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éculo XX. ··-~·_. •
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I: desellvolvimen.t-,.
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e ·renov~çao . -
. Contra o que pretendem htterpret~ções sim~listas·, ~~~
sustentar-sé-á aqui a_· tese de que a renovação do marxismo não é
algo que se inicia num momento - no fim da segunda guerra mun-
dial, por oc..sião da mort~ de Stalin, etc. -, depois ele ~ longo -perío-
do de fossilização, mas sim·que_as tendê~das ql;Je haviam ·de enri-
quecer e de empobrecer, respectivamente, o, marxismo coexistiram
neJe desde a morte de Engels. O terreno da história permite perce-
ber perfeitamente esse fato.-
·As duas primeiras obras que abrem perspectivas de renova-
ção na historiografia marxista aparçcem muito 'cedó, concebid~ ·
pouco depois da morte de Engels.As duas são de certa maneira-atí- .
picas - a primeira por ter-sido pensada mais·comó.investigaçã~ de
economia que de história; a segunda por conceber-se nas frontei- •
· ras do materialismo histórico -, poré_m, de_ve:se ~ar aqw das-duas,
pelas conseqüências que terão. A primeira_ é_O desenl!()lvtmento ·
do capitalismo na (lússia, de Lênin ( l 87~ 1923), escrita no dester-
ro da Sibéria e publicada em 1899, tomo: l}Dl argumento··p ara a luta.
política contra o populismo.'Ainda·que. não seja_exatamente um li-
vro de história, o m_odo como Lênin analisava os ptocessos; como •
· a desintegração do ca·m pesinato tradicional ou a formação do -m~r- .
cado na~ional, serviram de lição para os":hi~toriado~s marxistas
posteriores.'
A segunda pertence ao sociaUsta_francês Jean Jaurês ( 1859- .
19 J 4), professdr de filosofia e bom conhecedor do pensamento
alemão, que chegaria ao socialismo moderado a partir do f:Cpubli- ..
canismó burguês. Enfrentaria os grupos mais radicais e manteria
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o marxismo no século XX. li: desenvolvimento e renovação
C'apílltlo 13 •-• - •v- - -- - • - ••-· -
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. 1 ' "Nos_ano~ vinte, Korsch, Gramsci e eu tratamos, cada um a seu
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tribuição de Jaures é examinar í1 sua ~fluência. D_iscípulo seu e par- .• 1,. .'•
ticipante de posturas de uma ambigüidade semelhante ao· do mes-
tre será Ernest Labrousse. Só que,quan<lo olhamos a sua obra de in-
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. ' .., - - • ' O _esboço ~movimento dos lucros no ~ o XVJU aprcscnu-sc cm seu
coniunto com as seguintes canctcristicas: alta de longa duraçio do salário,
vestigador além das propostas sobre uma espécie de te~ceira via, en- ,·. ',í. ;·: acunullação da renda nwn setor da sociedade, com maiorlntcnsidade no
feudal, porém também cm nüos dos outros proprietários vendedores, pau-
tre a "história materialista" e a "idealista", as coisas se aclaram. Na sua ,41 í_
pcriµção <la m:issa da nação ( ...)A granck aristocracia proprietária (. .. ) sa-
Esqutsse du .mouvement des prlx et des ll!.venus en Fmnce au borc'ia :as suas últimas horas ignorante e apnúvd. Muito próiimo <leia. os
XVII/e si~cle (l 933), partiu do estudo dos preços e dos lucros com proprietários burgueses e uma pequena pane dos- proprktirios campone-
o objetivo.de investigar "a história da condição das pessoas no sé- . ses bcncllci:uu«, ainda que cm menor medida, da mesma con-cntc. Portm
uma corrente oposu distancia cada dia mais dessas margens afortWladas à
culo XVIU, n~ medida em que esta dependê: do movimento do salá- m:tss:i dos culti\';idorcs, à massa dos tnb.llhadorc:s.Tormcntas ciclic-as, cada
rio e da renda". As SU<!S conclusões ilustr.un a forma na qual se pro- vez mais violentas, os assaltam. É por ocasíào de uma delas, quando o mo-
duz o enriquecimento de alguns setores sociais à custa da ·pauperi- vimento de longa duração dos preços dos cernis alcança o sc:u máximo
zação de outros, e no que se nutrem as tensões que conduziram à ( ... ), quando eclode .1 rc:voluçio• (E. labruussc, RuhUJdorws N:Vnómlcas
e historia soctal,Tcc00$~Madrid, 1962. pp. 318-319).
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capítulo 13
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capítulo 13
. ---- :i!J o marxismo n~- ~ ~ul_o,~ . 11: de~!1v~~n~~~ e renovação
passagem da pré-história à história, a ascensão da barbárie â civiliza-
produção, poré m, não que hajam de ser um ou outro cm particular,
ção, no marco geográfico do Oriente próximo e da Europa. livros.
nem talvez tampouco predeterminados na onlcm de sucessão" • o
como ~an makes bimself (1936) e Wbat bappened tn bl$tory
que conduziu a iniciar uma série de fecundas discussõc:s, que foram
(1942) tiveram uma influência universal e contribuíram ,,ara esta!-
belecer úina determinada visão da história humana, de awrdo co~
multo mais além de livrar o marxismo do cinto de ferro dos cinco
modos d<; produção. Explicam'SC, nesse contexto.Jatos como a reto-
?.marxismo tradicional. Só que rios últimos anos da sua vida, Chil- mada do debate sobre o modo de produção asiático, aet qual já nos
de, que havia rompi<lo com a visão dogmáticã da pré~ist9ria_sovié- · referimos antcriomÍente, a proposta de ÍUJ!damcntat uma antropolo-
tica, orientou-5e na direção que estavam tomando aqueles que dese- gia marxista ou a discussão sobre o conceltó de "formação econômi-
javam a renovação do marxismo e reviu as suas concepções de pro- · co-social", com o propósito de ~cupcrar uma categoria teórica que
gresso• num ~ntido que é necessário levar em coiita para ter-uma liberasse o materiallsÍm:i histórico da sua dcpendcncia des5es mode-
imagem cabal do seu pensamento.• los abstratos que representam os modos de produção.•
Um dos futos que mais ajudou a combater o dogmatismo es- ,, Entretanto, um dos deitos mais estimulantes da publicação
colástico foi a publicação de novos textos de Marx, e cm especial a i.,t dos·Grundrlsse foi o de colocar os marxistas ante um pensal!'ento
dos seus
rascunhos dos anos de 1857-58 · Linhas fundamentais da .,;~; em pleno fazer-se:, não cristalizado, com dúvidas e contradições,
onde os termos são empregados cm cenas ocasiões c~m impreci-
critica da economia polfttca ou Grundrlsse ·, que·aparcccram 'pela ,.,:••.
primeira vez cm Moscou em 1939-40, porém, permaneceram prati- são. O que se tinha q>nvcrtido numa revelação indiscutível, voltava
camente ignorados até a edição berlinense de 195 3 . Fôi sobretudo a a ser agora, como quis Marx, num método para investigar o passado
publicação, em 1964, do fragmento dedicado às f<;>rmações econô~i- ·•:' ...,. , e o presente, onde nada estava resolvido de antemão pela mera ope-
ração da t~oria, e nenhum resultado era definitivo. Os efeitos dessa
cas pré-capitalistas, com uma aguda e provocativa introdução de Eric
Hobsbawm . que chegava a afirmar que ~a teoria.do materialismo his- ... libert:tção do dogma estenderam-se também à investigação que se
realizava naqueles pa,íses que tinham o marxismo como ideologia
tórico requer unicamente a existência de uina sucessão de modos de .
1 oficial do F.<itado, como 1)9de ver-se: no caso de alguns historiadores
;~,':'j soviitié:os, ou na fórma em que, por exemplo, se produzia a investi-
.': . . gação em torno das revoluções burguesas na República Dcmocráti-
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.~ ~.~ : .- -1.. • Criticando a_afirmação ~k Barradough , de que a b~IIÍa do progi:csso ha-
via estourado, Chifde dirá: "Porém :r bolha qu,: estourov é me~ntc-ulna ~ ca-Akmã. 1º
concepção supcrfkial do progresso, subjetiva e apriori,stka. É·o':progtcS' ·. Desde 1945, os grandes avanços metodológicos no terreno
so• visto como uma simples aproximação linear de um objetivo prcconcc•
bido e prçdeterminado, a um "bem" que constitui uma norma absoluta, à da história marxista surgem cm torno dos debates coletivos sobre
luz da qual dçvcm julgar-5C os acontcclmentos históricos. Hegel e Bury, temas fundamentais, muito mais que como conseqüência da elabo-
Wclls e algWlS marxistas usaram a · história para documentar uma firme ração abstrata de alguns princípios:são um resultado da investiga-
aproximação a tal objetivo prccOf)CCbido. Esse objetivo mo5trava-5C-lhcs, ção histórica concreta e não da especulação filosófica. O mais im-
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capítulo 13 ~ m~•".".' "º "''.'~-"": ''. _00,"vol~~lo'.'..re~ \
cimento do comércio e da ascensão paralela da burguesia. Rechaça- deve ser vista como o cenário da luta entre duas formações sociais
va algumas definições <lc feudalismo e capitalismo baseadas na es- puras, feudalismo e capitalismo, mas sim com<;> uina etapa com ca-
fera da circulação - economia natural contra economia monetária -, racterísticas próprias, no curso da qual, ao mesmo t~po em que o
para propor outras, baseadas nas relações de produção, que contra- capitalismo ,,rcsce no •sei,o d? velha socieda<Jc, produze~ uns
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punha um sistema caracterizado por um campesinato dependente • ·, t conflitos sociais que áÍiment,un a formação de àlgurrui$ consciên-
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· a outro com predomínio do trabalho assalariado. Passava-se, assim, cias de tlasse e preparnm o -tcrrenó pata o· triunfo _d a n o v a ~
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·". ' de. "A revolução burguesa e o grau de màturidltde de classe próprio
de uma concepção fundada no crescimento das forças produtivas
para outra, que col9Cava o acento na luta de classes e considerava ºi:~
dela não surgem do nada: vêm-seprep;uando durante séculos"." ·
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que o motor fundamental tinha sido pugna dos· campones~s con- O debate estendeu,sc também à crise do século XJY, ãs con-
tra a exploração feudal, que havia tomado inviável o sistema. Q es- seqüências dela (transformação _do feu~mo no Ocidente euro-
túnulo proporcionado por essas -idéias - e pela interessante discus- peu, refcudaJização do Leste) e à expansão de fins ·do século XV e
são entre Dobb e Sweezy, com intervenção de _Hilton,Takahashi etc . começos do século XVI. A historiografia acadêmica · Postan, Lé Roy
- abriu novos cariJpos de investigação. Em 1954, Eric Hobsbawm Ladurie etc. - utilizava explicações malthusianas triviais- crescimen-
abordava o tema da "crise geral do século XVII". O que se tratava, na to da população;esgotamento dos recursos, peste_etc. -, ou aplicava
· verdade, era de se averiguar o seguinte: "Por que a expansão de fins receitas do manual neo-clássico de economia - j\fisklmin,Abcl -, es-
do século XV e do século XVI não conduziu dire tamente à época da peculando com a evolução dos preços e os movimentos da procu-
revolução industrial dos séculos XVIII e XCX? Quais foram , em ou- ra e da oferta. O mesmo esquema, por conta da demanda crescente
tras palavras, o~ obstáculos no_caminho da expansão capitalista?" A da Europa ocidental, ·pretendia explicar a refeudallzaçio do Leste
sua resposta era que tais obstáculos haviam surgido da flexão da de- como uma simples conseqüência de uma maior comercialização do
manda, causada, por sua vez, por resistências no marco da socieda- trigo exportado pelo Báltico. Os que primeiro se opuseram a esses
de feudal Só que, ao favorecer a concentração do poder econônii- , esquemas de um economicismo vulgar foram seguramente os histo-
co, a própria crise ajudou a criar as condiçôes que liquidariam o feu- .~ riadores checos - Çraus, Kalivoda, Macek -, a quem a complexa
dalismo em alguns lugares, através do processo de uma revolução experiência da revolução hussita ensinou a colocar a questão em
burguesa. O tema foi amplamente debatido e ·1evou a um acordo termos de "primeira crise_do feudalismo" . Porém os seus trabalhos
q ~ unânime sobre a existência dessa crise geral da economia eu- não foram divulgados suficientemente, e o tópicQ malthusiano con-
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ropéia do seiscentos - que algumas elucubrações recentes quiseram tinua em .plena vigência. Em 1976, Guy Bois limita-se a ·modificá-lo
estender a um âmbito mundial; o que lhe tiraria todo o sentido "so- - dando um papel predominante à produtividade - no lugar do volu-
cial;, e obrigaria a relacioná-la com-fatores climáticos - e da sua trans- ' me de produção - e pretende "socializar" o esquema, introd~ a
cendência para explicar _a lentidão com que o capitalismo nasceu "taxa de desvio" do produto. camponês por parte da c'3sse feudal.
no seio de um feudalismo em decomposição;11 ! ,. Numa fase de expansão aumenta a população, também o produto,
Em 1965, entretanto, a historiadora russa A. D. Lublinskaya ·:; l abaixa a produtividade, aumenta o volume de desvio, porém abaixa
submetià a uma severa critica o conjunto de evidências em que se .:, '
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a sua tftxa; quando a produtividade chega a um ponto tão baixo que
apoiava a hipótçse da crise geral -·crítica a Qlie se somaria, de ma- ... não _permite a reprodução súnples, inicia-se uma rase de contr:lção
neira _m arcante e com menos matizes, a ·do dínamarquês Niels e o sentido de todos esses índices se invcne. Mais interessante é um
Steensgaard . e, sobretudo, a concepção mesma de que tivessem
sido alguns "obstáculos" o que havia impedido uma ·eclosão mais
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artigo de Roben Brenner, publicac!Q no mesmo ano, sobre a estrutu-
ra da classe agrária e o desenvolvimento econômico na Europa pré-
cedo do capitalismo desenvolvido. O que havia que fazer era estu: industrial, onde se propôc uma rcinterprctaçlio de todo o ~ .
dar a sociedade do absolutismo, tratar de compreender a natureza incluindo as duas crises dos sécuios XIV e XVII, a rckudalização da
das relações de classe que se estabelecem nela e as regras econômi- Europa oriental e os distintos ritmos de avanço ao ~ cm
cas peculiares do seu funcionamento. A era do absolutismo não diversos países (França e Inglaterra), situando num lupr ccntr.11 a
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capítulo -13 ·O marxismo 110 século X.X. li: desenvolvimento e renovação
cscrutur.:t de classes e filtrando através dela os fatores "objetivos" "nova C;S<JUerda", novas correntes de •historiografia macx..ista. Uma
(demográficos, comerciais etc.).Têm sido muitas as criticas dirigidas delas, o populismo socialista do grupo que publica a revista Hlstory
a Bcenner, e não poucas são plenamente justificáveis, porém nãq há ·Workshop, tende a uma desmittticação do trabalho acadêmico e à
dúvida de que o seu enfoque conduz mais alér-: que o do circulacio- busca de uma nova aproximação do movimento operário de um pú-
nismo vulgar de Gúnder Frank_eWallcr$tein,com a sua supercstlma- blico popular. Outra, sobre a qual a figura de Raymond Williams tem
ção do papel do comércio exterior, em _épocas em que só uma pe- exercido.uma poderosa influência, tem como nome mais destacado
quena fração do ·produto das economias in1plicadas corria por seu o de E.P. Thompson, que, com o seu 7be maklng of tbe englisb
leito. Porque, como disse Marx, "a verdadeira ciência ~ -ecoRoinJa worklng class (196-3), converter-se-ia num modelo, ao mesmo
política começa ali onde o estudo teórico se desloca do processo tempo !JUrn elemento desencadeador de mudanças para os jovens
de circulação ao processo de produção". Tem sido uma lástima que historiadores progressistas do mundo inteiro."
os historiadc:>res que participaram desses debates não tenh~ reco- Sem entrar aqui nos muitos traços renovadores que podem
lhido as sugestões que, a partir de uma perspectiva nco-ricardiana, éncontrar-se na obra de Thompson - seu esforço por recolocar a no-
fez E.}. Nell,em 1967, não só pelo que pudesse ter"de útil a sua pro- ção de classe como u~1a relação ou o seu interesse pelos mecanis-
posta de um modelo interpretativo das relações entre campo e ·ci- mos de formação de uma consciência coletiva, em que se rctlçte a
dade no processo da crise.do feudalismo; como também por suas influência de Gramsci, transmitida em parte por Raymond Williams
valiosas propostas metodolpgicas que poderiam ter evitado a reite- - há que se assinalar, sob_c etudo, a recusa de um macx..ismo entendi-
ração de explicações lineares triviais de causa-efeito.u do como "um corpo auto-suficiente de doutrina completa, interna-
A Grã-Bretanha teve, depois <!a segunda guerra mundial, uma : ~· / mente consisten.te e plenamente realizado num conjunto de textos
valiosa h..istociografia marxista, na qual se há de apontar, além do escritos", onde a citação acaba _substituindo a análise da realidade.
nome já citado de Gordon Childe, os de·Christopher HiU, Rodney Miséria da teoria leva mais adiante ainda essa colocação. O
Hilton ou Eric J. Hobsbawm. Em todos eles coincide o caráter aber- ponto de partkL, e o fio condutor do livro é uma critica minuciosa
to da sua obra, um certo desinteresse pelo econômico - Hobsbawm .·'i; i . e devastadora de Althusser e de algumas formas de "estruturalismo
dirá que "o interesse dos historiadores marxistas está mais na rela- •J'.._;
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capítulo 13
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mento social". O guarto plano apresenta o balanço dos intercâm-
compreende muitas atividades e relações ( de poder, de consciên- · bios, com uma concepção que "ultrapassa em muito à do ·comér-
cia, sexuais, culturais, nom1atlvas) que não concernem à eco~mia .. ~
' ·'- cio", para incluir capitais e rendas, migrações de força de trabalho e
política e para as quais esta não tem nem sequer o léxico necessá-
- ..1 técnicos etc. O quinto e último estrato, "equilíbrio social e poderio
rio para a sua análise. Po1· conseguinte, a- economia política não
pode mostrar o capitalismo como "o cãpital na totalidade das suas
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·! 1
político", propõe a análise dos movimentos e tensões que surgem
relações"; não tem r:iem sequer a linguagem e os termos para fa~- das contradições originadas pelo próprio crescimento econômico,
lo. Só um materialismo histórico que pudesse pôr to<L'ls as ativi-
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sejam conflitos de interesses de pequenos grupos ou fenômenos de
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dades e relações dentro de uma visão coerente poderia fazê-lo. maior amplitude, de luta de classes, e examina, em último lugar, a
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unid.ide e o poderio dos grupos nacionais.
Um materialismo histórico que não só deve servir p.ira uma :·.1 Nessa primeira formul;tção, os componentes estão já clara-
1
melhor investigação do passado, como també111 para assentar as ba- . ! •. mente estabelecidos, porém, a forma na qual devem reunir-se resul-
1
ses de um novo socialismo." ta ainda imprecisa.Vilar insistiria em que essa "história total" não de-
Por caminhos distintos, Pierre Vilar formulou também essa 1 •
veria confundir-se "com uma literatura vaga que trataria de fata"r de
exigência de uma História marxista que fosse uma visão global <la .... '1 · tudo a propósito de tudo", e nos diria que falta ainda elaborar "o mo-
1
sociedade, tendo a economia como peça fundamental - diferente- 1 delo IJistórico eficiente, que não só leva em conta o econômico,
mente_do esquecimento em que costumam deixá-la os marxistas . . .. t ' como também o psico-social, as seqüelas do passado, as reações do
britânicos -,porém de Qtodo algum como·única: "A reflexão sobre a ,~: presente e a criação de homens novos a partir de realidades novas".
,'·ti•.•' '
_ Wstória permite distinguir o núcleo, que reside na economia. A ela- Ao fim, entretanto, essa reflexão desembocará. numa proposta mais
. boração teórica, porém, deve permitir•nos voltar à realidade lustóri-_ .,:_[.•
} i·. . precisa e integrada,' em relação ao qual se estabelece uma concep-
ca. E essa realidade nunca é o econômico 'puro'", A natureza das ela- .......~·t...:~ ;. ção,da investigação histórica como
borações teóricas de Vilar pode explicar-se a partir da sua própria \ •~ ..
obra de investígador. Historiador da economia, dedicado a analisar • Valha, como exc:mplo da vis.'ío global <la histó ria que propõe Vilar. esta defi-
o surgim~nto do capitali~mo na catalunha, iniciou a sua tarefa com nição Sl~: •o objeto da ciência históri~ ~ a d/11,bnlcn das sodtdadrs bum,-1-
uma ótica que descartava a tentação do economicismo, já que•o seu
objetivo era·o de averiguar os fundamentos que tinham permitido
-<·:\(, • 1
,., 1 •., . .
11t1S. A niatérla blstórlca a constituem os ttpos d~ fatos que: é necessário es-
tudar p.U-A dominar cientificamente esse objeto. OassiflqltetnlHOS rapidamen-
te: 1) Os fatos de 111asS<1s: massa dos ,,;,mms (demografia). massa dos bens
que surgisse uma consciência nacional. Isso pode -ajudar-nos a en- (economia). massa dos pensamentos e das rnmça.s (ímômenos de •mmcw-
d.'ldes", lentos e pesado5; fenômenos de •opin6o·, mais fupz.cs). 2) Os fotos
_tender como a sua obra viu-se livre do garro!eamento dogmático e
lnstltudonnls, m,'lis supcrficbis. pón:m mais rigidos,que tc:ndcm afixar as ~ -
tenha podido formular um programa globàlizador para a investiga- lações humanas dc:ntro dos marcos existentes: ~ito civil, constiruiçôa po-
ção histórica. Os seus primeiros delineamentos foram expostos, cm lítlos. tratados internacionais etc.; fatos lmporuntes porém tüo eternos. sub-
1960, no "Crescimento econômico e análise histórica" , onde definia metidos ao dcst;;istc e ao auquc das contr.ldiçôc:s socbis Internas. ~) Os acun-
ted111e1úos: aparição e desaparecimento dt personalidades. de g,upos (cro-
um programa para uma história total, centrado em torrio do estudo nômi(.-os, políticos). que tom.~m medidas, decisões, dcsenc:adeiam ai;õcs. mo-
do crescimento econômico. O programa inicia-se com o exame do
247
~46
, c:srudo dos mc:1:anismos que vinculam a dinâmica das estruturas
capítulo 13 J_
.íl
o 111arx.is1110 no séc_ulo XX. li: d1;sc11volviment.o e renovação
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