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Universidade Federal de Goiás - UFCAT

Curso: Ciências Sociais


Disciplina: Ciência Política III
Período: 3° Período 2019/1
Professor: Dr. Ailton Laurentino Caris Fagundes
Aluno: Antonio Domingos Dias

As Ideologias e suas Principais Características:


Ideologias & Políticas

Catalão

Junho – 2019
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Considerações Iniciais

O mundo social em que hoje vivemos é um mundo ideologicamente dividido, quer ao


nível de cada sociedade política. Esta divisão do mundo social em ideologias opostas é um
fato relativamente novo na História da Humanidade. Os indivíduos, os grupos, os povos, os
Estados lutaram sempre uns com os outros, entrando frequentemente em competição,
tensão e conflito. Lutaram pela riqueza, pelo poderio, pelo domínio das coisas e dos
homens. Lutaram também, muitas vezes, em nome das suas crenças. Mas quase nunca
lutaram, no passado, por uma determinada concepção da sociedade, do que ela é e do que
deve ser. Ora, os processos de competição, de tensão e de conflito ideológicos desenrolam-
se, precisamente, entre grupos portadores de distintas concepções acerca da sociedade e
do seu futuro. Que são, com efeito, as ideologias? Esta palavra tem sido, ao longo do
tempo, e é ainda hoje usada em muitos sentidos diferentes.
“Vivemos num mundo ideologicamente dividido. Importa,
por isso, entender o que as ideologias são, sob que formas se
apresentam, que funções exercem na sociedade, como se desenvolve
o seu conflito, como se explica a sua irrupção no nosso tempo, que
relações existem entre o surto ideológico e a evolução social.”
(Adérito Sedas Nunes).
As ideologias fornecem um quadro de referência que permite tornar a realidade
social inteligível. A recordação, a percepção e a interpretação dos fatos, das situações, dos
acontecimentos sociais processam-se através das ideologias, através dos esquemas
mentais e emocionais que as ideologias fornecem aos indivíduos. Indivíduos portadores de
distintas ideologias recordam, veem, interpretam, sentem de forma diferente os mesmos
fatos, as mesmas situações, os mesmos acontecimentos. As ideologias contribuem para
gerar, manter e reforçar a coesão dos grupos sociais onde se implantam. A comunidade de
ideias, de linguagem, de atitudes, de comportamentos em que a sua presença se traduz,
cria afinidades que são fatores adicionais de coesão e permitem, nomeadamente, a
diferenciação dos amigos e dos inimigos.
Ideologias, são meios de ação para conservar ou transformar as realidades sociais.
Traduzindo-se numa conformidade ou conjugação prática de atitudes, comportamentos,
reações, em círculos sociais, que permitem aos “líderes políticos” o lançamento de
movimentos coletivos e de grupos organizados, a mobilização para certos fins de amplas
massas humanas, o controle e orientação de determinadas ideias e comportamentos de
importantes setores da população.
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As Ideologias em Questão

Ideologia é um conjunto de ideias, convicções e princípios filosóficos, sociais e políticos que


caracterizam o pensamento de um indivíduo, grupo, movimento, época ou sociedade.
Uma ideologia estabelece valores e preferências de um grupo e inclui um programa de ação
para a execução dos objetivos definidos. O termo ideologia foi criado pelo filósofo Destutt
de Tracy, no final do século XVIII. Vivemos num mundo ideologicamente dividido. Importa,
por isso, entender o que as

“ideologias são, sob que formas se apresentam, que funções


exercem na sociedade, como se desenvolve o seu conflito, como se
explica a sua irrupção no nosso tempo, que relações existem entre o
surto ideológico e a evolução social.” (Nunes).

1) Ideologia Liberal Clássica e Neoliberal


Desde o século XVII, a ideologia do liberalismo tem sido a peça fundamental dos sistemas
sociais, econômicos e políticos ocidentais.
Essa ideologia nasceu através dos escritos do filósofo J ohn Locke e ficou ainda mais
famosa no século XVIII, depois que o filósofo e economista Adam Smith passou a defendê-
la.
As principais características da ideologia liberal clássica são:
• Plena fé nos direitos, liberdade e individualidade de cada indivíduo;
• Defende políticas e ações destinadas a proteger os valores sociais;
• Acredita que o Estado precisa ter menos controle sobre o indivíduo;
• Considera a livre concorrência, o livre comércio e a liberdade de escolha como os
três princípios básicos de uma sociedade livre e feliz e a chave para o progresso;
• Se opõe fortemente às ideologias de totalitarismo, do fascismo, nazismo e
comunismo, pois acredita que são ideias destrutivas que aniquilam a iniciativa
individual e de liberdade;
• Rejeita a ideia de controle total do Estado ou mesmo de controle excessivo do
Estado sobre o indivíduo.
, representando a Revolução Francesa
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Quadro Representando a Revolução Francesa

Pintura de Eugène Delacroix contexto no qual a ideologia


liberal clássica foi adotada e defendida.

2) Neoliberalismo
Após a globalização, a ideologia clássica se transformou no neoliberalismo. Conhecido por
ser produto da ideologia liberal clássica, o neoliberalismo surgiu durante a crise do petróleo,
em 1973, através das ideias do economista Milton Friedman. Assim como o liberalismo
clássico, essa nova versão da ideologia acredita que o Estado deve ter a menor
interferência possível no mercado de trabalho ou até mesmo na vida dos indivíduos. É
conhecida e também criticada por opositores, por defender a privatização de empresas
estatais e os princípios econômicos do capitalismo.
Na política, neoliberalismo é um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que
defende a não participação do estado na economia, onde deve haver total liberdade de
comércio, para garantir o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país.
Os autores neoliberalistas afirmam que o estado é o principal responsável por anomalias
no funcionamento do mercado livre, porque o seu grande tamanho e atividade constrangem
os agentes econômicos privados.
O neoliberalismo defende a pouca intervenção do governo no mercado de trabalho, a
política de privatização de empresas estatais, a livre circulação de capitais internacionais e
ênfase na globalização, a abertura da economia para a entrada de multinacionais, a adoção
de medidas contra o protecionismo econômico, a diminuição dos impostos e tributos
excessivos etc.
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3) Ideologia Fascista
O fascismo foi a ideologia política que dominou em muitos lugares da Europa central e
oriental entre 1919 e 1945. Além disso, angariou muitos adeptos na Europa ocidental, nos
Estados Unidos, na África do Sul, no Japão, na América Latina e no Oriente Médio.
O primeiro líder fascista da Europa foi Benito Mussolini. Mussolini criou o nome de seu
partido inspirado na palavra latina fasces, que se refere a um feixe de varas com um
machado em sua superfície, usado como símbolo da autoridade penal na Roma antiga.
As principais características da ideologia fascista são:
• Extremo nacionalismo militarista;
• Desprezo pela democracia eleitoral e a liberdade política e cultural;
• Crença na hierarquia social natural e o domínio das elites;
• Desejo por Volksgemeinschaft - expressão alemã traduzida por “comunidade do
povo” -, em que os interesses individuais seriam subordinados ao bem da nação.
A partir do final da década de 1940, muitos partidos e movimentos de orientação fascista
foram fundados na Europa, assim como na América Latina e na África do Sul.
Embora alguns grupos neofascistas europeus tenham atraído muitos seguidores,
especialmente na Itália e na França, nenhum foi tão influente quanto os principais partidos
fascistas do período entre guerras.

4) Ideologia Comunista
A ideologia do comunismo é o verdadeiro oposto da ideologia liberal. Baseada na filosofia
do marxismo, ela considera a igualdade entre os indivíduos mais importante que a liberdade
dos mesmos.
Sua origem se deu ainda na Grécia Antiga, com as ideias expostas pelo filósofo Platão.
Porém, os maiores precursores dessa ideologia são Karl Marx e Friedrich Engels,
conhecidos por embasarem o comunismo através de suas teorias e um dos livros mais
famosos: o Manifesto Comunista.
As principais características da ideologia comunista são:
• Defende a extinção da luta de classes e das propriedades privadas;
• Defende um regime político e econômico que proporcione igualdade e justiça social
entre os indivíduos;
• Acredita que o Estado é um instrumento de exploração nas mãos dos ricos, por isso
defende uma sociedade sem classes e Estado;
• Acredita que o sistema político e econômico deve ser controlado pelo proletariado;
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• Se opõe fortemente ao capitalismo junto com seu sistema de "democracia


burguesa";
• É contra o livre comércio e à competição aberta;
• Na esfera das relações internacionais, condena e rejeita as políticas e ações dos
Estados capitalistas.

5) Ideologia Democrática
A ideologia democrática surgiu no fim do século XIX, dentro do movimento do proletariado,
como uma variação da ideologia socialista.
O partido social democrata surgiu na tentativa de dosar os excessos do capitalismo com
políticas de inspiração socialista.
Essa ideologia foi implantada especialmente na Europa, depois da II Guerra Mundial.
As principais características da Ideologia Democrática são:
• Defende a garantia da igualdade de oportunidades a partir de políticas sociais, sem,
no entanto, acabar com a propriedade privada;
• Acredita que o Estado possa intervir na economia para corrigir desigualdades
produzidas pelo livre-mercado;
• Almeja o bem-estar social sem revolução socialista e sem abrir mão do capitalismo;
• Seus principais valores são igualdade e liberdade;
• Defende que o Estado garanta um padrão mínimo de vida, como uma rede de
segurança para os indivíduos.
Hoje, a ideologia democrática compete com o liberalismo como principal ideologia nos
países democráticos.
Países como a França, Alemanha e os países nórdicos favorecem a ideologia social-
democracia, enquanto Reino Unido e Estados Unidos favorecem o liberalismo.

6) Ideologia Capitalista
O capitalismo é um sistema econômico em que as entidades privadas possuem os fatores
de produção. Os quatro fatores são empreendedorismo, bens de capital, recursos naturais
e trabalho.
Os donos de bens de capital, recursos naturais e empreendedorismo exercem controle
através de suas empresas.
As principais características da ideologia capitalista são:
• O Estado intervém pouco no mercado de trabalho;
• O trabalhador é assalariado;
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• Os proprietários controlam os fatores de produção e obtêm sua renda de sua própria


propriedade;
• Exige uma economia de mercado livre para ter sucesso e distribui bens e serviços
de acordo com as leis de oferta e demanda;
• Há divisão de classes sociais;
• A propriedade privada predomina;
• Teoria da Mais-Valia: termo cunhado pelo autor Karl Marx, a Mais-valia diz sobre o
grande abismo econômico causado pelo capitalismo, que gera a desigualdade social
entre empregadores e empregados.

7) Ideologia Conservadora
O conservadorismo nasceu ainda no século XVI, porém ficou conhecido após a Revolução
Francesa, quando o irlandês Edmund Burke, pai do conservadorismo, argumentou com
veemência contra as ideologias e teorias da revolução.
As ideias de base do conservadorismo são a preservação dos princípios e valores das
instituições sociais, como a igreja, família e comunidade, além do desenvolvimento honrado
dos indivíduos.
As principais características da ideologia conservadora são:
• Os valores: liberdade política e econômica e ordem social e moral;
• É fundamentado na doutrina cristã e tem na religião a sua base;
• Acredita que apenas o sistema político-jurídico garante a igualdade necessária entre
as pessoas;
• Acredita na meritocracia, onde a desigualdade social é consequência das diferenças
entre os indivíduos e seus esforços;
• Acredita que qualquer mudança deve ser leve e gradual.

8) Ideologia Anarquista
A ideologia anarquista surgiu na metade do século XIX, após a Segunda Revolução
Industrial. O teórico Pierre-Joseph Proudhon e o filósofo russo Mikhail Bakunin são
considerados os seus maiores idealizadores.
Uma das maiores curiosidades dessa ideologia e que já deixa claro seu posicionamento
político e social, é a origem da palavra. Anarquismo originou-se da palavra grega anarkhia,
que significa "sem governo".
As principais características da ideologia anarquista são:
• Estabelecimento de uma sociedade sem classes, formada por livres e iguais;
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• Condena a existência da polícia e forças armadas;


• Acredita que os partidos políticos devem ser extintos;
• Defendem uma sociedade baseada na liberdade total, porém responsável;
• É contra qualquer tipo de dominação, seja ela religiosa, econômica, política ou social;
• É a favor da igualdade, seja ela de raça, gênero, político, econômico e social;
• Não acredita que o Estado deva ser extinto, mas luta para que ele não represente a
vontade do povo.
Os adeptos da ideologia anarquista buscam uma revolução social, que seja feita
principalmente pelos trabalhadores que sintam dominados e oprimidos por algum tipo de
autoridade.

9) Ideologia Nacionalista
É uma ideologia baseada na premissa de que a lealdade e a devoção do indivíduo ao
Estado-nação superam outros interesses, sejam eles individuais ou de grupo.
As principais características do nacionalismo são:
• Enaltece o país, sua cultura, história e povo;
• Os interesses da nação estão acima dos interesses do indivíduo;
• Defende a cultura de pertencimento e a identificação com a pátria;
• Acredita na preservação da nação e no cuidado das fronteiras do país;
• Manutenção da língua nativa e das manifestações culturais.
No Brasil, o movimento nacionalista ficou conhecido pelos slogans "Brasil, ame-o ou deixe-
o" e "Quem não vive para servir ao Brasil, não serve para viver no Brasil", ambos criados
durante a ditadura militar de 1964.

10) Ideologia do Liberalismo John Locke. Proeminente do Liberalismo.


Considerado um dos mais importantes pensadores da doutrina liberal, John Locke nasceu
em 1632, na cidade de Wrington, Somerset, região sudoeste da Inglaterra. Era filho de um
pequeno proprietário de terras que serviu como capitão da cavalaria do Exército
Parlamentar. Mesmo tendo origem humilde, seus pais tiveram a preocupação de dar ao
jovem Locke uma rica formação educacional que o levou ao ingresso na academia científica
da Sociedade Real de Londres.
Antes desse período de estudos na Sociedade Real, Locke já havia feito vários cursos e
frequentado matérias que o colocaram em contato com diversas áreas ligadas às Ciências
Humanas. Refletindo a possibilidade de integração dos saberes, o jovem inglês nutriu
durante toda a sua vida um árduo interesse por áreas distintas do conhecimento humano.
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Apesar de todo esse perfil delineado, não podemos sugerir que Locke sempre teve
tendências de faceta liberal.
Quando começou a se interessar por assuntos políticos, Locke inicialmente defendeu a
necessidade de uma estrutura de governo centralizada que impedisse a desordem no
interior da sociedade. Sua visão conservadora e autoritária se estendia também ao campo
da religiosidade, no momento em que ele acreditava que o monarca deveria interferir nas
opções religiosas de seus súditos. Contudo, seu interesse pelo campo da filosofia modificou
paulatinamente suas opiniões.
Um dos pontos fundamentais de seu pensamento político se transformou sensivelmente
quando o intelectual passou a questionar a legitimidade do direito divino dos reis. A obra
que essencialmente trata desse assunto é intitulada “Dois Tratados sobre o Governo” e foi
publicada nos finais do século XVII. Em suas concepções, Locke defendia o
estabelecimento de práticas políticas que não fossem contra as leis naturais do mundo.
Além disso, esse proeminente pensador observou muitos de seus interesses no campo
político serem tematizados no interior de seu país quando presenciou importantes
acontecimentos referentes à Revolução Inglesa. Em sua visão, um poder que não
garantisse o direito à propriedade e à proteção da vida não poderia ter meios de legitimar
o seu exercício. Ainda sob tal aspecto, afirmou claramente que um governo que não
respeitasse esses direitos deveria ser legitimamente deposto pela população.
No que se refere à propriedade, Locke se utiliza de argumentos de ordem teológica para
defender a sua própria existência. Segundo ele, o mundo e o homem são frutos do trabalho
divino e, por isso, devem ser vistos como sua propriedade. Da mesma forma, toda riqueza
que o homem fosse capaz de obter por meio de seu esforço individual deveriam ser,
naturalmente, de sua propriedade.
Interessado em refletir sobre o processo de obtenção do conhecimento e a importância da
educação para o indivíduo, Locke foi claro defensor do poder transformador das instituições
de ensino. De acordo com seus ensaios, o homem nascia sem dominar nenhuma forma de
conhecimento e, somente com o passar dos anos, teria a capacidade de acumulá-lo. A
partir dessa premissa é que o autor britânico acreditava que as mazelas eram socialmente
produzidas e poderiam ser superadas pelo homem.
O reconhecimento do legado de Locke ocorreu quando ele ainda era vivo. Durante a vida,
teve a oportunidade de ocupar importantes cargos administrativos e exerceu funções d e
caráter diplomático. Na Inglaterra, chegou a ocupar o cargo de membro do Parlamento e
defendeu o direito dessa instituição indicar os ministros que viessem a compor o Estado.
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Respeitado por vários outros representantes do pensamento liberal, John Locke faleceu em
1704, na cidade de Oates, Inglaterra.

11) Ideologia Conservadorista Edmund Burke


Famoso político inglês do século XVIII, Burke já era bem conhecido quando escreveu as
suas Reflexões sobre a Revolução em França, publicadas em novembro de 1790.
Escolhido em 1765 para secretário privado de um dos dirigentes do partido Whig no
Parlamento britânico, escreveu em 1770 um panfleto - Pensamentos sobre a Causa do
Atual Descontentamento (Thoughts on the Cause of the Present Discontents) - em que
defendia que a intervenção cada vez mais ativa do rei Jorge III nos assuntos governativos,
sendo legal ia contra o espírito da constituição britânica. Mais tarde, em 1774 e em 1775,
discursou no Parlamento sobre a Guerra de Independência da América britânica, em que
defendia que, se as decisões do Parlamento de Londres eram de facto pautadas pela
legalidade, não podiam deixar de ter em conta que as “circunstâncias, a utilidade e os
princípios morais, deviam ser considerados, assim como os precedentes”, na sua relação
com as colónias. Isto é, o legalismo estrito do Parlamento devia ter mais respeito e
preocupação pela opinião dos colonos, apelando por isso à “moderação legislativa”.
Burke nunca sistematizou o seu pensamento político, que só pode ser conhecido pela
leitura dos seus textos e discursos. Opondo-se desde cedo à doutrina dos direitos naturais,
aceitava, contudo, o conceito de contrato social a que lhe juntava a ideia da sanção divina.
A sua principal obra, as Reflexões sobre a Revolução em França foram lidas por toda a
Europa, incentivando os seus dirigentes a resistir à Revolução Francesa. Mas a sua posição
custou-lhe o apoio dos seus amigos Whigs, sobretudo o de Charles James Fox. É que, para
Burke, a Revolução em França era um fenómeno de um tipo completamente novo, e por
isso não podia ser associado à Revolução Inglesa de 1688 - que tinha provocado uma
mudança dinástica e constitucional ponderada e limitada - como alguns pensadores
ingleses, sobretudo Whigs, vinham defendendo. Para Burke, a Revolução francesa
baseava-se numa teoria, a teoria dos Direitos Humanos, com preposições simples,
universais e dogmáticas, que fazia apelo às leis da razão, claras e indiscutíveis, que se
justificavam a si próprias, e que levavam a pôr de parte tradições e costumes sociais de
séculos, para remodelar a sociedade de acordo com um plano inteligível e racionalmente
justificado. Ora, para Burke, este racionalismo militante estava totalmente fora de lugar na
atividade política; a sociedade humana era demasiadamente complexa para ser susceptível
de uma compreensão racional simplista, e muito menos de uma alteração completa, ou
mesmo de uma interferência contínua.
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Para Burke, a sociedade humana desenvolve-se não tanto por intermédio da atividade
racional do homem, mas sobretudo por meio de sentimentos, hábitos, emoções,
convenções e tradições, sem as quais ela desaparece, coisas que o olhar racional é incapaz
de vislumbrar. Um racionalismo impaciente e agressivo, virando-se para a ordem social só
pode ser subversivo, atacando tanto as más como as boas instituições. Burke defende
assim a ideia da limitação da Razão em face da complexidade das coisas, propondo que,
perante a fragilidade da razão humana, a humanidade deve proceder com respeito para
com a obra dos seus antecessores, só assim conseguindo trabalhar em conjunto em prol
do desenvolvimento social. Mas a ideia de que a “Luz” apareceu de repente, após séculos
de “Escuridão”, é para Burke de um egoísmo suicida. Mas o mais importante, é que de facto
é um tipo de racionalismo incompleto, já que a vida desorganizada da sociedade, com o
seu padrão de comportamento incompreensível, não só deve ser considerado como a parte
mais importante da existência de uma sociedade, como também é, à sua maneira, racional.
Assim, para Burke, numa posição que está hoje muito na ordem do dia, com os estudos de
António Damásio, os instintos e sentimentos humanos podem levar o homem a atuar
corretamente, quando a razão o engana ou abandona. Do ponto de vista da sociedade, as
tradições, tendo-se desenvolvido paulatinamente, sendo permanentemente testadas e
amplamente divulgadas, são um tipo de bom senso que está acessível a toda a gente, e
que pode servir a sociedade melhor do que uma elaborada intelectualização, sendo que os
sentimentos são o acompanhamento emocional necessário a uma opinião sólida e
amadurecida. Burke chama-lhes, provocatoriamente, preconceitos.
Não quer dizer isto que a continuidade histórica de uma determinada comunidade não
imponha mudanças, mas estas mudanças, necessárias, não devem ser resolvidas com
base em experiências e invenções, mas sim de acordo com princípios inerentes à própria
sociedade. Ora, o que é impossível é regenerar por imposição de uma doutrina utópica,
que se torna fanática na aplicação da sua teoria, não olhando a meios para conseguir os
seus objetivos. É que uma teoria assim aplicada, cria um imenso fosso entre um que «é»
de facto e o que «devia» ser. Não contente com o progresso empírico, acaba por exigir uma
felicidade totalmente nova.
Para Burke a Liberdade, o grande ideal revolucionário, é um bem. Mas a justiça, a ordem e
a paz, também o são, e são indispensáveis à existência prática da liberdade. Assim, o
objetivo não deve ser um fim perfeito e final de uma sociedade, mas o que for
mais praticável.
Burke deu origem ao Conservadorismo moderno, que não é um conservadorismo do medo,
do pessimismo, do pecado original, mas uma filosofia política que tem uma visão positiva
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da função do estado e dos objetivos últimos da sociedade humana; afirmando que se


baseava, de uma maneira que fará escola nos constitucionalistas românticos, e de acordo
com o Espírito das Leis de Montesquieu, na descrição fiel dos princípios tradicionais da vida
política britânica.

12) Ideologia Positivista de Alguste Comte


Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (1789-1857) foi o fundador do Positivismo.
Em sua vida acadêmica recebeu influências de cientistas como o físico Sadi Carnot, o
matemático Lagrange (de quem posteriormente Comte inspirou-se para vir a abordar os
princípios de cada ciência segundo uma perspectiva histórica) e o astrônomo Pierre Simon
Laplace. O fator mais decisivo para sua formação foi, porém, o estudo do Esboço de um
Quadro Histórico dos Progressos do Espírito Humano, de Condor-cet (1743 - 1794), ao qual
se referiria, mais tarde, como “meu imediato predecessor” e que levou Comte a desenvolver
sua famosa “Lei dos Três Estados” como veremos mais adiante. A obra de Condorcet traça
um quadro do desenvolvimento da humanidade, no qual os descobrimentos e invenções da
ciência e da tecnologia desempenham papel preponderante, fazendo o homem caminhar
para uma era em que a organização social e política seria pro-duto das luzes da razão:
ideia que iria se tornar um dos pontos fundamentais da filosofia de Comte. Mas sua maior
influência foi de Saint Simon.
Positivismo foi o termo escolhido por Auguste Comte para designar a corrente filosófica que
tinha o culto da ciência e os métodos científicos como seus pilares principais. Guiado pela
ciência e pela técnica, o positivismo crê no progresso do sistema capitalista e nos benefícios
gerados pela industrialização. Fora isso, prega a necessidade de uma reorganização da
sociedade. Esta reestruturação seria apenas de ordem intelectual, de acordo com Comte,
seria uma revolução de ideias e não de instituições sociais. O positivismo sofreu influência
de outros pensadores franceses contemporâneos a Comte como Saint-Simon e Proudhon.
No pensamento positivista existem três estados de evolução histórica do conhecimento:
estado teológico, metafísico e positivo.
O estado teológico seria o ponto de partida da inteligência adquirida pelos seres humanos.
“No estado teológico, o espírito humano, dirigindo-se essencialmente suas investigações
para a natureza íntima dos seres, as causas primeiras e finais de todos os efeitos que o
tocam (...) apresenta os fenômenos como produzidos pela ação direta e continua de
agentes sobrenaturais”, disse Comte sobre o primeiro estado no Curso de Filosofia Positiva.
Já sobre o segundo estado (metafísico), que seria uma transição entre o teológico e o
positivo, Comte afirma que “os agentes sobrenaturais são substituídos por forças
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abstratas”. No último estado, o positivo, Comte acredita estar a evolução racional da


humanidade. Ele explica que neste estágio “a explicação dos fatos, reduzida então a seus
termos reais, se resume de agora em diante na relação estabelecida entre os diversos
fenômenos particulares e alguns fatos gerais, cujo número e progresso da ciência tende
cada vez mais a diminuir”.
O lema da bandeira do Brasil, “Ordem e Progresso”, foi influenciado pela filosofia positiva,
que possui as seguintes características.
• Realidade – Pesquisa de fatos concretos.
• Utilidade – Aperfeiçoamento individual ao homem e ao coletivo.
• Certeza – Lógica da mente do indivíduo, rejeição aos debates metafísicos.
• Precisão – Conhecimento baseado em estudo rigoroso e sem ambiguidades.
• Organização – Construção de métodos sistemáticos para ampliar o conhecimento.
• Relatividade – Aceitação dos conhecimentos científicos relativos.
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Considerações Finais

As distorções cognitivas, que sempre estão presentes nas ideologias, com


frequência compulsivamente motivadas, tenderão a ser desvendadas e postas em causa
pelo cientista social. Alguns dos resultados podem ser aceitos, mas somente
com dificuldade e mediante um processo de assimilação e ajustamento a prazo. Por força
desta situação, haverá, mais ou menos inevitavelmente, uma tendência para os defensores
da pureza ideológica num dado sistema social manifestarem fortes suspeitas acerca do
trabalho a que se dedicam os cientistas sociai.
Como deve ter ficado claro a partir da análise das ideologias é central para o
entendimento abrangente das formas complexas de dominação social. O amplo significado,
isto é, que atravessa disciplinas e épocas. Se há uma lição a ser aprendida é que não se
pode conceber a construção da sociedade sem a capacidade distintamente humana de
produzir reivindicações constituídas discursivamente a respeito tanto da constituição
objetiva quanto do potencial normativo da realidade. Quando se trata, contudo, das
especificidades históricas de realidades socialmente construídas, a questão que
permanece é quem tem o poder de definir quadros ideológicos.
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Referências bibliográficas

_BOTTOMORE, Tom (editor). Dicionário do pensamento marxista. Rio de Janeiro: Jorge


Zahar, 2001.
_CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 2008. Coleção primeiros
passos.
_COUTINHO, João Pereira. As ideias conservadoras explicadas a revolucionários e
Reacionários. São Paulo: Três Estrelas, 2014.
_MARX, Karl e ENGELS, Friederich. Ideologia Alemã. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Sites de Pesquisas:

https://www.significados.com.br/neoliberalismo/
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1224081973E4dVB2ea3Bp00YB7.pdf

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