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Jair Bolsonaro quer armar o povo para evitar um golpe de estado.

Foi seu último argumento


para a ideia fixa de tentar passar, na marra se possível, mudanças inconstitucionais no tocante
a porte e posse de armas de fogo. Não deu. O Senado sepultou o intento, com folgada
margem. A Comissão de Constituição e Justiça também já havia aplicado uma acachapante
derrota ao plano presidencial nesse sentido, elaborando até parecer contrário. O Supremo
Tribunal Federal era outra esfera preparada a derrubar o desvio de norma se ele fosse além
das linhas de controle legislativas. E, não menos importante, a própria população, em pesquisa
recente do Ibope, tinha voltado a reiterar, pela enésima vez, que era majoritariamente contra:
73% dos pesquisados disseram “não” ao porte e 61% rejeitaram o afrouxamento das regras de
posse previstas no Estatuto do Desarmamento de 2003. O decreto feria a lei nas duas frentes e
exorbitava prerrogativas presidenciais. Lição de moral, deveras repetida, novamente em teste
na teimosia intrínseca do mito: um mandatário pode muito, mas não pode tudo. Concluída a
etapa de desaprovações, desponta a questão do golpe que, teoricamente, pelas maquinações
cerebrais de Messias, estaria em vias de acontecer. Ou ao menos seguiria como pesadelo
recorrente, já que parece lhe atormentar diuturnamente, mais do que a qualquer um. Como se
daria e por intermédio de quem a tal tentativa de deposição do recém-eleito? Talvez, na
elucubração mais frequente e previsível de sua ala de pensamento, caberia à esquerda dos
“comunistinhas” tal feito. Com base em que Bolsonaro enxerga algum ambiente para um
golpe? Empunhando a bandeira de uma destituição iminente pelas vias da tomada ilegal do
Planalto parece trafegar na mesma trilha de delírios conspiratórios que o PT seguiu
recentemente. Aos fatos, decerto irrefutáveis: Esquerda não tem como dar golpe, como
também não foi alvo de um lá atrás – em que pese a insinuação ignara de que forças da
oposição sabotaram a gestão da “mãe do PAC”. Todos sabem: Dilma Rousseff caiu por
impeachment, no bojo das pedaladas fiscais comprovadamente demonstradas. No revival de
teorias obsessivas caberia perguntar: e onde estariam os militares caso confirmado mais
adiante um episódio profano dessa natureza? Ou as forças armadas não seriam suficientes
para dar suporte bélico ao comandante do País? Seria preciso a população armada para lutar
em trincheira – tais quais cidades invadidas e ocupadas por inimigos a exemplo da Paris da
Segunda Grande Guerra – para dar conta do recado? E aí mais uma indagação nessa pândega
de dúvidas: armando a população, não se estaria permitindo, também, equipar os
“comunistas” com munição para a batalha do “bem contra o mal”? Bolsonaro resolveria esse
dilema de qual forma? Com um novo decreto, limitando a compra, porte e uso a quem,
comprovadamente, demonstrasse posição ideológica de direita, como a sua? Esse tipo de
tergiversação bolsonarista do golpe para fazer valer um objetivo serve tão somente a inflamar
o clima de racha que já paralisa o País. Ao defender de maneira equivocada a população
armada para uma batalha de poder ele flerta com a barbárie – além de tentar transferir ao
cidadão comum a responsabilidade de garantia da própria segurança, dever inarredável do
Estado. Lá atrás, o líder venezuelano Hugo Chávez defendeu a mesma fórmula para depois
instalar uma ditadura desumana e sangrenta. O viés autoritário viceja com forte presença em
governantes que pregam fuzis, revólveres e espingardas nas mãos das pessoas para conflitos
imaginários. Nenhum chefe de Nação que se preze pode estimular o surgimento de milícias
paraestatais. E com essa insinuação descabida do golpe foi exatamente o que Bolsonaro
acabou por encorajar. Que as alegações sejam sólidas. Que os projetos tenham fundamento
concreto. Que os planos estejam amparados no desejo da maioria da população. Não se pode
mais seguir com uma pauta de prioridades descolada do interesse geral, perdida em
amenidades ou em desejos pessoais e de patotas. Dias atrás se tomou como nova bandeira a
revisão das chamadas tomadas de três pinos. A sandice foi adotada lá atrás. Casas, prédios
residenciais e comerciais, usuários de diversas matizes foram obrigados a adotar a troca do
sistema, com os custos decorrentes da inevitável mudança. Agora o capitão reformado deseja
voltar atrás. Mudar de novo. Quem pagaria o preço da reviravolta seria, mais uma vez, o
desavisado consumidor, jogado de um lado ao outro nas esquisitices de seus sucessivos
governantes. Em um País com 13,4 milhões de desempregados, economia em queda e
problemas de monta, o mandatário escolhe tratar da abolição das cadeirinhas de crianças nos
carros, defender motoristas infratores, acabar com o horário de verão, eliminar radares das
estradas e… rever a tomada de três pinos. Sem contar a compulsão para guerras com inimigos
fictícios, enxergando comunistas até debaixo da cama. O golpe, no entender dessa vertente
fantasiosa, anda a espreita. Só se for mesmo o golpe de abstinência cerebral. Já passa da hora
de o chefe da Nação tratar do que realmente interessa e que tem sido reclamado pelos mais
de 200 milhões de brasileiros sob seu comando. Sem armas, sem guerras, sem divisões.

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