas mais velozes e
mais lentas, sem que haja deslocamento de matéria. A condução ocorre de par-
tícula para partícula. Seguindo esse raciocínio, concluímos que corpos mais
densos, constituídos por uma quantidade maior de partículas, principalmente
partículas livres são bons condutores de calor. Nessa linha de pensamento, po-
demos concluir que materiais com baixa densidade como os gases e líquidos,
são maus condutores de calor.
Para determinar o fluxo de calor (φ) que passa através da seção de uma bar-
ra, durante um determinado intervalo de tempo (∆t), é necessário fazer:
∆Q
φ=
∆t
Fonte:http://sobrefisica.files.wor-
Fonte: http://farm5.staticflickr.
dpress.com/2011/05/gab-2.pn-
com/4004/4585460366_5c072303c7_z.jpg
g?w=150&h=122
122 • capítulo 5
- O calor é conduzido do chá para a xícara de
- As populares chapinhas transferem calor para os
porcelana.
cabelos através da condução.
Fonte: http://entrenessa.com.br/wp-content/uplo-
Fonte: http://2.bp.blogspot.com14/03/2012,
ads/2009/11/juba-chapinha.jpg
15:14h
Curiosidade!
O pássaro eriça suas penas para que o ar seja mantido entre elas, evitando dessa for-
ma, que ocorra a transferência de calor do seu corpo para o meio ambiente.
Convecção
É característica dos fluidos, a energia é transportada através do desloca-
mento de matéria. As correntes de convecção se formam em virtude da diferen-
ça entre as densidades das partes mais quentes e mais frias dos líquidos.
Em nosso cotidiano, nos deparamos com vários exemplos de convecção. A
formação dos ventos, por exemplo, ocorre devido às variações das diferenças
de densidade do ar, esse fenômeno da natureza é um exemplo de correntes de
convecção que ocorrem na atmosfera. O ar tende a deslocar-se das áreas com
pressão mais alta para aquelas em que a pressão é mais baixa.
Levando-se em conta o processo da convecção é importante notar que a lo-
calização adequada de aquecedores e de aparelhos de ar condicionado pode
favorecer a circulação de correntes de ar quente ou frio. Os aparelhos que aque-
cem devem ser posicionado na parte mais baixa, porque o ar quente é menos
denso e tende a subir, ao contrário dos aparelhos que resfriam o ar, esses de-
vem ser posicionados na parte superior , porque o ar frio é mais denso e tende
a descer.
capítulo 5 • 123
Na figura 5.9, temos o processo de resfriamento que ocorre nos
refrigeradores.
124 • capítulo 5
Fonte: http://a1.twimg.com/profile_images/510475475/praia_dos_carneiros_bigger.jpg
Radiação
O calor passa de um corpo quente a outro corpo distante e mais frio, mesmo
que entre eles haja vácuo.
Os corpos quando aquecidos emitem radiações térmicas que ao serem ab-
sorvidos por outros corpos, provocam o aumento de temperatura. Um bom
exemplo dessa situação é o calor solar que recebemos, quando ficamos toman-
do sol, sentimos nosso corpo aquecido, o calor do Sol chega até nós através
do vácuo. Outra situação cotidiana, exemplo da radiação, ocorre quando nos
posicionamos próximos a uma lâmpada, sentimos a radiação desse objeto
em poucos segundos. As estufas onde são cultivados verduras e flores, utili-
zam vidro transparente à luz visível e parcialmente opaco às ondas de calor
(infravermelho).
capítulo 5 • 125
5.5 Leis da Termodinâmica
A busca por diferentes formas de energia sempre chamou a atenção do homem,
isso fez com que diferentes recursos fossem investigados como as energias
eólica, solar, das águas e de simples máquinas geradoras de energia fossem
pesquisadas.
O matemático e físico Heron, que viveu na Alexandria, Egito, foi o mentor
da primeira máquina a vapor, Em 120 A.C, que era composta por uma esfera
metálica, oca e de dimensão reduzida, montada sobre um suporte de cano pro-
veniente de uma caldeira de vapor.
A partir das idéias de Heron, muitos outros engenheiros e cientistas inves-
tigaram o princípio de funcionamento das máquinas a vapor. Foi o engenheiro
inglês Thomas Savery (1650-1715), que em 1698 inventou e patenteou a primei-
ra máquina a vapor prática, porém, os conceitos teóricos à respeito da energia e
sua correlação com o calor eram desconhecidos. Somente em 1712, um ferreiro
inglês chamado Thomas Newcomen (1663-1729), inventou outra máquina a va-
por. A busca pelo conhecimento e a curiosidade científica motivou engenheiros
e cientistas da época a buscarem uma fundamentação teórica sobre o funcio-
namento das máquinas criadas antes mesmo da compreensão teórica do seu
funcionamento.
James Prescott Joule (1818-1889), que demonstrou a existência da relação
existente entre a energia mecânica e o calor. Em sua homenagem, a unidade
oficial de energia no sistema internacional de unidades é Joule (J).
A invenção da máquina a vapor foi um grande marco para a compreensão
dos processos termodinâmicos. É importante salientar que as pesquisas de-
senvolvidas trouxeram um grande avanço na área termodinâmica, provocando
grande influência na economia e no avanço científico de diversas áreas do co-
nhecimento. Para entender o princípio de funcionamento da máquina a vapor,
podemos citar as locomotivas, que são compostas pelos elementos essenciais
de uma máquina térmica (figura 5.10)
126 • capítulo 5
Figura 5.10 - Maquina a vapor Fonte – http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/motor-a-
vapor/motor-a-vapor-4.php
“Se dois corpos estão em equilíbrio térmico com um terceiro, então eles estão em
equilíbrio térmico entre si.”
Essa lei permite também, definir uma escala de temperatura, como por
exemplo, as escalas de temperatura Celsius e Fahrenheit.
capítulo 5 • 127
sistema pode ser determinada pela diferença entre a quantidade de calor (Q) e
o trabalho (W).
Você sabia que quando enchemos pneus, aplicamos a Primeira Lei da Termodinâmica!
Reservatório quente
w
Máquina
Qf
Reservatório frio
Máquina térmica
128 • capítulo 5
O rendimento dessa máquina é dado pela expressão que segue, onde temos o quociente
do trabalho pelo calor –
W Q q −Q f
ε= =
Qq Qq
Qf
ε = 1−
Qq
θf
ε = 1−
θq
Deve-se observar que é impossível obter uma máquina com rendimento igual a 1, ou seja,
100%
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Young, H. D. e Freedman, R. A. Física II - Termodinâmica e Ondas, 10ª edição, Pearson Education,
2002.
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Yearl. Fundamentos de física. 4ª ed.- Rio de Janeiro:
LTC, 1996-2002.
SEARS, Francis Weston; ZEMANSKY, Mark W; YOUNG, Hugh D. Física. 2ª. ed. Rio de Janeiro: LTC,
1984-1999.
capítulo 5 • 129
130 • capítulo 5
6
Eletrostática
6.1 Carga Elétrica
O matemático e filósofo grego Tales de Mileto (640 a.C – 558 a.C) observou
que o atrito entre uma resina fóssil, o âmbar (figura 6.1) e a pele de um animal,
ou mesmo um tecido, fazia com que a resina atraísse pedaços de palha e até
mesmo pequenas penas de aves. Muitos anos após essas observações, William
Gilbert (1540-1603), médico inglês, aprofundou a pesquisa sobre o processo
físico causado pelo âmbar que deu origem ao livro De magnete que abordava
o a atração exercida por materiais eletrizados e por imãs. Em 1747, o político
e cientista norte-americano Benjamin Franklin (1706-1790) apresentou uma
aplicação prática da teoria eletrostática com a produção do para-raios.
132 • capítulo 6
e = 1,602.10-19C , onde C é a unidade Coulomb
Em dias secos, percebemos fagulhas quando caminhamos sobre carpetes, quando ti-
ramos ou colocamos roupas feitas com lã e muitas vezes sentimos nossos cabelos arrepia-
dos, esses são exemplos da ação das cargas elétricas que abordaremos posteriormente.
Fonte: salaodipace.zip.net/
A B
F F
+ –
A B A B
F F F F
+ + – –
Qa Qc Q’a Q’c
troca de
cargas
Qb Qd Q’b Q’d
capítulo 6 • 133
Essa equação é válida apenas para sistemas eletricamente isolados.
Condutores e isolantes
Os materiais podem ser classificados de acordo com a facilidade com a qual
as cargas se deslocam em seu interior. Podemos dividi-los em:
134 • capítulo 6
++ ++ + +
+ ++ + ++ +
+ A + B + A B + A ++ B +
+ ++ + + + +
++ ++ + +
- - -
-- - - - -- - - - -- - - - --
--- A -- B --- A B - A - --- B - -
-- - -- -
-- - - - -- -- - - - -- -- - - -
A B A B
Q Neutro Q Q’
A B A B
Q Q Q + Q’ Q + Q’
2 2 2 2
6.1.2 Lei de Coulomb
Saiba mais:
Q ⋅Q
F =k⋅ 1 2 Eq. 1
d2
Sendo:
• Q – cargas (unidade Coulomb, C)
• k – constante de proporcionalidade, depende do meio onde as partículas
estão imersas (N.m2 /C 2)
• d – distância entre as cargas Q1 e Q2 (unidade : metro, m)
• F – força de interação eletrostática (unidade: Newton, N)
136 • capítulo 6
A eletrização no dia-a-dia
Eletrização das nuvens: As gotículas de água que formam as nuvens cos-
tumam se eletrizar pelo atrito com as moléculas que constituem o ar e outras
partículas. Quando as nuvens se descarregam, surgem os raios e os trovões.
F
E=
q
capítulo 6 • 137
Sentido do campo elétrico em uma carga puntiforme
Para a análise do campo elétrico, considere uma carga central fixa, Q, pun-
tiforme, e outra carga, de prova, q, mergulhada no campo elétrico Q. Observe
o sentido da força e do campo elétrico nas situações mostradas na figura 6.5:
q F q
a) + E b) – E
Q Q F
d d
+ +
q q
c) E – d) – E
Q F Q F
d d
– –
Figura 6.5 – a) Cargas de mesmo sinal repelem-se, q > 0, E e F têm o mesmo sentido.
b) Cargas de sinais contrários atraem-se, q < 0, E e F têm sentido opostos. c) Cargas de
sinais contrários atraem-se, q > 0, E e F têm o mesmo sentido. d) Cargas de mesmo sinal
repelem-se, q < 0, E e F têm sentidos opostos.
+ –
Saiba mais:
A intensidade do vetor campo elétrico , criado por uma carga puntiforme
→
Q, não depende da carga de prova q, como apresenta a expressão: E = K ⋅ q
(Eq. 2) d2
138 • capítulo 6
Linhas de Campo elétrico
A cada ponto de um campo elétrico associa-se um vetor E. A representação
do campo elétrico pode ser feita a partir de alguns vetores ou a partir de linhas
de força, que são tangentes ao vetor campo elétrico, em cada um dos seus pon-
tos, sendo orientadas no sentido do vetor campo. A seguir, alguns exemplos de
linhas de campo para duas cargas.
Representação das Linhas Cargas de Campo
Quick Quick
q1 = -3 -2 -1 0 1 2 3 Medium q1 = -3 -2 -1 0 1 2 3 Medium
q2 = -3 -2 -1 0 1 3 3 Precise q2 = -3 -2 -1 0 1 3 3 Precise
Cargas Cargas
Quick Quick
q1 = -3 -2 -1 0 1 2 3 Medium q1 = -3 -2 -1 0 1 2 3 Medium
q2 = -3 -2 -1 0 1 3 3 Precise q2 = -3 -2 -1 0 1 3 3 Precise
Muitos dos conceitos estudados em Física Teórica I serão bastante úteis para a
compressão dos assuntos que abordaremos nesta aula, especialmente o estudo
capítulo 6 • 139
dos conceitos sobre energia potencial, conservação de energia e trabalho torna-
rão mais simples nossas discussões sobre energia potencial elétrica.
Considere um local livre de cargas elétricas, nele inserimos um condutor
eletrizado positivamente, por exemplo, com carga Q, nesse caso teremos na re-
gião do espaço que envolve esse corpo um campo elétrico gerado pelas cargas
nele existente. Podemos associar a esse sistema, uma energia potencial U:
DU = Uf – Ui (Eq. 1)
Ao movimentar-se
do ponto A até B, sendo a força conservativa, o trabalho realizado pela
força F é dado por:
WA → B = DU = Uf – Ui (Eq. 4)
CURIOSIDADE
Uma criança ao brincar com seus amiguinhos em um escorregador de plástico, pode adquirir
no final do seu trajeto um potencial de 60kV caso entre em contato com outra criança. Sen-
do o corpo humano um bom condutor de elétrons, poderá produzir uma centelha e ambos
poderão sofrer um choque elétrico!
Potencial Elétrico
Na figura 6.6 temos um condutor de carga Q, capaz de gerar um campo.
Temos ainda dois corpos de prova, um deles com carga positiva e o outro nega-
tiva posicionado à uma distância d do condutor. O corpo de prova positivo sofre
a ação da força F , é repelido e afasta-se do condutor, adquirindo assim, energia
potencial elétrica (U). O corpo de prova negativo é atraído.
+ + ++
q +
– Q + q
F +
++ + + +
q P F
–
E P q
E +
140 • capítulo 6
CURIOSIDADE
O potencial elétrico (V) no ponto P (figura 6.2), gerado pelo condutor de carga Q, é calculado
pela expressão:
U
V= (Eq. 5)
q
∆V = Vf − Vi
Uf Ui
∆V = −
q q
∆U
∆V = sendo ∆U = − W
q
W
∆V = − (Eq.6)
q
A diferença de potencial pode ser negativa, positiva ou nula, isso dependerá dos sinais e
dos valores absolutos das grandezas q (carga) e W (trabalho)
EXEMPLO
Exemplo do uso da Eletrostática:
capítulo 6 • 141
o efeito eletrostático – por isso o nome original dado a este processo, nos anos de 1930:
xerografia. A aplicação mais importante é a máquina Xerox: a imagem do documento a ser
copiado sensibiliza um tambor sensível à luz. Lá onde houve sensibilização, o tambor se torna
condutor e o campo elétrico atrai partículas de toner. Em seguida, a temperatura alta derrete
o toner, marcando, desta forma, o papel da cópia.
Fonte: http://www.klickeducacao.com.br/bcoresp/bcoresp_mostra/0,6674,POR-
968-5961-h,00.html
2. Depuradores de ar Eletrostáticos:
Os depuradores de ar eletrostáticos retêm as partículas de gordura oriundas do processo
de cozimento dos alimentos no filtro ionizador. Em seu processo de funcionamento ocorre
a liberação de uma descarga eletrostática que produz íons positivos e negativos a partir do
vapor de gordura contida no ar. Os íons se aglomeram em torno das partículas de gordura de
modo que elas desapareçam.
6.2 Eletrodinâmica
142 • capítulo 6
Saiba mais
Matematicamente, o fluxo é calculado pela expressão:
→ →
ϕ = E ⋅A Eq.1
Lei de Gauss
A Lei de Gauss, descoberta pelo matemático e físico Carl Friedrich Gauss
(1777-1855) é bastante útil para a solução de problemas físicos que possuem
simetria.
Superfície
+
gaussiana
Campo elétrico E
capítulo 6 • 143
A Lei de Gauss possui equivalência com a Lei de Coulomb, porém fornece
uma maneira diferente de expressar a relação existente entre a carga elétrica e
o campo elétrico. Estabelece que o fluxo elétrico total, através de uma superfí-
cie fechada, é proporcional a carga total envolvida pela superfície gaussiana.
Assim, podemos resumir essa lei na seguinte frase:
Lei de Gauss
O fluxo elétrico total através de uma superfície gaussiana é proporcional à
soma das cargas no interior desta superfície
144 • capítulo 6
Nenhum de nós é capaz de imaginar como seria viver sem a eletricidade!
Imagine casas e indústrias sem iluminação, sem energia para o funcionamen-
to de máquinas e equipamentos eletrônicos. Temos a geração de eletricidade
quando as cargas elétricas podem se mover através da matéria.
As cargas elétricas em movimento de uma região para outra constituem a
corrente elétrica, desde que exista um fluxo de líquido de cargas através da su-
perfície. Em alguns casos, verifica-se que existe no corpo um número de pró-
tons igual ao número de elétrons, sendo o campo elétrico nulo, as propriedades
elétricas não se manifestam (figura 6.8).
O cálculo da corrente elétrica é simples, tome como exemplo, um plano
qualquer por onde passa uma carga (Q) em um intervalo de tempo (∆t), nesse
caso a corrente (representada por i), é definida como :
I= Q/ ∆t (Eq.1)
6.2.3 Resistores
Figura 6.9 - O choque elétrico gerado por uma raia de tamanho médio é similar aos efeitos
danosos de um secador de cabelo caindo em uma banheira. Fonte – www.tudolevaapericia.
blogspot.com (Data do acesso – 30/01/.2012
capítulo 6 • 145
Sabemos que todos os corpos normalmente oferecem maior ou menor di-
ficuldade à passagem de corrente elétrica, essa característica do material, cha-
mamos de resistência elétrica.
Saiba mais:
Para medir a resistência entre dois pontos de um condutor, é necessário aplicar uma di-
ferença de potencial (V) entre esses pontos e medir a corrente elétrica (i). Resumidamente,
V
a resistência ® é dada= por: R = (Eq. 6)
i
No SI, a unidade da resistência é o volt (V) por ampère (A), que também é conhecida
como ohm (Ω):
1 ohm = 1Ω= 1 V/A
R
R
Figura 6.10 - O valor R da resistência é colocado acima do símbolo que representa grafica-
mente o resistor. Podem ser utilizadas as representações mostradas em (a) e (b). Quando o
condutor possui r resistência elétrica nula, sua representação é feita apenas por uma linha
reta (c).
Lei de Ohm
146 • capítulo 6
De modo geral, a resistência elétrica de um resistor depende, da natureza
do material que o constitui, de suas dimensões, da temperatura e da diferença
de potencial (ddp) estabelecida em seus terminais. Foi demonstrado por Ohm
(figura 6.11), que quando a temperatura do resistor é mantida constante, a cor-
rente (i) é diretamente proporcional à ddp aplicada nos terminais. Nessas con-
dições, temos a Lei de Ohm:
V = R · i (Eq.10)
Associação de resistores
Definimos de forma breve, a associação de resistores como união de vários
resistores eletricamente ligados entre si, podendo ser associados em série, pa-
ralelo ou de forma mista. Independentemente do tipo de associação, teremos
para cada tipo de associação, apenas um resistor equivalente.
A seguir, seguem as associações em série e em paralelo com as devidas
análises.
Associação em série
Nesse tipo de associação, todos os resistores são percorridos pela mesma
corrente e as ddps aplicadas em cada resistor são diferentes. É importante no-
tar que quando os resistores são iguais, as ddps são as mesmas.
R1 R2 R3
A B
i i
V = V1 + V2 + V3 + ... + Vn
V=R·i
Associação em paralelo
Nessa associação, todos os resistores devem estar sob a ação de mesma ddp,
sendo as intensidades das correntes diferentes desde que , os resistores asso-
ciados não sejam iguais.
capítulo 6 • 147
i1 R
1
i i2 R i
2
A B
i3 R
3
1 1 1 1 1
= + + + ... + (Eq. 12)
R e R1 R 2 R3 Rn
A força que faz uma corrente fluir de um potencial mais baixo para um mais
elevado é chamada força eletromotriz (fem). O dispositivo que fornece uma fem
é chamado de fonte de fem. Todo sistema que é percorrido por uma corrente
elétrica deve possuir um dispositivo que forneça uma fem.
Como exemplo, podemos citar um gerador que estabeleça uma força ele-
tromotriz e que produzia uma corrente de elétrons que circule pelo condutor.
Existem pilhas, bombas e diversos outros aparelhos capazes de produzir dife-
rentes forças eletromotrizes.
Quando a tensão em um condutor aumenta, haverá um aumento da força
eletromotriz exercida sobre os elétrons livres, isso fará com que um núme-
ro maior de elétrons entre em movimento, tornando a corrente elétrica mais
intensa.
Saiba mais
Para simbolizar a força eletromotriz, utilizaremos o símbolo e. Para o cálculo da fem,
temos:
e = VAB = i · R (Eq.13)
148 • capítulo 6
Potência (pot)
Muitos de nós quando resolvemos adquirir um eletrodoméstico como um
secador, máquina de lavar roupas, ferro elétrico e até mesmo um belo automó-
vel, questionamos o vendedor sobre o valor da potência do objeto.
Todos os eletrodomésticos citados anteriormente necessitam de energia
elétrica para funcionar. Imagine que quanto mais energia for transformada em
um intervalo de tempo menor, maior será o valor da potência obtida.
Saiba mais
A definição de potência é a quantidade de carga dq que atravessa o sistema em um
intervalo de tempo dt:
Pot = i · v (Eq.14)
Pot = R · i2 (Eq.15)
Unidade de potência no SI :
J C J
1V ⋅ A = 1 1 = 1 = 1W
C s s
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Halliday, David; Resnick, Robert; Walker, Jearl. Fundamentos de Física - Vol. 3 - Eletromagnetismo - 8a.
edição. LTC Editora - Young, H. D. e Freedman, R. A. Física III - Eletromagnetismo
12ª edição, Pearson Education, 2008
capítulo 6 • 149
150 • capítulo 6
7
Fundamentos do
Eletromagnetismo
7.1 Magnetismo
O magnetismo está presente no cotidiano de todos nós, muitas vezes já estive-
mos com um imã em nossas mãos e fizemos algumas brincadeiras. Na maio-
ria das residências, é comum observarmos imãs grudados como enfeites em
portas de refrigeradores. As observações sobre as propriedades magnéticas dos
materiais foram registradas por historiadores há mais de 2000 anos e até os
nossos dias fazem parte de nossas vidas, todos utilizamos a força magnética,
ela está presente nos fornos de micro-ondas, nos cinescópios de TV, nos alto
falantes e até mesmo nos computadores.
Uma das primeiras observações sobre o assunto, segundo a literatura, ocor-
reu na Ásia, em um distrito da Grécia antiga, denominado Magnésia. Foram
encontrados nessa região, alguns dos primeiros imãs que temos notícias.
Observou-se que esses minerais atraiam-se ou repeliam-se mutuamente, de
acordo com aposição que ocupavam entre si. Sabemos ainda que eram cons-
tituídos por um minério de ferro, hoje conhecido como magnetita, presente
em pequenas quantidades na maioria das rochas e também nos meteoritos.
Geralmente são empregados para a criação dos imãs artificiais: níquel, ferro e
cobalto.
152 • capítulo 7
• Imantação por influência ou indução: basta aproximar um material ferro-
magnético de um uma.
capítulo 7 • 153
entre os meses de março e abril e de setembro a outubro. No Polo Sul, é conhe-
cido como aurora astral. O nome "aurora boreal" foi criado por Galileu Galilei
em homenagem a deusa grega do amanhecer, Aurora, e ao seu filho, Bóreas, o
deus dos ventos do norte.
154 • capítulo 7
A outra forma de produção de um campo magnético ocorre a partir do movi-
mento de partículas eletricamente carregadas como, por exemplo, uma corren-
te elétrica em um fio. Nos computadores essa propriedade pode ser vista, pois o
disco rígido de um computador é controlado pelo campo magnético produzido
pela corrente.
Para a visualização de um campo magnético, podemos observar suas linhas
através de uma experiência muito simples: espalhamos limalha de ferro sobre
uma placa de vidro, que deve estar apoiada sobre um imã. Cada partícula da
limalha se comporta como uma pequena agulha magnética que se orienta na
direção das linhas de indução, dessa maneira, as limalhas adquirem, como um
todo, a configuração que caracteriza as linhas de indução no plano da placa de
vidro. Na figura 7.4, ilustramos alguns exemplos de campos magnéticos.
capítulo 7 • 155
que relaciona as variações na corrente com a tensão induzida nos terminais. A
indutância depende do número de espiras, da permeabilidade magnética do
núcleo e das dimensões físicas da bobina.
S i i i N
Figura 7.5 – Campo magnético no interior de uma bobina (ou solenoide). Fonte – http://
www.mundoeducacao.com.br/upload/conteudo/campo(3).jpg
As bobinas são classificadas com base numa série de variantes, tais como:
a corrente, a energia magnética máxima permitida, a possibilidade de variar
ou sintonizar o coeficiente de autoindução, a utilização dos mecanismos de
blindagem do fluxo magnético, o tipo de material que constitui o núcleo: ba-
sicamente o ar, o ferro maciço ou laminado, o pó de metal aglutinado com um
material isolador ou o ferrite, que são cristais mistos que apresentam simulta-
neamente alta permeabilidade magnética relativa e resistência elétrica.
Ao ligarmos as extremidades de uma bobina a uma bateria, estabelecemos
uma corrente em suas espiras, essa corrente cria um campo magnético no inte-
rior e no exterior da bobina ou solenoide. As linhas de indução do campo mag-
nético são facilmente “materializadas”, basta utilizarmos limalha de ferro, con-
forme descrito nesta aula. Ao fazermos essa experiência, verificamos para o imã
e para o solenoide, linhas de indução idênticas, as extremidades do solenoide
apresentam propriedades idênticas às dos polos dos imãs. Nesse caso, dizemos
que o solenoide se constitui em um eletroímã, ou seja, um imã obtido por meio
de uma corrente elétrica.
156 • capítulo 7
Regra da mão direita
Apresentaremos uma regra muito prática conhecida como regra da mão direita que
permite determinar o sentido das linhas de indução e, consequentemente, o sentido do
campo magnético.
A regra é:
- Orientando o polegar da mão direita ao longo da extensão do condutor, obedecendo
ao sentido da corrente, com os demais dedos envolvendo o condutor, o sentido das linhas
de indução será dado pelos dedos que envolvem o condutor.
CONEXÃO
Caso a regra ainda não tenha ficado clara, acesse o vídeo: http://www.youtube.com/
watch?v=hIlUAu2VNTU&feature=related
capítulo 7 • 157
linhas de indução através desse plano, dizemos então, que há um fluxo mag-
nético através da superfície. Imagine que essa superfície seja colocada em um
campo magnético mais intenso, o que acontecerá? A resposta é: as linhas de
indução estarão mais próximas umas das outras, concluímos que o fluxo mag-
nético através de uma superfície, é tanto maior, quanto maior for o número de
linhas de indução que estiverem presentes nessa superfície.
B
θ
n
Figura 7.7 – Fluxo magnético através de uma espira qualquer, com o campo magnético fa-
zendo um ângulo diferente de 90° com a normal (n).
158 • capítulo 7
A unidade do fluxo magnético é o weber (Wb), sendo 1Wb=1.T.m2.
Todos já devem ter observado que quando um imã é colocado próximo à lima-
lha de ferro, por exemplo, linhas de indução são formadas. Imagine que ao re-
dor de um imã existam diversas bússolas, as linhas que tangenciam as ponti-
nhas das agulhas das bússolas, são as chamadas linhas de indução do campo
magnético. Por convenção, são orientadas do polo norte para o polo sul, sen-
do assim, o vetor campo elétrico B tangencia essas linhas em cada um de seus
pontos.
N S
capítulo 7 • 159
A experiência de Oersted
CONEXÃO
O vídeo que segue, explicita a experiência clássica de Oersted, acesse, vale a pena conferir!
Acesse – http://www.youtube.com/watch?v=_y9sP9khil4
160 • capítulo 7
7.2 Eletromagmetismo
7.2.1 Aspectos Históricos do Eletromagnetismo
James Clerk Maxwell iniciou sua vida acadêmica muito jovem. Aos dezesseis
anos começou a estudar Filosofia Natural, Matemática e Lógica na Universida-
de de Edinburgh. Estudou, inclusive, no Trinity College, frequentado por Isaac
Newton (1642-1727).
capítulo 7 • 161
seus estudos sobre teoria cinética dos gases foram aprofundados e desenvolvi-
dos por Planck, Einstein, Boltzmann e outros grandes nomes da Ciência.
Uma das grandes contribuições deste ilustre cientista foram as equações
de Maxwell, as quais descrevem os fenômenos eletromagnéticos (elétricos
e magnéticos). Para dar uma ideia do alcance dos fenômenos regidos pelas
equações de Maxwell basta lembrarmos que a luz é um fenômeno de origem
eletromagnética
As equações de Maxwell descrevem o comportamento dos campos elétrico e
magnético, bem como suas interações com o material. Devido à complexidade
matemática, neste livro vamos apenas descrever os conceitos e aplicação das
leis de Maxwell, deixando as equações para outro momento.
Uma onda eletromagnética é uma combinação de um campo magnético
com um campo elétrico, sendo que o campo elétrico induz o campo magnético
e o mesmo ocorre com o campo magnético que induz o campo elétrico. É im-
portante lembrar que os campos elétrico e magnético oscilam em direções per-
pendiculares entre si e são perpendiculares à direção de propagação da onda.
Não podemos deixar de frisar também que a frequência (f) e o comprimento
(λ) das ondas eletromagnéticas variam de forma bastante razoável. Lembrando
que as ondas eletromagnéticas são as micro-ondas, ondas de rádio, raios γ,
raios-X, ultravioleta, infravermelho, etc. O que as diferencia é o comprimento
de onda.
Quando estamos na praia, por exemplo, nos bronzeando, estamos expostos
à onda eletromagnética proveniente do Sol, que chamamos de radiação solar. A
pele bronzeada que adquirirmos após o banho de Sol é o resultado da presença
da radiação solar.
Lembrete
A onda eletromagnética se propaga, no vácuo, com o valor da velocidade da luz cerca de
300.000 km/s.
162 • capítulo 7
As ondas eletromagnéticas propagam-se no vácuo com a velocidade da luz e
transportam energia e momento. Os vários tipos de ondas eletromagnéticas
podem ser encontrados em nosso cotidiano. APodemos citar como exemplos: a
luz solar, o forno de micro-ondas e as antenas.
Na figura 7.9, é mostrado o espectro eletromagnético da luz, em relação ao
comprimento de onda, a frequência e a temperatura de emissão dos corpos.
O ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO
Penetra a
atmosfera Sim Não Sim Não
terrestre?
Comprimento Rádio Micro Infra Visível Ultra Raios X Raios γ
de onda (m) ondas vermelho violeta
10 3
10–3
10 –5
0.5 · 10 –6
10–8 10–10 10–12
Aproximadamente
o tamanho de
Prédios Humanos Abelhas Alfinetes Protozoários Moléculas Átomos Núcleo Atômico
Frequência
(hz)
104 108 1012 1015 1016 1018 1020
Temperatura
dos corpos emitindo
dado comprimento
de onda (K)
1 102 104 107
capítulo 7 • 163
“Um dos efeitos mais conhecidos das radiações eletromagnéticas é o efeito térmico. Efe-
tivamente qualquer corpo exposto à luz aquece. Pode-se comparar o efeito térmico das
radiações visíveis fazendo-as incidir, uma a uma, sobre um termômetro. Se o termômetro
for colocado fora do espetro visível, mas na vizinhança das radiações infravermelhas e das
ultravioletas, verificamos que as radiações infravermelhas fazem subir ainda mais a tempe-
ratura do termômetro; apresentam um efeito térmico poderoso”. http://www.mundos-fan-
tasticos.com/ondas-electromagneticas/
Visível
164 • capítulo 7
Forno de micro-ondas
A maioria das pessoas tem em seus lares forno de micro-ondas, não é mesmo?
Esse aparelho é um gerador de campos elétricos oscilantes no tempo. As micro
-ondas causam vibrações no dipolo das moléculas de água, aquecendo-a. Dessa
forma, todos os alimentos que possuem água podem ser aquecidos.
Aquecedor solar
O aquecedor solar é formado por uma placa metálica que absorve radiação so-
lar. A transformação da energia solar em energia térmica acontece nessa placa
porque a radiação eletromagnética carrega energia consigo.
Aparelho celular:
Você deve ter um celular, certo? Você sabe como ele funciona? Eles são cap-
tadores e geradores de campos eletromagnéticos. As ondas eletromagnéticas
transportam, através do espaço, as informações referentes à comunicação en-
tre os usuários.
capítulo 7 • 165
8
Óptica
Figura 8.2 – Imagens refletida no espelho retrovisor. http://www.lojadosbebes.com/ima-
ges/38005760.jpg. Acesso – 31/03/ 2010
O espelho é uma superfície polida que reflete de maneira regular a luz que re-
cebe. Vamos tratar em nosso estudo os espelhos planos, côncavos e convexos,
iniciaremos nossa discussão com o espelho plano.
Todos já nos observamos em um espelho plano, notamos que as imagens
são formadas pelo princípio da reversibilidade, o lado esquerdo do objeto cor-
responde ao lado direito da imagem e vice-versa. Observe na figura que segue,
a imagem formada por um espelho plano:
Objeto Imagem
4 cm 4 cm
2 cm 2 cm
Leis da Reflexão
Vamos enunciar as leis fundamentais da reflexão regular da luz (figura 8.3):
• Primeira Lei: o raio incidente, o raio refletido e a normal à superfície de
incidência estão no mesmo plano.
• Segunda Lei: o ângulo de reflexão e o de incidência possuem com a nor-
mal à superfície o mesmo valor.
capítulo 8 • 169
A N C
i r
T
B
360
n= −1
α
Sendo número de imagens formadas e a o ângulo formado entre os dois
espelhos.
360
n= −1
α
360
5= −1
α
360
= 5+1
α
6α = 360 ⇒ α = 60°
capítulo 8 • 171
8.2.1 Fontes de Luz
Definimos fonte de luz todo corpo que é capaz de emitir luz. Certamente todos
já notamos a nossa volta várias fontes de luz, podemos citar algumas: lâmpa-
das, sol, faróis elétricos, vaga-lume, etc.
Convém definirmos de maneira simples o que é um corpo luminoso e um
corpo iluminado:
Corpo luminoso é o que produz a luz
que emite.
Como exemplos, podemos citar o Sol, a
chama de uma vela, um metal superaqueci-
do etc. Algumas dessas fontes de luz primá-
ria são permanentes, como no caso do Sol,
enquanto outras são temporárias, como a
chama da vela e o metal superaquecido.
Figura 8.6 – Por do Sol. http://daydiaadia.
wordpress.com/tag/sol/
172 • capítulo 8
Uma fonte de luz pode ser puntiforme ou extensa.
• Fonte puntiforme é toda fonte cujas dimensões são desprezíveis em rela-
ção às distâncias envolvidas que a separam de um observador.
• Fonte extensa é toda fonte cujas dimensões não são desprezíveis em re-
lação às distâncias envolvidas que a separam de um observador. Por exemplo,
uma lâmpada comum observada de uma distância de 20 cm.
PCC PCD
Pincel cilíndrico
capítulo 8 • 173
• meio opaco é aquele que impede a propagação da luz através de si, não
permitindo a visualização dos objetos. Por exemplo: madeira, concreto, portas
de madeira, animais, vegetais, paredes de concreto etc.
Devemos estar atentos aos conceitos de transparência, translucidez e opaci-
dade. Por exemplo: uma folha de papel celofane é um meio transparente, algu-
mas folhas sobrepostas desse papel representam um meio translúcido e várias
folhas sobrepostas, um meio opaco.
Velocidade menor
174 • capítulo 8
8.2.5 Fenômenos ópticos
N
Raio incidente Raio refletido
i r
Espelho plano
Reflexão Difusa
capítulo 8 • 175
î
r̂
Vidro
Figura 8.12 – Reflexão a) Esquema b) Efeito ótico no copo de água. Fonte – http://blog.
educacional.com.br/gaiaonline/2011/10/16/refracao-da-luz/
Absorção Luminosa
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Yearl. Fundamentos de física. 8ª ed.- Rio de Janeiro:
LTC, 1996-2002.
SEARS, Francis Weston; ZEMANSKY, Mark W; YOUNG, Hugh D. Física. 2ª. ed. Rio de Janeiro: LTC,
1984-1999.
Young, H. D. e Freedman, R. A. Física IV – Ótica e Física Moderna, 12ª edição, Pearson Education,
2002.
176 • capítulo 8