Sei sulla pagina 1di 2

Sindicatos e o estado laico: uma pauta necessária na garantia do direito de profissão

de fé em tempos fundamentalistas de culturas colonialistas

Prof. Dr. Adriano Willian Silva


Profª. Drª. Rosangela Gonçalves de Oliveira

... às vezes quando a gente se aproxima da obviedade


e toma a obviedade na mão, e dá uma rachadura na
obviedade, e tenta entrar na obviedade para vê-la desde
dentro e de dentro e por dentro (isto é, ver o óbvio
de dentro e de dentro dele olhar para fora), é que
a gente vê mesmo que nem sempre o óbvio é tão
óbvio (Freire, 1985, p. 92).

As legislações vigentes no Brasil gerente liberdade de credo e profissão de fé. Tanto a


Constituição Federal de 1988, em seu Art. 5º inciso VI onde podemos ler que: “é inviolável a
liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;”. Mesmo antes, esta
garantia legal já era apontada na Declaração dos Direitos Humanos de 1948 em seu Art. 2º esta
orientação também está posta.
Porém, o que vemos na subjetividade dos espaços públicos é a permanência subjetiva
do culto e crença cristã, herança deixada por nossas culturas colonialistas que marcam nossas
ações e naturalizam uma forma “superior” de pensar e agir diante da fé.
Como no excerto dito por Freire no início desta tese, o óbvio deve ser dito, pois na
naturalização das ações perpetuam formas de opressão de uma verdade única indiscutível.
Entende-se que o momento atual onde presenciamos cotidianamente um discurso de
ódio contra qualquer forma de fé que não seja cristã, a necessidade do posicionamento dos
sindicatos na defesa do direito de todas e todos serem respeitados quanto a sua fé deva. Direito
este como já dissemos garantido por lei, mas que não se efetiva em sua plenitude e por essa
razão deva tornar-se uma bandeira na luta sindical. A lembrança de que somos trabalhadores da
educação pública atuando em espaços laicos, ou seja, “limpos” de símbolos e ações religiosas
únicas precisa ser discutida e reforçada uma vez que o óbvio nem sempre é óbvio quando
cristalizado pela cultura colonialista.
Neste sentido propomos:
- Orientação aos sindicatos filiados para que se empenhem em constituir ambientes
laicos e inclusivos de todas as fés em seus espaços sindicais;
- Campanha que reforce o dever de espaços educacionais laicos dentro de instituições
de ensino públicas;
- Palestras sobre cultura colonialista e suas marcas na naturalização de ações
discriminatórias;
- Seminários apoiados pelos Sindicatos Federados ao Proifes sobre as diferentes
culturas que compõem a nossa brasilidade.

Finalizamos com um poema de Freire.

Canção do óbvio
Paulo Freire
Escolhi a sombra desta árvore
Para repousar do muito que farei
Enquanto esperarei por ti
Quem espera na pura espera
Vive um tempo de espera vã
Por isto, enquanto te espero
Trabalharei os campos e
Conversarei com os humanos
Suarei meu corpo, que o sol queimará;
Minhas mãos ficarão calejadas
Meus pés aprenderão o mistério dos caminhos
Meus ouvidos ouvirão mais
Meus olhos verão o que antes não viam
Enquanto esperarão por ti
Não te esperarei na pura espera
Porque o meu tempo de espera é um
Tempo de quefazer
desconfiarei daqueles que virão dizer-me,
em voz baixa e precavida:
é perigoso agir
é perigoso falar
é perigoso andar
é perigoso esperar, na forma em que esperas
porque esses recusam a alegria de tua chegada
Desconfiarei também daqueles que virão dizer-me
Com palavras fáceis, que já chegaste,
Porque esses, ao anunciar-te ingenuamente,
Antes te denunciam.
Estarei preparando a tua chegada
Como o jardineiro prepara o jardim
Para a rosa que se abrirá na primavera
Paulo Freire (Brasil 1921-1997) Canção Óbvia foi escrita em Genève,
em março de 1971 In: Freire, P. Pedagogia da Indignação. São Paulo:
UNESP, 2000.

Referências
FREIRE, Paulo. Educação: o sonho possível. In: BRANDÂO. Carlos R. (org) O educador: vida e
morte. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985

Potrebbero piacerti anche