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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS

4ª Promotoria de Justiça de Aparecida de Goiânia

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL


DA COMARCA DE APARECIDA DE GOIÂNIA-GO

O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, através da 4ª Promotoria de Justiça


de Aparecida de Goiânia, pela signatária, vem perante Vossa Excelência, com supedâneo na
Constituição Federal e de acordo com os preceitos gerais da legislação civil e processual civil,
especialmente o da Lei n° 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) e 8.078/90 (Código do
Consumidor), propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA, COM PEDIDO DE CONCESSÃO DE
LIMINAR, em face de

MARCELO BAIOCCHI IMÓVEIS, pessoa jurídica de Direito Privado, CNPJ


n. 06299249-0001-26, com sede na Avenida T-1, 1.538, Setor Bueno, CEP 74.215-022,
Goiânia-GO,

FRANCISCO RIBEIRO PARRODE FILHO e JURANY CAMELO


PARRODE, brasileiros, marido e mulher, agropecuarista e do lar, residentes na rua T-60, n.
130, apartamento 401, Edifício Guimarães Rosa, Setor Bueno, Goiânia-GO, portadores das
identidades n. 181.446, SSP-GO e 16770, SSP-GO, respectivamente,

Rua Jose Candido de Queiroz, quadra 24, lote 06, Centro, Aparecida de Goiania 1
Fone: 283 1163 – Fax: 283 1695 – e-mail: 4aparecida@mp.go.gov.br
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SÉRGIO CAMELO PARRODE, brasileiro, empresário, solteiro, C.I. n.


1309488-5581168, SSP-GO, rua T-60, n. 130, apartamento 401, Edifício Guimarães Rosa,
Setor Bueno, Goiânia-GO CEP 74223-160, fone241 3035

MAURÍCIO CAMELO PARRODE e ANA CRISTINA CÉSAR FRANCO


PARRODE, brasileiros, marido e mulher, empresário e do lar, residentes na Av. T-15, n.
1178, quadra 145, lote 304, Ed. Guaporé, Setor Bueno, CEP 74230-010, portadores das
identidades n. 821.660, 2ª Via SSP-GO e n. 2.100.922, 2ª via SSP-GO, respectivamente,

IMOBILIÁRIA FAIÇAL LTDA., pessoa jurídica de Direito Privado, CNPJ n.


01.535.9050001-29, com sede na Av. Anhanguera, 5674, 2º. Andar, sala 208, Edifício Palácio
do Comércio, Centro, Goiânia-GO, CEP 74.043-011, fone 225 2424,

pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:

DOS FATOS

O loteamento Verde Vale foi aprovado pelo decreto 177, de 05 de setembro de


1977 (doc. 01).
Os loteadores foram a Imobiliária Faiçal Ltda. e o Sr. Francisco Ribeiro Parrode
Filho, juntamente com sua esposa. Em 13.02.2003, o Sr. Franciso transferiu lotes para seus
filhos – Maurício e Sérgio Camelo Parrode. O registro da escritura de doação foi feita em
05.09.2003.
O requerido Sérgio Camelo Parrode associou-se a Marcelo Baiocchi Imóveis, para
fins de comercialização de 243 lotes do loteamento Verde Vale, sendo que as vendas
iniciaram-se na segunda quinzena do mês de abril do corrente ano.
Esse loteamento nunca teve seus lotes vendidos desde sua época de aprovação,
pois está situado entre as duas maiores Pedreiras do Município: Araguaia e Izaíra.
O Loteamento Verde Vale somente foi aprovado, em razão de não existir, na
época, um plano Diretor em Aparecida de Goiânia, permanecendo até a data de hoje, sem
qualquer ato de implantação ou venda dos lotes.

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Caso existisse um Plano Diretor à época da aprovação do Loteamento Verde Vale,


esse jamais seria aprovado, pois intensa atividade minerária é desenvolvida, desde o início da
década de 70 em mais de um terço do loteamento e no seu entorno.
No ano de 1983, o Sr. Júlio César Camelo Parrode, titular dos direitos minerários,
para explorar rochas, na área do Loteamento Verde Vale, através da Portaria de lavra n. 1.511,
de 26, de outubro de 1982, fornecia matéria-prima para a Pedreira Izaíra, que instalou no local
maquinários para britagem.
No ano de 1993, houve uma demanda judicial entre o Sr. Júlio Parrode e a
Pedreira Izaíra, em virtude de desentendimentos financeiros, que culminou em um acordo, no
ano de 1998, quanto então, a Pedreira Izaíra Indústria e Comércio Ltda. adquiriu os direitos
minerários de Júlio Parrode e as empresas coligadas Transpel – Transportadora de Pedras e
Amar Participações e Empreendimentos Agropastoris Ltda., adquiriram através de contrato de
permuta, a área que compreendia o complexo industrial, as reservas minerais, oficinas e
demais servidões, de Júlio Parrode.
Essa área se situava dentro do Loteamento Verde Vale, tratando-se de um
polígono compreendido pelos seguintes lotes, quadras e respectivas vias públicas: parte da
quadra 29 (chácaras 14 a 28), quadras 30 a 40, 40-A, 41, 41-A a 53, 56, 57, 58 e parte da
quadra 54 (chácaras 15 a 23).
A exploração do minério era feito em lotes urbanos e vias públicas, dentro do
Loteamento Verde Vale desde 1977, quando esse foi aprovado.
Essa área de exploração de minérios situa-se no meio do loteamento Verde Vale,
dividindo-o em duas partes. Apenas uma delas esta sendo comercializada.
No intuito de regular a área de exploração, para que não mais ocorresse nessas
condições irregulares, foi promovido o desmembramento desses imóveis e posterior
remembramento.
Na justificativa do remembramento da área, a Pedreira Izaíra diz (documento
anexo):

O remembramento, ora solicitado, vem reparar um grave equívoco cometido


ao se aprovar o referido loteamento no local e assegurar ao município um

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correto aproveitamento de seus recursos naturais com um elevado retorno


econômico e social, princípios básicos do desenvolvimento sustentado.

Através da lei municipal n. 2025, de 21 de dezembro de 1999 (doc. anexo), foram


desafetadas do uso comum do povo ruas e partes de ruas, área pública municipal e área verde,
suprimindo ainda partes de ruas do loteamento Vale Verde, justamente que ficavam dentro
dessa área do polígono adquirido pelas empresas coligadas da Pedreira Izaíra.
O artigo 1º, da referida lei municipal diz que o objetivo desse diploma legal era a
obtenção de uma área única onde está localiza a Pedreira Izaira, imprópria para
edificações residenciais.
Assim, essa lei municipal afirma textualmente que a área do Loteamento Verde
Vale é imprópria para edificações residenciais.
O artigo 2º, dessa lei diz que:

Art. 2º - O presente remanejamento foi realizado à vista de documentação


apropriada constante e processo específico, analisado pela Secretaria de
Planejamento Municipal, que recomenda sua aprovação.

Desta feita, o remebramento foi aprovado, por recomendação da referida lei


municipal.

O Loteamento Verde Vale, segundo o memorial descritivo (doc. anexo) possui 32


alqueires, 37 litros e 414,80 m2 e o memorial descritivo da propriedade das empresas, de
propriedade do Sr. Fábio Rassi, que explora a Pedreira Izaíra (doc. anexo) tinha 13 alqueires,
01 litro e 292 m2.

Assim, mais de 1/3, do Loteamento Verde Vale foi transformada em uma área
única, para exploração de minério.

No entanto, apesar de todas as condições adversas à implantação do loteamento,


em uma atitude meramente especulativa, sem a menor responsabilidade social, a partir da
segunda quinzena de abril de 2005, o loteador do Verde Vale, em sociedade com Marcelo

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Baiocchi Imóveis, passou a comercializar os imóveis desse loteamento, em sociedade com a


ré Marcelo Baiocchi Imóveis.

Foi tentado um acordo, junto aos réus para a suspensão das vendas dos imóveis,
em razão da impropriedade da área, para a ocupação residencial, pois se situa entre as duas
maiores Pedreiras do município – Araguaia e Izaíra (a menos de 50 metros dos limites
dessas), porém dita reunião não logrou êxito. O interesse econômico da Imobiliária Baiocchi
em vender os lotes foi maior do que o interesse público esboçado no Plano Diretor do
Município, onde está consignado que essa área é destina a exploração mineral e portanto,
imprópria para a implantação de Loteamentos residenciais.

O “folder” de apresentação do Loteamento Verde Vale, para comercialização


(doc. anexo) não fala das desvantagens do loteamento. Há uma foto de satélite que mostra a
mancha branca das Pedreiras, mas não as identifica, nem destaca. Há ainda outro mapa, no
folder, que mostra os bairros vizinhos, mas em momento algum cita a localização contígua
das Pedreiras. As desvantagens poderiam assim ser elencadas:

• o loteamento Verde Vale está à 50 metros das maiores Pedreiras do


município, onde se fazem explosões, para desmonte das rochas
diuturnamente (mapa n. 01);

• a maior parte das áreas públicas do Loteamento, destinadas a escolas,


praças, hospitais e postos de saúde já foram desafetadas do uso comum do
povo e que portanto, não haverá local para implantação de equipamentos
públicos (mapas originais do loteamento anexos);

• há uma rede de alta tensão no loteamento onde é proibida a construção de


residências, havendo a obrigação de uma zona de segurança ao longo da
mesma (vide memorial descritivo – área ocupada por rede de energia
elétrica, mais de 10% do loteamento).

No entanto, vantagens fictícias são noticiadas no referido folder, tais como:

• completa infra-estrutura:

o água;

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o energia;

o asfalto;

o ônibus;

o meio-fio.

• O melhor para morar ou investir com valorização garantida;

• Região privilegiada e de fácil acesso.

Várias pessoas já estão adquirindo esses imóveis e em sua grande maioria pessoas
com pouco esclarecimento e condições financeiras, que sequer vem ao local do imóvel, para
verificarem o que estão adquirindo.

A situação é grave e exige do Poder Judiciário a urgência de sua atuação, como


tem acontecido nas ações civis públicas, onde se reclama a proteção dos interesses difusos e
coletivos, em detrimento do interesse econômico, particular.

DO DIREITO

A causa de pedir próxima ou jurídica do pedido é a descrição da conseqüência


jurídica gerada pela lesão ao direito do autor. Não se confunde ela com a enunciação do
fundamento legal que embasa a pretensão do autor, uma vez ser esse elemento dispensável,
ante o brocardo de que o juiz é aquele que conhece o direito.

a) cancelamento do registro do loteamento Verde Vale:

O fundamento jurídico do pedido de cancelamento do registro do loteamento se


consubstancia no fato de que haverá uma lesão ao bem difuso meio ambiente urbano
ecologicamente equilibrado. O ordenamento urbano sofrerá danos, pois a área onde se situa o
Loteamento Verde Vale é tida pelo Plano Diretor como imprópria para a ocupação.

A correlação entre o Direito Ambiental e o Direito Urbanístico efetiva-se em


decorrência de seus objetos mediatos e comuns: a proteção e defesa da qualidade de vida e do
bem-estar dos habitantes da cidade.
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A qualidade de vida desses moradores sofrerá danos irreparáveis, de toda ordem.


Os adquirentes de lotes no Verde Vale irão morar ao lado das duas maiores Pedreiras de
Aparecida de Goiânia, e ao invés de concretizarem o “sonho da casa própria” estarão vivendo
em meio a um pesadelo de morarem ao lado de Pedreiras que fazem explosões para desmonte
de rochas, quase diariamente, que podem provocar rachaduras nas residências, algum tipo de
acidente com as pessoas, pois a distância de segurança, para presenciar a explosão é cerca de
500 metros. O barulho e a poeira, além de outros inconvenientes gerados por uma Pedreira
serão suportados pelos moradores do Verde Vale.

As Pedreiras são empreendimentos com alto impacto ambiental, mas que têm de
ser explorados onde a jazida mineral se encontra. Não há como mudar a Pedreira de local. No
entanto, ela pode ser um empreendimento sustentável, com o atendimento das normas
ambientais. No entanto, ela não deixará de ser impactante. Cabe à municipalidade ordenar o
espaço urbano, de modo a não permitir que os loteamentos residenciais estejam no entorno
das áreas de exploração mineral.

Na região já existem alguns loteamentos residenciais implantados e o conflito


entre as Pedreiras e essas pessoas que já estão no entorno, com uma distância até razoável é
grande e as reclamações são quase que diárias ao Ministério Público. A busca das soluções
para esses conflitos tem sido perseguida, mas não tem sido fácil achar a resposta para todos os
problemas. Ressalta-se a ação popular n. 200402045194, que tramitou na Vara das Fazendas
Públicas dessa Comarca, que foi proposta pelos moradores vizinhos das Pedreiras, em
19.12.2201, onde esses pretendiam que o Plano Diretor determinasse a saída das pedreiras
daquela região (petição inicial anexa).

Assim, não há como se permitir que novos loteamentos residenciais se instalem


no local, para que mais pessoas sofram os incômodos de morarem ao lado das Pedreiras, pois
no município não existe déficit de lotes.

Ao contrário, um dos grandes problemas de Aparecida de Goiânia é o excessivo


número de lotes sem ocupação no município. Trata-se de mais de 60% dos lotes no município
estão vazios.

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A aprovação de loteamentos inclusive está suspensa, por determinação do Prefeito


anterior, Ademir Menezes, em razão desse alto percentual de lotes vazios no município. O
Poder Público Municipal não consegue levar infra-estrutura adequada a todos os bairros e
também são poucos os bairros adensados. A maioria deles possui uma população pequena,
sem a presença do Poder Público no local, com postos de saúde, postos policiais, escolas,
praças públicas, equipamentos de lazer, água tratada, rede de esgoto, asfalto, o que acaba o
aumento da violência e criminalidade nessas comunidades.

Não há necessidade da implantação de mais um loteamento em Aparecida de


Goiânia e ainda mais na localidade em que o Verde Vale se encontra. Além da falta de infra-
estrutura, já que o município não prevê investimentos naquele local, devido à zona
administrativa que se encontra (imprópria para a ocupação), ainda soma-se a questão
ambiental, onde as pessoas se juntarão às que hoje lá estão, sofrendo, em razão dos impactos
ambientais gerados pelas Pedreiras.

As conseqüências jurídicas da lesão ao direito da coletividade a uma sadia


qualidade de vida, assegurado pelo meio ambiente urbano ecologicamente equilibrado, são
terríveis, cabendo ao Judiciário, evita-las, através do cancelamento do registro do loteamento
Verde Vale.

No caso em tela o fundamento legal que embasa a pretensão do Ministério


Público, quanto ao cancelamento do registro do loteamento Verde Vale, está no art. 23, I, da
Lei 6.766/79, no Plano Diretor do Município de Aparecida de Goiânia, que diz que a área
onde está localizado o referido Loteamento é imprópria para a ocupação residencial e na
Constituição Federal que assegura a todos a garantia de residir em um meio ambiente urbano
ecologicamente equilibrado, com qualidade de vida e exige da propriedade a sua função social
e ambiental.

O plano Diretor de Aparecida de Goiânia 2001-2010, foi aprovado Cultural


pela lei
municipal n. 2.246, de 30 de janeiro de 2002. Na definição da Política de Ordenação para o
Crescimento e Desenvolvimento Estratégico da cidade foram estabelecidas áreas programas,
buscando viabilizar a gerência das ações municipais.

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A área onde se situa o loteamento Verde Vale, no Plano Diretor, está classificada
como imprópria para a ocupação.

Aparecida de Goiânia cresceu sem uma política de ordenamento urbano, que


resultou na aprovação de loteamentos, sem a menor viabilidade de implantação, como
acontece no caso do Verde Vale, por situar-se em área de exploração mineral.

b) sanção pecuniária pela prática de publicidade enganosa e abusiva e


ressarcimento aos consumidores lesados:

A publicidade enganosa e abusiva fere o direito do consumidor - direito coletivo.


A causa de pedir consubstancia-se na lesão ao interesse coletivo de proteção ao consumidor
em face da propaganda enganosa e abusiva da Marcelo Baiocchi Imóveis, na venda dos lotes
do Verde Vale e ainda na proteção dos interesses individuais homogêneos dos consumidores
já lesados em face desse tipo de propaganda, que já adquiriram esses imóveis. Ambas as
pretensões possuem causa de pedir idêntica, qual seja a defesa do consumidor.

A cumulação objetiva de pretensões difusas ou coletivas com pretensões


individuais homogêneas é possível em razão da conexão pela causa de pedir (mesmo
fundamento).

Uma adequada caracterização da pretensão deduzida em juízo como pertinente a


interesses coletivos (em sentido estrito) aparece no acórdão relatado pelo Min. Demócrito
Reinaldo, não obstante a referência desnecessária a "interesses individuais"26.

Resp nº 49.272-6/RS, STJ - 1ª Turma, j. 21.09.94: "Os interesses individuais,


in casu (suspensão do indevido pagamento de taxa de iluminação pública),
embora pertinentes a pessoas naturais, se visualizados em seu conjunto, em
forma coletiva e impessoal, transcendem a esfera de interesses
puramente individuais e passam a constituir interesses da coletividade
como um todo, impondo-se a proteção por via de um instrumento
processual único e de eficácia imediata...”

A legitimidade ad causam ativa e o interesse de agir do Ministério Público


Federal nas ações coletivas promovidas para a defesa de pretensões difusas, coletivas e
individuais homogêneas, devem ser aferidos em face de suas múltiplas funções institucionais,

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que podem concorrer numa mesma ação, sem contradição ou exclusão. O Poder Judiciário
não pode se ater ao exame isolado dessas funções, sob pena de avaliação indevida da presença
das condições da ação em apreço. Dentre elas, avulta a da defesa da ordem jurídica (custos
legis), sempre presente como fundamento ou causa de pedir próxima.

O fundamento legal consubstancia-se no art. 6º e 36 a 38, da lei 8.078/80 (Código


de Defesa do Consumidor).

DA MEDIDA LIMINAR

Nos termos do art. 12, da lei n.º 7.347/85 é permitido ao Juiz, o poder de conceder
medida liminar, sem justificação prévia, para evitar dano irreparável ou ameaça de danos,
bastando, para tanto, a presença do fumus boni iuris e do periculum in mora.

O fumus boni iuris se caracteriza na demonstração inequívoca do direito alegado,


pela apresentação de farto repertório jurídico legal enquanto que o periculum in mora
caracteriza-se pelo perigo de ocupação da área que hoje, encontra-se sem qualquer edificação.

Não se pode criar a “indústria do fato consumado” que, certamente, dificultará a


prestação jurisdicional futura. As vendas dos lotes se iniciaram recentemente e ninguém ainda
edificou a sua residência. Ainda há tempo de se evitar que mais famílias venham a morar ao
lado das Pedreiras do município.

Em sede de direito ambiental e do consumidor, dada a natureza difusa do bem e


dos interesses transindividuais tutelados, há um conflito de interesses de grupos de forma
muito intensa.

Como foi dito, ainda há tempo de se evitar que mais um grupo de famílias morem
ao lado das Pedreiras do município, que não podem se relocar, em razão da existência das
jazidas minerais naquele local.

Não e justo submeter mais pessoas ao risco de degradação total da qualidade de


vida e do desordenamento urbano que Aparecida de Goiânia sempre experimentou.

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O Plano Diretor de Aparecida de Goiânia há de ser respeitado, finalmente, em


detrimento do interesse econômico, meramente especulativo, pois ele e o instrumento básico
da Política Urbana do município, e tem por finalidade ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e garantir o bem-estar da comunidade local.

O Plano Diretor impõe-se de forma imediata. Não há duvida sobre a matéria: o


dispositivo contido no art. 182, parágrafo 1º, caracteriza-se como norma constitucional de
eficácia penal.

Sem a aplicação do plano diretor a propriedade urbana não estará cumprindo sua
função social, determinada pela Constituição (parágrafo 2º, art. 182).

A função social da propriedade não desnatura o direito de propriedade, mas


qualifica-o. O proprietário urbano deve dar a propriedade seu adequado aproveitamento tendo
em vista o disposto no plano diretor municipal.

Ante o exposto, o Ministério Público requer a concessão de medida liminar, e


“inaudita altera pars”, com expedição de mandado, para que os réus, sob pena de multa
pecuniária diária no valor de R$ 10.000,00 (art. 12, § 2º, da lei n.º 7.347/85), em caso de
descumprimento:

1) suspendam a venda dos lotes do Loteamento Verde Vale, até final


julgamento da lide;

2) anexem ao presente feito, os contratos de compra e venda já


celebrados dos imóveis do Loteamento Verde Vale, até a presente
data;

3) corrijam a informação publicitária sobre o Loteamento Verde Vale,


encaminhando aos adquirentes dos imóveis do Loteamento Verde
Vale, a informação (dado essencial – art. 37, § 3º, do Código do
Consumidor) de que esse Loteamento situa-se entre duas maiores
Pedreiras do Município – Izaíra e Araguaia, onde são feitas
constantes explosões, para desmonte de rochas, bem como a atual
infra-estrutura do loteamento (não possui água, asfalto, linhas de
ônibus nas vias principais do loteamento, meio-fio), através de
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carta registrada, juntando o devido aviso de recebimento nos autos,


para fins de comprovação da presente determinação. Deve ser
juntado também aos autos, o conteúdo da carta enviada aos
adquirentes dos imóveis no Verde Vale;

4) se abstenham de distribuir o “folder” de venda do Loteamento


Verde Vale, anexado aos autos, por conter publicidade abusiva e
enganosa, além de ser esse o fator estimulante a venda de um
loteamento, cujo registro está sub judice, por ser área imprópria
para a ocupação, nos termos do Plano Diretor do Município.

5) coloquem uma placa, de tamanho 2 m X 2 m, em local bastante


visível, na entrada do loteamento, informando que a venda dos
imóveis está suspensa, por determinação desse juízo.

DO PEDIDO

Ante o exposto, o Ministério Público requer:

I - A concessão initio litis e inaudita altera pars, da medida liminar, na forma


requerida;

II - A citação pessoal dos réus, para virem, querendo, responder a presente ação,
sob pena de revelia;

III – a procedência dos pedidos abaixo relacionados:

a) o cancelamento do registro do Loteamento Verde Vale, por situar-se em área


imprópria para a ocupação, nos termos do Plano Diretor do Município, nos termos do art. 23,
I, da lei 6.766, de 1979.

b) imposição a ré MARCELO BAIOCCHI IMOVEIS, sanção pecuniária, pela


prática de publicidade enganosa e abusiva, na venda dos imóveis do Loteamento Verde Vale,
no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), nos termos do art. 37, § 4º, do Código do
Consumidor (lei federal n. 8.078, de 11 de setembro de 1990), a ser revertida ao Fundo

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Estadual do Consumidor (lei estadual n. 12.207, de 20.12.93, Banco Itaú, agencia n. 4422,
conta 0606412);

c) a devolução do valor pago pelos consumidores lesados (pretensão individual


homogênea), que adquiriram imóveis no Loteamento Verde Vale, em razão da publicidade
enganosa e abusiva;

d) a condenação dos requeridos ao pagamento das custas processuais e dos


honorários advocatícios, estes a serem recolhidos ao Fundo Especial de Modernização e
Aprimoramento Funcional do Ministério Público do Estado de Goiás - FUNEMP-GO, criado
pela Lei Estadual n.º 14.909, de 09 de agosto de 2004.

IV - Requer mais:

• a publicação de edital para conhecimento de terceiros da presente ação, dado o


caráter erga omnes da coisa julgada na ação civil pública;

• a dispensa do autor ao pagamento de custas, emolumentos e outros encargos, à


vista do disposto nos artigos 18, da Lei 7.347/85 e 87 da Lei 8.078/90;
• a intimação pessoal do autor, no endereço mencionado no rodapé, mediante
entrega e vista dos autos na 4ª Promotoria de Justiça, dado o disposto no artigo
236, § 2º do Código de Processo Civil e na Lei Complementar Estadual do
Ministério Público.

Protesta provar o alegado pelos meios de prova em direito permitidos,


notadamente por perícias, a juntada de novos documentos, oitiva do representante da
demandada, do demandado e de testemunhas, cujo rol, se necessário, será oferecido
oportunamente.;

Dá-se à causa o valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), para efeitos fiscais e
de cumprimento à lei.

Aparecida de Goiânia, 29 de abril de 2005.

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4ª Promotoria de Justiça de Aparecida de Goiânia

Miryam Belle Moraes da Silva


4ª Promotora de Justiça

Rua Jose Candido de Queiroz, quadra 24, lote 06, Centro, Aparecida de Goiania 14
Fone: 283 1163 – Fax: 283 1695 – e-mail: 4aparecida@mp.go.gov.br

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