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BRAUDEL, Fernand. História e ciências sociais, a longa duração.

A longa duração

 Há uma crise geral das ciências do homem: todas elas se encontram esmagadas
pelos próprios progresso. [...] Todas elas se preocupam com o próprio lugar no
conjunto monstruoso das antigas e recentes investigações, cuja necessária
convergência se vislumbra. (p. 7)
 As ciências humanas, na época e de acordo com Braudel, preocupavam-se
excessivamente em definir objetivos, métodos e superioridades, estabelecendo
lutas de fronteiras entre si. (p. 8)
 Há matérias que sonham em manter antigos domínios ou voltar-se a estes.
Outros, porém, arriscam um reagrupamento, como a Antropologia Estrutural de
Lévi-Strauss – antropologia, linguística, história inconsciente e matemática
qualitativa ou estatística.
 Cada uma pretende captar o social na sua totalidade; cada uma delas se
intromete no terreno das suas vizinhas, na crença de permanecer no próprio. [...]
apesar das reticências, das oposições e das tranquilas ignorâncias, vai-se
esboçando a instalação de um mercado comum. (p. 9)
 Braudel deseja uma reunião completa das ciências do homem, sem que se
menospreze a mais antiga em proveito das mais jovens. (p. 10)
 Crise da História: duração social. Tempos múltiplos e contraditórios da vida
dos homens que são não só substâncias do passado, mas também a matéria da
vida social e atual. (p. 10)
 Braudel define a importância da História como pautada na dialética da
duração: o valor do tempo longo. Oposição entre instante e o tempo lento no
decorrer (evento x estrutura), indispensável para consciência da pluralidade do
tempo social numa metodologia comum das ciências do homem (p. 10 / 11)

1. História e duração

 Todo o trabalho histórico decompõe o tempo passado e escolhe as suas


realidades cronológicas, segundo preferências e exclusões mais ou menos
conscientes. (p. 11)
 A história tradicional, ou, episódica (évenementielle) trabalhava com o tempo
breve, centrada no indivíduo e no acontecimento, também é o tempo do
jornalista, do cronista. A nova história econômica e social baseia-se na
conjuntura, em amplas seções como dez, vinte ou cinquenta anos, buscando
oscilações cíclicas. Já a história de longa duração pretende tratar de amplitudes
seculares, da estrutura. (p. 12)
 Contudo, o acontecimento não é exclusivo da curta duração. Pelo contrário,
apesar de momentâneo, pode ligar-se a uma cadeia de outros tantos eventos e
assim indicar transformações mais profundas e superiores ao seu tempo. Assim,
torna-se testemunha de causas e efeitos de movimentos complexos numa longa
duração. (p. 13) Porém, devemos fazer uma primeira aproximação do evento
tomando o cuidado em julgar o que é justo ou não lhe acrescentar.
 A história política não necessariamente é episódica, mas no século XIX esteve
muito focada nessa maneira, especialmente com o FORTE apego à
documentação escrita, acreditando-se que cada documento continha em si a
verdade absoluta. Porém, Braudel, afirma que nem sempre foi assim. Já havia
tendências à história de longa duração no séc. XVIII e princípios do XIX, assim
como souberam aproveitar Michelet, Ranke, Burckardt e Fustel mais tarde. (p.
16)
 A tendência à longa duração esteve presente também na história das instituições,
das religiões, das civilizações e da arqueologia. (p. 16)
 Braudel afirma que há não inteiramente uma ruptura com a história tradicional
do tempo breve. Este ainda está presente na história econômica em detrimento
da história política. Há, portanto, transformações metodológicas que, por
consequência, desenvolveu novos campos de interesse, como a história
quantitativa. (p. 16 / 17)
 Contudo, ainda há na economia medidas que exigem uma análise de tempo mais
ampla, ao menos conjuntural (cíclica e intercíclica) como curva de preços,
progressão demográfica, movimento dos salários, variação de taxa de lucro,
estudo d produção ou análise da circulação.
 Também é um dever da história conjuntural tratar das ciências, instituições
políticas, ferramentas mentais e da civilização, como integrantes da conjuntura
econômica e social.
 Entretanto, Braudel afirma que ainda há certo receio nas ciências humanas em
tratar da longa duração, pois estariam mais preocupadas em conciliar o tempo
breve com o conjuntural ou cíclico.
 Braudel explica que o termo estrutura, para os cientistas do social, diz respeito a
uma organização, coerência e relações fixas entre realidade e massas sociais
(Lévi-Strauss). Já para a história, estrutura significa uma certo agrupamento ou
arquitetura que o tempo demora a revelar e desgastar. A estrutura em termos de
história constitui, então, uma “prisão de longa duração”, à qual o homem e suas
experiências não consegue se emancipar. (p. 21) (se estamos vivenciando um
fenômeno de estrutura, não podemos ter certeza absoluta do que se trata até que
este movimento se interrompa ou mude novamente, num período posterior,
sendo analisado por outras gerações em seu conjunto)
 Braudel dá como exemplo de estudo de longa duração a obra Rabelais de Lucien
Febvre. (p. 22 /23)
 Há uma dificuldade em descobrir a longa duração no terreno da economia. (p.
24) Braudel usa, então, o exemplo do capitalismo na Europa Ocidental.
Desenvolvido por séculos, enquanto há permanências consideráveis no
capitalismo comercial, há também rupturas em sua análise que renovam
inteiramente esse sistema. (p. 26)
 Para mim, a história é a soma de todas as histórias possíveis: uma coleção de
ofícios e de pontos de vista, de ontem, de hoje e de amanhã. (p. 27) Braudel
demonstra um interesse até certo ponto poético pela inalcançável totalidade da
história.
 Todas as ciências do homem, incluindo a história, estão contaminadas umas
pelas outras. Falam ou podem falar o mesmo idioma. (p. 28)
 [...] para quem pretende captar o mundo, o problema é definir uma hierarquia
de forças, de correntes e de movimentos particulares, e, mais tarde
reconstituir uma constelação do conjunto. [...] distinguir entre movimentos
longos e impulsos breves. [...] fontes imediatas e aqueles na sua projeção de
uma tempo longínquo. (p. 28)

2. A controvérsia do tempo

 Braudel trata das rivalidades das ciências sociais com a história, como a
negação dos etnólogos em assumir o passado histórico em seus estudos
(etnografia do eterno presente), bem como a acusação da história ser uma
mera reconstrução empobrecida e simplificada da realidade. Porém, para o
autor, até mesmo a “fotografia sociológica” não passa de uma reconstrução.
 [...] a surpresa, a desorientação, o afastamento e a perspectiva são
igualmente necessários para compreender aquilo que nos rodeia tão de
perto. (p. 34)
 Frente o atual, o passado confere, da mesma maneira, perspectiva. [...] O
presente e o passado esclarecem-se mutualmente, com uma luz recíproca. (p.
34)
 Braudel acusa os etnólogos de iludirem-se ao tentar captar o mecanismo
social de uma sociedade tribal com pouquíssimo tempo de estudo, como um
curto inquérito por formulário. “O social é uma lebre muito mais esquiva”.
(p. 35)
 A história dialética da duração, não é, por acaso, à sua maneira, a explicação
do social em toda a sua realidade e, portanto, também do atual? (p. 37)

3. Comunicação e matemáticos sociais

 História inconsciente: domínio do tempo conjuntural ou estrutural, ao qual


podemos sentir em seu poder e impulso, mas não suas leis ou direção. “Os
homens fazem a história, mas ignoram que a fazem” (Marx).
 Modelos: hipóteses, sistemas de explicação que demonstra relações estreitas
e constantes. Varia de acordo com temperamento, cálculo ou objetivo:
simples ou complexo, qualitativo ou quantitativo, estáticos ou dinâmicos,
mecânicos ou estáticos.
 Braudel aponta a necessidade de incluir a longa duração nos modelos. O
modelo pode então percorrer séculos, com condições sociais precisas,
focalizando, entretanto, realidades mais precisas e estreitas.
 Da análise social, Braudel afirma ser possível passar para uma formulação
matemática. É preciso, então, preparar o social para a matemática social.
 O tratamento é escolher uma unidade restrita de observação (amostra),
estabelecer todas as relações possíveis entre os elementos distintos, às quais
resultarão em equações a serem trabalhadas pelos matemáticos sociais que,
por irão, extrairão um modelo que as resuma.
 Exemplo de modelo com Lévi-Strauss nas estruturas de parentesco: consiste
em ultrapassar a superfície da observação para atingir elementos
inconscientes ou pouco conscientes, reduzir esta realidade a elementos
menores, cujas relações possam ser analisadas, procurando enxergar
estruturas mais gerais. (tanto o próprio Lévi-Strauss quanto Braudel
acreditava que a partir desse método reintroduz-se a duração, chega-se do
mesmo modo na história)
 Braudel compara os modelos com navios. O naufrágio então é o momento
mais significativo. (quando encerra-se o modelo?)
 A pesquisa deve ser continuamente conduzida da realidade social ao modelo,
em seguida deste àquela e assim por diante. [...] O modelo é,
alternativamente, ensaio de explicação da estrutura, instrumento de
controle, de comparação, verificação da solidez e da própria vida de uma
estrutura dada.
 Todos os sistemas de parentesco perpetuam-se, porque não há vida humana
possível para além de uma certa taxa de consanguinidade, porque é preciso
que um pequeno grupo de homens, para viver, se abra ao mundo exterior: a
proibição do incesto é uma realidade de longa duração.
 Todo o valor das conclusões depende, pois, do valor da observação inicial,
da escolha que isola os elementos essenciais da realidade observada e
determina suas relações no seio desta realidade.
 Os modelos estatísticos (matemática tradicional) dirigem-se, pelo contrário,
a sociedades maiores e complexas. Mas uma vez estabelecidas as médias e as
relações possíveis, nada impediria, de acordo com Braudel, o recurso a
matemática qualitativa.

4. Tempo do historiador, tempo do sociólogo

 Segundo Braudel, os historiadores tem tendência a colocarem-se a margem


dos acontecimentos, para observá-los de longe, para melhor julgar e
desconfiar. Mas essas fugas não excluem por si o tempo da história, do
mundo.
 Não é a duração que é tal ponto de criação de nosso espírito, mas os
fragmentos dessa duração.
 Para o historiador, tudo começa, tudo acaba, pelo tempo, um tempo
matemático e demiurgo, do qual seria fácil escarnecer, tempo como exterior
aos homens [...]. O tempo social é simplesmente uma dimensão particular de
tal realidade que eu contemplo. [...] O tempo da história prestar-se-ia menos,
repito-o, ao duplo jogo ágil da sincronia e da diacronia: não permite imaginar
a vida como um mecanismo do qual se pode parar o movimento para dele
apresentar, a seu bel prazer, uma imagem móvel.
 Se a história é levada, por natureza, a prestar uma atenção privilegiada à
duração, a todos os movimentos entre os quais ela pode se decompor, a longa
duração nos parece, neste complexo, a linha mais útil para uma observação e
uma reflexão comum às ciências sociais.
 Ampulheta em dois sentidos: do acontecimento à estrutura, depois das
estruturasse modelos ao acontecimento.
 Braudel informa que Sartre critica os modelos marxistas em seus
esquematismos e insuficiências em nome do particular e individual; Braudel,
por outro lado, não criticaria os modelos, mas a utilização que se faz deles:
imobilizados em sua simplicidade dando-lhes valor de lei, de explicação
preliminar, automática, aplicável em todos os lugares, a todas as sociedade.
[...] modelo em estado puro, o modelo pelo modelo.
 Braudel discute ainda, especialmente para a geografia e ecologia, a redução
necessária de toda realidade social ao espaço que ela ocupa. Em lugar de
pensar em tempo e espaço, pensaria em espaço e realidade social.
 Por fim, Braudel retoma o apelo para que as ciências humanas tratem de
linhas comuns em seus modelos, às quais pensa na matematização, redução
ao espaço e longa duração, afim de orientar uma pesquisa coletiva e de
primeira convergência.

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