Sei sulla pagina 1di 31

1

Índice
12 22
Romeu e Julieta do
15 Doenças Tropicais
Atualmente há uma
Sertão Conhecendo o cenário preocupação no que
Inocência e a prosa ro- O Livro Inocência se passa concerne a proliferação
mântica regionalista na região Centro-oeste, no de doenças, e no livro,
Mato Grosso do Sul Inocência tem Malária. 24
Papilio Innocentia
Quando Meyer en-
contra a sua valiosa
borboleta, ele faz
referência direta ao
11 sistema de taxonomia
Vozes Verbais de Lineu.
A aplicação das vozes
verbais na poesia

25
A Culinária do
Mato Grosso do
Sul
10 Durante o curso do li-
vro, são mencionados
A tendência romântica
alguns pratos típicos
e as iguras de lingua- da região.
gem
A preferência do roman-
tismo por redondilhas e a
subjetividade. 26
A Evolução dos
Meios de Trans-
portes
A história dos trans-
portes
8
A inluência
dos preceitos
sociais
O comportamento
dos personagens 4
pode ser explicado O Romantismo e o 28
a partir das teorias regionalismo Pausa para o Cinema
da ilosoia racio- A obra de Taunay, Inocên- A obra de Taunay adapta-
nalista de Rous- cia, representa muitas das da para as telas.
seau. características do movi-
mento artístico literário
romântico no Brasil.
2
Editorial
Revista Anjos de Candura
Ao se pesquisar a palavra “candura” no Google, apa- Esta edição da revista Anjos de Candura é parte
rece a seguinte deinição: integrante do trabalho escrito do projeto Das Cara-
“s.f. Característica do que é cândido (muito branco). velas às Favelas do grupo Prosa Regional do 2° ano
Figurado. Qualidade do que é puro; característica de A de 2016.
quem é inocente; inocência.” Grupo:
Essa última palavra chama atenção não só por ser ape- Aimi Bianca
a nas delicada, sutil e pura, mas também por ser nome Ana Luíza Cavalcanti
de uma personagem importante na prosa regional. Ana Paola Dias
a Ao ler o livro, confesso que achava óbvio o pai ter Ananda Carvalho
z colocado esse como nome da ilha, ainal, Inocência Camila Torres
o era sim uma menina de alma limpa e fazia jus ao seu Fernanda Guedes
a nome. Mas como o pai sabia que essas seriam as ca- Gabriela Alcantara
. racterísticas da ilha antes mesmo da menina crescer Isabela Rayer
e desenvolver sua personalidade? Luíza Santana
É simples, Inocência não de todo pura e meiga, mas Paulo Victor Veloz
seu pai queria que assim fosse. Tudo que a menina Renata Costa
precisava era de algo que despertasse dentro dela co- Reportagens: Aimi Bianca / Ana Luíza Cavalcanti /
ragem para enfrentar qualquer coisa apenas por amor. Ana Paola Dias / Ananda Carvalo
Carvalho/ Camila Torres /
Amor esse que era puro e sincero, pois vinha de uma Fernanda Guedes / Isabela Rayer / Luíza Santana /
jovem garota sem maldade em seu coração. Paulo Victor Veloz/ Renata Costa
Ao inal da obra, se descobre que a pureza de Ino- Capa: Ana Paola Dias
cência não era a pureza que seu pai desejava, não era Diagramação: Renata Costa
somente obedecê-lo e se guardar, mas era, sobretudo
lutar pelo seu amor por Cirino, que ela acreditava ser
sincero e eterno. E é aí que se encontrava sua inocên-
cia. Que logo, não pode ser confundida com ingenui-
dade, pois o amor entre os dois (sem contar com os
exageros românticos) era recíproco.
Por isso, nessa primeira edição da revista, gostaría-
mos de deixar claro que o título é em homenagem
à “Inocência coitadinha... Cujo seu gentil corpo fora
entregue a terra, no imerso sertão de Sant’ Ana do Pa-
ranaíba, para aí dormir o sono da eternidade.”

3
O Romantismo e o regionalismo
A obra de Taunay, Inocência, representa muitas das característi-
cas do movimento artístico literário romântico no Brasil.
Por Ananda Carvalho, Fernanda Guedes, Ana Luíza Cavalcanti,
Renata Costa

Passado o movimento árcade, no inal do século nacionalidade foram


XVIII, um novo ideal começa a surgir na literatura, a Inconidência Mi-
mas ele não vem acompanhado de seu tom clássico e neira, em 1789. Essa
é voltado para a burguesia. Com seus traços religio- revolta foi uma rea-
sos, seu amor pátrio, seus dramas da vida e ideiais da ção do povo brasi-
morte, eis que surge o Romantismo. leiro contra a opres-
Como os demais movimentos, o Romantismo surgiu são dos portugueses.
na Europa, e só chegou ao Brasil em 1836, com a Mas resultou apenas
publicação de Suspiros poéticos e saudades. E a par- um movimento frus-
tir de 1860, as transformações econômicas, políticas trado de indepen-
e sociais levaram a uma literatura mais próxima da dência.
realidade, reletindo o sentimento nacionalista que Porém, o grande im-
vinha sendo implantado nos brasileiros desde o co- pulso para atiçar de
meço do século. Dentre as prosas românticas, uma vez esse sentimento nos brasileiros se deu em 1808,
das que mais possuía esse sentimento nacionalista foi com a chegada da corte portuguesa no Rio de Janeiro.
a Regional, pois as histórias demonstravam a visão O Brasil caminhava então para um processo real de
que o país tinha sobre si mesmo. Além de caracterizar Independência, que aconteceu em 1822.
cada região e seus costumes, podendo assim mostrar Desde então, todo o século XIX é marcado por um
ao leitor a diversidade cultural do país. certo patriotismo. É tanto que nessa época, movimen-
Um dos livros que ressalta com clareza essa diferen- tos abolicionistas também ocorrem. O livro Inocên-
ça é Inocência, de Visconde Taunay. O autor brasilei- cia, demonstra um pouco da escravidão, já que a em-
ro utilizou suas experiências que teve viajando pelo pregada, Maria Conga, era uma escrava negra, apesar
país para escrever suas obras, reproduzindo tanto as do próprio Visconde de Taunay apresentar simpatia
características visuais como os valores sertanejos da pelas causas abolicionistas. Um ano antes da própria
época. Além disso, o choque entre as culturas e os publicação do livro, em 1871, foi aprovada a Lei do
pensamentos dos personagens é algo bastante mar- Ventre Livre que dava liberdade aos ilhos escravos
cante, conseguindo equilibrar tanto a icção e realida- que nascessem a partir de então.
de, como a linguagem culta da regional. Conclui-se então, que a literatura regional, mesmo
Mas por que essa necessidade que os autores tinham sem apoio algum dos modelos europeus, conseguiu
de ser tão patriotas? Em especial, isso ocorre prin- sozinha constituir características só suas. E fazendo
cipalmente por causa de um fato marcante que foi a com que os próprios escritores tivessem um sendo
Independência, em 1822. Mas ao se voltar na linha do mais apurado da realidade brasileira. Dando a esse
tempo histórica do Brasil, é possível perceber que até tipo de prosa uma maior autonomia cultural e conhe-
esse sentimento nacionalista surgir, houve um longo cimento sobre sua enorme diversidade regional. E
processo de mudanças. algumas dessas características da prosa regional se
No tempo colonial, por exemplo, amor à pátria bra- apresentam no livro Inocência, como a retratação do
sileira era algo praticamente não encontrado. Sendo poder paternal irrestrito; A idealização feminina (Ob-
colônia de exploração, o Brasil era composto por por- serva-se que são poucos os momentos em que o lei-
tugueses que só queriam extrair toda matéria prima e tor vê o que Inocência realmente sente por meio dos
voltar para sua terra. E logo depois por escravos ne- olhos dela, além disso, o amor dos dois é obviamente
gros que sonhavam em retornar para África, de onde baseado quase que exclusivamente na estonteante e
foram retirados a força. Os índios eram os únicos que idealizada beleza dela. ); Regionalismo e Coloquia-
lutavam pelas terras brasileiras por serem daqui. lismo, o uso de expressões regionais e coloquiais,
Os primeiros passos e que mostraram o sentimento de que aparecessem em vários momentos, mas, princi-
4
http://3.bp.blogspot.com/-KjwpXXW7nt4/Tmc_Q3CNUKI/AAAAAAAAAHE/
palmente, nas falas de Pereira; Realismo na repre- LaYu3xbQcdw/s1600/imagem-8.jpg
sentação e descrição da região, assim como os seus
costumes e o modo de pensar de quem ali morava; francesa.
Amor proibido. Quando a corte portuguesa veio para o Brasil a popu-
lação mais pobre se permitiu ter a esperança de que
A independência e o Romantismo um período mais próspero viria com eles. No entanto,
Uma das principais características do Romantismo
o que houve foi um aumento de impostos para poder
é o seu nacionalismo e a constante busca por uma
pagar as despesas da corte e uma seca que afetou a pro-
igura que represente a nação, e o motivo para esse
dução agrícola, o que incentivou vários movimentos
nacionalismo está no momento histórico em que o
de revolta. Essas revoltas no Brasil se associaram as
Romantismo ocorreu: logo após a independência
revoltas que ocorreram em Portugal, que protestavam
brasileira. 155
contra a permanência da corte no Rio de Janeiro. Então,
O processo de independência no Brasil tem início
Dom João teve que escolher entre voltar para Portugal
com a vinda do rei português para o Brasil quan-
ou icar no Brasil, e decidiu por voltar, deixando aqui
do Napoleão decretou o Bloqueio Continental. Uma
seu ilho D. Pedro.
vez que Portugal era aliado a Inglaterra, tentou con-
D. Pedro encontrou diiculdade em centralizar o poder
tornar a estipulações francesas e continuar a comer-
pois em Lisboa, as cortes tratavam cada província com
cializar com a Inglaterra. Então, Napoleão ameaçou
autonomia. Além disso, estava com problemas inan-
invadir Portugal caso eles não rompessem com a In-
ceiros, uma vez que, ao retornar a Portugal, a corte es-
glaterra, e a D.João se viu forçado a fugir de Portu-
vaziou os cofres. E então começou a pressão portugue-
gal e manter a coroa intacta.
sa para que D.Pedro voltasse para Portugal. Só que D.
Quando chegou no Brasil, em 1808, D. João estabe-
Pedro recebeu uma coletânea de assinaturas que pedia
leceu-se no Rio de Janeiro, transformando a cidade
que permanecesse, e decidiu então realizar a vontade
em sede do governo. Ele tomou várias medidas para
do povo do Rio de Janeiro, num episódio que icou co-
que transformaram a situação em que o Brasil se en-
nhecido como Dia do Fico. A partir de então, ele to-
contrava e uma dela foi a abertura dos portos bra-
mou uma série de medidas que prepararam o país para
sileiros ás nações amigas, rompendo assim o pacto
o processo de independência: organizou a Marinha de
colonial. Entre outras medidas que ele tomou estão:
Guerra, escolheu um novo ministério, que era liderado
a criação do Banco do Brasil, do Jardim Botânico,
por José Bonifácio, seu principal conselheiro, convo-
da Academia Militar, da Escola de Belas Artes, da
cou uma Assembleia Constituinte, exigiu que todas as
Biblioteca real, e foram convidados vários artistas
medidas que fossem determinadas em Portugal deve-
para virem ao Brasil e formarem a missão artística

5
riam ter a sua aprovação ou não entrariam em vigor Monárquico. O clero também entrou em conlito com
e realizou várias viagens para acalmar os ânimos da a Monarquia, alegando que deveriam obediência ao
população. papa e não ao imperador. Além disso, a força ganha
Ao mesmo tempo, se espalhou a ideia em Portugal pelo movimento abolicionista exerceu pressão sobre
de tentar rebaixar o Brasil a sua condição original de o governo. Então, no dia 15 de novembro de 1889,
colônia. Foi enviada uma carta a D.Pedro que ele re- houve um golpe militar pelo marechal Deodoro da
cebeu em uma viagem que fazia de Santos para São Fonseca que tirou D.Pedro II do poder e proclamou
Paulo. Nessa carta, estava sendo exigido que ele vol- a república.
tasse para Portugal e estava anulando a Assembleia Também há a transição da mão de obra escrava para
Constituinte que ele tinha convocado. Foi nesse dia, a mão de obra assalariada. Em 1871, um ano antes da
7 de setembro de 1822, que ele proclamou a indepen- publicação do livro, foi aprovada a Lei do Ventre Li-
dência e teria dito aquele famoso grito ‘Independên- vre, que concedia a liberdade aos ilhos de escravos. E
cia ou Morte!” em 1888 houve a abolição. Embora Taunay não faça
Após a independência, D. Pedro I foi coroado impe- nenhuma menção direta ao movimento abolicionista
rador do Brasil e a independência foi reconhecida por ou mostre pontos de vista abolicionistas no livro ele
Portugal, depois de terem exigido uma indenização. fez uma representação da situação dos escravos na so-
Da Monarquia para a República ciedade brasileira de 1860 por meio da retratação de
Embora a independência tenha sido o evento que Maria Conga e Tico, ambos escravos de Pereira.
marcou o início do Romantismo e a procura de uma O Visconde de Taunay, além de ter tido carreira mi-
identidade nacional esteja presente no livro Inocên- litar teve carreira política , chegando a ser nomeado
cia, o livro em si é mais inluenciado pelo contexto presidente da província de Santa Catarina, mas saiu
histórico da época em que foi escrito. Ainal, existe da política por não aceitar a queda do Político Con-
uma grande distância entre o início do Romantismo, servador.
com o indianismo e o
seu inal, no qual pre-
dominava a poesia
condoreira.
O livro foi publicado
em 1872, e se passa
no ano de 1860 para
1861, e, na segunda
metade do séc. XIX,
ocorreram várias mu-
danças na política e
na sociedade brasi-
leira. A começar pela
transição da monar-
quia para o regime
republicano. Uma
série de aconteci-
mentos enfraqueceu
o império e causou
a proclamação da re-
pública. Um desses
fatores foi a guerra
do Paraguai, na qual
lutou o próprio autor do livro, que mobilizou vários A arte no Romantismo
brasileiros que no im dela não receberam aquilo que O Movimento Romântico na arte teve origem na
o governo lhes tinha prometido, o que levou os mi- Europa e tinha as seguintes características: o indi-
litares a concluir que não tinham o apoio da Monar- vidualismo, a liberdade de expressão, interesse pela
quia, e isso aliado com alguns incidentes que icaram natureza humana, retratação do bom selvagem (inlu-
conhecidos com Questão Militar teve como consequ- ência dos pensamentos de Rousseau), representação
ência o distanciamento entre o Exército e o Regime de paisagens e da natureza com idelidade, denúncia

6
social, atração pelo trágico, fuga do academi-
cismo, patriotismo. O Romantismo que chegou
no Brasil a partir da segunda metade do século
XIX não era exatamente um romantismo ‘puro’
e se misturou com as características da arte ne-
oclássica, que é a que tinha sido introduzida
com a missão artística francesa. Os temas da
pintura romântica no Brasil eram principal-
mente temas nacionalistas, obras que eram in-
centivadas por Dom Pedro II, por isso houve
a retratação de eventos históricos, da natureza
brasileira, de iguras populares e do indianis- enciclopedia.itaucultural.org.br Cercanias de Laranjeiras (1817-8), de homas
mo de forma a fortalecer a buscar de uma identidade Ender
nacional. Como foi mencionado antes, essas pinturas A obra acima é de homas Ender, que veio ao Brasil
não seguiam completamente os padrões românticos em 1817, pela Expedição Cientíica de História Natu-
europeus, pois tinham inluências de outros movi- ral que acompanhava a comitiva austríaca em razão
mentos artísticos, principalmente do neoclassicismo. do casamento da arquiduquesa Leopoldina. As ima-
gens retratadas por ele eram em sua maioria paisa-
A tela Independência ou Morte do artistaBrasileiro
italiano Pe- gens feitas durante sua viagem país.
dro Américo retrata de forma romântica o sentimento Outro artista europeu que retrata bem as paisagens
nacionalista que se intensiicou com a independência. das prosas regionais e Frans Post. Apesar de ter feito
É uma tela enorme, que mostra Dom Pedro I esrguen- essas pinturas do século XVII, elas se aplicam bem ao
do a espada ao declarar a independência do Brasil. romantismo, por apresentarem paisagens bem elabo-
radas.

Rio São
Francisco
(1647), de
Frans Post.

Dom Pedro montasse um burrico em vez de um


corcel, e o próprio grito ‘Independência ou mor-
te’ em si provavelmente nunca ocorreu do modo
como é romantizado.A obra de Pedro Américo
apresenta o enorme patriotismo, que é uma ca-
racterística romântica, e apresenta as seguintes
características neoclássicas: a pintura é didática,
é uma narrativa que conta a história da inde-
pendência do país, há exatidão nos contornos,
harmonia do colorido, o realismo e também a
Só que essa pintura foi feita muitos anos depois da composição equilibrada e simétrica. Sendo que
independência, o que explica as várias liberdades o realismo se apresenta na forma como as iguras
que o artista teve ao retratar tal cena. A começar pela são representadas e não na idelidade da retrata-
quantidade de guardas, que nunca poderia ser tão ção histórica, até porque, como foi mencionado
grande, além disso, a casa no canto da pintura só foi anteriormente, a tela foi pintada anos depois da
construída anos depois da independência. Conside- independência e foram tomadas várias liberda-
rando o trajeto que percorria, era mais provável que des.

7
A inluência dos preceitos sociais
O comportamento dos personagens pode ser explicado a partir
das teorias da ilosoia racionalista de Rousseau.
Por Paulo Victor Veloz, Camila Torres, Aimi Bianca, Renata Costa

“– Agora, prosseguiu Pereira com certo vexame, que Uma das características do romantis-
eu tudo lhe disse, peço-lhe uma coisa: veja só a do- mo está na inluencia que sofreu dos
ente e não olhe para Nocência... falei assim a mecê, ilósofos racionalistas e um dos ilóso-
porque era de minha obrigação... Homem nenhum, fos que teve grande inluência sobre o
sem ser muito chegado a este seu criado, pisou nunca romantismo foi Jean Jacques Rousse-
no quarto de minha ilha... Eu lhe juro... Só em casos au. A ilosoia de Rousseau tem uma
destes, de extrema percisão... teoria conhecida como o ‘Mito do
– Sr. Pereira, replicou Cirino com calma, lá lhe disseBom Selvagem’ que diz que o homem
e torno-lhe a dizer que, como médico, estou há muito em seu estado primitivo, natural, é um
tempo acostumado a lidar com famílias e a respeitá- homem bom, generoso, mas que é a
-las. É este meu dever, e até hoje, graças a Deus, a sociedade em que vive que o transfor-
minha fama é boa... Quanto às mulheres, não tenho ma e corrompe. De acordo com Rou-
as suas opiniões, nem as acho razoáveis nem de jus- sseau isso tem início com o advento
tiça. Entretanto, é inútil discutirmos porque sei que da propriedade privada, que inicia a
isso são prevenções vindas de longe, e quem torto Desigualdade entre os homens. Pois
nasce, tarde ou nunca se endireita... O Sr. falou-me essa desigualdade dá origem a uma
com toda a franqueza, e também com franqueza lhe sociedade desigual que dá origem a
quero responder. No meu parecer, as mulheres são tão preceitos que tentam manter essa desi-
boas como nós, se não melhores: não há, pois, motivo gualdade. Para ele, o modo do homem
para tanto desconiar delas e ter os homens em tão retornar a sua bondade inicial é por
boa conta... Enim, essas suas ideias podem quadrar- meio do contrato social pelo qual os
-lhe à vontade, e é costume meu antigo a ninguém governantes se comprometem a gover-
contrariar, para viver bem com todos e deles merecer nar visando o interesse do povo.
o tratamento que julgo ter direito a receber. Cuide E como essa ilosoia se associa à obra
cada qual de si, olhe Deus para todos nós, e ninguém de Taunay? Não por meio do Contrato
queira arvorar-se em palmatória do mundo. Social, mas sim, por meio do ‘Mito do
Tal proissão de fé, expedida em tom dogmático e su- Bom Selvagem’ e a sua teoria de que
perior, pareceu impressionar agradavelmente a Pe- é a sociedade que determina muito da-
reira, que fora aplaudindo com expressivo movimen- quilo no qual os homens acreditam, o
to de cabeça a sensatez dos conceitos e a luência da que se pode perceber pelo comporta-
frase.” mento de Pereira durante o curso do li-
Jean Jacqu
vro. Como icou bastante explícito pelo ponto de vista
de Pereira e pelos relatos de Cirino, a sociedade que
vive na cidade é muito díspar da que vive no interior,
“Essa opinião injuriosa sobre as mulheres é, em ge- sendo que essa última era incrivelmente tradicional.
ral, corrente nos nossos sertões e traz como consequ- Para essa sociedade, a igura patriarcal era a que ti-
ência imediata e prática, além da rigorosa clausura nha a maior importância dentro das casas, sendo que
em que são mantidas, não só o casamento conven- determinavam o futuro dos ilhos sem e nenhum mo-
cionado entre parentes muito chegados para ilhos mento perguntar qual a inclinação pessoal dele. Isso
de menor idade, mas sobretudo os numerosos crimes pode ser observado na postura do pai e do tio de Ci-
cometidos, mal se suspeita possibilidade de qualquer rino que tomaram várias decisões por ele, mas, mes-
intriga amorosa entre pessoa da família e algum es- mo assim, Cirino teve certa liberdade e, depois que
tranho.” atingiu a maioridade, conseguiu ainda mais liberdade.
E esse controle era ainda mais restrito no que con-
cerce as mulheres, que deveriam ser completamente

8
ser completamente pura, por isso a
distanciou o máximo que pôde dos
homens, tanto que, o único motivo
para ter permitido que se encon-
trasse com Cirino foi o que ele era
médico. Então, quando Inocência
contrariou o pai, a reação imediata
dele foi cheia de repressão e vio-
lência, mas não porque ele não a
amava ou até mesmo porque ele
acreditava que ela era ingrata e es-
tava errada, mas porque ele achava
que ela era ingrata, e estava errada
a partir dos conceitos que a socie-
dade impregnou em sua mente. O
que agravou a situação foi o fato
de ela ter mentido e o desobedeci-
do em público, o que também era
considerado algo que as mulheres
não poderiam fazer.
Dessa forma, Pereira tinha todos
esses conceitos e preconceitos não
porque fazem parte de sua nature-
za, mas porque se tornaram parte
de sua natureza conforme ele foi
criado pela sociedade. Muitos des-
ses preceitos também estavam im-
pregnados na mente de Inocência,
mas o amor que ela sentia era tão
forte que ela os ignorou.
O que ajuda a evidenciar que to-
dos esses valores são resultados
do meio social interiorano e não da
natureza dos personagens é o pon-
to de vista do próprio Cirino. Ele
conhece e respeita aquilo que foi
determinado por essa sociedade,
mas ele não foi criado nessa socie-
dade, então esses não são os pre-
ues Rousseau, https://resenhasdeilosoia.iles.wordpress.com/2013/03/rousseau.jpg
ceitos que ele segue. Na verdade, ele tem ideias com-
submissas e nunca protestar ou mesmo comentar so- pletamente diferentes e, como sabe que a sociedade
bre as decisões do pai, acatando qualquer casamento interiorana é muito conservadora e preconceituosa,
que ele decidir e, posteriormente, aceitando qualquer logo no começo do livro se pode perceber o cuida-
coisa que o marido escolhido pelo pai determinas- do que ele tem com as suas palavras, principalmente
se. E foi isso que ocorreu com Pereira e Inocência, depois de ouvir a opinião que Pereira tem sobre as
eles estavam inseridos nessa sociedade tradicional, e, mulheres.
como foi criado com esses valores, se acreditava no E, quando chega um estrangeiro, Meyer, que desco-
direito, e, de certa forma até no dever, de arranjar um nhece os códigos dessa sociedade, ele fala o que lhe
casamento bom para a ilha (Um casamento que ele é natural a partir da sociedade em foi criado. E isso
considerasse bom, a opinião dela nunca foi consulta- gera receio e é um dos fatores que causou a descon-
da). E foi isso que o motivou a oferecer a mão dela iança de Pereira em Meyer.
à Manecão. Isso também se relete no modo como
ele cuidava da ilha: ele acreditava que ela teria que

9
A tendência romântica e as iguras de
linguagem
Uma das características da poesia romântica é a
Paixão proibida preferência por versos escritos com a métrica re-
Assim como as borboletas, gular das redondilhas, tanto as redondilhas me-
nores, com versos pentassílabos, quanto as re-
Inocência queria ser; dondilhas maiores, com versos heptassílabos.
Outra característica do Romantismo é o
E de ideias absolutas, seu sentimentalismo e a sua subjetivida-
Ela não queria saber; de, o que explica a ampla utilização de recur-
sos como iguras de linguagem em seus textos.
Quis fugir das sombras pretas, Comparação: “Assim como as borboletas, Inocência
queria ser” Uma comparação ocorre quando se cria
E quis mudar sua conduta. um elo de semelhança ou diferença entre as caracte-
rísticas de dois elementos por meio de um elemen-
to comparativo expresso. E isso ocorre nesse texto,
Se apaixonou de repente cria-se uma semelhança entre as características das
borboletas e de Inocência, ainal, não é que Inocência
Pelo seu próprio doutor, queria literalmente se tornar uma borboleta, o que ela
Mas não estava contente: queria era ter a liberdade que a borboleta tem de ir
e vir, e, como essa semelhança se deu por meio do
A dúvida trouxe dor. comparativo ‘como’, é uma comparação explícita.
Metáfora: “Quis fugir das sombras pretas” “E sem
Mesmo assim seguiu em frente chão então icou” A metáfora se associa com o uso
Se encontrando com o amor. de uma palavra fora de seu sentido usual, e isso ocor-
re pois a metáfora é uma comparação entre elemen-
tos, só que, no entanto, essa comparação ocorre de
forma implícita, sem o uso de comparativos. Por
Quis fugir ou convencer exemplo, em ‘quis fugir das sombras pretas’, não
Mas de nada adiantou é que realmente havia sombras a perseguindo, mas
que a situação em que se encontrava era um dile-
Seu amor deixou de viver ma para ela, e, por isso, ela queria escapar dele. E,
E sem chão então icou em ‘e sem chão icou’ não signiica que o chão dei-
xou de existir, mas que ela perdeu aquilo em que
Só lhe restava morrer se apoiava, que era Cirino, o homem que amava.
Eufemismo: “Seu amor deixou de viver” “E a vida
E a vida abandonou. abandonou” Eufemismo ocorre quando existe uma si-
tuação que é considerada desagradável, que, se dita de
forma explícita parece algo muito chocante, então se
expressa essa situação por meio do uso de palavras ou
expressões com signiicado mais suave, como forma
de atenuar a informação. Por exemplo, tanto em, “seu
amor deixou de viver”, como em “e a vida abando-
nou”, está se falando da mesma situação, a morte, mas,
está se referindo a morte de um modo mais indireto.

10
Vozes Verbais

As vozes verbais se relacionam a um aspecto princi-


pal da informação contida nas orações: quem realiza
Tragédia amorosa
a ação? No caso da voz ativa, quem realiza a ação
verbal é o sujeito, que nesse tipo de voz se classiica
como sujeito agente. Um exemplo de voz ativa é “E, Inocência, menina bela,
agora, dessa terra ele partira”, onde a ação de partir
é realizada pelo sujeito ‘ele’. A voz relexiva implica
Mesmo fraca, tinha o encanta-
em uma ação que é ao mesmo tempo sofrida e realiza- do,
da pelo mesmo sujeito, por exemplo, “Eles se encon-
traram nos laranjais”. Nessa oração há reciprocidade Pediu que fosse sua donzela
pois ‘eles se encontraram’ implica que um encontrou
o outro, o que classiica essa voz como relexiva. E
Pois tinha se apaixonado
existe uma última voz, a voz passiva, na qual o sujeito Perdidamente por aquela
recebe a ação verbal, sendo classiicado como sujeito
paciente. Existem dois tipos de voz passiva: a analíti- Que tinha curado.
ca e a sintética. A voz passiva analítica é formada por
meio da seguinte estrutura: sujeito paciente + locução
verbal + agente da passiva, sendo esse último aquele Eles se encontraram nos laran-
que realiza a ação que atinge o sujeito, mas não que
não tem que necessariamente aparecer na oração. A jais
voz ativa pode ser convertida em voz passiva seguin-
do esse modelo, contanto que o verbo seja transitivo
Declarou-se o amor
direto. Exemplo de voz passiva analítica “ Mas foram Mas foram pensamentos irreais
descobertos”, onde o sujeito paciente é desinencial,
pois embora não apareça na oração já foi mencionado Pois ele era apenas o curador
anteriormente no texto, e observa-se que o sujeito não
descobriu algo, ou seja não realizou a ação, mas foi
Juraram serem sempre leais
descoberto, ou seja, sofreu a ação verbal. Observa-se Mas foram descobertos
também a ausência do agente da passiva pois este não
é uma estrutura obrigatória. A voz passiva sintética
segue uma estrutura diferente: é formada pelo ver-
bo transitivo na terceira pessoa (singular ou plural,
E, agora, dessa terra ele partira.
pois concorda com o sujeito) acrescido do pronome Você, aqui, foi tudo que aspi-
apassivador se e do sujeito paciente; Nessa estrutura
não há agente da passiva. Um exemplo de voz passi- rou;
va sintética é “Declarou-se o amor”, que se classiica
como voz passiva pois o amor não declarou a si mes-
Tenha a certeza de que ele ten-
mo, mas foi declarado por alguém, sendo que esse tara:
alguém não é mencionado. Em alguns casos, o uso da
voz passiva se relaciona justamente com a ocultação Ficar junto a ti foi com o que
ou o desconhecimento de quem realizou a ação.
ele mais sonhou,
Mas caiu quando Manecão en-
frentara,
E teu nome foi a última coisa
que ele suspirou.
11
Romeu e Julieta do Sertão comentários, que apesar de sem segundas intenções,
deixaram Pereira muito desconiado. Ele, como típico
Inocência e a prosa romântica regionalista homem sertanejo, icou dividido, por um lado, ele ti-
O romance se passa em 1860, em meio a um sertão nha a ilha noiva cuja honra tinha que proteger, ainal,
mato-grossense com ideias e pensamentos ainda prometeu-a em casamento a Manecão, por outro, ele
conservadores. Tem como protagonistas uma doce tinha dado sua palavra que iria tratar bem o alemão.
menina de 18 anos chamada Inocência e um jovem Seu descontentamento aumentou quando Meyer en-
farmacêutico que se intitula médico e está viajan- controu uma nova espécie de borboleta e a nomeou
do pelo sertão em busca de pacientes que se chama Papilio inoccentia, em homenagem a beleza de Ino-
Cirino. Por Ananda Carvalho, Luiza Santana, Renata Costa cência.
O Enredo Preso nessa situação, tudo que fez foi torcer para que
Inocência não só é a obra prima de Taunay, Meyer fosse embora logo. Ele fez de Cirino seu coni-
dente, contando para ele seu dilema, e procurando au-
como do Romance Regionalista em si. O li- xilio, sem perceber que, na realidade, era Cirino que
vro se organiza em tinha interesse em Inocência.
30 capítulos e um Toda a desconiança de Pereira
epílogo para Meyer, permitiu que Ciri-
O livro retrata uma his- no e Inocência se aproximas-
toria de amor proibido sem quase que despercebidos:
entre Cirino e Inocên- a única pessoa que percebeu
cia. Cirino é um far- essa aproximação foi Tico,
macêutico, que viaja um anão que trabalhava para
se intitulando médico Pereira mas que quase não fa-
ambulante. Inocência é lava.
uma moça do interior, Quando Meyer foi embora e,
ilha de Pereira, que é com a ameaça da chegada de
paciente de Cirino. O Manecão a qualquer instante,
pai de Inocência, Pe- a situação icou ameaçadora
reira, é dono de uma em um nível crítico para os
fazenda no interior de dois amantes. Eles pensaram
Santana do Paranaíba, em fugir, mas Inocência não
ele é muito conserva- podia suportar a vergonha des-
dor, e extremamente sa opção, então Cirino foi atrás
protetor da ilha, cuja do padrinho de Inocência, que
mão ele prometeu a poderia intervir pelos dois.
Manecão. Enquanto Cirino esperava a
Inocência estava do- resposta desse padrinho, Ma-
ente, com sezões, e https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6d/Capa_Original_de_ necão chegou a fazenda, já
por isso, Pereira foi até Inoc%C3%AAncia_de_Taunay.jpg com os preparativos do casó-
a cidade para comprar rio prontos, e foi atrás da noi-
o medicamento do qual ela necessitava, mas não o en- va. Inocência declarou que não queria ter nada com
controu. Durante o caminho de volta para casa, ele se ele e que preferia morrer antes de se casarem. Pereira
encontrou com Cirino e, o convidou para se hospedar icou furioso com isso, e assumiu que fosse culpa de
em sua casa. Cirino aceita o convite e, quando chega Meyer, então Tico contou que na verdade, quem ama-
lá, é convidado a tratar da moça: ao ver Inocência, ele va Inocência era Cirino.
se encanta. Manecão, furioso, vai atrás de Cirino. Quando eles
Também chegam na propriedade um cientista alemão, se encontram, brigam, e Manecão mata Cirino, o ca-
o Meyer, e seu assistente, José (Juque). Meyer apre- pítulo acaba quando o padrinho de Inocência vem e o
senta para Pereira um carta de recomendação de um enterra.
irmão que ele não vê há muito tempo e, por isso, Pe- No epílogo do livro, mostra-se um evento cientíico
reira dá sua palavra de tratar Meyer como se fosse o no qual Meyer está mostrando sua descoberta. Esse
próprio irmão. Quando Meyer vê Inocência, ele ica evento ocorreu dois anos depois da morte de Inocên-
estonteado por sua beleza e, começa a fazer vários cia, que provavelmente ocorreu devido a seu desespe-
ro mediante a morte de Cirino
12
O trágico romance mostra os choques de culturas mostra que o seu emocional supera o seu lado racio-
entre os personagens como Pereira e Cirino, que nal, já que em meio a paixão, nem sequer pensou nas
vinha de cidade grande e também entre Meyer, que consequências que essa aventura amorosa poderiam
tinha uma mentalidade europeia, e retrata também o lhe causar.
papel da mulher na sociedade da época. Sendo uma Meyer:Ironicamente o personagem mais inocente,
espécie de Romeu e Julieta do sertão, Inocência, de até mais que a própria Inocência, pois não vê malícia
Visconde de Taunay, faz o leitor realmente sentir o alguma em seus elogios, homenagens e presentes, o
poder de uma paixão impossível. que ocorre também por vir de uma terra com valo-
res sociais diferentes, onde mulheres não precisam
Análise crítica sobre os principais icar tão “escondidas”, e, também devido à barreira
personagens da língua, pois, apesar de falar um ótimo português
Pereira: Durante toda a obra, o pai de Inocência se considerando que é estrangeiro, há algumas palavras
mostra altamente e expressões que
conservador e isso lhe faltam e ele não
se da principal- pode perceber o que
mente por causa do os outros pretendiam
meio onde está inse- expressar de forma
rido, numa socieda- subliminar.
de patriarcal, onde
o homem é o único
Análise da
que tem vez. obra
Inocência: No co- O romance regiona-
meço ela é retratada lista surgiu com o
apenas como fraca intuito de apresentar
e ingênua, típica novos cenários e re-
moça de interior. alidades, explorando
Mas ao passo que a as várias regiões do
prosa se desenrola, país como um modo
e principalmente ao de valorizar o nacio-
ser pressionada a se nalismo e apresentar
casar com Manecão, o Brasil aos brasilei-
mostra levemente ros. Esses romances
alguns pontos de exaltam essas regi-
sua personalidade, ões, mostrando a di-
recusando o noiva- versidade existente
do e enfrentando no país. Eles retratam
seu pai. O que mos- o sertanejo como um
tra que tudo que fal- herói nacional, para
tou para menina era o qual o mais impor-
apenas um pouco de tante é a sua honra,
autonomia, liberda- assumindo assim, um
de e motivação para papel equivalente ao
tomar suas próprias http://editoramelhoramentos.com.br/v2/wp-content/uploads/2013/01/Inocencia_capa- do índio na prosa in-
decisões e não viver -e1357159024870.jpg dianista. No roman-
a sombra de seu pai ce regionalista há
como foi imposto a ela. essa variedade de cenários conforme as regiões, as-
Cirino: O jovem que sempre se portou tão bem em sim como a retratação do modo de vida predominante
outras casas se vê em um conlito interno ao perce- nesses cenários, mas os enredos, de forma geral, são
ber estar apaixonado por Inocência, ainda mais com inluenciados pela Europa.
os avisos do que era até então seu amigo, Pereira. A obra de Taunay, Inocência, também é conhecida
Além disso, existe toda uma pressão social sobre por ser considerada a obra-prima da prosa regional, e
os dois, pois, embora não sendo da região em si, apresenta muitas características dessa prosa para ser
ele conhece os seus costumes e preconceitos. Mas vista como tal. A começar por uma das mais marcan-

13
tes que é a sua idelidade em sua rica descrição da caravelas a religião católica. Religião essa que se
região, o que se deve ao fato de Taunay ter viajado manteve forte no país por muito tempo e que até hoje
e conhecido essa região antes de escrever sobre ela, é marcante.
além disso, ele apresenta em seu texto muitos regio- No livro, as evidências dessa religião são várias,
nalismos e coloquialismos que estão presentes prin- além das constantes exclamações de “Meu Deus!” e
cipalmente nas falas de Pereira Outra característica citações de santas, a necessidade da presença de um
é a representação iel dos valores da sociedade da padre no casamento retratam elementos presentes no
época, que está presente principalmente na retratação catolicismo.
do poder paternal irrestrito, que é o que acontecia en- Outro momento importante do livro que deixa claro
tre Pereira e Inocência. Também havia a idealização os valores católicos na vida dos personagens, é no i-
feminina, com uma descrição deslumbrante de Ino- nal da história quando Cirino está prestes a morrer e
cência mesmo quando ela estava doente, além disso, diz perdoar Manecão por ser um bom cristão.
o leitor conhece mais sobre os sentimentos de Ciri- Apesar de não estar explícito na obra, outra religião
no do que sobre os de Inocência, já que quase tudo que possivelmente deveria ser de um dos persona-
ocorre na perspectiva dele, o que tem como efeito a gens é o Candomblé, trazido por escravos africanos
impressão que Inocência é inalcançável. Isso é claro, ao Brasil durante o período colonial. Isso signiica
sem levar em conta outra característica dessa obra, que Maria Conga, a escrava negra da história prova-
ela faz um paralelo à Romeu e Julieta, representan- velmente cultuava deuses e orixás que representam a
do um amor adolescente intenso e súbito, mas que é força da natureza.
proibido, só que os amantes preferem morrer a icar
separados, o que era frequente no romantismo. Além
disso, se analisado por uma perspectiva atual pode-se
dizer que era também um amor supericial, basica-
mente baseado na estonteante beleza de Inocência,
já que, foram poucos os momentos em que um parou
para realmente conhecer o outro.

A religiosidade presente nos personagens


O livro mostra como a religiosidade na vida das pes-
soas da época era algo que estava bastante presente.
Devido à inluência de Portugal, desde o descobri-
mento, os europeus trouxeram para o país em suas
https://faciletrando.iles.wordpress.com/2014/08/inocc3aancia.jpg

Alfredo d’Escragnolle Taunay, mais conhecido como Visconde de Tau-


nay, era ilho de Félix Emile Taunay que era ilho do pintor Nicolas
Antoine Taunay que veio para o Brasil na Missão artística Francesa.
Taunay seguiu carreira militar e lutou durante a guerra do Paraguai. Ele
foi motivado a ingressar nessa carreira devido a possibilidade que tinha
http://quemdisse.com.br/autores/viscondedetaunay.jpg
de viajar e conhecer o país. Ele viajou muito e foi em suas viagens que
visitou o Mato Grosso, onde ele recolheu as informações que precisava
para escrever seu romance. O relexo dessas viagens é uma riquíssima descrição que imerge o leitor no
cenário do livro. Além disso, ele deinitivamente conheceu e absorveu os valores e a cultura da socieda-
de do interior do Centro-Oeste.
Uma característica marcante dele é que já percebia, séculos atrás, um problema muitíssimo atual: o
desmatamento, ele protestava contra a destruição das matas do Rio de Janeiro. Matas que faziam parte
do bioma da Mata Atlântica. Matas que praticamente não existem mais.

14
Conhecendo o cenário
Por Renata Costa, Ana Paola, Ananda Carvalho
O Livro Inocência se passa na região Centro- Sul. Localizam-se no norte do estado, próximos á
-oeste, no Mato Grosso do Sul Fronteira com Goiás e Minas Gerais.

“Corta extensa e quase despovoada zona da parte


sul-oriental da vastíssima província de Mato Grosso
a estrada que da Vila de Sant’Ana do Paranaíba vai
ter ao sítio abandonado de Camapuã. Desde aquela
povoação, assente próximo ao vértice do ângulo que
coninam os territórios de São Paulo, Minas Gerais,
Goiás e Mato Grosso até o rio Sucuriú, aluente do
majestoso Paraná”
Uma das principais características da prosa regional
é a descrição e a valorização da região, e, na obra de
Taunay, esse aspecto em especíico é muito bem re-
presentado, o que se deve principalmente ao fato de
que ele realmente viajou e conheceu os cenários que
descreveu. Graças a isso, o livro tem uma abundância
de detalhes incrível, sendo que o primeiro capítulo do
livro se resume basicamente á descrição do cenário.
E qual era esse cenário? A obra prima da prosa regio-
nalista se ambienta no sertão de Santana do Parana-
íba, região que hoje corresponde aos municípios de
Paranaíba e Inocência (Coincidência? Provavelmente
não. Antes de ser um município reconhecido, Inocên-
cia era um distrito de Paranaíba), no Mato Grosso do Município de Paraníba, no Mato Grosso do Sul https://upload.wikimedia.org/
wikipedia/commons/thumb/4/40/MatoGrossodoSul_Municip_Paranaiba.
svg/280px-MatoGrossodoSul_Municip_Paranaiba.svg.png

O Relevo

“Cresce-lhe o orgulho na razão da extensão e im-


portância das viagens empreendidas; e seu maior
gosto cifra-se em enumerar as correntes caudais
que transpôs, os ribeirões que batizou, as serras que
transmontou e os pantanais que afoitamente cortou,
quando não levou dias e dias a rodeá-los com rara
paciência.”
Com uma variedade de formas, o relevo predominan-
te na região, de acordo com a classiicação do geógra-
fo Jurandyr Ross, são os planaltos. Essa classiicação
foi feita com auxílio do Projeto RadamBrasil, cujos
critérios utilizados foram altimetria, a gênese e a es-
trutura geológica. Essa região em especíico corres-
ponde ao número três dessa classiicação: os planal-
tos e chapadas da bacia do Paraná, e foram formados
por meio da ação dos agentes externos sobre a bacia
sedimentar do Paraná. Essa bacia antiga foi formada
principalmente durante o período paleozoico e os pe- Relevo do Brasil por Jurandyr Ross. http://3.bp.blogspot.com/-d4Szz-
mMzZe4/TcbjWVnHdWI/AAAAAAAAAxg/seDBrRQJUxQ/s1600/
ríodos subsequentes. Mapa+de+Relevo+Jurandyr+Ross.jpg

15
Mapa Climas do Brasil. tp://geotp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/mapas_murais/clima.pdf

O Clima
“É cair, porém, daí a dias copiosa
chuva, e parece que uma varinha
de fada andou por aqueles som-
brios recantos a traçar às pressas
jardins encantados e nunca vistos.
Entra tudo num trabalho íntimo de
espantosa atividade. Transborda a
vida.”
“Se falham essas chuvas viviica-
doras, então, por muitos e muitos
meses, aí icam aquelas campinas,
devastadas pelo fogo, lugubre-
mente iluminadas por avermelha-
dos clarões, sem uma sombra, um
sorriso, uma esperança de vida,
com todas as suas opulências e
verdejantes pimpolhos ocultos,
como que raladas de dor e mudo
desespero por não poderem osten- o dia todo.
tar as riquezas e galas encerradas no ubertoso seio.” O ciclo de chuvas do clima Tropical Semiúmido é
O clima predominante na região norte do Mato Gros- determinado pela ação das massas de ar que, por sua
so do Sul é o Tropical Continental ou Semiúmido, que vez, são determinadas pelas estações do ano. Isso
se caracteriza por ser quente, praticamente durante ocorre por que temperatura é inluenciada pela la-
todo o ano, por ter um grande amplitude térmica a titude e a pressão é inluenciada pela temperatura.
cada dia que é deinida pelo efeito continentalidade, No inverno, a Massa Polar Atlântica ganha força:
e por ter duas estações bem deinidas, uma seca, de com temperaturas mis baixas, o ar ica mais denso,
abril a setembro, e uma chuvosa, de outubro a março. o que aumenta sua pressão. Essa é a massa que atua
A temperatura dessa região é deinida a partir de sua na região durante a estação seca, mas como pode
latitude, que é baixa, o que signiica que tem incidên- uma Massa Úmida, formada no oceano, ser o fator
cia de raios solares durante todo o ano. Essa incidên- determinante da seca? Isso se deve ao relevo, pois
cia se propaga por meio de radiação, que é a propa- conforme a massa adentra o continente, ela se depa-
gação de energia por meio de ondas eletromagnéticas ra com o relevo mais alto, o que causa chuvas na re-
e pode inclusive se propagar no vácuo. A latitude é gião sul do país, onde ica concentrada a maior parte
um fator determinante do clima, pois a terra tem um dessa umidade. Quando essa massa chega na região
eixo de rotação inclinado em aproximadamente 23,5° centro-oeste, ela está praticamente seca e permane-
e esse eixo, durante o movimento de translação não ce densa, assim, sua alta pressão impede a ação de
permanece na mesma posição, mas realiza um mo- massas de ar quente, que são menos densas, e por
vimento semelhante ao de um peão, o que dá origem isso tem menor pressão.
ás estações do ano. Assim, cada região tem uma ca- No verão, quando as temperaturas aumentam, o ar
racterística climática diferente a partir da latitude: ica menos denso, o que diminui a pressão e faz com
no Equador e nas regiões de baixa latitude, como é o que a Massa Polar Atlântica perca força, recuando.
caso da região abordada, há incidência do sol o ano O que permite que a Massa Equatorial Continental
todo, essas regiões são conhecidas como tropicais. e a Massa Tropical Atlântica atuem sobre a região:
As regiões de médias latitudes tem um clima conhe- essas massas se encontram e formam a Zona de
cido como temperado, onde, devido a sua distância Convergência do Atlântico Sul, o que determina a
do Equador, existem 4 estações bem deinidas. E nas estação chuvosa.
Altas Latitudes, o clima é polar, sendo que, devido Dessa forma, tanto a variação de temperatura, as es-
á inclinação do eixo, podem ocorrer fenômenos nos tações e a atuação das massas de ar se relaciona com
quais essas regiões passam meses completamente o ângulo de inclinação do planeta, o que se relacio-
sem a luz do sol, ou meses em que o sol está no céu na com a trigonometria.
16
O círculo tri-
gonométrico
A inlência da radiação
solar está diretamente re-
lacionada com o grau de
inclinação do eixo terres-
tre. Em baixas latitudes, as
temperaturas são altas pois ponto, o valor da tangente equivale a zero.
os raios atingem a terra de forma vertical, e os ângu- A cossecante é o inverso do seno, dessa forma, tam-
los vão diminuindo conforme se distancia do Equa- bém está no eixo y, com a diferença de que só pode
dor, ou seja, conforme a latitude. Dessa forma, isso ter valores maiores que 1 ou menores que -1. A se-
explica por que a região onde se passa a história tem cante é o inverso do cosseno, por isso está no eixo x,
clima tropical. podendo assumir valores acima de 1 ou abaixo de -1.
O círculo trigonométrico é uma circunferência com A cotangente é o inverso da tangente, o que signiica
centro na origem do plano cartesiano, ou seja, nos que é razão do cosseno sobre o seno. Também é uma
pontos 0 horizontal e 0 vertical e que tem raio com reta exterior ao círculo e que pode assumir quaisquer
valor equivalente a uma unidade. Por meio dele, po- valores, mas é uma reta horizontal cuja intersecção
dem ser estudadas várias propriedades trigonométri- com o círculo ocorre no ponto 1 do eixo y, onde as-
cas. sume valor 0.
Essas razões trigonométricas são: seno, cosseno, tan- No círculo, pode-se analisar ângulos tanto em graus
gente, secante, cossecante e cotangente. O seno re- quanto em radianos, só é preciso se lembrar da pro-
presenta a relação, a partir de um triângulo retângu- porção que pi radianoss equivale a 180°. O círculo tri-
lo, da razão do cateto oposto sobre a hipotenusa. No gonométrico se divide em quadrantes: o 1º quadrante
círculo trigonométrico, ele corresponde ao eixo y, ou compreende os ângulos entre 0° e 90°; o 2° quadran-
seja, vertical, e tem assume valores entre 1 e -1, não te, os ângulos entre 90° e 180°; o 3° quadrante, entre
existindo valores para ele acima disso. O cosseno re- 180° e 270°; e o 4º quadrante, entre 270° e 360°.
presenta a relação de cateto adjacente sobre a hipote- Um conceito importante que se relaciona ao ciclo tri-
nusa, dessa forma, ele corresponde ao eixo x do eixo gonométrico é o de simetria, pois cada ângulo em um
trigonométrico, assumindo valores entre 1 e -1. determinado quadrante tem ângulos que são simétri-
Existem duas relações entre seno e cosseno, uma de- cos a ele nos outros quadrantes, e a importância disso
las é a relação fundamental da trigonometria, que diz está em que os ângulos simétricos tem valores iguais
que a soma do seno ao quadrado com o cosseno ao para as razões trigonométricas, só variando o sinal de-
quadrado sempre tem de ser igual a 1. A outra rela- pendendo do quadrante.
ção é a relação de tangente, que é igual á razão do No 1º quadrante, todas as razões trigonométricas são
seno sobre o cosseno. A tangente é uma reta vertical positivas; No 2º quadrante, seno e cossecante são po-
exterior ao círculo trigonométrico, dessa forma, pode sitivas, e cosseno, secante, tangente e cotangente são
assumir quaisquer valores. Embora seja exterior ao negativas; No 3° quadrante seno, cosseno, secante e
circula, a tangente tem uma intersecção com ele no cossecante são negativas e tangente e cotangente são
ponto 1 do eixo x do círculo trigonométrico, nesse positivas; E, no 4º quadrante cosseno e secante são
positivas e seno,
cossecante, tan-
gente e cotangen-
te são negativas.
Círculo: http://www.es-
tudopratico.com.br/wp-
-content/uploads/2014/08/
circulo-trigonometrico.png
Latitude: http://www.avon-
trail.ca/images/Latitude-
Globe.jpg
Angulos: http://isica.ufpr.
br/grimm/aposmeteo/cap2/
Image193.jpg
18
A Vegetação a distribuição de água forçando as plantas a se adap-
tarem, apresentando raízes profundas que permitem
que maior absorção de água por cobrirem uma maior
“Ora é a perspectiva dos cerrados, não desses cerra-
área. Além disso, muitas dessas plantas apresentam
dos de arbustos raquíticos, enfezados e retorcidos de
galhos tortuosos.
São Paulo e Minas Gerais, mas de garbosas e eleva-
O solo do cerrado é ácido e pobre em nutrientes . Esse
das árvores que, se bem não tomem, todas, o corpo
solo é um latossolo, que tem sua característica colo-
de que são capazes à beira das águas correntes ou re-
ração avermelhada devido a sua riqueza em dióxido
gadas pelas linfas dos córregos, contudo ensombram
de ferro, é rico também em trióxido de ferro, e em
com folhuda rama o terreno que lhes ica em derredor
óxido de alumínio. Sendo esse último tóxico para as
e mostram na casca lisa a força da seiva que as ali-
plantas, o que as força a se adaptarem.
menta; ora são compôs a perder de vista, cobertos de
É importante ressaltar que o cerrado apresenta uma
macega alta e alourada, ou de viridente de mimosa
enorme variedade de itoisionomias, e essa variedade
grama, toda salpicada de silvestres lores; ora suces-
se relaciona com as condições do relevo, de água, e
sões de luxuriantes capões, tão regulares e simétricos
do solo. Por exemplo, em locais onde o relevo é re-
em sua disposição que surpreendem e embelezam os
lativamente alto, a água tende a se concentrar muito
olhos; ora, enim, charnecas meio apauladas, meio
abaixo da superfície, assim as plantas características
secas, onde nasce o altivo buriti e o gravatá entrança
costumam ter pequeno porte, mas apresentar raízes
o seu tapume espinhoso.”
muito profundas. Já em locais onde o relevo é mais
baixo, a água está mais próxima da superfície, o que
“Nesses campos, tão diversos pela matiz das cores, o
caracteriza árvores de maior porte, mas com raízes
capim crescido e ressecado pelo ardor do Sol trans-
pouco profundas. Dessa forma, existem várias forma-
forma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra
ções que se caracterizam como cerrado, que podem
o incêndio que algum tropeiro, por mero desenfado,
variar entre formações campestres, savanas ou lores-
ateia com uma faúlha do seu isqueiro.”
tas. Taunay descreveu algumas dessa itoisionomias
como se pode perceber pela análise de seus escritos.
A vegetação predominante na área onde se passa a
Outra característica do Cerrado esta na ocorrência de
história é o Cerrado. Essa vegetação se caracteriza
incêndios naturais, que ocorrem principalmente du-
por ter uma riquíssima biodiversidade. Muitas das es-
rante a seca. A importância do fogo para o Cerrado
pécies são tropóilas ou caducifólias, ou seja, estão
está na reprodução de algumas espécies, cujas semen-
adaptadas ao clima e, durante a estação seca, perdem
tes só germinam depois de terem sido submetidas a
folhas para tentar evitar a evapotranspiração, uma vez
temperaturas altíssimas. O fogo também se relaciona
que muitas das folhas são latifoliadas. Essas espécies
á dispersão das sementes, ao queimar a palha seca que
são incrivelmente adaptadas ás condições climáticas,
se acumula no solo, ele facilita a ação do vento que
elas apresentam resinas, como cera, ou pelos nas fo-
espalha essas sementes.
lhas e troncos de casca grossa para impedir a perda de
água. A profundidade dos lençóis freáticos inluencia
19
A atualidade e os
riscos
Atualmente, o principal risco que
o Cerrado corre é o desmatamen-
to, tanto o seu próprio quanto o de
outras regiões. As principais causas
para o desmatamento no Cerrado são
a agricultura e a pecuária, que come-
tem arboricídio de extensas áreas
de terra para cultivo e pasto. Sendo
que isso faz com que essas regiões
percam parte da capacidade de ab-
sorver água, o que diminui o volu-
me dos aquíferos, e além disso, ao
retirar a cobertura, desprotegem o
solo de forma que facilitam a erosão
e também tiram tantos nutrientes de
forma tão rápida e indevida que in-
fertilizam o solo, inutilizando-o. O
que leva a outro problema, pois de-
pois que se extrai o máximo possível
de uma área, abandona-se a mesma
e desmata-se outra, transformando
o desmatamento em ciclo vicioso e
prejudicial.
E, tendo em vista a recente criação
do MATOPIBA, cujo objetivo é am-
blema local pois afeta diretamente quem mora nesses
pliar as áreas de monocultura em alguns estados cuja
regiões, é nacional pois a água que vem do Cerrado
vegetação é o cerrado, não só negligenciando o am-
atinge todo o país e, além disso, um desequilíbrio cli-
biente e as nascentes dos rios, como também a reali-
mático no Cerrado também causaria um desequilíbrio
dade de quem mora nessas regiões, já que a monocul-
no resto do país, e afeta bastante a economia, ainal, o
tura visa o interesse somente nos latifundiários. Além
clima afeta diretamente a agricultura: grande parte da
disso, a plantação de um único gênero tende a levar a
economia brasileira se baseia na agricultura. E, além
um escoamento de nutrientes do mais abrupto.
disso, é global, pois o processo de desertiicação do
O Cerrado é absurdamente ameaçado pelo desmata-
Cerrado e da Amazônia causa um aumento no aque-
mento da Amazônia, o que ocorre devido ao fenôme-
cimento global, e isso sem contar as enormes perdas
no dos rios voadores, que são uma espécie de cursos
de biodiversidade.
d’água atmosféricos. Eles são formados por meio da
Outro risco para o Cerrado está no El Niño, um fenô-
evapotranspiração da Floresta Amazônica e levam a
meno climático que ocorre naturalmente no Oceano
umidade para outras regiões do país, inluenciando
Pacíico, mas que tem se acentuado nos últimos anos.
diretamente no regime de chuvas. No entanto, o des-
O que ocorre normalmente é que os ventos se movi-
matamento constante, que é agravado pela falta de is-
mentam de leste para oeste, ou seja, da América para
calização adequada, está levando ao enfraquecimento
o Pacíico para Ásia/Austrália, e normalmente, mo-
dos Rios Voadores. E, uma das principais áreas que
vem a água com eles, levando água em temperaturas
depende dessa umidade é justamente a área do Cer-
mais quentes para o oeste, o que causa a ‘subida’ da
rado, em outras palavras, o mais provável é que, sem
água fria no leste. No entanto, de tempos em tempos e
essa umidade, inicie-se e consolide-se o surgimento
de forma imprevisível ocorre o fenômeno do El Niño,
de um deserto na área.
no qual a água quente em vez de ir para o oeste, se
Ressaltando que o Cerrado é o ‘berço das águas’ do
concentra no leste, ou seja, no continente Americano,
Brasil, e o problema do desmatamento tanto do Cerra-
e a umidade que vem com a água causa um desequi-
do quanto da Amazônia é um problema local, nacional
líbrio nas chuvas, fazendo com que elas sejam mui-
e global, e os efeitos já podem ser sentidos. É um pro-
20
to intensas e levando a catástrofes como enchentes e tropicais como Dengue e Malária.
deslizamentos. As imagens acima representam o que
acontece com o clima; A primeira imagem retrata as
condições e o ciclo normal dos ventos, e, a segunda
imagem retrata o fenômen El Niño. (Imagens extraídas de:
https://www.youtube.com/watch?v=WPA-KpldDVc)Assim, o au-
mento da intensidade do El Niño tem afetado o Cer-
rado, levando ao aumento das chuvas. Além disso, o
aumento da umidade leva a proliferação de doenças

21
em regiões endêmicas de média ou alta temperatura e
Doenças Tropicais Por Ana Paola elevado índice de umidade.
Atualmente há uma preocupação no que con- Regiões como a Amazônia, estado que mais sofreu
cerne a proliferação de doenças, e no livro, com a epidemia tendo maior diiculdade para comba-
ter a doença devido a diversos fatores como a baixa
Inocência tem Malária.
densidade demográica, dispersão populacional e difí-
“Estou com uma menina
cil acesso em várias localida-
doente de maleitas, minha
des. Outros estados próximos
ilha, e por essa causa ti-
como Pará, Acre, Maranhão,
nha ido a Sant’Ana buscar
Mato Grosso, etc.
quina do comércio; mas
As formas de se prevenir é
lá não havia da maldita
evitar áreas propensas a con-
e voltava bem agoniado.
taminação, usar roupas que
Ora...
protejam pernas e braços,
– Trago, interrompeu o
cobrindo grande parte do
outro, muito remédio nas
corpo e de cores claras para
minhas malas. Para se-
que seja possível identiicar
zões[55], tenho uma com-
o mosquito se aproximando,
posição infalível...”
usar repelente e fazer uso de mosquiteiros. Para impe-
A localização geográica, que foi responsável pelo
dir que se prolifere de modo coletivo é recomendável
clima tropical e eventos climáticos como fenômeno
manter as áreas mais limpas, como aterros, fazer con-
ENSO, inluente na umidade, trouxeram ao Brasil um
trole da vegetação aquática e melhoramento de mora-
ambiente perfeito para a proliferação de doenças tro-
dias e condições de trabalho, fazendo uso racional da
picais, a como a malária, dengue, zika, febre amarela,
terra. Caso seja contaminado, o tratamento deve ser
etc.
instituído rapidamente a base de medicamentos.
Atualmente o país está sofrendo diversas doenças
Na obra Inocência é possível perceber a proliferação
transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, que se ori-
de doenças, devido ao modo realista como Taunay re-
ginou na África chegando a América do Sul, por volta
tratou essas situações.
século XVI e XIX junto com os navios negreiros, que
Uma das partes mais importante do enredo do livro foi
não trouxeram apenas escravos como muitos mosqui-
que Inocência estava doente, com sezões, que é uma
tos que carregavam em si doenças. Doenças, como
palavra usada regionalmente para designar a malária.
Malária e Leishmaniose, que promoveram a morte de
Como ela estava doente, seu pai viajou para a cidade
incontáveis índios que, na época, não tinha sistema
para conseguir os medicamentos, mas não os encon-
imunológico preparado para combate-las.
trou, e, foi na volta dessa viagem que ele encontrou
A Malária, por exemplo, um dos principais parasito-
Cirino, que se dizia médico e foi cuidar da menina.
ses tropicais, o protozoário Plasmodium, possuindo 4
Além do fato de a protagonista ter tido Malária, apa-
tipos, sendo os dois mais marcantes:
receram no decorrer da história outros personagens
- Plasmodium falciparum, predominante na África,
que vieram buscar o auxílio médico de Cirino. Sen-
causando malária maligna e atingindo milhares de
do que um deles tinha Lepra, uma doença que não
crianças áfricas. O mais difícil de combater.
só prejudicou sua saúde, como também o prejudicou
- Plasmodium Vivax, parasita que causa a malária be-
socialmente, ainal, aqueles com essa doença eram
nigna, e podendo ser encontrado no Brasil.
marginalizados pela sociedade. A Lepra é uma doença
Podendo apresentar em sua vítima, sintomas como:
causada pela bactéria Mycobacterium leprae. A pala-
febre, tontura, calafrios, fraquesa,
z vômitos, taquicar-
vra “Lepra” é uma doença que afeta principalmente a
dia, dores de cabeça e musculares. Caso seja uma in-
pele, e o termo pode ser encontrado na Bíblia, onde
fecção do tipo falciparum, pode também apresentar
descrevia doença do tipo hanseníase (doenças derma-
desmaio, delírios, inchaço, sonolência ou excitação,
toses antigas), e o fato de estar associada a ideia de
convulsões, desorientação, urina escura, e tem 10%
impureza, carregava consigo o sentido de pejorativo,
de chance de desenvolver malária cerebral, responsá-
cujo convívio é maléico ou extremamente desagra-
vel pela maioria dos casos letais da doença.
dável. A sociedade da época tinha tanto preconceito
A Malária encontrada no Plasmodium é transmitida
com as pessoas que sofriam de tal doença, por causa
através de um parasita, ou seja, a picada de um mos-
da imagem que as afecções na pele e aspecto desagra-
quito fêmea do gênero Anopheles contaminado ou
dável, que a excluíam de tal modo que as faziam temer
que passa a contaminar depois de picar um indivíduo
a si mesmas.
contaminado. Que atua durante a noite e se concentra
22
23
Papilio innocentia o modelo de nomenclatura cientíica que foi estabe-
lecido por Lineu, um sistema que, aliás é seguido até
Quando Meyer encontra a sua valiosa borbo-
hoje.
leta, ele faz referência direta ao sistema de ta- De acordo com esse sistema, o nome da espécie é
xonomia de Lineu. Por Renata Costa sempre escrito em latim e é duplo, ou seja, é forma-
do por duas palavras, além disso, é escrito de forma
destacada, ou em itálico, ou sublinhado. A primeira
“Este inseto, prelecionou ele como se o ouvissem dois dessas palavras sempre tem a inicial maiúscula: é o
proissionais na matéria, pertence à falange das He- epíteto genérico, que designa o gênero ao qual a es-
licônias. Denominei-a logo, Papilio innocentia, em pécie pertence e, nesse caso, é o gênero Papilio. A se-
honra à ilha do Sr. Pereira, de quem tenho recebido gunda palavra sempre é escrita minúscula: é o epiteto
tão bom tratamento. Tributo todo o respeito ao gran- especíico, que designa a espécie, mas que só tem sig-
de sábio Linneu – e Meyer levou a mão ao chápeu niicado completa quando em conjunto com o epíteto
– mas a sua classiicação já está um pouco velha. A genérico, no caso da espécie de borboleta, o epíteto
classe é, pois, Diurna; a falange, Helicônia; o gênero especíico é innocentia.
Papilio e a espécie, Innocentia, espécie minha e cuja
glória ninguém mais me pode tirar... Daqui vou, hoje
mesmo, oiciar ao secretário perpétuo da Sociedade
Entomológica de Magdeburgo, participando-lhe fato
tão importante para mim e para a sábia Germânia.”
Um dos principais motivos para a desconiança de Pe-
reira foi o fato de que, quando Meyer descobriu uma
nova espécie de borboleta, ele resolveu nomeá-la em
homenagem à ilha de seus anitrião, Inocência, cuja
beleza fora do comum haverá de fasciná-lo. O nome
que Meyer deu à borboleta, Papilio innocentia, segue

http://recreio.uol.com.br/noticias/zoo/o-mundo-das-borboletas.phtml#.VvU7hXrfVZ

24
Por Camila Torres e Ana Paola
A Culinária do Mato Grosso do Sul excesso pode provocar obesidade. O Manganês, tam-
bém encontrado em ambas é absorvido no intestino
Durante o curso do livro, são mencionados al-
delgado, acabando a maior parte no fígado, de onde
guns pratos típicos da região. se dirige para as diferentes partes do corpo. O exces-
Os índios foram os primeiros habitantes da região, so de manganês acumulado no fígado e no sistema
onde suas fontes de alimentos eram à base de carnes nervoso central provoca sintomas do tipo “Parkin-
de caça, peixes e frutas nativas. Com a chegada dos son” (doença degenerativa), por esses e outros efeitos
espanhóis e posteriormente dos portugueses, eles co- prejudiciais é que o manganês é considerado tóxico e
meçaram a possuir alguns hábitos diferentes, e que está na lista dos metais pesados. Mas por outro lado a
uma parte ainda é presente na atualidade. Ao chega- deiciência de manganês causa perda de peso, além de
rem no Brasil, não se encontravam muitos alimentos afetar a capacidade reprodutiva, a função pancreática
que eles eram acostumados em ter no seu país, surgin- e o metabolismo de carboidratos. O consumo ideal é
do então a necessidade de um “improviso” nas ques- de 1mg a 5mg por dia, através de alimentos.
tões alimentícias. O principal alimento que os coloni-
zadores trouxeram foi a farinha de mandioca.
Receita de carne seca com mandioca (https://www.comi-
daereceitas.com.br/carnes/carne-seca-com-mandioca.html)
O estado do Mato Grosso do Sul é relativamente
novo, pois até o ano de 1979 ele fazia parte do ter-
ritório do Mato Grosso. Após a separação uma boa
parte da cultura presente no Mato Grosso se man-
teve, inclusive a culinária. Os pescados são muito
presentes assim como a carne vermelha.
A maioria das comidas típicas do Mato Grosso do
Sul é a mandioca, peixes, carnes como capivara,
jacaré, entre outas, churrasco com mandioca e vá-
rios outros. Além de todos esses salgados, possuem
http://pizzariaspeed.com.br/wp-content/uploads/2013/07/carne_seca_mandioca-
também doces típicos desse estado como a rapadu- -500x200.jpg
ra, doces de goiaba, caju, carambola, doce de leite…
Alguns desses alimentos são multiplamente men-
Ingredientes
cionados no decorrer da história do livro Inocência,
• 1 kg de carne seca cortada em cubos
como a mandioca e a rapadura.
• 1 kg de mandioca descascada em pedaços
Apesar de essas comidas serem bastante comum no
• 2 colheres (sopa) de manteiga
dia a dia dos sul-mato-grossenses, elas podem trazer
• 2 cebolas grandes fatiadas
tanto benefícios quanto malefícios. Além da cana, a
• 2 dentes de alho picados
mandioca é uma rica fonte de hidrato de carbono, ela
• Sal, pimenta do reino e cheiro verde picado a
é também uma excelente fonte de Carboidratos, Vita-
gosto
mina B9, Vitamina C, Magnésio e Manganês, previne
Modo de preparo
doenças cardíacas, retarda o envelhecimento, prote-
Deixe a carne seca de molho na água na geladeira por
ção antioxidante entre outros, porém, ela não pode
24 horas, trocando a água 3 vezes.Escorra e coloque
ser consumida cru, pois possui quantidades tóxicas de
na panela de pressão com a mandioca. Cubra com
glicósiodeos cianogénicos podendo causar distúrbios
água e leve ao fogo médio, por 20 minutos, após co-
gastrintestinais, neurológicos e respiratórios.
meçar a chiar. Retire a pressão, abra a panela, escorra
A rapadura também contém vitaminas essenciais que
a água e reserve 1 xícara de chá da água do cozimen-
complementam a alimentação diária. Rica em vitami-
to.Aqueça uma panela grande, em fogo médio, com a
nas como A, B, C, D e E, e sais minerais como fer-
manteiga e refogue a cebola e o alho por 10 minutos.
ro, cálcio, fósforo, potássio, magnésio e manganês.
Acrescente a mandioca, a carne seca desiada e a água
O ferro contido na rapadura previne a anemia, mas
do cozimento reservada.Tempere com sal, pimenta e
também é um alimento com valor calórico bastante
cozinhe por 15 minutos em fogo baixo ou até o cal-
alto: 100 g fornecem entre 400 e 500 calorias. Se for
do engrossar e a mandioca e a carne icarem macias.
consumido com grande frequência e quantidade, pode
Transira para um, prato, polvilhe com o cheiro verde
aumentar a incidência de cáries e diabetes entre ou-
e sirva.
tros problemas.
Rendimento:6 porções
Como ambos os alimentos são muito calóricos, seu
consumo deve ser moderado. Principalmente a man-
dioca que é rica em carboidrato e o seu consumo em
25
https://carrosantigos.iles.wordpress.com/2008/07/ford_t_1924.jpg
Por Paulo Victor Veloz, Aimi Bianca, Isabela Rayer,Ananda Carvalho

A Evolução dos Meios de dições, eram sujeitos a pegarem doenças durante o


transporte, como a peste negra onde os ratos eram os
Transportes vetores, os mesmos eram cassados para a sobrevivên-
cia dos negros nas caravelas, e toneladas de mercado-
Hoje, pode-se dizer que a distância foi venci-
rias e especiarias (pimenta, gengibre, noz moscada,
da: a velocidade permitiu ao homem chegar cada vez
açafrão, cravo, canela e seda) onde eram favorecidas
mais longe em menos tempo. Desde a Invenção da
pelo clima da Ásia/Europa.
Roda, com data aproximada de sua mais antiga utili-
O conhecimento adquirido para construir um meio de
zação de 3500 a.C, pelo povo da Suméria, seu inven-
transporte aquaviário tornou possível a saída dos eu-
to proporcionou ao ser humano maior mobilidade, já
ropeus do seu continente. Esse fato deu início à des-
que anteriormen-
coberta de novas terras como a América. No século
te, o transporte
XIX, o trem se tornou popular e após inúmeras tenta-
era muito limi-
tivas de seu desenvolvimento: o transporte ferroviário
tado em técnicas
tornou-se popular a partir de 1830 e um dos principais
com troncos de
inventores foi George Stephenson, o criador da loco-
madeira, até os
motiva a vapor, funcionava a partir do combustível e
foguetes e ôni-
água do tênder que eram transferidos para a Fornalha
bus espaciais de
e a Caldeira. O combustível é queimado na Fornalha
hoje.
formavam gases quentes (principalmente CO2) que
Os transportes
eram arrastados através dos tubos da caldeira para a
precisaram evo-
Caixa de Fumaça, de onde eram expelidos através da
luir de acordo
chaminé. Passando pelos tubos, o calor dos gases é
com os conhe-
transferido para a água dentro da caldeira transfor-
cimentos que
mando-a em vapor, sendo acumulado no Domo de
a humanidade
Vapor, gera pressão e é transferido, quando solicitado
ia adquirindo,
-através de uma válvula e de um tubo- para as válvu-
ainal, naquela
las direcionais, e daí para os cilindros. Com o passar
época Meyer não
do tempo, as locomotivas foram aperfeiçoadas e em
conseguiria vir
1924 os seus motores a vapor, que tinham combustão
de avião e muito
externa, foram substituídos por motor diesel que tinha
menos seria ca-
combustão interna e o número de vagões aumentou,
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a2/Caravela_ paz de cruzar o
Vera_Cruz_no_rio_Tejo.jpg/220px-Caravela_Vera_Cruz_no_rio_Tejo.jpg passaram então, a serem chamadas de “trem”. No
atlântico de cavalo.
início não era um meio de transporte veloz, viajan-
O exemplo mais
do aproximadamente 45km/h. Isso tornava as viagens
extraordinário da evolução dos transportes é a Expan-
inseguras e suscetíveis a roubos. No im do século e
são Marítima, no século XV, as famosas caravelas. As
com os avanços tecnológicos, o trem foi considera-
caravelas consistiam em grandes embarcações feitas
do um dos meios mais modernos de transporte. Com
de madeira com velas triangulares que facilitavam a
a criação do motor a vapor, houve uma evolução no
entrada do vento, geralmente eram em forma de um
triângulo retângulo, e era esse vento que im- https://rodrigozeviani.iles.wordpress.com/2012/12/trem-a-vapor.jpg
pulsionava o movimento da em-
barcação. Uma curiosidade: os
barcos não velejam em linha reta,
como um veleiro não pode viajar
na direção do vento, os velejado-
res mudam de direção de forma
constante, com esses zigueza-
gues, eles mantêm as velas contra
o vento.
Os ‘’navios negreiros’’ ou ‘’na-
vios tumbeiros’’ desde o século
XV até o século XIX eram cara-
velas capazes de transportar cen-
tenas de escravos á péssimas con-
26
ambição do homem o levou ao espaço. A corrida
espacial entre EUA e URSS possibilitou a rápida
evolução dos transportes espaciais. Através de es-
paçonaves e tecnologias como propulsão, astrodinâ-
mica, dentre outras, os veículos são impulsionados
para o espaço. É um tipo de transporte que também
se desenvolveu no século XXI e tem sido um dos
objetos de estudo importantes para descobertas sur-
preendentes. Com esses meios de transporte é pos-
sível: Coletar amostras de planetas por meio da ex-
ploração, a im de encontrar respostas sobre a vida
humana e a existência de vida extraterrestre. Um
exemplo disso são as coletas e estudos que a NASA
está fazendo com o planeta Marte; Lançar satéli-
transporte marítimo com a construção de barcos mo- tes de telecomunicações (responsável pelo uso da
vidos a essa tecnologia. internet e do GPS, por exemplo); Turismo espacial,
Outro marco na evolução dos meios de trans- um tipo de turismo aberto para os indivíduos que pro-
porte foi a invenção do carro. Criado na Alemanha, curam lazer e manutenção das http://unisci24.com/317326.html
por Karl Benz, em 1886, o primeiro automóvel tinha estações espa-
três rodas e era movido à gasolina. Chamado de mo- ciais. Os fogue-
torwagen (carro motorizado), as primeiras unidades tes, naves e ôni-
foram produzidas pela empresa do inventor, a Benz bus espaciais que
& Cia., na cidade alemã de Mannheim. Com sistema desenvolveram
de arranque a manivela, este primeiro automóvel ti- não tardaram em
nha potência de 0,8cv, podendo atingir 18 km/h, foi transportar astro-
se aprimorando e durante todo século XX, não parou nautas para lua e
de ser renovado, no design, na tecnologia e na acessi- tornar uma reali-
bilidade. dade a sua saída
O avião abriu a nova fase de revolução nos constante da Ter-
transportes e sua criação é atribuída a três pessoas, os ra para pesqui-
irmãos americanos Wilbur e Orville Wright (1903) e sas. Os foguetes
Santos Dumont (1906). Com esse meio de transpor- funcionam com
te, a população não precisa mais utilizar apenas os base na terceira
navios para fazer longas viagens. O principal respon- lei de Newton:
sável por esse feito foi Santos Dumont, um brasileiro conforme o com-
que em 1906 voou sobre o céu de Paris em seu 14-bis. bustível queima,
A partir dele, novas inovações foram realizadas para a ele forma e expe-
melhoria desse meio de transporte no mundo. O mo- le gases em jato
tor dos aviões a jato funciona do seguinte modo: a para trás que pro-
ventoinha nos motores serve para a entrada de ar, esse voca a reação de impulsionar o foguete para frente.
ar é comprimido e aquecido pela queima de combus-
tível, o calor produzido pela queima faz com que o
gás expanda e,
http://mycargear.com/wp-content/uploads/Airplane-7.jpg

essa expansão faz


com que a turbina
gire e impulsione
as outras estru-
turas, e quando o
gás sai, ele forma
um jato que é o
que impulsiona o
motor.
A i n d a
no século XX, a
27
O funcionamento dos meios de transporte
Caravelas Quando a embarcação vai na direção do vento, ela é submetida à simples pressão do vento em sua
vela. Diante a essa pressão, a caravela consegue ir para frente. Mas ao navegar contra o vento, a vela
é exposta a um conjunto mais complexo de forças. Quando o ar em movimento passa por trás do lado
côncavo da vela, sua velocidade diminui; e quando passa pela parte dianteira, o ar flui mais
rapidamente. Isso origina uma zona de alta pressão atrás da vela e uma zona de baixa pressão a sua
frente. A diferença de pressão entre os dois lados cria uma força para frente, em ângulo com o vento.
O veleiro ainda se submete a uma força lateral devido à resistência da água. A composição das duas
forças cria a força resultante na direção do movimento. Para velejar contra o vento é preciso exercer a
chamada navegação à bolina ou cochado e é feita mantendo a embarcação sempre cerca de 45 graus
em relação ao vento contrário. É importante lembrar que um barco não avança em linha reta para o
meio do vento, ele tem que ir ziguezagueando em uma série de movimentos curtos e angulares. Para
aumentar ao máximo a velocidade, o navegador procura ajustar as posições da vela. Quando muda de
posição, a vela oscila na transversal, panejando por um momento ao ficar de face para o vento. O
barco diminui a velocidade nessa chamada zona morta, até ser de novo colhido pelo vento, no lado
oposto.
Trem Motores a vapor eram usados para fornecer energia dos trens. Para que ocorresse esse movimento
uma locomotiva a vapor precisava de fogo queimando em uma fornalha, que é rodeada por uma
câmara cheia de água. Tubos partindo da fornalha para a câmara de água transportavam os gases
quentes necessários para aquecê-la. Quando a água da locomotiva fervia, ela produzia vapor que
subia para o topo da câmara e era recolhido num compartimento. A partir daí, o vapor passava através
de uma série de tubos para os cilindros do motor, e a sua quantidade era regulada enquanto passava
para as válvulas do motor. Conforme o vapor se expandia para alcançar sua pressão normal, era
também empurrado pelos pistões que se moviam para frente e para trás. Esse movimento era usado
para girar as rodas de um trem a vapor, através de uma série de barras que as conectam aos pistões.
No século XIX, foram inventadas as locomotivas a diesel e à eletricidade, que vieram com o intuito
de substituir as locomotivas a vapor. Essa nova locomotiva combinava algumas das grandes
tecnologias mecânicas, incluindo um enorme motor a diesel 2 tempos de 12 cilindros, a alguns
motores elétricos grandes e geradores. Ela foi projetada para puxar vagões de passageiros a uma
velocidade de até 177 km/h. O motor a diesel produz 3.200 cv, e o gerador pode produzir quase 4.700
ampères de corrente elétrica. Os quatro motores elétricos usam esta eletricidade para gerar 29.030 kg
de empuxo.
Carro A função principal do motor é transformar combustível em energia capaz de gerar movimento nas
rodas. E para o funcionamento desse sistema é necessário uma pequena câmara de combustão
chamada cilindro. Dentro de cada cilindro estão os pistões. A queima do combustível faz os pistões se
movimentarem, levando a energia mecânica até o sistema de transmissão, que por sua vez distribui
essa energia para as rodas. O resultado dessa reação é o movimento. A bateria também contribui para
o funcionamento, gerando uma corrente elétrica que faz o combustível explodir. Antes de chegar ao
motor, essa corrente é amplificada pela bobina e passa pelo distribuidor, que divide a corrente entre as
velas do motor. Há também dois filtros - o de óleo, que purifica o líquido lubrificante do motor, e o
de ar, que barra as impurezas do ar que o carro joga nos pistões. Por fim, o radiador usa a água do
reservatório para resfriar o motor, mantendo a temperatura controlada.
Avião Para que este meio de transporte funcione é necessário vencer a resistência do ar contra o avião ou
qualquer objeto em movimento. E para isso, os aviões usam hélices, turbinas ou foguetes para
conseguir um impulso maior que a resistência. Mas não é só isso, o próprio peso da aeronave também
tem que ser superado. Nesse caso, é preciso criar uma força mais poderosa que o peso para empurrar
o avião para cima - o empuxo. Quando a velocidade da passagem do ar por uma superfície aumenta, a
pressão diminui. Para isso servem as asas, pois o ar passa mais rápido na parte de cima e mais
devagar na parte de baixo. Essa diferença de pressão "suga" a asa para cima, gerando um empuxo
suficiente para fazer o avião levantar. No ar, pás móveis ajudam a controlar os movimentos laterais e
de subida e descida.
Foguete O termo foguete aplica-se a um motor que impulsiona um veículo expelindo gases de combustão por
queimadores situados em sua parte traseira. Os motores de foguetes vêm sendo utilizados amplamente
em voos espaciais, nos quais sua grande potência e capacidade de operar no vácuo são essenciais, mas
também podem ser empregados para movimentar mísseis, aeroplanos e automóveis.
O princípio básico para a propulsão de foguetes é a terceira lei de Newton: para cada ação há uma
reação igual e oposta. Reduzindo-se o diâmetro de saída, esse empuxo será ainda mais forte. No
foguete, quando os gases queimados escapam em um jato forte através de um bocal comprimido, o
engenho é impulsionado na direção oposta. A magnitude do empuxo depende da massa e da
velocidade dos gases expelidos.
Pausa para o Cinema Pereira.
No decorrer do drama surge um naturalista alemão
A obra de Taunay adaptada para as telas. chamado Meyer, que estava naquela região junto com
seu companheiro, Juca, em busca de insetos. Ele es-
barrou na casa de Pereira e lhe entregou a carta que o
irmão de Pereira, Francisco, havia lhe mandado. Em
retribuição Pereira ofereceu hospedagem a Meyer e a
seu companheiro.
Meyer, após ser levado por Pereira a conhecer Ino-
cência, elogia constantemente a beleza da moça, o
que causa desconiança do pai. Em uma caça inces-
sante pelos insetos, o naturalista capturou uma linda
espécie de borboleta até então desconhecida e a no-
meou em homenagem à Inocência.
Após a partida de Meyer para a cidade de Magdebur-
Por Isabela Rayer e Ana Luíza Cavalcanti go, a im de registrar a espécie capturada, aumenta-se
O ilme Inocência foi produzido no ano de 1983 pelo o medo que Inocência tinha de que seu pai descobris-
diretor Walter Lima Júnior, baseado na obra literária se o romance que mantinha com Cirino.
de Visconde de Taunay, ambos retrataram o romantis- Ao ver Manecão em sua casa, a bela moça insinuou
mo regional com o gênero dramático. ao seu pai que não queria se casar e inventou um so-
Há vários aspectos que chamam bastante atenção no nho com sua mãe, porém, este plano não teve sucesso
ilme, como as paisagens de uma região sertaneja e e fez com que seu pai começasse a culpar Meyer de
vestimentas antigas típicas. Chamou atenção também ter seduzido a moça.
as excelentes fotograias feitas por Pedro Farkas da O pai de Inocência conta sobre esse suposto romance
paisagem do ilme e a música de Wagner Tiso ‘’Luar de Inocência com Meyer para Manecão, o qual pro-
do Sertão’’. meteu matá-lo. Porém, Tico, um escravo de Inocên-
No ilme há várias cenas que abordam o casamento cia, revela que na verdade Inocência mantinha um
arranjado, ou seja, na época as mulheres não tinham romance com Cirino, o doutor, e não com Meyer.
liberdade de escolha. Manecão, após descobrir isso, é motivado pelo seu
O ilme é relatado no sertão brasileiro e conta a histó- orgulho e honra e mata Cirino. Não podendo suportar
ria de Inocência, uma bela moça que se tornou órfã de a morte de seu amado, Inocência se suicida.
mãe em seu nascimento.
Inocência foi criada por seu pai, Martinho Pereira,
e estava su-
bordinada a se
casar, contra
sua vontade,
com Manecão,
um fazendei-
ro rico, porém
bruto e rude.
Só que ela
havia se apai-
xonado pelo
curandeiro
chamado Ciri-
no, que viajava
pela região e
a ajudou a se
curar da ma-
lária e com
isso conseguiu
muita conian-
ça de Martinho
28
Referências http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S-
Taunay, Alfredo d’Escragnolle; Taunay, Visconde de, 1843- 0102-311X1985000100009
1899. Inocência[livro eletrônico] / ilustrador João Lin.—1. http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Agua/Agua12.php
ed. – São Paulo: DCL, 2013 – (Coleção grandes nomes da http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/pesquisa-airma-que-
literatura) 2Mb; ePUB. -malaria-chegou-a-america-por-meio-de-navios-negreiros
Ideias que revolucionaram o mundo/ Julie Ferris ...[et al.] – http://portalsaude.saude.gov.br/index.php?option=com_con-
São Paulo: Publifolha, 2011. tent&view=article&id=10933&Itemid=646
Conecte: literatura brasileira/ William Roberto Cereja, he- http://www.uf.br/tudosobrelepra/Fatos%20Historicos.htm
resa Cochar Magalhãs – 2. Ed.— São Paulo: Saraiva, 2013. – http://www.ahistoria.com.br/arte-romantica/
(Coleção projeto conecte) http://www.salesianonatal.com.br/system/ckeditor_assets/
Conecte: Território e sociedade no mundo globalizado, attachments/2792/A_pintura_no_romantismo_brasileiro.pdf
Volume único / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco, http://3.bp.blogspot.com/-KjwpXXW7nt4/Tmc_Q3CNUKI/
Cláudio Mendonça – 1. ed. – São Paulo: Saraiva, 2014. AAAAAAAAAHE/LaYu3xbQcdw/s1600/imagem-8.jpg
Conecte BIO: volume único / Sonia Lopes, Sergio Rosso. – 1. http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa23073/felix-tau-
Ed. – São Paulo: Saraiva, 2014. nay
Conecte Filosofar / Gilberto Cotrim, Mirna Fernandes. – 2. http://www.e-biograias.net/alfredo_taunay/
Ed. – São Paulo: Saraiva, 2014. http://www.historiadobrasil.net/independencia/
Arte e Sociedade: ensino médio, volume único / Rivael Viei- http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/lepra-
ra; ilustrações Luiz Nery, - 1. Ed. – Brasília, DF : HTC, 2013 -doenca-estigma-434502.shtml
Conecte: história, volume único / Ronaldo Vainfas ...[et al.]. http://www.tuasaude.com/malaria/
– 1. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2014. – (Coleção conecte) http://www2.fm.usp.br/ph/mostrahp.php?origem=ph&xco-
http://ultimosegundo.ig.com.br/1822/a+fantasia+de+pe- d=Malaria
dro+americo+para+a+independencia/n1237770404907.html http://historia-da-arte.info/idade-contemporanea/romantis-
http://www.infoescola.com/ilosoia/a-ilosoia-de-rousseau/ mo.html
https://www.comidaereceitas.com.br/doces-e-sobremesas/ http://www.suapesquisa.com/romantismo/romantismo.htm
rapadura-de-leite-com-meladode-cana.html http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa11773/thomas-
http://www.tabelanutricional.com.br/rapadu- -ender
ra/24/03/2016/11:37 www.suapesquisa.com/pesquisa/caravelas.htm
http://www.dis.epm.br/servicos/nutri/public/alimen- www.vfco.brazilia.jor.br/locos/funcionamento.Locomotiva.
to/11134/mandioca-crua/21:57/21/03/2016 Vapor.shtml
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gastronomia_t%C3%ADpi- www.brasilescola.uou.com.br/geograia/transporte-ferrová-
ca_de_Mato_Grosso_do_Sul rio-1.htm
http://stravaganzastravaganza.blogspot.com.br/2011/04/culi- www.if.ufrgs.br/~leila/motor.htm
naria-no-mato-grosso-do-sul.html/24/03/2016 www.suapesquisa.com/cienciastecnologia/carrosantigos/
http://www.estadosecapitaisdobrasil.com/mato-grosso-do- www.meios-de-transporte.info/transporte-espacial.html
-sul/culinaria-do-mato-grosso-do-sul/24/03/2016 Fontes de imagens: http://www.geograia.lch.usp.br/gradu-
http://www.saudedica.com.br/mandioca/25/03/2016 acao/apoio/Apoio/Apoio_Attila/2s2015/excursoes/Domi-
http://www.rapadurascastilho.com.br/beneicios nios_de_Naturea_151p.pdf
http://inocencia.ms.gov.br/dados.php https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/
http://www.paranaiba.ms.gov.br/site/ thumb/4/40/MatoGrossodoSul_Municip_Paranaiba.sv-
http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2016/03/producao-de- g/280px-MatoGrossodoSul_Municip_Paranaiba.svg.png
-soja-ica-prejudicada-por-conta-da-estiagem-no-cerrado- tp://geotp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/mapas_murais/
-do-pi.html clima.pdf
http://www.dialogosdosul.org.br/manifesto-dos-povos-do- https://sumidoiro.wordpress.com/2013/02/01/
-cerrado-no-dia-mundial-da-agua/22032016/ peter-brandt-lund-claussen-lagoa-santa-trondh-
http://www.suapesquisa.com/geograia_do_brasil/dominios_ jein-inmarkens-amtstidende-skilling-magazin-fa-
morfoclimaticos.htm zenda-samambaia-sumidouro-eugen-warming-rousseau-naif-
https://www.youtube.com/watch?v=WPA-KpldDVc -arthur-rimbaud-cabare-verde-el-greco-pintura-primitiva/
http://www.suapesquisa.com/geograia_do_brasil/dominios_ https://www.youtube.com/watch?v=WPA-KpldDVc
morfoclimaticos.htm http://recreio.uol.com.br/noticias/zoo/o-mundo-das-borbo-
http://isica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap2/cap2-1.html letas.phtml#.VvU7hXrfVZ
http://www.suapesquisa.com/geograia/el_nino.htm https://bevilaqua.iles.wordpress.com/2008/03/circtri3.jpg
http://riosvoadores.com.br/o-projeto/fenomeno-dos-rios-vo- http://www.geogebra.org/m/35777
adores/ https://resenhasdeilosoia.iles.wordpress.com/2013/03/rou-
http://brasilescola.uol.com.br/brasil/desmatamento-cerrado. sseau.jpg
htm http://3.bp.blogspot.com/-d4SzzmMzZe4/TcbjWVnHdWI/
http://pt.wikihow.com/Entender-o-Ciclo-Trigonom%C3%A- AAAAAAAAAxg/seDBrRQJUxQ/s1600/Mapa+de+Relevo+-
9trico Jurandyr+Ross.jpg
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/matematica/cir- https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6d/
culo-trigonometrico-trigonometria-677843.shtml Capa_Original_de_Inoc%C3%AAncia_de_Taunay.jpg
https://www.youtube.com/watch?v=-qVIXr-x0JA http://editoramelhoramentos.com.br/v2/wp-content/uplo-
ads/2013/01/Inocencia_capa-e1357159024870.jpg
29
30

Potrebbero piacerti anche