Sei sulla pagina 1di 29

Questões Comentadas

de treinamento para
a Prova de Título
EDITORES MÉDICOS de Especialista
Benito Lourenço em Pediatria

Alexandre Netto

TÍTULO DE ESPECIALISTA
EM PEDIATRIA
GUIA DE ESTUDOS EM PEDIATRIA,
NEONATOLOGIA E MEDICINA DE ADOLESCENTES

Atualização dos Capítulos


Imunizações
Hipertensão arterial na infância e adolescência
Imunizações
Benito Lourenço 11

Nunca se dispôs, como agora, de tantas vacinas efi- gumas doenças específicas, sendo várias disponíveis
cazes e seguras. Esse fato, associado à evolução da vi- atualmente, como, por exemplo, para a hepatite B, téta-
gilância epidemiológica, contribuiu sobremaneira para no, varicela e raiva. Atualmente, também está disponí-
a prevenção de doenças, modificando radicalmente a vel formulação com anticorpos monoclonais específicos
morbimortalidade na população pediátrica. Imunizar para vírus sincicial respiratório, com particular indica-
significa “proteger” ou “tornar não suscetível à deter- -ção para profilaxia da doença respiratória em prema-
minada doença”. O processo de imunização pode ser turos. Outro conceito básico importante é o de “soro”,
ativo ou passivo. Na imunização passiva, o indivíduo que corresponde ao produto farmacológico constituído
é estimulado a desenvolver defesa imunológica contra de anticorpos heterólogos obtidos a partir do plasma de
futuras exposições à doença, naturalmente (determi- animais imunizados, como no caso dos soros antitetâni-
nada por uma doença em curso) ou artificialmente (uti- co e todos os antiofídicos.
lizando-se de vacinas). Na imunização passiva, o indi- Neste capítulo, atenção particular será conferida às
víduo exposto ou em vias de se expor recebe anticorpos vacinas, suas indicações e calendário, por corresponde-
pré-formados, naturalmente (anticorpos maternos rem às ações do dia a dia do pediatra.
transplacentários ou pelo leite materno) ou artificial-
mente (administração parenteral de imunoglobulinas).
Na imunização passiva a proteção acontece mais rápi- Contraindicações
do; porém, com duração menor. verdadeiras e falsas
Imunobiológicos são produtos farmacológicos de mi-
Contraindicação pode ser entendida como, uma con-
croorganismos, seus subprodutos ou componentes e que
dição na pessoa a ser vacinada que aumenta em muito o
têm a capacidade de imunizar. As vacinas contêm agentes
imunizantes (vírus ou bactérias) que podem ser vivos ate- risco de um evento adverso grave, ou que torna o risco de
-nuados (se assim não fossem causariam doença natural), complicações devido à vacina maior que o risco da própria
mortos (inativados), componentes da estrutura viral ou doença contra a qual se deseja proteger. Isso significa uma
bacteriana ou toxoides (toxinas ou produtos de micro- proibição absoluta para a utilização da vacina. As verda-
organismos inativados). Imunoglobulinas humanas são deiras contraindicações podem ser resumidas:
imunobiológicos obtidos do fracionamento de plasma de • para vacinas de agentes vivos (bactérias/vírus
doadores. São soluções proteicas muito concentradas que atenuados): imunossupressão e gravidez;
contêm anticorpos, principalmente da classe IgG, dispo- • para qualquer vacina: alergia grave (de nature-
níveis para uso parenteral. As chamadas imunoglobulinas za anafilática) a componentes da vacina ou a uma
“normais” são inespecíficas, com concentrações de anti- dose anterior;
corpos que refletem as doenças mais prevalentes do meio
que vivem os doadores, e têm particulares indicações na • para vacinas contendo o componente pertussis:
prática clínica. Em Pediatria, as situações mais conheci- encefalopatia pós-vacinal nos primeiros sete dias
das com indicação dessas imunoglobulinas inespecíficas após aplicação da dose.
são para reposição nos quadros de imunodeficiências pri- • As imunodeficiências, adquiridas (drogas imuno-
márias ou secundárias, para o pós-TMO (transplante de depressoras e infecção pelo vírus da imunodefici-
medula óssea) e por seus efeitos imunomoduladores na ência humana – HIV) e congênitas, representam
doença de Kawasaki (prevenção do aneurisma coronaria- clássica contraindicação para vacinas com agentes
no) e na púrpura trombocitopênica idiopática. atenuados. Os problemas relacionados à adminis-
As imunoglobulinas hiperimunes (imunoglobulinas tração de vacinas para essas pessoas são de dois
específicas) contêm altos títulos de anticorpos para al- tipos. Pode haver proliferação do microorganismo
Imunizações

quando ele se apresenta de forma atenuada na • Na prática, a preocupação maior é a da alergia


vacina, determinando o aparecimento da doença ao ovo, pois algumas vacinas, como a da febre
que se deseja prevenir. Por outro lado, a resposta amarela e influenza atualmente usadas no Brasil
à vacina pode estar comprometida, recomendan- são produzidas em ovos embrionados. As vacinas
do-se, habitualmente, o adiamento da vacinação, contra sarampo e caxumba são produzidas em
particularmente naquelas situações em que a cultura de fibroblasto de galinha e contêm pou-
imunodepressão é temporária. Dessa forma, nas ca quantidade de proteínas de ovo, não havendo
crianças infectadas com o HIV, existe contraindica- mais, em nosso país, contraindicação da aplicação
ção absoluta para o uso da vacina BCG naquelas já da tríplice viral para o indivíduo que tem hiper-
sintomáticas. Quando houver indicação de vacina- sensibilidade ao ovo.
ção contra poliomielite em pacientes imunocom- • Existem algumas situações em que, por pre-
prometidos ou pessoas de contato próximo, estes caução, se recomenda o adiamento da vacinação:
devem receber, preferencialmente, a vacina contra durante três meses após tratamento com imu-
pólio inativada (VIP). As vacinas para sarampo, nossupressores; após administração de sangue/
caxumba e rubéola não devem ser aplicadas em derivados ou imunoglobulinas (risco de neutrali-
zação) e na vigência de doenças agudas graves (in-
crianças com HIV sintomáticas ou com imunode-
terferência dos sintomas).
pressão grave.
• Algumas proibições equivocadas ainda persis-
• O uso de corticosteroides constitui a situação
tem em relação à vacinação, constituindo as “fal-
clínica mais comum em que se cogita a eventual
sas contraindicações”, absolutamente perigosas
contraindicação ou adiamento da vacinação. Existe
e representativas de oportunidades perdidas. As
certo consenso de que há contraindicação para uti-
seguintes situações, portanto, não representam
lização de vacinas com vírus vivo ou bactérias ate-
qualquer problema ao se indicar uma vacina:
nuadas para pacientes em tratamento com doses
altas, equivalentes a 2 mg/kg/dia de prednisona • doenças infecciosas agudas leves, eventualmen-
(crianças) ou mais de 20 mg/dia para adolescentes te com febre baixa, como afecções de vias aéreas
e adultos, por mais de duas semanas. Outras tera- e diarreias leves/moderadas (geralmente posterga-
pêuticas imunodepressoras (quimioterapia anti- -se a administração das vacinas orais em quadros
neoplásica, por exemplo) também se enquadram diarreicos graves com vômitos);
nessa contraindicação. Cabe ressaltar, porém, que • uso de antimicrobianos;
não constitui contraindicação a qualquer vacina • reação local a uma dose prévia de vacina (dor
o tratamento sistêmico com corticosteroides por e eritema);
curta duração (menos de duas semanas), doses
• história ou diagnóstico clínico pregresso da doen-
baixas, independentemente do tempo ou doses de
ça contra a qual se vai vacinar;
manutenção fisiológica. O uso tópico e inalatório
dessas medicações também não representa qual- • doença neurológica estável;
quer proibição ao uso de vacinas. • antecedente familiar de convulsão;
• Mulheres grávidas não podem receber vacinas vi- • tratamento com corticoesteroides em doses não
vas, pelo risco teórico de infecção fetal, embora não imunodepressoras;
exista comprovação de que qualquer vacina, inclu- • gravidez da mãe ou comunicante;
sive contra rubéola, seja capaz de determinar mal-
• aleitamento materno, com exceção para a vacina
formações congênitas. Entretanto, mantém-se essa
da febre amarela;
contraindicação clássica. Recomenda-se, também,
evitar a gestação até um mês após da aplicação da • internação hospitalar (cuidado apenas com a va-
vacina para a rubéola. As vacinas com agentes inati- cina oral contra a poliomielite em ambiente de tra-
vados não são contraindicadas na gestação. tamento intensivo);
• As alergias das vacinas podem ser causadas pelo • desnutrição, prematuridade ou baixo peso ao
próprio antígeno vacinal ou por outros compo- nascimento (uma ressalva especial refere-se à va-
nentes do produto (conservantes, estabilizadores cina BCG, que não deve ser administrada em crian-
e antibióticos eventualmente presentes). Só exis- ças com menos de 2 kg).
te contraindicação ao uso de uma vacina quando
houver história de reação anafilática após exposi-
ção anterior a ela ou a um de seus componentes
Segurança e conservação
(comprometimento multissistê-mico com urticá- A confiabilidade e a segurança da vacina dependem
ria, sibilos, laringoespasmo, angioedema, hipo- de vários fatores: armazenamento adequado do produ-
tensão e choque). to, manipulação correta e, obviamente, do conhecimento

3
TEP – Título de Especialista em Pediatria

desses fundamentos pelos profissionais envolvidos na va- zadas. O calendário básico do PNI atualmente utilizado
-cinação. O prazo de validade (especificação do fabrican- no Brasil (Quadro 11.1) contempla as vacinas contra as
te) deve ser rigorosamente respeitado. De maneira geral, doenças: tuberculose, hepatite B, poliomielite, difteria,
os imunobiológicos são termolábeis. A maioria dos imu- tétano, coqueluche, doenças causadas pelo pneumococo
nobiológicos deve ser conservada a uma temperatura en- e meningococo C, doenças invasivas pelo Haemophilus
tre 2ºC e 8ºC. Havendo aquecimento da geladeira de con- influenza B, doença causada pelo rotavirus, febre ama-
ser-vação das vacinas, todas elas devem ser desprezadas. rela, sarampo, caxumba, rubéola, hepatite A, varicela,
A vacina antipoliomielite oral pode ser congelada. gripe e doenças causadas por alguns tipos de papiloma-
virus humano (HPV). É considerado um dos melhores
Calendários de vacinação programas de saúde do Ministério da Saúde e das Se-
cretarias Estaduais e Municipais de Saúde, por propor-
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi insti- cionar tanto uma eficiente cobertura vacinal quanto
tuído em 1973 com o objetivo de coordenar as ações de pela boa qualidade das vacinas. Entretanto, não é um
imunização em todo o território nacional. Desde então, calendário ideal (embora gradativamente se aproxime
com base na vigilância epidemiológica de doenças imu- de ser). É sim, no momento, um calendário considerado
nopreveníveis são traçadas estratégias para a utilização possível, dentro dos recursos financeiros disponíveis, ou
de imunobiológi-cos. O calendário deve ser dinâmico e que, pelo menos, o país disponibiliza atualmente para
adaptações estaduais eventualmente podem ser reali- utilização no programa de imunizações.

Quadro 11.1 – Calendário Nacional de Imunizações – PNI – Última atualização – 2018

Idade Vacinas
Vacina BCG (dose única)
Ao nascer
Vacina hepatite B
Vacina pentavalente (DTP + Hib + hepatite B) – primeira dose
Vacina contra a poliomielite – primeira dose com vacina inativada (VIP)
2 meses
Vacina de rotavírus humano (VORH) oral – primeira dose
Vacina pneumocócica 10 (conjugada) – primeira dose*
3 meses Vacina meningocócica C (conjugada) – primeira dose**
Vacina pentavalente (DTP + Hib + hepatite B) – segunda dose
Vacina contra a poliomielite – segunda dose com vacina inativada (VIP)
4 meses
Vacina de rotavírus humano (VORH) oral – segunda dose
Vacina pneumocócica 10 (conjugada) – segunda dose
5 meses Vacina meningocócica C (conjugada)
Vacina contra a poliomielite – terceira dose com vacina inativada (VIP) ***
Vacina para influneza (campanha em época especifica, uma dose anual a partir de seis me-
6 meses
ses até os 5 anos)
Vacina pentavalente (DTP + Hib + hepatite B) – terceira dose
9 meses Vacina para febre amarela (em regiões específicas)
Vacina tríplice viral (SCR – sarampo, caxumba e rubeola)
12 meses Vacina pneumocócica 10 (conjugada) – reforço
Vacina meningocócica C (conjugada) – reforço
Vacina tríplice bacteriana (DTP) – primeiro reforço
Vacina contra a poliomielite – reforço com vacina oral viva (VOP)
15 meses
Vacina quadrivalente viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) – dose única
Vacina para hepatite A – dose única
Vacina tríplice bacteriana (DTP) – segundo reforço
4 anos Vacina contra a poliomielite – reforço com vacina oral viva (VOP)
Vacina contra varicela segunda dose
(continua)

4
Imunizações

(continuação)
Idade Vacinas
Vacina quadrivalente para o HPV ****
9 a 14 anos
Vacina meningocócica C (conjugada) –reforço *****
3 doses de vacina para hepatite B (a depender da situação vacinal anterior)
2 doses de tríplice viral (a depender da situação vacinal anterior)
10 a 19 anos
2 ou 3 doses da vacina quadrivalente para o HPV (a depender da situação vacinal anterior ou idade)
Dupla adulto (difteria e tétano – dT) – reforço a cada 10 anos
3 doses de vacina para hepatite B (a depender da situação vacinal anterior)
Adulto
2 doses de tríplice viral (a depender da situação vacinal anterior)
20 a 29 anos
Dupla adulto (difteria e tétano – dT) – reforço a cada 10 anos
Dupla adulto (difteria e tétano – dT) – reforço a cada 10 anos
Idoso
Antipneumocócica polissacarídica 23-valente – uma dose com reforço 5 anos após (em idosos que vivem
Acima de 60
em instituições fechadas)
anos
Influenza
3 doses de vacina para hepatite B (a depender da situação vacinal anterior)
Gestantes Tríplice acelular do adulto (dTpa) a partir das 20 semanas de gestação
Influenza
*A vacina antipneumocócica 10-valente, antes dada, em seu esquema primário, em 3 doses no primeiro ano de vida, sofre mudança a partir de
2016 (agora com duas doses no primeiro ano de vida e reforço aos 12 meses). ** A vacina antimeningocócica C deve ser administrada em 2 doses
no primeiro ano (3 e 5 meses) com reforço preferencialmente aos 12 meses. *** A partir de 2016, a terceira dose da vacinação contra a poliomielite
passou a ser realizada também com a vacina inativada (VIP), deixando o esquema básico de ser sequencial. Os reforços, administrados aos 15
meses e 4 anos com vacina oral (VOP) permanecem. **** Houve mudança recente do esquema vacinal para duas doses (0 e 6 meses). A introdução
para o sexo masculino será gradativa. ***** A introdução será gradativa por faixa etária.

Fonte: Ministério da Saúde.

Ética e idealmente, todas as vacinas disponíveis e em todas as suas doses tecnicamente preconizadas devem ser
oferecidas ao cliente pediátrico e a seus pais. Se eles vão fazer ou não é uma decisão que compete somente a eles. Não
podemos e não devemos julgar se eles têm condições e nem decidir por eles. Inúmeras modificações têm ocorrido no
calendário do PNI, particularmente desde 2012, e esse calendário gradativamente torna-se mais completo e próximo do
ideal. As principais alterações que já ocorreram: universalização da vacina contra hepatite B, introdução da vacina penta-
valente brasileira (incorporação da vacina contra hepatite B à antiga vacina tetravalente – difteria, tétano, coqueluche e
hemófilos), início do esquema sequencial de imunização contra a poliomielite e adiantamento da segunda dose da vaci-
nação contra sarampo, caxumba e rubéola para quinze meses com introdução da vacinação para varicela, introdução da
imunização contra a hepatite A, contra o HPV e a imunização das gestantes para coqueluche com a vacina acelular. Todas
as vacinas disponíveis no PNI serão revisadas adiante com as recentes modificações. Vacinas sugeridas pela Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP) que não estejam no calendário público também serão abordadas (Quadro 11.2).
Quadro 11.2 – Calendário de Imunizações da SBP – 2017
Idade

Ao nascer 2m 3m 4m 5m 6m 7m 12 m 15 m 18 m 4–6 a 11 a 14–16 a

BCG x

Hepatite B x x x x

DTP/DTPa1 x x x x x

dT/dTpa2 x

Hib3 x x x x

VIP/VOP4 x x x x x

Pneumococóci-
x x x x
ca conjugada5
(continua)

5
TEP – Título de Especialista em Pediatria

(continuação)
Idade
Ao nascer 2m 3m 4m 5m 6m 7m 12 m 15 m 18 m 4–6 a 11 a 14–16 a
Meningocócica
C e A, C, W, Y x x x x x x
conjugadas 6
Meningocócica
x x x x
B recombinante
Rotavírus 7 x x x

Influenza x x anual até 5 anos

Sarampo
Caxumba
x X
Rubéola
Varicela (SCRV)
Idade
Ao nascer 2m 3m 4m 5m 6m 7m 12 m 15 m 18 m 4–6 a 11 a 14–16 a
Hepatite A X x
HPV Meninos e meninas a partir dos 9 anos de idade
Febre amarela A partir dos 9 meses
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria.
1. DTP/DTPa – Difteria, tétano e pertussis (trí- 5. Pneumocócica conjugada (13-valente) é re-
plice bacteriana). A vacina DTPa (acelular) quando comendada a todas as crianças até cinco anos de
possível deve substituir a DTP (células inteiras) idade. Embora o Ministério da Saúde tenha redu-
pois tem eficácia similar e é menos reatogênica. zido o número de doses do calendário básico para
2. dT/dTpa – Adolescentes e adultos com es- 2 (2 e 4 meses), essa alteração ainda não é verifi-
quema primário de DTP ou DTPa completo de- cada no calendário da SBP.
vem receber reforços com dT a cada dez anos, 6. Antimeningocócica - duas doses até um ano
sendo que, preferencialmente, o primeiro re- (3 e 5 meses) para a vacina antimeningocócica C e
forço deve ser realizado com dTpa. No caso de três doses (3,5 e 7 meses) para a ACWY.
esquema primário para tétano incompleto ou 7. Rotavírus - No serviço privado, há disponí-
desconhecido um esquema de três doses deve vel vacina pentavalente, com 3 doses no primeiro
ser indicado, sendo a primeira dose com dTpa e ano de vida.
as demais com dT.
3. Hib – A vacina pentavalente do PNI protege
contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Vacina BCG
Haemophilus influenzae b (conjugada). A vacina é A vacina BCG é constituída por bacilos vivos atenua-
recomendada em três doses, aos dois, quatro e dos de Mycobacterium bovis (bacilo de Calmette e Gué-
seis meses de idade. Quando utilizadas as vacinas rin) e fornece proteção contra formas graves de tubercu-
combinadas com componente pertussis acelular lose, causadas pela disseminação hematogênica, como a
(DTPa/Hib/IPV, DTPa/Hib, DTPa/Hib/VIP/He- forma miliar e a meningite. É aplicada o mais precoce-
patite B), disponíveis em clínicas privadas, uma mente possível, de preferência ao nascimento, exclusi-
quarta dose da Hib deve ser aplicada aos quinze vamente por via intradérmica, na inserção inferior do
meses de vida. músculo deltoide no braço direito. Recomenda-se adiar
4. VIP/VOP – As duas primeiras doses, aos dois a vacinação em crianças com afecções dermatológicas
e quatro meses, devem ser feitas obrigatoriamen- extensas e em atividade, pacientes com peso inferior a
te com a vacina inativada (VIP). A recomendação 2000 g ou que fizeram uso de imunossupressor ou corti-
para as doses subsequentes é que sejam feitas costeroide em alta dose. Filhos de mães infectadas pelo
preferencialmente também com a vacina inativa- HIV e crianças infectadas que estejam assintomáticas
da (VIP). As doses de VOP podem ser administra- podem receber a vacina a partir do nascimento; contu-
das nos dias nacionais de vacinação. do, está contraindicada nos pacientes sintomáticos.

6
Imunizações

A vacina BCG provoca reação tecidual local, levando maternidade. A administração precoce da vacina, nas
à formação de mácula avermelhada com enduração de primeiras 12 horas, é efetiva para evitar a transmissão
até 15 mm (1ª e 2ª semana), evoluindo para pústula com vertical da infecção.
amolecimento central (3ª e 4ª semana), úlcera (4ª e 5ª se- Mãe soropositiva para HBsAg durante a gravidez de-
mana) e, finalmente, para a pequena cicatriz (6ª a 12ª se- termina a necessidade de a criança receber a primeira
mana). O tempo habitual de evolução da lesão, portanto, dose da vacina logo após o parto e imunoglobulina hi-
é de seis a doze semanas, mas pode chegar até 24 sema- perimune da hepatite B (HBIG) na dose de 0,5 ml via
nas. Cerca de 5 a 10% das crianças não apresentam cica- intramuscular (IM) nas primeiras 12 horas de vida, apli-
triz vacinal após a primo-vacinação, seja por técnica de cadas concomi-tantemente, mas em locais diferentes. A
aplicação inadequada ou por características individuais, e eficácia dessa conduta é de 95% e elimina o eventual ris-
devem ser revacinadas seis meses depois sem necessidade co de transmissão pelo leite materno. Quando a mulher
de teste tuberculínico prévio. não foi testada para o HBsAg ou essa informação não
Pode ocorrer enfartamento ganglionar (axilar, su- está disponível, o exame deve ser solicitado logo após o
pra ou infraclavicular) de três a seis semanas após a parto. Enquanto se aguarda o resultado, o recém-nasci-
vacinação. Normalmente, esse enfartamento é homo- do deve receber a primeira dose da vacina. Se o resultado
lateral ao local da aplicação, firme, móvel e indolor, do exame for positivo, a imunoglobulina deve ser apli-
medindo até 3 cm e sem sintomatologia sistêmica. O cada o mais cedo possível, até no máximo 7 dias após o
desaparecimento é espontâneo em um a três meses e parto. No entanto, se a pesquisa de HBsAg não for pos-
não há necessidade de tratamento sível, não se justifica dar imunoglobulina para todos os
recém-nascidos, já que a vacina isoladamente é bastante
eficaz na prevenção da doença em 70 a 90% dos casos.
Vacina contra a hepatite B No parto de gestante HBsAg-positiva, orienta-se lavar
A vacina contra hepatite B, introduzida em 1998, é ob- bem o recém-nascido, retirando todo vestígio de sangue
tida por meio de engenharia genética, por técnica de DNA ou secreção materna. Por outro lado, mesmo que a mãe
recombinante e, portanto, não contém vírus vivo. A via apresente fissura mamária com sangramento, não se
de administração é intramuscular. A partir de 2016, tor- contraindica a amamentação.
-nou-se uma vacina universal: disponível para todas faixas Recentemente, a vacina contra a hepatite B foi incor-
etárias e independentemente das condições de vulnera- porada à vacina tetravalente (DTP + hemófilos), em uma
bilidade. Até então, estava particularmente indicada para vacina conhecida como pentavalente brasileira. Portan-
grupos considerados vulneráveis e de risco para aquisição to, desde 2012 o esquema vacinal primário para hepati-
da infecção: trabalhadores da saúde; bombeiros, policiais te B consiste na dose inicial da maternidade (ao nasci-
militares, civis e rodoviários; caminhoneiros, carcereiros de mento) – vacina contra hepatite B e três doses de vacina
delegacia e de penitenciárias; coletores de lixo hospitalar pentavalente, aos dois, quatro e seis meses de vida da
e domiciliar; agentes funerários, comunicantes sexuais de criança, perfazendo, atualmente, um total de 4 doses de
pessoas portadoras de VHB; doadores de sangue; homens vacinas contra a hepatite B.
e mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas do No caso de atraso do esquema vacinal, não há necessi-
mesmo sexo (HSH e MSM); lésbicas, gays, bissexuais, tra- dade de recomeçá-lo, e sim apenas completá-lo (não existe
vestis e transexuais, (LGBTT); pessoas reclusas (presídios, intervalo máximo entre as doses). Adolescentes que não
hospitais psiquiátricos, instituições de menores, forças ar- tenham recebido a vacina na infância ou com a história in-
madas, dentre outras); manicures, pedicures e podólogos; certa da imunização devem receber as três doses da vacina.
populações de assentamentos e acampamentos; potenciais Crianças com peso de nascimento igual ou inferior
receptores de múltiplas transfusões de sangue; profissio- a 2 kg ou idade gestacional < 33 semanas devem obri-
nais do sexo/prostitutas; usuários de drogas injetáveis e gatoriamente receber quatro doses da vacina, o que já
inaláveis, portadores de doenças sexualmente transmissí- ocorre hoje com a vacinação com a pentavalente. Crian-
veis (DST) e população indígena. No intuito de contribuir ças e adolescentes não vacinados quando bebês devem
para a ampliação da cobertura vacinal e reduzir o potencial receber a vacina no esquema clássico de 0, 1, 6 meses.
de transmissão vertical da doença e, considerando o pré- Mais de 95% das crianças e 90% dos adultos atingem
-natal como excelente oportunidade de contato da mulher títulos protetores de anticorpos após este esquema. A
com o serviço de saúde, o PNI recomenda, a vacinação de coleta de sorologia para checagem da viragem não deve
gestantes ainda não vacinadas, independentemente do pe- ser realizada rotineiramente, apenas em pacientes per-
ríodo de gestação ou faixa etária. tencentes a grupos de maior risco. A vacina contra hepa-
Para os bebês, deve ser administrada, de preferência, tite B tem poucos efeitos indesejáveis. Para as pessoas
a partir do nascimento ou, ao menos, antes da alta da que não apresentam títulos protetores após o esquema

7
TEP – Título de Especialista em Pediatria

de três doses, recomenda-se repetir o esquema de va- O esquema vacinal adotado a partir de 2016 não é
cinação, nos mesmos intervalos do esquema clássico. mais o sequencial no primeiro ano de vida (VIP/VIP/
Caso não haja resposta adequada, não há recomendação VOP); A terceira dose (6 meses) foi substituída por VIP.
de repetir novo esquema; considera-se, portanto, o indi- Os reforços administrados aos quinze meses e quatro
víduo como suscetível. anos com vacina VOP permanecem. Permanece tam-
bém uma campanha de vacinação indiscriminada anual,
Vacina contra a poliomielite de crianças entre um e quatro anos. Também em 2016,
ocorreu a substituição da VOP trivalente pela VOP biva-
A vacina utilizada basicamente em nosso país contra lente (poliovirus 1 e 3)
a poliomielite era a vacina oral (VOP-Sabin), que contém A vacina poliomielite inativada pode ser administrada
três tipos de poliovírus atenuados (1, 2 e 3), embora já se simultaneamente com qualquer outra vacina recomen-
saiba que a circulação vírus selvagem 2 foi interrompida dada pelo PNI. Em caso de administração concomitante,
em 1999 no mundo. Até o ano de 2012, ela era adminis- devem ser utilizadas diferentes agulhas e sítios de admi-
trada por via oral em três doses (2, 4, 6 meses), com refor- -nistração. A via de administração da VIP é intramuscular.
ços aos quinze meses e quatro anos. Recentemente, diante O Ministério da Saúde continua realizando uma campa-
da preferência e superioridade da vacina inativada (VIP), nha nacional de vacinação contra poliomielite, utilizando
vários países não endêmicos já instituíram essa prática, a VOP para as crianças menores de cinco anos e, agora,
abolindo o uso da vacina oral. É inegável o sucesso e a con- maiores de doze meses.
tribuição da utilização da VOP na erradicação da poliomie-
Recomenda-se também a vacina inativada (todas as
lite; a interrupção do seu uso deverá ser cuidadosa-mente
doses) para crianças imunodeprimidas ou que sejam
programada e planejada. As principais estratégias a serem
contactantes de indivíduos imunodeprimidos. Ao final
consideradas após a interrupção da VOP, mundialmente,
de 2017 ainda tínhamos no mundo três países endêmi-
são uma vigilância ativa e a não interrupção da imuniza-
cos para poliomielite (impossibilitando o abandono da
ção com a vacina poliomielite inativada – VIP. Como países
vacinação contra essa doença). Em alguns países, por
desenvolvidos e em desenvolvimento declararam a inten-
movimentos migratórios, a poliomielite pode ser rein-
ção de continuar com a imunização de suas populações,
troduzida. Tão importante ainda é o aparecimento em
mesmo após a erradicação do poliovírus selvagem, a VIP
passado recente de surtos de poliomielite causada por
deverá ser utilizada nesses países para prevenir a reintro-
vírus mutante (poliomielite vacinal), inclusive pelo vírus
dução do vírus selvagem e o ressurgimento da poliomieli-
2 (estando o selvagem erradicado!), em alguns locais no
te. O Brasil, com o objetivo de cumprir esta determinação,
mundo. Apenas a vacina oral não erradicará a doença. A
a introduziu, em agosto de 2012, a vacina inativada polio-
mielite (VIP) em esquema sequencial com 2 doses de VIP, imunidade não é adequadamente alcançada com a VOP
ampliado em 2016. As doses da VIP objetivam minimizar em países em desenvolvimento. Enquanto a soroconver-
o risco, que é raríssimo, de paralisia associada à vacina, e são, em países desenvolvidos, é superior a 90% para PV1
as da VOP, manter a imunidade populacional (de rebanho) e PV2 e inferior a 80% para PV3 em adolescentes e adul-
contra o risco potencial de introdução de poliovírus sel- tos jovens, nos países em desenvolvimento, ela parece
vagem por meio de viajantes oriundos de localidades que ser ainda menor (termoinstabilidade e interferência de
ainda apresentam casos autóctones da poliomielite, por outras enteroviroses), declinando com o tempo, fato
exemplo. A vacina oral era a vacina de escolha pelo PNI responsável pela doença em adultos. Até a obtenção de
devido à facilidade de administração, com boa aceitabilida- certificação global de erradicação da poliomielite selva-
de pelos pacientes e indução de imunidade intestinal. Os gem, há que se vacinar sempre, seja com VOP ou VIP. A
vírus vacinais que colonizam o intestino, são excretados cobertura vacinal deve ser mantida nos calendários de
em grande quantidade nas fezes (até 2 meses) e podem rotina e nas atividades de campanha.
infectar secundariamente contatos suscetíveis do indiví- No calendário da SBP, a vacina de vírus inativado
duo vacinado (vacinação de rebanho). São administradas contra a poliomielite (VIP) pode e deve substituir to-
apenas duas gotas, sem necessidade de jejum prévio. A das as doses da vacina oral contra a pólio (VOP). Mas
amamentação não interfere na imunização. Entretanto, recomenda-se que todas as crianças com menos de cinco
durante a replicação, o vírus vacinal pode sofrer mutação, anos de idade recebam VOP nas campanhas nacionais
com aumento da neurovirulência e, eventualmente, da de vacinação. A VIP é, assim como a VOP, uma vacina
transmissibilidade; portanto, a complicação vacinal mais trivalente, contendo poliovírus dos tipos 1, 2 e 3, e inati-
temida é a poliomielite aguda que ocorre (com risco maior vados por formaldeído. A desvantagem é não promover
nas primeiras doses), em cerca de 1:2,5 a 3 milhões de apli- a imunidade coletiva, além do custo mais elevado. Em
cações, em pacientes imunocompetentes. Em imunocom- compensação, não corre o risco de gerar cepas virais mu-
prometidos o risco é maior. tantes, capazes de produzir eventuais casos de paralisia

8
Imunizações

associada à vacina. É a vacina de eleição para imunos- te fraco, à semelhança do que ocorre com outros polis-
suprimidos. Indivíduos com idade superior a sete anos sacárides, por atuarem como antígenos T-independen-
não vacinados com a série primária de VOP podem ser tes, que não induzem formação de memória e não são
vacinados com três doses de VIP, respeitando-se o inter- suficientemente imunogênicos antes dos dois anos de
valo de quatro semanas entre as doses. A VIP pode ser idade. Para resolver esse problema, a solução encontra-
associada a outras vacinas (combinada), dando maior da foi a conjugação do PRP a diferentes proteínas, alte-
conforto, comodidade e adesão. Vários países do mundo rando sua imunogenicidade, que passa a comportar-se
aplicam, de rotina, apenas a vacina VIP. como antígeno T-dependente, capaz de induzir células
As recomendações oficiais do Ministério da Saúde, para de memória e resposta imune precoce. Além disso, pode
dispensação e aplicação nos Centros de Referência para ser administrada após os dois meses de vida. Essa é a ex-
Imunobiológicos Especiais (CRIE), para crianças que não plicação do importante conceito de conjugação no tema
estão dentre as recomendações do PNI, compreendem: imunização: vacina conjugada é aquela que combina an-
• crianças imunodeprimidas (doenças adquiridas tígeno polissacarídico a uma proteína para aumentar a
ou congênitas) não vacinadas ou que receberam sua imunogenicidade, tornando-a timo-dependente,
esquema incompleto para poliomielite; isto é, capaz de induzir memória imunológica. Na vacina
• crianças que tenham contato domiciliar com in- contra hemófilos, a proteína conjugada pode ser o toxoi-
divíduos imunodeprimidos; de tetânico (PRP–TT) ou o mutante não tóxico da toxina
diftérica (CRM–197). Oferece proteção contra doenças
• pessoas submetidas ao transplante de medula ós-
invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b,
sea ou órgãos sólidos;
como meningite, epiglotite e pneumonia. São indicadas
• história de complicação paralítica com dose ante- rotineiramente para todas as crianças a partir dos dois
rior da VOP (paralisia flácida). meses até os quatro anos de idade. Acima dessa idade,
são indicadas para crianças não vacinadas de grupos de
Vacina contra DPT + Hib risco como asplenia, doença pulmonar ou cardíaca crô-
nica, anemia falciforme, diabete, trissomias, doenças
(atualmente pentavalente) de depósito ou quaisquer imunodeficiências, inclusive
A vacina pentavalente é uma combinação da DPT con- os HIV-positivos sintomáticos ou não. Essas vacinas
tra difteria, tétano e coqueluche, com a vacina contra o podem ser aplicadas simultaneamente com quaisquer
Haemophilus influenzae tipo b (Hib) e contra a hepatite outras do calendário vacinal básico, bem como com as
B, combinação que facilita a aplicação sem comprometi- vacinas pneumocócicas e meningocócicas, desde que ad-
mento da sua imunogenicidade. São três doses, com in- ministradas em diferentes locais e com outras seringas.
tervalos de sessenta dias (2, 4 e 6 meses) aplicadas por Ressalte-se que a administração da vacina contra Hib só
via intramuscular (preferencialmente no vasto lateral da está indicada para crianças de um a quatro anos, quando
coxa). Tem eficácia de 90% a 95% para tétano, difteria e estas não receberam o esquema completo antes do pri-
Hib e de cerca de 80% para coqueluche (também menos meiro ano de vida, ou seja, três doses. Nessas situações
duradoura). Torna-se, nesse ponto, importante reforçar o recomenda-se a aplicação de uma única dose.
conceito de vacina combinada (vacina constituída por vá- A vacina DPT clássica (também chamada de tríplice
-rios imunógenos diferentes no mesmo frasco) para dife- bacteriana) é uma associação dos toxoides tetânico e
renciá-lo do conceito de vacina conjugada (vide adiante). diftérico com a bactéria Bordetella pertussis inativada
O Haemophilus influenzae é importante agente de (vacina celular). Além das três doses administradas com
infecções graves em lactentes e crianças, na maioria das a Hib e hepatite B, na vacina pentavalente, a DPT deve
vezes, com menos de cinco anos de idade. Embora cepas ser aplicada com quinze meses e com quatro a seis anos
não tipáveis (não capsuladas) colonizem as vias respira- (duas doses de reforço). Na imunização da criança a par-
tórias e sejam causa frequente de otite média, sinusite e tir de sete anos é indicada uma vacina sem o componen-
infecção das mucosas respiratórias, são as cepas capsu- te celular pertussis (dT – dupla do adulto).
ladas, particularmente as do sorotipo b, as responsáveis As reações adversas locais da vacina DPT são dor e eri-
pela quase totalidade dos casos de doença invasiva por tema local. As reações sistêmicas são, na sua maior parte,
essa bactéria (meningite, sepse, pneumonia, epiglotite, causadas pelo componente pertussis. A reação sistêmica
celulite, artrite séptica e osteomieliote). Essas doenças mais comum é a febre (até 50% dos casos). A febre pós-
invasivas são mais comuns após os três meses de idade -vacinal DPT ocorre, geralmente, nas primeiras 24 horas
(diminuição dos anticorpos maternos). A vacina contra (habitualmente de três a seis horas) e não contraindica
o Hib contém o polissacarídeo capsular purificado des- doses subsequentes. Sonolência prolongada pode se ins-
ta bactéria, chamado polímero de ribosil-ribitol-fosfato talar nas primeiras 24 horas e pode se estender até 72
(PRP). Entretanto, o PRP é um imunógeno relativamen- horas após a vacinação. Irritabilidade, anorexia e vômitos

9
TEP – Título de Especialista em Pediatria

também são relativamente comuns. O choro persistente ses de idade. Deve-se salientar que isso não é realizado
(com duração maior de 3 horas) parece estar relacionado se a composição não é a acelular (calendário do PNI).
com a dor e pode ocorrer numa frequência de 1:100 casos, Nos últimos anos tem havido relato de aumento de
instalando-se nas primeiras 24 a 48 horas (usualmente, casos de coqueluche em alguns países, especialmente
nas primeiras 2 a 8 horas). Nestes casos, após descartar entre adolescentes e adultos, o que causa preocupação
outras causas, são utilizadas medicações analgésicas. pelo fato de serem reservatório de infecção para crian-
A presença de convulsões (com ou sem a presença de ças pequenas que ainda não foram completamente
febre) até 72 horas após a vacinação é considerada uma vacinadas. A coqueluche é altamente contagiosa e sua
reação adversa importante e indica a substituição pela taxa de ataque pode chegar a 90% entre contatos não
vacina tríplice acelular (DTPa) nas próximas doses. imunizados. A imunização em massa de crianças com
A síndrome hipotônica hiporresponsiva (SHH) ca- a vacina DTP reduziu a incidência e mortalidade entre
racterizada por hipotonia, sudorese fria e diminuição da crianças até quatro anos de idade. Visto que a imuni-
resposta a estímulos ocorre nas primeiras 48 horas pós- dade adquirida com a vacinação não é duradoura, as
-vacinação em uma frequência de 1:1.750 casos. Quando altas taxas de cobertura vacinal determinaram uma
o paciente apresenta SHH é indicada a substituição da mudança no padrão da infecção; a B. pertussis passou
DPT pela DTPa nas vacinações subsequentes. a circular principalmente entre adolescentes e adultos,
A encefalopatia aguda pós-vacinal caracteriza-se que passaram a ser as principais fontes de infecção. O
aumento da incidência da coqueluche pode ser muito
por convulsões, alteração grave do nível de consciência
maior do que se pensa. Entre adolescentes e adultos, a
e alteração do comportamento por até sete dias após
doença manifesta-se de forma branda e inespecífica na
a aplicação da DPT. É um quadro raro (1:110.000) e
maioria das vezes, com apenas tosse. Muitos pacientes
parece não estar relacionado à lesão neurológica per-
nem procuram atendimento médico. Por isso, nessas
manente. Contraindica-se a DPT e a DTPa após esse
faixas etárias, a coqueluche é pouco diagnosticada e
evento adverso, com utilização da DT (dupla infantil)
subnotificada. O grupo etário dos menores de um ano
nas doses subsequentes.
de idade, particularmente os menores do que seis me-
A tríplice acelular é uma vacina contra difteria, téta- ses, são os mais acometidos pela coqueluche. Nessa
no e coqueluche, que não contém a bactéria Bordetella idade, os lactentes ainda não receberam o esquema de
pertussis inteira. Ela é preparada com componentes vacinação completo e os níveis de anticorpos maternos
antigênicos da B. pertussis tornados atóxicos (inativa- que passaram pela via transplacentária não são sufi-
dos) por tratamento químico ou por engenharia genéti- cientes para garantir a proteção contra a doença. Além
ca, além dos toxoides diftéricos ou tetânicos. É eficaz e, disso, a ocorrência de complicações, a taxa de hospi-
consideravelmente, com menos efeitos adversos que a talização e de letalidade por coqueluche entre crianças
vacina celular. A SBP indica a DTPa como opção à DPT, menores de seis meses são bem maiores que em ado-
sendo ad-ministrada, inclusive, no mesmo esquema de lescentes ou adultos. A principal fonte de infecção para
doses (dois, quatro, seis, quinze meses e quatro a seis as crianças são os contatos domiciliares. O aumento da
anos de idade). Os efeitos adversos são os mesmos da ocorrência da doença entre adolescentes e adultos está
DPT, mas com intensidade muito menor. diretamente associada ao aumento da doença entre os
O Ministério da Saúde indica a substituição da DPT lactentes. A elevada taxa de incidência e a gravidade da
pela DTPa (disponível nos CRIE) quando: coqueluche entre os bebês, o reconhecimento de que
• após o recebimento de qualquer uma das doses da os contatos domiciliares adultos são os principais re-
vacina tríplice bacteriana de células inteiras apre- servatórios de infecção para essas crianças e a disponi-
sentem convulsões até 72 horas ou episódio hipo- bilidade da vacina difteria, tétano e pertussis acelular
tônico hiporresponsivo nas primeiras 48 horas; (dTpa) para as pessoas maiores de sete anos (tríplice
• a criança apresenta doença pulmonar ou cardí- acelular do adulto), propiciou a discussão de novas es-
aca crônica com risco de descompensação em vi- tratégias de vacinação contra a coqueluche. A vacina
gência de febre; tríplice acelular do adulto contém menor quantidade
de toxoide diftérico e dos componentes acelulares de
• pacientes com doença neurológica crônica inca-
coqueluche (dTpa), e concentrações semelhantes de
pacitante;
toxoide tetânico em comparação com a tríplice acelu-
• doença convulsiva crônica. lar da criança (DTPa). A substituição da dupla adulta
Um detalhe importante é que, quando a vacina trí- para adolescentes pela tríplice acelular tipo “adulto”,
plice acelular é realizada de forma combinada com a an- portanto, é justificável e preconizada pela SBP. Essa
ti-hemófilos (tetravalente acelular), existe formalmente vacina não está disponível em Saúde Pública. Algumas
indicação de reforço de vacina para Hib aos quinze me- entidades, como a Sociedade Brasileira de Imunizações

10
Imunizações

(SBIM) chegam a recomendar que o reforço com dTpa O sarampo é uma doença altamente transmissível
seja antecipado para os dez anos, devido à perda rápida (via respiratória), sendo estimado que 90% de indivídu-
de proteção para coqueluche. os suscetíveis expostos a uma pessoa infectada contrai-
Outra estratégia iniciada em 2015 foi a introdução da rão a doença. Um caso de sarampo introduzido em uma
tríplice acelular tipo “adulto” para as gestantes, no siste- população não imunizada infectará de 12 a 18 pessoas.
ma público (PNI). Gestantes vacinadas podem oferecer A vacina tríplice viral é a medida de proteção mais segu-
proteção vacinal indireta (passagem de anticorpos) aos ra e eficaz contra o sarampo, protegendo também contra
seus bebês recém-nascidos, promovendo a redução de a rubéola e a caxumba. A rubéola também é uma doença
casos e óbitos pela doença nesta faixa etária. A vacina é exantemática de transmissão respiratória, com sinto-
indicada para as gestantes a partir da vigésima semana, mas/sinais mais brandos que o sarampo. Entretanto, a
preferencialmente, até a trigésima sexta semana de ges- infecção no primeiro trimestre de gestação pode levar ao
tação, independentemente do número de doses prévias abortamento, óbito fetal ou síndrome da rubéola congê-
de dT (dupla adulta). A vacina dTpa deve ser administra- nita, com múltiplas malformações no neonato.
da a cada gestação considerando que os anticorpos têm Apesar dos progressos alcançados em relação à eli-
curta duração; portanto, a vacinação durante uma gravi- minação dessas doenças, a circulação endêmica do vírus
dez não manterá alto nível de anticorpos protetores em do sarampo permanece em diferentes países do mundo,
gestações subsequentes. particularmente no continente europeu (onde a cober-
tura vacinal está abaixo da necessária). A circulação en-
Vacina contra o rotavírus dêmica do vírus do sarampo foi interrompida no Brasil
em 2000; a partir dessa data, casos espo-rádicos e surtos
A vacina contra rotavírus disponível no PNI é uma va- limitados, resultantes da importação do vírus ocorre-
cina atenuada, monovalente (G1P[8] – o sorotipo de ro- ram, com destaque para 2014 (um recorde de 876 ca-
tavírus mais comum globalmente). Sua administração é sos). O Brasil registrou atividade sustentada do sarampo
exclusivamente oral e, caso a criança vomite ou regurgite, entre 2013 e 2015 em Pernambuco e Ceará, surto consi-
nova dose não deve ser administrada. O esquema vacinal derado encerrado em setembro de 2015.
recomendado é de duas doses, aos dois e quatro meses de Em 27 de setembro de 2016 a região das Américas
idade. A idade mínima da primeira dose é um mês e quinze foi declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
dias e a máxima, três meses e quinze dias. Para a segunda como a primeira região do mundo livre da transmissão
dose, a idade mínima é de três meses e quinze dias e a má- endêmica da rubéola e da síndrome da rubéola congênita
xima, sete meses e vinte e nove dias. e em dezembro desse mesmo ano o Brasil recebeu o cer-
As contraindicações são: imunodeficiência congênita tificado de eliminação da rubéola. Toda atenção é pouca,
ou adquirida; uso de corticosteroides em doses elevadas ou portanto, para a manutenção dessas condições favoráveis
crianças submetidas a outras terapêuticas imunossupres- daqui para frente.
soras (quimioterapia, radioterapia); reação alérgica grave Todas as crianças e adolescentes devem receber ou
a um dos componentes da vacina ou em dose anterior; ter recebido duas doses de SCR até o fim da adolescência
história de doença gastrointestinal crônica; malformação (atualmente recomenda-se que até os 29 anos todos te-
congênita do trato digestivo e história prévia de invagina- nham registro de duas doses de SCR). Não é necessário
ção intestinal. Não está contraindicada para crianças que aplicar mais de duas doses. Devido à utilização de células
convivem com gestantes ou imunodeprimidos. de embrião de galinha no preparo da vacina, pacientes
Existe outra vacina para rotavírus, disponível nas clíni- com antecedente de anafilaxia após ingestão de ovo de
cas privadas. Trata-se de uma vacina pentavalente, que é galinha tinham sua aplicação contraindicada; hoje, nas
administrada em três doses (2, 4 e 6 meses). A eficácia das novas recomendações em nosso país, não ocorre mais
duas vacinas é bastante semelhante entre elas (redução de essa contraindicação. O PNI, como precaução, recomen-
cerca de 80 a 90% das formas graves de gastrenterite). da que mulheres grávidas não sejam vacinadas e que,
após receber a vacina, as mulheres evitem gravidez por
Vacina tríplice viral (SCR) um mês. Por se tratar de uma vacina de vírus vivo, não
deve ser administrada em crianças com imunodeficiên-
A tríplice viral é uma vacina combinada, que contém cia grave. A vacina contra SCR é bem tolerada. Podem
vírus atenuados do sarampo, da caxumba e da rubéola. ocorrer dor e eritema no local da aplicação, além de lin-
É aplicada por via subcutânea, aos doze meses de idade e foadenopatia local. Após cinco a doze dias da vacinação,
aos quinze meses. Na dose de quinze meses, atualmente alguns pacientes podem apresentar febre, conjuntivite
aplica-se, no PNI, a vacina quadrivalente viral (proteção ou quadro catarral. Exantema pode aparecer do 7º ao
associada para varicela). 10º dia em cerca de 5% dos casos.

11
TEP – Título de Especialista em Pediatria

Vacina contra a varicela com indivíduo com a doença devem antecipar a segun-
da dose, respeitando o intervalo mínimo de 1 mês en-
Uma das mais recentes vacinas incorporadas no ca- tre as doses.
lendário do PNI é a contra a varicela, introduzida na
forma combinada com a tríplice viral (quadrivalente vi-
ral), aos quinze meses de idade e recentemente ampliada Vacina contra o pneumococo
para duas doses, aos 4 anos de idade (2018). A catapora A doença pneumocócica é umas das afecções mais
é uma doença altamente contagiosa causada pelo vírus relevantes entre as doenças imunopreveníveis. É a do-
varicela-zoster, sendo uma doença febril associada a um ença potencialmente controlada por vacina que mais
exantema papulovesicular. A transmissão ocorre por mata (alta letalidade) entre elas. Das “novas” vaci-
contato direto com as lesões de pele e por disseminação nas disponíveis, sempre foi considerada a prioridade
aérea de partículas virais. O período de maior transmis- número um em países em desenvolvimento. Até re-
sibilidade inicia-se dois dias antes do aparecimento das centemente a vacinação de crianças contra a doença
vesículas e perdura enquanto elas existirem. O período pneumocócica no Brasil estava disponível somente em
médio de incubação é de 14 dias. clínicas privadas de imunização e nos CRIE. A partir de
A imunização para varicela pode ser conseguida 2010 a vacina conjugada 10-valente (VPC10) foi inclu-
com a utilização de vacina de vírus vivo atenuado, indi- ída no calendário de vacinação do PNI. O Brasil foi o
cada a partir de um ano de idade. É altamente efetiva, primeiro país a incluir a VPC-10 em sua política nacio-
com taxa de soroconversão, para crianças saudáveis, nal de saúde pública.
acima de 95%. Na pós-exposição, a vacina é efetiva em O pneumococo é um diplococo Gram-positivo, cir-
contatantes suscetíveis quando aplicada até 72 horas cundado por uma cápsula polissacarídica, que é um dos
após o contágio (pode ser administrada até 5 dias), evi- fatores mais importantes na virulência do agente. Com
tando a doença ou propiciando a ocorrência de formas base na composição antigênica da cápsula são identifica-
mais brandas. dos hoje pouco mais de 90 sorotipos de pneumococos.
Está contraindicada para uso em pessoas com imu- O sorotipo 14 é o mais prevalente na população pedi-
nodeficiência (principalmente do tipo celular), HIV átrica. É (ou era, após a introdução da vacina) a causa
sintomático, uso de drogas imunossupressoras e ges- mais importante de pneumonias, otites e sinusites em
tantes. É recomendada para todas as crianças, confor- crianças e, dentre as infecções mais graves, destacam-se,
me calendário da SBP, aos doze meses e quinze meses infecções pneumocócicas invasivas, como meningite e
de idade. Observa-se que, na recomendação do PNI, a pneumônica bacterêmica, com importante morbimorta-
vacina para varicela somente era administrada em uma lidade na população pediátrica. O agente coloniza as vias
dose até 2018, o que seguramente protege os casos aéreas superiores e, após rompimento da barreira muco-
mais graves, não eliminando, portanto, a chance de a sa, pode ocorrer invasão local (otite, sinusite, pneumo-
criança desenvolver varicela na vida (quadros mais le- nia não bacterêmica) ou invasão da corrente sanguínea
ves). A ampliação para uma segunda dose dos 4 aos 6 (meningite e sepse). Pode ocorrer também disseminação
anos foi muito benvinda. bacterêmica de uma pneumonia. Define-se doença inva-
A vacinação em adolescentes e adultos suscetíveis, siva quando se isola o agente em locais que são habitu-
nos quais a doença é mais grave merece atenção espe- almente estéreis.
cial. A vacina contra varicela está disponível nos CRIE, Existem dois tipos de vacinas antipneumocócicas comer-
para pacientes suscetíveis e que serão submetidos a cialmente disponíveis: as polissacarídicas e as conjugadas.
transplante de órgãos sólidos, profissionais de saúde,
bloqueio em hospitais e creches, familiares imunocom-
petentes que residem com imunodeprimidos, asplenia Vacina antipneumocócica
anatômica ou funcional, trissomias e doenças derma- polissacarídica
tológicas crônicas graves. A vacina é de aplicação sub-
Trata-se de uma vacina composta de antígenos do
cutânea. A vacina contra varicela, para utilização em
polissacarídeo capsular purificado dos 23 sorotipos mais
surtos, somente está disponível apenas para bloqueio
prevalentes identificados na Europa e nos EUA (1, 2, 3,
em ambiente hospitalar e controle em creches. A va- 4, 5, 6B, 7F, 8, 9N, 9V, 10A, 11A, 12F, 14, 15B, 17F, 18C,
ricela que acomete vacinados é mais leve do que a que 19A, 19F, 20, 22F, 23F e 33F). Quando se administra o
ocorre em não vacinados, com menor número de lesões polissacáride, este provoca uma resposta imune T-in-
e de duração mais curta. dependente, sem memória, que não responde à dose
Crianças que receberam apenas uma dose da vacina booster. É uma vacina que não é tão eficaz para crianças
varicela e apresentem contato domiciliar ou em creche abaixo dos dois anos de idade. A eficácia para as formas

12
Imunizações

graves da doença para adultos, idosos e pacientes com única dose de revacinação com a vacina pneumocócica po-
doença de base situa-se ao redor de 75%. Na vacinação lissacarídica 23-valente deve ser administrada uma única
para indivíduos com mais de dois anos, adultos e idosos, vez 5 anos após a primeira dose para as pessoas com risco
essa é a vacina utilizada e aplicada em grupos especiais, aumentado de DPI.
como idosos hospitalizados e institucionalizados, indi-
víduos com doenças crônicas cardiovasculares, pulmo-
nares, renais, metabólicas (DM), hepáticas e hemoglobi- Vacinas contra o meningococo
nopatias e imunodeprimidos. A doença meningocócica (DM) é um dos grandes
problemas de saúde pública. A gravidade e dramatici-
Vacina antipneumocócica dade dos quadros deve-se, em geral, à evolução rápida
conjugada e com alta letalidade, em torno de 15 a 20%. Dos que
As vacinas conjugadas são aquelas nas quais os antí- sobrevivem, chama atenção também a frequência de
genos bacterianos (nesse caso, o polissacaríde do pneu- sequelas permanentes (10 a 20%). Acomete pessoas
mococo) são ligados a carreadores proteicos, facilitan- de todas as faixas etárias, porém a maior incidência é
do o processamento pelos linfócitos T, gerando então em crianças menores de cinco anos de idade, sobretudo
uma resposta de longa duração de anticorpos prote- nos menores de um ano. Em situações de surtos ob-
tores, com memória e protetora mesmo em lactentes serva-se uma distribuição da DM entre adolescentes e
jovens. A vacina pneumocócica 7-valente, desde 2002 adultos jovens. Cinco sorogrupos (A, B, C, W e Y) res-
no Brasil (não disponível atualmente) que continha pondem por quase todos os casos da doença no mun-
sete sorotipos de pneumococo (4, 6B, 9V, 14, 18C, 19F, do, com marcantes diferenças regionais e temporais.
23F), desde sempre foi preconizada pela SBP. A vacina Outro aspecto epidemiológico importante é o compor-
pneumocócica conjugada introduzida no calendário do tamento flutuante da distribuição epidemiológica dos
PNI foi a VPC-10, chamada de 10-valente, por conter, vários sorogrupos de meningococo. Assim, hoje, em
além dos sorotipos contemplados pela 7-valente, mais nosso país, o sorogrupo C é o predominante, seguido
três sorotipos (1, 5 e o 7F). Os sorotipos 1 e 5 são im-
pelo sorogrupo B. Essa não era a distribuição na dé-
portantes agentes de pneumonia em nosso meio. No
cada de 1990; portanto, em curto espaço de tempo, a
período de 2000 a 2008, foram identificados no Brasil,
32 sorotipos de pneumococo (Projeto SIREVA de vigi- frequência relativa de cada sorogrupo pode mudar. No
lância epidemiológica de S. pneumoniae na América estado de São Paulo (dados obtidos no site do Centro
latina); por meio de cálculos, considerou-se o impacto de Vigilância Epidemiológica – CVE), no ano de 2017,
da vacina 10-valente na prevenção da doença pneumo- 60,4% dos casos de DM foram causados pelo sorogrupo
cócica grave em 80,1%. C, 31,5% pelo sorogrupo B, 3,6% pelo sorogrupo W e
No PNI, a vacina 10-valente era preconizada aos 4,1% pelo sorogrupo Y. Com pequenas variações regio-
dois, quatro e seis meses, com reforço aos doze meses. nais, de forma geral, é essa também a distribuição no
A partir de 2016, adota-se o esquema básico de duas território brasileiro.
doses (dois e quatro meses) e reforço, esquema tão efe- Vários fatores de risco relacionam-se com a doen-
tivo quanto o inicialmente adotado. Para as crianças de ça meningocócica, das quais, os mais estudados são as
doze meses a quatro anos, não vacinadas, administrar deficiências imunológicas, particularmente do sistema
dose única. complemento. Entretanto, deve-se ressaltar que a maio-
Existe no mercado privado a vacina 13-valente que ria dos casos (>90%) de doença meningocócica ocorre
inclui, além dos 10 sorotipos presentes na VPC-10, os em pessoas previamente saudáveis. Daí a importância
sorotipos 3, 6A e 19A, que amplia mais ain-da a cobertu- da vacinação tanto para grupos vulneráveis quanto para
ra para a doença pneumocócica. indivíduos saudáveis.
A SBP recomenda vacinação para o pneumococo para
todas as crianças até cinco anos de idade. Recomenda-se
três doses da vacina pneumocócica conjugada (idealmen- Vacina contra o meningococo C
te 13-valente) no primeiro ano de vida (dois, quatro, seis
O sorogrupo C do meningococo é, sem dúvida al-
meses), e uma dose de reforço entre doze e quinze meses
de vida. Crianças com risco aumentado para doença pneu- guma, o predominante em nosso meio. A vacina é uma
mocócica invasiva (DPI), entre dois e dezoito anos de ida- das principais formas de prevenção contra a doença e
de, devem receber uma dose adicional com a vacina 13-va- foi introduzida no calendário brasileiro de imunização
lente. Para crianças e adolescentes com risco aumentado (PNI) em 2010. A vacina é composta por polissacarídeo
para DPI recomenda-se também a vacina pneumocócica da cápsula do meningococo C conjugado à uma proteína;
polissacarídica 23-valente, mesmo que tenham recebido portanto, é uma vacina conjugada assim como a vacina
a vacina pneumocócica conjugada ante-riormente. Uma contra o pneumococo e a para hemófilos b.

13
TEP – Título de Especialista em Pediatria

Deve ser aplicada a partir dos dois meses, por via intramuscular. Operacionalmente, no PNI, está indicada aos
três meses e aos cinco meses, com reforço aos doze meses de idade. Caso não seja realizado esse reforço, poderá ser
administrado até os quatro anos.
Em virtude da perda rápida de proteção (queda de nível de anticorpos protetores associado a uma memória
imunológica que não tem tempo de funcionar plenamente, pois o tempo de incubação dessa doença pode ser mui-
to curto), a SBP recomenda reforços posteriores. Assim, atualmente, realiza-se uma nova dose entre quatro a seis
anos de idade e um segundo reforço aos onze anos de idade.
A partir de 2017, uma dose de reforço dessa vacina foi introduzida para adolescentes no PNI. Essa introdução
está sendo gradativa, para ambos os sexos, inicialmente para a faixa etária de 12 a 13 anos e, nesse ano de 2018,
ampliada para 11 a 14 anos. (previsão de incorporação ao calendário com dose aos 9 anos, juntamente com a
vacina contra o HPV)
Dispomos, atualmente, em clínicas privadas, de duas vacinas que associam proteção aos sorogrupos A, W e Y
na vacina para o meningococo C (conhecidas como vacinas meningocócicas ACWY), uma liberada a partir dos dois
meses e outra, a partir de 12 meses. Dessa forma, se possível, a SBP, recomenda que se inicie a proteção contra me-
ningoco com a vacina ACWY.
Deve-se reconhecer a adolescência como um período de particular atenção para a proteção com a vacina para o me-
ningococo. Embora seja um período com coeficientes de incidência de DM claramente menor que a lactância, o estado de
portador nesse período é significativo. Como a vacinação diminui o estado de portador e, nos moldes que vem ocorrendo
no PNI (que prioriza as crianças pequenas sem catch-up de adolescentes, inicialmente), não ocorreu ainda a proteção
coletiva (conceito de vacinação de rebanho, onde há proteção ampliada para faixas etárias não vacinadas), a indicação das
vacinas em adolescentes pode representar um avanço significativo na proteção para a doença meningocócica. Discute-se,
nos calendários de clínicas privadas, nova dose aos dezesseis anos (cinco anos após dose dos onze anos). A SBIM reco-
menda duas doses de vacina para meningococo (C ou ACWY) para os adolescentes que não foram vacinados na infância

Vacina contra o meningococo B


Uma grande novidade em vacinologia, a partir do ano de 2015, foi a disponibilização, em nosso meio, de uma
vacina para o meningococo B. Essa vacina tem uma particularidade: ela não é polissacarídica nem conjugada. Sempre
houve muita dificuldade de realizar uma vacina com o polissacáride da cápsula do meningococo B, pois essa estrutu-
ra comportava-se como um auto-antígeno (a cápsula tem uma estrutura parecida com tecido neural embrionário e
podem induzir autoimunidade). Assim, após processo complexo desenvolvimento, surge uma vacina recombinante
proteica (com 4 antígenos capsulares e subcapsulares da bactéria). Trata-se de uma vacina disponível apenas no
sistema privado, indicada no calendário da SBP, aos três, cinco e sete meses, com reforço aos doze a quinze meses
de idade. Para os lactentes que iniciam a vacinação entre seis e onze meses, duas doses da vacina são recomendadas,
com dois meses de intervalo entre elas, com uma dose de reforço no segundo ano de vida. Para crianças que iniciam
a vacinação entre um e dez anos de idade, são indicadas duas doses, com pelo menos 2 meses de intervalo entre elas.
Finalmente, para os adolescentes e adultos são indicadas duas doses com intervalo de 1 a 2 meses. Por ser uma va-
cina nova, não se conhece a duração de proteção conferida pela vacina. Outra particularidade dessa vacina é que há
recomendação de uso profilático de paracetamol; trata-se de uma vacina reatogênica associada à febre em lactentes
particularmente quando associadas à outras vacinas

Vacina contra a febre amarela


A febre amarela (FA) continua sendo endêmica em alguns países das Américas. No Brasil, há uma extensa área de
recomendação para vacinação contra FA em vários estados (Figura 11.1): Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia,
Roraima, Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Maranhão, Minas Gerais, bem como parte da Bahia,
Piauí, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na última década, a febre amarela silvestre tem se apresentado
com um padrão epizoótico-epidêmico, manifestando-se como uma doença reemergente em novas áreas do territó-
rio brasileiro, fora da área considerada endêmica (região Amazônica e Centro-Oeste e Estado do Maranhão). Neste
período foi observada uma expansão importante da circulação viral no país, com a presença do vírus nos estados de
São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais e mais recentemente no Espírito Santo.

14
Imunizações

Figura 11.1 – Área com e sem recomendação de vacinação contra febre amarela, Brasil, 2012.

Fonte: SVS/MS
A vacina contra a FA é constituída por vírus vivos ate- a 95% das infecções resultam em doença clínica. A hepa-
nuados cultivados em células de embrião de galinha; é, tite A é doença habitualmente benigna na infância e de
portanto, contraindicada nos alérgicos ao ovo. É adminis- incidência frequente e precoce nas populações de baixa
trada via subcutânea. Confere imunidade em 90% a 95% renda. Entretanto, em regiões que apresentam melho-
dos vacinados a partir do 10º dia pós-aplicação (tempo de res condições de saneamento, estudos têm demonstrado
antecedência necessário em uma viagem). que a incidência se desloca para faixas etárias mais altas
A OMS, em 2013, reviu alguns conceitos sobre a va- (adolescentes, adultos e idosos).
cinação para febre amarela no mundo e estabeleceu algu- No Brasil, a vacina contra hepatite A estava disponí-
mas recomendações, com destaque para que uma dose vel no Sistema Único de Saúde (SUS), até 2014, apenas
única da vacina seja considerada suficiente para a prote- para a vacinação de pessoas de maior vulnerabilidade e
ção por toda a vida (não mais havendo a necessidade de risco de doença grave, nos CRIE. A vacina sempre esteve
doses a cada 10 anos). O Ministério da Saúde do Brasil disponível na rede privada. Essa estratégia resultava em
adota a vacinação em dose única a partir de abril de 2017, baixíssima cobertura vacinal. A OMS recomenda vacina-
realizada, para as áreas de recomendação, a partir dos 9 ção universal contra hepatite A para países com média
meses de idade. endemicidade. Os resultados do Inquérito Nacional de
Em virtude da expansão da circulação viral em nos es- Hepatites, realizado nas capitais brasileiras entre 2004
tados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, instituiu-se e 2009, demonstraram que o país encontra-se em fase
em 2018 ampla campanha vacinal. Diante do momento de transição epidemiológica, apresentando dois padrões
epidêmico enfrentado por esses estados, o Ministério da epidemiológicos distintos: uma área de média endemi-
Saúde adotou a dose fracionada (1/5 da dose plena) de cidade – as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, nas
forma a protegem um grande número de pessoas. Estu- quais 56 a 67,5% das crianças de cinco a nove anos e
dos indicam que a vacina da febre amarela em dose fracio- adolescentes entre dez e dezenove anos de idade apre-
nada protege, pelo menos, por 8 anos. A dose fracionada sentam anticorpos anti-hepatite A, e uma área de bai-
não e realizada para crianças de 9 meses a 2 anos de idade. xa endemicidade – as regiões Sul e Sudeste, onde 34,5 a
37,7% das crianças e adolescentes da mesma faixa etária
apresentam anticorpos anti-hepatite A. Assim, de acor-
Vacina contra a hepatite A do com os critérios da OMS, o país teve que avaliar a
A hepatite A apresenta alta prevalência nos países introdução da vacinação universal contra hepatite A.
com precárias condições sanitárias e socioeconômicas. A vacina para hepatite A está incorporada no calen-
A gravidade da doença é fortemente dependente da ida- dário do PNI, sendo administrada, em dose única, aos
de. Entre as crianças menores de cinco anos de idade no quinze meses de idade. Quando foi introduzida no ca-
momento da infecção, 80 a 95% das infecções VHA per- lendário público, em 2014, era realizada aos doze meses.
manecem assinto-máticos enquanto que nos adultos, 70 A modificação justificou-se pela necessidade de reduzir

15
TEP – Título de Especialista em Pediatria

o número de vacinas injetáveis administradas em uma A Academia Americana de Pediatria e o Comitê de


mesma visita ao serviço de saúde e o desconforto decor- Práticas de Imunização norte-americano, recomendam,
rente delas. É uma vacina composta por vírus inativo. para o outono/inverno a vacinação universal para todos
A vacina contra a hepatite A encontra-se no calendá- os indivíduos com mais de seis meses de idade. A vaci-
rio sugerido pela SBP, administrada aos doze e dezoito nação é mandatória para profissionais de saúde. A va-
meses. É de aplicação intramuscular, em duas doses, com cina contra influenza está indicada pela SBP nos meses
intervalo de seis a doze meses entre elas. Induzem níveis que antecedem o período de maior prevalência de gripe
protetores de anticorpos em 90% após a primeira dose e (outono e inverno). É recomendada dos seis meses aos
em praticamente 100% após as duas doses. Existe formu- cinco anos de idade para todas as crianças. A partir de
lação comercial da vacina da hepatite A associada à vacina dessa idade, fica recomendada apenas para grupos de
da hepatite B, para os que não receberam essa últimaa. maior risco. Apresentam maior risco de complicações
as crianças portadoras de asma, fibrose cística e outras
Vacina contra a gripe pneumopatias crônicas, cardiopatias com repercussão
hemodinâmica, distúrbios ou terapias imunodepresso-
(Influenza) ras, incluindo HIV, anemia falciforme e outras hemoglo-
Influenza é uma doença respiratória aguda causada binopatias, doença metabólica crônica, como o diabetes.
pelos vírus influenza A ou B, que ocorre anualmente, Além destes, usuários crônicos de AAS, portadores de
em forma de surtos, principalmente durante os meses implante coclear, contactantes de pacientes de risco e os
mais frios (comportamento sazonal). O vírus tem um idosos com mais de sessenta anos. Os profissionais de
invólucro lipoproteico com três tipos antigênicos conhe- saúde, pelo risco de disseminação, também devem ser
cidos: A, B e C. O tipo A tem maior importância epide- imunizados. Mulheres grávidas e obesos graves também
miológica, pela sua capacidade de causar pandemias, e devem ser vacinados.
por circular em diversos animais, além do ser humano. A primovacinação de crianças com idade inferior a
Em seguida, o B, responsável por epidemias regionais e nove anos deve ser feita em duas doses, com intervalo
exclusivamente humano. Os vírus tipo A são subclassifi- de um mês (no calendário da SBP, aos seis e sete meses).
cados por duas proteínas de superfície, a hemaglutinina A partir dos nove anos de idade é administrada apenas
e a neuraminidase, que podem sofrer mutações periódi- uma dose, anualmente. A dose de reforço no primeiro
cas e imprevisíveis. Isso o coloca em posição de destaque ano de vacinação é fun-damental para garantir a prote-
entre as doenças emergentes. ção. A infecção por influenza é sazonal e a vacina é indi-
Certos grupos de crianças e adultos apresentam cada nos meses de maior prevalência da gripe, estando
maior risco de adquirir doença mais grave ou compli- disponível apenas nessa época do ano, sendo desejável a
cações de influenza, visto que, nas crianças saudáveis, sua aplicação antes do início da estação.
a doença se apresenta de forma autolimitada e com As Campanhas Nacionais de Vacinação contra in-
rara evolução para complicações. O vírus pandêmico fluenza, para as pessoas com mais de sessenta anos,
H1N1 que começou a circular em 2009 foi associado foram iniciadas em 1999. Os idosos, em especial os
com maior morbimortalidade do que o vírus sazonal institucionalizados e portadores de doenças de base,
em alguns grupos de risco. Além do comprometimento são alvos de sérias complicações pela gripe (pneumonia
clínico da doença, deve-se considerar o efeito secundá- primária viral, pneumonia bacteriana secundária, exa-
rio que a doença causa, determinando ausência em tra- cerbação de doença pulmonar ou cardíaca crônica e óbi-
balho e escola. A criança representa importante vetor to). É importante esclarecer que as manifestações clí-
de disseminação da doença. nicas respiratórias são causadas por numerosos outros
A imunização representa a mais efetiva estratégia de tipos de vírus, como o rinovírus (resfriado comum),
prevenir a infecção por influenza. O Centro de Controle com vários casos coincidentes no período de circulação
de Doenças (CDC) norte-americano, em conjunto com do influenza e não prevenidos pela vacina. Os reais be-
a OMS, por meio de laboratórios-sentinela, monitoram nefícios dessa vacina estão na capacidade de prevenir a
os vírus circulantes nos surtos e definem a composição pneumonia viral primária, a complicação bacteriana, a
vacinal anualmente (para hemisfério norte e sul), pois hospitalização e a morte.
existe grande mutação viral. Até 2018, a composição As contraindicações para o uso são: reação anafilática
sugerida para a confecção de vacina trivalente para in- em dose anterior e reação anafilática ao ovo (alergia ao
fluenza deve contemplar: A(H1N1), A(H3N2) e B. No ovo que não seja anafilática não constitui contraindica-
Brasil, até o momento, apenas há licenciamento para a ção). A vacina contra influenza pode ser aplicada simul-
vacina inativada, de vírus fracionados (split). -taneamente com outros imunobiológicos. Os eventos

16
Imunizações

adversos mais comuns são as manifestações locais como nante com o objetivo de obter partículas análogas virais
dor, edema e eritema, com duração de um a dois dias. (virus-like particle ou VLP) dos dois tipos mais comuns
Manifestações sistêmicas como febre e mal-estar podem presentes nas neoplasias cervicais, o HPV 16 e o HPV
ocorrer em 10 a 30% dos vacinados, principalmente 18. Além do tipo 16 e 18, a vacina quadrivalente tam-
crianças pequenas. A vacina contra influenza não induz bém previne infecções pelos tipos 6 e 11.
a manifestações de sintomas de vias aéreas superiores, O PNI, a partir de 2014, introduziu a vacina quadri-
por ser composta de agente morto. valente recombinante contra o HPV para meninas. A
A partir de 2015, em nosso país, dispomos tam- partir de 2017, foi introduzida para os meninos. No ano
bém, no serviço privado, das vacinas quadrivalentes de 2018, meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14
anos devem ser vacinados. A previsão é que, até 2020,
para influenza. Conforme referido, as vacinas in-
sejam oferecidas a partir de nove anos de idade. Quan-
fluenza utilizadas em nosso país até então eram tri-
do introduzida no calendário público, a vacina seria ad-
valentes, contendo uma cepa A/ H1N1, uma cepa A/
ministrada em 3 doses (esquema estendido de 0,6 e 60
H3N2 e uma cepa B. As novas vacinas quadrivalentes meses) que foi modificado a partir de 2016 para apenas
contemplam, além dessas três, uma segunda cepa B e duas doses (0 e 6 meses). Estudos mostram que o es-
portanto, assim, nas vacinas quadrivalentes teremos quema com duas doses, apresenta uma resposta de an-
as duas linhagens B. Como as trivalentes, as vacinas ticorpos em meninas saudáveis de nove a quatorze anos
quadrivalentes são inativadas. Por alguns anos deve- de idade não inferior quando comparada com a resposta
mos conviver com as duas vacinas. Como no passado imune de mulheres de quinze a vinte e cinco anos que
já tivemos vacinas monovalentes e bivalentes, a ten- receberam 3 doses.
dência com o passar dos anos é só haver produção de No atual PNI, todos as mulheres e homens vivendo
vacinas quadrivalentes. com HIV/aids, entre nove e vinte e seis anos deverão
receber a vacina, sendo o esquema de três doses (0,2 e
Vacina contra o HPV 6 meses).
Nos serviços privados, a vacina quadrivalente está
Existem mais de 200 genótipos diferentes do vírus HPV, licenciada para meninas, meninos e adultos jovens, de
sendo 12 deles considerados oncogênicos e associados a ne- nove a vinte e seis anos. A vacina bivalente (16 e 18) está
oplasias malignas do trato genital, enquanto os demais tipos licenciada somente para meninas e mulheres maiores de
virais estão associados a verrugas (cutâneas e genitais). Os nove anos (todas as idades), em três doses (0, 1, 6 me-
vírus oncogênicos mais comuns são os HPV 16 e 18, respon- ses). A SBP recomenda em seu calendário a vacinação
sáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero, contra o HPV, a partir dos 9 anos, utilizando-se qualquer
enquanto os HPV 6 e 11 estão relacionados em até 90% das uma das vacinas disponíveis.
verrugas anogenitais. No Brasil, o perfil de prevalência de Vários estudos demonstram que a melhor ocasião
HPV é semelhante ao global, sendo cerca de 50% para HPV para a vacinação contra o HPV é efetivamente na faixa
16 e 15% para HPV 18. Além do câncer do colo uterino, o etária de nove a treze anos, antes do início das relações
vírus está associado a 90% dos casos de câncer anal, 70% dos sexuais. Além disso, nesse momento da vida, a vacina-
cânceres de vulva, vagina e pênis. ção promove níveis de anticorpos mais altos que a imu-
A maioria das infecções pelo HPV é transitória, con- nidade natural produzida pela infeção do HPV. Até o mo-
trolada pelo sistema imune e regridem entre seis meses mento não se sabe o correlato de títulos de anticorpos e
e dois anos. Estima-se que cerca de 10% dos infectados proteção; no entanto, os estudos de eficácia avaliaram o
irão apresentar alguma manifestação clínica, como a le- desfecho se as mulheres vacinadas apresentavam lesões
são precursora do câncer de colo de útero ou verrugas. precursoras de câncer e verrugas. A eficácia tem sido alta
Condições como início precoce da atividade sexual, ele- (98% para prevenção de colo de útero e 100% para as
vado número de parceiros, tabagismo, fatores genéticos verrugas genitais).
e imunológicos aumentam o risco para progressão da A vacina HPV é segura e bem tolerada. Entretanto,
infecção pelo vírus para o câncer cervical. como toda vacina, pode apresentar eventos adversos,
A vacinação, conjuntamente com as atuais ações para como reações locais (dor, eritema e edema no local da apli-
o rastreamento do câncer de colo uterino, possibilitará cação) ou sistêmicas (febre). Embora haja um risco baixo,
prevenir a doença nas próximas décadas. pela possibilidade de síncope, particularmente na popula-
No Brasil, estão aprovadas duas vacinas contra o ção adolescente, a vacina é administrada com o paciente
sentado. Outra reação descrita é a reação psicogênica em
HPV, sendo elas a bivalente e a quadrivalente, de labora-
massa (ansiedade pós-vacinação), benigna, que ocorre
tórios diferentes. Essas vacinas contêm a proteína L1 do
particularmente em vacinação no ambiente escolar.
capsídeo viral e são produzidas por tecnologia recombi-

17
TEP – Título de Especialista em Pediatria

PONTOS PRÁTICOS
••Poucos avanços na Medicina moderna tiveram tanto impacto na redução e modificação da morbimortalidade
pediátrica como as vacinas atualmente disponíveis.
••Vacinas são seguras e eficazes. Contraindicações absolutas são poucas: anafilaxia (componentes ou dose ante-
rior) e gravidez e imunodepressão para vacinas com componentes vivos.
••O médico que atende crianças e adolescentes deve conhecer o calendário preconizado pelo programa nacional
de imunizações, como também o calendário “ideal” preconizado pela SBP, oferecendo-o ao seu cliente sempre
que possível.
••Para cada uma das vacinas apresentadas neste capítulo, o médico deve conhecer: sua composição, sua finalida-
de (objetivo da vacinação) e o esquema vacinal preconizado.

Questões de Treinamento

1. Lactente de oito meses é levado para consulta em 3. Em relação à vacina BCG, pode-se afirmar que:
uma Unidade Básica de Saúde devido a quadro de a. é administrada por via intramuscular.
coriza, tosse e obstrução nasal, compatível com infec- b. é administrada em duas doses, sendo a primeira ao
ção de vias aéreas superiores. Você aproveita a opor- nascimento.
tunidade e checa o cartão vacinal da criança. Observa c. é composta por antígenos do Mycobacterium tuber-
que já recebeu a vacina de hepatite B ao nascimento, culosis (vacina viva).
a BCG, rotavírus com 2 e 4 meses, vacina inativada d. não devem ser aplicadas em RN com menos de
contra poliomielite aos 2 e 4 meses, pentavalente 2000 g.
com 2 e 4 meses e pneumocócica 10-valente aos 2 e e. protege contra todas as formas de tuberculose na
4 meses. Quais vacinas você aplicaria hoje, a fim de infância e na adolescência.
atualizar o calendário de vacinação dessa criança, de
acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde? 4. Mateus completou 12 meses de idade e foi levado
a. Vacina contra a poliomielite oral, pentavalente, a Unidade Básica de Saúde para realizar as vacinas
meningococo C conjugada, rotavírus, pneumocócica preconizadas nessa idade. De acordo com o PNI, que
10-valente. vacinas receberá, considerando-se todas as vacinas
b. Vacina contra a poliomielite oral, pentavalente, me- anteriores corretamente administradas?
ningococo C conjugada, pneumocócica 10-valente. a. Pentavalente, pneumocócica-10 valente, meningo-
c. Vacina contra a poliomielite inativada, pentavalente, coco C, hepatite A e tríplice viral.
meningococo C conjugada. b. Pneumocócica-10 valente, meningococo C, hepatite
d. Vacina contra a poliomielite inativada, pentavalente, A e tetravalente viral.
meningococo C conjugada, pneumocócica 10-valente c. Pneumocócica-10 valente, meningococo C e tríplice
e. Vacina contra a poliomielite inativada, pentavalente, viral.
pneumocócica 10-valente e tetravalente viral. d. Varicela, pneumocócica-10 valente, meningococo C,
hepatite A e tríplice viral.
e. Poliomielite oral, pneumocócica-10 valente, menin-
2. Criança de 4 meses evoluiu com um episódio convul-
gococo C, pentavalente e tríplice viral.
sivo nas primeiras 36 horas após a vacinação com
a vacina pentavalente na Unidade Básica de Saúde. 5. Gabriela, 13 anos de idade, procura consultório pe-
Aos 6 meses, deverá receber: diátrico para orientação sobre vacinas disponíveis
a. DPT acelular. para sua idade. Das condutas, vacinas e esquemas
b. DPT celular com paracetamol profilático. abaixo relacionados, quais poderiam ser orientados
c. dT. para Gabriela, em um esquema ideal de imunização,
d. DT. considerando-se que Gabriela está atualizada com as
e. não receberá mais proteção contra a difteria. vacinas do PNI até os 10 anos de idade:

18
Imunizações

I. vacina para HPV, duas doses, 0 e 6 meses. V. vacina para pneumococo (23-valente).
II. vacina contra pertussis. a. I, III e IV.
b. I, II e IV.
III. vacina para meningococo A, C, W e Y.
c. I, III, IV e V.
IV. coleta de sorologia para hepatite B para checagem d. I, III e V.
de resposta vacinal. e. I, II e III.

Gabarito comentado

1. O quadro de infecção de vias aéreas superiores 3. A vacina BCG é intradérmica e administrada ao nas-
que a criança apresenta não contraindica qual- cimento (uma dose apenas). É composta por M. bovis
quer vacina nessa ocasião. Não se deve perder atenuado e protege, fundamentalmente, contra for-
oportunidades de vacinar. Segundo o PNI atual, mas graves de tuberculose. Resposta d.
as vacinas a serem oferecidas são para a polio- 4. De acordo com as recomendações atuais do PNI, a
mielite (inativada), pentavalente e meningococo criança com 12 meses receberá o reforço antipneu-
C conjugada. Não há, no calendário atual, reco- mocócico, antimeningocócico C e a vacina contra sa-
mendação da terceira dose da antipneumocócica rampo, rubéola e caxumba. Resposta c.
no primeiro ano de vida, apenas o reforço aos 12
5. Quanto mais cedo realizar a vacina para o HPV, na
meses. Resposta c.
adolescência, melhor será. Idealmente, a proteção
contra coqueluche e para doença meningocócica
2. Questão clássica sobre a contraindicação a receber ampliada também é indicada. Não se indica, rotinei-
novamente a DPT celular: crise convulsiva após al- ramente, a realização de sorologia para hepatite B
guma dose da vacina. Essa criança recebe no CRIE a com intuito de checagem da resposta na adolescên-
vacina acelular. Resposta a. cia, exceto grupos especiais. Resposta e.

Fontes consultadas e leitura recomendada


MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais – CRIE. 4.ed. – 2014. Disponí-
vel em: <http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/dezembro/09/manual-cries-9dez14-web.pdf>. Acessa-
do em: Março/16.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO – CALENDÁRIO VACINAL ATUALIZADO. DISPONÍ-
VEL EM: < HTTP://PORTALMS.SAUDE.GOV.BR/ACOES-E-PROGRAMAS/VACINACAO/CALENDARIO-NACIONAL-DE-VA-
CINACAO >. ACESSADO EM: 27/03/2018.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. CALENDÁRIO VACINAL ATUALIZADO. DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.SBP.
COM.BR/FILEADMIN/USER_UPLOAD/IMUNIZACAO_-_CALENDARIO_VACINACAO_-_ATUAL_12DEZ17.PDF. ACESSA-
DO EM 27/03/2018.

19
Hipertensão arterial
na infância e adolescência
Benito Lourenço
49

A hipertensão arterial tem sido um problema cres- com o portador de doença renal crônica, incluindo os
centemente identificado em crianças e adolescentes. A nefróticos, com a criança com antecedentes de doen-
prevalência geral entre 3 a 18 anos é de cerca de 3,5%, ça de Kawasaki (com ou sem aneurisma coronariano),
cujo aumento acompanhou a ampliação da prevalência transplantados, pacientes com doenças inflamatórias
das condições de excesso nutricional (sobrepeso e obesi- sistêmicas crônicas e portadores do vírus HIV, que são,
dade) na população pediátrica. Em adolescentes obesos, sabidamente, pacientes com maior risco cardiovascu-
a pressão arterial elevada ocorre em torno de 25 a 30%. lar. A aferição da PA nessa população deve ser sistemá-
Valores aumentados de pressão arterial (PA) na infância tica.
e adolescência associam-se à hipertensão na idade adulta, As medidas podem ser realizadas por método os-
condição relacionada às causas de mortalidade prematura cilométrico ou auscultatório. Existem poucas marcas
nessa faixa etária. Os níveis de PA elevados também se comerciais de aparelhos automáticos (oscilométricos)
associam a outros fatores risco para eventos ateroscleró- validados para uso pediátrico; se forem utilizados, reco-
ticos cardiovasculares precoces, como a dislipidemia e as menda-se checagem dos valores alterados com o método
alterações do metabolismo glicídico (resistência à insulina de ausculta.
e diabetes). Crianças e adolescentes hipertensos podem O maior erro técnico na obtenção dos valores de PA
manifestar, precocemente, consequências em órgãos-al- consiste na escolha errada do tamanho do manguito (re-
vo, como a hipertrofia ventricular esquerda. servatório inflável de borracha que se encontra dentro da
braçadeira do aparelho). Três parâmetros devem ser ava-
Medida da pressão arterial liados no manguito para que ele seja considerado adequa-
do para utilização para uma criança:
A maior parte das associações pediátricas do mun- 1. O comprimento do manguito (maior medida)
do recomendam que a medida da PA seja rotineiramen- deve “abraçar” pelo menos 80% da circunferên-
te realizada, a partir de três anos de idade. A mais re- cia do braço do paciente (toma-se o ponto médio
cente orientação da Academia Americana de Pediatria do braço para essa verificação – entre acrômio e
(AAP), em consonância com a Academia Americana de olécrano).
Cardiologia (AHA), recomenda que, para crianças eu-
2. A largura do manguito (menor medida) deve
tróficas e sem fatores de risco, a triagem com aferição
“abraçar” 40% da circunferência do braço.
da PA seja realizada anualmente, a partir dos 3 anos
de idade. Crianças menores de três anos que tenham 3. A largura do manguito deve cobrir, idealmente,
uma condição que predisponha à hipertensão devem cerca de 2/3 do comprimento do braço.
ter sua PA aferida desde as consultas de puericultura
dos primeiros anos. Essas condições são: história de Dessa forma, os médicos devem ter à sua disposi-
prematuridade, restrição de crescimento intrauterino ção vários tamanhos de manguito para testarem em
e intercorrências graves neonatais, cateterização um- seus pacientes; na ausência do tamanho “ideal”, deve-
bilical, crianças com malformações cardíacas, infecções -se usar o imediatamente superior, pois o menor su-
do trato urinário, doenças renais conhecidas ou histó- perestima o valor da PA. Obviamente a criança deverá
ria familiar de doenças renais, crianças com uso de me- estar o mais re-laxada possível, sem uso de substân-
dicações que interferem com a pressão arterial e situ- cias estimulantes ou em período pós-prandial imedia-
ações de aumento da pressão intracraniana. Particular to, sentada, com os pés apoiados no chão, e a pressão
atenção deve ser ter também com o paciente diabético, deve ser aferida no membro superior direito, no nível
Imunizações

do coração (para comparação com as tabelas específi- Definição e classificação da


cas, além de não haver confusão diante de uma possí-
vel coartação de aorta). hipertensão arterial
Durante a medida da pressão, o médico deve certifi- Os valores de pressão arterial em crianças e adolescen-
car-se de não fazer uma grande insuflação; além de des- tes variam por sexo, idade e estatura, sendo, portanto, es-
necessária, pode irritar e incomodar a criança. Recomen- sas variáveis consideradas na classificação dos valores ob-
da-se insuflar cerca de 30 mmHg a mais sobre o valor em tidos com a medida da PA. Outro ponto importante a ser
que o pulso radial desapareceu. Os sons de Ko-rotkoff considerado é que a elevação da pressão para diagnóstico
considerados na aferição são o primeiro (K1) e o último de anormalidade deve ser sustentada; por isso a necessi-
(K5 = desaparecimento do som). dade de avaliações seriadas.
Se os valores obtidos nessa medida ambulatorial As tabelas mais recentemente utilizadas, que apresen-
forem maiores que o percentil 90, a medida deve ser tam os valores normais da PA em pacientes pediátricos
repetida na mesma consulta, e os valores médios con- foram revisadas e publicadas pelo National High Blood
siderados. A medida da PA deve ser repetida em três Pressure Education Program (NHBPEP) em 2017, a par-
ocasiões diferentes para diagnóstico de hipertensão tir dos dados anteriores publicados em 2004 onde foram
arterial. compiladas de mais de 60 mil medidas de PA, que eram
A monitoração ambulatorial da pressão arterial referendadas pela Acade-mia Americana de Pediatria, pela
(MAPA), na qual várias medidas podem ser obtidas Sociedade Brasileira de Pediatria e pela Sociedade Brasi-
em um período de 24 horas, pode ser realizada para leira de Cardiologia (Diretrizes Brasileiras de Hipertensão
descartar a “hipertensão do avental branco”, cuja fre- Arterial). Nas tabelas mais recentes, foram desconsidera-
quência pode ser alta em Pediatria, e para monitorar das as pressões arteriais de controles sobrepesos e obesos,
os efeitos da tera-pêutica anti-hipertensiva. Níveis que confundiam e mascaravam a avaliação das pressões
pressóricos que oscilam muito nas medidas ou valores arteriais “normais” em Pediatria. A Academia Americana
referidos pelos pacientes como “normais” nos domicí- de Pediatria já referendou esses novos valores e sua adoção
lios podem ser checados pela MAPA. Outra aplicação pelas demais instituições é uma questão de tempo.
prática para a MAPA é a monitoração dos valores no- As tabelas apresentam os valores da PA, divididos por
turnos de PA comparativamente aos valores diurnos. sexo, idade e percentis de estatura. Para cada uma dessas
Durante o sono, comumente os níveis pressóricos di- situações, tanto para a pressão sistólica quanto diastólica,
minuem (cerca de 10 a 20%), e a média noturna é, por- são apresentados os seguintes valores de pressão: percen-
tanto, menor que aquela durante o dia. Sabe-se que a til 90, percentil 95 e percentil 95 + 12mmHg. (Quadros
ausência do esperado descenso noturno ou a hiperten- 49.1 e 49.2). A classificação atual dos valores de PA é dife-
são noturna estão fortemente associadas com aumen- rente entre os menores de 13 anos e os maiores dessa ida-
to da morbimortalidade cardiovascular. Crianças com de. Nos maiores de 13 anos, os valores são considerados
“hipertensão do avental branco” são consideradas de como na idade adulta. Essa nova classificação, também da
risco aumentado para hipertensão sus-tentada no fu- publicação mais recente da AAP em 2017, encontra-se no
turo e devem ser seguidas com atenção. Quadro 49.3.

Quadro 49.1 – Valores de pressão arterial de acordo com percentil de estatura – sexo masculino

Idade PA sistólica (mmHg) por PA diastólica (mmHg) por


Percentil
(ano) percentil de estatura percentil de estatura

5% 10% 25% 50% 75% 90% 95% 5% 10% 25% 50% 75% 90% 95%

90 94 95 97 99 100 102 103 49 50 51 52 53 53 54

95 98 99 101 103 104 106 106 54 54 55 56 57 58 58


1
95 +12
114 114 115 115 116 117 117 61 62 63 64 65 66 66
mmHg

90 97 99 100 102 104 105 107 54 55 56 57 58 58 59

95 101 102 104 106 108 109 110 59 59 60 61 62 63 63


2
95 +12
116 117 117 118 119 119 120 71 71 72 73 74 75 75
mmHg
(continua)

21
TEP – Título de Especialista em Pediatria

(continuação)
Idade PA sistólica (mmHg) por PA diastólica (mmHg) por
Percentil
(ano) percentil de estatura percentil de estatura

90 100 101 103 105 107 108 109 59 59 60 61 62 63 63

95 104 105 107 109 110 112 113 61 61 64 65 66 67 67


3
95 +12
118 118 119 119 120 121 121 71 71 72 73 74 75 75
mmHg

90 102 103 105 107 109 110 111 62 63 64 65 66 66 67

95 106 107 109 111 112 114 115 66 67 68 69 70 71 71


4
95 +12
119 119 120 120 121 122 122 74 75 76 77 78 78 79
mmHg

90 104 105 106 108 110 111 112 65 66 67 68 69 69 70

95 108 109 110 112 114 115 116 69 70 71 72 73 774 74


5
95 +12
119 120 121 121 122 123 124 77 78 79 80 81 81 82
mmHg

5% 10% 25% 50% 75% 90% 95% 5% 10% 25% 50% 75% 90% 95%

90 105 106 108 110 111 113 113 68 68 69 70 71 72 72

95 109 110 112 114 115 117 117 72 72 73 74 75 76 76


6
95 +12
120 121 122 123 124 125 126 80 80 81 82 83 84 84
mmHg

90 106 107 109 111 113 114 115 70 70 71 72 73 74 74

95 110 111 113 115 117 118 119 74 74 75 76 77 78 78


7
95 +12
122 122 123 124 126 127 128 82 82 83 84 85 86 86
mmHg

90 107 109 110 112 114 115 116 71 72 72 73 71 75 76

95 111 112 114 116 118 119 120 75 76 77 78 79 79 80


8
95 +12
123 124 124 126 127 128 129 83 84 85 86 87 87 88
mmHg

90 109 110 112 114 115 117 118 72 73 74 75 76 76 77

95 113 114 116 118 119 121 121 76 77 78 79 80 81 81


9
95 +12
124 124 125 127 128 130 131 84 85 86 87 88 88 89
mmHg

90 111 112 114 115 117 119 119 73 73 74 75 76 77 78

95 115 116 117 119 121 122 123 77 78 79 80 81 81 82


10
95 +12
124 125 126 128 130 132 133 85 86 86 88 88 89 90
mmHg

90 113 114 115 117 119 120 121 74 74 75 76 77 78 78

95 117 118 119 121 123 124 125 78 78 79 80 81 82 82


11
95 +12
126 126 128 130 132 135 136 86 86 84 88 89 90 90
mmHg

90 115 116 118 120 121 123 123 74 75 75 76 77 78 79

95 119 120 122 123 125 127 127 78 79 80 81 82 82 83


12
95 +12
128 129 130 133 136 138 140 86 87 88 89 90 90 91
mmHg

22
Imunizações

90 117 118 120 122 124 125 126 75 75 76 77 78 79 79

95 121 122 124 126 128 129 130 73 73 80 81 82 83 83


13
95 +12
131 132 134 137 140 142 143 87 87 88 89 90 91 91
mmHg
Fonte: adaptado de “The fourth report on the diagnosis, evaluation and treatment of high blood pressure in children and adolescents (2004) ”

Quadro 49.2 – Valores de pressão arterial de acordo com percentil de estatura – sexo feminino

Idade PA sistólica (mmHG) por PA diastólica (mmHg) por


Percentil
(ano) percentil de estatura percentil de estatura

5% 10% 25% 50% 75% 90% 95% 5% 10% 25% 50% 75% 90% 95%
90 97 97 98 100 101 102 103 52 53 53 54 55 55 56
95 100 101 102 104 105 106 107 56 57 57 58 59 59 60
1
95 +12
113 114 114 115 116 117 117 64 64 65 65 66 67 67
mmHg
90 98 99 100 101 103 104 105 57 58 58 59 60 61 61
95 102 103 104 105 107 108 109 61 62 62 63 64 65 65
2
95 +12
116 117 118 118 119 120 121 69 69 70 70 71 72 72
mmHg

90 100 100 102 103 104 106 106 61 62 62 63 64 64 65

3 95 104 104 105 107 108 109 110 65 66 66 67 68 68 69


95 +12
118 118 119 120 121 122 122 73 73 74 74 75 76 76
mmHg
90 101 102 103 104 106 107 108 64 64 65 66 67 67 68
95 105 106 107 108 110 111 112 68 68 69 70 71 71 72
4
95 +12
119 120 121 121 122 123 124 76 76 76 77 78 79 79
mmHg
90 103 103 105 106 107 109 109 66 67 67 68 69 69 70
95 107 107 108 110 111 112 113 70 71 71 72 73 73 74
5
95 +12
120 121 121 122 123 124 125 78 78 79 79 80 81 81
mmHg
90 104 105 106 108 109 110 111 68 68 69 0 70 71 72
95 108 109 110 111 113 114 115 72 72 73 71 71 75 76
6
95 +12
121 121 122 123 124 125 126 80 80 80 81 82 83 83
mmHg
90 106 107 108 109 111 112 113 69 70 70 71 72 72 73
95 110 111 112 113 115 116 116 73 74 74 75 76 76 77
7
95 +12
121 122 123 124 125 126 127 81 81 82 82 83 84 84
mmHg
90 108 109 110 111 113 114 114 71 71 71 72 73 74 74

95 112 112 114 115 116 118 118 75 75 75 76 77 78 78


8

95 +12
122 123 124 125 127 128 129 82 82 83 83 84 85 86
mmHg
(continua)

23
TEP – Título de Especialista em Pediatria

(continuação)
Idade PA sistólica (mmHg) por PA diastólica (mmHg) por
Percentil
(ano) percentil de estatura percentil de estatura
90 110 110 112 113 114 116 116 72 72 72 73 74 75 75
95 114 114 115 117 118 119 120 76 76 76 77 78 79 79
9
95 +12
124 124 125 126 128 129 130 83 83 84 84 85 86 87
mmHg
90 112 112 114 115 116 118 118 73 73 73 74 75 76 76
95 116 116 117 119 120 121 122 77 77 77 78 79 80 80
10
95 +12
125 126 126 126 128 129 131 84 84 85 86 86 87 88
mmHg
90 114 114 116 117 118 119 120 74 74 74 75 76 77 77
95 118 118 119 121 122 123 124 78 78 78 79 80 81 81
11
95 +12
125 125 126 128 129 130 131 85 85 86 87 87 88 89
mmHg
90 116 116 117 119 120 121 122 75 75 75 76 77 78 78
95 119 120 121 123 124 125 126 79 79 79 80 81 82 82
12
95 +12
130 131 132 134 136 137 138 86 86 87 88 88 89 90
mmHg

90 117 118 119 121 122 123 124 76 76 76 77 78 79 79

13 95 121 122 123 124 126 127 128 80 80 80 81 82 83 83

95 +12
133 134 135 136 138 138 139 87 87 88 89 89 90 91
mmHg

Fonte: adaptado de “The fourth report on the diagnosis, evaluation and treatment of high blood pressure in children and adolescents (2004) ”

Quadro 49.3 – Classificação da pressão arterial em Pediatria

Pressão sistólica ou dias-


Classificação
tólica

Normal < Percentil 90

Entre percentil 90 (inclusive)


Pré-hipertensão
e 95 ou > 120 × 80 mmHg

Entre percentil 95 (inclusive)


Hipertensão estágio I
até 99 + 5 mmHg

Maior que percentil 99 + 5


Hipertensão estágio II
mmHg (inclusive)

Normalmente, os valores de PA são semelhantes em ambos os membros superiores e cerca de 10 a 20 mmHg


maior nos membros inferiores (alterações nesses parâmetros fazem pensar em coartação da aorta). O diagnóstico
de hipertensão (percentil maior ou igual a 95) ba-seia-se em três medidas em ocasiões diferentes. Assim que confir-
mado, deve-se realizar sua subclassificação em estágio I ou II.

Avaliação da hipertensão arterial


Após o diagnóstico dos valores aumentados de pressão arterial, um cuidadoso exame clínico deve ser realiza-
do, com uma detalhada história e exame físico no intuito de se determinar o diagnóstico diferencial entre uma
hipertensão secundária e primária. No Quadro 49.4, que resume as principais causas de hipertensão secundária,
os pontos mais importantes da história e do exame físico que o médico deve ficar atento são apresentados.

24
Imunizações

Todas as crianças com hipertensão devem ser rastreadas para doenças renais subjacentes, com realização de
dosagens séricas de ureia, creatinina, eletrólitos, hemograma e exames de urina e ultrassonografia renal e de
vias urinárias. Outros exames laboratoriais iniciais necessários são para avaliação de consequências negativas
em órgãos-alvo (ecocardiografia para avaliação da hipertrofia ventricular esquerda e exame de fundo de olho
para a avaliação da retinopatia hipertensiva). Em todas crianças e adolescentes identificados com hipertensão
e nos pacientes obesos identificados com pressão arterial elevada, os demais fatores de risco cardiovasculares
devem ser avaliados; dessa forma, deve-se solicitar um lipidograma e um perfil glicídico. Exames mais específi-
cos serão direcionados de acordo com a suspeita da causa da hipertensão secundária
.

Quadro 49.4 – Diagnóstico diferencial da hipertensão secundária em Pediatria

Possíveis achados Possíveis achados Possíveis achados em


Causa
na história no exame físico exames subsidiários

História familiar e pessoal de do-


Alterações nos níveis séricos de
ença renal, infecções urinárias
Doença do Massa abdominal, edema, hema- ureia e creatinina, alterações
pregressas (febres em lactância
parênquima renal túria, alterações do crescimento nos exames de urina, altera-
de causas não identificadas),
ções ultrassonográficas
enurese

Estenose Cateterização umbilical no Alterações na ultrassonografia


artéria renal período neonatal com Doppler

Diferença entre valores de PA


nos membros superiores e
Coartação Anormalidades no
entre eles e os membros in-
da aorta ecocardiograma
feriores, diminuição do pulso
femural, sopro

Acne, hirsutismo, estrias, fá-


Síndrome História familiar de
cies em “lua cheia”, obesidade Níveis elevados de cortisol
de Cushing endocrinopatia
truncal

História de uso de drogas ilíci-


Taquicardia, sudorese
tas (anfetamínicos, cocaína) ou
Drogas Acne e hirsutismo (corticoste- Rastreamento em urina
de prescrição (cafeína, anaboli-
roides)
zantes, corticosteroides)

História familiar, intolerância Taquicardia, alterações na pal- Diminuição do hormônio


Hipertireoidismo
ao calor, sudorese pação da tireoide, perda de peso tireoestimulante (TSH)

25
TEP – Título de Especialista em Pediatria

(continuação)

Possíveis achados Possíveis achados Possíveis achados em


Causa
na história no exame físico exames subsidiários

História familiar de endocrino-


Excesso de Elevação de aldosterona,
patia, história neonatal de ge- Genitália ambígua
mineralocorticoides hipocalemia
nitália ambígua

Apneia obstrutiva
Roncos e alterações do sono Hipertrofia tonsilar Alterações na polissonografia
do sono

Palidez, palpitações e sudorese Níveis plasmáticos elevados de


Feocromocitoma Taquicardia
em crises catecolaminas

História familiar de doenças Estudos de autoimunidade al-


Doenças
autoimunes, dor articular, rash Rash, artrites terados, marcadores inflama-
reumatológicas
cutâneo tórios positivos

Abordagem terapêutica
As medidas terapêuticas a se instituir e o alvo pressórico pretendido dependerão da causa da hipertensão (pri-
mária ou secundária), da presença de outras comorbidades e das evidências de comprometimento de órgãos-alvo.
Crianças e adolescentes com hipertensão primária não complicada e sem lesões de órgãos-alvo devem ter sua pres-
são abaixo do percentil 95. Nos nefropatas, diabéticos e crianças com alterações em ecocardiografia e/ou fundo de
olho, o alvo é de valores menores que o percentil 90. Crianças e adolescentes com sintomas/sinais de urgências e
emergências hipertensivas devem ser tratados imediatamente com medicações intravenosas.
O passo inicial prescrito para todos os pacientes hipertensos e com pressão arterial elevada é a mudança do
estilo de vida: redução do peso, prática de atividade física regular (30 a 60 minutos de moderada atividade aeróbica
na maior parte dos dias), redução do tempo de tela (máximo 2 horas/dia), dieta saudável com redução do sódio (1,2
g/dia para pré-escolares e escolares até oito anos e 1,5 g/dia para os mais velhos), restrição de álcool e tabaco (nos
adolescentes), sempre se tentando envolver toda a família nessas orientações.
A terapêutica farmacológica fica restrita aos pacientes com hipertensão sintomática, lesões em órgãos-alvo, dia-
béticos e nas crianças com hipertensão persistente mesmo após as medidas comportamentais inicialmente pres-
critas. Não existe consenso sobre qual a melhor medicação anti-hipertensiva para a criança, pela infrequência de
grandes estudos nessa população; muitas recomendações são extrapoladas da população adulta.
Inibidores da enzima conversora de angiotensina – ECA (captopril e enalapril, p. ex.), bloqueadores do receptor
da angiotensina II (losartran, p. ex.), betabloqueadores (propranolol, p. ex), bloqueadores dos canais de cálcio (amlo-
dipina, p. ex.) e diuréticos tiazídicos (hidroclorotiazida) são drogas seguras, efetivas e bem toleradas em crianças.
Na escolha de uma droga, as comorbidades do paciente devem ser consideradas. Assim, por exemplo, um inibidor da
ECA pode ser uma boa escolha em um paciente com proteinúria (proteção renal); já um betabloqueador não seria a
melhor escolha para um asmático ou um adolescente atleta. Recomenda-se iniciar na menor dose possível e titulá-la
nas avaliações subsequentes da pressão arterial. Um algoritmo para avaliação da hipertensão arterial em Pediatria
é apresentado na figura 49.1.

26
Imunizações

Figura 49.1 – Algoritmo para abordagem da hipertensão arterial pediátrica

Medida da pressão arterial

Pressão arterial nor-


mal (< p 90) repetir
em cada consulta

Pré-hipertensão: PA entre
o percentil 95 + 12 mmHg Hipertensão estágio I: PA en-
tre o percentil 95 + 12 mmHg Hipertensão estágio II: PA
( e menores de treze anos)
( e menores de treze anos) maior ou igual ao percentil
Recomendar mudanças no 95 + 12 mmHg ( e menores
estilo de vida Avaliar primária x secundária
de treze anos)
Nos pacientes com excesso Investigar doença renal
Avaliar primária x secundária
nutricional, rastrear outros Investigar outros fatores de
risco cardiovascular Investigar doença renal
fatores de risco cardiovas-
culares Solicitar ecocardiografia e exa- Investigar outros fatores de
me fundoscópico do olho risco cardiovascular
Considerar investigar cau-
sas secundárias nas crian- Na hipertensão primária: Solicitar ecocardiografia e exa-
ças e pré-púberes me fundoscópico do olho
• mudanças de estilo de vida
Repetir medida em 6 meses Encaminhar ao especialista
• prescrever anti-hipertensivos
se lesão de órgão-alvo, dia- Recomendar mudanças do
betes ou não melhora após estilo de vida e farmacoterapia
mudanças de estilo de vida
Na hipertensão secundária:
• tratar causa de base
• encaminhar ao especialista
• prescrever anti-hipertensi-
vos se não houver melhora

Fonte: adaptado de “The fourth report on the diagnosis, evaluation and treatment of high blood pressure in children and adolescents (2004) ”

27
TEP – Título de Especialista em Pediatria

PONTOS PRÁTICOS
••A medida da pressão arterial deve ser rotineiramente realizada a cada ano, a partir dos três anos de idade.
••A monitoração ambulatorial da pressão arterial (MAPA) pode ser realizada para descartar a “hipertensão do
avental branco” e para monitorar os efeitos da terapêutica anti-hipertensiva, assim como identificar sinais de
hipertensão secundária, pior prognóstico ou dificuldades de manejo, como a ausência da diminuição dos valores
noturnos da PA.
••Após a identificação da pressão arterial elevada ou hipertensão em uma criança, uma história completa e um
atento exame físico devem ser realizados para identificação de causas de hipertensão secundárias. Todas as
crianças com hipertensão devem ser rastreadas para doenças renais subjacentes. Em todas crianças e adolescen-
tes iden-tificados com hipertensão e nos pacientes obesos identificados com pressão arterial elevada, todos os
demais fatores de risco cardiovasculares devem ser avaliados
••Todas as crianças com hipertensão devem ser avaliadas sobre consequências em órgãos-alvo com realização de
ecocardiografia e exame fundoscópico do olho.
••Todas as crianças e adolescentes com hipertensão arterial ou pressão arterial elevada devem realizar mudanças
do estilo de vida com vistas à redução dos seus níveis pressóricos, reduzindo seu peso, consumindo uma dieta
com redução de sal, realizando atividade física regular e evitando consumo de álcool e tabaco.
••Crianças e adolescentes com hipertensão sintomática, hipertensão secundária, lesões em órgãos-alvo ou per-
sistência de níveis aumentados de pressão arterial a despeito das mudanças de estilo de vida devem receber
terapêutica farmacológica

Questões de Treinamento

1. Jenifer, quatro anos de idade, tem valores de pressão Pai, 40 anos, hipertenso, em uso de medicação. Seus
arterial obtidos com técnica e instrumentos adequa- níveis de pressão arterial estão elevados, confirma-
dos de 142/85, 138/83 e 135/82 mmHg em três ocasi- dos em três medidas por volta do percentil 95 de
ões diferentes. Não há nenhuma história patológica pressão sistólica. Sua estatura está no percentil 50.
pregressa e ela não usa qualquer medicação. Não No seu exame físico ela tem duas manchas café-com-
há história familiar de hipertensão. O exame físico é -leite na pele e um sopro cardíaco em borda esternal
normal e seu peso e sua altura estão no percentil 75. esqueda alta. Demais exames físicos sem alterações.
Qual o próximo passo na investigação? A causa provável desses achados é:
a. Comparar pressão arterial dos membros superiores a. coartação da aorta.
e inferiores. b. neurofibromatose.
b. Assegurar aos pais que, devido à última medida ter c. obesidade.
sido menor que as anteriores, não há o que se preo-
d. hipertensão primária.
cupar.
e. doença renovascular relacionada à prematuridade
c. Marcar nova consulta em 1 semana para nova medi-
da de pressão arterial.
.3. Pré-escolar de três anos, no percentil 10 de peso e es-
d. Referir para geneticista para avaliação de causa ge- tatura, é atendido em consulta de rotina no Posto de
nética subjacente. Saúde. Sua pressão arterial foi aferida com manguito
e. Encaminhá-la para serviço de emergência para ma- cobrindo 2/3 do comprimento e circundando mais de
nejo agudo da pressão elevada. 80% do diâmetro de seu braço, constatando-se que
o valor tensional sistólico está compreendido entre
os percentis 95 e 95 + 12mmHg para idade e sexo. A
2. Renata, uma adolescente de 15 anos, obesa, com an-
melhor conduta para o caso é:
tecedente de ter nascido prematura (34 semanas),
tendo ficado internada em unidade de terapia inten- a. iniciar investigação etiológica e prescrever anti-hi-
siva neonatal por por 4 semanas para alimentação pertensivos imediatamente.
e ganho de peso, mas sem intercorrências respira- b. aferir a pressão arterial em mais duas vistas sucessi-
tórias ou cirúrgicas. Ela teve uma infância saudável. vas, em diferentes ocasiões.

28
Imunizações

c. desconsiderar esse valor, fazer nova aferição da (percentil 95), estatura 128 cm (percentil 50), tempera-
pressão arterial com manguito apropriado, já que o tura axilar 36,1 ºC, FC 92 bpm, FR 18 irpm, PA 112/73
procedimento realizado foge do padrão recomendado. mmHg. A aferição da pressão arterial em duas outras
d. considerar a criança portadora de pressão arterial ocasiões fornece valores praticamente idênticos. Con-
elevada, pois trata-se de pressão arterial normal alta, sultando a tabela deste capítulo, pode-se afir-mar que
explicada por seu peso e sua altura. sua condição clínica é caracterizada como:
e. considerar a criança portadora de pressão arterial a. hipertensão estágio I.
normal, pois trata-se apenas de uma pressão arterial
b. hipertensão estágio II.
normal alta, explicada por seu peso e altura
c. hipertensão grave.

4. Escolar de oito anos, sexo masculino, é levado a con- d. pressão arterial elevada.
sulta pediátrica de rotina. Exame físico: peso 35 kg e. normotensão.

Gabarito comentado

1. Os valores da pressão arterial são claramente au- e neurofibromatose (associada com hipertensão es-
mentados, maiores que o percentil 95+12mmHg. A sencial e renovascular). Resposta B.
criança deve ser medicada. Resposta E.
3. Três medidas, em ocasiões diferentes, são neces-
sárias para a confirmação de hipertensão arterial.
2. Algumas síndromes pediátricas podem se associar Resposta B.
com achados de hipertensão: síndrome de Williams
(associada à estenose de aorta, estenose de artéria 4. Valores confirmados de pressão arterial entre os per-
renal e anomalias renais), síndrome de Turner (asso- centis 90 e 95 definem a situação chamada, atual-
ciada à coartação de aorta e anormalidades renais) mente de “pressão arterial elevada”. Resposta D.

Fontes consultadas e leitura recomendada


Flynn JT, Kaelber DC, Baker-Smith CM, et al. Clinical Practice Guideline for Screening and Management of High Blood
Pressure in Children and Adolescents. Pediatrics. 2017;140(3):e20171904.
INGELFINGER, J.R. The Child or Adolescent with Elevated Blood Pressure. The New England Journal of Medicine,
2014. 370:2316.
LURBE, E.; AGABITI-ROSEI, E.; CRUICKSHANK, J.K. et al. 2016 European Society of Hypertension guidelines for the
management of high blood pressure in children and adolescents. Journal of Hypertension 2016;34(10):1887.

29

Potrebbero piacerti anche