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nº 13 artigo 9
Resumo: Este trabalho apresenta uma revisão do sistema de classes de resistência para
madeiras de dicotiledôneas nativas e para as cultivadas no Brasil. Foram utilizados valores de
propriedades mecânicas de quarenta e duas espécies nativas e de reflorestamento e, por meio
de critérios estatísticos apropriados, estabeleceram-se classes de resistência para
dicotiledôneas. A partir dos resultados, foram definidas cinco classes para as dicotiledôneas.
Esses resultados se constituem em importante subsídio para a revisão da NBR 7190 - Norma
Brasileira para Cálculo e Execução de Estruturas de Madeira, principalmente no que se refere
à especificação do material para a elaboração do projeto estrutural.
Abstract: This work present a revision of the strength classes system to hardwood timbers
grown in Brazil. Values of the strength and stiffness properties of forty-two tropical and
forestation species were utilized. Adequate statistical analysis was conducted and five classes
to hardwoods were defined. These results are important subsidy to of NBR 7190 revision -
Brazilian Standard to Design and Construction of Wooden Structures, mainly for material
specification to structural design.
A especificação da madeira para o projeto estrutural foi alterada com a revisão da NBR7190 –
Projeto de Estruturas de Madeira, recomendando-se a utilização de um sistema de classes de
resistência SALES (2000)(1). A maneira anterior de especificar a madeira por meio da escolha
de espécies usuais, em muitos casos, contribuiu no sentido de tornar a madeira menos
competitiva frente a outros materiais como o aço e o concreto. Em geral, o projetista possui
dificuldade no conhecimento das espécies disponíveis no local de aplicação do projeto,
optando pela especificação de espécies de uso tradicional, as quais podem apresentar custo
elevado de aquisição devido à distância da região de extração. Além disso, é freqüente a
dúvida relativa à verificação da espécie botânica dos lotes de madeira a serem adquiridos,
possibilitando a ocorrência de erros que afetam o desempenho da estrutura de madeira.
A utilização das classes de resistência permite orientar a escolha do material para a elaboração
do projeto estrutural, de tal modo que um projeto assim especificado poderá utilizar a madeira
disponível na região de construção da estrutura, desde que os valores das propriedades
mecânicas dos lotes a serem empregados se enquadrem na classe definida no projeto. Com
isto, eliminam-se boa parte dos problemas relativos à verificação da espécie botânica do lote
de madeira adquirido, pois o enquadramento nas classes de resistência será obtido em função
dos valores das propriedades de resistência deste lote, como ocorre de modo semelhante com
outros materiais estruturais.
Utilização de uma série matemática para escolher os valores dos limites das classes. As séries
geralmente utilizadas são a aritmética e a geométrica, sendo que o limite de cada classe de
resistência é representado por um passo na série.
Nos dois procedimentos as espécies podem ser enquadradas nas classes de resistência, em
função das suas propriedades de resistência e rigidez.
COOPER (1951) apud BOOTH (1967)(4) demonstrou a validade da série geométrica para o
desenvolvimento das classes de resistência, e propôs a adoção das séries de Renard ou
“preferred number series” (série de números preferidos) visando o estabelecimento de classes
de resistência para a madeira. As séries de Renard são representadas por R5, R10, R20, R40
etc., onde o numeral indica o número de intervalos da série. Os números gerados por essa
série são calculados pela raiz quinta, décima, vigésima, quadragésima etc., respectivamente,
de 10, em função da quantidade de intervalos desejados, numa progressão geométrica. Desse
modo, para cinco intervalos, tem-se a seguinte razão:
5
10 = 1,5849
Considerando os valores aproximados, a série gerada com cinco intervalos entre zero e 10 é
representada por: (1,00; 1,60; 2,50; 4,00; 6,30; 10,00).
Os valores dos limites das classes denotados pelos números gerados na série de Renard
representam os valores do módulo de ruptura na flexão (MOR em psi). Estes valores são os
utilizados na especificação da madeira no projeto de estruturas. Os valores de MOR podem ser
estimados pelos valores do módulo de elasticidade longitudinal na flexão (MOE), obtidos a
partir dos procedimentos de classificação mecânica de peças estruturais. Outras propriedades
de resistência e rigidez podem ser incluídas no sistema de classes de resistência assim
desenvolvido, por meio da utilização de relações entre estas e o MOR. Geralmente, os
sistemas existentes utilizam as seguintes propriedades: MOR, MOE, resistência à tração
paralela às fibras, resistência à compressão paralela às fibras, resistência ao cisalhamento e
massa específica, GREEN; KRETSCHMANN (1990)(3).
No Brasil, as classes de resistência para madeira estão indicadas na NBR 7190/97 e foram
definidas a partir dos estudos desenvolvidos por SALES (1996)(2), o qual aplicou técnicas de
análise multivariada e métodos hierárquicos para a obtenção de grupos homogêneos para a
representar as classes de resistência para madeiras de coníferas e dicotiledôneas cultivadas
em nosso país. O teor considerado para a umidade de equilíbrio da madeira foi de 12%,
correspondente às condições ambientais nas quais têm-se valores médios anuais de umidade
relativa Uamb ≤ 65% e, temperatura de 20oC. A consideração desse valor do teor de umidade
de equilíbrio (U = 12%) para a madeira segue uma tendência internacional de uniformização
da normalização pertinente à madeira e estruturas de madeira. O EUROCODE 5 “Common
unified rules for timber structures”, apresentado pela COMISSION OF THE EUROPEAN
MADEIRA: arquitetura e engenharia, quadrimestral, maio a agosto, 2004, ISSN 1806-6097
COMMUNITIES)(5), utiliza essa condição para as propriedades consideradas nas classes de
resistência. Na NBR 7190/97 a especificação por meio das classes de resistência é feita a
partir da determinação da resistência característica à compressão paralela às fibras fc0k. A
utilização dessa propriedade visa permitir que a resistência da madeira seja estimada por um
ensaio destrutivo de fácil execução. Esta forma de especificação reflete o modelo de
segurança empregado na NBR 7190/97 baseado no método probabilista de estados limites.
As classes de resistência estabelecidas são C20, C30, C40 e C60, para as dicotiledôneas, as
quais estão apresentadas na tab. 1.
onde:
fc0,k - valor característico da resistência à compressão paralela às fibras
fv0,k -valor característico da resistência ao cisalhamento paralelo às fibras
Ec0,m -valor médio do módulo de elasticidade longitudinal obtido no ensaio de compressão
paralela às fibras
ρbas,m - valor médio da massa específica básica
ρap,m,12% - valor médio da massa específica aparente a 12 % de umidade
A seguir estão listados os nomes comum e científico de cada uma das quarenta e duas
espécies de dicotiledôneas estudadas. O registro dos nomes científicos foi efetuado segundo
MAINIERI (1983)(6), MAINIERI; CHIMELO (1989)(7) e JANKOWSKY (1990)(8).
HINZ (1975)(10) define a análise de agrupamento como sendo um processo de arranjar séries
de dados em grupos, de tal maneira que os dados de um grupo tenham alto grau de
homogeneidade, comparados aos dados de grupos diferentes. Segundo BUSSAB et al.
(1990)(11), a análise de agrupamento engloba uma variedade de técnicas e algoritmos cujo
objetivo é encontrar e separar objetos em grupos similares.
Nas medidas de dissimilaridade quanto maior o valor observado menos parecidos (mais
dissimilares) serão os objetos, enquanto na similaridade quanto maior o valor observado mais
parecidos são os objetos. O coeficiente de correlação é um exemplo de medida de
similaridade, enquanto a distância euclidiana é um exemplo de dissimilaridade (BUSSAB et al.,
1990)(11).
Portanto, o estabelecimento das classes de resistência foi realizado com base nos grupos
obtidos na análise de agrupamento e de acordo com os parâmetros relativos às variáveis
analisadas em cada grupo.
p
( x1 − y1 ) 2 + ( x 2 − y 2 ) 2 +...+( x p − y p )
2
d( x, y) = ∑ (x i − y i )
2
=
i =1 (1)
onde:
x1 y1
x2 y2
x= : y= :
: :
x y
p ,
p e p = número de variáveis
As técnicas hierárquicas são algoritmos nos quais os objetos são classificados em grupos em
diferentes etapas, de modo hierárquico, produzindo uma árvore de classificação, CORMACK
(1971) apud BUSSAB et al. (1990)(11).
Na aplicação das técnicas hierárquicas aglomerativas, por meio de fusões sucessivas dos “n”
objetos, vão sendo obtidos n-1, n-2 etc. grupos, até reunir todos os objetos num único grupo.
O método hierárquico centróide, MHC, é uma técnica hierárquica aglomerativa que possibilita
produzir grupos homogêneos com grande diferenciação entre os grupos. Em função disso e a
partir de investigações preliminares com outras técnicas aglomerativas, o MHC foi adotado
para o processamento dos dados da presente pesquisa.
No MHC a distância entre os grupos é definida pela distância entre os seus centros, sendo que
cada junção efetuada diminui uma dimensão da matriz de distâncias, até reunir todos os pontos
em um único grupo.
O procedimento ‘CLUSTER’ do programa SAS (SAS, 1990)(12), fornece uma tabela na qual é
apresentada em cada etapa a formação dos grupos e os respectivos níveis de dissimilaridade
em que eles são formados.
1.2
1.0
Nível de similaridade
0.8
0.6
Classe 2 Classe 5
0.4
Classe 1 Classe 3
Classe 4
0.2
0.0
GR15 GR17 GR21 GR27 GR12 GR14 GR28 GR20 GR25 GR16 GR22 GR13
Grupos
Classe
fc0,k fv0,k Ec0,m ρbas,m ρap,m,12%
(MPa) (MPa) (MPa) (kg/m3) (kg/m3)
Esta nova proposição para as classes de resistência para as dicotiledôneas permite uma
melhor distribuição das espécies estudadas, conforme poderá ser observado no próximo item.
Nesta nova proposta, as 18 espécies estudadas que poderiam ser especificadas como sendo
pertencentes à classe C40 podem com a nova proposta possuir a seguinte distribuição:
nove espécies na classe C40;
nove espécies na classe C50.
Figura 2 – Distribuição das quarenta e duas espécies estudadas segundo o sistema de classes
de resistência para dicotiledôneas (NBR7190/97)
Figura 3 – Distribuição das quarenta e duas espécies estudadas segundo o novo sistema de
classes de resistência para dicotiledôneas (acrescentado C50)
6. Considerações finais
7. Agradecimentos
8. Referências bibliográficas
(1) SALES, A. (2000). Classes de Resistência para Madeira. Revista Madeira: arquitetura e
engenharia, v.1, n.1, p. 25-30.
(2) SALES, A. (1996). Proposição de classes de resistência para madeira. São Paulo. 223p.
Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Universidade de São
Paulo.
(3) GREEN, D.W.; KRETSCHMANN, D.E. (1990). Stress class systems: an idea whose time
has come? US Department of Agriculture. Forest Services. Forest Products Laboratory.
Research Paper, n.FPL-RP-500, p.1-22.
(4) BOOTH, L.G. (1967). The application of preferred numbers to the determination of basic
stresses, grades and sizes of structural lumber. In: ANNUAL MEETING OF INTERNATIONAL
UNION OF FORESTY RESEARCH ORGANIZATIONS, Munich, 1967. Anais. v.1, 16p.
(7) MAINIERI C.; CHIMELO, J.P. (1989). Fichas de características das madeiras brasileiras.
2.ed. São Paulo, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.
(9) JOHNSON, R. A.; WICHERN, D. W. (1988). Applied multivariate statistical analysis. 2.ed.
Englewood Cliffs, New Jersey, Prentice Hall. p.341-79, 543-81.
(10) HINZ, P.N. (1975). A method of cluster analisys and some applications. In: EK, A.P.;
BALSINGER, J.W.; PRAMNITZ, L.C., eds. Forest modeling and inventary. Madison, Society of
American Foresters. p.111-22.
(11) BUSSAB, W.O.; MIAZAKI, E.S.; ANDRADE, D.F. (1990). Introdução à análise de
agrupamentos. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA, 9., São
Paulo, 1990. Anais. São Paulo, Associação Brasileira de Estatística, ABE. v.1, p.1-20, 42-57.
(12) SAS (1990). System analysis statistical: user’s guide, version 6. 4.ed. Cary, NC, USA, SAS
Institute.
(13) Associação Brasileira de Normas Técnicas (1997). NBR 7190 – Projeto de estruturas de
madeira. São Paulo. 107p.