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Sumário

4 Editorial
08 À espera de um impulso
‘Mercado de sistemas de propulsão
segue competitivo e com grande 6 Relatório PN
concorrência de preços
8 Indústria Naval
e Offshore

16 Amarras garantidas IPT coloca em operação sistema de ensaios de


elementos de ancoragem para petróleo e gás
20 Portos e Logística

28 Uma nova chance Entidades de terminais arrendados e privados costuram


decreto com o governo que pode destravar investimentos 40 Navegação

30 Abeph entra no jogo Autoridades portuárias querem participar da


elaboração da política nacional do setor 44 Tribuna

31 Monitoramento em tempo real TCP amplia seu sistema de segurança e


passa a monitorar vias entre contêineres 46 Cenários
32 Novas relações Terminais portuários reveem métodos de trabalho e
estimulam qualificação de profissionais técnicos e de gestão 47 Calendário
38 Pronto para operar Novo berço do Píer IV do Terminal da Ponta da
Madeira finaliza testes para integrar o projeto S11D 48 Mural
40 Pesquisa avançada Navio hidroceanográfico ‘Vital de Oliveira’ realiza
primeira campanha na cadeia Vitória-Trindade
49 Produtos e Serviços
42 Transporte marítimo discute CO2 ICS trabalha para reverter votação do
Parlamento Europeu para mercado de carbono para transporte marítimo

CAPA | 20 Romper barreiras


Associações pressionam governo
por mudanças em normas para
estimular investimentos privados
no setor portuário

PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 3


Editorial

Diretores
Marcos Godoy Perez e Rosângela Vieira
Reportagem
Danilo Oliveira

J
Direção de Arte
Alyne Gama
á foi tarde parece ser o refrão ideal para 2016, ano em que
Revisão
o setor naval — e o país — fizeram o possível para man- Francisco Aguiar
ter o nariz acima da linha dágua. Mas não se pode arriscar Comercial
um “este ano não será igual àquele que passou” para 2017, Janet Castro Alves
Assinaturas
apesar do carnaval que se aproxima. No Brasil, o ano co- Assinatura no Brasil: 1 ano: R$ 180,00.
meça em março, como se sabe. Mas no ano que acabou o carnaval Bianual: R$ 300,00.
Números avulsos: R$ 18,00
não terminou. Sem muitos motivos para comemorar a mudança no Assinatura no Exterior: América Latina 1
calendário, as expectativas não são das mais otimistas para os pri- ano: R$ 280,00. resto do mundo 1 ano:
R$ 480,00
meiros meses do ano. Com a crise política conseguindo a proeza de Portos e Navios é uma publicação
suplantar a econômica e as instituições derretendo, as previsões são de Editora Quebra-Mar Ltda. CNPJ
01.363.169/0001-79 (registro no INPI nº
modestas. Mas apesar de tudo, no setor de portos a expectativa é po- 816662983)
sitiva. A sensação entre os empresários é de que o ambiente é o mais Janeiro de 2017 - Ano 58 - Edição 672
favorável possível a mudanças no marco legal (veja as reportagens Redação: Rua Leandro Martins, 10 - 6º
andar - Centro - CEP 20080-070 - Rio de
às páginas 20 e 28), com promessas de gordos investimentos. Já na Janeiro - RJ
cadeia de fornecedores da indústria naval, o ânimo é de desconfiança. Telefax: (21) 2283-1407

O futuro do conteúdo nacional com a abertura do mercado de óleo Impressão


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e gás às petroleiras estrangeiras já não são favas contadas. Cabe ao Periodicidade mensal
segmento de navipeças fazer como o de portos e investir no diálogo As matérias jornalísticas e artigos
com o governo para debater ideias e propor soluções. assinados em Portos e Navios somente
poderão ser reproduzidos, parcial ou
integralmente, mediante autorização
da Diretoria. Os artigos assinados não
refletem necessariamente a opinião de
Portos e Navios
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4 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017


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RELATÓRIO PN

co, as mercadorias falsifica- controles da cadeia de


das no comércio internacio- suprimentos e outras veri-
nal movimentaram US$ 461 ficações de due diligence
bilhões em 2013, das quais para encerrar a coopera-
quase 10% transportadas ção comercial com suspei-
por meio de navios. tos de operar no comércio
A Maersk Line e a CMA de falsificados.
CGM Group, duas das
maiores empresas de
transporte globais com Eleição
cerca de metade de toda a O Sindicato das Empresas
navegação global, e Kuehne de Navegação Fluvial e
e Nagel e Expeditors, duas Lacustre e das Agências
das principais empresas de de Navegação no Estado
agenciamento de carga e do Pará (Sindarpa) elegem

‘Baru Taurus’ Pirataria logística — empresas com


receitas totais de mais de
sua nova diretoria para o
triênio 2017/2019. Armador
A Baru Offshore Brasil incor- Líderes de empresas de US$ 27 bilhões — foram as Eduardo Lobato Carvalho
porou à sua frota o Fast Sup- transporte globais, tran- primeiras em suas indús- é o novo presidente. O
ply Vessel (FSV) Baru Taurus sitários, proprietários de trias a assinar a declaração. dirigente é também vice-
(foto), destinado a trans- marcas cujos produtos são “Estamos orgulhosos de -presidente da Federação
portes rápidos de cargas falsificados e organizações estar entre os primeiros na Nacional das Empresas de
líquidas e secas para atender da indústria que represen- nossa indústria para assi- Navegação Aquaviária (Fe-
a plataformas, construído tam ambas as indústrias as- nar esta declaração históri- navega). A nova diretoria
no Estaleiro ETP. O batismo sinaram em Bruxelas uma ca”, disse Michael Hansen, tem ainda como membros:
foi realizado no dia 8 de Declaração de Intenção chefe de Conformidade vice-presidentes — Assis
dezembro, juntamente com para adotar medidas que Aduaneira e Comercial da de Souza Neto, José Rebelo
a apresentação do novo di- impeçam o transporte ma- Maersk Line. III, Breno Rodrigues Dias,
retor geral da Baru Offshore rítimo de produtos ‘piratas’. A declaração não vincula- Karlo Patrick Bannach, Da-
Brasil, Juan Carlos Pedroza. É a primeira vez que trans- tiva reconhece o “impacto rio Gonçalves Pantoja Neto,
O supridor de carga rápida, portadores e fabricantes destrutivo” de falsifica- Wellington Tiago Custódio
que tem como madrinha globais se comprometem ções no comércio interna- Pinto e Daniel Henrique
Olga Mery Rodriguez Graja- a trabalhar em conjunto cional e exorta a indústria Macedo Pereira; Conselho
les, é a décima primeira de para impedir o transporte dos transportes marítimos Fiscal — Gian Franco dos
uma série de 12 do tipo FSV de mercadorias falsifica- para enfrentá-lo “através Santos Barbosa, Cláudio
com especificações UT-4000 das. Mais transportadores, de medidas pró-ativas Portugal Vieira da Costa
a serem operadas pela Baru donos de marcas e as suas contínuas e princípios de e Pedro Paulo Gouveia
Offshore Brasil em contrato associações industriais são responsabilidade social Moraes. Delegados junto à
com a Petrobras. esperados para participar corporativa.” A declara- Federação — José Rebe-
Todos os cascos dessas em- da iniciativa. ção inclui uma política de lo III e Eduardo Lobato
barcações foram projetados De acordo com o Escritório tolerância zero, rigorosos Carvalho.
pela Incat Crowther, com das Nações Unidas sobre
recursos do Fundo da Ma- Drogas e Crime, cerca de
rinha Mercante, e o agente
financeiro foi BNDES. A
90% do comércio inter-
nacional são realizados 500º
embarcação tem 350 tone- por meio de 500 milhões O porta-contêiner de
ladas de porte bruto e ve- de contêineres em 89 mil Taiwan Yang Ming, de
locidade de cruzeiro de até navios. Menos de 2% dos 8,2 mil TEUs, tornou-se
21 nós, comprimento total contêineres são inspeccio- o navio neo-panamax de
de 48 metros, boca mol- nados, o que resulta em número 500 a transitar
dada de 9,5 metros, pontal enorme oportunidade para no expandido Canal do
moldado de 4,25 metros, os falsificadores utilizarem Panamá, cujas operações
calado máximo de 3,2 me- a cadeia de abastecimen- foram iniciadas há seis meses. O Yang Ming tem 335,7 me-
tros, propulsão - 4Xhélices to. De acordo com um tros de comprimento e 42,8 metros de largura.
de passo fixo, motorização recente relatório da Organi- No total, desde a inauguração da expansão, 610 navios de
Cummins - 4XQSK50 TII – zação para a Cooperação e diferentes tamanhos passaram pelo canal, de acordo com a
1.800 BHP. Desenvolvimento Econômi- Autoridade do Canal do Panamá (ACP).
6 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
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INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE

À espera de
um impulso
Mercado de sistemas de propulsão
segue competitivo e com grande
concorrência de preços

Danilo Oliveira

F
ornecedores de sistemas de
propulsão sentiram com mais
força o agravamento da cri-
Incerteza sobre
se econômica e a retração conteúdo local torna
da economia no ano passado. Para
algumas empresas 2016 se manteve
2017 uma incógnita
aquecido devido a contratos já fecha- para o segmento de
dos em anos anteriores. As principais
oportunidades continuam em embar-
propulsão marítima
cações para navegação interior e apoio
portuário. Ainda sem muitas expecta-
tivas por demandas no apoio offshore,
o mercado foca em embarcações de
menor porte, principalmente para re-
gião Norte. O momento é de mercados
competitivos e grande concorrência
de preços e as vendas para América do
Sul são isoladas e mesmo assim tam-
bém muito disputadas.
Com mercado mais acirrado, os barcos para serviços de praticagem. A
clientes buscam eficiência operacio- demanda por embarcações de apoio
nal e espaço para fornecimento de marítimo, porém, caiu muito devido
hélices mais adequadas e com maior ao excesso de barcos e à diminuição
performance. As empresas acreditam dos contratos da Petrobras com sup-
que o mercado não deve recuperar as plies. O diretor da Navalsul, Francisco
vendas para o segmento offshore em Strauhs Neto, conta que estão no radar
2017 porque ainda existe um exceden- alguns projetos de novos rebocadores
te de embarcações disponíveis. No se- e empurradores fluviais na região Nor-
tor fluvial, a expectativa é que haverá te e na América do Sul.
acomodação do grande boom de cons- Os produtos mais vendidos pela
truções recente de empurradores para Navalsul em 2016 foram hélices em
o sistema Arco Norte, semelhante ao bronze e aço inoxidável, hélices para
que ocorreu na hidrovia do Paraguai, empurradores fluviais, rebocadores,
onde hoje existe ociosidade de embar- barcos de pesquisa, transporte de pas-
cações e barcaças. sageiros e apoio offshore. Os destaques
Além de projetos que já estavam foram região Norte, a hidrovia Tietê-
fechados, a Navalsul destaca os mer- -Paraná e as exportações. A empresa
cados de navegação fluvial, pesca e forneceu para Paraguai e Chile e con-
8 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
seguiu alguns trabalhos na Argentina. O mercado de embarcações pes-
“O mercado para hélices e sistemas queiras, que projetou a Scana ao longo
propulsores em 2016 apresentou que- de sua história, proporcionou um ano
da perante 2015, se estabilizando no diferenciado para a empresa. “Apesar
último trimestre 2016. Todos os mer- da crise sem precedentes que enfren-
cados estão muito competitivos e com tamos, a Scana Propulsion teve um
forte concorrência em preços”, relata. bom ano e até tivemos dificuldades em
Recentemente, a Navalsul fechou encaixar alguns pedidos em função do
contratos importantes para forneci- prazo de entrega. O mercado global de
mento de equipamentos para novos embarcações pesqueiras nos propor-
empurradores fluviais na região Nor- cionou esta situação diferenciada”, afir-
te, destinados ao transporte de grãos ma Olsen.
e combustíveis, bem como projetos Os principais clientes para a Sca-
de repotenciamento de empurrado- na no mercado de propulsão no Brasil
res fluviais na hidrovia do Paraguai. A são DOF e CBO, seguidos por Farstad,
empresa tem em seu portfólio projetos DeepSea, Oceanpact e Siem Offshore.
de armadores, estaleiros e tradings na Os equipamentos mais vendidos pela
América do Sul. fabricante em 2016 foram caixas de re-
A Navalsul acredita que a navega- dução para os AHTS da CBO e, em nível
ção interior ainda deve apresentar de- global, os sistemas completos de pro-
manda razoável, porém com tendên- pulsão para navios pesqueiros.
cia de estabilização. Na avaliação da O gerente de vendas da Schottel do
empresa, o mercado de rebocadores Brasil Propulsões Marítimas, David
deve continuar importante devido à Souza, lembra que o ano de 2016 foi
construção de novos players do mer- muito conturbado na economia brasi-
cado, que vive tendência de consolida- leira, principalmente para o mercado
ção em poucas e grandes operadoras e de barcos de apoio. A empresa acredita
estratégia de demanda de longo prazo. que a indústria offshore terá um retor-
“Verificamos que os operadores me- no, mas considera improvável que isso
nores estão com muitas dificuldades aconteça em 2017.
em competir”, observa Neto. A Schottel aposta na diversidade de
A Scana considera que possíveis sua carteira de propulsores para aten-
mudanças positivas no mercado vi- der a diferentes segmentos marítimos,
rão somente em 2018. Já no final de entre os quais os mercados de hidrovias
2015, a avaliação da empresa era que e de rebocadores. Em 2016, a Schottel
2016 e 2017 seriam anos muito difí- fechou contratos para fornecimento de
ceis. O presidente da Scana do Brasil, propulsores para nova frota de reboca-
Johnar Olsen, revela que a estratégia dores da Aliança e para o fornecimento
conservadora da empresa proporcio- de propulsores azimutais para a nova
nou certa estabilidade na crise. Ele diz frota de empurradores da Louis Dreyfus
que houve exemplos fortes de inves- e Cargill, que vai operar no Arco Norte.
timentos pesados no Brasil e que não Souza destaca que a unidade bra-
tiveram retorno, principalmente com sileira tem tido um papel importante
a mudança da questão do conteúdo dentro do grupo Schottel, pois assumiu
local. o controle e a coordenação da América
Olsen ressalta que a presença da do Sul tanto para sua filial na Colôm-
Scana no Brasil é de longo prazo e bia, como para os representantes em
que crises longas ou curtas passarão Argentina, Peru, Paraguai e outros pa-
porque a produtividade dos poços do íses da região. “Já exportamos nossos
pré-sal vai exigir a manutenção do serviços para América Latina, assim
título de maior mercado de embar- como a coordenação de novos proje-
cações offshore do mundo. “O ano de tos para esse mercado”, conta.
2017 será ainda mais difícil que 2016 e A Rolls-Royce avalia que não exis-
acredito que a reação esperada para o te nenhum mercado aquecido, mas
preço do petróleo não acontecerá em observa oportunidades pontuais nos
2017. Se eu estiver errado, não vou re- segmentos de rebocadores portuários
clamar não...”, comenta. e empurradores fluviais. A empresa
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 9
INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE

aguarda pequenas possibilidades re-


lacionadas a upgrades de embarca- As principais oportunidades estão
ções offshore. Entre os equipamentos
mais vendidos pela Rolls-Royce em concentradas em embarcações para
2016 estão: sistemas de propulsores, navegação interior e apoio portuário
guindastes para instalações submari-
nas com tecnologia de cabos de fibra e
túnel thrusters impulsionados por ele-
tromagnetismo, além de motores para
propulsão convencional e grupos ge-
radores para propulsão diesel-elétrica.
Os principais clientes da Rolls- A Strauhs destaca que a diversifi- mais e incessantemente, sem saber
-Royce são armadores de embarca- cação da linha de produtos ajudou a quando e se haverá a colheita”, analisa.
ções de apoio marítimo, rebocadores manter 40% da capacidade de produ- Hosang lamenta que a dispensa de
portuários, empurradores fluviais, ção e a evitar a dispensa de funcioná- conteúdo local nas rodadas de 2017
embarcações de pesca, empresas de rios. O gerente comercial da empresa, da Agência Nacional do Petróleo, Gás
exploração e produção de petróleo e Werner Hosang, avalia que 2015 e 2016 Natural e Biocombustíveis (ANP) es-
um número significativo de Marinhas. foram anos difíceis e espera que até teja prejudicando as parcerias que a
A empresa está otimista em relação o final de 2017 a economia se aqueça Strauhs consolidou ao longo de 2016
ao segmento de propulsão em 2017 para que a indústria gradualmente re- para produzir equipamentos para mo-
e identifica demandas em países da tome as atividades produtivas em ní- vimentação de carga de grande porte
América do Sul, Europa, Ásia, Oceania vel de confiança. “Estamos em tempo em território nacional. “A incerteza
e Estados Unidos. Na parte de servi- de cautelosa expectativa. Mais do que sobre o futuro e eficácia do conteúdo
ços, a percepção é que o mercado bra- qualquer momento da existência de local e a falta de iniciativas do governo
sileiro segue estável. nossa empresa, estamos semeando com medidas firmes para a retomada
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10 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 2 x SRP 260 - former 550
dos investimentos faz com que ainda e sistemas de embreagem marítimos
não se vislumbre um cenário favorável para plataformas de petróleo. “Esta-
para 2017 no segmento naval e de pe- mos iniciando atividade internamente,
tróleo”, conclui. mas de fato é um incremento”, adianta
O gerente de vendas da ZF, Carlos Lima.
Lima, confirma a desaceleração no A ZF tem em carteira encomenda
mercado marítimo, seguindo a ten- de sistemas azimutais para rebocado-
dência da economia de forma geral. res portuários de aproximadamente
Ele destaca que a construção de em- 60 toneladas de Bollard Pull. Parte do
barcações novas no Brasil em 2016 conteúdo foi entregue em 2016 e ou-
foi bem pontual, basicamente com o tra parte está prevista para ser entre-
que já estava no pipeline de projetos. gue em 2017. Lima não pode revelar o
Segundo Lima, a maior demanda foi cliente, mas diz que devem ser entre-
por repotenciamento, modernizações gues sistemas para quatro embarca-
e manutenção de embarcações exis- ções. Na parte de manutenção, houve
tentes. “Mesmo nesse cenário menos procura maior por serviços para siste-
favorável, tivemos casos de projetos mas azimutais.
importantes. Destaco segmentos de O diretor da Thortech, José Fabio
rebocadores portuários, empurrado- Camocardi, observa que o mercado de
res fluviais e ferry boats”, diz. WERNER HOSANG grãos também está relativamente em
Lima acrescenta a expectativa da Diversificação da linha ajudou baixa por causa da queda nos preços
indústria em geral de que projetos a manter 40% da capacidade de das commodities. Ele diz que, apesar
para movimentação de grãos na região produção dos investimentos das tradings na re-
Norte saiam do papel. Ele observa que gião Norte, existem muitas balsas e
o Arco Norte ainda tem um grande po- empurradores parados nos Estados
tencial de crescimento e espera que Unidos porque os produtores prefe-
investimentos estrangeiros também rem estocar a vender e transportar. O
se consolidem na região. Ele aponta mesmo acontece no Brasil, onde ele
necessidade de investimentos em in- nota muitos clientes com embarca-
fraestrutura, não apenas para projetos ções paradas. Ele acredita que os pre-
de novas embarcações, mas para cons- ços mais cedo ou mais tarde voltarão
trução de novos terminais para escoar a subir, reaquecendo a construção de
a produção. Segundo Lima, a ZF está embarcações fluviais. A demanda por
bastante consolidada na região Norte manutenção deve crescer enquanto
e bem distribuída para atender a re- esse ciclo não vem.
gião com serviços e mão de obra espe- A Thortech representa a NamJet,
cializada. que tem sistemas de propulsão por hi-
Ele diz que demandas nos países drojatos. O produto é focado no mer-
da América Latina não são tão altas cado de workboats que precisam de
como observado no Brasil nos últimos mais força e trabalham com condições
anos, porém existem projetos bem in- adversas na qualidade da água. Camo-
teressantes em países como Equador, cardi destaca que os hidrojatos apre-
Colômbia, Venezuela e Panamá. “Nos- sentam ótima manobrabilidade e são
sa expectativa é positiva. Existe uma eficazes em economia de combustível
realidade muito dura pela frente. Es- em velocidades altas, principalmente
peramos um ano ainda com bastante entre 28 e 35 nós. Por isso a empresa
dificuldade e, em razão disso, estamos aposta em embarcações de transporte
diversificando e buscando outros mer- JOHNAR OLSEN de passageiros.
cados na América Latina”, revela. Estratégia conservadora da A representante tem clientes impor-
Ele destaca a produção de rever- empresa proporcionou certa tantes na área de apoio offshore, que
sores marítimos na planta da ZF em estabilidade na crise no momento está com demanda limi-
Sorocaba (SP), onde o carro-chefe é o tada. A solução é utilizada principal-
modelo ZF W1800. Além dos reverso- mente em embarcações de resgate e
res marítimos, a fabricante tem siste- contenção de óleo. A empresa vê opor-
mas azimutais e brevemente terá dis- tunidades de negócios para a área mi-
ponível no mercado equipamentos que litar por meio de projetos para a região
dedicam transmissões de grande porte Amazônica para barcos de patrulha,
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 11
INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE

pesquisa e administração de fronteiras


necessários para evitar contrabando e
pirataria nas hidrovias. A Namjet tem
experiência com embarcações milita-
res em alguns países, como na Austrá-
lia e nos Estados Unidos, onde moder-
nizou a frota de embarcações anfíbias.
A vantagem dos hidrojatos para a
região Amazônica, segundo Camocar-
di, é que esse tipo de aplicação não tem
o sistema de hélice convencional com
hélices embaixo do barco. Ele lembra
que rios como o Madeira têm muitos
obstáculos como bancos de areia e
troncos de madeira que danificam os
hélices. “Para pequenos empurradores A América do Sul te que serve para mar aberto e opera-
ções costeiras. O EcoPeller promete
e embarcações de transporte de passa-
geiros não ter hélices e leme embaixo oferece negócios eficiência acima do esperado, man-
do casco é a condição ideal”, afirma.
A Rolls-Royce destaca a utilização
isolados e ainda tendo a estabilidade geral do navio,
o que gera um menor consumo de
da tecnologia de eletromagnetismo. assim é um mercado combustível, com baixos custos ope-
“Nossos hidrojatos sempre alcança- racionais e baixas emissões. “A bor-
ram bons resultados junto aos nossos muito disputado do, o EcoPeller oferece um excelente
clientes. E na divisão Rolls-Royce Po- conforto graças à vibração extrema-
wer Systems há projetos de motores a mente baixa e baixos níveis de ruí-
gás para propulsão marítima que es- do”, explica Souza. O EcoPeller está
tão em testes para atender a um futuro disponível desde meados de 2016
com emissões mais restritas”, destaca em dimensões para potências entre
a empresa. 1.000 a 5.000 kW e tem como varian-
Lima, da ZF, conta que o mercado tes passo fixo e passo variável.
discute sobre modernizar os empur- A Schottel atende grandes opera-
radores fluviais na região Norte com dores no segmento hidroviário e pre-
sistemas convencionais de propulsão. tende continuar crescendo de posição
Segundo ele, também já existem apli- dentro desse mercado. Para tanto, a fa-
cações em nível mundial que utilizam bricante adapta seus propulsores para
sistemas azimutais para empurrado- as realidades geográficas e as necessi-
res fluviais. “Por que não modernizar dades do cliente. O propulsor é custo-
empurradores da região Norte com mizado especificamente para projetos
esses sistemas e agregar produtivida- hidroviários, ficando num formato
de?”, pergunta. Ele ressalta que ainda mais compacto e resistente, o suficien-
existem questões importantes para se- te para não ter problemas com o fundo
rem solucionadas, como o preparo da ou com os detritos do rio.
mão de obra local e a sinalização nas Os principais clientes da Schottel
hidrovias. atualmente são operadores de reboca-
Souza, da Schottel, observa que os dores e embarcações para navegação
armadores estão enfrentando grandes interior. Na avaliação da empresa, o
desafios para atender às novas regras mercado de rebocadores está indo
internacionais ambientais, de segu- bem e permanece estável, com um
rança e emissão de CO2. Ao mesmo desenvolvimento positivo e com a
tempo ele percebe aspectos técnicos, entrada de grandes operadores no
como uma alta eficiência capaz de Brasil. O propulsor azimutal SRP é
manter a estabilidade e posição pre- o equipamento com a maior parcela
cisa no modo DP (posicionamento das vendas. Outro destaque da fabri-
dinâmico), influenciando significati- DAVID SOUZA cante é um sistema propulsivo com
vamente o futuro da indústria naval. Indústria offshore terá retorno, linha de eixo passo controlável, que
Para atender a essas exigências, a mas é improvável que isso teve venda expressiva em 2016, princi-
Schottel lançou um propulsor eficien- aconteça em 2017 palmente no mercado europeu.
12 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
A demanda por rebocadores é soli- no Norte. A região é potencial muito bastante positivos”, destaca Neto.
da e cíclica na medida em que as em- grande para propulsão por hidrojato. A Scana teve uma redução drástica
presas deste setor estão fortalecendo Porém, ao mesmo tempo em que tive- na área de serviços e nas solicitações
sua posição e renovando sua frota para mos alta do dólar, tivemos queda mui- de técnicos em 2016. A empresa en-
melhorar o atendimento ao cliente fi- to forte na região, principalmente em tende que seus clientes precisam se
nal e construindo rebocadores com Manaus”, conta. adequar às novas condições de merca-
maior quantidade de empuxo. “Vemos A Thortech também distribui no do e que a médio prazo alguns serviços
que este é um fator importante e é cada Brasil sistemas de mancais autolubri- serão inevitáveis e talvez até aconteça
vez mais comum a necessidade de re- ficados à água para propulsão conven- um pico de solicitações mesmo na cri-
bocadores capazes de atender a um cional da americana Tordon Berings, se. “Acho natural que, durante a crise,
bollard pull alto. Além disso, este mer- cujos produtos ajudaram a empresa soluções criativas sejam implementa-
cado está cada vez mais competitivo brasileira a praticamente manter os das e que podem adiar ou resolver a
com entrada de empresas renomadas resultados de 2015. Camocardi destaca curto prazo”, projeta Olsen.
no mercado brasileiro, aumentando a que a Thortech vem conseguindo no- A empresa tem um sistema de pro-
demanda por novas embarcações”, ob- vos clientes todos os anos. A empresa pulsão principal que utiliza motores
serva Souza, da Schottel. espera um começo de 2017 ainda bas- elétricos conhecidos como permanet
A Schottel do Brasil tem investido tante difícil, mas acredita que o Brasil magnetic, que apura redução signifi-
nos últimos anos em tecnologia da está mais próximo de começar a inver- cativa no consumo de combustível. A
inteligência técnica, melhorias estru- ter o cenário atual. primeira unidade está operando para a
turais e em treinamentos na Schottel Statoil no Mar do Norte. A Scana acre-
Academy, na Alemanha. A empresa Os serviços de manutenção e as- dita que este possa ser um grande dife-
também aposta na aquisição de ferra- sistência técnica ficam em evidência rencial da empresa nos próximos anos.
mental de tecnologia avançada, aliada nos momentos de crise. A otimização
com padrões de atendimento 24 horas dos sistemas propulsores por meio de
por dia nos 365 dias por ano e novos acompanhamento e testes de medição
produtos na área de serviço como de potência e performance auxiliam
manutenção preditiva, preventiva, a diminuir o consumo e otimizar os
bollard pull, medição torsional alinha- custos. A Navalsul aposta em trabalhar
da com as manutenções corretivas. próximo ao cliente visando a adequa-
Camocardi conta que 2016 foi ano ção e melhorias nos sistemas propul-
difícil para os produtos da Namjet no sores. “Trabalhamos em parceria com
Brasil porque a maioria das cotações um fabricante de reversores para uma
era para 2017 ou depois. A Thorte- melhor especificação de encomenda e
ch teve projetos de um empurrador e adequação dos projetos de repotencia-
outro para transporte de passageiros mento em andamento, com resultados
que estavam em fase de fechamento
de contrato que precisaram ser poster-
gados devido à alta do dólar e à baixa Eficiência operacional e performance
do mercado. “Foi um ano muito ruim são prioridades num mercado
para novos projetos, principalmente acirrado

PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 13


INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE

Avaliação é que hoje há um excedente


de embarcações disponíveis

Camocardi, da Thortech, observa a solução protege o eixo da embarca-


que os clientes tentaram reduzir ao ção e impede que as linhas danifiquem
máximo a manutenção à espera de o selo do propulsor. “Dependendo do
contratos de operação. Com isso, al- nível de contaminação, o dono da em-
guns deles estão com mais de metade barcação pode ter US$ 50 mil de preju-
da frota parada. Outra tendência são ízo, além de precisar docar”, diz.
novas empresas chegando de forma A Strauhs acompanha a expansão
agressiva e aumentando a concorrên- e a evolução do segmento da navega-
cia. Na América do Sul, ele diz que a ção fluvial e também a implantação de
Thortech está atenta a oportunidades novos portos e terminais portuários.
em países com potencial de cresci- A pouca demanda de encomendas
mento como Paraguai. na linha de produção de hélices e ei-
Camocardi destaca a facilidade de xos propulsores e lemes utilizados nos
manutenção dos hidrojatos. Ele diz sistemas de propulsão e de governo
que os produtos Namjet foram desen- convencionais fez com que a Strauhs
volvidos de forma robusta e simples desenvolvesse um sistema azimutal
em termos de montagem, o que per- de borda totalmente hidráulico, acio-
mite aplicação de uso comercial em nado por motor diesel, cujo protótipo A Macnor Marine Consult fechou
condições adversas. Ele explica que é encontra-se em fase de testes internos recentemente o fornecimento dos
a economia de combustível nesse tipo na fábrica. A haste vertical previne thrusters para dois AHTS 18.000, de
de sistema é muito relativa porque de- choques mecânicos e facilita sua ma- uma série de seis navios com proje-
pende da característica de operação, nutenção. O conjunto motor, azimutal to da Havyard para o grupo CBO. A
mas pode variar de 3% a 15%. e rabeta é portátil e pode ser montado representante já havia fechado o for-
Recentemente, a Thortech fechou e instalado em qualquer parte do con- necimento dos propulsores para as
parceria com a americana Spurs, es- vés de balsas ou flutuantes, apropria- quatro primeiras unidades. A Macnor
pecializada em sistemas de corte de li- das para a navegação fluvial, em áreas trabalha com Brunvoll (thrusters), Fin-
nhas de pesca. Camocardi explica que abrigadas ou costeiras. noy (linha de eixo e caixa), Steerprop
(propulsão principal), e Van der Vel-
den (lemes e steering gears). Destes, a
Brunvoll foi a que teve mais sucesso
em 2016. Além da CBO, a Macnor tem
entre seus principais clientes a Edison
Chouest e a Wilson Sons.
O gerente de vendas e desenvolvi-
mento de novos negócios da Macnor
Marine, Pedro Guimarães, avalia que
os rebocadores portuários e empurra-
dores fluviais se mantenham relativa-
mente aquecidos comparados ao mer-
cado offshore, no que se diz respeito a
vendas em novos projetos. Na parte de
serviços, ambos os mercados se man-
têm aquecidos, pois os sistemas de

Expectativa é de que mudanças


positivas no mercado acontecerão
somente em 2018
14 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
Ele explica que a SKF tem alguns
produtos para navegação fluvial, mas
com poucas oportunidades porque a
falta de exigências dificulta competir
com produtos mais baratos. Monteiro
diz que é diferente das embarcações
offshore, que trabalham em cima de
padrões de sociedades classificadoras.
O mercado offshore representa 90%
dos negócios da Fuji Metalock.
Monteiro ressalta que a empresa
tem uma linha grande de representa-
das no Brasil que não concorre direta-
mente com SKF. Essa variedade ajuda
a manter e equilibrar o faturamento
PEDRO GUIMARÃES da empresa. Ele observa oportunida-
Rebocadores e des na área de produção e exploração.
empurradores se mantêm Ele destaca que o parque de FPSOs no
relativamente aquecidos Brasil é grande e acredita que as licita-
ções dos FPSOs de Libra e Sépia trarão
muitas oportunidades. A Fuji também
representa uma empresa norueguesa
que fornece sistemas de tratamento
de água de lastro, mas essa solução,
apesar de ser uma preocupação, ainda
propulsão são, além de cruciais, mui- não só do serviço, mas a garantia de deve demorar um pouco para ser uma
to sofisticados. Guimarães vê como di- qualidade nos procedimentos de ser- exigência.
ferenciais os técnicos e engenheiros da viço, por um valor competitivo”, des- A Navalsul firmou parceria com
Macnor treinados e certificados na Eu- taca. Ele explica que, na maioria das uma empresa suíça líder em forneci-
ropa pelos fornecedores para performar vezes, sai mais em conta que oficinas mento de ligas de cobre de alta com-
serviços como comissionamento, ca- de propulsão existentes no mercado plexidade, com fabricação de peças
libração, inspeção e reparos em geral. que não tenham nenhuma ligação em bronze — para setores automotivo,
A Macnor está confiante no esco- com a fábrica. industrial e de manutenção — visando
po de empresas e produtos por ela manter a capacidade produtiva nesse
representados, a maioria desde 2012. O gerente técnico de vendas da Fuji momento de baixa demanda do setor
A representante está atenta a novos Metalock Brasil, Murilo Monteiro, afir- naval e offshore. A Navalsul também
produtos, regulamentações e oportu- ma que existem oportunidades gran- acerta parceria com uma empresa nor-
nidades. “Nossa expectativa é positiva, des para o mercado de manutenção. A te-americana para oferecer sistemas
não só para o segmento, mas como empresa, que trabalha como agente da de monitoramento e controle por sa-
um todo. O preço do barril vem man- alemã SKF Marine trabalha com aces- télite de consumo e operação das má-
tendo uma crescente interessante, e sórios em sistemas de eixo, como selos quinas e das embarcações. A solução
vemos com bons olhos a abertura de e peças sobressalentes para eixos e se- promete evitar desvios de combustível
mercado para os campos do pré-sal, paradores de água e óleo. Monteiro diz e obter melhor controle operacional.
recentemente sancionada pelo gover- que o ano foi bem semelhante a 2015. Souza diz que, por crescer siste-
no. Isso atrairá novos investidores de A SKF destaca serviços de manu- maticamente ano a ano, o desafio da
peso para o mercado e para o Brasil”, tenção e reparo para barcos de apoio Schottel é diário. “Para 2017, mesmo
projeta Guimarães. offshore que regularmente fazem do- em meio às incertezas do mercado,
Guimarães destaca a capacidade cagens. “Pela quantidade de navios, esperamos uma elevação na parte de
crescente para performar serviços, sempre tem um bom número de em- prestação de serviços, assim como
principalmente para a Brunvoll, em barcações docadas. Fornecemos os temos vivenciado nos últimos anos”,
todos os níveis de serviços desde co- selos para troca durante a docagem”, projeta. Ele diz que a fabricante está se
missionamento/startup do produto diz. Ele acrescenta que praticamente reinventando e se adaptando às situa-
até a calibração e overhaul (inspeção) não houve novas construções de em- ções dos clientes, buscando manter a
completo. “Como somos represen- barcações em 2016 e que grande parte qualidade dos serviços. Para tanto, a
tantes exclusivos, isso nos permite ter dos armadores, em conjunto com os estratégia de negócios será mantida,
mais controle dos preços dos sobres- estaleiros, traz pacotes completos de atenta ao pós-vendas para atender
salentes, fora a garantia de fábrica, fornecedores de fora do Brasil. com rapidez e qualidade. n
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 15
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Amarras
garantidas
IPT coloca em operação sistema
de ensaios de elementos de
ancoragem para petróleo e gás

O
Instituto de Pesquisas Tec- trobrás, lembrou o relacionamento nológico será fundamental para supe-
nológicas (IPT) inaugurou de longa data da empresa com o IPT, rar este desafio e, consequentemente,
em dezembro um sistema o qual se intensificou na década de manter o segmento de petróleo e gás
de ensaios de elementos 2000 — hoje, o Instituto é um dos três com a dimensão de sua importância”,
de ancoragem de equipamentos usa- principais parceiros da Petrobras no afirmou ele.
dos na produção de petróleo e gás em estado de São Paulo. “Novas oportu- O sistema tem características únicas
unidades flutuantes, a exemplo de na- nidades de exploração precisarão ser no hemisfério sul. Existem dois outros
vios e plataformas offshore. O sistema viabilizadas. O desenvolvimento tec- sistemas no mundo com característi-
será utilizado no desenvolvimento de cas similares, localizados em Houston
amarras de alta capacidade de carga, (EUA) e Bergen (Noruega).
de materiais metálicos e poliméricos. “A exploração em águas profundas
Umbilicais e risers para a exploração exige que os elementos de ancora-
em águas profundas, além de cabos de O laboratório tem capacidade para gem tenham tanto resistência estática
aço e cintas de manuseio e levanta- até 2,6 mil toneladas força de carga quanto dinâmica. A inauguração do
mento de grandes cargas, poderão ser estática, o maior do gênero no Brasil sistema, que oferece uma nova tecno-
também desenvolvidos e qualificados
com testes no sistema.
O sistema do Laboratório de Equi-
pamentos Mecânicos e Estruturas do
IPT tem capacidade para até 2,6 mil
tf (tonelada força) de carga estática, o
maior do gênero no Brasil — para se
ter uma uma força como essa, seria
preciso empilhar 2,6 mil carros popu-
lares — e 1,3 mil tf de carga dinâmica.
Do total de R$ 15,7 milhões para a
concepção, o desenvolvimento e a ins-
talação do sistema, a Petrobras parti-
cipou com R$ 10,7 milhões para o pro-
jeto e a compra de equipamentos e o
governo do estado de São Paulo, com
R$ 5 milhões para a concepção e o ge-
renciamento da implantação do siste-
ma, além da construção do prédio no
campus do Instituto.
Arthur Saad, gerente da área de
Tecnologia Oceânica do Cenpes Pe-
16 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
‘Ostreiro’

Novo PSV da Wilson


Sons Ultratug
Mais uma embarcação da Wilson
Sons Ultratug Offshore — joint ven-
ture entre o Grupo Wilson Sons e o
Grupo Ultramar — foi incorporada O PSV ‘Ostreiro’ foi construído na
à frota. O Ostreiro foi construído na China e está disponível
China, pelo POET, e é o último PSV en-
comendado pela companhia fora do metros quadrados de convés e conta
país. “Já estamos em busca de opor- com sistema de posicionamento dinâ-
tunidades para a embarcação. Esse é mico DP2, equipamento de combate
um momento de estudos internos e a incêndio — certificado com classifi-
de análises, pois queremos entender cação Firefighting 1 (FiFi 1) —, moto-
como o mercado vai se comportar da- res propulsores e azimutais Niigata e
qui para a frente. No curto prazo, nosso thrusters de proa Kawasaki.
logia aos mercados do Brasil e de todo objetivo é manter todos os ativos em- Essa é a 23ª embarcação da Wilson
o mundo, é mais um passo na direção pregados”, afirma o diretor executivo Sons Ultratug Offshore, que mantém
de auxiliar essas operações”, afirmou da Wilson Sons Ultratug Offshore, Gus- 20 PSVs em operação com a Petro-
o diretor-presidente do Instituto, Fer- tavo Machado. bras e outros dois PSVs disponíveis
nando Landgraf. “Definimos em nosso O Ostreiro detém um importante para novos projetos no Brasil. Em
planejamento estratégico a meta de diferencial, já que é um PSV classe Oil novembro, a companhia recebeu ou-
chegar, no ano de 2018, a 40% da re- Recovery 1 (apto a atuar no recolhi- tro PSV, o Pinguim. Construído pela
ceita do IPT associada à inovação. Isso mento de petróleo), o que contribui Wilson Sons Estaleiros no Guarujá
é um desafio porque a grande fonte de para a segurança ambiental das opera- (SP), a embarcação é o segundo PSV
receita está ligada a análises, ensaios ções de exploração e produção offsho- 5.000 da empresa e foi encomendada
e calibrações, e precisamos sempre re. A embarcação tem 3.570 toneladas a partir do resultado da sexta rodada
apresentar e vender novos serviços ao de porte bruto, 76 metros de compri- do Programa de Renovação da Frota
mercado, tal como hoje”, completa. mento, 17,6 metros de largura e 700 de Apoio Marítimo (Prorefam).
O prédio que abriga o sistema tem
três mil metros quadrados no total e
pé-direito de 12 metros. Está equipado FMM
também com duas pontes rolantes de O secretário de Desenvolvimento
16 toneladas, instaladas a 10 metros de Satco tem prioridade Econômico do estado de Pernam-
altura. A construção tem também uma buco e presidente de Suape, Thiago
casa de máquinas para abrigar o siste- para 8 Norões, esteve na sede da Satco, em
ma hidráulico completo, subestação Londres, há dois meses, para tratar
elétrica e sala de controle. O piso das O Fundo de Marinha Mercante do projeto. “A maioria dos estaleiros
áreas de operação foi revestido com concedeu prioridade de apoio finan- brasileiros não sobreviveu ao mo-
material de alta resistência. ceiro à South American Tanker Com- mento econômico pelo qual estamos
Marcelo Mafra, superintendente de pany Navegação S.A. (Satco) para a passando, enquanto os nossos sou-
Segurança Operacional e Meio Am- aquisição de oito embarcações do beram aprender com as dificuldades,
biente da ANP, enfatizou a importân- tipo navio-tanque. O Estaleiro Atlân- aumentando seus níveis de competiti-
cia da inauguração do sistema inédito tico Sul (EAS), em Suape (PE), tem vidade e reconquistando encomendas
no Brasil para testes e homologação memorando de intenções com o ar- que haviam sido perdidas, além de no-
de novas tecnologias dedicadas à ex- mador para a construção dos navios, vos clientes, inclusive de fora do Brasil.
ploração do pré-sal: “A inovação é ne- no valor total de mais de R$ 2,2 bi- O governo tem papel ativo no apoio a
cessária para que o País tenha um lhões. A Satco é uma EBN (Empresa esse setor”, diz ele.
portfólio de vanguarda e conquiste Brasileira de Navegação), com inves- Segundo ele, o EAS e o Vard Promar,
cadeias globais de fornecimento. A in- tidores internacionais, e tem ligação também localizado em Suape, têm car-
dústria do petróleo está passando por com a Eastern Pacific Shipping (EPS), teiras de encomendas que asseguram
um momento de crise mundial, mas com sede em Cingapura. suas operações pelos próximos anos.
isso é cíclico”. n
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 17
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‘Pioneiro’ E&P
Wärtsilä
FPSO é batizado Chevron corta
Gás natural de
em Cingapura gastos em 15%
pequena escala
A Odebrecht Óleo e Gás e a Teekay A Chevron terá programa de inves-
Offshore Partners batizaram no início timento exploratório cerca de 15% me- A Wärtsilä assinou um memo-
de dezembro, em Cingapura, o navio nor em 2017, em comparação a 2016. rando de entendimento com a
Pioneiro de Libra. A embarcação, uma O chairman e CEO da companhia, John multinacional francesa de energia
Unidade Flutuante de Produção Ar- Watson, esclarece que a despesa para Engie para desenvolver soluções e
mazenamento e Transferência (FPSO) 2017 tem metas de tempo de ciclo mais serviços no segmento de gás natu-
representa um investimento próximo curto, com foco em investimentos de ral liquefeito (GNL) de pequena es-
a US$ 1 bilhão e é resultado de uma alto retorno e finalização de grandes cala. A cooperação abrange quatro
joint venture entre as duas compa- projetos em execução: “Este é o quarto linhas de trabalho: GNL para na-
nhias. A plataforma poderá operar lâ- ano consecutivo de reduções de gas- vios, distribuição de GNL em ilhas
minas d’água de até 2,4 mil metros de tos. Vários projetos estão em fase de e áreas remotas, GNL para soluções
profundidade e terá capacidade para conclusão. Esta combinação de gastos de energia e GNL em pequena esca-
produzir diariamente 50 mil barris de mais baixos e crescimento das receitas la e bioliquefação. Tanto a Wärtsilä
petróleo e quatro milhões de metros de produção apoia o nosso objetivo quanto a Engie estão empenhadas
cúbicos de gás. global de equilibrar as finanças em em trabalhar para uma economia
com baixas emissões de carbono, e
a mudança de foco para as soluções
de gás natural é vista como um pas-
Contrato Sistema de Combate dos submari- so importante nessa direção.
nos do Prosub. “Após as atividades Por meio dessa parceria, as duas
Ezute e Amazul na França, com a nacionalização da empresas vão compartilhar seus
tecnologia, o treinamento terá conti- conhecimentos técnicos e experti-
apoiam Prosub nuidade no Brasil, com a montagem ses – as capacidades de Engenharia,
do laboratório de integração local e Aprovisionamento e Construção
A Fundação Ezute firmou contra- do primeiro submarino”, explica a (EPC) da Wärtsilä com a experiên-
to com a Amazul (Amazônia Azul diretora de Defesa da Fundação Ezu- cia da Engie na distribuição e na co-
Tecnologias de Defesa) em continui- te, Andrea Hemerly. mercialização de gás natural. Tam-
dade ao apoio no projeto preliminar Com esse novo contrato, a Fun- bém serão oferecidos serviços de
do Sistema de Combate do Subma- dação Ezute atuará aplicando o co- operação e manutenção. “A ENGIE
rino com Propulsão Nuclear Brasi- nhecimento adquirido na França, assumiu posições-chave no merca-
leiro (SN-BR), dentro do Programa para apoiar a finalização do projeto do de GNL de pequena escala, e este
de Desenvolvimento de Submarinos preliminar do submarino de propul- acordo com a Wärtsilä ajudará a de-
(Prosub). O contrato contempla, tam- são nuclear e realizará atividades de senvolver soluções inovadoras de
bém, o apoio às atividades técnicas suporte e consultoria para o início pequena escala, com tempo de im-
de preparação para a fase de detalha- do desenvolvimento do submarino. plementação mais rápido e maior
mento de tal projeto. Esse é o terceiro Essa nova etapa reforça o compro- competitividade”, afirma Jean-Marc
contrato firmado dentro do Programa misso da Fundação Ezute de ser a Leroy, diretor-geral da multinacio-
Prosub e terá duração de dois anos. organização brasileira parceira da nal francesa.
Durante o primeiro contrato, que Marinha em manutenção e evolução Para o vice-presidente de So-
se iniciou em 2011, a Fundação Ezu- dos Sistemas de Combate de Sub- luções de GNL da Wärtsilä, Ale-
te foi responsável pela absorção de marinos com Propulsão Nuclear, do xandre Eykerman, o acordo é um
tecnologia do Sistema de Comba- Prosub. “Somos uma organização de passo importante para aumen-
te dos submarinos convencionais. alta tecnologia, parceira do governo, tar a presença da companhia no
Uma equipe de engenheiros da Ezu- que busca desenvolver e acelerar so- mercado de terminais de GNL de
te foi para Toulon, na França, receber luções que beneficiem toda a socie- pequena a média escala. “Esta-
treinamento da DCNS (Directions de dade. Com a participação no Prosub, mos animados por trabalhar com
Construction Navales et Services). a Fundação Ezute reforça essa parce- a ENGIE e desenvolver soluções
Com a absorção dessa tecnologia, o ria em prol da soberania nacional”, de energia mais sustentáveis para
país será capaz de realizar a manu- conclui o presidente da Fundação nossos clientes e para a sociedade
tenção e até mesmo a evolução do Ezute, Eduardo Marson. como um todo”, destaca.

18 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017


Sem cortes dívida quintuplicou e os juros dobra-
ram, se nada for feito pagaremos 17
P&D não terão redução bilhões em juros”. 
O professor Luiz Landau, do Progra-
de verbas ma de Engenharia Civil, lembrou os
grandes investimentos de recursos pú-
“Nós não vamos reduzir projetos de blicos feitos em laboratórios que de-
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). A pendem da parceria com a Petrobras e
nossa redução de despesas não passa enfatizou que é preciso continuar lhes
por isso. Não tenho dúvida de que pas- “dando vida”. Parente buscou tranqui-
samos por um momento muito difícil, lizar Landau e outros colegas da Co-
mas o setor pode retomar o dinamis- ppe: “Estamos organizando iniciativas
mo, com os novos leilões que serão junto à diretoria da Coppe para usar-
realizados em 2017, novas parcerias e mos essa infraestrutura laboratorial O campo é operado pelo
desinvestimentos. Diria que estamos para atender aos objetivos da Petro- ‘Cidade de Caraguatatuba’
começando a trilhar o caminho da bras”. 
melhora”. A afirmação é do presiden- Docentes de diversas unidades da Campo de Lapa
te da Petrobras, Pedro Parente, em sua UFRJ fizeram perguntas a respeito de
primeira visita às instalações da Co- assuntos importantes para o setor e Petrobras inicia
ppe/UFRJ. para a economia do país, como a polí-
Em resposta às inquietações de tica de conteúdo nacional e a retirada produção
alguns docentes, cujos projetos de da Petrobras de setores tidos como es-
pesquisa dependem da parceria com tratégicos, tais quais o setor petroquí- A Petrobras e seus parceiros do
a Petrobras, Parente destacou que os mico e o de biocombustíveis. Parente consórcio BM-S-9 iniciaram a pro-
cortes de despesas não atingirão os esclareceu que a Petrobras está de fato dução de petróleo e gás natural do
investimentos em P&D. Além de di- se retirando da operação comercial campo de Lapa, no pré-sal da Bacia
retores, coordenadores de programas desses setores – para se concentrar na de Santos, por meio do FPSO Cida-
e professores da Coppe e de outras recuperação da rentabilidade da em- de de Caraguatatuba. Essa é a ter-
unidades da UFRJ, o encontro tam- presa e redução de seu endividamento ceira unidade a entrar em operação
bém contou com a participação de re- – mas não do desenvolvimento tecno- este ano no pré-sal e o 11º grande
presentantes de centros de pesquisas lógico dessas áreas.  sistema definitivo operando nessa
sediados no Parque Tecnológico da O diretor de Relações Institucionais camada. Lapa é o terceiro campo do
UFRJ.   e professor do Programa de Planeja- pré-sal da Bacia de Santos a entrar
No encontro, o presidente explicou mento Energético da Coppe, Luiz Pin- em produção.
que a redução de despesas (estimada guelli Rosa, mostrou-se preocupado Localizado a 270 quilômetros
em 18%), é uma tendência do setor com a desvinculação da Petrobras de da costa do estado de São Paulo,
de óleo e gás, que sofreu muito com setores estratégicos para o país como o em profundidade de água de 2.140
a entrada no mercado do shale oil, o de distribuição: “A Petrobras tem uma metros, o navio-plataforma tem
óleo de xisto, cujo modelo de negó- importância enorme para o país por ser capacidade para processar diaria-
cios é muito diferente do tradicional, uma empresa de energia integrada”. mente 100 mil barris de petróleo,
com ciclo de vida muito mais curto, “Parece um equívoco sair de setores comprimir cinco milhões de metros
e também com o grande aumento da como a distribuição, vendendo partes cúbicos de gás e está interligado ao
oferta de óleo. “Todas as empresas pe- da empresa inclusive, e de biocom- campo de Lapa por meio do poço
trolíferas estão otimizando portfólio, bustíveis, que a meu ver, é importante produtor 7-LPA-1D. O campo de
reduzindo custos e efetivo. A Petrobras para o futuro da Petrobras”, questio- Lapa está localizado na concessão
precisaria fazer o mesmo, ainda que nou Pinguelli. “Não vamos sair da dis- BM-S-9 operada pela Petrobras.
não tivesse ocorrido o aumento explo- tribuição. Oferecemos 49% das ações O início da produção do campo
sivo do seu endividamento”, informou da BR Distribuidora. Vamos dividir o de Lapa acontece em um momento
Parente.  controle da BR, mas não vamos abrir de resultados expressivos no pré-
Conforme relatou Parente, a dívida mão da gestão”, respondeu Parente.  -sal. A produção de petróleo opera-
da empresa passou a ser cinco vezes “Parente declarou-se a favor, por da pela Petrobras nessa fronteira já
maior que a geração de caixa opera- convicção, da política de conteúdo supera 1,2 milhão de barris por dia
cional: “É a maior dívida dentre as em- local. “Dado o tamanho da empresa e, em novembro, a companhia atin-
presas do setor, tanto em termos abso- e de sua demanda, podemos contri- giu a marca histórica de um bilhão
lutos quanto relativos. Pagávamos 1,7 buir para uma indústria brasileira que de barris de petróleo produzidos no
bilhões de dólares em juros. Em 2015 seja competitiva internacionalmente”, pré-sal.
passamos a pagar 6,3 bilhões. Nossa avaliou.
  PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 19
PORTOS E LOGÍSTICA

Romper barreiras
Associações pressionam governo por mudanças em normas para
estimular investimentos privados no setor portuário

Danilo Oliveira

O
governo tem cerca de 90
áreas portuárias mapea-
das para licitar e mais de
60 pedidos de autorização
para terminais de uso privado (TUPs)
em análise. A estimativa é que, nos
próximos 25 anos, menos de 10% dos
investimentos para ampliar a capa-
cidade dos portos brasileiros virá do
orçamento público. Para tentar acele-
rar projetos e destravar investimentos
privados, cinco associações setoriais
apresentaram ao governo federal pro-
postas para reduzir a intervenção es-
tatal e atrair recursos para o segmen-
to. Elas pedem o cumprimento das
normas vigentes (decretos, portarias e
resoluções) de modo que não se res-
trinjam ou revoguem direitos e obri-
gações do setor.
As associações tentam ampliar a
segurança jurídica dos investidores
por meio da estabilidade dos marcos
regulatórios e do respeito aos contra-
tos de exploração de áreas e terminais
portuários. Elas defendem que cabe
ao poder concedente a formulação
das políticas públicas do setor e que
a Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq) é responsável
pela regulação de aspectos técnicos
do marco regulatório e pela fiscaliza-
ção das políticas, mais com objetivo
pedagógico do que punitivo.
O grupo entende que a atividade
portuária é privada, regulada e não
deve ser entendida como serviço pú-
blico. As sugestões foram formuladas
pela Associação Brasileira dos Termi-
nais Portuários (ABTP), Associação
Brasileira de Terminais de Contêine-
res de Uso Público (Abratec), Associa-
ção Brasileira dos Terminais Líquidos
(ABTL), Associação Brasileira de Ter-
minais e Recintos Alfandegados (Ab-
20 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
segundo momento, uma proposta
para um assunto mais delicado: a re-
visão do modelo atual das compa-
nhias docas. Nessa primeira etapa, a
ABTP e demais entidades focaram no
marco infralegal. “Sem dúvida há um
risco porque sabemos como entra um
projeto de lei e não sabemos como sai.
Precisamos tentar corrigir e contamos
com a política do novo governo de in-
centivo à iniciativa privada”, projeta.
Moreira ressalta que destravar o
setor é fundamental para competitivi-
dade dos produtos brasileiros no exte-
rior e para redução de preços no con-
sumo interno, além de gerar emprego
e renda. Para ele, havendo sinalização
por meio de um novo decreto, as em-
presas de engenharia logo vão come-
çar a empregar. O diretor-técnico da
ABTP acrescenta que o setor empresa-
rial está pronto para investir, porém, o
governo precisa de mais ousadia nas
propostas.
tra) e Associação de Terminais Portu- Entidades querem O sócio-diretor da Agência Porto
ários Privados (ATP). Consultoria, Fabrizio Pierdomenico,
Outra reivindicação é que não seja o fim do teto para percebe o investidor mais cauteloso
mais imposto teto para a taxa interna
de retorno e valor da tarifa nos novos
a taxa interna de e conservador, sem o apetite que ha-
via para investimentos em portos há
leilões e nem para os atuais contratos retorno três anos. Ele atribui a paralisia a um
de arrendamento de áreas portuárias conjunto de problemas, que inclui
que requerem adaptações. O pedido remuneração baixa do investimento,
foi feito para casos de antecipação complicações de licenciamentos e
do prazo de prorrogação, extensão de autorizações e os obstáculos para re-
prazo de contratos de arrendamento alização de novos leilões. “O quadro é
em decorrência do equilíbrio econô- de um investidor que não vai comprar
mico-financeiro ou aumento da área qualquer coisa que o governo ofertar
portuária. na licitação. Cabe ao governo enten-
O diretor-técnico da Associação der a lógica e ser parceiro da iniciativa
Brasileira dos Terminais Portuários privada e perguntar onde há interesse
(ABTP), Wagner Moreira, diz que o em investir”, avalia.
discurso mais liberal do governo per- Nos últimos três anos, houve avan-
mitiu ao setor vislumbrar a possibili- ço em relação às autorizações de
dade de revisão do marco regulatório TUPs, mas poucos em relação aos ar-
atual com propostas para aumentar rendamentos. O programa de conces-
segurança jurídica e aumentar inves- sões do governo Dilma compreendia
timentos. “Os recursos públicos são inicialmente 159 áreas para arrenda-
escassos. É preciso que haja condi- mento, divididas em quatro blocos.
ções e que os riscos sejam conhecidos Negociou apenas três áreas, mas dali
para que efetivamente aconteçam os em diante esbarrou na falta de inte-
investimentos”, analisa. ressados. Com isso, alguns estudos da
A ABTP entende que o marco trou- Estruturadora Brasileira de Projetos
xe retrocessos na relação capital-tra- (EBP) ficaram defasados após 18 me-
balho e na centralização das ações em WAGNER MOREIRA ses em análise no Tribunal de Contas
Brasília, o que aumentou a interfe- Sabemos como entra um da União (TCU).
rência estatal na atividade portuária. projeto de lei e não sabemos O setor entende que os estudos
A associação estuda apresentar, num como sai estão defasados e o governo não tem
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 21
PORTOS E LOGÍSTICA

capacidade de atualizá-los no curto


prazo por falta de técnicos. “Seria uma
sinalização de quais áreas a iniciativa
privada tem interesse, demonstrando
para o governo o que tem viabilidade.
Isso destravaria o processo licitatório
no curto prazo”, defende Pierdomeni-
co. Ele acrescenta que o modelo das
licitações, que seria a fase mais com-
plicada, está pronto.
Pierdomenico sugere que o gover-
no oferte à iniciativa privada a possi-
bilidade de atualização dos estudos.
O analista diz que o governo precisa
conversar com quem efetivamente vai
participar das licitações. “Não conse-
guimos sair da recessão e a principal
locomotiva para sair dela é o investi-
mento. O governo tem mecanismos
para atrair investidor, mas tem que ser
FABRIZIO PIERDOMENICO
ágil e desburocratizado”, aponta.
Investidor mais cauteloso e
O consultor acredita que é possí-
conservador, sem o apetite que
vel ao governo fazer uma espécie de
havia há três anos
linha de montagem em que a inicia-
tiva privada atualizaria os estudos,
que depois passariam por audiência
pública, pelo TCU e na sequência os retorno o investidor pode ter de seus
editais seriam publicados. Ele aponta investimentos e que taxa efetivamen-
que faltou ao governo transparência te dá conforto a ele.
no debate sobre qual expectativa de O sócio-fundador da consultoria
Terra Firma, Marcos Pinto, afirma que
o setor espera que o governo decida
Contratos: cargas e investimentos projetados sobre a atualização dos estudos defa-
sados a partir do começo de 2017. Ele
PAR 01 PAR 12 IQI 18 diz que ainda não se sabe se isso será
Madeira e Madeira e feito de forma centralizada no Minis-
Carga Veículos tério dos Transportes, Portos e Avia-
celulose celulose
ção Civil ou delegado às companhias
Situação Existente Greenfield Greenfield
docas. E lembra a dificuldade que o
Prazo 25 anos 25 anos 25 anos governo tem tido para realização de
Valor do leilões.
R$ 1,1 bilhão R$ 832,9 milhões R$ 1,6 bilhão
Contrato Segundo ele, os estudos devem ser
Investimentos R$ 102 milhões R$ 72 milhões R$ 221 milhões refeitos porque o cenário econômico
mudou muito nos últimos anos. Por
Área 27.530 m 2
170.200 m 2
53.545 m2
outro lado, Pinto identifica projetos de
Demanda 1,1 milhão t 310.000 unid. 1,4 milhão t terminais portuários em estágio avan-
Armazéns 5 - 1 çado do processo para licitação ou de
Capacidade alta atratividade para o setor privado
80.000 t 12.046 unid. 73.000 t que poderiam ser levados a merca-
Estática
do em pouco tempo. Ele observa um
Valor de
R$ 764,6 mil/ R$ 1,02 milhão/ R$ 717,4 mil/ momento interessante vivido com a
Arrendamento
anos ano ano iminente venda da BR Distribuidora,
Fixo
o que pode fazer com o que o cenário
Valor de
de preços de granéis líquidos volte a
Arrendamento R$ 2,24/t R$ 20,58/unid. R$ 1,23/t
permitir importações.
Variável
Além da defasagem de estudos, o
Terminais aptos à abertura de audiência pública. Fonte: Antaq êxito das concessões portuárias vai
22 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
ABTP vislumbra existente. É um dos pontos mais im-
portantes quando o investidor aposta
possibilidade de no TUP ou no arrendamento. O estu-

revisão do marco do e o relatório de impacto ambiental


levam um ano e meio para serem ela-
legal do setor borados e o tempo médio entre uma
autorização de um terminal pela An-
portuário taq e sua operação efetiva leva de seis
a sete anos.
A ABTP alega que a minuta de con-
trato descaracterizava o arrendamen-
to, atribuindo ao vencedor riscos e
depender de o governo enfrentar críti- responsabilidades incompatíveis com
cas do mercado sobre o nível de inves- a atividade portuária. Uma cláusula
timento exigido e a alocação de riscos, que afastava os investidores lhes atri-
principalmente os ambientais. Pinto buía a responsabilidade por todo pas-
sugere que as áreas deveriam ser lici- sivo ambiental, conhecido ou não. A
tadas após receber licença prévia ou associação também contesta proble-
com termo de referência já estabele- mas na cobertura de seguros, brecha
cido. Ele acredita que, dificilmente, o para acesso de terceiros ao terminal
licenciamento ambiental deixará de arrendado e riscos de desbalancea-
ser um entrave. mento ao arrendatário, com aumento
A questão envolve principalmente de tributos e variações cambiais sem
a capacidade do governo de dar res- permitir equilíbrio econômico-finan-
postas rápidas mediante legislação ceiro do contrato.

PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 23


PORTOS E LOGÍSTICA

A associação também pressiona o no futuro isso evita problemas rela-


governo para acelerar a adaptação dos cionados ao equilíbrio econômico-
contratos atuais à Lei 12.815/2013, -financeiro dos contratos.
bem como dar solução aos arrendatá-
rios com contratos anteriores à antiga O diretor-presidente da Associa-
lei (8.630/1993) que estão judicializa- ção de Terminais Portuários Privados
dos. “Eles [investidores] têm intenção (ATP), Murillo Barbosa, destaca que,
de investimento imediato. Poderiam desde 2013, foram aprovados cerca de
ser adaptados por período menor e se 70 projetos de TUPs, que representam
resolveria essa questão. Não se prevê investimentos acima de R$ 16 bilhões,
possibilidade de licitá-los e fica essa enquanto apenas três áreas foram lici-
situação travada e judicializada”, des- tadas no processo de arrendamentos.
creve Moreira. As prorrogações ante- Ele diz que, com o fim da distinção en-
cipadas e as adaptações de contratos tre carga própria e de terceiros, os em-
representam R$ 4 bilhões de investi- presários direcionaram investimentos
mentos, segundo a ABTP. para os TUPs.
A indicação, em discussão num Barbosa entende que os problemas
grupo de trabalho que atua na reforma MURILLO BARBOSA dos TUPs são menos críticos que os
do marco regulatório, é que o governo Problemas dos TUPs são dos arrendatários, mas lamenta que
vai permitir a adaptação de contratos menos críticos que os dos a intervenção dos terminais privados
de arrendamento pelo prazo de até arrendatários seja semelhante aos dos terminais
70 anos. A maior parte dos contratos dentro de áreas públicas. Ele compara
vencidos foi firmada antes da Lei dos que os terminais privados na Inglater-
Portos anterior (8.630/1993). O gover- ra cumprem regras de mercado, sem
no também sinalizou que vai aumen- agência reguladora ou lei específica.
tar o tempo mínimo de exploração “Tratam como se TUPs fossem arren-
dos arrendamentos dos atuais até 25 A revisão do modelo de damentos do governo. Difícil passar
anos (renováveis uma vez por igual gestão das companhias docas imagem de que somos empreendi-
período) para até 35 anos, prorrogá- também está no radar mento privado, feito por nosso risco
veis por outros 35 anos.
A ABTP também luta para que a ati-
vidade portuária não seja considerada
prestação de serviço público, e sim
uma atividade econômica regulada.
A entidade alerta que, se não houver
revisão no edital e na minuta de con-
trato para licitações que o governo
pretende fazer em 2017, as chances
de continuar havendo licitações va-
zias são grandes. “Um dos caminhos
para que elas ocorram com sucesso é
revisar minutas de contrato e os edi-
tais, bem como atualizar os estudos”,
aponta Moreira. A proposta de revisão
do decreto 8.033/2013 está em estudo
por um grupo de trabalho.
O professor de direito regulatório
da Fundação Getúlio Vargas (FGV),
Rafael Véras, avalia que os riscos atri-
buídos aos arrendatários estão bem
delineados na matriz de risco do edi-
tal de Santarém (PA), mas falta clareza
sobre os riscos que serão suportados
pelo poder concedente. Ele sugere
aprimoramento na minuta do edital
para que fossem mais bem especifica-
dos quais seriam esses riscos porque
24 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
e que precisamos ter regime aberto”, TUPs vieram para ficar. É um modelo PPI. Estou otimista e acho que vamos
lamenta. a ser perseguido”, enfatiza. entrar num novo ciclo da infraestru-
Para Véras, da FGV, os TUPs são Véras, da FGV e da LL Advogados, tura no país. A medida provisória das
mais regulados do que deveriam ser vê com bons olhos a mudança do re- prorrogações antecipadas e das relici-
e não sofrem regulação tão inten- gime jurídico de contratação do poder tações (MP-572) foi excelente. O PPI
sa quanto arrendamento portuário. público e o Programa de Parcerias de está sendo muito bem modelado e vai
“Explorar serviço público traz ônus e Investimentos (PPI). Ele projeta o seg- impactar positivamente o setor por-
obrigações, universalização e conti- mento portuário como um dos mais tuário”, acredita Véras, que também é
nuidade diferentes de atividade eco- promissores para os próximos anos e especialista em infraestrutura do es-
nômica regulada. Em compensação, identifica os primeiros impactos nas critório LL Advogados.
se vale de estrutura pública, ao passo renovações antecipadas de terminais Ele diz que as mudanças estão no
que o TUP explora estrutura privada. em Salvador (BA) e Paranaguá (PR), começo e explica que o novo regime
Cada um tem seus prós e contras”, bem como a divulgação do edital para de contratação para projetos de in-
compara. licitação de duas áreas em Santarém. fraestrutura tem sistema jurídico que
A ATP trabalha para melhorar o en- Ele observa uma nova perspectiva possibilita liberar o empreendimento
tendimento dos contratos de adesão, para os arrendamentos portuários. “O de forma mais célere e dar prioridade
a fim de que eles fiquem mais seguros setor portuário ainda vai a reboque do na realização das licitações a empre-
juridicamente e mais fáceis de assimi- endimentos estratégicos para o país.
lar, principalmente para os investido- Ele cita a mudança de postura que
res estrangeiros. Barbosa acrescenta aconteceu no sentido de verificar o
que o setor não parou de crescer por real interesse em determinada área
conta da crise e que os associados da antes de licitar, de modo que se evi-
ATP têm investimentos a serem feitos. tem certames desertos.
Ele conta que Portocel (ES) e Itapoá Véras ressalta que o artigo 57 da Lei
(SC) farão investimentos altos e tam- 12.815 já previa as prorrogações ante-
bém destaca os projetos de TUPs e es- cipadas, mas a MP-572 dá um pouco
tações de transbordo de carga (ETCs) mais de segurança para os investido-
no Arco Norte e o projeto do terminal res. Ele aponta como aspecto positivo
de contêineres Porto Pontal (PR). “Os das prorrogações a possibilidade de
os arrendatários executarem investi-
mentos que estavam reprimidos de-
vido ao impasse sobre prorrogação ou
relicitação.

Para a Federação Nacional dos


Operadores Portuários (Fenop), o
tempo mostrou que o problema não
RAFAEL VÉRAS está somente na quantidade de novas
Dimensionamento de concessões e terminais autorizados.
equilíbrio nos riscos evita O presidente da Fenop, Sérgio Aqui-
problemas contratuais no, cita as dificuldades com acessos
aquaviários e terrestres, a influência

SÉRGIO AQUINO
É preciso recuperar
princípios da 8.630,
como voltar a dar
poder aos CAPs
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 25
PORTOS E LOGÍSTICA

político-partidária na administração destravar investimentos e modernizar


dos portos organizados e a centrali- o setor. Temos uma janela de oportuni-
zação das decisões em Brasília. “Des- dades para resolver”, afirma.
de a MP-595/2012, se concentrava Aquino diz que a estratégia de cen-
atenção nessa questão como se fosse tralizar as decisões do setor portuário
esse o problema. Era uma questão adotada pelo governo não funcionou
complementar, e não principal”, afir- e foi na contra-mão do mundo, cujo
ma Aquino, que também é diretor da principal modelo quase sempre é de
consultoria SPA – Soluções Portuárias descentralização e profissionalização.
Aplicadas. "O governo criou grande prejuízo ao
Na visão da Fenop, o governo pre- sistema logístico-portuário. Quem
cisa agilizar a renovação e facilitar in- queria investir sem segurança?”, le-
vestimentos dos que já têm contratos. vanta Aquino. Ele diz que a opção de
Aquino defende a recuperação de al- prorrogar os contratos é melhor do
guns princípios de 8.630/1993, como que relicitar na medida em que os ar-
voltar a dar poder de decisão aos rendatários mantidos deverão investir
conselhos das autoridades portuárias nos ativos.
(CAPs). A Fenop defende indicações
de nomes para os gestores do porto A Antaq tem 62 processos de outorga
homologadas pelo CAP de modo que em andamento, que somam quase R$
se profissionalize a administração 7,4 bilhões, dos quais R$ 6,7 bilhões
portuária. referentes a 41 terminais de uso priva-
A entidade cobra que o governo se do (TUPs) e R$ 643 milhões a estações
posicione sobre esse tema e resolva os de transbordo de carga (ETCs). Desse
conflitos de assimetria entre terminais montante, 18 empreendimentos pre- talizam R$ 1,1 bilhão, enquanto a re-
privados que estão dentro e fora do veem investimentos de R$ 4,3 bilhões gião Nordeste tem sete projetos que
porto organizado, equalizando a legis- na região Sudeste e outros 25 projetos juntos demandarão R$ 704 milhões
lação dos dois modelos. “Trabalhamos somam R$ 1,2 bilhão na região Norte. de investimentos. Na região Centro-
juntos na revisão da lei com objetivo de A região Sul tem nove projetos que to- -Oeste, três projetos somam R$ 80,7
milhões.
Em setembro de 2016, já haviam
A avaliação é de que os investidores estão sido emitidas 57 autorizações de ins-

prontos, mas falta ousadia do governo talações portuárias privadas desde a


publicação do atual marco regulatório
(Lei 12.815 e decreto 8.033). De acordo
com a Antaq, foram assinados 51 con-
Fotoimagem
tratos da ordem de R$ 12,1 bilhões e
seis termos aditivos de R$ 1,27 bilhão.
Nesse período, foram autorizadas 156
TUPs, 25 ETCs e duas instalações por-
tuárias de turismo (IPTs). Com 22 mil
quilômetros de vias navegáveis, o Bra-
sil tem hoje 37 portos organizados e
180 TUPs, segundo a Antaq. Em 2015,
o país movimentou mais de um bilhão
de toneladas.
O diretor-geral da Antaq, Adalber-
to Tokarski, ressalta que o decreto
8.033/2013 estabeleceu novas atribui-
ções à agência, como analisar propos-
tas de investimentos não previstos no
arrendamento e arbitrar administra-
tivamente conflitos entre arrendatá-
rios e a administração portuária. Ele
destaca que a lei 12.815 acabou com
a distinção entre cargas próprias e de
terceiros, além de incentivar o surgi-
26 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
e seus anexos, seguindo o mínimo de
Nos últimos anos, houve 100 dias sugerido pelo (PPI).
avanço nas autorizações Para Pinto, da consultoria Terra Fir-
de TUPs, mas não para os ma, pode haver mudanças no decreto
arrendamentos que regulamenta o setor. Ele observa
que mudanças nas administrações
portuárias estão entrando na agenda
do governo. “Melhorar a governança,
namento (de gasolina, diesel e etanol) acabar com indicações políticas, for-
e atendimento a requisitos, entre eles talecer os CAPs e colocar profissionais
o de segurança e o de prestação de ser- no conselho e contratos bem elabora-
viço adequado. Os terminais são im- dos”, sugere.
portantes para a distribuição de com- Ele acrescenta que o governo de-
bustíveis para a região norte do país. veria estudar concessão da draga-
Pierdomenico, da Agência Porto, gem e todo papel da administração
diz que houve poucas mudanças nas portuária. No caso de a dragagem ser
regras das áreas em Santarém em re- concedida, a administração dos de-
lação aos editais publicados anterior- mais serviços da autoridade portuá-
mente. O vencedor do certame conti- ria continuaria, o que poderia tornar
nua sendo quem der o maior valor de as companhias docas mais enxutas.
outorga. A diferença para a licitação
de dezembro de 2015 é que a outorga O professor do núcleo de Logísti-
pode ser parcelada. Ele lamenta que ca e Supply Chain da Fundação Dom
em quase quatro anos do novo marco Cabral (FDC), Paulo Resende, destaca
mento de novos TUPs e o aumento na apenas três áreas tenham sido licita- que o Brasil segue mal posicionado em
capacidade de movimentação de car- das. Mas ressalta como ponto positivo rankings mundiais sobre infraestrutu-
gas no país. da Lei 12.815 as autorizações de TUPs ra e eficiência logística. Para Resende,
A Antaq diz que o artigo 57 da Lei e ETCs, com destaque para o boom de a falta de investimentos reflete total
12.815/2013, regulamentado pela Se- investimentos no Arco Norte. ineficiência da gestão pública ao lon-
cretaria de Portos (SEP) em 2014, deu Para Pierdomenico, na medida que go das décadas, independentemente
base legal para a prorrogação anteci- os TUPs começam a ganhar corpo e os dos governos. Segundo o professor, a
pada de contratos de arrendamento. investidores começam a acreditar nis- gestão brasileira contraria premissas
A contrapartida para os arrendatários so, a participação da iniciativa privada de equilíbrio entre oferta e demanda.
é a realização antecipada de investi- em futuras licitações pode ser deses- “O investimento deve acompanhar a
mentos e o cumprimento das obriga- timulada em alguns casos. “A demora demanda. Se o Brasil fosse uma em-
ções contratuais vigentes. Até 31 de nas licitações fez com que a iniciativa presa privada, ela já estaria quebrada
outubro, a Antaq havia registrado 30 privada construísse alternativas com há alguns anos”, analisou durante o
pedidos de prorrogação antecipada, seus TUPs e isso está dando certo e Encontro Nacional de Comércio Exte-
com investimentos da ordem de R$ cada vez mais licitações ficarão desin- rior (Enaex), realizado em novembro,
12,25 bilhões. teressantes e aí afastará ainda mais o no Rio de Janeiro.
A agência admite que o processo investidor”, comenta. Resende explica que nas últimas dé-
licitatório seja lento e fala em licita- O consultor diz que a Lei 12.815 é cadas o Brasil apresenta o maior cres-
ções simplificadas. A ideia, em estudo uma realidade e que no curto prazo cimento de demanda por consumo
na Antaq, é encontrar uma maneira não deve ser mexida. Um caminho interno e comércio exterior que um
de licitar áreas ociosas que poderiam para atender às reivindicações de al- país experimentou em um curto espa-
ser destinadas a atracação e armaze- gumas associações setoriais é ajustar ço de tempo. No entanto, o aumento
nagem, por períodos mais flexíveis. decretos, portarias e resoluções. “Não de demanda foi acompanhado pela
Tokarski estima que poderiam ser lici- precisa mexer na lei no curto prazo. queda de investimentos, contrariando
tadas mais de 100 áreas. Basta alterar pequenos mecanismos regras básicas de gestão. Ele ressalta
A Antaq realizará em março os lei- no decreto e em resoluções e portarias que todos os governos tomaram deci-
lões para arrendamento de duas áreas existentes dando segurança ao investi- são de desinvestimento diante de cres-
e infraestruturas públicas para movi- dor”, explica. cimento de demanda. O professor diz
mentação e armazenagem de granéis Tokarski destaca que os avisos de li- que obras de mobilidade urbana e de
líquidos, localizadas dentro do porto citação publicados no final de novem- novos terminais portuários são exem-
de Santarém. Os investimentos so- bro e o leilão acontecendo em março plos de que a demanda brasileira res-
mam R$ 29,9 milhões e vão beneficiar contribuirão para que os investidores ponde imediatamente a qualquer in-
a ampliação dos tanques de armaze- analisem detalhadamente os editais vestimento logístico que seja feito. n
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 27
PORTOS E LOGÍSTICA

Uma nova chance


Fotoimagem

Entidades de terminais arrendados e privados


costuram decreto com o governo que pode
destravar investimentos

A
Guto Nunes
s entidades representativas
dos terminais privados e ar-
rendatários de terminais em
portos públicos têm se reuni-
do desde outubro com o governo para
tratar de revisão das normas no setor
de portos. Para as empresas, uma das
medidas vitais é o ajustamento nos minais Portuários Privados (ATP) in-
contratos de arrendamento anteriores tensificaram ações. As entidades têm
à Lei de 2003, que vão destravar, ime- realizado reuniões de trabalho com a
diatamente, segundo essas entidades, equipe do Ministério dos Transportes,
mais de R$ 2 bilhões em investimen- WILEN MANTELI Portos e Aviação Civil (MTPAC) e leva-
tos. “Vivemos numa plena desorga- Vivemos numa plena do sugestões para modificar a estrutu-
nização da atividade. Há marcos re- desorganização da ra do setor de portos.
gulatórios em excesso, vários tipos e atividade Para as entidades portuárias, ape-
modelos de contratos, com aplicação sar dos investimentos de bilhões de
contraditória e divergentes das nor- reais realizados pelo setor privado no
mas” afirma Wilen Manteli, presidente período entre a Lei 8.630, de 1993, e
da Associação Brasileira dos Terminais a Lei 12.815, de 2013, os portos ainda
Portuários (ABTP). não contam no Brasil com a estrutu-
Neste ano, sobretudo no segundo As entidades há ra que precisam e desejam. “Grandes
semestre, a Associação Brasileira dos estudiosos da economia mostram que
Terminais Portuários (ABTP), a Asso- anos batem na tecla um terço dos ganhos de um setor tem
ciação Brasileira de Terminais e Recin-
tos Alfandegados (Abtra), a Associação
de que há excessiva origem numa estruturação adequada.
Ou seja, há quase 25 anos, o país deixa
Brasileira de Terminais de Líquidos intervenção estatal de gerar bilhões somente no setor por-
(ABTL), a Associação Brasileira dos tuário, por não ter modelos padroniza-
Terminais de Contêineres de Uso Pú- na área portuária dos e isonômicos para cada segmento
blico (Abratec) e a Associação de Ter- da atividade portuária. Convive-se
Mauro Goulart
dentro de um quadro desorganizado,
completamente ultrapassado e hostil
ao investidor”, diz Manteli.
Para o segmento privado, há distor-
ções que precisam ser solucionadas.
As entidades há anos batem na tecla de
que há excessiva intervenção estatal
na área portuária e propõem um novo
modelo de governança. Atualmente,
mais de 20 órgãos federais, estaduais
e locais atuam no setor, quase sempre
de forma descoordenada e sobrepos-
ta, inclusive com interpretações diver-
gentes sobre os marcos regulatórios.
Isso gera enorme insegurança jurídica
e atrasa ou afasta investimentos que o
28 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
Terminal de trigo
Os empresários querem tornar
possível a prorrogação de
arrendamentos sucessivas vezes
Área deve ser incluída
no leilão de março
O governo espera incluir o projeto
de um terminal no Rio de Janeiro para
movimentação de trigo no próximo
do pela presidente Dilma Rousseff. “O leilão de áreas portuárias, previsto
que está previsto no veto é que cabe para o dia 23 de março de 2017. Até o
ao Poder Executivo analisar a conve- momento, estão previstos para o cer-
niência e a oportunidade da adapta- tame dois terminais (STM04 e STM05)
ção e da prorrogação dos contratos, em Santarém (PA) que trabalham com
caso a caso. “A medida preserva as movimentação e armazenagem de
prerrogativas do poder concedente, granéis líquidos. Ambos constam da
assegura a isonomia da operação e primeira etapa do Programa de Parce-
permite o destravamento imediato de rias de Investimentos (PPI) do governo
investimentos em plena crise econô- federal. Os investimentos nessas duas
setor tem condições e deseja fazer. “O mica”, afirma Cássio Lourenço Ribei- áreas somam R$ 29,9 milhões.
crescimento de qualquer setor econô- ro, consultor jurídico das entidades do O diretor-geral da Antaq, Adalberto
mico depende de confiança e de um setor portuário. Tokarski, disse que a agência espera
ambiente favorável aos investimentos. Além da ampliação de prazos de ex- realizar no final de janeiro as audiên-
Por isso, as empresas portuárias preci- ploração, as entidades privadas que- cias públicas de projetos de duas áre-
sam atuar num contexto de liberdade, rem incluir no decreto a possibilidade as para terminais em Paranaguá (PR),
dando à sociedade, como contraparti- de os arrendamentos serem prorroga- um para movimentação de madeira e
da, investimentos, maior produtivida- dos sucessivas vezes, como ocorre nos celulose (PAR01) e outra para veículos
de e prestação de serviços eficientes a portos de Rotterdam, na Holanda, e de (PAR12), além de outra área para mo-
preços competitivos”, avalia Manteli. Antuérpia, na Bélgica. “A União Euro- vimentação de madeira e celulose em
As entidades têm defendido que, peia não considera os arrendamentos Itaqui (MA).
para que o país avance na melhoria portuários como modalidades de con-
de sua governança, portos devem ser cessão de serviço público. Ali, o arren- Praticagem
entendidos como um serviço privado, damento é uma figura muito menos
regulado e catalisadores de desenvol- engessada. A nossa Constituição e a Preços menores para
vimento em suas regiões e para todo legislação permitem o mesmo”, afirma
o país. Assim, a governança do setor Ribeiro. cruzeiros em Santos
– a política, a gestão, a competência, Os demais artigos da minuta de de-
o equilíbrio de poder entre governo, creto costurado com o ministério tra- A Associação Brasileira de Navios de
empresas e trabalhadores – deve dar zem outras medidas que também bus- Cruzeiros (Clia Brasil) e a Praticagem
ao Estado um papel orientador e de cam desburocratizar o setor portuário de São Paulo assinaram acordo para
estimulo aos investidores. e aumentar a atratividade dos arrenda- baratear o custo dos navios de cruzei-
No dia 15 de dezembro, as entida- mentos. Essas medidas, avaliam as en- ro que frequentam o Porto de Santos.
des e o ministério realizaram mais tidades, não teriam impacto imediato Pelos próximos cinco anos, os navios
uma rodada de debates, que incluiu a se não pudessem ser aplicadas aos terão descontos progressivos nas ma-
minuta de decreto que está sendo pre- atuais arrendatários. “Não faz sentido nobras, podendo chegar a 26%. Antes
parado pelo governo. As entidades en- esperar décadas para destravar os bi- do acordo, o preço era cobrado com
tendem que a inclusão do ajustamen- lhões que podem ser alcançados hoje”, base na tabela estabelecida entre a
to nos contratos de arrendamento enfatiza Manteli. A adaptação contra- Praticagem e o Sindicato das Agências
anteriores à Lei de 2003 corrige uma tual é recorrente em diversos outros de Navegação Marítima do Estado de
brecha legal histórica, uma vez que a setores no Brasil, como no elétrico e São Paulo (Sindamar).
Lei 8.630 determinava a adaptação de nas telecomunicações. Ferrovias, ro- A partir de agora, o valor mais baixo
todos os contratos de terminais, pri- dovias e aeroportos também preveem a ser pago pelos navios é de R$ 10,37
vados ou arrendados, a ela anteriores, a figura da “extensão de prazo para fins por leito. Mas para isso é necessário
mas isso nunca foi cumprido pelo po- de reequilíbrio”. “Não há ilegalidade, que a embarcação atraque mais de 46
der público de forma integral. A atual inovação ou criação de privilégios com vezes em Santos na mesma tempora-
Lei 12.815, de 2013, também previa a inserção dessa possibilidade no setor da. Em São Sebastião, o valor cai para
esse mecanismo, que terminou veta- portuário”, diz Ribeiro. n R$ 8,78.
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 29
PORTOS E LOGÍSTICA

Abeph entra no jogo


Autoridades portuárias querem participar da elaboração da
política nacional do setor

A entidade pede também gestão em-


presarial baseada em boas práticas
de governança corporativa.
A elaboração de editais e gestão
dos arrendamentos liderados pela
autoridade portuária, com partici-
pação de membros do Ministério dos
Transportes, Portos e Aviação Civil
e Antaq nas comissões de licitação,
é outra das reivindicações. A Abeph
pede a implantação de contrato de
gestão entre empresas e governo com
metas e níveis de qualidade de ser-
viços pautados em indicadores de
desempenho com métrica clara, in-
clusive ambientais.
Estabelecimento de padrões de
qualidade, com prêmios aos desta-
ques do mercado, a exemplo do Ín-
dice de Desempenho Ambiental da
Antaq também está na mira da enti-

A
Associação Brasileira de Enti- Descentralização da dade, assim como liberdade para abrir
dades Portuárias e Hidroviá- capital [pela autoridade portuária],
rias (Abeph), formada por au- agenda portuária, independentemente de controle. A
toridades portuárias federais e
estaduais, está mobilizada por mudan-
autonomia para as flexibilização do uso das facilidades
portuárias e a regulamentação de no-
ças no modelo portuário nacional. A autoridades locais vos modelos de contrato, além do ar-
exemplo do que foi feito pelo conjunto rendamento, completam a lista.
de entidades que reúnem terminais de e participação em O Conselho Deliberativo da Abeph
uso privado (TUPs) e terminais arren- editais estão entre as aprovou também o envio de ofício ao
dados, elaborou documento contendo secretário executivo do ministério so-
propostas entregue ao entregue ao se- propostas bre a situação do Instituto de Seguri-
cretário de Política Nacional de Trans- dade Portus.
portes, Herbert Drummond. A entidade, que vem se reestrutu-
O documento foi aprovado pelo rando, conta com novos associados:
Conselho Deliberativo da ABEPH em Instituto Nacional de Pesquisas Hidro-
17 de novembro. A reunião contou viárias (INPH), Assessoria Empresarial
com as participações do Porto de Ita- ria, com as autoridades locais parti- Eirelli–ACM, Porto Organizado de Ma-
jaí, Companhias Docas do Rio de Ja- cipando do planejamento nacional. A naus, Companhia Docas do Rio Gran-
neiro, São Sebastião, Ceará, Bahia, São elaboração e o desenvolvimento dos de do Norte e Porto do Recife.
Paulo, Espírito Santo, Pará e ainda Ad- Planos Mestres e dos PDZ passariam Solicitado a opinar sobre o docu-
ministração dos Portos de Paranaguá a ser feitos pelas autoridades portu- mento, o secretário de Política Nacio-
e Antonina, Porto do Recife e Porto de árias em conjunto com o Ministério nal de Transportes, Herbert Drum-
Rondônia. dos Transportes, Portos e Aviação Ci- mond, disse via assessoria de imprensa
No documento, a Abeph pede a vil, respeitados os aspectos regionais, que não se manifestaria antes de o as-
descentralização da agenda portuá- com base em padrões de qualidade. sunto ser tratado pela Casa Civil. n
30 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
Monitoramento
real de todos os fluxos da sua opera-
ção. “O Terminal de Contêineres de Pa-
ranaguá já conta com um sistema de
segurança eficaz. Com a instalação das

em tempo real
novas câmeras, o objetivo é ampliar
os dispositivos e garantir aos nossos
clientes ainda mais segurança das car-
gas armazenadas em Paranaguá”, ex-

TCP amplia seu sistema de segurança e plica Juarez Moraes e Silva, diretor su-
perintendente comercial do terminal.

passa a monitorar vias entre contêineres O sistema de monitoramento, que


segue os padrões exigidos pelo ISPS
Code e pela Receita Federal, disponi-
APPA/Divulgação
biliza online imagens de toda a mo-
vimentação ocorrida entre os blocos
de contêineres durante 24 horas. “As
câmeras cobrem todos as ruas entre
os blocos, possibilitando o monitora-
mento em tempo real do que aconte-
ce dentro do Terminal. Além disso, as
imagens obtidas pelas câmeras são
armazenadas e podem ser resgatadas
posteriormente, se necessário”, enfa-
tiza o diretor.
O acompanhamento das imagens
é realizado, simultaneamente, pela
equipe CCOS – Centro de Controle de
Operações e Segurança da TCP e por
auditores fiscais da Alfândega da Re-
ceita Federal em Paranaguá. Além do
monitoramento pelos sistemas CFTV,
a TCP conta com controle de acesso de
pessoas por biometria, ronda ostensiva
24 horas e vistorias aleatórias em cami-
nhões, o que torna um dos Terminais
alfandegados mais seguros do país.

A TCP bateu dois novos recordes na


operação do navio Zim Chicago, que
chegou ao Paraná no início de dezem-
bro. O terminal atingiu 188 movimen-
tos por hora (MPH) no navio, que tem

A O monitoramento
TCP – empresa que adminis- 333 metros de comprimento, e totali-
tra o Terminal de Contêine- zou 488 movimentos em duas horas
res de Paranaguá, concluiu a disponibiliza online e 38 minutos de operação. O recorde
ampliação do seu sistema de anterior era de 172 MPH, registrado
segurança interna e externa do termi- 24 horas imagens de no navio Valiant, em agosto passado.
nal com a aquisição de novas câmeras toda a movimentação O terminal também bateu um novo
de segurança de última geração, que recorde de movimentação por guin-
vão monitorar em tempo real todas ocorrida entre os daste ao alcançar 46 MPH, maior pro-
as ruas localizadas entre os blocos de
contêineres. As câmeras, importadas
blocos de contêineres dutividade por equipamento registra-
da nos últimos dois anos.
dos Estados Unidos, são de alta reso- Hoje, o Terminal de Contêineres de
lução com visão noturna e já estão em Paranaguá conta com nove portêine-
operação. res, dos quais quatro super post pana-
Com as novas câmeras, o terminal max, dois guindastes mobile harbour
amplia o monitoramento em tempo crane, além de 30 transtêineres. n
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 31
PORTOS E LOGÍSTICA

Novas relações
Terminais portuários reveem métodos
de trabalho e estimulam qualificação de
profissionais técnicos e de gestão

Danilo Oliveira

O Com a globalização
setor portuário vem pas-
sando por uma expansão
nas últimas décadas, com dos serviços, o
melhorias operacionais e
mudanças nas relações e na metodo- setor apresentou
logia de trabalho. Os terminais pri- necessidade de
vados trouxeram um conceito mais
moderno à gestão portuária e novas gestores qualificados,
funções. Com a globalização dos ser-
viços, o setor apresentou necessidade
tendo por objetivo
de gestores qualificados, com o obje- final aumentar a
tivo final de aumentar os índices de
produtividade e eficiência. Hoje, em produtividade
vez de uma equipe experiente na roti-
na do terminal, é preciso um grupo de
especialistas nos sistemas que planeje
a armazenagem, o posicionamento, e elevar os padrões de qualidade com as rotinas internas mais eficientes e
o carregamento e o descarregamento foco no cliente”, afirma Rocha. fornecer interfaces e sistemas amigá-
das cargas. As funções de suporte e gestão, en- veis com impacto direto na satisfação
O diretor de recursos humanos tre elas os setores financeiro, supri- dos clientes”, destaca.
para a América Latina da APM Termi- mentos, RH e jurídico, também passa- Nas ultimas décadas, a moderniza-
nals Brazil, Amilton Rocha, avalia que, ram a atuar de forma mais integrada, ção portuária trouxe mudanças nos
independentemente do modelo de abrindo espaço para profissionais ca- processos produtivos, demandando
gestão portuária, o desenvolvimento pazes de usar a tecnologia para redu- investimentos em novas tecnologias, a
de novas tecnologias, equipamentos zir a burocracia e aumentar o desem- maior parte desembolsada pelo setor
e sistemas nos portos brasileiros foi penho em controles internos. Essas privado. “A necessidade de aumento
impulsionado pela conteinerização e mudanças fomentaram toda a cadeia da produtividade fez com que a ges-
pelas rápidas mudanças na indústria interna de processos. tão portuária se tornasse mais pro-
de navegação, o que exigiu resposta Rocha conta que, na área comercial, fissional, desenvolvendo em diversas
rápida dos portos e das autoridades as funções relacionadas ao marketing cidades portuárias treinamentos es-
intervenientes. e à inteligência de negócios, antes pecíficos e cursos de graduação e pós-
A modernização portuária impac- mais focadas em produtos, foram inte- -graduação”, conta o diretor do Institu-
tou primeiro a área de operações. gradas ao setor de serviços, sobretudo to de Capacitação Técnica Profissional
Antes focada na execução, o setor à parte de transportes e logística. Se- (Incatep), João Gilberto Campos.
passou a incorporar o planejamento gundo o diretor da APM, foi um reflexo O mercado tem uma gama de cur-
operacional e isso também demandou da alta competitividade entre opera- sos de graduação e pós-graduação
o desenvolvimento de pessoas e sof- dores portuários no mercado brasilei- oferecida por entidades privadas, pú-
twares. “O mercado é hoje muito mais ro. A transformação também deixou a blicas e também pela autoridade ma-
competitivo, o que também aumenta tecnologia da informação (TI) para o rítima. Por meio do Prepom — Progra-
a necessidade de desenvolver pessoas, foco dessa modernização. “A automa- ma de Ensino Profissional Marítimo,
aperfeiçoar processos, otimizar custos tização de processos é capaz de tornar a Marinha oferece gratuitamente cur-
32 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
com certeza, haverá uma carreira por-
tuária longa”, observa Campos.
O gerente de recursos humanos
da unidade portos do Sepetiba Tecon
(RJ), Eduardo Rosas, diz que o aumen-
to da concorrência no setor demanda
o aprimoramento dos serviços e da
mão de obra, já que houve a inser-
ção de atividades anteriormente não
contempladas no setor portuário. A
transformação do setor demandou a
criação de cargos específicos visando
atender às peculiaridades que passa-
ram a existir no mercado.
Rosas afirma que o desafio para o
terminal é estar capacitado para ope-
rar com a qualidade e a agilidade que
o mercado atual demanda, visto que o
setor portuário tem crescido e aumen-
tado o número de concorrentes. “O RH
do Sepetiba Tecon tem a preocupa-
ção de manter seus colaboradores em
constante desenvolvimento de forma
a possibilitar a capacitação nas me-
lhores práticas operacionais”, destaca.
Ele afirma que, apesar da escas-
sez de mão de obra qualificada que
existe em todos os segmentos, o Se-
petiba Tecon tem conseguido buscar
bons profissionais no mercado, além
de proporcionar o desenvolvimento
interno, capacitar sua mão de obra e
sos e treinamentos de curta duração, proporcionar condições e conheci-
cursos de graduação e pós-graduação mento para que eles ocupem cargos
mediante convênios com diversas es- de complexidade.
colas e faculdades em todo o Brasil. O diretor superintendente do TCP
Além de nascerem novas funções, – Terminal de Contêineres de Para-
os investimentos em novas tecnolo- naguá, Juarez Moraes e Silva, lembra
gias trouxeram aos portos e terminais que a movimentação de contêineres
a multifuncionalidade: um mesmo no Brasil se consolidou nos últimos
cargo realiza diversas funções. “Nos 15 anos, experimentando rápida evo-
portos e terminais, os maiores desa- lução com investimentos em compra
fios são a exigência de novas compe- de equipamentos e busca por profis-
tências. Os profissionais têm de procu- sionais qualificados. Ele destaca que
rar se capacitar, pois as empresas não os processos de gestão se desenvolve-
mais oferecem cursos e treinamentos”, ram num curto espaço de tempo e que
aponta Campos. hoje o Brasil tem ótimos indicadores
Ele acrescenta que os departamen- e seguirá buscando atingir o bench-
tos de RH estão se capacitando mais marking internacional. “Esse é meu
recentemente já que há 10 anos muitos AMILTON ROCHA 10º ano na TCP. Somos outra empresa
portos e terminais tinham profissio- O mercado hoje é mais em relação ao que éramos cinco anos
nais de RH junto ao departamento fi- competitivo, é preciso elevar atrás em vários aspectos”, afirma.
nanceiro. Muitas vezes o gerente dessa os padrões de qualidade Além da operação, Moraes e Silva
área fazia a gestão dos departamentos. cita mudanças na gestão a partir da
“Os portos estão se profissionalizando entrada de grandes armadores e fun-
e com visão de retorno de investimen- dos de investimento nos terminais.
to. Onde colaboradores têm retorno, Eles trouxeram novos conceitos de
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 33
PORTOS E LOGÍSTICA

governança e foram importantes para


a implantação e o aprimoramento de
indicadores online, que possibilitam
medições e correções todo momento.
Esse processo também demandou a
qualificação de trabalhadores vincula-
dos e avulsos nos terminais.
Moraes e Silva entende que, se o
governo federal buscasse pessoas qua-
lificadas e sem conotação política, o
patamar da gestão portuária melho-
raria muito. Ele acrescenta que cada
político nomeado tira oportunidade
de um bom técnico fazer o papel. “O
setor tem que ser 100% despolitizado.
Esse é um fator de baixa qualidade da
JUAREZ MORAES E SILVA
gestão”, aponta.
Somos outra empresa em
Apesar disso, ele afirma que o Por-
relação ao que éramos cinco
to de Paranaguá tem uma gestão pro-
anos atrás em vários aspectos
fissional que conseguiu montar uma O diretor superintendente da TCP
agenda de qualidade. “As autoridades diz que a entrada do fundo Advent no
portuárias estão sendo contamina- quadro acionário do terminal em 2011
das [positivamente] pela gestão dos tornou a gestão mais participativa e
privados. Cada vez mais consistentes meritocrática, com nível de exigência
na qualificação das pessoas e na im- alto e reconhecimento dos resultados.
plementação de governanças trans- “O primeiro passo foi criar indicadores
parentes e de boa gestão”, observa. efetivos. Atingimos nível de maturida-
A TCP identifica ainda um gap nos de dos indicadores em 3-4 anos. Não
armazéns e depots dentro da cidade A automação tornou- devemos nada em termos de gestão
portuária e na infraestrutura de reta-
guarda de apoio. Isso acontece por-
se um diferencial, para nenhum lugar do mundo”, afirma
Moraes e Silva.
que muitas dessas empresas não têm proporcionando A Embraport realiza treinamen-
capacidade de investimentos em equi- tos comportamentais e técnicos que
pamentos e pessoas no mesmo nível satisfação ao cliente abrangem itens como qualidade, se-
dos terminais. gurança do trabalho e patrimonial e
meio ambiente. Um dos programas
levanta as necessidades de treinamen-
to das equipes, por meio de conversas
com líderes — de supervisores a dire-
tores — para estruturar as capacita-
ções necessárias. A empresa também
tem um plano de desenvolvimento
individual para identificar num gru-
po de trabalhadores o que se destaca
mais. As ações visam estimular a troca
de experiências e conhecimento, além
de motivar os colaboradores a direcio-
nar suas carreiras.
Em 2016, a APM Terminals Brazil
implantou um programa para acelerar
o desenvolvimento de profissionais
que hoje atuam em posições de mé-
dia liderança. Atualmente, 70 pessoas
participam do Lifting Leaders, cujo ob-
jetivo é aprofundar competências es-
senciais ao negócio da empresa, como
foco no cliente, entrega de resultados
34 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
A área de operações Com índice de turnover espontâ-

Tayana Carolina Maier


neo menor que 1%, A APM destaca a
foi a primeira a capacidade de fidelizar o profissional

ser atingida com por longos períodos. “Os resultados


das pesquisas anuais de engajamento
a modernização nos colocam na posição de melhores
práticas globais, com índices de 90%
portuária em média quando o assunto é orgu-
lho de pertencer e recomendação da
empresa”, comemora. A multinacional
oferece oportunidades de carreira em
todo o mundo e, constantemente, as
que afeta as grandes organizações”, unidades do Brasil fornecem talentos
destaca a administração do terminal. e especialistas para atuação em outros
O Porto enxerga bons profissionais no países.
mercado e destaca que a crise não tem Assim como o setor portuário tem
impedido novos recordes e bons resul- passado por uma profunda mudança,
tados no setor como um todo. é consenso que os seus gestores tam-
A administração do Porto Itapoá re- bém precisam se transformar. A APM
e pensamento estratégico. A multina- aliza parcerias para qualificação pro- Terminals procura valorizar líderes
cional também desenvolve programas fissional e para condução do próprio que, além da capacidade técnica, te-
para formação de líderes desenvolvidos planejamento da companhia. A em- nham habilidades de gestão e visão sis-
em âmbito global, além de treinamen- presa investe em treinamento e desen- têmica do negócio. “Pensamos em lon-
tos técnicos e específicos para o aten- volvimento desde o nível de assisten- go prazo e, por isso, o desenvolvimento
dimento à necessidade de cada setor. tes até a alta diretoria: “Quanto mais dos nossos gestores é um dos focos de
A APM Terminals também tem par- capacitado este colaborador, melhor investimentos, independentemente das
cerias com a Marinha em todo o Brasil é o entendimento dele sobre as ques- dificuldades pelas quais o próprio seg-
para cursos técnicos, além de proxi- tões complexas que envolvem o dia a mento está passando”, afirma.
midade com instituições acadêmicas dia de um terminal portuário”. Um dos Os programas de treinamento tam-
e consultorias reconhecidas para o casos mais premiados do Terminal é o bém contribuíram para reduzir o tur-
desenvolvimento do quadro estratégi- programa “Facilitadores”, por meio do nover na Embraport, que entrou em
co da empresa, seja formado por ges- qual colaboradores sêniores da área operação em 2013. O gerente de pes-
tores maduros ou por líderes jovens. operacional conduzem o desenvolvi- soas e organização do terminal san-
“Queremos perpetuar bons resultados mento dos colegas juniores. tista, Lenilton Jordão, diz que hoje
e, por isso, tanto os tomadores de de- O projeto nasceu de uma necessi- não existe tanta competição entre os
cisão de hoje, quanto os do amanhã, dade de encontrar escolas técnicas na terminais em Santos porque cada em-
precisam estar adequadamente pre- região, para equipamentos específicos presa tem políticas específicas para
parados para enfrentarem os desafios do setor portuário. A administração motivar e engajar seus profissionais.
futuros”, projeta Rocha. do porto em Itapoá destaca que a ini- “Temos necessidade de reposição de
A TCP aposta em programas de es- ciativa de oferecer a oportunidade do profissional muito pequena porque
tágio e trainee que despertam interes- conhecimento compartilhado desen- conseguimos reter os profissionais. Te-
se de estudantes e já revelaram três volve espírito de cooperação entre as mos política clara de gestão de pessoas
pessoas que hoje, com idades entre equipes, o que possibilita melhorias e programa de desenvolvimento forte.
23 e 27 anos, são gerentes do segundo no aspecto técnico e no desempenho Geramos oportunidade de crescimen-
escalão da empresa que saíram desses comportamental e integrativo. to”, enfatiza.
programas. Moraes e Silva diz que é Jordão diz que a Embraport prioriza
importante aliar a nova filosofia para O gerente da Talenses Rio de Janeiro o recrutamento interno e tem conse-
os que estão com oxigenação de quem vê o setor portuário como um em que guido promover um grande número
entra. “Esse processo nos ajudou a os profissionais possuem ciclos mais de profissionais. O terminal formou
chegar numa cultura meritocrática longos. Maranini lembra que o seg- sete novos líderes em 2016 e promo-
muito madura”, destaca. mento ficou com poucos investimen- veu cerca de 40 colaboradores. Em ou-
O Porto Itapoá apostou em progra- tos por muitos anos e que os aportes tubro, a Embraport foi eleita a quinta
mas voltados à saúde do colaborador, só foram retomados nos últimos 15 melhor empresa do país em gestão de
bem-estar da família e plano de car- anos. Esse intervalo gerou um déficit pessoas, em levantamento feito pelo
reira. “Conseguimos dar oportunida- de profissionais capacitados sendo jornal Valor Econômico em parceria
de para a população local e ao mesmo treinados para assumir posições de li- com Aon, uma das maiores consul-
tempo afastar o problema de turnover, derança. torias do mundo em gestão de riscos,
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 35
PORTOS E LOGÍSTICA

José Luiz Borges


benefícios e capital humano. A empre-
sa concorreu na categoria entre 501 e
1.000 pessoas.
No início das operações em Santos,
um programa de intercâmbio entre
terminais permitiu que integrantes
da Embraport fossem treinados na DP
World, no Peru. A empresa é uma das
acionistas da Embraport, juntamente
com a Odebrecht Transport. “O inter-
câmbio é interessante porque dentro
da empresa conseguimos fazer troca
de experiência de profissionais”, des-
taca Jordão. Em junho de 2016, a Em-
braport recebeu 20 profissionais de
Moçambique que fizeram treinamen-
to por dois meses para atuar num ter-
minal em implantação nesse país.
Jordão destaca que todos os líderes
da Embraport já participaram ou estão
participando de algum curso de espe-
cialização. Ele percebe que o perfil dos
gestores portuários vem mudando
nos últimos cinco a 10 anos. Uma das
transformações é a mudança do estilo
“chefão” por profissionais mais espe- Com a escassez reinventada para alguém que moni-
cializados e qualificados para poder
direcionar estratégias. de mão de obra tora todo fluxo de entrada e saída. “As
pessoas tiveram que se requalificar e
Ele reconhece que o Brasil ainda qualificada, a as empresas puderam acompanhar
tem escassez de gestores portuários, um pouco essa qualificação para que
mas ressalta que esse processo vem qualificação interna a empresa fosse mais competitiva”, ex-
mudando a passos largos. “Aquele lí-
der que não se qualificar vai ficar para
é opção plica Jordão. Com isso, a área de recur-
sos humanos passou a ter poder mais
trás porque o mercado está cada vez estratégico e ser envolvida na tomada
mais competitivo, e soluções de logís- de decisão. “O trabalhador precisa se
tica portuária estão vindo com mais reinventar dentro de uma nova reali-
investimentos”, comenta. dade. O papel e o perfil do profissional
Andre Monteiro portuário passam por uma remodela-
A modernização do setor portuário, ção”, acrescenta.
o cenário econômico atual e a com- O perfil do trabalhador portuário
petitividade fizeram com que termi- era daquele que conhecia exclusiva-
nais iniciassem renovação em suas mente a sua área e agora os terminais
estruturas organizacionais. Alguns geram oportunidades de crescimento
terminais não conseguiram acompa- e desenvolvimento. O profissional pre-
nhar essa mudança, alguns perderam cisa conhecer mais a atividade e pode
qualificação profissional e tiveram conhecer mais do que o terminal gera
que reestruturar essas equipes. Termi- de satisfação para o cliente. Isso gera
nais que trabalhavam exclusivamente competitividade interna. Reinventar
com contêiner e começaram a traba- capacidades técnicas e comportamen-
lhar com outros tipos de cargas e ati- tais farão dele um profissional diferen-
vidades buscaram profissionais que ciado daqui para a frente.
conhecem a operação como um todo A área de tecnologia da informação
— processos, equipamentos e tecnolo- (TI) ganhou notoriedade porque todos
gia empregada, como diferencial para LENILTON JORDÃO os processos precisam funcionar e es-
conquistar clientes. Temos necessidade de tão interligados. A TI pode criar solu-
O profissional de gate, por exem- reposição de profissional ções e diminuir custos com inovação.
plo, é uma função que precisou ser muito pequena “A evolução dos terminais atuais é um
36 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
Claus Lehmann
cado de trabalho competitivo. Além
de especialização constante, os pro-
fissionais precisam valorizar o clien-
te interno e externo e estar atentos
às oportunidades de carreira e para o
negócio da empresa. “Neste mundo as
ideias podem se tornar um diferencial
competitivo e o profissional que de-
monstrar essa vocação deve ser valo-
rizado”, descreve a administração do
Porto Itapoá.
Em Itapoá, o departamento res-
ponsável pelos recursos humanos se
chama Gestão e Desenvolvimento de
Pessoas. A empresa ressalta que ana-
lisa os profissionais como indivíduos
RODRIGO MARANINI
que têm anseios, ambições e neces-
Muitos gestores se viram
sidades e que estão na empresa para
desafiados a fazer mais por menos
contribuir de alguma forma com suas
capacidades intelectual e produtiva.
“Quando as pessoas se sentem valo-
rizadas e têm vontade de fazer a dife-
rença, todos ganham. Podemos atestar
que os resultados aparecem e até mes-
mo o controle é mais objetivo porque
prato cheio para quem trabalha com lhores e mais enxutos, assim como im- as relações tendem a ser transparentes
TI”, cita Jordão. plementação de novos serviços, focam e direcionadas à performance do indi-
Para Maranini, da Talenses, a pro- em se desenvolver nesse segmento e víduo e da organização”, destaca.
dutividade é a palavra da vez. “Muitos melhorar nesse quesito”, observa. A área de recursos humanos da
gestores, devido à redução de investi- Em operação há pouco mais de APM em nível global se empenha em
mento geral das empresas neste ano, cinco anos, Porto Itapoá teve inicial- conhecer com profundidade os negó-
se viram desafiados a fazer mais por mente dificuldades para fidelizar os cios e as operações do grupo. No Bra-
menos. Não foi diferente dentro do colaboradores. A empresa precisou in- sil, onde opera nos portos de Pecém
segmento portuário”, avalia Maranini. vestir em políticas de fidelização para (CE), Itajaí (SC) e Santos (SP), a APM
Ele explica que, se considerarmos o conquistar o interesse dos profissio- tem profissionais de RH atentos às
tamanho e o crescimento dos players nais. A partir do início das operações, tendências do mercado e à identifica-
que estão no mercado e os investi- o trabalho interno de desenvolvimen- ção dos perfis de pessoas com poten-
mentos que o segmento tem recebido to da mão de obra local acabou se tor- cial para elevar e otimizar o desempe-
e deve receber nos próximos anos, ha- nando diretriz da política de retenção nho operacional da empresa.
verá necessidade de profissionais bem de pessoas. Rocha, da APM Terminals, diz que
preparados e qualificados para assu- Na avaliação do Porto Itapoá, os no- a transformação depende de pesso-
mirem cargos desafiadores nos próxi- vos empreendimentos portuários que as com mentalidade inovadora, que
mos anos. estão sendo projetados se configuram pensem fora da caixa para propor
Outra tendência está nos profissio- como oportunidade, na qual a valori- soluções que tornem mais eficientes
nais de outros segmentos para assumir zação da gestão técnica é um fator im- os processos internos por meio da
um desafio dentro do porto, principal- portante no planejamento das organi- informatização ou ainda que impac-
mente nas áreas de apoio à operação. zações e dos investidores. Profissionais tem diretamente nas vendas a partir
A inteligência de negócios e o conhe- capazes de se destacar nos temas prio- de uma análise de dados e tendências
cimento da tecnologia a serviço dos ritários dos portos e dos terminais, que antecipe as necessidades do seu
portos também são dois pontos-chave como o desempenho em segurança, cliente. Ele acredita que os terminais
para os gestores de hoje e do futuro. a eficiência de processos, a produti- que conseguirem fazer essa transição,
Maranini identifica profissionais vidade operacional e o planejamento vão se destacar dos demais no curto
capacitados, alguns que cresceram no estratégico, encontrarão oportunida- prazo. “Esta forma de pensar exige
segmento e outros que vieram de ou- des para crescer e se desenvolver em investimento em programas corpora-
tro setor. “Existem muitas operações qualquer empresa do setor. tivos e, por parte dos colaboradores,
que, em busca de maior produtivida- Os desafios são os mesmos de qual- maturidade e vontade para a mudan-
de, implementação de processos me- quer profissional inserido num mer- ça”, avalia. n
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 37
PORTOS E LOGÍSTICA

Pronto para operar


Novo berço do Píer IV do Terminal da Ponta da Madeira
finaliza testes para integrar o projeto S11D

O
Vale/Divulgação
berço norte do Píer IV do
Terminal Marítimo de Pon-
ta da Madeira, da Vale, in-
tegrante do megaprojeto
S11D, ultrapassou mais uma fase de
testes e deve entrar em operação em
janeiro. Segundo o líder de projetos,
Jorge Candreva, durante um teste, em
72 horas foi realizado um carregamen-
to de 160 mil toneladas, em que foram
feitos todos os testes de desempenho de
carregadores, transportadores, equipa-
mentos de amarração e defensas. Com
a conclusão, o terminal terá sua capa-
cidade nominal aumentada para 230
milhões de toneladas por ano. Esse
patamar de produção, porém, não
será alcançado de imediato porque as
obras do porto dependem das demais
etapas do Projeto S11D.
As obras do terminal incluíram am-
pliações onshore e offshore, além da
O terminal terá a capacidade nominal
expansão do terminal ferroviário. No aumentada para 230 milhões de ton/ano
offshore, fez parte do projeto a cons-
trução do berço no Píer IV, o berço
norte, acrescido de um carregador de
navios, que replica o mesmo desenho
Eny Miranda
do já existente no berço sul. ficar que todo o sistema está pronto
Entre agosto e setembro deste ano, para entrar em operação", explica
foi realizada uma série de testes no Píer Candreva.
IV. Inicialmente, todos os equipamentos O S11D é o maior projeto da Vale e
são avaliados em vazio, sem carga de mi- tem capacidade de produção estimada
nério. Os testes abrangeram os sistemas de 90 milhões de toneladas de miné-
de atracação e amarração dos navios, as rio de ferro por ano. O custo da obra,
correias transportadoras de embarque e prevista para começar a operação co-
os carregadores de navios. mercial em janeiro, totaliza US$ 14,3
O teste funcional proporcionou a bilhões em investimentos. A inaugu-
avaliação precisa de todos os sistemas ração foi realizada no início de de-
de automação da rota do minério, des- zembro. O presidente da Vale, Murilo
de os pátios de estocagem, a linha de Ferreira, disse durante a cerimônia
embarque e o carregador de navio. "Os que a conclusão do S11D, no Pará, de-
MURILO FERREIRA
testes com carga envolveram três na- monstra a capacidade da companhia
Implantação de projeto de
vios de classe Capesize, utilizando os de implantar um dos maiores projetos
nível mundial mesmo em
dois carregadores de navios (CN-3 e da indústria de mineração mundial,
cenário de queda nos preços
CN-4) instalados no berço norte. Esta mesmo em um cenário de forte queda
etapa é fundamental para nos certi- nos preços do minério de ferro n
38 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
Herlon Rossdeutscher
outros destaques nas exportações fica- PDZ
ram por conta do gás natural (327.133
toneladas), frutas (184.751 toneladas) Porto do Rio de Janeiro
e plásticos (54.447 toneladas).
Já a cabotagem apresentou um au- tem novo plano
mento de 263% em comparação aos 11
meses de 2015. “Podemos atrelar este O Plano de Desenvolvimento e Zo-
crescimento, principalmente, ao de- neamento (PDZ) do Porto do Rio de
sembarque de minério de ferro e pro- Janeiro foi aprovado pelo Ministério
dutos siderúrgicos”, disse o diretor-pre- dos Transportes, Portos e Aviação Ci-
sidente da Cearáportos, Danilo Serpa. vil e substituirá o plano vigente desde
De acordo com ele, a expectativa é de 2009. O PDZ é o instrumento de pla-
que este ano o porto chegue a 11 mi- nejamento operacional da Adminis-
lhões de toneladas movimentadas. tração Portuária, que compatibiliza as
políticas de desenvolvimento urbano
Tecon Salvador dos municípios, estado e região onde
se localiza o porto. Ele visa ao estabe-
Importações sobem lecimento de ações e metas para a ex-
pansão racional e a otimização do uso
mais de 30% de áreas e instalações do porto, com
aderência ao Plano Nacional de Logís-
Porto cearense movimentou mais O Tecon Salvador, terminal de con- tica Portuária - PNLP e respectivo Pla-
50% de janeiro a novembro têineres administrado pelo Grupo Wil- no Mestre.
son Sons na capital baiana, registrou
Pecém um crescimento de 33,8% nas impor-
tações de novembro deste ano, em re-
Recorde de lação ao mesmo período do ano pas-
sado. Por mais um mês consecutivo, a
movimentação movimentação foi impulsionada pelo
setor de energia solar, que em novem-
A movimentação acumulada de bro representou 13% do volume total
janeiro a novembro no Porto do Pe- de cargas importadas que passaram
cém foi a maior desde o início de suas pelo terminal.
atividades. O total exportado e im- Desde janeiro, aproximadamente
portado foi de 9.887.849 toneladas, o sete mil TEUs em equipamentos para
que representa um aumento de 50% a montagem de parques fotovoltaicos
quando comparado ao mesmo perío- passaram pela unidade. Atualmente, o
do do ano passado. No que se refere a Tecon Salvador é o terminal que mais A verba incluída no Orçamento não
importações, o incremento foi de 42% movimenta esse tipo de carga no estará disponível automaticamente
(8.077.781 toneladas), enquanto as ex- Norte e no Nordeste. Outros segmen-
portações cresceram 102% (1.810.069 tos em destaque no período foram Areia Branca
toneladas). peças e equipamentos (+37%, China
Na navegação de longo curso, os e México), borracha (+20%, Europa e R$ 10 milhões para
principais destaques na importação China) e fertilizantes (+42%, Rússia
são o carvão mineral (3.789.030 tone- e Europa). No balanço geral, o Tecon manutenção
ladas), gás natural (757.373 toneladas), Salvador também apresentou bons
coque de petróleo (104.917 toneladas), números, com crescimento de 5,5% O Terminal Salineiro de Areia Bran-
produtos siderúrgicos (221.623 tone- no volume de cargas movimentadas ca contará em 2017 com R$ 10 milhões
ladas), adubos ou fertilizantes (41.731 no acumulado do ano, em relação a para obras de manutenção. A verba foi
toneladas), produtos diversos das in- 2015. Para o diretor executivo do ter- incluída no Orçamento via emenda
dústrias químicas (26.199 toneladas), minal, Demir Lourenço, as perspec- do senador José Agripino Maia (DEM-
plásticos e suas obras (23.196 tonela- tivas são boas. “A expectativa é fechar -RN). O valor de R$ 10 milhões inclu-
das). o ano em alta. A tendência é que a im- ído no orçamento para o porto-ilha
Nas exportações, foram movimen- portação de peças para a montagem ainda terá todo um trâmite regimental
tadas 427.016 toneladas de produtos de parques de energia solar continue e constitucional a ser percorrido e não
siderúrgicos. Desse total, 408.057 to- crescendo nos próximos meses”, afir- estará disponível imediatamente para
neladas foram de placas de aço. Os mou Lourenço. uso da Codern.
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 39
NAVEGAÇÃO

Pesquisa avançada
Navio hidroceanográfico ‘Vital de Oliveira’ realiza
primeira campanha na cadeia Vitória-Trindade

O navio, adquirido por meio de


acordo de cooperação firmado entre
o Ministério da Defesa/Marinha do
Brasil, o Ministério da Ciência, Tec-
nologia, Inovações e Comunicações
(MCTIC), a Petrobras e a Vale, foi in-
corporado à Marinha do Brasil em
março de 2015. Lançado ao mar em
setembro de 2014, o NPqHo Vital de
Oliveira serve como plataforma ma-
rítima, laboratório oceânico e labo-
ratório multiuso, empregado no mo-
nitoramento na caracterização física,
química, biológica, geológica e am-
biental de áreas oceânicas estraté-
gicas brasileiras. Para tanto, o navio
dispõe de 30 equipamentos científi-
cos que proporcionarão a capacidade

O A Comissão tem
Navio de Pesquisa Hidroce- de melhor conhecer as riquezas pre-
anográfico (NPqHo) Vital de sentes na Amazônia Azul.
Oliveira realiza a I Campa- objetivo de pesquisar e Características Principais: compri-
nha Hidrográfica na região mento - 78 metros; boca - 20 metros;
oceânica ao largo da costa sudeste produzir informações deslocamento máximo – 4,2 mil tone-
brasileira, que inclui Ilha Oceânica de ambientais ladas; calado máximo - 6,3 metros; au-
Trindade. A Diretoria de Hidrografia e tonomia - 30 dias; velocidade de cru-
Navegação (DHN), da Marinha do Bra- zeiro - 10 nós; velocidade máxima - 12
sil, apoia o Plano de Levantamento da nós; tripulação - 90 militares; e passa-
Plataforma Continental Brasileira (Le- geiros - 40 cientistas.
plac), que tem por objetivo estabele- Equipamentos Científicos: eco-
cer o limite da Plataforma Continental batímetros multifeixe (águas rasas e
além das 200 milhas náuticas da Zona Nessa Comissão embarcaram 30 profundas); ecobatímetro Monofeixe;
Econômica Exclusiva. pesquisadores da Universidade Fede- perfilador de subfundo; sonares de
A Comissão denominada de MC- ral Fluminense (UFF), da Universida- varredura lateral; perfiladores de cor-
TIC-Leplac/2016 tem o objetivo de de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), rente (ADCP); CTD/Rossette, U-CTD,
coletar dados ambientais (meteoroló- da Universidade Federal da Bahia XBT, perfilador contínuo de propaga-
gicos, oceanográficos e hidrográficos) (UFBA), da Universidade do Estado do ção da velocidade do som na água;
a fim de contribuir para a realização Rio de Janeiro (Uerj) e da Universidade veículo operado remotamente (ROV)
dos projetos de pesquisa aprovados de São Paulo (USP), que estudarão os até quatro mil metros; amostradores
pelo Ministro da Ciência, Tecnologia, processos de interação entre o oceano e testemunhador geológico; estação
Inovações e Comunicações (MCTIC), a e a atmosfera, visando aprofundar o meteorológica automática; medido-
produção de informações ambientais conhecimento sobre os ecossistemas res de ondas e correntes; gravímetro e
destinada à Segurança da Navegação marinhos, além de possíveis impactos magnetômetro; PCO2, plâncton e sali-
e o fornecimento de subsídios para o sofridos em decorrência das mudan- nômetro; e lanchas hidrográficas com
Leplac. ças climáticas. ecobatímetro multifeixe. n
40 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
Custos crescentes armadores reduzi-
ram os custos pelo
Operação mercante segundo ano con-
secutivo. A redução
subirá em 2017 média dos custos
operacionais totais
O custo de operação de navios dos navios entre as
mercantes caiu por dois anos conse- categorias abrangi-
cutivos, mas deverá crescer a partir das foi de 4,4%. Isso
de 2017, de acordo com o último re- após uma queda de
latório anual de custos operacionais e 1,5% em 2015. “O alcance de novas re-
previsões 2016/17 publicado pela con- duções significativas de custos é limi- Taxas de frete fracas e baixa
sultoria global de navegação Drewry. tado. Nossa opinião é que os custos vão lucratividade levaram os armadores
Segundo o documento, 2016 foi um subir em 2017 e depois, mas talvez em a reduzir os custos
ano muito difícil para a maioria dos níveis mais baixos do que o previsto”,
armadores e operadores. Taxas de frete comenta o editor do relatório, Nikhil “Embora a frota mundial seja relati-
fracas, declínio dos valores dos ativos, Jain. A consultoria antecipa aumentos vamente jovem, espera-se que os gas-
erosão da lucratividade e baixos saldos modestos nos custos de tripulação em tos com seguros de casco e máquinas
de caixa forçaram os armadores a re- conseqüência dos acordos salariais in- subam. A recente legislação relativa à
duzir os custos sempre que possível, ternacionais. O excesso de capacidade modernização dos sistemas de gestão
inclusive as despesas operacionais dos das seguradoras e a concorrência en- das águas de lastro levará a um au-
navios. tre os provedores de seguros ajudarão mento das despesas, pelo que é seguro
A avaliação da Drewry sobre os cus- a compensar o impacto do aumento assumir que as despesas com reparo e
tos operacionais de 2016 em 44 tipos dos valores dos ativos no mercado de manutenção subirão a taxas superio-
e tamanhos de navios mostra que os casco e seguros de máquinas. res à inflação”, acrescenta Jain.

Empresarial Segurança do Trabalho


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RADAC’S • CAI - Certificado de Aprovação de Instalação
• CIPA e Cursos Relativos
• PPRA - Programação de Prevenção de Riscos Ambientais
• PCA - Plano de Controle Ambiental
• PGR - Programa de Gerenciamento de Riscos
• PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário
Medicina do Trabalho • LTCAT - Laudo Técnico
• PCMAT - Programa de Controle do Meio Ambiente do
PCMSO
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional Trabalho
• Brigada de Incêndio - Formação e Treinamento
Exames Médicos para o Trabalho
• OS - Ordem de Serviço de Segurança
Admissional - Demissional - Periódico
Retorno ao Trabalho - Mudança de Função • Análise de Risco Ambiental (FEEMA / MTB)

Estruturação do Serviço de Medicina e


Segurança do Trabalho
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Todas as NR’S da Lei 6514 Portaria 3214
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NAVEGAÇÃO

A aplicação unilateral
do RCLE-EU na
navegação criaria
distorções no
mercado, gerando
disputas comerciais
com a China e outras
nações asiáticas

"O RCLE-EU [Regime Comunitário


de Licenças de Emissão da União Eu-
ropeia] tem sido um fracasso abjeto. A
sua aplicação unilateral de navegação
global criaria distorções no mercado,
gerando disputas comerciais com a
China e outras nações asiáticas, como
aconteceu quando a UE tentou, sem
sucesso, impor a sua ETS na aviação
internacional ", disse o diretor de Polí-
tica e Relações Externas do ICS, Simon
Bennett.
A posição da ICS é que, se os esta-
dos-membros da IMO tiverem de apli-

Transporte marítimo
car uma medida baseada no mercado
para a redução de CO2 ao transporte
marítimo internacional, então a prefe-

discute CO2
rência seria por uma taxa de combus-
tível global. A entidade dos armadores
diz que aceita a responsabilidade de
reduzir em 10% o CO2 com base nos
ICS trabalha para reverter votação do resultados alcançados pelo setor du-
rante o último período de cinco anos
Parlamento Europeu para mercado de contabilizados pela IMO (2007-2012).

carbono para transporte marítimo Mas afirma que, se a IMO decidir im-
plantar uma taxa de combustível, isso
exigiria o pleno apoio dos países em
desenvolvimento, que estão preocu-

A
associação global de arma- semanas após a IMO ter adotado um ro- pados com o impacto potencial sobre
dores International Chamber teiro abrangente de ação para o tema. o comércio e o desenvolvimento eco-
of Shipping (ICS) avalia que A ICS confia que os estados mem- nômico.
uma decisão unilateral da bros da IMO adotarão uma estratégia O ICS trabalha em colaboração com
União Europeia de incluir o transporte de redução de CO2 em 2018 que in- a Associação de Armadores da Comuni-
internacional no mercado de carbono cluirá metas ambiciosas de redução dade Europeia (ECSA) para persuadir o
regulado pelo mecanismo conhecido de CO2. A entidade diz que o comércio plenário do Parlamento Europeu, bem
como Emissions Trading System (ETS) de emissões foi desenvolvido princi- como os estados-membros da União
vai polarizar e impedir discussões sobre palmente para indústrias, tais como Europeia e a Comissão Europeia, a re-
medidas de redução de CO2 no âmbito de geração de energia, cimento e pro- jeitarem o relatório da Comissão de4
da Organização Marítima Internacional dução de aço, o que o torna completa- Ambiente. O plenário do Parlamento
(IMO). A Comissão do Ambiente do Par- mente inadequado para o transporte Europeu deverá votar o relatório da Co-
lamento Europeu votou pela inclusão internacional. missão no início de 2017. n
42 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 43
TRIBUNA

Convenção Internacional sobre


Água de Lastro sairá do papel
Com a entrada em vigor do novo acordo internacional
confirmada para 8 de setembro de 2017, espera-se uma
redução gradativa dos riscos de bioinvasão em áreas portuárias

Miguel Franco Frohlich*

O
uso da água de lastro para o con- em vigor do referido acordo, o que ocorrerá
trole do calado e da estabilidade em 8 de setembro de 2017. No Brasil, a inter-
de navios consiste em um proce- nalização dessa convenção no ordenamento
dimento de segurança operacional jurídico pátrio foi formalizada por meio do
adotado em algumas operações de embarque Decreto Legislativo n° 148/2010.
e desembarque de cargas. Contudo, tendo em Entre as medidas fixadas, os países signatá-
vista que tais atividades podem provocar im- rios do acordo deverão desenvolver políticas
pactos ambientais relacionados à introdução e programas nacionais relacionados ao ge-
de organismos aquáticos nocivos e agentes renciamento da água de lastro e envidar es-
patogênicos nos ecossistemas costeiros, faz- forços de cooperação entre si, inclusive para
-se necessária a observância pelas embarca- o desenvolvimento de pesquisas científicas.
ções de normas específicas de gerenciamento Além disso, diversas regras foram estabele-
da água de lastro. cidas para navios que utilizam água de lastro,
No plano internacional, o tema já vem as quais passarão a ser mandatórias gradu-
sendo intensamente debatido há décadas e almente, conforme o ano de construção e a
mereceu destaque na Convenção das Nações capacidade de lastro das embarcações. Sobre
Unidas sobre o Direito do Mar de 1982 e em esse ponto, convém mencionar que, durante
outros acordos internacionais posteriores. A a 70ª Reunião do MEPC/IMO, realizada entre
Organização Marítima Internacional (Inter- os dias 24 e 28 de outubro de 2016, um gran-
national Maritime Organization – IMO), por de impasse se formou em torno da data de
meio do seu Comitê de Proteção do Ambien- implementação da Regra D-2 (Norma de De-
te Marinho (Marine Environment Protection sempenho de Água de Lastro) da convenção,
Committee – MEPC), tem exercido um papel cuja verificação de conformidade está atrela-
de extrema relevância, por meio da edição de da à renovação do Certificado Internacional de
atos normativos, entre eles, a Resolução IMO Prevenção de Poluição por Óleo (International
n° A.868(20) – Diretrizes para o Controle e Ge- Oil Pollution Prevention – IOPP Certificate)
renciamento da Água de Lastro dos Navios dos navios. A reunião foi encerrada com duas
para Minimizar a Transferência de Organis- propostas na mesa, sendo que uma delas pode
mos Aquáticos Nocivos e Agentes Patogêni- acabar postergando a obrigatoriedade da refe-
cos, publicada em 1997. rida regra para 2024 no caso de algumas em-
No âmbito das negociações coordenadas barcações, o que acabou frustrando os países
pela IMO, foi adotada, em 13 de fevereiro de que desejam celeridade na implementação da
2004, a Convenção Internacional sobre Con- convenção. O assunto será novamente discu-
trole e Gestão da Água de Lastro e Sedimentos tido durante a 71ª Reunião do MEPC/IMO, a
de Navios. Com a adesão da Finlândia, ocorri- ser realizada em maio de 2017.
da em 8 de setembro de 2016, foram cumpri- No Brasil, a convenção específica sobre
dos os requisitos necessários para a entrada água de lastro vai se juntar ao marco regu-
44 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
TRIBUNA

latório já existente, fundamentado, princi- Um exemplo dessa potencial responsabi-


palmente, em um tripé de atos normativos: lização ambiental pode ser encontrado no
(i) a Lei Federal n° 9.966/2000; (ii) a NOR- Município de Angra dos Reis, Estado do Rio
MAM-20/2005 da Diretoria de Portos e Costas de Janeiro, onde o Ministério Público Federal
(DPC); e (iii) a Resolução n° 72/2009 da Dire- (MPF) ajuizou Ação Civil Pública contra órgãos
toria Colegiada da Agência Nacional de Vigi- ambientais e diversos empreendedores dos se-
lância Sanitária (ANVISA). tores naval e portuário em razão da presença
Além das normas aplicáveis aos navios que da espécie invasora denominada Tubastraea
utilizam água de lastro, muitos órgãos am- (Coral-Sol) na região da Baía da Ilha Grande.
bientais, incluindo o Instituto Brasileiro do De todo modo, é indispensável que a
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re- eventual atuação diligente dos empreende-
nováveis (IBAMA), vêm exigindo a implemen- dores seja sempre levada em consideração,
tação de Planos de Gerenciamento de Água de já que não apenas o meio ambiente e as co-
Lastro no âmbito do licenciamento ambiental munidades costeiras, como também as ins-
de portos organizados e terminais de uso pri- talações portuárias, são vítimas dos impac-
vado. Em geral, tais planos têm como objetivo tos causados pela introdução de organismos
o acompanhamento preventivo do cumpri- aquáticos nocivos e agentes patogênicos no
mento das normas sobre água de lastro pelas ambiente. Deve-se, portanto, buscar o geren-
embarcações que utilizam as instalações por- ciamento adequado da água de lastro pelos ar-
tuárias, além de ações de monitoramento de madores e demais responsáveis pela operação
espécies exóticas e patogênicas no ambiente. das embarcações, inclusive com a adaptação
Nesse sentido, é fundamental que o Pla- dos navios, de forma a permitir o tratamento
no de Gerenciamento de Água de Lastro seja desse tipo efluente. n
bem elaborado e executado pelas instalações
portuárias, a fim de evitar eventos de bioinva- *Sócio do Saes Advogados, escritório de advocacia especia-
são e, de forma potencial, a responsabilização lizado em Direito Ambiental. Graduado em Direito pela
pelos impactos gerados ao meio ambiente, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/
tendo em vista que, na esfera cível e em ma- RJ), possui Mestrado em Engenharia Ambiental pelo Pro-
téria ambiental, impera a teoria objetiva, que grama de Engenharia Ambiental (PEA) da Universidade
dispensa a comprovação de dolo ou culpa. Em Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Especialização em
princípio, a pessoa física ou jurídica respon- Meio Ambiente pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de
sável pela instalação portuária poderá ser en- Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE) da
quadrada na figura do “poluidor indireto”, nos UFRJ. Membro da Comissão de Direito Ambiental da
Ordem dos Advogados do Brasil - Seção do Estado do Rio
termos do artigo 3º, inciso IV, da Lei Federal n°
de Janeiro (OAB/RJ).
6.938/1981.

PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 45


CENÁRIOS

Encontrando o mercado
Ivan Leão*

O
s estaleiros e seus fornecedores Médio Prazo
procuram entender como será o Com ciclo médio de produção estão pre-
comportamento do mercado em vistas as construções de seis navios de apoio
2017. Quais os negócios que exis- marítimo para a Bram Offshore (Grupo Edson
tem. Quais as melhorias que ainda podem Chouest – Estaleiro Navship). E ainda a cons-
ocorrer. Onde pode piorar. trução de estaleiro de reparos para a Brasil
A estatística do Sinaval informa que em no- Basin Drydock, com prioridade de financia-
vembro pouco mais de 38 mil pessoas estavam mento no valor de R$ 2 bilhões, e a construção
empregadas nos estaleiros. As maiores perdas de estaleiro de reparos para navios de apoio
de postos de trabalho aconteceram no Nor- marítimo, no Porto do Açu, em São João da
deste e no Sudeste. O Sul e o Norte apresentam Barra (RJ), com prioridade de financiamento
queda mais suave. no valor de R$ 294,4 milhões para o Estaleiro
As prioridades de financiamentos aprova- Navship.
das no Conselho Diretor do Fundo da Marinha
Mercante, no segundo semestre de 2016, são Longo prazo
indicador das oportunidades de negócios, em A melhor notícia para o ano que se inicia é
curto, médio e longo prazos. Nem sempre as a esperança de que se torne realidade o con-
prioridades se transformam em aprovação de trato da South American Tankers Company
financiamentos nos bancos públicos, autori- Navegação (SATCO) para a construção de
zados a atuar como agentes repassadores de oito navios petroleiros para transporte de pro-
recursos do FMM. Mas é o melhor que temos. dutos e cinco petroleiros suezmax, com priori-
dades de financiamento aprovadas pelo FMM
Curto Prazo no valor total de R$ 5,5 bilhões. A construção
As obras com ciclo curto de realização são: está prevista para ser contratada com o Esta-
os reparos em 10 navios de apoio marítimo da leiro Atlântico Sul (EAS-PE).
CBO; 12 navios da Saveiros Camuyrano (Wil-
son, Sons), num valor total estimado de R$ 85 Segmento offshore
milhões; reparos em três navios de apoio ma- No segmento de construção de plataformas
rítimo para a Marlim Navegação. A construção de petróleo, construção e integração dos mó-
de rebocadores portuários, seis para a Saveiros dulos ao casco, a situação de queda de braço
Camuyrano e três para Camorim. Conversões em relação ao conteúdo local prossegue. Por
de PSV em RSV para a CBO e do Skandi Fla- decisão dos fornecedores internacionais, a en-
mengo de PSV3500 em OSRV3250 para a Mar- trega da proposta para afretamento da plata-
lim Navegação. forma FPSO Pioneiro de Libra foi adiada para
No segmento de navegação interior as obras data ainda incerta, em 2017. A Petrobras não
previstas no curto prazo são: Aliança Navega- esperava uma reação organizada das associa-
ção, construção de três barcaças; Internacio- ções empresariais no Movimento ProduzBra-
nal Marítima, construção de dois catamarãs sil, lançado no final de dezembro de 2016, para
para transporte de passageiros. É provável valorização do conteúdo local e preservação
que o setor de transporte fluvial assista a um dos investimentos. Fazem parte do Movimen-
aumento no volume de obras, no segundo tri- to ProduzBrasil: ABCE, Abemi, Abinee, Abi-
mestre de 2017, decorrente da demanda do maq, Abeam, AçoBrasil, FIEB, Fiemg, Fiergs,
Eixo Norte para escoamento de grãos por via Fiesc, Fiesp, Findes, Firjan e Sinaval.
fluvial. No segmento de transporte marítimo A batalha do conteúdo local segue para um
na costa brasileira (cabotagem) está prevista a novo evento, demonstrando que a última pala-
construção pela Agemar de um navio para su- vra neste assunto ainda não foi dada.
primento de combustíveis a Fernando de No-
ronha, no mar territorial de Pernambuco. *Diretor da Ivens Consult
46 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
CALENDÁRIO

BRASIL | 2017 Intermodal Asia First World Congress on Condition


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4 a 7 de abril - Rio de Janeiro (RJ) - <www. www.breakbulk.com
laadexpo.com> Abr
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Mai 3 a 5 de abril – Amsterdã, Holanda – <www. 5 a 8 de setembro - Aberdeen, UK - <www.
Ecobrasil – 13º Seminário Nacional sobre mcedd.com> offshore-europe.com.uk>
Indústria Marítima e Meio Ambiente
4 e 5 de maio – Tel: (21) 2283-1407 - <www. Europort Turkey Intermodal Expo
portosenavios.com.br/ecobrasil> 5 a 8 de abril – Tuzla, Turquia – <www. 17 a 19 de setembro – California, EUA – <www.
europort.nl> intermodal.org>
Expomafe – Ferramentaria e Automação
Industrial Breakbulk Russia NEVA 2017
8 a 12 de maio – São Paulo (SP) – <www. 18 a 20 de abril - Moscou, Russia - <www. 19 a 22 de setembro - São Petesburgo, Rússia
informagroup.com.br/expomafe> breakbulk.com> - www.neva2017.com

Coteq 2017 - Conferência sobre Tecnologia Breakbulk Europe Out


de Equipamentos 24 a 26 de abril – Antuérpia, Bélgica – <www. INMEX SMM India 2017
15 a 18 de maio - Rio de Janeiro (RJ) - Tel: (21) breakbulk.com> 3 a 5 de outubro – Mumbai, India – <www.
- www.coteq.org.br inmex-smm-india.com>
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CeMAT South America 25 a 27 de abril - Marina Bay Sands - Breakbulk Americas
16 a 19 de maio - São Paulo (SP) - Tel: (41) 3122- Singapura - www.sea-asia.com 17 a 19 de outubro - Houston, EUA - <www.
6700 - www.cemat-southamerica.com.br breakbulk.com>
Mai
Jun Offshore Technology Conference Nov
Brasil Offshore 1 a 4 de maio - Houston, EUA - <www.otcnet. Europort 2017
20 a 23 de junho – Macaé (RJ) - <www. org> 7 a 10 de novembro – Roterdã, Holanda –
brasiloffshore.com> www.europort.nl
Intermodal Operations & Maintenance
Ago Business Meeting Dez
Marintec South America 2017 2 a 4 de maio – Illinois, EUA - <www. Marintec China 2017
15 a 17 de agosto – Rio de Janeiro (RJ) - Tel: intermodal.org 5 a 8 de dezembro - Shanghai, China - <www.
(11) 4878-5911 - info@marintecsa.com.br - marintechina.com>
www.marintecsa.com Transport Logistic
9 a 12 de maio - Munique, Alemanha – <www. EXTERIOR | 2018
Out transportlogistic.de/en>
OTC Brasil Mar
24 a 26 de outubro – Rio de Janeiro (RJ) – Tugnology ’17 Interspill 2018
www.otcbrasil.org 23 e 24 de maio - Roterdã, Holanda - sales@ 13 a 15 de março – Londres, Inglaterra –
tugandosv.com - www.tugandosv.com www.interspill.com
EXTERIOR | 2017
Jan Nor Shipping 2017 Jun
LNG Bunkering Summit 2017 30 de maio a 2 de junho – Oslo, Noruega – Posidônia 2018
30 de janeiro a 1 de fevereiro - Amsterdã, www.messe.no/norshipping 4 a 8 de junho – Atenas, Grécia – <www.
Holanda - <www.lngbunkeringsummit.com> posidonia-events.com>
Jun
Mar Seawork 2017 - Commercial Marine Ago
Breakbulk China &Workboat Exhibition & Conference ONS 2018
13 a 16 de março - Shanghai, China - <www. 13 a 15 de junho - Southhampton, UK - 29 de agosto a 1º de setembro - Stavanger,
breakbulk.com> www.seawork.com Noruega - www.ons.no

PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 47


MURAL
Fotos 1 a 5 - Erica Modesto

1 2

3 4

5 6

7 8

Fotos 1 a 5 - Flashes da confraternização de final


9 10
de ano do Syndarma, no Rio de Janeiro;

Fotos 6 a 8: Cerimônia de batismo do FSV Baru


Taurus, armador Baru Offshore Brasil/Estaleiro
ETP. Foto 6 - Juan Carlos Pedroza (Baru Offshore
Brasil), Olga Mery Rodriguez Grajales (madrinha do
Baru Taurus) e Josuan Moraes Jr;

Fotos 9 e 10 - Cerimônia de entrega da medalha


Mérito Tamandaré, no I Distrito Naval, no Rio de
Janeiro: Foto 9 - Rosângela Vieira (Portos e Navios)
e Vice-Alte Armando de Senna Bittencourt, Foto
10 - Vice-Alte Celso Luiz Nazareth e Godofredo
Mendes Viana (Law Offices Kinkaid).

48 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017


PRODUTOS E SERVIÇOS

Qualificação tros: Setor, com pesos diferenciados


para cada segmento; Participação do
concretos de incubadoras já foram
levados aos estágios alfa ou beta, e
A empresa Micromazza realizou FI-FGTS no volume total de inves- alguns deles estão prestes a serem
ensaio de qualificação de válvula timento do projeto; Modalidade de lançados no mercado. Só nos dois
gaveta para aplicação criogênica. Os debênture, que pode ser incentivada próximos anos fiscais, a Voith deverá
ensaios foram conduzidos pela equi- ou não; Geração de empregos; Região investir cerca de € 100 milhões no de-
pe técnica da empresa e foram teste- do Investimento; Comprometimen- senvolvimento de produtos digitais.
munhados por empresa cliente White to do acionista com capital próprio; Todas as três tradicionais divisões
Martins - Praxair Inc. Os ensaios Outras fontes de longo prazo; e Nível do grupo contribuíram para o desem-
foram realizados conforme a norma de governança corporativa. penho positivo do grupo. Mas a Voith
BS 6364 - Specification for Valves for A expectativa é selecionar projetos Turbo enfrentou uma queda no nível
Cryogenic Service e Procedimento de todos os setores em que o FI- de pedidos recebidos e das vendas em
Micromazza. Foram ensaiados dois -FGTS possa investir (saneamento, um ambiente de mercado muito difí-
protótipos de válvulas do tipo gaveta aeroporto, hidrovia, ferrovia, por- cil: a demanda foi muito fraca devido
NPS 2” CL150 Série 610 com projeto to, rodovia e energia), respeitando à situação macroeconômica, especial-
específico para criogenia desenvolvi- o limite de recursos disponíveis, mente no segmento de petróleo e gás,
do pela engenharia Micromazza. bem como os dispositivos de seu mineração e siderurgia, bem como
A empresa Micromazza já havia regulamento. O foco desse primeiro no setor ferroviário, em particular, na
qualificado a válvula do tipo esfera processo estará em ativos de dívida, China. Fortalecida pelos programas
para criogenia em 12 de novembro de como debêntures, na modalidade de eficiência implementados em anos
2014 e atualmente com a qualificação Project Finance. recentes, o resultado líquido dessa
da válvula do tipo gaveta se torna apta Divisão apresentou um expressivo
a oferecer ao mercado opções para aumento de 25%.
serviços criogênicos nestes dois con- Voith Para o atual ano fiscal de 2016/17,
ceitos de válvulas: Gaveta e Esfera. Depois dos últimos anos marcados a Voith espera que as condições eco-
por atividades de realinhamento e nômicas globais permaneçam frágeis.
reestruturação, a Voith anuncia que No entanto, a empresa pretende
Projetos adequou sua base para crescimento prosseguir com seu próprio desenvol-
O Comitê de Investimentos do futuro. Nas três tradicionais divisões vimento positivo. No lado operacional
FI-FGTS aprovou, em reunião ordi- do Grupo (Voith Hydro, Voith Paper do negócio, o foco reside no cresci-
nária, novo modelo de seleção prévia e Voith Turbo). Uma importante pro- mento com lucratividade.
de projetos para posterior análise do motora do crescimento ao longo dos
Fundo durante o ano de 2017. O pro- próximos anos será a nova Divisão do
cesso de seleção, proposto pela Caixa, Grupo, a Voith Digital Solutions, que PRDW
administradora do Fundo, será feito foi lançada em 1º de abril de 2016. A empresa chilena PRDW-Con-
agora por meio de Edital de Chamada Com essa Divisão do Grupo, a Voith sulting Port and Coastal Engineers,
Pública. A iniciativa faz parte do con- assume três direções estratégicas: em importante empresa internacional
junto de medidas de aprimoramento primeiro lugar, complementando o com especialização em infraestrutura
que o banco e o Comitê estão desen- seu atual portfólio de produtos com costeira e portuária, anuncia suas
volvendo para potencializar a aplica- capacidades digitais que ofereçam atividades no Brasil, de onde passa a
ção dos recursos disponíveis e elevar aos clientes funções abrangentes e oferecer diretamente seus serviços. A
ainda mais a publicidade e a transpa- maior valor agregado; em segundo empresa incorporou a Logiserv - Con-
rência dos processos de investimento. lugar, desenvolvendo novas soluções sultoria e Logística, responsável por
O Edital de Chamada Pública digitais nos principais mercados tra- vários trabalhos de consultoria para
abordando as regras, normas, prazos, dicionais da empresa; e, em terceiro grandes projetos, como os de Porto de
documentos, critérios e todas as eta- lugar, desenvolvendo novos produtos Açu, Porto Central e Porto Norte, entre
pas do processo de seleção deverá ser e modelos de negócios para merca- outros. Seu procurador e executivo no
lançado na última semana de janeiro dos não atendidos pela Voith até o Brazil é Jose Luiz Canejo, profissional
de 2017. Os interessados terão um momento. de grande experiência no mercado
prazo de aproximadamente 45 dias As atividades agrupadas sob a portuário. Foi presidente da Compa-
para submeterem suas propostas para Divisão Voith Digital Solutions repre- nhia Docas do Espírito Santo e diretor
avaliação. sentam vendas de pouco menos de € de logística da Companhia Vale do Rio
Além das condições mínimas de 400 milhões já neste ano fiscal. Desse Doce.
habilitação, tais como estar em dia total, cerca de € 320 milhões são Com escritórios na África do Sul, no
com as obrigações trabalhistas e tri- gerados por clientes externos e cerca Chile, Austrália, EUA e Moçambique, a
butárias, os projetos serão avaliados de 1.500 colaboradores alocados em matriz brasileira da PRDW está insta-
de acordo com os seguintes parâme- mais de 60 países. Mais de 20 projetos lada em Vitória, no Espírito Santo.
PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017 49
PRODUTOS E SERVIÇOS

Rampa móvel ção do modal ferroviário; economia


no processo de armazenagem, já
Ligas
A Hamburg Süd é a grande ven- que os contêineres coletados antes Visando aumentar a participa-
cedora do XIV Prêmio Abralog de da abertura do gate têm um transit ção no mercado externo e interno, a
Logística na categoria “Multimoda- time maior na ferrovia para chegar Termomecanica apostou no desenvol-
lidade em Logística”, com o trabalho ao porto. vimento de novas ligas, que atendem
“Utilização de rampa móvel para às demandas das indústrias naval,
carregamentos de contêineres”, automobilística, aeronáutica, entre
desenvolvido para a Duratex, cliente AZ Armaturen outras. As cinco novas ligas de alto
da cabotagem da Aliança e de longo Para enfrentar a crise econômi- desempenho desenvolvidas pela área
curso da Hamburg Süd. O projeto foi ca que afeta o país, conquistar novos de P&D da TM empregam elevada
desenvolvido para a Duratex visan- clientes e aumentar a participação tecnologia e aprofundados estudos
do à estufagem de contêineres para no mercado, a fabricante de válvulas técnicos, pois foram utilizadas as
exportação diretamente na fábrica. especiais AZ Armaturen do Brasil referências de normas internacionais
No modelo anterior, como o cliente investiu nos últimos anos mais de R$ para combinar o cobre ao níquel,
não tinha docas de carregamento, 10 milhões em maquinário e em uma fósforo ou outros elementos especiais.
as cargas eram retiradas das plantas unidade de microfundição própria. O mercado alvo dessa nova oferta será
industriais em carretas siders, levadas As aquisições levaram à ampliação do a América do Norte, especialmente os
para um terminal externo e estufa- parque fabril da companhia em Itatiba Estados Unidos. Atualmente, cerca de
das nos contêineres para exportação, (SP), ao lançamento de novos produ- 15% do faturamento em toneladas da
gerando dependência exclusiva do tos e serviços e à abertura de unidades companhia é proveniente das expor-
transporte rodoviário. na América do Sul. Com essas inicia- tações, e a expectativa é de que essa
Antes da implementação, a Ham- tivas, a companhia conseguiu aumen- nova oferta, por seu grande potencial
burg Süd negociou com o cliente um tar o ritmo de atividades, bem como de consumo, incremente essa partici-
teste piloto na fábrica, onde o arma- conquistar e manter clientes em busca pação.
dor disponibilizou uma empilhadeira de soluções capazes de garantir maior De acordo com Luiz Henrique
com capacidade de movimentação de competitividade no mercado. Caveagna, diretor de operações indus-
4,5 toneladas, uma rampa móvel com Entre outras melhorias, os investi- triais da Termomecanica, os crescen-
capacidade de peso de até 12 tonela- mentos da AZ Armaturen levaram à tes investimentos em tecnologia de
das, além de uma equipe com quatro readequação de projetos e à constru- produção e em P&D, realizados pela
pessoas para treinamento dos fun- ção dos novos modelos de válvulas TM nos últimos cinco anos, foram
cionários da Duratex sobre peação da produzidas em seu moderno parque cruciais para o desenvolvimento das
carga nos contêineres. Após o teste, fabril; ao início da prestação de servi- novas ligas. Além disso, o conheci-
as responsabilidades foram dividi- ços de fundição ao mercado; e ao lan- mento teórico e técnico, assim como
das: a Duratex providenciou a empi- çamento pioneiro no país de válvulas a aplicação de processos metalúrgicos
lhadeira e a equipe para estufagem, macho com certificação SIL (Safety In- e de técnicas produtivas não conven-
enquanto a Hamburg Sud adquiriu a tegrity Level), o que atesta as melhores cionais foram importantes para que o
rampa móvel para assumir a opera- práticas de engenharia e segurança ao resultado final fosse atingido. “Ligas
ção no modelo apresentado. longo do projeto e da vida dos produtos. de alto desempenho como essas de-
“O trabalho realizado com a A empresa também expandiu a atuação mandam controles rígidos das veloci-
Duratex mostra que uma solução com a abertura de unidades no Peru e dades de aquecimento, conformação
simples, com pouco investimento no Chile, ampliando a clientela na Amé- e resfriamento, bem como controles
e quebra de barreiras iniciais, pode rica Latina. dimensionais especiais. Os modernos
gerar resultados muito satisfatórios”, Filial da alemã AZ Armaturen – que há equipamentos de laboratório, associa-
afirma Fernando Camargo, gerente mais de 50 anos fornece para as maiores dos à competência técnica dos nossos
de Intermodal da Hamburg Süd. empresas do mundo válvulas especiais profissionais e ao know-how da TM
Com a utilização de rampa móvel, os de alta performance – a AZ Armaturen do garantem a eficiência e a qualidade
principais benefícios para o cliente Brasil está no país há 21 anos e atende a dos novos produtos”, explica.
foram: menor custo operacional; companhias dos mais diversos segmen- Por serem mais resistentes ao
menor risco de avarias da merca- tos, entre eles químico, petroquímico, desgaste e à corrosão, conterem
doria; diminuição das etapas do de papel e celulose, petróleo e gás, side- propriedades mecânicas elevadas e
processo e agilidade na estufagem rúrgico, mineração e alimentício. A em- pela facilidade de serem conformadas
dos contêineres; possibilidade de presa mantém engenharia de projetos e usinadas, as novas ligas atendem
inclusão do modal ferroviário, com no Brasil, o que favorece o dimensio- perfeitamente aos requisitos de qua-
redução de emissão de CO2; criação namento e a customização de válvulas lidade exigidos pelo mercado externo
de mais uma opção de escoamento macho de acordo com as necessidades e pelos setores automobilístico, naval,
da carga para Santos com a utiliza- específicas das indústrias locais. aeronáutico, entre outros.
50 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2017
15a17 Agosto2017
13h às 20h
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14ª edição Rio de Janeiro • RJ • Brasil

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