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Queimando todas as ilusões esta tarde...

Se estamos aqui, não é como ativistas profissionais da política e da ordem, que procuram uma
posição de mediação entre os fantoches da economia e suas 'vítimas' e agem no interesse de
outros (xs professorxs, xs estudantes, xs trabalhadorxs sindicalizadxs, xs trabalhadorxs
precarizadxs ou xs desempregadxs). Nós não estamos interessadxs em representar ninguém e
escarramos na cara de quem quer nos representar. Não entendemos nossa exclusão como
exclusão dos centros de decisão apenas, mas, como xs secundaristas nas ocupações de escolas
em 2015, enxergamos nas políticas deste governo, como nos anteriores, a perda de nossa vida
cotidiana e de nossa atividade, como proletarizadxs (ou sendo preparadxs para sê-lo), por
causa da economia.

Se estamos aqui, não é porque preferimos um governo que mate de forma mais cínica que este
que mata abertamente ou um “mercado justo” e uma reforma da previdência melhor (como os
partidos que pretendem gerir o Estado se revezam em dizer). Tampouco estamos aqui porque
pensamos que o Estado está agora ameaçado de ser controlado por instituições não
democráticas ou por querermos mais controle sobre o mercado. Estamos aqui porque todo
mercado é mercado da miséria humana, porque todo Estado é prisão, porque a democracia
esconde a ditadura do capital.

Se estamos aqui, não é porque vejamos xs proletarizadxs (que somos nós mesmxs e não
queremos sê-lo), como vítimas, nem porque queiramos ser seus protetores. Tampouco viemos
aqui para sermos impressionadxs por protestos espetaculares (seja uma procissão atrás de
carros de som seja um ativismo profissional, também espetacular). Viemos para aprender as
táticas da guerra de classes cotidiana com xs secundaristxs das ocupações, com as mães que
denunciam o assassinato de seus filhos pelo Estado (que é Estado policial ou não é Estado),
com xs indígenas e xs negrxs que há 5 séculos enfrentam a violência da modernização
capitalista nestas terras, com os garis que ousam combater seus representantes sindicais, com
os proletarizadxs rebeldes da Livraria Cultura, com as mulheres que lutam contra o patriarcado,
as travestis, as pessoas transgêneras, as lésbicas e gays e com seus familiares que lutam contra
as opressões e as violências de gênero, e tantxs outrxs desobedientes que possamos encontrar.

Viemos aqui para trocar nossas experiências de desobediência. Viemos dizer junto com essxs
desobedientxs que não nos amordaçarão, que não nos impedirão de dizer não. Nas escolas,
nas universidades, nas nossas comunidades, nos nossos locais de trabalho, nas ruas e em toda
parte. Continuaremos dizendo não juntxs. E não pararemos.

Se aqui estamos, não viemos como membros dos inúmeros partidos, sindicatos ou associações,
de ONGs, grupos de pressão, ou de todxs aquelxs que simplesmente querem ser incluídxs nas
discussões sobre a modernização do capitalismo, esperando que suas propostas (taxação de
grandes fortunas, Bolsa isso ou aquilo, previdência assim ou assado, fim da PM ou reforma
política ou do judiciário) possam salvar as relações sociais capitalistas, isto é, as mesmas
relações que perpetuam nossa miséria e nossa exploração.

Se estamos aqui, é como proletarizadxs que reconhecem o capitalismo não apenas nos
desastres como o da Vale, em que ele escancara sua face mortífera e sua verdade, não apenas
nas políticas genocidas deste ou de outro governo – Bolsonaro, Camilo, Witzel, Lula, Dilma (as
UPPs, Belo Monte e tantos mais) e quem mais chegar. Reconhecemos o capitalismo e nossas
vidas miseráveis nos esforços de acabar o financiamento das universidades e de precarizar a
previdência, mas também no esforço de manter todas as engrenagens funcionando (nas
prisões, na justiça, na educação etc.), para alimentar a máquina de moer gente que é a do
capital e do seu sistema de Estados. Por ela, somos cotidianamente privadxs de nossas vidas:
nas fábricas, nos call-centers, nas universidades, nas lojas ou como desempregadxs, indigentes,
anônimos, até sermos transformadxs em resto e detrito pelas necessidades da economia.

Nós não falamos em nome de ninguém, partimos da negação de nossas próprias condições. O
capitalismo nada mais é do que a expropriação de nossa atividade, que se volta contra nós
como uma força estranha. Nossa festa contra o capital não tem início nem fim, não é
predeterminada, não é um espetáculo. Não tem data fixa. Nossa vida só pode estar além de
todas essas mediações, além dos Estados e de toda tentativa de reformar o capitalismo. Nossa
vida reside na abolição da economia e dos Estados.

Pela total abolição do Estado e do Capital.

Pela comunidade humana mundial.

Autogestão contra o capital!

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