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4 Editorial
08 À espera de um impulso
‘Mercado de sistemas de propulsão
segue competitivo e com grande 6 Relatório PN
concorrência de preços
8 Indústria Naval
e Offshore
Diretores
Marcos Godoy Perez e Rosângela Vieira
Reportagem
Danilo Oliveira
J
Direção de Arte
Alyne Gama
á foi tarde parece ser o refrão ideal para 2016, ano em que
Revisão
o setor naval — e o país — fizeram o possível para man- Francisco Aguiar
ter o nariz acima da linha dágua. Mas não se pode arriscar Comercial
um “este ano não será igual àquele que passou” para 2017, Janet Castro Alves
Assinaturas
apesar do carnaval que se aproxima. No Brasil, o ano co- Assinatura no Brasil: 1 ano: R$ 180,00.
meça em março, como se sabe. Mas no ano que acabou o carnaval Bianual: R$ 300,00.
Números avulsos: R$ 18,00
não terminou. Sem muitos motivos para comemorar a mudança no Assinatura no Exterior: América Latina 1
calendário, as expectativas não são das mais otimistas para os pri- ano: R$ 280,00. resto do mundo 1 ano:
R$ 480,00
meiros meses do ano. Com a crise política conseguindo a proeza de Portos e Navios é uma publicação
suplantar a econômica e as instituições derretendo, as previsões são de Editora Quebra-Mar Ltda. CNPJ
01.363.169/0001-79 (registro no INPI nº
modestas. Mas apesar de tudo, no setor de portos a expectativa é po- 816662983)
sitiva. A sensação entre os empresários é de que o ambiente é o mais Janeiro de 2017 - Ano 58 - Edição 672
favorável possível a mudanças no marco legal (veja as reportagens Redação: Rua Leandro Martins, 10 - 6º
andar - Centro - CEP 20080-070 - Rio de
às páginas 20 e 28), com promessas de gordos investimentos. Já na Janeiro - RJ
cadeia de fornecedores da indústria naval, o ânimo é de desconfiança. Telefax: (21) 2283-1407
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RELATÓRIO PN
À espera de
um impulso
Mercado de sistemas de propulsão
segue competitivo e com grande
concorrência de preços
Danilo Oliveira
F
ornecedores de sistemas de
propulsão sentiram com mais
força o agravamento da cri-
Incerteza sobre
se econômica e a retração conteúdo local torna
da economia no ano passado. Para
algumas empresas 2016 se manteve
2017 uma incógnita
aquecido devido a contratos já fecha- para o segmento de
dos em anos anteriores. As principais
oportunidades continuam em embar-
propulsão marítima
cações para navegação interior e apoio
portuário. Ainda sem muitas expecta-
tivas por demandas no apoio offshore,
o mercado foca em embarcações de
menor porte, principalmente para re-
gião Norte. O momento é de mercados
competitivos e grande concorrência
de preços e as vendas para América do
Sul são isoladas e mesmo assim tam-
bém muito disputadas.
Com mercado mais acirrado, os barcos para serviços de praticagem. A
clientes buscam eficiência operacio- demanda por embarcações de apoio
nal e espaço para fornecimento de marítimo, porém, caiu muito devido
hélices mais adequadas e com maior ao excesso de barcos e à diminuição
performance. As empresas acreditam dos contratos da Petrobras com sup-
que o mercado não deve recuperar as plies. O diretor da Navalsul, Francisco
vendas para o segmento offshore em Strauhs Neto, conta que estão no radar
2017 porque ainda existe um exceden- alguns projetos de novos rebocadores
te de embarcações disponíveis. No se- e empurradores fluviais na região Nor-
tor fluvial, a expectativa é que haverá te e na América do Sul.
acomodação do grande boom de cons- Os produtos mais vendidos pela
truções recente de empurradores para Navalsul em 2016 foram hélices em
o sistema Arco Norte, semelhante ao bronze e aço inoxidável, hélices para
que ocorreu na hidrovia do Paraguai, empurradores fluviais, rebocadores,
onde hoje existe ociosidade de embar- barcos de pesquisa, transporte de pas-
cações e barcaças. sageiros e apoio offshore. Os destaques
Além de projetos que já estavam foram região Norte, a hidrovia Tietê-
fechados, a Navalsul destaca os mer- -Paraná e as exportações. A empresa
cados de navegação fluvial, pesca e forneceu para Paraguai e Chile e con-
8 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
seguiu alguns trabalhos na Argentina. O mercado de embarcações pes-
“O mercado para hélices e sistemas queiras, que projetou a Scana ao longo
propulsores em 2016 apresentou que- de sua história, proporcionou um ano
da perante 2015, se estabilizando no diferenciado para a empresa. “Apesar
último trimestre 2016. Todos os mer- da crise sem precedentes que enfren-
cados estão muito competitivos e com tamos, a Scana Propulsion teve um
forte concorrência em preços”, relata. bom ano e até tivemos dificuldades em
Recentemente, a Navalsul fechou encaixar alguns pedidos em função do
contratos importantes para forneci- prazo de entrega. O mercado global de
mento de equipamentos para novos embarcações pesqueiras nos propor-
empurradores fluviais na região Nor- cionou esta situação diferenciada”, afir-
te, destinados ao transporte de grãos ma Olsen.
e combustíveis, bem como projetos Os principais clientes para a Sca-
de repotenciamento de empurrado- na no mercado de propulsão no Brasil
res fluviais na hidrovia do Paraguai. A são DOF e CBO, seguidos por Farstad,
empresa tem em seu portfólio projetos DeepSea, Oceanpact e Siem Offshore.
de armadores, estaleiros e tradings na Os equipamentos mais vendidos pela
América do Sul. fabricante em 2016 foram caixas de re-
A Navalsul acredita que a navega- dução para os AHTS da CBO e, em nível
ção interior ainda deve apresentar de- global, os sistemas completos de pro-
manda razoável, porém com tendên- pulsão para navios pesqueiros.
cia de estabilização. Na avaliação da O gerente de vendas da Schottel do
empresa, o mercado de rebocadores Brasil Propulsões Marítimas, David
deve continuar importante devido à Souza, lembra que o ano de 2016 foi
construção de novos players do mer- muito conturbado na economia brasi-
cado, que vive tendência de consolida- leira, principalmente para o mercado
ção em poucas e grandes operadoras e de barcos de apoio. A empresa acredita
estratégia de demanda de longo prazo. que a indústria offshore terá um retor-
“Verificamos que os operadores me- no, mas considera improvável que isso
nores estão com muitas dificuldades aconteça em 2017.
em competir”, observa Neto. A Schottel aposta na diversidade de
A Scana considera que possíveis sua carteira de propulsores para aten-
mudanças positivas no mercado vi- der a diferentes segmentos marítimos,
rão somente em 2018. Já no final de entre os quais os mercados de hidrovias
2015, a avaliação da empresa era que e de rebocadores. Em 2016, a Schottel
2016 e 2017 seriam anos muito difí- fechou contratos para fornecimento de
ceis. O presidente da Scana do Brasil, propulsores para nova frota de reboca-
Johnar Olsen, revela que a estratégia dores da Aliança e para o fornecimento
conservadora da empresa proporcio- de propulsores azimutais para a nova
nou certa estabilidade na crise. Ele diz frota de empurradores da Louis Dreyfus
que houve exemplos fortes de inves- e Cargill, que vai operar no Arco Norte.
timentos pesados no Brasil e que não Souza destaca que a unidade bra-
tiveram retorno, principalmente com sileira tem tido um papel importante
a mudança da questão do conteúdo dentro do grupo Schottel, pois assumiu
local. o controle e a coordenação da América
Olsen ressalta que a presença da do Sul tanto para sua filial na Colôm-
Scana no Brasil é de longo prazo e bia, como para os representantes em
que crises longas ou curtas passarão Argentina, Peru, Paraguai e outros pa-
porque a produtividade dos poços do íses da região. “Já exportamos nossos
pré-sal vai exigir a manutenção do serviços para América Latina, assim
título de maior mercado de embar- como a coordenação de novos proje-
cações offshore do mundo. “O ano de tos para esse mercado”, conta.
2017 será ainda mais difícil que 2016 e A Rolls-Royce avalia que não exis-
acredito que a reação esperada para o te nenhum mercado aquecido, mas
preço do petróleo não acontecerá em observa oportunidades pontuais nos
2017. Se eu estiver errado, não vou re- segmentos de rebocadores portuários
clamar não...”, comenta. e empurradores fluviais. A empresa
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 9
INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE
PROPELLED
BY US
Amarras
garantidas
IPT coloca em operação sistema
de ensaios de elementos de
ancoragem para petróleo e gás
O
Instituto de Pesquisas Tec- trobrás, lembrou o relacionamento nológico será fundamental para supe-
nológicas (IPT) inaugurou de longa data da empresa com o IPT, rar este desafio e, consequentemente,
em dezembro um sistema o qual se intensificou na década de manter o segmento de petróleo e gás
de ensaios de elementos 2000 — hoje, o Instituto é um dos três com a dimensão de sua importância”,
de ancoragem de equipamentos usa- principais parceiros da Petrobras no afirmou ele.
dos na produção de petróleo e gás em estado de São Paulo. “Novas oportu- O sistema tem características únicas
unidades flutuantes, a exemplo de na- nidades de exploração precisarão ser no hemisfério sul. Existem dois outros
vios e plataformas offshore. O sistema viabilizadas. O desenvolvimento tec- sistemas no mundo com característi-
será utilizado no desenvolvimento de cas similares, localizados em Houston
amarras de alta capacidade de carga, (EUA) e Bergen (Noruega).
de materiais metálicos e poliméricos. “A exploração em águas profundas
Umbilicais e risers para a exploração exige que os elementos de ancora-
em águas profundas, além de cabos de O laboratório tem capacidade para gem tenham tanto resistência estática
aço e cintas de manuseio e levanta- até 2,6 mil toneladas força de carga quanto dinâmica. A inauguração do
mento de grandes cargas, poderão ser estática, o maior do gênero no Brasil sistema, que oferece uma nova tecno-
também desenvolvidos e qualificados
com testes no sistema.
O sistema do Laboratório de Equi-
pamentos Mecânicos e Estruturas do
IPT tem capacidade para até 2,6 mil
tf (tonelada força) de carga estática, o
maior do gênero no Brasil — para se
ter uma uma força como essa, seria
preciso empilhar 2,6 mil carros popu-
lares — e 1,3 mil tf de carga dinâmica.
Do total de R$ 15,7 milhões para a
concepção, o desenvolvimento e a ins-
talação do sistema, a Petrobras parti-
cipou com R$ 10,7 milhões para o pro-
jeto e a compra de equipamentos e o
governo do estado de São Paulo, com
R$ 5 milhões para a concepção e o ge-
renciamento da implantação do siste-
ma, além da construção do prédio no
campus do Instituto.
Arthur Saad, gerente da área de
Tecnologia Oceânica do Cenpes Pe-
16 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
‘Ostreiro’
‘Pioneiro’ E&P
Wärtsilä
FPSO é batizado Chevron corta
Gás natural de
em Cingapura gastos em 15%
pequena escala
A Odebrecht Óleo e Gás e a Teekay A Chevron terá programa de inves-
Offshore Partners batizaram no início timento exploratório cerca de 15% me- A Wärtsilä assinou um memo-
de dezembro, em Cingapura, o navio nor em 2017, em comparação a 2016. rando de entendimento com a
Pioneiro de Libra. A embarcação, uma O chairman e CEO da companhia, John multinacional francesa de energia
Unidade Flutuante de Produção Ar- Watson, esclarece que a despesa para Engie para desenvolver soluções e
mazenamento e Transferência (FPSO) 2017 tem metas de tempo de ciclo mais serviços no segmento de gás natu-
representa um investimento próximo curto, com foco em investimentos de ral liquefeito (GNL) de pequena es-
a US$ 1 bilhão e é resultado de uma alto retorno e finalização de grandes cala. A cooperação abrange quatro
joint venture entre as duas compa- projetos em execução: “Este é o quarto linhas de trabalho: GNL para na-
nhias. A plataforma poderá operar lâ- ano consecutivo de reduções de gas- vios, distribuição de GNL em ilhas
minas d’água de até 2,4 mil metros de tos. Vários projetos estão em fase de e áreas remotas, GNL para soluções
profundidade e terá capacidade para conclusão. Esta combinação de gastos de energia e GNL em pequena esca-
produzir diariamente 50 mil barris de mais baixos e crescimento das receitas la e bioliquefação. Tanto a Wärtsilä
petróleo e quatro milhões de metros de produção apoia o nosso objetivo quanto a Engie estão empenhadas
cúbicos de gás. global de equilibrar as finanças em em trabalhar para uma economia
com baixas emissões de carbono, e
a mudança de foco para as soluções
de gás natural é vista como um pas-
Contrato Sistema de Combate dos submari- so importante nessa direção.
nos do Prosub. “Após as atividades Por meio dessa parceria, as duas
Ezute e Amazul na França, com a nacionalização da empresas vão compartilhar seus
tecnologia, o treinamento terá conti- conhecimentos técnicos e experti-
apoiam Prosub nuidade no Brasil, com a montagem ses – as capacidades de Engenharia,
do laboratório de integração local e Aprovisionamento e Construção
A Fundação Ezute firmou contra- do primeiro submarino”, explica a (EPC) da Wärtsilä com a experiên-
to com a Amazul (Amazônia Azul diretora de Defesa da Fundação Ezu- cia da Engie na distribuição e na co-
Tecnologias de Defesa) em continui- te, Andrea Hemerly. mercialização de gás natural. Tam-
dade ao apoio no projeto preliminar Com esse novo contrato, a Fun- bém serão oferecidos serviços de
do Sistema de Combate do Subma- dação Ezute atuará aplicando o co- operação e manutenção. “A ENGIE
rino com Propulsão Nuclear Brasi- nhecimento adquirido na França, assumiu posições-chave no merca-
leiro (SN-BR), dentro do Programa para apoiar a finalização do projeto do de GNL de pequena escala, e este
de Desenvolvimento de Submarinos preliminar do submarino de propul- acordo com a Wärtsilä ajudará a de-
(Prosub). O contrato contempla, tam- são nuclear e realizará atividades de senvolver soluções inovadoras de
bém, o apoio às atividades técnicas suporte e consultoria para o início pequena escala, com tempo de im-
de preparação para a fase de detalha- do desenvolvimento do submarino. plementação mais rápido e maior
mento de tal projeto. Esse é o terceiro Essa nova etapa reforça o compro- competitividade”, afirma Jean-Marc
contrato firmado dentro do Programa misso da Fundação Ezute de ser a Leroy, diretor-geral da multinacio-
Prosub e terá duração de dois anos. organização brasileira parceira da nal francesa.
Durante o primeiro contrato, que Marinha em manutenção e evolução Para o vice-presidente de So-
se iniciou em 2011, a Fundação Ezu- dos Sistemas de Combate de Sub- luções de GNL da Wärtsilä, Ale-
te foi responsável pela absorção de marinos com Propulsão Nuclear, do xandre Eykerman, o acordo é um
tecnologia do Sistema de Comba- Prosub. “Somos uma organização de passo importante para aumen-
te dos submarinos convencionais. alta tecnologia, parceira do governo, tar a presença da companhia no
Uma equipe de engenheiros da Ezu- que busca desenvolver e acelerar so- mercado de terminais de GNL de
te foi para Toulon, na França, receber luções que beneficiem toda a socie- pequena a média escala. “Esta-
treinamento da DCNS (Directions de dade. Com a participação no Prosub, mos animados por trabalhar com
Construction Navales et Services). a Fundação Ezute reforça essa parce- a ENGIE e desenvolver soluções
Com a absorção dessa tecnologia, o ria em prol da soberania nacional”, de energia mais sustentáveis para
país será capaz de realizar a manu- conclui o presidente da Fundação nossos clientes e para a sociedade
tenção e até mesmo a evolução do Ezute, Eduardo Marson. como um todo”, destaca.
Romper barreiras
Associações pressionam governo por mudanças em normas para
estimular investimentos privados no setor portuário
Danilo Oliveira
O
governo tem cerca de 90
áreas portuárias mapea-
das para licitar e mais de
60 pedidos de autorização
para terminais de uso privado (TUPs)
em análise. A estimativa é que, nos
próximos 25 anos, menos de 10% dos
investimentos para ampliar a capa-
cidade dos portos brasileiros virá do
orçamento público. Para tentar acele-
rar projetos e destravar investimentos
privados, cinco associações setoriais
apresentaram ao governo federal pro-
postas para reduzir a intervenção es-
tatal e atrair recursos para o segmen-
to. Elas pedem o cumprimento das
normas vigentes (decretos, portarias e
resoluções) de modo que não se res-
trinjam ou revoguem direitos e obri-
gações do setor.
As associações tentam ampliar a
segurança jurídica dos investidores
por meio da estabilidade dos marcos
regulatórios e do respeito aos contra-
tos de exploração de áreas e terminais
portuários. Elas defendem que cabe
ao poder concedente a formulação
das políticas públicas do setor e que
a Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq) é responsável
pela regulação de aspectos técnicos
do marco regulatório e pela fiscaliza-
ção das políticas, mais com objetivo
pedagógico do que punitivo.
O grupo entende que a atividade
portuária é privada, regulada e não
deve ser entendida como serviço pú-
blico. As sugestões foram formuladas
pela Associação Brasileira dos Termi-
nais Portuários (ABTP), Associação
Brasileira de Terminais de Contêine-
res de Uso Público (Abratec), Associa-
ção Brasileira dos Terminais Líquidos
(ABTL), Associação Brasileira de Ter-
minais e Recintos Alfandegados (Ab-
20 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
segundo momento, uma proposta
para um assunto mais delicado: a re-
visão do modelo atual das compa-
nhias docas. Nessa primeira etapa, a
ABTP e demais entidades focaram no
marco infralegal. “Sem dúvida há um
risco porque sabemos como entra um
projeto de lei e não sabemos como sai.
Precisamos tentar corrigir e contamos
com a política do novo governo de in-
centivo à iniciativa privada”, projeta.
Moreira ressalta que destravar o
setor é fundamental para competitivi-
dade dos produtos brasileiros no exte-
rior e para redução de preços no con-
sumo interno, além de gerar emprego
e renda. Para ele, havendo sinalização
por meio de um novo decreto, as em-
presas de engenharia logo vão come-
çar a empregar. O diretor-técnico da
ABTP acrescenta que o setor empresa-
rial está pronto para investir, porém, o
governo precisa de mais ousadia nas
propostas.
tra) e Associação de Terminais Portu- Entidades querem O sócio-diretor da Agência Porto
ários Privados (ATP). Consultoria, Fabrizio Pierdomenico,
Outra reivindicação é que não seja o fim do teto para percebe o investidor mais cauteloso
mais imposto teto para a taxa interna
de retorno e valor da tarifa nos novos
a taxa interna de e conservador, sem o apetite que ha-
via para investimentos em portos há
leilões e nem para os atuais contratos retorno três anos. Ele atribui a paralisia a um
de arrendamento de áreas portuárias conjunto de problemas, que inclui
que requerem adaptações. O pedido remuneração baixa do investimento,
foi feito para casos de antecipação complicações de licenciamentos e
do prazo de prorrogação, extensão de autorizações e os obstáculos para re-
prazo de contratos de arrendamento alização de novos leilões. “O quadro é
em decorrência do equilíbrio econô- de um investidor que não vai comprar
mico-financeiro ou aumento da área qualquer coisa que o governo ofertar
portuária. na licitação. Cabe ao governo enten-
O diretor-técnico da Associação der a lógica e ser parceiro da iniciativa
Brasileira dos Terminais Portuários privada e perguntar onde há interesse
(ABTP), Wagner Moreira, diz que o em investir”, avalia.
discurso mais liberal do governo per- Nos últimos três anos, houve avan-
mitiu ao setor vislumbrar a possibili- ço em relação às autorizações de
dade de revisão do marco regulatório TUPs, mas poucos em relação aos ar-
atual com propostas para aumentar rendamentos. O programa de conces-
segurança jurídica e aumentar inves- sões do governo Dilma compreendia
timentos. “Os recursos públicos são inicialmente 159 áreas para arrenda-
escassos. É preciso que haja condi- mento, divididas em quatro blocos.
ções e que os riscos sejam conhecidos Negociou apenas três áreas, mas dali
para que efetivamente aconteçam os em diante esbarrou na falta de inte-
investimentos”, analisa. ressados. Com isso, alguns estudos da
A ABTP entende que o marco trou- Estruturadora Brasileira de Projetos
xe retrocessos na relação capital-tra- (EBP) ficaram defasados após 18 me-
balho e na centralização das ações em WAGNER MOREIRA ses em análise no Tribunal de Contas
Brasília, o que aumentou a interfe- Sabemos como entra um da União (TCU).
rência estatal na atividade portuária. projeto de lei e não sabemos O setor entende que os estudos
A associação estuda apresentar, num como sai estão defasados e o governo não tem
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 21
PORTOS E LOGÍSTICA
SÉRGIO AQUINO
É preciso recuperar
princípios da 8.630,
como voltar a dar
poder aos CAPs
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 25
PORTOS E LOGÍSTICA
A
Guto Nunes
s entidades representativas
dos terminais privados e ar-
rendatários de terminais em
portos públicos têm se reuni-
do desde outubro com o governo para
tratar de revisão das normas no setor
de portos. Para as empresas, uma das
medidas vitais é o ajustamento nos minais Portuários Privados (ATP) in-
contratos de arrendamento anteriores tensificaram ações. As entidades têm
à Lei de 2003, que vão destravar, ime- realizado reuniões de trabalho com a
diatamente, segundo essas entidades, equipe do Ministério dos Transportes,
mais de R$ 2 bilhões em investimen- WILEN MANTELI Portos e Aviação Civil (MTPAC) e leva-
tos. “Vivemos numa plena desorga- Vivemos numa plena do sugestões para modificar a estrutu-
nização da atividade. Há marcos re- desorganização da ra do setor de portos.
gulatórios em excesso, vários tipos e atividade Para as entidades portuárias, ape-
modelos de contratos, com aplicação sar dos investimentos de bilhões de
contraditória e divergentes das nor- reais realizados pelo setor privado no
mas” afirma Wilen Manteli, presidente período entre a Lei 8.630, de 1993, e
da Associação Brasileira dos Terminais a Lei 12.815, de 2013, os portos ainda
Portuários (ABTP). não contam no Brasil com a estrutu-
Neste ano, sobretudo no segundo As entidades há ra que precisam e desejam. “Grandes
semestre, a Associação Brasileira dos estudiosos da economia mostram que
Terminais Portuários (ABTP), a Asso- anos batem na tecla um terço dos ganhos de um setor tem
ciação Brasileira de Terminais e Recin-
tos Alfandegados (Abtra), a Associação
de que há excessiva origem numa estruturação adequada.
Ou seja, há quase 25 anos, o país deixa
Brasileira de Terminais de Líquidos intervenção estatal de gerar bilhões somente no setor por-
(ABTL), a Associação Brasileira dos tuário, por não ter modelos padroniza-
Terminais de Contêineres de Uso Pú- na área portuária dos e isonômicos para cada segmento
blico (Abratec) e a Associação de Ter- da atividade portuária. Convive-se
Mauro Goulart
dentro de um quadro desorganizado,
completamente ultrapassado e hostil
ao investidor”, diz Manteli.
Para o segmento privado, há distor-
ções que precisam ser solucionadas.
As entidades há anos batem na tecla de
que há excessiva intervenção estatal
na área portuária e propõem um novo
modelo de governança. Atualmente,
mais de 20 órgãos federais, estaduais
e locais atuam no setor, quase sempre
de forma descoordenada e sobrepos-
ta, inclusive com interpretações diver-
gentes sobre os marcos regulatórios.
Isso gera enorme insegurança jurídica
e atrasa ou afasta investimentos que o
28 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
Terminal de trigo
Os empresários querem tornar
possível a prorrogação de
arrendamentos sucessivas vezes
Área deve ser incluída
no leilão de março
O governo espera incluir o projeto
de um terminal no Rio de Janeiro para
movimentação de trigo no próximo
do pela presidente Dilma Rousseff. “O leilão de áreas portuárias, previsto
que está previsto no veto é que cabe para o dia 23 de março de 2017. Até o
ao Poder Executivo analisar a conve- momento, estão previstos para o cer-
niência e a oportunidade da adapta- tame dois terminais (STM04 e STM05)
ção e da prorrogação dos contratos, em Santarém (PA) que trabalham com
caso a caso. “A medida preserva as movimentação e armazenagem de
prerrogativas do poder concedente, granéis líquidos. Ambos constam da
assegura a isonomia da operação e primeira etapa do Programa de Parce-
permite o destravamento imediato de rias de Investimentos (PPI) do governo
investimentos em plena crise econô- federal. Os investimentos nessas duas
setor tem condições e deseja fazer. “O mica”, afirma Cássio Lourenço Ribei- áreas somam R$ 29,9 milhões.
crescimento de qualquer setor econô- ro, consultor jurídico das entidades do O diretor-geral da Antaq, Adalberto
mico depende de confiança e de um setor portuário. Tokarski, disse que a agência espera
ambiente favorável aos investimentos. Além da ampliação de prazos de ex- realizar no final de janeiro as audiên-
Por isso, as empresas portuárias preci- ploração, as entidades privadas que- cias públicas de projetos de duas áre-
sam atuar num contexto de liberdade, rem incluir no decreto a possibilidade as para terminais em Paranaguá (PR),
dando à sociedade, como contraparti- de os arrendamentos serem prorroga- um para movimentação de madeira e
da, investimentos, maior produtivida- dos sucessivas vezes, como ocorre nos celulose (PAR01) e outra para veículos
de e prestação de serviços eficientes a portos de Rotterdam, na Holanda, e de (PAR12), além de outra área para mo-
preços competitivos”, avalia Manteli. Antuérpia, na Bélgica. “A União Euro- vimentação de madeira e celulose em
As entidades têm defendido que, peia não considera os arrendamentos Itaqui (MA).
para que o país avance na melhoria portuários como modalidades de con-
de sua governança, portos devem ser cessão de serviço público. Ali, o arren- Praticagem
entendidos como um serviço privado, damento é uma figura muito menos
regulado e catalisadores de desenvol- engessada. A nossa Constituição e a Preços menores para
vimento em suas regiões e para todo legislação permitem o mesmo”, afirma
o país. Assim, a governança do setor Ribeiro. cruzeiros em Santos
– a política, a gestão, a competência, Os demais artigos da minuta de de-
o equilíbrio de poder entre governo, creto costurado com o ministério tra- A Associação Brasileira de Navios de
empresas e trabalhadores – deve dar zem outras medidas que também bus- Cruzeiros (Clia Brasil) e a Praticagem
ao Estado um papel orientador e de cam desburocratizar o setor portuário de São Paulo assinaram acordo para
estimulo aos investidores. e aumentar a atratividade dos arrenda- baratear o custo dos navios de cruzei-
No dia 15 de dezembro, as entida- mentos. Essas medidas, avaliam as en- ro que frequentam o Porto de Santos.
des e o ministério realizaram mais tidades, não teriam impacto imediato Pelos próximos cinco anos, os navios
uma rodada de debates, que incluiu a se não pudessem ser aplicadas aos terão descontos progressivos nas ma-
minuta de decreto que está sendo pre- atuais arrendatários. “Não faz sentido nobras, podendo chegar a 26%. Antes
parado pelo governo. As entidades en- esperar décadas para destravar os bi- do acordo, o preço era cobrado com
tendem que a inclusão do ajustamen- lhões que podem ser alcançados hoje”, base na tabela estabelecida entre a
to nos contratos de arrendamento enfatiza Manteli. A adaptação contra- Praticagem e o Sindicato das Agências
anteriores à Lei de 2003 corrige uma tual é recorrente em diversos outros de Navegação Marítima do Estado de
brecha legal histórica, uma vez que a setores no Brasil, como no elétrico e São Paulo (Sindamar).
Lei 8.630 determinava a adaptação de nas telecomunicações. Ferrovias, ro- A partir de agora, o valor mais baixo
todos os contratos de terminais, pri- dovias e aeroportos também preveem a ser pago pelos navios é de R$ 10,37
vados ou arrendados, a ela anteriores, a figura da “extensão de prazo para fins por leito. Mas para isso é necessário
mas isso nunca foi cumprido pelo po- de reequilíbrio”. “Não há ilegalidade, que a embarcação atraque mais de 46
der público de forma integral. A atual inovação ou criação de privilégios com vezes em Santos na mesma tempora-
Lei 12.815, de 2013, também previa a inserção dessa possibilidade no setor da. Em São Sebastião, o valor cai para
esse mecanismo, que terminou veta- portuário”, diz Ribeiro. n R$ 8,78.
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 29
PORTOS E LOGÍSTICA
A
Associação Brasileira de Enti- Descentralização da dade, assim como liberdade para abrir
dades Portuárias e Hidroviá- capital [pela autoridade portuária],
rias (Abeph), formada por au- agenda portuária, independentemente de controle. A
toridades portuárias federais e
estaduais, está mobilizada por mudan-
autonomia para as flexibilização do uso das facilidades
portuárias e a regulamentação de no-
ças no modelo portuário nacional. A autoridades locais vos modelos de contrato, além do ar-
exemplo do que foi feito pelo conjunto rendamento, completam a lista.
de entidades que reúnem terminais de e participação em O Conselho Deliberativo da Abeph
uso privado (TUPs) e terminais arren- editais estão entre as aprovou também o envio de ofício ao
dados, elaborou documento contendo secretário executivo do ministério so-
propostas entregue ao entregue ao se- propostas bre a situação do Instituto de Seguri-
cretário de Política Nacional de Trans- dade Portus.
portes, Herbert Drummond. A entidade, que vem se reestrutu-
O documento foi aprovado pelo rando, conta com novos associados:
Conselho Deliberativo da ABEPH em Instituto Nacional de Pesquisas Hidro-
17 de novembro. A reunião contou viárias (INPH), Assessoria Empresarial
com as participações do Porto de Ita- ria, com as autoridades locais parti- Eirelli–ACM, Porto Organizado de Ma-
jaí, Companhias Docas do Rio de Ja- cipando do planejamento nacional. A naus, Companhia Docas do Rio Gran-
neiro, São Sebastião, Ceará, Bahia, São elaboração e o desenvolvimento dos de do Norte e Porto do Recife.
Paulo, Espírito Santo, Pará e ainda Ad- Planos Mestres e dos PDZ passariam Solicitado a opinar sobre o docu-
ministração dos Portos de Paranaguá a ser feitos pelas autoridades portu- mento, o secretário de Política Nacio-
e Antonina, Porto do Recife e Porto de árias em conjunto com o Ministério nal de Transportes, Herbert Drum-
Rondônia. dos Transportes, Portos e Aviação Ci- mond, disse via assessoria de imprensa
No documento, a Abeph pede a vil, respeitados os aspectos regionais, que não se manifestaria antes de o as-
descentralização da agenda portuá- com base em padrões de qualidade. sunto ser tratado pela Casa Civil. n
30 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
Monitoramento
real de todos os fluxos da sua opera-
ção. “O Terminal de Contêineres de Pa-
ranaguá já conta com um sistema de
segurança eficaz. Com a instalação das
em tempo real
novas câmeras, o objetivo é ampliar
os dispositivos e garantir aos nossos
clientes ainda mais segurança das car-
gas armazenadas em Paranaguá”, ex-
TCP amplia seu sistema de segurança e plica Juarez Moraes e Silva, diretor su-
perintendente comercial do terminal.
A O monitoramento
TCP – empresa que adminis- 333 metros de comprimento, e totali-
tra o Terminal de Contêine- zou 488 movimentos em duas horas
res de Paranaguá, concluiu a disponibiliza online e 38 minutos de operação. O recorde
ampliação do seu sistema de anterior era de 172 MPH, registrado
segurança interna e externa do termi- 24 horas imagens de no navio Valiant, em agosto passado.
nal com a aquisição de novas câmeras toda a movimentação O terminal também bateu um novo
de segurança de última geração, que recorde de movimentação por guin-
vão monitorar em tempo real todas ocorrida entre os daste ao alcançar 46 MPH, maior pro-
as ruas localizadas entre os blocos de
contêineres. As câmeras, importadas
blocos de contêineres dutividade por equipamento registra-
da nos últimos dois anos.
dos Estados Unidos, são de alta reso- Hoje, o Terminal de Contêineres de
lução com visão noturna e já estão em Paranaguá conta com nove portêine-
operação. res, dos quais quatro super post pana-
Com as novas câmeras, o terminal max, dois guindastes mobile harbour
amplia o monitoramento em tempo crane, além de 30 transtêineres. n
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 31
PORTOS E LOGÍSTICA
Novas relações
Terminais portuários reveem métodos
de trabalho e estimulam qualificação de
profissionais técnicos e de gestão
Danilo Oliveira
O Com a globalização
setor portuário vem pas-
sando por uma expansão
nas últimas décadas, com dos serviços, o
melhorias operacionais e
mudanças nas relações e na metodo- setor apresentou
logia de trabalho. Os terminais pri- necessidade de
vados trouxeram um conceito mais
moderno à gestão portuária e novas gestores qualificados,
funções. Com a globalização dos ser-
viços, o setor apresentou necessidade
tendo por objetivo
de gestores qualificados, com o obje- final aumentar a
tivo final de aumentar os índices de
produtividade e eficiência. Hoje, em produtividade
vez de uma equipe experiente na roti-
na do terminal, é preciso um grupo de
especialistas nos sistemas que planeje
a armazenagem, o posicionamento, e elevar os padrões de qualidade com as rotinas internas mais eficientes e
o carregamento e o descarregamento foco no cliente”, afirma Rocha. fornecer interfaces e sistemas amigá-
das cargas. As funções de suporte e gestão, en- veis com impacto direto na satisfação
O diretor de recursos humanos tre elas os setores financeiro, supri- dos clientes”, destaca.
para a América Latina da APM Termi- mentos, RH e jurídico, também passa- Nas ultimas décadas, a moderniza-
nals Brazil, Amilton Rocha, avalia que, ram a atuar de forma mais integrada, ção portuária trouxe mudanças nos
independentemente do modelo de abrindo espaço para profissionais ca- processos produtivos, demandando
gestão portuária, o desenvolvimento pazes de usar a tecnologia para redu- investimentos em novas tecnologias, a
de novas tecnologias, equipamentos zir a burocracia e aumentar o desem- maior parte desembolsada pelo setor
e sistemas nos portos brasileiros foi penho em controles internos. Essas privado. “A necessidade de aumento
impulsionado pela conteinerização e mudanças fomentaram toda a cadeia da produtividade fez com que a ges-
pelas rápidas mudanças na indústria interna de processos. tão portuária se tornasse mais pro-
de navegação, o que exigiu resposta Rocha conta que, na área comercial, fissional, desenvolvendo em diversas
rápida dos portos e das autoridades as funções relacionadas ao marketing cidades portuárias treinamentos es-
intervenientes. e à inteligência de negócios, antes pecíficos e cursos de graduação e pós-
A modernização portuária impac- mais focadas em produtos, foram inte- -graduação”, conta o diretor do Institu-
tou primeiro a área de operações. gradas ao setor de serviços, sobretudo to de Capacitação Técnica Profissional
Antes focada na execução, o setor à parte de transportes e logística. Se- (Incatep), João Gilberto Campos.
passou a incorporar o planejamento gundo o diretor da APM, foi um reflexo O mercado tem uma gama de cur-
operacional e isso também demandou da alta competitividade entre opera- sos de graduação e pós-graduação
o desenvolvimento de pessoas e sof- dores portuários no mercado brasilei- oferecida por entidades privadas, pú-
twares. “O mercado é hoje muito mais ro. A transformação também deixou a blicas e também pela autoridade ma-
competitivo, o que também aumenta tecnologia da informação (TI) para o rítima. Por meio do Prepom — Progra-
a necessidade de desenvolver pessoas, foco dessa modernização. “A automa- ma de Ensino Profissional Marítimo,
aperfeiçoar processos, otimizar custos tização de processos é capaz de tornar a Marinha oferece gratuitamente cur-
32 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
com certeza, haverá uma carreira por-
tuária longa”, observa Campos.
O gerente de recursos humanos
da unidade portos do Sepetiba Tecon
(RJ), Eduardo Rosas, diz que o aumen-
to da concorrência no setor demanda
o aprimoramento dos serviços e da
mão de obra, já que houve a inser-
ção de atividades anteriormente não
contempladas no setor portuário. A
transformação do setor demandou a
criação de cargos específicos visando
atender às peculiaridades que passa-
ram a existir no mercado.
Rosas afirma que o desafio para o
terminal é estar capacitado para ope-
rar com a qualidade e a agilidade que
o mercado atual demanda, visto que o
setor portuário tem crescido e aumen-
tado o número de concorrentes. “O RH
do Sepetiba Tecon tem a preocupa-
ção de manter seus colaboradores em
constante desenvolvimento de forma
a possibilitar a capacitação nas me-
lhores práticas operacionais”, destaca.
Ele afirma que, apesar da escas-
sez de mão de obra qualificada que
existe em todos os segmentos, o Se-
petiba Tecon tem conseguido buscar
bons profissionais no mercado, além
de proporcionar o desenvolvimento
interno, capacitar sua mão de obra e
sos e treinamentos de curta duração, proporcionar condições e conheci-
cursos de graduação e pós-graduação mento para que eles ocupem cargos
mediante convênios com diversas es- de complexidade.
colas e faculdades em todo o Brasil. O diretor superintendente do TCP
Além de nascerem novas funções, – Terminal de Contêineres de Para-
os investimentos em novas tecnolo- naguá, Juarez Moraes e Silva, lembra
gias trouxeram aos portos e terminais que a movimentação de contêineres
a multifuncionalidade: um mesmo no Brasil se consolidou nos últimos
cargo realiza diversas funções. “Nos 15 anos, experimentando rápida evo-
portos e terminais, os maiores desa- lução com investimentos em compra
fios são a exigência de novas compe- de equipamentos e busca por profis-
tências. Os profissionais têm de procu- sionais qualificados. Ele destaca que
rar se capacitar, pois as empresas não os processos de gestão se desenvolve-
mais oferecem cursos e treinamentos”, ram num curto espaço de tempo e que
aponta Campos. hoje o Brasil tem ótimos indicadores
Ele acrescenta que os departamen- e seguirá buscando atingir o bench-
tos de RH estão se capacitando mais marking internacional. “Esse é meu
recentemente já que há 10 anos muitos AMILTON ROCHA 10º ano na TCP. Somos outra empresa
portos e terminais tinham profissio- O mercado hoje é mais em relação ao que éramos cinco anos
nais de RH junto ao departamento fi- competitivo, é preciso elevar atrás em vários aspectos”, afirma.
nanceiro. Muitas vezes o gerente dessa os padrões de qualidade Além da operação, Moraes e Silva
área fazia a gestão dos departamentos. cita mudanças na gestão a partir da
“Os portos estão se profissionalizando entrada de grandes armadores e fun-
e com visão de retorno de investimen- dos de investimento nos terminais.
to. Onde colaboradores têm retorno, Eles trouxeram novos conceitos de
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 33
PORTOS E LOGÍSTICA
O
Vale/Divulgação
berço norte do Píer IV do
Terminal Marítimo de Pon-
ta da Madeira, da Vale, in-
tegrante do megaprojeto
S11D, ultrapassou mais uma fase de
testes e deve entrar em operação em
janeiro. Segundo o líder de projetos,
Jorge Candreva, durante um teste, em
72 horas foi realizado um carregamen-
to de 160 mil toneladas, em que foram
feitos todos os testes de desempenho de
carregadores, transportadores, equipa-
mentos de amarração e defensas. Com
a conclusão, o terminal terá sua capa-
cidade nominal aumentada para 230
milhões de toneladas por ano. Esse
patamar de produção, porém, não
será alcançado de imediato porque as
obras do porto dependem das demais
etapas do Projeto S11D.
As obras do terminal incluíram am-
pliações onshore e offshore, além da
O terminal terá a capacidade nominal
expansão do terminal ferroviário. No aumentada para 230 milhões de ton/ano
offshore, fez parte do projeto a cons-
trução do berço no Píer IV, o berço
norte, acrescido de um carregador de
navios, que replica o mesmo desenho
Eny Miranda
do já existente no berço sul. ficar que todo o sistema está pronto
Entre agosto e setembro deste ano, para entrar em operação", explica
foi realizada uma série de testes no Píer Candreva.
IV. Inicialmente, todos os equipamentos O S11D é o maior projeto da Vale e
são avaliados em vazio, sem carga de mi- tem capacidade de produção estimada
nério. Os testes abrangeram os sistemas de 90 milhões de toneladas de miné-
de atracação e amarração dos navios, as rio de ferro por ano. O custo da obra,
correias transportadoras de embarque e prevista para começar a operação co-
os carregadores de navios. mercial em janeiro, totaliza US$ 14,3
O teste funcional proporcionou a bilhões em investimentos. A inaugu-
avaliação precisa de todos os sistemas ração foi realizada no início de de-
de automação da rota do minério, des- zembro. O presidente da Vale, Murilo
de os pátios de estocagem, a linha de Ferreira, disse durante a cerimônia
embarque e o carregador de navio. "Os que a conclusão do S11D, no Pará, de-
MURILO FERREIRA
testes com carga envolveram três na- monstra a capacidade da companhia
Implantação de projeto de
vios de classe Capesize, utilizando os de implantar um dos maiores projetos
nível mundial mesmo em
dois carregadores de navios (CN-3 e da indústria de mineração mundial,
cenário de queda nos preços
CN-4) instalados no berço norte. Esta mesmo em um cenário de forte queda
etapa é fundamental para nos certi- nos preços do minério de ferro n
38 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
Herlon Rossdeutscher
outros destaques nas exportações fica- PDZ
ram por conta do gás natural (327.133
toneladas), frutas (184.751 toneladas) Porto do Rio de Janeiro
e plásticos (54.447 toneladas).
Já a cabotagem apresentou um au- tem novo plano
mento de 263% em comparação aos 11
meses de 2015. “Podemos atrelar este O Plano de Desenvolvimento e Zo-
crescimento, principalmente, ao de- neamento (PDZ) do Porto do Rio de
sembarque de minério de ferro e pro- Janeiro foi aprovado pelo Ministério
dutos siderúrgicos”, disse o diretor-pre- dos Transportes, Portos e Aviação Ci-
sidente da Cearáportos, Danilo Serpa. vil e substituirá o plano vigente desde
De acordo com ele, a expectativa é de 2009. O PDZ é o instrumento de pla-
que este ano o porto chegue a 11 mi- nejamento operacional da Adminis-
lhões de toneladas movimentadas. tração Portuária, que compatibiliza as
políticas de desenvolvimento urbano
Tecon Salvador dos municípios, estado e região onde
se localiza o porto. Ele visa ao estabe-
Importações sobem lecimento de ações e metas para a ex-
pansão racional e a otimização do uso
mais de 30% de áreas e instalações do porto, com
aderência ao Plano Nacional de Logís-
Porto cearense movimentou mais O Tecon Salvador, terminal de con- tica Portuária - PNLP e respectivo Pla-
50% de janeiro a novembro têineres administrado pelo Grupo Wil- no Mestre.
son Sons na capital baiana, registrou
Pecém um crescimento de 33,8% nas impor-
tações de novembro deste ano, em re-
Recorde de lação ao mesmo período do ano pas-
sado. Por mais um mês consecutivo, a
movimentação movimentação foi impulsionada pelo
setor de energia solar, que em novem-
A movimentação acumulada de bro representou 13% do volume total
janeiro a novembro no Porto do Pe- de cargas importadas que passaram
cém foi a maior desde o início de suas pelo terminal.
atividades. O total exportado e im- Desde janeiro, aproximadamente
portado foi de 9.887.849 toneladas, o sete mil TEUs em equipamentos para
que representa um aumento de 50% a montagem de parques fotovoltaicos
quando comparado ao mesmo perío- passaram pela unidade. Atualmente, o
do do ano passado. No que se refere a Tecon Salvador é o terminal que mais A verba incluída no Orçamento não
importações, o incremento foi de 42% movimenta esse tipo de carga no estará disponível automaticamente
(8.077.781 toneladas), enquanto as ex- Norte e no Nordeste. Outros segmen-
portações cresceram 102% (1.810.069 tos em destaque no período foram Areia Branca
toneladas). peças e equipamentos (+37%, China
Na navegação de longo curso, os e México), borracha (+20%, Europa e R$ 10 milhões para
principais destaques na importação China) e fertilizantes (+42%, Rússia
são o carvão mineral (3.789.030 tone- e Europa). No balanço geral, o Tecon manutenção
ladas), gás natural (757.373 toneladas), Salvador também apresentou bons
coque de petróleo (104.917 toneladas), números, com crescimento de 5,5% O Terminal Salineiro de Areia Bran-
produtos siderúrgicos (221.623 tone- no volume de cargas movimentadas ca contará em 2017 com R$ 10 milhões
ladas), adubos ou fertilizantes (41.731 no acumulado do ano, em relação a para obras de manutenção. A verba foi
toneladas), produtos diversos das in- 2015. Para o diretor executivo do ter- incluída no Orçamento via emenda
dústrias químicas (26.199 toneladas), minal, Demir Lourenço, as perspec- do senador José Agripino Maia (DEM-
plásticos e suas obras (23.196 tonela- tivas são boas. “A expectativa é fechar -RN). O valor de R$ 10 milhões inclu-
das). o ano em alta. A tendência é que a im- ído no orçamento para o porto-ilha
Nas exportações, foram movimen- portação de peças para a montagem ainda terá todo um trâmite regimental
tadas 427.016 toneladas de produtos de parques de energia solar continue e constitucional a ser percorrido e não
siderúrgicos. Desse total, 408.057 to- crescendo nos próximos meses”, afir- estará disponível imediatamente para
neladas foram de placas de aço. Os mou Lourenço. uso da Codern.
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 39
NAVEGAÇÃO
Pesquisa avançada
Navio hidroceanográfico ‘Vital de Oliveira’ realiza
primeira campanha na cadeia Vitória-Trindade
O A Comissão tem
Navio de Pesquisa Hidroce- de melhor conhecer as riquezas pre-
anográfico (NPqHo) Vital de sentes na Amazônia Azul.
Oliveira realiza a I Campa- objetivo de pesquisar e Características Principais: compri-
nha Hidrográfica na região mento - 78 metros; boca - 20 metros;
oceânica ao largo da costa sudeste produzir informações deslocamento máximo – 4,2 mil tone-
brasileira, que inclui Ilha Oceânica de ambientais ladas; calado máximo - 6,3 metros; au-
Trindade. A Diretoria de Hidrografia e tonomia - 30 dias; velocidade de cru-
Navegação (DHN), da Marinha do Bra- zeiro - 10 nós; velocidade máxima - 12
sil, apoia o Plano de Levantamento da nós; tripulação - 90 militares; e passa-
Plataforma Continental Brasileira (Le- geiros - 40 cientistas.
plac), que tem por objetivo estabele- Equipamentos Científicos: eco-
cer o limite da Plataforma Continental batímetros multifeixe (águas rasas e
além das 200 milhas náuticas da Zona Nessa Comissão embarcaram 30 profundas); ecobatímetro Monofeixe;
Econômica Exclusiva. pesquisadores da Universidade Fede- perfilador de subfundo; sonares de
A Comissão denominada de MC- ral Fluminense (UFF), da Universida- varredura lateral; perfiladores de cor-
TIC-Leplac/2016 tem o objetivo de de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), rente (ADCP); CTD/Rossette, U-CTD,
coletar dados ambientais (meteoroló- da Universidade Federal da Bahia XBT, perfilador contínuo de propaga-
gicos, oceanográficos e hidrográficos) (UFBA), da Universidade do Estado do ção da velocidade do som na água;
a fim de contribuir para a realização Rio de Janeiro (Uerj) e da Universidade veículo operado remotamente (ROV)
dos projetos de pesquisa aprovados de São Paulo (USP), que estudarão os até quatro mil metros; amostradores
pelo Ministro da Ciência, Tecnologia, processos de interação entre o oceano e testemunhador geológico; estação
Inovações e Comunicações (MCTIC), a e a atmosfera, visando aprofundar o meteorológica automática; medido-
produção de informações ambientais conhecimento sobre os ecossistemas res de ondas e correntes; gravímetro e
destinada à Segurança da Navegação marinhos, além de possíveis impactos magnetômetro; PCO2, plâncton e sali-
e o fornecimento de subsídios para o sofridos em decorrência das mudan- nômetro; e lanchas hidrográficas com
Leplac. ças climáticas. ecobatímetro multifeixe. n
40 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
Custos crescentes armadores reduzi-
ram os custos pelo
Operação mercante segundo ano con-
secutivo. A redução
subirá em 2017 média dos custos
operacionais totais
O custo de operação de navios dos navios entre as
mercantes caiu por dois anos conse- categorias abrangi-
cutivos, mas deverá crescer a partir das foi de 4,4%. Isso
de 2017, de acordo com o último re- após uma queda de
latório anual de custos operacionais e 1,5% em 2015. “O alcance de novas re-
previsões 2016/17 publicado pela con- duções significativas de custos é limi- Taxas de frete fracas e baixa
sultoria global de navegação Drewry. tado. Nossa opinião é que os custos vão lucratividade levaram os armadores
Segundo o documento, 2016 foi um subir em 2017 e depois, mas talvez em a reduzir os custos
ano muito difícil para a maioria dos níveis mais baixos do que o previsto”,
armadores e operadores. Taxas de frete comenta o editor do relatório, Nikhil “Embora a frota mundial seja relati-
fracas, declínio dos valores dos ativos, Jain. A consultoria antecipa aumentos vamente jovem, espera-se que os gas-
erosão da lucratividade e baixos saldos modestos nos custos de tripulação em tos com seguros de casco e máquinas
de caixa forçaram os armadores a re- conseqüência dos acordos salariais in- subam. A recente legislação relativa à
duzir os custos sempre que possível, ternacionais. O excesso de capacidade modernização dos sistemas de gestão
inclusive as despesas operacionais dos das seguradoras e a concorrência en- das águas de lastro levará a um au-
navios. tre os provedores de seguros ajudarão mento das despesas, pelo que é seguro
A avaliação da Drewry sobre os cus- a compensar o impacto do aumento assumir que as despesas com reparo e
tos operacionais de 2016 em 44 tipos dos valores dos ativos no mercado de manutenção subirão a taxas superio-
e tamanhos de navios mostra que os casco e seguros de máquinas. res à inflação”, acrescenta Jain.
A aplicação unilateral
do RCLE-EU na
navegação criaria
distorções no
mercado, gerando
disputas comerciais
com a China e outras
nações asiáticas
Transporte marítimo
car uma medida baseada no mercado
para a redução de CO2 ao transporte
marítimo internacional, então a prefe-
discute CO2
rência seria por uma taxa de combus-
tível global. A entidade dos armadores
diz que aceita a responsabilidade de
reduzir em 10% o CO2 com base nos
ICS trabalha para reverter votação do resultados alcançados pelo setor du-
rante o último período de cinco anos
Parlamento Europeu para mercado de contabilizados pela IMO (2007-2012).
carbono para transporte marítimo Mas afirma que, se a IMO decidir im-
plantar uma taxa de combustível, isso
exigiria o pleno apoio dos países em
desenvolvimento, que estão preocu-
A
associação global de arma- semanas após a IMO ter adotado um ro- pados com o impacto potencial sobre
dores International Chamber teiro abrangente de ação para o tema. o comércio e o desenvolvimento eco-
of Shipping (ICS) avalia que A ICS confia que os estados mem- nômico.
uma decisão unilateral da bros da IMO adotarão uma estratégia O ICS trabalha em colaboração com
União Europeia de incluir o transporte de redução de CO2 em 2018 que in- a Associação de Armadores da Comuni-
internacional no mercado de carbono cluirá metas ambiciosas de redução dade Europeia (ECSA) para persuadir o
regulado pelo mecanismo conhecido de CO2. A entidade diz que o comércio plenário do Parlamento Europeu, bem
como Emissions Trading System (ETS) de emissões foi desenvolvido princi- como os estados-membros da União
vai polarizar e impedir discussões sobre palmente para indústrias, tais como Europeia e a Comissão Europeia, a re-
medidas de redução de CO2 no âmbito de geração de energia, cimento e pro- jeitarem o relatório da Comissão de4
da Organização Marítima Internacional dução de aço, o que o torna completa- Ambiente. O plenário do Parlamento
(IMO). A Comissão do Ambiente do Par- mente inadequado para o transporte Europeu deverá votar o relatório da Co-
lamento Europeu votou pela inclusão internacional. missão no início de 2017. n
42 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 43
TRIBUNA
O
uso da água de lastro para o con- em vigor do referido acordo, o que ocorrerá
trole do calado e da estabilidade em 8 de setembro de 2017. No Brasil, a inter-
de navios consiste em um proce- nalização dessa convenção no ordenamento
dimento de segurança operacional jurídico pátrio foi formalizada por meio do
adotado em algumas operações de embarque Decreto Legislativo n° 148/2010.
e desembarque de cargas. Contudo, tendo em Entre as medidas fixadas, os países signatá-
vista que tais atividades podem provocar im- rios do acordo deverão desenvolver políticas
pactos ambientais relacionados à introdução e programas nacionais relacionados ao ge-
de organismos aquáticos nocivos e agentes renciamento da água de lastro e envidar es-
patogênicos nos ecossistemas costeiros, faz- forços de cooperação entre si, inclusive para
-se necessária a observância pelas embarca- o desenvolvimento de pesquisas científicas.
ções de normas específicas de gerenciamento Além disso, diversas regras foram estabele-
da água de lastro. cidas para navios que utilizam água de lastro,
No plano internacional, o tema já vem as quais passarão a ser mandatórias gradu-
sendo intensamente debatido há décadas e almente, conforme o ano de construção e a
mereceu destaque na Convenção das Nações capacidade de lastro das embarcações. Sobre
Unidas sobre o Direito do Mar de 1982 e em esse ponto, convém mencionar que, durante
outros acordos internacionais posteriores. A a 70ª Reunião do MEPC/IMO, realizada entre
Organização Marítima Internacional (Inter- os dias 24 e 28 de outubro de 2016, um gran-
national Maritime Organization – IMO), por de impasse se formou em torno da data de
meio do seu Comitê de Proteção do Ambien- implementação da Regra D-2 (Norma de De-
te Marinho (Marine Environment Protection sempenho de Água de Lastro) da convenção,
Committee – MEPC), tem exercido um papel cuja verificação de conformidade está atrela-
de extrema relevância, por meio da edição de da à renovação do Certificado Internacional de
atos normativos, entre eles, a Resolução IMO Prevenção de Poluição por Óleo (International
n° A.868(20) – Diretrizes para o Controle e Ge- Oil Pollution Prevention – IOPP Certificate)
renciamento da Água de Lastro dos Navios dos navios. A reunião foi encerrada com duas
para Minimizar a Transferência de Organis- propostas na mesa, sendo que uma delas pode
mos Aquáticos Nocivos e Agentes Patogêni- acabar postergando a obrigatoriedade da refe-
cos, publicada em 1997. rida regra para 2024 no caso de algumas em-
No âmbito das negociações coordenadas barcações, o que acabou frustrando os países
pela IMO, foi adotada, em 13 de fevereiro de que desejam celeridade na implementação da
2004, a Convenção Internacional sobre Con- convenção. O assunto será novamente discu-
trole e Gestão da Água de Lastro e Sedimentos tido durante a 71ª Reunião do MEPC/IMO, a
de Navios. Com a adesão da Finlândia, ocorri- ser realizada em maio de 2017.
da em 8 de setembro de 2016, foram cumpri- No Brasil, a convenção específica sobre
dos os requisitos necessários para a entrada água de lastro vai se juntar ao marco regu-
44 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
TRIBUNA
Encontrando o mercado
Ivan Leão*
O
s estaleiros e seus fornecedores Médio Prazo
procuram entender como será o Com ciclo médio de produção estão pre-
comportamento do mercado em vistas as construções de seis navios de apoio
2017. Quais os negócios que exis- marítimo para a Bram Offshore (Grupo Edson
tem. Quais as melhorias que ainda podem Chouest – Estaleiro Navship). E ainda a cons-
ocorrer. Onde pode piorar. trução de estaleiro de reparos para a Brasil
A estatística do Sinaval informa que em no- Basin Drydock, com prioridade de financia-
vembro pouco mais de 38 mil pessoas estavam mento no valor de R$ 2 bilhões, e a construção
empregadas nos estaleiros. As maiores perdas de estaleiro de reparos para navios de apoio
de postos de trabalho aconteceram no Nor- marítimo, no Porto do Açu, em São João da
deste e no Sudeste. O Sul e o Norte apresentam Barra (RJ), com prioridade de financiamento
queda mais suave. no valor de R$ 294,4 milhões para o Estaleiro
As prioridades de financiamentos aprova- Navship.
das no Conselho Diretor do Fundo da Marinha
Mercante, no segundo semestre de 2016, são Longo prazo
indicador das oportunidades de negócios, em A melhor notícia para o ano que se inicia é
curto, médio e longo prazos. Nem sempre as a esperança de que se torne realidade o con-
prioridades se transformam em aprovação de trato da South American Tankers Company
financiamentos nos bancos públicos, autori- Navegação (SATCO) para a construção de
zados a atuar como agentes repassadores de oito navios petroleiros para transporte de pro-
recursos do FMM. Mas é o melhor que temos. dutos e cinco petroleiros suezmax, com priori-
dades de financiamento aprovadas pelo FMM
Curto Prazo no valor total de R$ 5,5 bilhões. A construção
As obras com ciclo curto de realização são: está prevista para ser contratada com o Esta-
os reparos em 10 navios de apoio marítimo da leiro Atlântico Sul (EAS-PE).
CBO; 12 navios da Saveiros Camuyrano (Wil-
son, Sons), num valor total estimado de R$ 85 Segmento offshore
milhões; reparos em três navios de apoio ma- No segmento de construção de plataformas
rítimo para a Marlim Navegação. A construção de petróleo, construção e integração dos mó-
de rebocadores portuários, seis para a Saveiros dulos ao casco, a situação de queda de braço
Camuyrano e três para Camorim. Conversões em relação ao conteúdo local prossegue. Por
de PSV em RSV para a CBO e do Skandi Fla- decisão dos fornecedores internacionais, a en-
mengo de PSV3500 em OSRV3250 para a Mar- trega da proposta para afretamento da plata-
lim Navegação. forma FPSO Pioneiro de Libra foi adiada para
No segmento de navegação interior as obras data ainda incerta, em 2017. A Petrobras não
previstas no curto prazo são: Aliança Navega- esperava uma reação organizada das associa-
ção, construção de três barcaças; Internacio- ções empresariais no Movimento ProduzBra-
nal Marítima, construção de dois catamarãs sil, lançado no final de dezembro de 2016, para
para transporte de passageiros. É provável valorização do conteúdo local e preservação
que o setor de transporte fluvial assista a um dos investimentos. Fazem parte do Movimen-
aumento no volume de obras, no segundo tri- to ProduzBrasil: ABCE, Abemi, Abinee, Abi-
mestre de 2017, decorrente da demanda do maq, Abeam, AçoBrasil, FIEB, Fiemg, Fiergs,
Eixo Norte para escoamento de grãos por via Fiesc, Fiesp, Findes, Firjan e Sinaval.
fluvial. No segmento de transporte marítimo A batalha do conteúdo local segue para um
na costa brasileira (cabotagem) está prevista a novo evento, demonstrando que a última pala-
construção pela Agemar de um navio para su- vra neste assunto ainda não foi dada.
primento de combustíveis a Fernando de No-
ronha, no mar territorial de Pernambuco. *Diretor da Ivens Consult
46 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
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