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Sistemas integrados de gestão ERP em pequenas empresas: um confronto


entre o referencial teórico e a prática empresarial

Article  in  Gestão & Produção · December 2002


DOI: 10.1590/S0104-530X2002000300006 · Source: DOAJ

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2 authors:

Juliana Veiga Mendes Edmundo Escrivão Filho


Universidade Federal de São Carlos University of São Paulo
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SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO
ERP EM PEQUENAS EMPRESAS: UM
CONFRONTO ENTRE O REFERENCIAL
TEÓRICO E A PRÁTICA EMPRESARIAL

Juliana Veiga Mendes


Departamento de Ciência da Computação,
Centro Universitário da FEI – UNIFEI,
Rua Tamandaré, 688 – Campus SP,
CEP 01525-000, São Paulo, SP,
e-mail: juveiga@esan-sp.edu.br

Edmundo Escrivão Filho


Departamento de Engenharia de Produção,
Escola de Engenharia de São Carlos – USP,
Av. Trabalhador Sancarlense, 400,
CEP 13566-590, São Carlos, SP,
v.9, n.3, p.277-296, dez. 2002 e-mail: edesfi@prod.eesc.sc.usp.br

Resumo

Nos últimos anos, os sistemas integrados de gestão, ou ERP (Enterprise Resource Planning), passaram
a ser largamente utilizados pelas empresas. Eles são apresentados como “solução” para a maioria dos
problemas empresariais. São sistemas genéricos capazes de integrar todas as informações que fluem
pela empresa por intermédio de uma base de dados única. A literatura sobre o assunto apresenta uma
série de resultados positivos e benefícios a serem obtidos com a adoção desses sistemas. Porém, as
dificuldades a serem enfrentadas e a profundidade das mudanças a serem realizadas para a obtenção
dos benefícios não são tão claras para as empresas, principalmente para as de pequeno porte, que não
possuem tantos recursos para investimento em tecnologia. Este artigo tem por objetivo relatar o resultado
de uma pesquisa sobre a adoção de sistemas integrados de gestão, ou ERP, por pequenas empresas,
confrontando o referencial teórico e a prática empresarial.
Palavras-chave: sistemas integrados de gestão, pequenas e médias empresas, mudança organizacional,
integração, sistemas de informação.
278 Mendes & Escrivão Filho – Sistemas Integrados de Gestão (ERP) em Pequenas Empresas

N o início da década de 90, os sistemas


integrados de gestão ou ERPs (Enterprise
Resource Planning) passaram a ser largamente
1. Referencial teórico
A análise das publicações permitiu estruturar
utilizados pelas empresas. Nessa época, eram o tema pesquisado em quatro aspectos básicos.
extremamente caros, viáveis somente para em- São eles: 1. caracterização dos sistemas ERPs;
presas de grande porte. No transcorrer dessa 2. aspectos relevantes ao sucesso na implan-
década, as grandes corporações fizeram suas tação; 3. resultados esperados com a adoção dos
escolhas sobre os sistemas a serem adquiridos e ERPs; e 4. barreiras e dificuldades com a im-
implantados, saturando assim o mercado das plantação de ERPs.
grandes empresas e reduzindo as possibilidades
de negócio para os fornecedores de ERPs nesse 1.1 Caracterização dos sistemas ERPs
segmento empresarial (Corrêa, 1998).
Restou então o mercado intermediário Para Lima et al. (2000), a adoção de um ERP
formado pelas pequenas e médias empresas afeta a empresa em todas as suas dimensões,
(PMEs); nesse novo contexto, diversas empresas culturais, organizacionais ou tecnológicas. Esses
fornecedoras de ERPs, até então direcionadas sistemas controlam toda a empresa, da produção
para o segmento das grandes organizações, às finanças, registrando e processando cada fato
lançaram estratégias de atuação diferenciadas novo na engrenagem corporativa e distribuindo a
para competir nesse mercado. As PMEs ficaram informação de maneira clara e segura, em tempo
sob intensa campanha mercadológica das real. Ao adotar um ERP, o objetivo básico não é
empresas fornecedoras dos ERPs e, muitas colocar o software em produção, mas melhorar os
vezes, sem referencial para avaliar a aquisição. processos de negócios usando tecnologia da
Dentro desse contexto, este artigo tem por informação. Mais do que uma mudança de
objetivo relatar o resultado de uma pesquisa tecnologia, a adoção desses sistemas implica um
sobre a adoção de sistemas ERPs por pequenas processo de mudança organizacional.
empresas, confrontando o referencial teórico e Souza & Zwicker (2000) definem como
a prática empresarial e revelando, de forma sistemas de informação integrados, adquiridos na
imparcial, o comportamento dessas empresas no forma de pacotes comerciais, para suportar a
processo de adoção de ERPs. maioria das operações de uma empresa. Procuram
A análise teórica se concentrou em livros, atender a requisitos genéricos do maior número
publicações acadêmicas e revistas especializadas possível de empresas, incorporando modelos de
e de negócios que discorriam sobre os sistemas processos de negócio obtidos pela experiência
ERPs. É importante ressaltar que a maioria dessas acumulada de fornecedores, consultorias e
publicações não se baseou no ambiente das pesquisa em processos de benchmarking. A
PMEs, mas das grandes empresas. São poucas as integração é possível pelo compartilhamento de
publicações existentes que relacionam sistemas informações comuns entre os diversos módulos,
ERPs e PMEs. Essas publicações são realizadas armazenadas em um único banco de dados
pela mídia de negócios e semanários e, em geral, centralizado.
enfatizam que o mercado de sistemas ERPs se De acordo com Buckhout et al. (1999), um
voltou para esse segmento, mas não discutem o ERP é um software de planejamento dos recursos
assunto e as possíveis implicações dessa situação. empresariais que integra as diferentes funções da
Os dados empíricos foram levantados a partir empresa para criar operações mais eficientes.
de um estudo em dez pequenas empresas Integra os dados-chave e a comunicação entre as
situadas na Grande São Paulo e classificadas nos áreas da empresa, fornecendo informações
setores industrial e de serviços. detalhadas sobre as operações da mesma.
GESTÃO & PRODUÇÃO, v.9, n.3, p.277-296, dez. 2002 279

Para Centola & Zabeu (1999), o ERP fornece informação que visam integrar os processos de
informações geradas a partir do processo opera- negócio da empresa e apoiar decisões estra-
cional, para otimizar o dia-a-dia da empresa, tégicas. O modelo desse sistema tem uma
permitir um planejamento estratégico mais abrangência de atuação que envolve as várias
seguro e garantir a flexibilidade para evoluir. entidades de negócios, integrando a cadeia de
Segundo Corrêa et al. (1997), um ERP é suprimentos de fornecedores a clientes e bus-
constituído por módulos que atendem às cando endereçar as questões de competitividade
necessidades de informação de apoio à tomada das organizações empresariais. Representa uma
de decisão de todos os setores da empresa, todos evolução do MRP II.
integrados entre si, a partir de uma base de Para Davenport (1998), o ERP é um software
dados única e não redundante. Podem ser que promete a integração das informações que
entendidos como evolução do MRP II na fluem pela empresa. Esse sistema impõe sua
medida em que controlam tanto os recursos própria lógica à estratégia, à cultura e à
diretamente utilizados na manufatura quanto os organização da empresa. É uma solução gené-
demais recursos da empresa. rica que procura atender a todo tipo de empresa
Segundo Dempsey (1999), o ERP dispõe de um e seu projeto reflete uma série de hipóteses sobre
conjunto de programas capazes de interligar os como operam as organizações. É desenvolvido
aspectos da manufatura e incorporar os proce- para refletir as melhores práticas de negócio,
dimentos contábeis ou dados gerados por outros porém são os clientes que devem definir a me-
aplicativos. Embora a definição seja atraente, lhor prática para sua empresa.
muitas empresas desconhecem os problemas e Em uma publicação da Deloitte Consulting
cuidados relacionados a esses sistemas. (1998), o ERP é definido como um software de
Hehn (1999) apresenta o ERP como uma negócio que permite à empresa automatizar e
evolução expandida do MRP II. Eles repre- integrar a maioria de seus processos; compar-
sentam uma coleção integrada de sistemas que tilhar práticas de negócio e dados comuns pela
atendem a todas as necessidades de um negócio: empresa; e disponibilizar a informação em
contabilidade, finanças, controle de produção, tempo real. É visto como a solução para acabar
compras e outros. Todos os sistemas estão com os vários programas que funcionam no
integrados e partilham os mesmos dados. mesmo ambiente empresarial, sem integração,
Trazem embutidos em si processos de trabalho produzindo informações de pouca qualidade
padronizados, procurando representar as melho- para o negócio. Sistemas dessa natureza são
res práticas mundiais de cada função. A adoção adquiridos com o intuito de tornar os processos
desses sistemas exige disciplina e os usuários empresariais mais ágeis e extrair informações
devem mantê-los atualizados. mais acuradas da empresa.
Segundo Miltello (1999), o ERP controla a Em reportagem da revista Informática
empresa, manuseando e processando suas infor- Exame (1997), o ERP é citado pela capacidade
mações. Todos os processos são documentados de colocar nos “eixos” toda engrenagem
e contabilizados, gerando regras de negócio bem empresarial. A adoção obriga a corporação a
definidas e permitindo maior controle sobre repensar sua estrutura e seus processos. Esse
alguns pontos vulneráveis do negócio, como a sistema põe fim às aplicações redundantes e
administração de custos, controle fiscal e esto- incompatíveis existentes nas empresas e muitos
ques. A adoção desses sistemas põe fim aos estão preparados para o comércio eletrônico e
vários sistemas que funcionavam de forma outras vantagens surgidas com a Internet.
isolada na empresa, com informações redun- Segundo Stamford (2000), o ERP possibilita
dantes e não confiáveis. um fluxo de informações único, contínuo e
Para Cunha (1998), o ERP é um modelo de consistente por toda a empresa sob uma única
gestão baseado em sistemas corporativos de base de dados. É um instrumento para a melhoria
280 Mendes & Escrivão Filho – Sistemas Integrados de Gestão (ERP) em Pequenas Empresas

de processos de negócio, orientado por esses empresa que vai adotá-lo ser de manufatura ou
processos e não pelas funções e departamentos da prestadora de serviços. A abrangência do sistema
empresa, com informações on-line em tempo é limitada pela empresa, podendo estar atrelada a
real. Permite visualizar por completo as transa- vários motivos, como: custo de implantação dos
ções efetuadas pela empresa, desenhando um módulos, possibilidade de integração de sistemas
amplo cenário de seus processos de negócios. menores ao ERP, entre outros.
Para Wood Jr. (1999), esses sistemas são, O suporte à necessidade de informação é
teoricamente, capazes de integrar a gestão da viabilizado pela disponibilidade e integridade
empresa, agilizando a tomada de decisão. Podem das informações armazenadas no ERP, na base
ser aplicados, com adaptações, a qualquer em- única e centralizada. Como o sistema permeia
presa, permitindo o monitoramento em tempo toda a empresa, as informações que por ela
real. As expectativas sobre seu impacto são circulam podem ser acessadas em tempo real,
enormes e os investimentos, gigantescos. Eles por qualquer área.
surgiram da confluência de fatores como: inte- A orientação a processos é destacada por
gração de empresas transnacionais exigindo muitos autores na caracterização de ERP.
tratamento único e em tempo real da informação; Segundo Souza & Zwicker (2000), os processos
tendência de substituição de estruturas funcionais de negócio podem ser definidos como um
por estruturas ancoradas em processos; e inte- conjunto de tarefas e procedimentos interde-
gração dos vários sistemas de informação em um pendentes realizados para alcançar determinado
único sistema. resultado empresarial, sendo uma de suas
Pela Tabela 1 verifica-se, sinteticamente, a características a transposição de fronteiras
perspectiva dos autores citados anteriormente organizacionais.
quando caracterizam um ERP. Ao analisar essas A integração da empresa, facilitada pelo uso
caracterizações podem ser percebidas diferenças de ERP, é decorrente de alguns fatores, como:
na abrangência e na profundidade utilizadas por possibilidade de a empresa operar com um
cada autor. O entendimento de ERP compreende único sistema de informação que atenda a todas
desde um conjunto de programas de computador as suas áreas; armazenamento dos dados em um
até um sistema de informação gerencial que visa banco de dados único e centralizado; e orien-
apoiar as decisões estratégicas da empresa. As tação a processos. Os processos, implementados
células em branco consistem em características no sistema, não se restringem a uma área ou
não destacadas pelos autores. Nas demais departamento, quebrando barreiras impostas
tabelas apresentadas no artigo, as células em pelas estruturas departamentais.
branco possuem o mesmo significado. No que se refere ao controle da empresa, o
Em relação à base de dados única, esta ERP, por sua concepção, impõe sistematização
característica permite que a mesma informação no lançamento das informações, permitindo o
seja compartilhada por toda a empresa, redu- controle em tempo real. Assim, o sistema
zindo os problemas de inconsistência e duplici- sempre refletirá a situação atual da empresa.
dade e conferindo confiabilidade às informações Buckout et al. (1999) apresentam o ERP
do sistema. O ERP armazena as informações da como um software de planejamento, mas sabe-se
empresa em um banco de dados corporativo, que ele não se limita a isso, e os próprios autores
solucionando o problema de ter a mesma infor- expandem essa definição ao mencionarem que
mação com valores distintos em diferentes ele integra as diferentes áreas da empresa, criando
relatórios. operações mais eficientes, permitindo a comu-
O ERP é constituído por vários “módulos” que nicação entre as áreas, fornecendo informações
suportam todas as áreas de uma empresa. Por se detalhadas e possibilitando, assim, o controle das
tratar de sistema genérico, independe do fato de a funções por ele suportadas.
GESTÃO & PRODUÇÃO, v.9, n.3, p.277-296, dez. 2002 281

Tabela 1 – Características dos sistemas ERPs.

Autores 1 3 5 7 9 11 13
Características 2 4 6 8 10 12 14

Auxilia a tomada de decisão K K K


Atende a todas as áreas da empresa K K K K K K KK K K
Possui base de dados única e centralizada K K K KK KK
Possibilita maior controle sobre a empresa K K K K K
Evolução do MRP II K K K
Obtém a informação em tempo real K K KK
Permite a integração das áreas da empresa K K K K K K K K K
Possui modelos de referência K K K
É um sistema genérico K KK
Oferece suporte ao planejamento estratégico K K K K
Suporta a necessidade de informação das áreas K K K K K K K KK
Apóia as operações da empresa K K
É uma ferramenta de mudança organizacional K K
Orientação a processos K K K K KK KK KK

Legenda:
1 – Buckhout et al. (1999) 6 – Deloitte Consulting (1998) 11 – Miltello (1999)
2 – Centola & Zabeu (1999) 7 – Dempsey (1999) 12 – Souza & Zwicker (2000)
3 – Corrêa et al. (1997) 8 – Informática Exame (1997) 13 – Stamford (2000)
4 – Cunha (1998) 9 – Hehn (1999) 14 –Wood Jr. (1999)
5 – Davenport (1998) 10 – Lima et al. (2000)

Corrêa et al. (1997) caracterizam o ERP segundo Mendes & Escrivão Filho (2000), deve
como uma evolução do MRP II. Na verdade, os ser planejado, ter passado por uma etapa de análise
autores querem dizer que a lógica, isto é, o das funcionalidades da empresa e do sistema e
embrião do ERP, é o MRP desenvolvido para os estar de acordo com a orientação estratégica da
ambientes de manufatura. A partir disso, foram empresa.
sendo criados alguns sistemas, ou partes deles Para Lima et al. (2000), o sucesso na implan-
(módulos), adequados a outros ambientes. tação depende do alinhamento entre software,
cultura e objetivos de negócio da empresa. É
necessário ter: articulação entre os objetivos do
1.2 Aspectos relevantes ao sucesso na
projeto e expectativas de mudança da organização;
implantação do ERP
boa gerência; comprometimento da alta admi-
Neste trabalho, o termo “implantação” com- nistração e dos proprietários dos processos; e os
preende o processo de adoção do ERP, envolvendo usuários devem compreender a mudança. Na
seleção, aquisição, implantação e testes, que, seleção deve-se avaliar o sistema mais adequado
282 Mendes & Escrivão Filho – Sistemas Integrados de Gestão (ERP) em Pequenas Empresas

à empresa. A implantação é um processo caro, do amplo espectro de funcionalidades do sistema


demorado e obriga a corporação a repensar sua a ser checado. Para a implantação, a empresa deve
estrutura e processos. A equipe de implantação passar por treinamento conceitual e operacional,
deve conhecer o sistema e os processos de negócio exploração do sistema, parametrização, redesenho
da empresa. dos processos e assimilação da nova cultura. É
Souza & Zwicker (2000) ressaltam esta etapa fundamental o envolvimento dos usuários nessa
como a mais crítica, destacando a importância etapa.
de checar: funcionalidades e adequação do Lopes et al. (1999) afirmam que o princípio do
sistema às particularidades da empresa e o sistema é simples, porém sua implantação é difícil.
fornecedor da solução. Após a seleção, define- Por se tratar de um produto flexível, o cliente faz
se um líder e a equipe de implantação. Fatores a adequação do sistema para suas necessidades e,
importantes na implantação são: experiência dos assim, a implantação pode levar vários anos. Em
usuários com sistemas e conhecimento prévio geral, a implantação é conduzida por empresas de
sobre as discrepâncias entre o sistema e a consultoria, elevando os custos do projeto.
empresa; comprometimento da alta direção; Para Taurion (1999), implantar um ERP
envolvimento das áreas usuárias e de tecnologia; requer cuidados como: escolher o mais ade-
e treinamento para os usuários finais. É um quado às peculiaridades da organização e
processo de mudança organizacional envolven- selecionar os parceiros envolvidos na implan-
do mudança nas responsabilidades e tarefas das tação, como uma consultoria experiente no
pessoas e nas relações entre os departamentos. assunto. A implantação desse sistema refere-se
Segundo Stamford (2000), o sucesso de um a mudanças nos processos, suportados por um
sistema desse porte é determinado pela previsão ERP e não por um pacote de informática. É um
do impacto para a empresa. Na prática, muitas trabalho de reengenharia de alto impacto em
organizações não levam em consideração todas toda a organização. O sucesso está atrelado ao
as mudanças necessárias, as quais envolvem gerenciamento do projeto, ao comprometimento
estrutura, operação, estratégia e cultura da da empresa e da alta administração e à formação
empresa. Na implantação é preciso determinar de equipe com conhecimentos sobre o sistema
os objetivos a serem alcançados e como as e processos de negócio da empresa.
funcionalidades do sistema podem ajudar nisso. Para Wood Jr. (1999), a implantação é a etapa
Essa etapa deve contemplar a análise dos mais complexa. Trata-se de um amplo processo de
processos atuais, a possibilidade de modificá-los mudança organizacional que provoca impactos no
e o envolvimento do usuário. modelo de gestão, na arquitetura organizacional,
Para Buckhout et al. (1999), a implantação no estilo gerencial, nos processos de negócios e,
de um ERP tem sido problemática por duas principalmente, nas pessoas. Deve envolver
razões: a empresa não faz antes as escolhas equipes multidisciplinares compostas por
estratégicas para configurar os sistemas e os especialistas em tecnologia da informação,
processos e a implantação escapa do controle da analistas de negócios e consultores com capaci-
empresa. Muitas empresas encaram como um tação em redesenho de processos.
projeto de tecnologia e não como um projeto Para Corrêa (1998), o sucesso na adoção de
empresarial. Além desses fatores, a alta direção um ERP se inicia na seleção. Deve-se realizar
deve estar comprometida e envolvida na uma análise de adequação de funcionalidades
implantação, indicando prioridades estratégicas para checar se as particularidades da empresa são
e vinculando controles e incentivos para os atendidas. A implantação precisa ser gerenciada
envolvidos no sucesso do projeto. por pessoas que entendam de mudança organiza-
Centola & Zabeu (1999) destacam que a cional e negócio, devendo ser conduzida por
seleção pode ser demorada e complexa em razão funcionários da empresa. É importante o com-
GESTÃO & PRODUÇÃO, v.9, n.3, p.277-296, dez. 2002 283

prometimento da alta direção, que deve ter uma sistemas existentes. Essas análises devem ser
visão clara e compartilhada da situação futura. A conduzidas antes da aquisição do sistema, pois o
implantação deve contemplar os aspectos de um resultado terá reflexo em todo o processo de
projeto de mudança organizacional. Após a implantação, tendo conseqüências no tempo de
implantação é preciso esforço contínuo por meio duração da implantação, na contratação de
de reciclagem no treinamento e comprometi- consultoria externa, nas customizações a serem
mento dos envolvidos. realizadas, na profundidade da mudança, no
A adoção desses sistemas requer a análise dos treinamento dos usuários e, principalmente, no
processos executados pela empresa. O objetivo é custo final do projeto.
avaliar se os processos devem ser modificados, O sucesso da implantação também está
modernizados ou mantidos. A adequação das relacionado aos profissionais envolvidos, que
funcionalidades deve ser realizada na fase de seleção além da competência técnica devem reunir bons
do sistema. O objetivo é checar se as funciona- conhecimentos do negócio. O gerente de
lidades são aderentes às particularidades da implantação deve acompanhar os prazos,
empresa. A Tabela 2 destaca os pontos importantes auxiliar na definição do escopo das modi-
citados pelos autores na implantação de ERP. ficações e não perder o foco do projeto. Os
O ideal é que, primeiramente, a empresa faça funcionários envolvidos devem ter bom conhe-
a análise de seus processos e, na seqüência, cimento da empresa e das modificações que
verifique a adequação das funcionalidades dos estão sendo introduzidas.

Tabela 2 – Aspectos relevantes ao sucesso na implantação do ERP.

Autores 2 4 6 8 10
Características 1 3 5 7 9
Análise dos processos K K K K K
Adequação de funcionalidades KK K K K K
Etapa crítica K K K K K
Estratégia K K
Confiabilidade no fornecedor K
Gerência do projeto K K
Mudança organizacional K K K K K K K K
Profissionais com conhecimento técnico e de negócio K K K K K
Treinamento K K K
Comprometimento da alta direção K K K K K
Comprometimento dos usuários K K K K K K

Legenda:
1 – Buckhout et al. (1999) 6 – Lopes et al. (1999)
2 – Mendes & Escrivão Filho (2000) 7 – Souza & Zwicker (2000)
3 – Centola & Zabeu (1999) 8 – Stamford (2000)
4 – Corrêa (1998) 9 – Taurion (1999)
5 – Lima et al. (2000) 10 – Wood Jr. (1999)
284 Mendes & Escrivão Filho – Sistemas Integrados de Gestão (ERP) em Pequenas Empresas

A implantação de um ERP é tida por vários De acordo com Stamford (2000), o ERP
autores como uma etapa crítica e demorada, pois contribui para aumentar a eficiência da empresa,
é um sistema abrangente, complexo e que deve otimizando a capacidade para fazer negócios em
refletir a realidade da empresa. Pela complexi- qualquer lugar do mundo. Como vantagens
dade e modificações no funcionamento e na podem ser citados: aumento de valor percebido
estrutura da empresa decorrentes do ERP, ele pelos investidores e pelo mercado; agilidade nas
não deve ser encarado como um projeto de oportunidades de negócios; visibilidade; base
implantação de sistema de informação, mas única; informação em tempo real; atendimento
como um projeto de mudança organizacional. a requerimentos globais, regionais e locais em
Por mudança organizacional compreende-se um único sistema; e suporte à estratégia de e-
o processo de transformação do comporta- business. O ERP é considerado a porta de
mento de um indivíduo ou de uma organização, entrada para a integração entre as empresas da
podendo ser sistemática e planejada ou, ainda, cadeia de fornecedores e está se tornando uma
implementada de forma aleatória. Gerenciar plataforma para aplicações de data mining,
uma mudança em um ambiente organizacional gerenciamento da cadeia e sistemas de infor-
implica mudar os hábitos, os modelos de mação para executivos.
comportamento e, às vezes, as atitudes das De acordo com Lopes et al. (1999), a vantagem
pessoas em relação ao modo de execução das do ERP é a integração de módulos informa-
funções, observam Daft (1999) e Montana & tizados que antes rodavam separadamente.
Charnov (1999). Para Kruglianskas (1996), Assim, a empresa deixa de operar como se
quando uma empresa introduz um novo existissem várias ilhas informatizadas e inde-
método em atividades de manufatura, de pendentes. Além da integração, ele melhora a
serviços ou gerencial, está implantando uma utilização dos recursos internos e traz economia
mudança. para a empresa.
Para Miltello (1999), com o ERP, os pro-
cessos são documentados e contabilizados,
1.3 Resultados esperados com a
gerando regras de negócio bem definidas e
adoção do ERP
permitindo que os pontos críticos do negócio
Segundo Lima et al. (2000), a documentação possam ser controlados com mais rigor. Esse
e contabilização dos processos por intermédio sistema põe fim à colcha de retalhos que
do ERP geram regras de negócios bem definidas caracteriza muitos sistemas corporativos, com
e permitem controle mais rígido sobre pontos programas redundantes, sem integração, tor-
vulneráveis do negócio. Para as empresas de nando a consolidação dos dados demorada e
médio porte, a adoção de ERP constitui ineficiente.
excelente oportunidade para modernização Para Taurion (1999), a adoção do ERP,
tecnológica. principalmente para empresas de médio porte, é
Para Souza & Zwicker (2000), os resultados uma oportunidade de subir na escala tecno-
são percebidos após certo tempo de uso do lógica. A implantação sem a revisão dos pro-
sistema. As vantagens são: possibilidade de cessos resulta em ganhos de pouco alcance. As
integrar os departamentos, permitir atualização da atividades dos funcionários se tornam mais
base tecnológica e reduzir custos de informática abrangentes e complexas quando a empresa se
decorrentes da terceirização do desenvolvimento reestrutura por processos. Por isso o treinamento
do sistema. O ERP tem sido utilizado como infra- não pode ser negligenciado.
estrutura tecnológica para suporte às operações. Uma pesquisa realizada por Wood Jr. (1999)
Para obter os benefícios é preciso encará-lo como revela que, de modo geral, a implantação trouxe
um projeto em evolução contínua e tomar as melhorias para a empresa, porém não se pode
medidas gerenciais necessárias. falar em unanimidade. Dentre as melhorias
GESTÃO & PRODUÇÃO, v.9, n.3, p.277-296, dez. 2002 285

observadas, 60% das empresas analisadas A documentação dos processos empre-


afirmaram ter havido integração efetiva das sariais e todos os procedimentos e formas de
funções e processos, 45% apontaram melhoria negócio suportados e documentados pelo ERP
na utilização de recursos do sistema ou da são resultados a serem destacados. A empresa
tecnologia e 40% disseram ter melhorado o ganha em controle e padronização de proce-
desenho e controle dos processos. dimentos e pode perder em flexibilidade. Após
Cunha (1998) destaca que a opção por um ERP a implementação dos processos a empresa pode
representa a criação de uma infra-estrutura de não ter recursos suficientes para arcar com os
aplicativos fundamentada na tecnologia do sistema custos das modificações. Como conseqüência,
escolhido. As decisões futuras, relacionadas à poderá desistir da mudança, deixando de
modelagem dos processos de negócio e à inovar, ou o sistema deixará de refletir a prática
implantação de novas soluções, deverão considerar empresarial.
a tecnologia estabelecida pelo sistema. A integração das diversas áreas da empresa
Davenport (1998) revela que o ERP permite também é facilitada pelo ERP. Os processos
o acesso à informação em tempo real e contribui implementados no sistema transpõem os limites
para a redução de estruturas gerenciais. Por departamentais. O usuário, bem treinado concei-
outro lado, centraliza o controle sobre a infor- tual e operacionalmente, pode visualizar a conti-
mação, padroniza processos e procura unificar nuidade de sua tarefa, que antes se restringia ao
a cultura e o comando sobre a empresa. Muitas departamento.
empresas têm aproveitado esses sistemas para A implantação de um ERP contribui para que
introduzir mais disciplina. O ERP auxilia a a empresa tenha maior controle sobre suas infor-
padronizar práticas administrativas para em- mações. Na base de dados única e centralizada,
presas distantes geograficamente. os dados são digitados uma só vez e todas as áreas
Segundo pesquisa da Deloitte Consulting podem consultá-los. Isso confere confiabilidade
(1998), os benefícios de um ERP só podem ser e integridade ao sistema, desde que o dado esteja
obtidos na etapa de utilização se após a atualizado e reflita a realidade da empresa.
implantação o foco for mantido concentrando os Um resultado mencionado somente por
esforços na obtenção dos resultados. A pesquisa Stamford (2000), que não consta na tabela, refere-
revelou que as empresas sentiram os benefícios se ao e-business. Como se refere a um novo
do sistema após algum tempo de uso, à medida caminho para a realização de negócios, vale a
que perceberam suas potencialidades de uso. pena tecer um breve comentário. O ERP oferece
Segundo a revista Informática Exame (1997), suporte à estratégia de negócio eletrônico. Como
com o ERP, os sistemas de informação deixaram as informações são armazenadas em uma única
de registrar o fluxo de informações e passaram a base de dados, sendo disponibilizadas em tempo
ajudar na gestão. Algumas empresas mediram os real, torna-se mais fácil o acesso, para clientes e
benefícios pela queda nos custos em informática. fornecedores, a informações necessárias para a
Para Hehn (1999), organizações orientadas para realização de um negócio pela Internet.
processos, com forte rede de relacionamentos,
integradas por um sistema, conseguem ser signifi-
1.4 Barreiras e dificuldades com a
cativamente mais eficientes e eficazes que
implantação do ERP
organizações departamentais tradicionais.
A empresa, ao adotar um ERP, cria uma base Para Lima et al. (2000), muitas empresas
tecnológica fundada na tecnologia desse sistema. calculam de forma errada os custos relativos à
Assim, suas próximas aquisições tecnológicas implantação de um ERP. Os custos devem
deverão considerar o sistema implantado. A incluir: licenças do software; hardware; serviços
Tabela 3 destaca os resultados ressaltados pelos de consultoria e treinamento; e ajustes após a
autores na adoção de um ERP. implantação.
286 Mendes & Escrivão Filho – Sistemas Integrados de Gestão (ERP) em Pequenas Empresas

Tabela 3 – Resultados obtidos na adoção do ERP.

Autores 2 4 6 8 10
Características 1 3 5 7 9 11

Agilidade nos negócios K


Base de dados única K K
Criação de uma base tecnológica K K
Controle e gestão K K K K K K
Eficiência K
Obtenção da informação em tempo real K K
Permite a integração das áreas da empresa K K K K K K
Documentação de processos K K K K K
Regras de negócio definidas K K K
Redução de custos na área de informática K K
Evolução tecnológica K K K K K
Empresa orientada a processo K K

Legenda:
1 – Cunha (1998) 5 – Lima et al. (2000) 9 – Stamford (2000)
2 – Davenport (1998) 6 – Lopes (1999) 10 – Taurion (1999)
3 – Informática Exame (1997) 7 – Miltello (1999) 11 – Wood Jr. (1999)
4 – Hehn (1999) 8 – Souza & Zwicker (2000)

Segundo Souza & Zwicker (2000), as prin- à complexidade na customização e aos benefícios
cipais dificuldades se referem à atualização que nem sempre se concretizam. A implantação e
constante do sistema e gerenciamento das versões. os serviços associados custam até sete vezes mais
Mesmo após a implantação, o sistema mantém-se do que a compra do software. Outro problema
em evolução contínua, a fim de refletir os pro- refere-se à premissa de que os modelos de refe-
cessos da empresa. Os fornecedores incorporam rência do sistema incorporam as melhores práticas
novos recursos e novas formas de executar pro- de negócios. Pode haver desencontros entre, por
cessos e corrigem problemas. Muitas alterações exemplo, tipo de indústria e melhores práticas
podem ser consideradas novas implementações. A desse segmento e os modelos de referência do
adoção de um ERP é um processo de mudança sistema.
organizacional envolvendo alterações nas tarefas Segundo Dempsey (1999), como o projeto é
e responsabilidades de indivíduos, departamentos amplo, muitas empresas perdem de vista as
e relações entre os departamentos. motivações originais e naufragam diante das
Para Stamford (2000), os problemas se referem dificuldades encontradas. Muitos sistemas têm
à escala de reengenharia de processos, às tarefas de uma interface ruim com o usuário. Para solucionar
customização durante a implantação, à inexperiên- esse problema, elas adotam outro sistema com a
cia da equipe de suporte, à implantação longa, ao interface gráfica mais atraente, que facilite o uso
alto custo relacionado à consultoria e treinamento, pelo usuário.
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De acordo com Miltello (1999), nem tudo é realizada por Wood Jr. (1999) revela que a decisão
fácil no mundo do ERP. A implantação é cara e sobre a adoção de ERP tem sido tomada de forma
demorada, sendo preciso submeter todos os apressada, alimentada pelo marketing dos fornece-
processos a uma verificação geral. Na prática, a dores. Muitas empresas não perceberam a am-
corporação necessita repensar toda sua estrutura, plitude e a profundidade das questões envolvidas.
o que a leva a buscar ajuda de profissionais É preciso avaliar a estratégia e a visão de futuro da
especializados, elevando o investimento. Taurion empresa e identificar as necessidades de in-
(1999) afirma que o redesenho de processos e as formação. Quando questionadas sobre as des-
mudanças organizacionais são essenciais para vantagens, foram obtidas as seguintes respostas:
alcançar os objetivos. A empresa deve abandonar não atendimento das necessidades específicas dos
a estrutura organizacional hierarquizada e se basear negócios, perda de algumas funções essenciais dos
em estruturas ancoradas em processos. A implan- negócios, visão superficial dos processos, depen-
tação não pode ser encarada como mudança de dência de um único fornecedor, excesso de contro-
tecnologia e, sim, como um processo de mudança les, falta de envolvimento da alta administração,
organizacional. Após a implantação, ainda são ne- planejamento inadequado, perda de histórico du-
cessários ajustes no sistema para solucionar os rante a conversão, baixa adequação entre o sistema
problemas de desempenho e falhas ocasionadas e o contexto empresarial do País e falta de suporte
pela pouca familiaridade dos usuários. A interface adequado. A Tabela 4 disponibiliza as barreiras e
do ERP com outros sistemas não é fácil. Pesquisa dificuldades mencionadas pelos autores estudados.

Tabela 4 – Barreiras e dificuldades com a implantação de ERP.

Autores 1 3 5 7
Características 2 4 6
Análise dos processos K K K K K
Atualização constante do sistema K K
Muitos benefícios não são atendidos K K
Complexidade na customização K K
Dificuldade na comunicação K
Equipe experiente para conduzir a implantação K K K K
Dependência de um único fornecedor K
Interface do sistema não amigável K
Modelos de referência X práticas específicas K K
Mudança organizacional K K K K K
Não envolvimento da alta administração K
Planejamento da implantação inadequado K K K K K

Legenda:
1 – Dempsey (1999) 5 – Stamford (2000)
2 – Lima et al. (2000) 6 – Taurion (1999)
3 – Miltello (1999) 7 – Wood Jr. (1999)
4 – Souza & Zwicker (2000)
288 Mendes & Escrivão Filho – Sistemas Integrados de Gestão (ERP) em Pequenas Empresas

A adoção de ERP consiste em um projeto de licenças a serem adquiridas, quantidade de horas


mudança organizacional e não de informática. Há trabalhadas pelas empresas de consultoria e ou
grande despreparo e desconhecimento das em- fornecedora do sistema, modificações a serem
presas em relação à profundidade das mudanças realizadas no sistema de acordo com as necessi-
que estão “por trás” da implantação do sistema. dades da empresa, investimento em hardware
Para obter resultados significativos é necessário necessário para o sistema e política de treinamento
rever a forma de operação atual e propor adotada pela empresa.
modificações visando à potencialidade da tecno-
logia que será instalada, sempre em consonância
2. A prática empresarial com ERP
com a visão estratégica.
Quanto à equipe responsável pela implan- O resultado do trabalho de campo contribuiu
tação, deve ser experiente e ter bons conhe- para avaliar a orientação e o conhecimento das
cimentos sobre negócios. A contratação de pequenas empresas sobre ERP. Sabe-se que
profissionais com esse perfil é um aspecto crítico, empresas desse porte têm recursos escassos e
principalmente para empresas de médio porte, muitas vezes não podem arcar com o trabalho de
pois o custo é extremamente alto, principalmente uma empresa especializada que oriente a
por se tratar de um projeto longo e complexo. aquisição desses sistemas.
A análise dos processos é uma atividade
fundamental na adoção de um ERP e nem sempre
é realizada. É uma etapa demorada que necessita 2.1 Descrição do trabalho de campo
de profissionais com conhecimento do negócio e O trabalho de campo consistiu em uma
dos objetivos da empresa. O resultado da análise pesquisa exploratória e empírica. Exploratória
pode ser a modificação do processo ou a porque avança sobre um terreno pouco conhecido,
adequação da empresa ao sistema. Em muitas procurando mapeá-lo, e empírica porque foi
implantações os processos são completamente realizada por meio de estudo de casos reais.
modificados e a empresa pode ter dificuldade em Para a coleta das informações foram entrevis-
se adaptar às mudanças do novo sistema e dos tadas, com o auxílio de um roteiro nas empresas
novos processos. selecionadas, pessoas ligadas à área de in-
Taurion (1999) destaca que a interface do formática. Ao estabelecer o contato com as
ERP com outros sistemas não é fácil, pois, em empresas a serem entrevistadas e relatar o
geral, eles apresentam interfaces proprietárias e objetivo da pesquisa, os dirigentes designavam
adaptá-las ou adaptar os sistemas existentes a a área de informática para disponibilizar as
essas interfaces requer esforço de desenvolvi- informações desejadas em virtude de essa área
mento e programação de testes que pode se ter sido responsável por todo o processo de
tornar algo muito oneroso para a empresa. adoção do sistema e suporte ao usuário, tendo
Outra dificuldade refere-se ao planejamento conhecimento para disponibilizar as infor-
de um projeto dessa natureza. A adoção de um mações relacionadas às dificuldades enfrentadas
ERP consiste num projeto longo e caro, sendo pela empresa.
necessária cautela na previsão do tempo de A seleção das empresas obedeceu aos se-
implantação e dos custos envolvidos. guintes critérios: empresas que haviam implan-
Embora seja uma informação relevante, os tado sistemas ERPs; empresas pertencentes a
autores discutiram valores numéricos relacionados diferentes ramos de atividades; acesso e dispo-
à adoção do ERP, principalmente devido ao grande nibilidade; estar situada na Grande São Paulo; e
número de variáveis envolvidas para chegar ao ser classificada como pequena empresa, de
preço final. Essas variáveis são: custo do sistema acordo com o faturamento.
que varia de um fabricante para outro, quantidade Para classificar as empresas, muitos são os
de módulos a serem implantados, número de critérios encontrados na literatura. Há critérios
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quali e quantitativos: os primeiros podem ser diferentes setores industriais, como pode ser
ilustrados pelo critério do comportamento e pela observado na Tabela 6. O faturamento anual das
atitude da alta direção, e os segundos, pelo critério empresas analisadas estava entre R$ 8 milhões
do número de funcionários ou pelo faturamento. e 40 milhões de reais, podendo ser consideradas
Para os autores deste artigo, essas classificações pequenas empresas.
não pareceram adequadas ao objeto em questão:
os ERPs. O melhor foi observar a classificação 2.2 A concepção empresarial sobre
utilizada pelas empresas que desenvolvem e o ERP
comercializam esses sistemas.
Uma publicação da revista Computerworld O segmento das pequenas empresas caracte-
(1999) procurava sistematizar as estratégias riza o ERP com a seguinte perspectiva:
adotadas pelas empresas fornecedoras de soluções l Possui um banco de dados único.
ERPs e os mercados-alvo. Os autores deste artigo l Permite integração entre os setores da
verificavam que se tratava de critérios razoáveis empresa.
para o setor por meio de entrevistas com algumas
l Permite o acesso fácil e imediato às infor-
dessas empresas fornecedoras.
mações.
Assim, este artigo adotou um critério de
classificação de empresas segundo o utilizado l Agiliza o fluxo de informações entre as
pelas empresas fornecedoras de sistemas ERPs, diversas áreas.
apresentado pela Tabela 5. Montou-se uma l Possibilita melhor gerenciamento das
amostra com dez empresas que permitiu analisar informações.

Tabela 5 – Classificação voltada para o segmento das médias empresas.

Classificação Faturamento anual (R$)


Pequena De 5 a 30 milhões
Média De 30 a 100 milhões
Grande Acima de 100 milhões

Tabela 6 – Ramo de atividades das empresas estudadas.

Setor industrial Ramo de atividade Número de empresas


Indústria Químico 1
Plástico 3
Eletrônico 1
Metalurgia 2
Serviço Transporte 1
Consórcio 1
Locação 1
Total 10
290 Mendes & Escrivão Filho – Sistemas Integrados de Gestão (ERP) em Pequenas Empresas

l Permite a racionalização e a agilidade de sistema de informação, sendo o ERP o primeiro


processos. sistema por elas adquirido.
l Automatiza várias tarefas administrativas, Nesse segmento é preciso ter confiabilidade
garantindo maior controle. no fornecedor, pois muitos são pequenos e
l Oferece suporte à tomada de decisão. novos, com produtos a preços atraentes para o
segmento. Porém, esses fornecedores podem ter
l Possibilita a atualização do parque tecno- vida curta e a empresa que adquiriu o produto
lógico da empresa. corre o risco de “ficar na mão” e/ou de adquirir
Ao confrontar o referencial teórico com a um produto que dificilmente acompanhará as
prática empresarial percebe-se que ambos têm a inovações tecnológicas.
mesma concepção. Se forem analisados os De modo geral, as pequenas empresas não
aspectos citados na Tabela 1, os entrevistados realizam análise de retorno sobre o investimento.
não mencionaram que os ERPs possuem mo- Quando feito algum tipo de estudo, é superficial,
delos de referência, consistem em sistemas considerando os benefícios com a atualização do
genéricos, oferecem suporte ao planejamento parque tecnológico e da possível redução do
estratégico e são considerados, na literatura, quadro de funcionários. Algumas alegaram não
ferramentas de mudança organizacional. ter tempo suficiente para conduzir um estudo
mais aprofundado, e que a contratação de uma
consultoria é inviável. Os recursos disponíveis
2.3 Aspectos relevantes na
não são suficientes para uma análise de retorno e
implantação de ERP
para a aquisição e a implantação da tecnologia.
A implantação de ERP nas pequenas em- Embora os investimentos sejam altos, as em-
presas é um fato que gera preocupação e presas tomam as decisões de forma apressada,
cuidados, pois esse segmento, em geral, não impulsionadas por uma onda, sem a realização de
possui muitos recursos disponíveis para inves- estudo mais criterioso.
timento em tecnologia. O trabalho de campo Na seleção dos sistemas foram poucas as
revelou que a pequena empresa opta por empresas que mencionaram realizar a adequação
soluções cuja implantação possa ser conduzida de funcionalidades. Neste segmento, o primeiro
internamente, com pequeno auxílio de empresa critério de seleção é o preço. Depois, é conduzida
de consultoria, por intermédio da contratação de breve verificação das funcionalidades do sistema.
uma equipe pequena constituída por um gerente Entre as dez entrevistadas somente uma realizou
de projeto e um analista. A Tabela 7 ilustra a estudo de aderência em vários sistemas, envol-
contratação de consultoria na pesquisa realizada. vendo pessoas da área técnica e de negócio. Essa
O artigo em questão não focou o processo de empresa já passou por uma experiência
migração de sistemas antigos para o ERP. Em malsucedida na implantação de um sistema de
algumas empresas visitadas sequer havia outro informação.

Tabela 7 – Participação de pessoal próprio e consultoria na implantação do ERP.

Externo Com Sem


consultoria consultoria Total
Interno externa externa

Envolvimento de funcionários 56% 11% 67%


Não envolvimento de funcionários 33% – 33%
Total 89% 11% 100%
GESTÃO & PRODUÇÃO, v.9, n.3, p.277-296, dez. 2002 291

Ao confrontar os pontos citados pelos autores • crescimento da empresa, possibilitado


na implantação de ERP, observa-se que a pers- pelo controle em suas tarefas;
pectiva da pequena empresa é um pouco distinta. • centralização das atividades adminis-
Elas reconhecem a implantação como uma etapa trativas;
crítica e estão extremamente preocupadas com o
• otimização da comunicação;
aspecto financeiro. Não mencionaram, ou
desconhecem, a profundidade das mudanças • tomada de decisões com informações
pelas quais a empresa passará e não citam a obtidas em tempo real;
importância do envolvimento e participação da • maior comprometimento e responsabi-
alta gerência e dos usuários na implantação do lidade do funcionário no apontamento.
sistema, da análise dos processos e da gerência do
4. Impacto na administração de recursos
projeto. O trabalho de campo revelou que o
humanos da empresa, percebido por:
processo de seleção foi conduzido por pessoas
ligadas à área de informática. • redução de custos por meio da redução
de mão-de-obra e de horas extras;
• racionalização de recursos;
2.4 Resultados obtidos com a
implantação do ERP • melhoria do nível técnico dos funcioná-
rios em informática.
O trabalho de campo revelou que a pequena
Observa-se que a maioria dos resultados
empresa cita um amplo espectro de melhorias
apontados pelos autores é percebida pelas
obtidas com a adoção de ERP. Essas melhorias
pequenas empresas. Em relação à evolução da
podem ser agrupadas em:
base tecnológica, muitas empresas estavam
1. Evolução da base tecnológica que permite: desatualizadas e a opção pelo ERP elevou o
• redução no tempo de processamento das patamar tecnológico da empresa.
informações; O sistema facilitou a integração entre as várias
• obtenção das informações em tempo real; áreas da empresa. Os usuários operam a mesma
base de dados e utilizam a mesma informação.
• agilidade nas tarefas da empresa, pela Após a implantação, aumentou o controle sobre
otimização e uniformização dos procedi- as informações da empresa e melhorou a
mentos internos. administração do negócio, pois há mais confiabi-
2. Integração entre as diversas áreas da em- lidade nas informações armazenadas. A adoção
presa: do sistema refletiu-se nos recursos humanos da
• auxiliada pela adoção de um único sis- empresa. O uso do sistema melhorou a capa-
tema em toda a empresa; citação técnica dos funcionários, pois sua
operação exige treinamento. Após a implantação,
• auxilia o controle e integridade das in-
a empresa tornou-se mais exigente na contratação
formações, pois elimina redundância dos
de mão-de-obra.
dados;
Alguns resultados encontrados na literatura
• permite a redução do fluxo de papéis. não foram citados pelos entrevistados, os quais se
3. Impacto no controle e gestão da empresa referem à documentação dos processos realizados
que pode ser percebido por: pela empresa, regras de negócio definidas pelo
• diminuição no retrabalho de tarefas sistema, empresa orientada a processos, criação
de base tecnológica para instalação de novos
administrativas;
sistemas e redução dos custos na área de
• melhoria no desempenho da empresa; informática.
292 Mendes & Escrivão Filho – Sistemas Integrados de Gestão (ERP) em Pequenas Empresas

2.5 Barreiras e dificuldades e a implantação foram realizadas pela área de


sistemas e encaradas como um projeto de infor-
Confrontando o referencial teórico com a mática. Contratar uma equipe experiente é uma
prática empresarial percebeu-se que a dificuldade dificuldade citada tanto pelos autores quanto
mais citada pelas pequenas empresas, que é a pelas empresas entrevistadas. Ambos alertam
resistência dos funcionários, passa praticamente para a lentidão no suporte técnico, profissionais
despercebida pelos autores analisados. com baixa qualificação e custo muito alto.
1. Planejamento do projeto inadequado: A dificuldade para realizar a análise dos
• insegurança dos funcionários em relação processos não foi mencionada por nenhuma
ao manuseio e à utilização do sistema; empresa. Pode-se supor que as pequenas em-
presas não fazem a análise e a adequação de
• participação do fornecedor na seleção
seus processos para a adoção do sistema, e se o
do hardware mais adequado para o
fazem, trabalham de forma superficial, não
sistema;
dando a devida importância a essa etapa,
• alto custo para customizar e desenvolver considerada por muitos autores como crítica do
relatórios; processo de adoção de ERP.
• perda de foco resultando em estouro no Segundo os autores, o planejamento inade-
custo e no prazo de implantação. quado é um dos problemas mais enfrentados. No
segmento das pequenas empresas percebe-se
2. Contratação de equipe experiente:
grande cautela no que se refere ao investimento
• dificuldade no atendimento pelo forne- necessário para um projeto dessa natureza.
cedor: tempo de resposta do fornecedor Muitas empresas são bem criteriosas na con-
é lento, o suporte técnico não é adequa- tratação de mão-de-obra para implantação,
do, o consultor é despreparado; procurando envolver seus funcionários, redu-
• a consultoria externa é cara e o projeto zindo as modificações no sistema e buscando se
tem de ser bem acompanhado, envolven- adequar a ele. Essa adequação traz impactos
do pessoas com conhecimento técnico e ainda maiores para os usuários que, além de
de negócio. terem de aprender a operar o sistema, precisam
3. Resistência dos funcionários: “reaprender” a realizar suas tarefas com o
sistema. O custo da adequação do sistema à
• adaptação às mudanças na rotina do empresa é alto.
trabalho, decorrente da introdução do
sistema;
3. Considerações finais
• resistência da alta administração e dos
funcionários mais antigos por não terem Os resultados apresentados não são suficientes
conhecimentos básicos em informática; para tecer considerações conclusivas sobre a
• funcionários sem qualificação técnica adoção de ERP pela pequena empresa, porém dão
para dar suporte e utilizar o sistema; uma idéia de como é realizada. A pesquisa, como
mencionado, teve por objetivo oferecer infor-
• falta de confiabilidade nas informações
mações sobre o comportamento das pequenas
extraídas do sistema.
empresas no processo de adoção de sistemas
É grande a dificuldade das empresas em ERPs. Diante de algumas limitações da pesquisa,
encarar a implantação de um ERP como um como inexistência de informações imparciais
projeto de mudança organizacional; nenhuma das sobre o assunto, amostra reduzida e perspectiva
entrevistadas mencionou ter essa visão. A seleção somente dos profissionais de informática, os
GESTÃO & PRODUÇÃO, v.9, n.3, p.277-296, dez. 2002 293

autores apenas conseguiram observar uma ten- a orientação aos processos. Essa característica do
dência no comportamento dessas empresas e ERP é reconhecida, porém os entrevistados
tecer algumas considerações. implementam os processos sugeridos pelo sistema
A Tabela 8 sumariza os aspectos comuns e e em nada alteram sua estrutura organizacional;
discordantes citados pelos autores e pelas nenhuma mudança mais profunda é realizada. As
empresas. É possível observar muitos pontos mudanças que acontecem estão relacionadas à
discordantes ou que passam despercebidos tanto forma de execução das operações.
para os autores quanto para as empresas. A seguir Quando confrontada a realidade empresarial
faz-se uma rápida discussão sobre esses pontos, com a teoria, verifica-se que, embora na teoria o
especialmente para aqueles considerados rele- sistema deva se adequar à empresa e não o
vantes, a saber: mudança organizacional, orien- contrário, na prática a situação não é bem essa. A
tação a processos e treinamento. adequação do sistema às particularidades da
Embora os autores analisados definam o empresa tem custo em geral alto, porque envolve
sistema ERP como um projeto de mudança orga- a contratação de muitas horas de consultores
nizacional, com reflexos na forma de operação da especializados para as modificações necessárias.
empresa, na estrutura e nos aspectos culturais, As empresas não têm recursos suficientes para
não é isso que vem acontecendo nas pequenas arcar com esse custo e se adaptam ao sistema.
empresas. Essas empresas reconhecem os bene- Uma dificuldade citada em várias entrevistas e
fícios, principalmente os relacionados à con- praticamente não mencionada na literatura consul-
fiabilidade das informações e adoção de um tada é a resistência dos funcionários. Isso pode
sistema único para todas as áreas. Porém, não estar associado: à falta de treinamento operacional,
mencionaram a realização de mudanças signifi- conceitual e de reciclagem, à baixa qualificação da
cativas em sua estrutura ou forma de operação. mão-de-obra desse segmento empresarial e à
Supõe-se que as empresas entrevistadas não resistência dos funcionários mais antigos.
estejam atentas à profundidade das mudanças Embora pouco mencionado nas fontes con-
que podem ser realizadas com o auxílio do ERP sultadas, as empresas devem estar atentas ao
e que este vem sendo adotado como um sistema treinamento dos usuários, pois eles serão
de informação, com algumas vantagens como o responsáveis pela entrada das informações,
fato de ser um único sistema, com módulos que sendo fundamentais para o sucesso e boa
atendem a várias áreas, em que as informações utilização do sistema. O usuário do sistema
são armazenadas em um banco de dados único precisa estar consciente da importância de
e centralizado. manter os dados corretos e atualizados e das
Há indicativos de que as empresas, ao conseqüências de seu erro. Nas empresas
deixarem de investigar os benefícios e os entrevistadas, não foi percebida preocupação
potenciais de melhoria do sistema, acabam muito grande com isso. Em geral, o treinamento
automatizando uma série de processos sem se é oferecido para um ou dois funcionários e estes
dar conta do potencial e das possibilidades de serão responsáveis pelo suporte interno e
melhoria no desempenho do sistema. treinamento dos demais.
Embora muitos autores mencionem a orien- Comparando o investimento realizado com
tação a processos, na prática, isso não foi as melhorias alcançadas, pode-se dizer que
verificado. Percebe-se que as empresas têm ainda há muito ganho a ser obtido com a adoção
dificuldades em se estruturar em torno de seus do ERP. Os benefícios poderiam ser maiores se
processos, abandonando as estruturas funcionais. fosse realizada uma análise prévia dos processos
No caso das entrevistadas, sequer foi mencionada e da forma de funcionamento atual da empresa.
294 Mendes & Escrivão Filho – Sistemas Integrados de Gestão (ERP) em Pequenas Empresas

Tabela 8 – Autores X empresas: aspectos comuns e discordantes.

Aspectos comuns Aspectos discordantes

Autores e empresas Segundo os autores Segundo as empresas


1) Base de dados única 1) Evolução do MRP II 1) Atualiza base tecnológica
2) Suporta todas as áreas da 2) Possui modelos de referência 2) Automatiza tarefas
empresa 3) Sistema genérico administrativas
3) Obtenção da informação em 4) Suporta o planejamento
Caracterização

tempo real estratégico


4) Permite a integração das 5) Ferramenta de mudança
áreas da empresa organizacional
5) Possibilita maior controle
sobre a empresa
6) Auxilia a tomada de decisão
7) Orientação a processos
8) Melhor gerenciamento da
informação

1) Adequação de funciona- 1) Análise dos processos 1) Recursos financeiros escassos


lidades 2) Gerência 2) Seleção e implantação
implantação
relevantes à

2) Etapa crítica 3) Mudança organizacional conduzidas pela área de


Aspectos

3) Fornecedor confiável 4) Profissionais com conheci- informática


mento técnico e de negócio
5) Treinamento
6) Comprometimento da alta
direção e dos usuários

1) Agilidade 1) Processos documentados 1) Redução no tempo de


2) Melhoria no controle e gestão 2) Regras de negócio definidas processamento das
da empresa 3) Redução de custos na área de informações
3) Obtenção da informação em informática 2) Adoção de um único sistema
tempo real 3) Centralização das atividades
Resultados

4) Empresa orientada a processo


4) Integração administrativas
5) Evolução tecnológica 4) Comprometimento dos
6) Base de dados única e usuários
centralizada 5) Redução de custos, pela
7) Melhora a eficiência redução de mão-de-obra
6) Melhoria no nível técnico dos
funcionários

1) Planejamento de implantação 1) Análise dos processos 1) Resistência dos funcionários


inadequado 2) Atualização constante do 2) Seleção do hardware com
2) Não comprometimento da sistema ajuda do fornecedor
alta administração
dificuldades

3) Alguns benefícios não são 3) Funcionários sem qualificação


Barreiras e

3) Equipe experiente atendidos técnica


4) Dependência do fornecedor 4) Comunicação
5) Customização cara e 5) Interface não amigável
complexa 6) Modelos de referência x
práticas específicas
7) Mudança organizacional
GESTÃO & PRODUÇÃO, v.9, n.3, p.277-296, dez. 2002 295

A “urgência” na aquisição do sistema “atro- a importância do treinamento para os


pela” um passo importante, que é a verificação da usuários: sob a ótica da área de informática,
real necessidade do mesmo, que é caro, complexo o sistema é intuitivo. Para os usuários se
e implica muitas mudanças. Talvez bastasse, por torna imprescindível o treinamento. Sua
ora, uma simples análise da situação atual. A falta ou sua realização inadequada inibe a
implantação sem a revisão dos processos traz utilização do ERP pelo usuário com menos
benefícios pequenos. Muitas vezes a solução para familiaridade com a informática e pode ser
uma empresa de pequeno porte pode estar na o grande responsável pela resistência
revisão de seus processos, sem a necessidade de observada nas empresas estudadas.
um investimento tão alto em um ERP. • Observa-se que a aquisição do ERP nas
A partir das reflexões realizadas são apre- pequenas empresas é sugerida pela área de
sentadas as seguintes considerações sobre a informática para solucionar as dificul-
adoção de ERPs por pequenas empresas: dades decorrentes de vários sistemas de
• A pequena empresa reconhece os bene- informações que trabalham isoladamente.
fícios obtidos com a adoção de ERP ao A maior dificuldade reside na falta de
analisá-lo sob a perspectiva de um sistema confiabilidade nas informações armaze-
que possui uma base de dados única e nadas pelo sistema.
centralizada, o que facilita a integridade Diante das análises realizadas, observa-se que
dos dados. Porém, ela minimiza as poten- os principais fatores que induzem as pequenas
cialidades do ERP ao encará-lo como um empresas a utilizarem os sistemas ERPs podem
sistema de informação, delegando toda a ser sintetizados em: permitir que todas as áreas
responsabilidade da adoção para a área de trabalhem com um único sistema, integrado, de
informática. fácil manuseio e garantir a integridade e a
• O perfil técnico da área de informática confiabilidade nas informações armazenadas,
incorre em falhas, muitas vezes cruciais ao facilitando as atividades de controle sobre as
sucesso do ERP na empresa. Por exemplo, operações da empresa.

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THE ENTERPRISE RESOURCE PLANNING (ERP) IN SMALL


BUSINESSES: FACING THEORETICAL REFERENCES AND
THE BUSINESS WORLD

Abstract

In the last years, Enterprise Resource Planning (ERP) is being largely used by enterprises. They are
presented as “the solution” for the enterprise’s problems. They are generic systems able to integrate all
the enterprise’s informations through a single data base. The literature about this subject presents a
series of positive results and benefits a firm could obtain with the systems’ adoption. But the difficulties
the enterprises face and the deep of changes to be realized for the achievement of the benefits are not
clear to the firms, specially for the small businesses which do not have many resources to invest in
technology. This paper has the objective to describe the result of a research on the adoption of ERP, by
small business, opposing theoretical references and the enterprise practices.
Key words: Enterprise Resource Planning, small and medium enterprises, organizational change,
integration, information systems.

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