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Resumo. O objetivo deste estudo é projetar e analisar o com- semestre, para ambos os canários de mudanças climáticas,
portamento do escoamento superficial na bacia hidrográfica podendo proporcionar problemas, os quais refletirão direta-
do rio Goiana frente aos cenários de mudanças climáticas B2 mente sobre a organização espacial dos municípios inseridos
e A2. As simulações foram desenvolvidas através do modelo na bacia, requerendo, assim, medidas de enfretamentos dos
hidrológico semi-distribuído simples de dois parâmetros e a impactos das mudanças climáticas no âmbito regional no
temperatura média mensal do ar, representando os cenários intuito de minimizar prejuízos no futuro.
de mudanças climáticas, foi projetada pelo modelo climático
regional Providing Regional Climates for Impacts Studies Palavras chave: Clima, recursos hídricos, projeção e im-
(PRECIS). Os resultados apontam que as maiores reduções pactos socioespaciais.
no escoamento superficial ocorrerão nos meses do segundo
35º30΄ W 35º0΄ W
Figura 1. Bacia hidrográfica do
7º30΄ S+ + 7º30΄ S rio Goiana – Pernambuco, Brasil.
BACIA DO RIO GOIANA
0 10 20 40 60
35º30΄ W km
PERNAMBUCO
BRASIL
200
Período seco
100
50
0
Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
meses
parâmetros a porosidade e profundidade dos solos série histórica pluviométrica, foram gerados pelo
e a interceptação da chuva pela cobertura vegetal, modelo de Balanço Hídrico Climatológico de
este último elemento inserido especificamente para Thornthwaite e Mather (1995) para cada um dos
o presente estudo. postos pluviométricos (equação 1).
Os dados de precipitação pluviométrica mensal
a
utilizados para calibração do modelo foram coleta-
dos do banco de informação da Superintendência
do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), regis-
ETP = 16 10(Tm
I ) ( )( )
Nhs
12
Nd
30 (1)
7º30´0” S
ENG. RETIRO
ALIANÇA
CONDADO
VICÊNCIA
ENG. ITAPISSIRICA
MACHADOS
PAUDALHO
0 5 10 20 30
POSTO PLUVIOMÉTRICO km
8º0´0” S
35º30´0” W 35º0´0” W
horas por dia com insolação, Nd é o número de no solo; tanh é a tangente hiperbólica e SC é a
dias no mês, e I e a foram obtidos pelas equações capacidade de campo dos solos da bacia.
2 e 3, respectivamente. Para obtenção do armazenamento de água nos
solos utilizou-se a equação 5.
12
I= ∑
i=1
(0.2 Tm)1,514 (2)
St = S(t – 1) + P(t) – E(t) (5)
a = 0.49 + 0.018I – 7.7 × 10–5 I2 + 6.75 × 10–7 I3 (3) Em que, St é o armazenamento de água no solo;
S(t – 1) é o armazenamento de água no solo no
Quanto aos dados referentes à estrutura pedo- mês anterior, P(t) é a precipitação pluviométrica
lógica (porosidade e profundidade) da bacia hidro- média mensal e E(t) representa a evapotranspiração
gráfica em estudo, estes foram obtidos do banco de potencial mensal.
informações do Zoneamento Agroecológico do Es- Para obtenção da capacidade de retenção da
tado de Pernambuco (ZAPE) e correlacionados com água nos solos da bacia utilizou-se a equação 6.
os estudos de Brasil (1981) e Galvíncio (2005).
Para obtenção do quantitativo de água intercep- SC = Porosidade* Profundidade*100 (6)
tada pela cobertura vegetal foi analisada a estrutura
do uso do solo da bacia hidrográfica com base no A porosidade é um valor adimensional apresen-
estudo de Santos et al. (2008) e no Projeto Nacio- tado em porcentagem, enquanto que a profundi-
nal de Ações Integradas Público Privadas para a dade foi obtida em metros.
Biodiversidade (PROBIO), somadas às verificações Montado o modelo hidrológico, efetuou-se
em campo. sua calibração e validação. Para isto, foram utili-
Para calibração do modelo hidrológico foram zados os critérios de eficiência de Nash e Suctlife
utilizados dados de vazão coletados nas estações (1970) e o erro relativo. Critérios apontados pelos
fluviométricas do Engenho Retiro (anos de 1978 estudos de Ajami et al. (2004), Galvíncio (2005),
a 1986) e do Engenho Itapissirica (ano de 1974 a Mouelhi et al. (2006) e Webb et al. (2008) como
1983), localizadas no interior da bacia (Figura 3). eficazes para calibrações e validações de modelos
Informações obtidas do banco de dados da Agência hidrológicos.
Nacional das Águas (ANA). A equação 7 apresenta a base do coeficiente de
A validação do modelo, para ambas as estações eficiência de Nash e Suctlife (1970).
fluviométricas, ocorreu com dados que abrange os
anos de 1987 a 1989 para Estação do Engenho Re- F0 – F (7)
tiro e de 1985 a 1989 para Estação do Engenho R2 = 100
F0
Itapissirica, coletados do banco de dados da ANA.
Em que, R2 é o critério de eficiência de Nash
Desenvolvimento, calibração e Suctlife; F0 é a soma do quadrado da diferença
e validação do modelo hidrológico entre o escoamento observado e sua média, F é a
De posse dos dados climatológicos e físicos da soma do quadrado da diferença entre o escoamento
bacia, o próximo passo foi o desenvolvimento, observado com o estimado. Quanto mais próximo
calibração e validação do modelo hidrológico for o R2 de 100% maior é a eficiência e a simulação.
semi-distribuído simples. A equação 4 apresenta a A equação 8 apresenta a base de calculo do
estrutura de funcionamento do referido modelo. erro relativo.
– –
Qt = S(t) tanh [S(t)/SC] (4) RE = ∑ (Qi – Qi) / ∑Qi 100 (8)
mento observado. Quanto mais próximo de zero obtida através dos dados observados para cada uma
for o valor do RE, melhor será a simulação. das cinco estações pluviométricas supracitadas.
O não uso dos dados de precipitação pluviomé-
Espacialização da temperatura média trica projetado pelo PRECIS ocorreu devido aos
do ar e simulação do escoamento superficial discrepantes valores no quantitativo de chuva
Após montagem, calibração e validação do modelo gerado pelas simulações nos diferentes modelos
hidrológico semi-distribuído simples, partiu-se para climatológicos.
simulação do escoamento superficial frente aos ce- O escoamento superficial simulado, para ambos
nários de mudanças climáticas, B2 (otimista) e A2 os cenários, foi comparado com a média histórica
(pessimista). Para isto, foram selecionados dados de do escoamento observado e através desta confron-
temperatura média mensal do ar gerado pelo mode- tação obteve-se o desvio percentual mensal gerado
lo climático regional Providing Regional Climates pela Equação 9. Os resultados foram representados
for Impacts Studies (PRECIS), desenvolvido pelo em gráficos.
Centro de Estudos Meteorológicos Hadley e repro-
jetado para o território brasileiro em uma grade re- Gp% = 100(Qi – Qmo) / Qmo (9)
gular de 0,5° x 0,5° pelo Instituto Nacional de Pes-
quisas Espaciais (INPE). Os anos selecionados foram Em que, Gp% é o desvio percentual mensal do
2030 e 2060 para ambos os cenários de mudanças escoamento superficial, Qt é o escoamento super-
climáticas. Os dados de temperatura média mensal ficial mensal simulado e Qmo é a média histórica
do ar foram espacializados sobre a bacia hidrográfi- do escoamento superficial observado.
ca através do método de interpolação da Krigagem
ordinária com o auxílio do software Arcgis 9.3
e, consequentemente, transformados em mapas. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos dados de temperatura provenien-
tes do PRECIS foi simulada a evapotranspiração Calibração, validação e funcionamento
potencial mensal gerada por meio do modelo de do modelo hidrológico
Balanço Hídrico Climatológico de Thornthwaite e A Tabela 1 apresenta os resultados finais dos
Mather (1995), através da equação 1, apresentada parâmetros empregados na calibração do modelo
anteriormente. hidrológico mensal semi-distribuído simples.
A variável evapotranspiração potencial mensal, Resultados que atingiram o critério de eficiência
obtida no processo descrito no parágrafo anterior, de Nash e Sutcliffe no valor de 96.09% na estação
alimentou o modelo hidrológico, sendo que, a fluviométrica do Engenho Retiro e de 96.48%
variável precipitação pluviométrica utilizada para na estação do Engenho Itapissirica. Já o Erro
cada ano projetado foi a média histórica mensal Relativo foi de 0.10 na estação fluviométrica do
Tabela 1. Valores finais dos componentes dos parâmetros utilizados para calibração do modelo hidrológico
Engenho Retiro e de 0,14 na estação do Engenho organização socioespacial com médio crescimento
Itapissirica. populacional e ênfases locais e regionais para a
A calibração do modelo hidrológico ocorreu sustentabilidade socioambiental e econômica.
através de modificações realizadas nos parâmetros. Para os meses de março, abril, maio, junho, jul-
Os primeiros ajustes foram feitos nos componen- ho e agosto, ambos considerados como os seis meses
tes referentes às características dos solos da bacia mais frios na escala anual sobre a bacia hidrográfica,
hidrográfica. Como há predomínio do Argissolo o modelo climático regional PRECIS projeta para
Vermelho e do Argissolo Vermelho-Amarelo, solos o cenário B2 acréscimos médios de 1º C por mês
com grandes concentrações de argila no horizonte entre os anos de 2030 a 2060 (Figura 3).
Bt, foram utilizados valores de porosidade sugeridos A projeção para março de 2030 indica uma
por Galvíncio (2005), que variam entre 40 a 65% temperatura média do ar no valor de 26º C em
para esses tipos de solos. Quanto ao fator profun- toda área da bacia, chegando a 27º C em 80%
didade Brasil (1981) destaca que os solos citados da mesma no ano de 2060. Para o mês de abril,
apresentam em média uma profundidade superior a em 2030, as projeções apontam uma temperatura
4m em vários pontos da bacia hidrográfica. A partir média do ar no valor de 26º C em 80% da bacia,
daí, os valores de profundidade utilizados durante o valor que expandirá por toda área da bacia no ano
processo de calibração variaram entre 1.5 a 5.5 m. de 2060 (Figura 3).
Em relação ao componente de interceptação da Para o mês de maio, ano de 2030, a projeção
pluviosidade pela cobertura vegetal, Santos et al. do PRECIS aponta que 70% da área da bacia hi-
(2008) apontam que mais da metade da cobertu- drográfica apresentará uma temperatura média de
ra vegetal da bacia é representada pelo cultivo da 25º C, valor que permanecerá em 50% da área em
cana-de-açúcar. Prática agrícola que de acordo com 2060. Também, projeta-se para a outra metade da
Sanches et al. (2008) atua como boa interceptadora bacia, no ano de 2060, uma temperatura média de
das águas provenientes das chuvas a, depender, de 26º C (Figura 3).
sua fase de desenvolvimento. A partir daí, optou-se A projeção para o mês de junho não sofrerá
em utilizar na calibração que 30 a 50% da preci- alterações bruscas no intervalo entre 2030 a 2060
pitação pluviométrica, a qual chega até a bacia, é e, sim, pequenos recuos e avanços entre as classes
interceptada pela cobertura vegetal. de temperatura de 24, 25 e 26º C. Para o mês
Quanto à validação do modelo hidrológico, de julho, ano de 2030, projeta-se duas classes de
este atingiu pelo critério de eficiência de Nash e temperatura, uma com 24º C e outra com 25º C.
Sutcliffe um valor de 94% na estação fluviomé- Trinta anos depois, cada uma das classes receberá
trica do Engenho Retiro e de 93.14% na estação incremento de 1º C, atingindo assim 25 e 26º C,
fluviométrica do Engenho Itapissirica. Já o Erro respectivamente (Figura 3).
Relativo foi de 0.11 na estação fluviométrica do Para o mês de agosto, último do período frio,
Engenho Retiro e de 0.14 na estação do Engenho projeta-se para o ano de 2030 duas classes de
Itapissirica. Resultados semelhantes aos atingidos temperatura, uma com 24º C e outra com 25º C.
pela calibração, apontando, assim, para o bom Classes que permaneceram em 2060, porém, com
funcionamento do modelo. um tímido surgimento da classe com valor de 26º C
(Figura 3).
Cenários de mudanças climáticas As projeções da temperatura média do ar gerada
e a temperatura média mensal do ar pelo modelo PRECIS para os meses do período seco
(setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro
Cenário B2 e fevereiro) entre os anos de 2030 a 2060 apontam
De acordo com o Painel Intergovernamental de em média aumento de 1º C. Dinâmica semelhante
Mudanças Climáticas (IPCC, 2007) o cenário de à apresentada nos meses do período frio (Figura 3).
mudanças climáticas B2 é considerado otimista. Para o mês de setembro as projeções indicam
Cenário, que foi projetado tendo como base uma duas classes de temperatura, uma com 25º C e outra
com 26º C, sendo que, a primeira ocupa 70% da Para o mês de abril, ano de 2030, projeta-se para
área da bacia em 2030 e expande para 80% 80% da bacia temperatura média de 27º C com
da mesma no ano de 2060 (Figura 3). uma pequena área no sudoeste e leste apresentan-
Para o mês de outubro, ano de 2030, projeta-se do 25 e 28º C, respectivamente. No intervalo de
a divisão da bacia em duas classes de temperatura, 2030-2060 as projeções indicam aumento de 1 a
uma com 25º C e outra com 26º C. Classes que 2º C conduzindo a bacia a apresentar em 30% de
terão incremento de 1º C no intervalo de 2030 sua área temperatura de 27º C e no restante 28º C
a 2060, alcançando 26 e 27º C, respectivamente (Figura 4).
(Figura 3). No mês de maio o acréscimo de 2º C no inter-
Em relação ao mês de novembro, projeta-se para valo de 2030-2060 levará a temperatura na maior
o ano de 2030 temperaturas médias de 25 e 26º C e parte da bacia de 25º C em 2030 a 27º C no ano
no intervalo de 2030 a 2060 simula para cada classe de 2060 (Figura 4).
de temperatura aumento de 1º C. Para o mês de Para o mês de junho, ano de 2030, projeta-se
dezembro de 2030 as projeções indicam que 80% a divisão da bacia em duas faixas de temperaturas,
da bacia apresentará temperatura média de 26º C uma com 24º C e outra com 25º C. O incremento
e uma pequena área com 27º C. O incremento de 1º C elevará à temperatura para 25 e 26º C no
de 1º C no intervalo 2030-2060 amplia a área de ano de 2060, no referido mês, respectivamente
temperatura de 27º C e, consequentemente, reduz (Figura 4).
para 40% a área com 26º C (Figura 3). A projeção para o mês de julho, ano de 2030,
Para o mês de janeiro, ano de 2030, projeta-se divide a bacia em duas classes de temperatura média
uma temperatura média no valor de 26º C em 70% do ar, uma com de 23º C e outra com 24º C. Para
da bacia e 25º C no restante. Com aumento de 1º C o ano de 2060, o aumento de 1 e 2º C ao longo
no intervalo 2030-2060 projeta para o referido mês da bacia proporcionará o surgimento de três classes
temperatura de 27º C em 90% da bacia e 26º C de temperatura, uma com 24° C, outra com 25º C
na área restante. Para o mês de fevereiro grande e uma pequena área com 26º C no exutório da
parte da bacia terá temperatura projetada em 27º C bacia (Figura 4).
com uma pequena área apresentando 28º C. O No mês de agosto, ano de 2030, o PRECIS
incremento de 1º C expandirá em 2060 a área estima duas faixas de temperatura média do ar,
com temperatura de 28º C e reduzirá a área com 24 e 25º C. No intervalo de 30 anos as projeções
27º C (Figura 3). indicam aumento de 2º C em 90% e de 1º C em
10% da bacia, configurado a espacialização da
Cenário A2 temperatura média nos valores de 24, 25 e 26º C
O cenário de mudanças climáticas A2, de acordo no ano de 2060 (Figura 4).
com o IPCC (2007) é considerado pessimista e Para os meses do período seco, projetam-se
modela uma organização socioespacial com alto acréscimos que variam entre 1 a 3º C no intervalo
crescimento da população aliado ao alto consumo de 2030 a 2060 (Figura 4). As projeções para se-
de energia e fraco desenvolvimento tecnológico. tembro, ano de 2030, subdivide a bacia em duas
Para os meses considerados frios na bacia hidro- faixas de temperatura, uma com 25 e outra com
gráfica em estudo projetam-se acréscimos que va- 26º C. No intervalo entre 2030 a 2060 as projeções
riam entre de 1 a 2º C na temperatura média men- apontam um incremento de 1º C em 70% da bacia
sal do ar no intervalo de 2030 a 2060 (Figura 4). e 2º C em 30%. Acréscimos que proporcionará
No mês de março, a projeção para o ano de temperatura média de 26º C na maior parte da
2030 aponta praticamente para toda bacia hidro- bacia e 27º C na região do exutório e no setor
gráfica temperatura média do ar no valor de 27º C. leste (Figura 4).
Trinta anos depois, projeta-se um incremento de As projeções para o mês de outubro fragmenta
1 a 2º C, proporcionando para a área da bacia a bacia em duas faixas de temperatura, 25 e 26º C.
temperaturas de 27 e 28º C (Figura 4). No intervalo de trinta anos projeta-se um aumento
2030 2060
JANEIRO FEVEREIRO MARÇO JANEIRO FEVEREIRO MARÇO
PB PB PB PB PB PB
PE PE PE PE PE PE
PE PE PE PE PE PE
PE PE PE PE PE PE
PE PE PE PE PE PE
0 25 50 100
Sistema de Referência SAD 69-Escala 1:1.900.000 km
Figura 4. Projeção do modelo climático PRECIS relativo à temperatura média mensal do ar para o ano de 2030 e 2060
sobre a bacia hidrográfica do rio Goiana (cenário B2).
2030 2060
JANEIRO FEVEREIRO MARÇO JANEIRO FEVEREIRO MARÇO
PB PB PB PB PB PB
PE PE PE PE PE PE
PE PE PE PE PE PE
PE PE PE PE PE PE
PE PE PE PE PE PE
0 25 50 100
Sistema de Referência SAD 69-Escala 1:1.900.000 km
Figura 5. Projeção do modelo climático PRECIS relativo à temperatura média mensal do ar para o ano de 2030 e 2060
sobre a bacia hidrográfica do rio Goiana (cenário A2).
Quanto às diferenças entre os valores do es- Possíveis impactos das mudanças do escoamen-
coamento projetado no cenário B2 com o A2, to superficial na dinâmica espacial da bacia hidro-
destaca-se o mês de maio, o qual apresenta o gráfica do rio Goiana
maior distanciamento entre os cenários. Para o Diante do exposto anteriormente é possível
ano de 2030, a diferença entre os dois cenários de traçar possíveis reflexos das mudanças climáticas na
mudanças climáticas representa 4.2%, atingindo dinâmica socioespacial da bacia hidrográfica do rio
17% no ano de 2060 (Figura 7). Goiana com a redução do escoamento superficial.
O distanciamento entre o valor do escoamento Um dos reflexos será na disponibilidade de água
simulado no mês de maio possui a mesma causa para abastecimento doméstico, principalmente
do distanciamento apontado para a estação flu- nos meses do segundo semestre, período seco.
viométrica do Engenho Retiro, ou seja, o fator Problemática embasada nas reduções drásticas do
temperatura. escoamento superficial apontada nas simulações
para os meses deste período. Isto poderá implicar
2030 2030
Figura 6. Escoamento superficial
14 20
simulado para os anos de 2030
e 2060, cenários B2 e A2 e seu
Escoamentos superficial (m 2/s)
Desvio percentual do
10
8
-20 média histórica observada na
6 -40
estação fluviométrica do Engenho
4
Retiro.
-60
2
-80
0
JAN
FEV
MAR
ABR
MAIO
JUN
JUL
AGO
SEP
OUT
NOV
DEZ
JAN
FEV
MAR
ABR
MAIO
JUN
JUL
AGO
SEP
OUT
NOV
DEZ
Meses Meses
2060 2060
14 0
Escoamentos superficial (m 2/s)
Meses Meses
2030 2030
Figura 7. Escoamento superficial
40 0 simulado para os anos de 2030
Escoamentos superficial (m 2/s)
-20
30 desvio percentual em relação à
Desvio percentual do
20
-40 média histórica observada na
-60 estação fluviométrica do Engenho
10 Itapissirica.
-80
0 -100
JAN
FEV
MAR
ABR
MAIO
JUN
JUL
AGO
SEP
OUT
NOV
DEZ
JAN
FEV
MAR
ABR
MAIO
JUN
JUL
AGO
SEP
OUT
NOV
DEZ
Meses Meses
2060 2060
40 0
Escoamentos superficial (m 2/s)
30 -20
20 -40
-60
10
-80
0
JAN
FEV
MAR
ABR
MAIO
JUN
JUL
AGO
SEP
OUT
NOV
DEZ
-100
JAN
FEV
MAR
ABR
MAIO
JUN
JUL
AGO
SEP
OUT
NOV
DEZ
Meses Meses
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