portadora da cédula de identidade RG n° 6682420, PC/PA, inscrita no CPF sob n° 017.399.782-18, residente e domiciliada na rua Pacajá, casa 23, coopemar no distrito de Maracajá no município Novo Repartimento- PA, representado por seu advogado infra-assinado com procuração anexa, com endereço profissional e eletrônico constante no rodapé, doravante encaminhadas as intimações do feito, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, propor:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTENCIA DE DÉBITO C/C
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA em face da CENTRAIS ELÉTRICAS DO PARÁ – CELPA, empresa privada de direito público, inscrita sob o CNPJ nº 04.895.728/0001-80, localizada na Av. Cupuaçu, Quadra 1, Lote 08, nº 198, Parque Morumbi, Novo Repartimento/PA, pelos fatos e razões de direito a seguir aduzido:
I- DO CABIMENTO
É cabível a presente ação de indenização, com fulcro nos artigos
927 Código Civil Brasileiro, c/c o 05, inciso X da Constituição Federal, por se tratar de pleito de indenização por danos morais.
II- DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Requer, o Autor, a gratuidade da justiça, nos moldes do art. 54 da
Lei n° 9.099/95, que trata da gratuidade da justiça nos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.
III- DA SÍNTESE FÁTICA
A empresa concessionária, Centrais Elétricas do Pará (CELPA),
no mês de outubro de 2017, enviou a requerente uma fatura em sua Conta Contrato no valor de R$ 177,27 (cento e setenta e sete reais e vinte e sete centavos) e as demais faturas são de valores altíssimos, sendo que não há condição de se consumir tais valores em um imóvel residencial, além de que a requerente é de baixa renda e não possui recursos suficientes para arcar com esse encargo, pois a mesma possui uma família para alimentar.
Cabe salientar que em nosso ordenamento jurídico o alimento
tem caráter existencial e o mesmo possui preferência, pois como demonstrado a requerente não possui recursos suficientes, mesmo assim a requerente sempre cumpriu com seus deveres, mas diante dessa situação a demandante não suporta mais ser lesado, pois há equívocos na cobrança e a requerida está usando da má-fé para com a consumidora.
Diante do exposto, percebe-se que há irregularidade, pois não
tem condição de um imóvel residencial, ter um consumo tão alto.
IV- DA TUTELA DE URGÊNCIA
O art. 300 do Código de Processo Civil, prevê a possibilidade de
concessão da tutela de urgência, desde que comprovado probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
O perigo de dando configura-se pela prática abusiva da
empresa, pois em qualquer momento poderá suspender o fornecimento de energia elétrica do requerente.
Já a probabilidade do direito, se materializa pelo possiblidade da
ré, em negativar o nome da requerente no cadastro de proteção ao credito, além do alto valor cobrado nas faturas, sendo que está é totalmente desnecessária, fora que a requerente não possui condições de arcar com os valores cobrados nas faturas.
Todavia, a Requerente nada deve, razão pela qual a possível
negativação de seu nome ao cadastro de inadimplentes é totalmente descabida, pois o excesso no valor das faturas, causa dano irreparável ao seu sustento. O retardamento da prestação jurisdicional equivalerá à grandes prejuízos irreparáveis ao final do processo, sendo assim concedida a tutela, para garantir o fornecimento de energia a requerente. V- DO DIREITO
A demanda em questão trata principalmente do faturamento
incorreto por parte da CELPA, assim lhe cobrando valores. Sobre a responsabilidade das prestadoras de serviço público a Constituição Federal dispõe em seu art. 37, § 6, vejamos:
Art. 37, §6 - As pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Nesse sentido, é obrigação da prestadora de serviço público
responder objetivamente pelos danos causados pelos seus agentes a terceiros.
V.I- DO FATURAMENTO INCORRETO
Primeiramente, insta ressaltar que a Resolução 414/2010 da
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL dispõe acerca das regras de faturamento indevido, estabelece em seu art. 113, inciso II e §2, que:
Art. 113. A distribuidora quando, por motivo de sua
responsabilidade, faturar valores incorretos, faturar pela média dos últimos faturamentos sem que haja previsão nesta Resolução ou não apresentar fatura, sem prejuízo das sanções cabíveis, deve observar os seguintes procedimentos: (Redação dada pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012).
[...]
II – faturamento a maior: providenciar a devolução ao
consumidor, até segundo ciclo de faturamento posterior à constatação, das quantias recebidas indevidamente nos últimos 36 (trinta e seis) ciclos de faturamento imediatamente anteriores à constatação. (Redação dada pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012)
[...]
§ 2º Na hipótese do inciso II, a distribuidora deve providenciar a
devolução das quantias recebidas indevidamente acrescidas de atualização monetária com base na variação do IGP-M e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês calculados pro rata die, em valor igual ao dobro do que foi pago em excesso, salvo hipótese de engano justificável. (Redação dada pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012).
Desta forma, é dever da empresa concessionária, no caso a
CELPA, corrigir o valore cobrado referente as faturas na conta contrato da requerente, pois esta visa faturar com a cobrança exorbitante mais que o real consumo.
Nesse sentido o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios entende que:
CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA
DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS. CEB. COBRANÇA INDEVIDA DE ENERGIA ELÉTRICA. ÔNUS DA PROVA. DANOS MORAIS. CONDENAÇÃO DEVIDA. MANUTENÇÃO DO QUANTUM ARBITRADO. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. MINORAÇÃO. POSSIBILIDADE. ART. 20, §§ 3º E 4º, DO CPC. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. 1 – Não tendo a Ré se desincumbido do seu ônus probatório, nos termos do art. 333, II, do CPC, e havendo a Autora demonstrado que o valor da fatura de energia elétrica impugnada é abusiva, a desconsideração da conta exorbitante é medida que se impõe. Precedentes desta Corte. 2 – A indenização por dano moral deve ser fixada mediante prudente arbítrio do juiz, de acordo com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, observados o grau de culpa, a extensão do dano experimentado, a expressividade da relação jurídica originária, bem como a finalidade compensatória; ao mesmo tempo, o valor não pode ensejar enriquecimento sem causa, nem pode ser ínfimo a ponto de não coibir a reiteração da conduta. 3 - Os honorários advocatícios devem ser fixados em quantum proporcional ao trabalho desenvolvido. Se o tema não for complexo, não exigindo dilação probatória, nem apresentação de incidentes, razoável que os honorários sejam reduzidos para atender as determinações do art. 20, §§ 3º e 4º, do CPC. Apelação Cível parcialmente provida. (TJ-DF - APC: 20090111193340, Relator: ANGELO CANDUCCI PASSARELI, Data de Julgamento: 13/05/2015, 5ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 18/05/2015 . Pág.: 321).
No caso em apreço, é possível identificar que o valor cobrado nas
faturas pela concessionaria de energia elétrica é abusivo e fere o princípio da razoabilidade, pois a empresa ré é de grande porte e presta serviço essencial, onde arrecada milhões mensalmente, tornando sua cobrança indevida.
Ocorre que, a empresa ré não respeitou o princípio da isonomia,
o qual é previsto na Resolução 414/2010 da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL no art. 139, in verbis:
Art. 139. A distribuidora deve observar o princípio da isonomia
nas relações com os consumidores.
Diante disto, nota-se que há um desrespeito ao princípio da
isonomia, pois não existe tratamento igualitário entre as partes, neste sentido, extrai da famosa máxima aristotélica que diz; tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades.
Ademais, insta ressaltar que a medida tomada pela
concessionaria em cobrar uma fatura exorbitante a requerente causando grandes transtornos, além do constrangimento que a requerente sofre, pois a Celpa por diversas vezes tentou fazer o corte da energia do imóvel.
No caso em questão, o ônus da prova, conforme o art. 6º,
inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, visto que trata-se aqui de relação de consumo, pertence à empresa concessionária, já que a requerente constitui parte hipossuficiente em relação, devendo a requerida comprovar por meio de instrumentos hábeis a existência de fraude no medidor de consumo.
Conforme o art. 6° inciso VIII do Código de Defesa ao
Consumidor:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
[...]
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com
a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Nesse sentido, o Tribunal de São Paulo entende que:
Prestação de serviços - Energia elétrica -Adulteração no
aparelho medidor de energia elétrica -Relação de consumo - Ônus da prova que cabe à concessionária, nos termos do art. 6o, VIII, do CDC -Não comprovação de fraude e autoria Impossibilidade de interrupção do fornecimento de energia elétrica - Invalidade da cobrança - Sentença mantida - Recurso não provido. 1. Incumbe à concessionária prestadora de serviços, por meio de perícia judicial ou realizada na via administrativa, por órgão metrológico oficial, nos termos do art. 72, II, da Resolução 456/00 da ANEEL, a prova de que houve adulteração do aparelho medidor de energia elétrica e o conseqüente consumo real superior ao aferido. Não produzida tal prova, inviável a interrupção do fornecimento de energia e a cobrança do valor unilateralmente arbitrado. 2. A apuração da diferença deve levar em conta a média mensal do consumo verificada após a substituição do medidor. Recomposição da expressão monetária que deve estar em conformidade com o que,efetivamente, foi desviado, segundo o Código de Defesa do Consumidor, sem respaldo no valor previsto em resolução administrativa, a qual não obriga quando contrária à lei. (TJ-SP - APL: 77733920088260189 SP 0007773- 39.2008.8.26.0189, Relator: Reinaldo Caldas, Data de Julgamento: 06/04/2011, 29ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 11/04/2011). Neste ínterim, cabe, portanto, à parte requerida o ônus da comprovação da alegada fraude através de meios hábeis para tanto, de forma que sem a devida constatação qualquer irregularidade.
V.II- DO DANO MORAL
Mister ressaltar que o requerente vem sofrendo grandes
transtornos em função da multa abusiva sem mencionar na possibilidade de suspenção do serviço elétrico e de cogitação da negativação de seu nome aos órgãos de proteção ao credito, causando ao requerente desgaste emocional, pois este nunca havia passado por tal situação.
Neste sentido, a Constituição Federal em seu art. 5°, inciso X,
preceitua sobre o direito de indenizar em dano material e moral, vejamos:
Art. 5º X, São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
O dano moral é aquele dano que lesiona exclusivamente os
sentimentos pessoais da vítima. De acordo com os ensinamentos de Caio Mário da Silva Pereira, dano moral é “qualquer sofrimento humano que não é causado por uma perda pecuniária e abrange todo o atentado à sua segurança e tranquilidade, ao seu amor próprio estético, à integridade de sua inteligência etc.”
Sobre o dano moral Resolução 414/2010 da Agência Nacional de
Energia Elétrica – ANEEL, em seu art. 2, inciso XIX, afirma: XIX – dano moral: qualquer constrangimento à moral ou à honra do consumidor causado por problema no fornecimento da energia ou no relacionamento comercial com a distribuidora, ou, ainda, a ofensa de interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica, decorrente do fato lesivo; (Redação dada pela REN ANEEL 479, de 03.04.2012).
Ocorre que tal situação provoca sentimento de impotência, revolta
e angustia, além do sofrimento mental por se ver diante de uma fatura exorbitante e desnecessária, por estar à mercê da companhia de energia elétrica, sendo estes indícios suficientes para caracterizar dano moral.
Destarte, conforme o art. 292, inciso V do Código de Processo
Civil, institui-se o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a títulos de danos morais, visto que tais condutas por parte desta empresa, considerada de grande porte contra a consumidora hipossuficiente, pois tais medidas não podem mais ser toleradas.
VI- DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
A) A concessão da gratuidade da justiça, nos termos da Lei nº
9.099/95, por ser um direito nos Juizados Especiais Cíveis e Criminais;
B) Concessão da tutela de urgência em antecipação dos efeitos
desta, conforme o art. 300 do Código de Processo Civil, para que não seja suspenso o fornecimento de energia elétrica da Requerente; C) A inversão do ônus da prova em favor da Autora, conforme autoriza o Art. 6°, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor;
D) A citação da demandada por meio postal, nos termos do art.
246, inciso I, do Código Processo Civil;
E) A designação de audiência prévia de conciliação, nos termos
do art. 319, VII, do Código de Processo Civil;
F) Ao final, seja dado provimento a presente ação, no intuito de
condenar a ré ao pagamento de indenização a título de danos morais, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais);
G) Requer, provar o alegado por todos os meios de prova
admitidos, em especial, pelos documentos acostados à inicial, por testemunhas a serem arroladas em momento oportuno e novos documentos que se mostrarem necessários.
Dá-se a causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).