Sei sulla pagina 1di 10

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO

JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE NOVO REPARTIMENTO –


PA.

ANTONIA CONCEIÇÃO SAMPAIO, brasileira, solteira, lavradora,


portadora da cédula de identidade RG n° 6682420, PC/PA, inscrita no
CPF sob n° 017.399.782-18, residente e domiciliada na rua Pacajá, casa
23, coopemar no distrito de Maracajá no município Novo Repartimento-
PA, representado por seu advogado infra-assinado com procuração
anexa, com endereço profissional e eletrônico constante no rodapé,
doravante encaminhadas as intimações do feito, vem, respeitosamente, a
presença de Vossa Excelência, propor:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTENCIA DE DÉBITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PEDIDO DE TUTELA DE
URGÊNCIA
em face da CENTRAIS ELÉTRICAS DO PARÁ – CELPA,
empresa privada de direito público, inscrita sob o CNPJ nº
04.895.728/0001-80, localizada na Av. Cupuaçu, Quadra 1, Lote 08, nº
198, Parque Morumbi, Novo Repartimento/PA, pelos fatos e razões de
direito a seguir aduzido:

I- DO CABIMENTO

É cabível a presente ação de indenização, com fulcro nos artigos


927 Código Civil Brasileiro, c/c o 05, inciso X da Constituição Federal, por
se tratar de pleito de indenização por danos morais.

II- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Requer, o Autor, a gratuidade da justiça, nos moldes do art. 54 da


Lei n° 9.099/95, que trata da gratuidade da justiça nos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais.

III- DA SÍNTESE FÁTICA

A empresa concessionária, Centrais Elétricas do Pará (CELPA),


no mês de outubro de 2017, enviou a requerente uma fatura em sua
Conta Contrato no valor de R$ 177,27 (cento e setenta e sete reais e
vinte e sete centavos) e as demais faturas são de valores altíssimos,
sendo que não há condição de se consumir tais valores em um imóvel
residencial, além de que a requerente é de baixa renda e não possui
recursos suficientes para arcar com esse encargo, pois a mesma possui
uma família para alimentar.

Cabe salientar que em nosso ordenamento jurídico o alimento


tem caráter existencial e o mesmo possui preferência, pois como
demonstrado a requerente não possui recursos suficientes, mesmo
assim a requerente sempre cumpriu com seus deveres, mas diante
dessa situação a demandante não suporta mais ser lesado, pois há
equívocos na cobrança e a requerida está usando da má-fé para com a
consumidora.

Diante do exposto, percebe-se que há irregularidade, pois não


tem condição de um imóvel residencial, ter um consumo tão alto.

IV- DA TUTELA DE URGÊNCIA

O art. 300 do Código de Processo Civil, prevê a possibilidade de


concessão da tutela de urgência, desde que comprovado probabilidade
do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

O perigo de dando configura-se pela prática abusiva da


empresa, pois em qualquer momento poderá suspender o fornecimento
de energia elétrica do requerente.

Já a probabilidade do direito, se materializa pelo possiblidade da


ré, em negativar o nome da requerente no cadastro de proteção ao
credito, além do alto valor cobrado nas faturas, sendo que está é
totalmente desnecessária, fora que a requerente não possui condições
de arcar com os valores cobrados nas faturas.

Todavia, a Requerente nada deve, razão pela qual a possível


negativação de seu nome ao cadastro de inadimplentes é totalmente
descabida, pois o excesso no valor das faturas, causa dano irreparável
ao seu sustento. O retardamento da prestação jurisdicional equivalerá à
grandes prejuízos irreparáveis ao final do processo, sendo assim
concedida a tutela, para garantir o fornecimento de energia a
requerente.
V- DO DIREITO

A demanda em questão trata principalmente do faturamento


incorreto por parte da CELPA, assim lhe cobrando valores. Sobre a
responsabilidade das prestadoras de serviço público a Constituição
Federal dispõe em seu art. 37, § 6, vejamos:

Art. 37, §6 - As pessoas jurídicas de direito público e as de


direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa.

Nesse sentido, é obrigação da prestadora de serviço público


responder objetivamente pelos danos causados pelos seus agentes a
terceiros.

V.I- DO FATURAMENTO INCORRETO

Primeiramente, insta ressaltar que a Resolução 414/2010 da


Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL dispõe acerca das regras
de faturamento indevido, estabelece em seu art. 113, inciso II e §2, que:

Art. 113. A distribuidora quando, por motivo de sua


responsabilidade, faturar valores incorretos, faturar pela média
dos últimos faturamentos sem que haja previsão nesta
Resolução ou não apresentar fatura, sem prejuízo das sanções
cabíveis, deve observar os seguintes procedimentos: (Redação
dada pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012).

[...]

II – faturamento a maior: providenciar a devolução ao


consumidor, até segundo ciclo de faturamento posterior à
constatação, das quantias recebidas indevidamente nos últimos
36 (trinta e seis) ciclos de faturamento imediatamente anteriores
à constatação. (Redação dada pela REN ANEEL 479, de
03.04.2012)

[...]

§ 2º Na hipótese do inciso II, a distribuidora deve providenciar a


devolução das quantias recebidas indevidamente acrescidas de
atualização monetária com base na variação do IGP-M e juros de
mora de 1% (um por cento) ao mês calculados pro rata die, em
valor igual ao dobro do que foi pago em excesso, salvo hipótese
de engano justificável. (Redação dada pela REN ANEEL 479, de
03.04.2012).

Desta forma, é dever da empresa concessionária, no caso a


CELPA, corrigir o valore cobrado referente as faturas na conta contrato
da requerente, pois esta visa faturar com a cobrança exorbitante mais
que o real consumo.

Nesse sentido o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e


Territórios entende que:

CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA


DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS. CEB. COBRANÇA INDEVIDA DE
ENERGIA ELÉTRICA. ÔNUS DA PROVA. DANOS MORAIS.
CONDENAÇÃO DEVIDA. MANUTENÇÃO DO QUANTUM
ARBITRADO. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. MINORAÇÃO.
POSSIBILIDADE. ART. 20, §§ 3º E 4º, DO CPC. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA. 1 – Não tendo a Ré se
desincumbido do seu ônus probatório, nos termos do art. 333, II,
do CPC, e havendo a Autora demonstrado que o valor da fatura
de energia elétrica impugnada é abusiva, a desconsideração da
conta exorbitante é medida que se impõe. Precedentes desta
Corte. 2 – A indenização por dano moral deve ser fixada
mediante prudente arbítrio do juiz, de acordo com os princípios
da razoabilidade e proporcionalidade, observados o grau de
culpa, a extensão do dano experimentado, a expressividade da
relação jurídica originária, bem como a finalidade
compensatória; ao mesmo tempo, o valor não pode ensejar
enriquecimento sem causa, nem pode ser ínfimo a ponto de não
coibir a reiteração da conduta. 3 - Os honorários advocatícios
devem ser fixados em quantum proporcional ao trabalho
desenvolvido. Se o tema não for complexo, não exigindo dilação
probatória, nem apresentação de incidentes, razoável que os
honorários sejam reduzidos para atender as determinações do
art. 20, §§ 3º e 4º, do CPC. Apelação Cível parcialmente provida.
(TJ-DF - APC: 20090111193340, Relator: ANGELO CANDUCCI
PASSARELI, Data de Julgamento: 13/05/2015, 5ª Turma Cível,
Data de Publicação: Publicado no DJE : 18/05/2015 . Pág.: 321).

No caso em apreço, é possível identificar que o valor cobrado nas


faturas pela concessionaria de energia elétrica é abusivo e fere o
princípio da razoabilidade, pois a empresa ré é de grande porte e presta
serviço essencial, onde arrecada milhões mensalmente, tornando sua
cobrança indevida.

Ocorre que, a empresa ré não respeitou o princípio da isonomia,


o qual é previsto na Resolução 414/2010 da Agência Nacional de
Energia Elétrica – ANEEL no art. 139, in verbis:

Art. 139. A distribuidora deve observar o princípio da isonomia


nas relações com os consumidores.

Diante disto, nota-se que há um desrespeito ao princípio da


isonomia, pois não existe tratamento igualitário entre as partes, neste
sentido, extrai da famosa máxima aristotélica que diz; tratar igualmente
os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas
desigualdades.

Ademais, insta ressaltar que a medida tomada pela


concessionaria em cobrar uma fatura exorbitante a requerente causando
grandes transtornos, além do constrangimento que a requerente sofre,
pois a Celpa por diversas vezes tentou fazer o corte da energia do
imóvel.

No caso em questão, o ônus da prova, conforme o art. 6º,


inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, visto que trata-se aqui
de relação de consumo, pertence à empresa concessionária, já que a
requerente constitui parte hipossuficiente em relação, devendo a
requerida comprovar por meio de instrumentos hábeis a existência de
fraude no medidor de consumo.

Conforme o art. 6° inciso VIII do Código de Defesa ao


Consumidor:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[...]

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com


a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências;

Nesse sentido, o Tribunal de São Paulo entende que:

Prestação de serviços - Energia elétrica -Adulteração no


aparelho medidor de energia elétrica -Relação de consumo
- Ônus da prova que cabe à concessionária, nos termos do
art. 6o, VIII, do CDC -Não comprovação de fraude e autoria
Impossibilidade de interrupção do fornecimento de energia
elétrica - Invalidade da cobrança - Sentença mantida -
Recurso não provido. 1. Incumbe à concessionária prestadora
de serviços, por meio de perícia judicial ou realizada na via
administrativa, por órgão metrológico oficial, nos termos do art.
72, II, da Resolução 456/00 da ANEEL, a prova de que houve
adulteração do aparelho medidor de energia elétrica e o
conseqüente consumo real superior ao aferido. Não produzida
tal prova, inviável a interrupção do fornecimento de energia e a
cobrança do valor unilateralmente arbitrado. 2. A apuração da
diferença deve levar em conta a média mensal do consumo
verificada após a substituição do medidor. Recomposição da
expressão monetária que deve estar em conformidade com o
que,efetivamente, foi desviado, segundo o Código de Defesa
do Consumidor, sem respaldo no valor previsto em resolução
administrativa, a qual não obriga quando contrária à lei.
(TJ-SP - APL: 77733920088260189 SP 0007773-
39.2008.8.26.0189, Relator: Reinaldo Caldas, Data de
Julgamento: 06/04/2011, 29ª Câmara de Direito Privado, Data
de Publicação: 11/04/2011).
Neste ínterim, cabe, portanto, à parte requerida o ônus da
comprovação da alegada fraude através de meios hábeis para tanto, de
forma que sem a devida constatação qualquer irregularidade.

V.II- DO DANO MORAL

Mister ressaltar que o requerente vem sofrendo grandes


transtornos em função da multa abusiva sem mencionar na possibilidade
de suspenção do serviço elétrico e de cogitação da negativação de seu
nome aos órgãos de proteção ao credito, causando ao requerente
desgaste emocional, pois este nunca havia passado por tal situação.

Neste sentido, a Constituição Federal em seu art. 5°, inciso X,


preceitua sobre o direito de indenizar em dano material e moral, vejamos:

Art. 5º X, São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação.

O dano moral é aquele dano que lesiona exclusivamente os


sentimentos pessoais da vítima. De acordo com os ensinamentos de
Caio Mário da Silva Pereira, dano moral é “qualquer sofrimento humano
que não é causado por uma perda pecuniária e abrange todo o atentado
à sua segurança e tranquilidade, ao seu amor próprio estético, à
integridade de sua inteligência etc.”

Sobre o dano moral Resolução 414/2010 da Agência Nacional de


Energia Elétrica – ANEEL, em seu art. 2, inciso XIX, afirma:
XIX – dano moral: qualquer constrangimento à moral ou à honra
do consumidor causado por problema no fornecimento da
energia ou no relacionamento comercial com a distribuidora, ou,
ainda, a ofensa de interesses não patrimoniais de pessoa física
ou jurídica, decorrente do fato lesivo; (Redação dada pela REN
ANEEL 479, de 03.04.2012).

Ocorre que tal situação provoca sentimento de impotência, revolta


e angustia, além do sofrimento mental por se ver diante de uma fatura
exorbitante e desnecessária, por estar à mercê da companhia de energia
elétrica, sendo estes indícios suficientes para caracterizar dano moral.

Destarte, conforme o art. 292, inciso V do Código de Processo


Civil, institui-se o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a títulos de danos
morais, visto que tais condutas por parte desta empresa, considerada de
grande porte contra a consumidora hipossuficiente, pois tais medidas não
podem mais ser toleradas.

VI- DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

A) A concessão da gratuidade da justiça, nos termos da Lei nº


9.099/95, por ser um direito nos Juizados Especiais Cíveis e
Criminais;

B) Concessão da tutela de urgência em antecipação dos efeitos


desta, conforme o art. 300 do Código de Processo Civil, para
que não seja suspenso o fornecimento de energia elétrica da
Requerente;
C) A inversão do ônus da prova em favor da Autora, conforme
autoriza o Art. 6°, inciso VIII, do Código de Defesa do
Consumidor;

D) A citação da demandada por meio postal, nos termos do art.


246, inciso I, do Código Processo Civil;

E) A designação de audiência prévia de conciliação, nos termos


do art. 319, VII, do Código de Processo Civil;

F) Ao final, seja dado provimento a presente ação, no intuito de


condenar a ré ao pagamento de indenização a título de danos
morais, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais);

G) Requer, provar o alegado por todos os meios de prova


admitidos, em especial, pelos documentos acostados à
inicial, por testemunhas a serem arroladas em momento
oportuno e novos documentos que se mostrarem
necessários.

Dá-se a causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Novo Repartimento-PA, 18 de maio de 2018.

Candido Lima Júnior


OAB-PA 25.926-A

Potrebbero piacerti anche