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AULA 02- OAB EXTENSIVO XXVII
PROFª SABRINA DOURADO

EXECUÇÃO

Leia a lei:
Arts. 788 e seguintes do CPC/15.

Noções gerais

A execução visa à implementação do Direito. Ela se presta a curar a “crise” de satisfação. Distingue-se,
portanto, da demanda de conhecimento, cujo escopo primordial é a obtenção de uma certeza.

Crise de certeza Crise de satisfação


Tutelas de conhecimento Tutelas executivas

Qualquer tipo de atividade jurisdicional para satisfazer o direito é atividade executiva, e várias vezes são
denominadas tais atividades de forma distinta. Ex. cumprimento de sentença.

A execução, em suas diversas modalidades, objetiva satisfazer a obrigação definida em título executivo.

Este título executivo, por sua vez, pode ter sido formado tanto em Juízo, por meio de uma sentença ou decisão
interlocutória, ou fora dele, em razão da eficácia executiva de que são dotados alguns títulos de crédito ou
contratos, como o de seguro de vida, a título de exemplo.

Vale frisar que a execução inicia-se e desenvolve-se sempre em benefício do credor da obrigação, por meio de
atos de coerção, com a possibilidade de se impor multa ao devedor pelo não cumprimento da obrigação no prazo,
ou ainda com a apropriação e eventual disposição dos bens do devedor, entre outras medidas, as quais serão
abordadas mais adiante.

Porém, não são todas as obrigações que necessitam de um processo executivo autônomo para serem satisfeitas.
Isto porque, a partir da modificação do CPC promovida pela Lei 8.953/94, o cumprimento das obrigações de fazer
ou não fazer e de entregar coisa, definidas em títulos executivos judiciais (sentenças ou decisões interlocutórias,
ainda que liminares), se estabelecia por meio do procedimento previsto no CPC/73 nos artigos 461 e 461-A do
CPC. No NCPC a matéria está tratada nos arts. 497 e 498, vejamos:

Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a
tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente.

Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a
sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo.

Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o
cumprimento da obrigação.

Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor individualizá-la-á na petição
inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entregará individualizada, no prazo fixado
pelo juiz. Ou seja, depois de prolatada a decisão que fixou a obrigação, desnecessária será a formação de nova
relação processual porque a efetivação da obrigação ocorrerá no mesmo processo e de forma diversa da
execução tradicional, pois poderá ser iniciada até mesmo de ofício pelo juiz.

Esse tipo de provimento judicial, seguindo a classificação quinária proposta por Pontes de Miranda, tem eficácia
executiva, pois confere autorização para que a decisão seja executada nos mesmos autos, sem a instauração de
procedimento autônomo.

Diverge, portanto, das sentenças condenatórias, que declaram a existência da obrigação, condenando o devedor
ao seu cumprimento, e devem submeter-se ao procedimento executivo para serem satisfeitas, caso não

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cumpridas voluntariamente pelo devedor, e também das sentenças mandamentais, que emitem uma ordem de
cumprimento à parte, sob pena de imposição de alguma medida coercitiva como multa ou prisão civil, e até
mesmo de configuração de crime de desobediência.

De acordo com a classificação referida, as sentenças podem ainda ser declaratórias ou constitutivas.

Não se tratando, portanto, de obrigações de fazer ou não fazer e entregar coisa, previstas e m título judicial, a
execução das demais obrigações previstas em títulos executivos pode se dar tanto em processo executivo
específico, como em fase do processo de conhecimento.

O sistema executivo originalmente previsto no Código de Processo Civil estabelecia um procedimento


único de execução para os títulos executivos extrajudiciais e para as sentenças. Em ambos era
necessário o ajuizamento de ação autônoma, o que causava uma demora excessiva, em flagrante
prejuízo ao exequente. A execução autônoma, por seu turno, contribuía para a morosidade da prestação
jurisdicional e a flagrante ofensa à celeridade processual.

Foi a alteração promovida no CPC pela Lei 11.232/05 que trouxe a separação dos procedimentos ao estabelecer
que as obrigações de pagar quantia definidas em título executivo judicial agora não mais são executadas em
relação processual executiva autônoma, mas sim por meio de atos executivos a serem realizados em fase do
mesmo processo, denominada de fase de “cumprimento da sentença”.

Diante desta modificação, passou-se também a denominar de “sincrético” este processo que unificou o processo
de conhecimento e o de execução, permitindo que a efetivação forçada do julgado seja feita como fase do mesmo
processo.

Atenção:
O sincretismo processual busca a reunião dessas três
espécies de tutela em um mesmo processo. Perceba-se que,
ninguém que defenda o sincretismo tem a ingenuidade de
imaginar que as tutelas sejam as mesmas, mas busca-se
acabar com a autonomia das ações. A crise jurídica e a tutela
são autônomas, sempre. Essa ideia de sincretismo processual
é ampla.

Dentro do Sistema do sincretismo têm-se as chamadas Ações Sincréticas. São ações desenvolvidas por
um processo com duas fases procedimentais sucessivas. Uma primeira fase de conhecimento, através da
qual se discute a existência do direito ou não, surgindo a sentença, que irá dividir as duas fases.

Posteriormente, tem-se uma fase de execução. Por isso que são fases sucessivas. Porém, os títulos
executivos que não foram formados em juízo, denominados de extrajudiciais (ainda que estipulem obrigação de
fazer e não fazer ou entregar coisa), assim como alguns títulos judiciais (como a sentença penal condenatória, a
sentença arbitral, a sentença estrangeira – art. 515 no NCPC)1 continuam a ser executadas por meio de
processo executivo autônomo.2

Por fim, convém observar que a partir da Lei nº. 11.232/2005, o devedor não mais pode promover a denominada
execução invertida, com o objetivo de citar o credor para vir receber seu crédito.

Assim, o devedor que desejar cumprir a obrigação prevista em título executivo extrajudicial deverá ajuizar a
competente ação de consignação em pagamento.

1
Ver enunciado 527 do FPPC. Verificar também o art. 57, caput, da Lei 9.099/95.
2
Em se tratando de sentença arbitral, penal condenatória e estrangeira elas se estruturarão por meio de um processo autôno-
mo, entretanto, seguiram as regras do Cumprimento de sentença.

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Posição do STJ:
No que tange à execução contra devedor insolvente, mantém-
se a execução por processo autônomo (STJ, inf. 435, Resp.
1.138.109/MG). Tal execução não está mais prevista no
NCPC. Indica-se que os processos pendentes se utilizem da
legislação anterior.

Observação importante:

Maria Berenice e Costa Machado defendem que depende. A execução de alimentos segue dois procedimentos
distintos, e, perceba-se que esses dois procedimentos estão à escolha do exequente. O exequente pode se valer
do conhecimento dos arts. 911 e seguintes no NCPC.

Com o NCPC, Maria Berenice destaca que a lei processual toma para si tão só a execução dos alimentos,
revogando os artigos 16 a 18 da Lei de Alimentos (CPC, art. 1.072, V), como também dedica um capítulo ao
cumprimento de sentença e de decisão interlocutória (CPC, arts. 528 a 533) e outro para a execução de título
executivo extrajudicial (CPC, arts. 911 a 913).

Dispondo o credor de um título executivo – quer judicial, quer extrajudicial – pode buscar sua execução pelo rito
da prisão (CPC, arts. 528 e 911) ou da expropriação (CPC, arts. 528, § 8º, e 530), bem como pode pleitear o
desconto na folha de pagamento do devedor (CPC, arts. 529 e 912).

A execução de alimentos mediante coação pessoal (CPC 528 § 3º e 911 parágrafo único) é a única das hipóteses
de prisão por dívida admitida pela Constituição Federal que subsiste (CF, art. 5º, LXVII). A jurisprudência acabou
com a possibilidade da prisão do depositário infiel.

Pela nova sistemática é possível buscar a cobrança de alimentos por meio de quatro procedimentos:

a) de título executivo extrajudicial, mediante ação judicial visando à cobrança pelo rito da prisão (CPC, art. 911);
b) de título executivo extrajudicial, pelo rito da expropriação (CPC, art. 913);
c) cumprimento de sentença ou decisão interlocutória para a cobrança de alimentos pelo rito da prisão (CPC, art.
928);
d) cumprimento de sentença ou decisão interlocutória para a cobrança dos alimentos pelo rito da expropriação
(CPC, art. 530).

A eleição da modalidade de cobrança depende tanto da sede em que os alimentos estão estabelecidos (título
judicial ou extrajudicial) como do período que está sendo cobrado (se superior ou inferior a três meses).

De acordo com a mesma renomada autora não há como restringir o uso da via executiva pelo rito da prisão aos
alimentos estabelecidos em título executivo extrajudicial e aos fixados em sentença definitiva ou em decisão
interlocutória irrecorrível. De todo equivocada a tentativa restringir a cobrança de alimentos sujeitos a recurso à via
expropriatório (CPC, art. 528, § 8º).

O cumprimento da sentença definitiva ou de acordo judicial deve ser promovido nos mesmos autos da ação de
alimentos (CPC, art. 531, § 2º). A execução dos alimentos provisórios e da sentença sujeita a recurso, se
processa em autos apartados (CPC, art. 531, § 1º). Já para executar acordo extrajudicial é necessário o uso do
processo executório autônomo (CPC, art. 911).

Havendo parcelas antigas e atuais, não conseguiu o legislador encontrar uma saída. Parece que continua a ser
indispensável que o credor proponha dupla execução, o que só onera as partes e afoga a justiça. A não ser que a
cobrança seja feita em sequência. Frustrada a via da prisão, a execução segue pelo rito da expropriação (CPC,
art. 530).

Princípios da ação executiva

Além dos princípios gerais do direito processual, notadamente aqueles de previsão constitucional como o do

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devido processo legal, do contraditório e ampla defesa, entre outros, o procedimento executivo, por sua
especificidade em relação aos demais procedimentos, ostenta princípios próprios, a saber: princípio da
patrimonialidade, princípio da efetividade ou utilidade, princípio da disponibilidade e princípio da menor
onerosidade.

Princípio da patrimonialidade

De acordo com o (art. 789 no CPC), o devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os
seus bens, presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Portanto, o devedor não poderá, salvo na hipótese de inadimplemento voluntário e inescusável de


prestação alimentícia, como se verá adiante, sofrer qualquer restrição à sua liberdade em razão de
descumprimento de suas obrigações, pois para a satisfação delas será atingido apenas o seu patrimônio.

Atenção:
A responsabilidade patrimonial pelo cumprimento das
obrigações será originária, quando for o patrimônio do próprio
devedor que responderá pela dívida.
Será, porém, secundária, quando o patrimônio de terceiros for
atingido para satisfazer a obrigação do devedor. No entanto,
por se tratar de medida excepcional, somente será atingido o
patrimônio de terceiros nas hipóteses taxativamente previstas
no art. 790 do CPC. Neste caso, mesmo não sendo devedores
e não fazendo parte da relação executiva, os terceiros ali
relacionados poderão ter seus bens atingidos.

Como ressalva o art. 789 do CPC a hipótese de responsabilidade patrimonial secundária configura exceção ao
princípio da patrimonialidade, a qual, como todas as restrições de direitos, deve estar expressamente prevista em
lei e ser interpretada restritivamente.

Como exceção ao princípio da patrimonialidade,


temos a possibilidade de haver prisão civil por dívida
nas hipóteses previstas no art. 5º, inciso LXVII, da
Constituição Federal, relativas ao responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de
obrigação alimentícia e a do depositário infiel. Porém,
é necessário observar que a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da
Costa Rica), integrada em nosso ordenamento pelo
Dec. nº 678, de 06 de novembro de 1992, e que,
segundo o parágrafo 3º do art. 5º da CF, tem
natureza equivalente à emenda constitucional,
apenas permite a prisão civil por dívida do devedor
de obrigação alimentícia. A respeito, o STF editou a
súmula vinculante nº 25, pacificando a questão: “É
ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que
seja a modalidade do depósito”.

Posição do STF:
Súmula vinculante 25
“É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade do depósito”.

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Posição do STJ:
Súmula 419 do STJ
“Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel.”

Há ainda algumas categorias de bens que não podem ser objeto de expropriação em execução. Com efeito, o art.
833 do CPC e a Lei 8.009/903 relacionam diversos bens considerados impenhoráveis.

Do mesmo modo, os bens públicos são também considerados impenhoráveis, devendo a execução contra a
Fazenda Pública seguir o regime de precatórios, a ser estudado oportunamente.

Não havendo bens do devedor ou de terceiros responsáveis para responder pela obrigação, deverá a execução
ser suspensa, nos termos do art. 921 do CPC.

Nulla executio sine titulo

Não há execução sem título que a embase (nulla executio sine titulo), porque na execução, além da permissão
para a invasão do patrimônio do executado por meio de atos de constrição judicial (por exemplo, penhora, imissão
na posse), o executado é colocado numa situação processual desvantajosa em relação ao exequente.

Desta forma, exige-se a existência de título que demonstra ao menos uma probabilidade de que o crédito
representado no título efetivamente exista para justificar essas desvantagens que serão suportadas pelo
executado.

O título justifica a execução pela grande probabilidade do direito existir. Esse princípio quase sempre junto com
outro princípio, qual seja nulla titulus sine lege, que será a seguir analisado.

Nulla titulus sine lege

Apenas a lei pode criar títulos executivos. A vontade das partes na criação de um título executivo é irrelevante.

Somente a lei pode disciplinar a existência de títulos executivos. A vontade cria o documento, e para que esse
documento se torne título, necessária se faz a lei.

Os títulos executivos judiciais estão dispostos no art. 515. Em tal artigo encontramos novidades, senão vejamos:
A decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de
Justiça;

Posição do STJ:
O STJ (Inf. 422, Resp. 1.098.028/SP) entendeu que, para que
a execução da tutela antecipada seja feita da forma mais
efetiva, que sejam aplicadas as astreintes. Essa decisão
interlocutória no que toca a tutela antecipada conduz a uma
execução provisória art. 300 e art. 520 do NCPC).

Princípio da efetividade e utilidade da execução

Conforme já dito, a execução inicia-se e desenvolve-se sempre em benefício do credor da obrigação definida em
título executivo. Desse modo, no curso da execução, deverão ser penhorados tantos bens quantos bastem para o
pagamento do principal atualizado, juros, custas e honorários advocatícios (CPC, art. 831). Porém, com o intuito
de não tornar inútil o procedimento e apenas trazer prejuízo ao devedor, o art. 836 sinaliza que não se levará a
efeito a penhora, quando for evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido
pelo pagamento das custas da execução.

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Lei do bem de família.

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A fim de se trazer efetividade ao procedimento executivo, autoriza-se que o credor também execute
provisoriamente os títulos executivos judiciais ainda não transitados em julgado, bem como a solicite a aplicação
de multa diária na hipótese de não cumprimento da obrigação de fazer e não fazer e entregar coisa prevista em
título executivo extrajudicial, dentre outras medidas.

Princípio da disponibilidade

Considerando que a execução é instaurada a pedido e em benefício do credor, inevitável que dela possa dispor,
quando for de seu interesse. Poderá também dispor apenas de algumas medidas executivas, como a penhora de
determinado bem, por exemplo, sem que tal ato acarrete a extinção do feito.

Tal permissão, ademais, consta expressamente do art. 775 do CPC que prevê: o exequente tem a faculdade de
desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas executivas.

ATENÇÃO!

A desistência da execução, observar-se-á o seguinte:

- serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o
exequente as custas processuais e os honorários advocatícios;
- nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante.

Princípio da menor onerosidade

Tal princípio está inserido no art. 805 do CPC e determina que se houverem vários meios de o exequente
promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor, mas desde que a
execução não se torne mais gravosa para o credor.

Posição do STJ:
A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), cujo
acordão reconheceu que o credor de dívida com banco não é
obrigado a aceitar o pagamento em títulos da dívida pública, de
menor liquidez, em detrimento de dinheiro. A decisão
considerou legítima a recusa de credor aos títulos do Tesouro
Nacional oferecidos à penhora pelo Banco Santander, como
garantia de uma dívida de R$ 180 mil.
Além disso, o ministro lembrou que é ponto pacífico (Súmula
328/STJ) que, na execução contra instituição financeira, a
penhora seja em dinheiro, respeitadas as reservas legais
exigidas pelo Banco Central. Segundo salientou o relator,
também é entendimento pacificado que a recusa à penhora de
títulos públicos é legítima, visto que eles têm baixa liquidez, e a
execução só é efetiva quando capaz de conceder ao credor a
quantia em dinheiro a que tem direito.
O ministro concluiu observando que o Banco Santander,
conforme o entendimento manifestado pelas instâncias
ordinárias, dispõe de recursos suficientes para pagar a dívida,
e que a penhora de títulos do Tesouro Nacional só
representaria “dispêndio de tempo e atos processuais para o
Judiciário, afrontando os princípios da efetividade, economia e
celeridade processual”.

Segue a súmula do referido acórdão:


RECURSO ESPECIAL Nº 918.677 – RS (2007/0008902-3)
RELATOR: MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO
EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO POR TÍTULO JUDICIAL. NOMEAÇÃO DE NOTAS

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DO TESOURO NACIONAL. BAIXA LIQUIDEZ. RECUSA DO EXEQUENTE. POSSIBILIDADE. MOLDURA
FÁTICA A APONTAR QUE O EXECUTADO DISPÕE DE NUMERÁRIO SUFICIENTE. INCONVENIÊNCIA DA
MEDIDA, POR ACARRETAR, SEM RAZOABILIDADE, MAIOR DISPÊNDIO DE TEMPO E DE ATOS
PROCESSUAIS.

Conforme remansosa jurisprudência desta Corte, é legítima a recusa à penhora de título de baixa liquidez, de
difícil alienação.

Em execução por quantia certa de valor que não se mostra exorbitante para a instituição financeira, é de rigor que
a penhora, em observância à gradação legal, recaia sobre dinheiro, respeitadas apenas as reservas bancárias
mantidas pelo Banco Central.

A moldura fática apurada pela Corte local aponta que a executada dispõe de numerário suficiente à garantia
do Juízo, por isso a penhora das “Notas do Tesouro Nacional” mostra -se inconveniente, visto que acarretará
maior dispêndio de tempo e de atos processuais para o Judiciário, afrontando, por não haver razoabilidade
na adoção da medida, os princípios da efetividade, economia e celeridade processual.

Legitimidade ad causam para a execução

Legitimidade ativa

É apenas o credor que detém legitimidade ordinária para promover a execução (art. 778 do CPC/15), vejamos:

“Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo.”

Tal condição, ademais, deve constar expressamente do título executivo que se pretende executar. E se o credor
for menor, deverá estar representado ou assistido. Se for absolutamente incapaz será representado e se for
relativamente incapaz será assistido.

O Ministério Público, se não figurar como credor no título executivo (hipótese em que terá legitimidade
ordinária), poderá, quando autorizado por lei, promover a execução, postulando direito alheio em nome próprio
art. 778, inciso I, do NCPC. Neste caso, sua legitimidade será extraordinária. Como exemplo, temos a
possibilidade de o Ministério Público executar a sentença condenatória proferida em ação coletiva movida por
outro legitimado, quando este não a promover no tempo devido.

Quando a condição de credor for transferida a outra pessoa, em razão de “causa mortis” ou negócio “inter vivos”,
poderá este terceiro, na condição de legitimado derivado, sucessivo ou superveniente, promover ou prosseguir
com a execução. Também não podemos confundir a legitimação derivada com a legitimação extraordinária, uma
vez que na legitimação derivada não será postulado direito alheio em nome próprio, mas sim direito da própria
pessoa que, embora não figure como credor no título executivo, teve para si transferidos os direitos do credor
primitivo.

O já mencionado artigo 778 prevê os seguintes legitimados derivados para a promoção ou prosseguimento da
execução:

- o Ministério Público, nos casos previstos em lei;


- o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito
resultante do título executivo;
- o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos;
- o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.

ATENÇÃO!

A sucessão acima indicada independe de consentimento do executado.

Legitimidade passiva

Em regra, terá legitimidade para figurar no polo passivo da ação de execução o devedor, assim reconhecido como

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tal no título executivo (CPC, art. 779). Sua legitimidade, portanto, será ordinária.

Porém, quando a condição de devedor for transferida, em razão de “causa mortis” ou negócio “inter vivos”, para um
terceiro, este, na condição de legitimado derivado, sucessivo ou superveniente, poderá ser também executado. Os
incisos do artigo 779 dispõem, a respeito, que o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor, assim como o
novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo, são
legitimados passivos à execução.

Também poderá ser demandado em execução o fiador que assumiu em Juízo o compromisso de garantir o
cumprimento da obrigação, desde que esteja presente no título executivo (CPC, art. 779, IV). Nesta hipótese, a
responsabilidade será extraordinária, pois responderá em nome próprio por débito alheio.

Com relação à fiança convencional, o fiador somente poderá ser demandado diretamente se sua obrigação estiver
prevista em título executivo extrajudicial; se a garantia estiver prevista em qualquer outro documento que não se revista
da qualidade de título executivo, sua responsabilidade deverá ser primeiramente apurada em processo de
conhecimento.

Convém observar que este entendimento não afronta o disposto na Súmula 268 do STJ, que prevê que “o fiador que
não integrou a relação processual de despejo não responde pela execução do julgado”, porque neste caso executa-se
a sentença, proferida em relação processual da qual não fez parte o fiador, motivo pelo qual os efeitos da sentença não
o alcançam.

Observe-se, ainda o enunciado 445 do FPPC: “ O fiador judicial também pode ser sujeito passivo da execução.”

Posição do STJ:
“O fiador que não integrou a relação processual na ação de
despejo não responde pela execução do julgado.” Eis o
disposto na súmula 268 do STJ.
O responsável tributário, assim definido em legislação própria,
também é considerado legitimado passivo extraordinário para a
ação executiva, pois responderá por débito alheio, como nos
casos do inventariante, relativamente aos débitos do espólio
(CTN, art. 134, IV).

Posição do STJ:

Súmula 549-STJ: “É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação.”

ATENÇÃO!

O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o
mesmo e desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento. Eis a disposição
expressa no artigo 780 do CPC/15.

De acordo com o artigo 785, a existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo proces-
so de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial. De acordo com o enunciado 446 do FPPC: “ Cabe
ação monitória mesmo quando o autor for portador de título executivo extrajudicial.”

Litisconsórcio

É plenamente admissível na execução a formação de litisconsórcio, seja ativo, passivo ou misto, assim como
originário ou superveniente. E embora seja normalmente facultativa a formação de litisconsórcio na execução, não
há qualquer impedimento na formação de litisconsórcio necessário, se o tipo da obrigação o exigir. Tratamos do
tema no volume 7 da coleção.

Intervenção de terceiros na execução

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Considerando que a denunciação da lide e o chamamento ao processo são hipóteses de intervenção de terceiro
utilizáveis na formação do título executivo judicial, não têm cabimento na execução.

Com relação à assistência, sua admissibilidade é polêmica na doutrina, pois não haverá sentença a beneficiar
juridicamente o terceiro. Porém, diante da redação do art. 834 do Código Civil, há quem admita o ingresso do
fiador como assistente do credor (CC, art. 834: “Quando o credor, sem justa causa, demorar a execução iniciada
contra o devedor, poderá o fiador promover-lhe o andamento”).

Com o CPC/15 e a expressa referência a desconsideração da personalidade jurídica não resta dúvida do seu
cabimento na execução, vejamos:

O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de


sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.

A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas.

Pressupostos processuais do processo executivo

Além dos pressupostos processuais comuns a todos os procedimentos (classificados como pressupostos de
existência: a) existência de demanda; b) investidura do órgão jurisdicional; c) citação válida; ou de pressupostos
de validade positivos: a) petição inicial apta; b) competência do juízo; c) imparcialidade do juiz; d) capacidade de
ser parte ou capacidade civil; e) capacidade de estar em juízo (ou capacidade processual ou “legitimatio ad
processum”); f) capacidade postulatória; ou ainda chamados de pressupostos de validade negativos, que devem
estar ausentes da relação processual: a) litispendência; b) coisa julgada; c) perempção), no processo executivo
temos pressupostos específicos, relativos à obrigação que pode ser objeto de execução.

De acordo com o art. 786 do CPC a execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação
certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo.

A necessidade de simples operações aritméticas para apurar o crédito exequendo não retira a liquidez da
obrigação constante do título.

Certa é a obrigação que apresenta claramente definidos quem são seus sujeitos (credor e devedor), a natureza da
prestação (que pode ser de pagar quantia, de fazer ou não fazer, ou de entregar coisa), bem co mo o objeto desta
prestação.

Líquida é a obrigação que tem determinado e mensurado o objeto da prestação (“quantum debeatur”), por meio da
indicação da quantidade ou valor, por exemplo. Ademais, também será líquida a obrigação cujo objeto possa ser
apurável por meio de cálculos aritméticos (como o saldo devedor de aluguel não pago, que é acrescido de multa e
juros predefinidos no contrato). Ilíquida, por outro lado, é a obrigação que depende da prova de fatos para sua
mensuração.

Posição do STJ:
Neste sentido a súmula 233 do STJ: “o contrato de abertura de
crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta corrente,
não é título executivo”.
O título executivo, por sua vez, será exigível, com o
inadimplemento da obrigação ou com a constituição em mora
do devedor, quando esta for imprescindível (mora “ex
persona”).

O art. 7884 do CPC ainda autoriza o credor a iniciar a execução quando a prestação oferecida não corresponder
ao direito ou à obrigação, ou seja, quando houver cumprimento imperfeito. Porém, não será permitida a execução
do cumprimento de uma obrigação recíproca se a parte que a requerer não tiver cumprido a sua. Necessário

4
Vide art. 313 do CC/02.

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também que referidos pressupostos sejam identificáveis no título executivo, motivo pelo qual se exige a
apresentação do instrumento respectivo para que se inicie a execução.

Por fim, não estando preenchidos os pressupostos para a execução, acima estudados, a execução deve ser
declarada nula, nos termos do art. 803 do CPC.

É nula a execução se:

- o título executivo extrajudicial não corresponder à obrigação certa, líquida e exigível;

- o executado não for regularmente citado;

- for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo.

A nulidade de que cuida o artigo 803 será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
independentemente de embargos à execução.

Título executivo

Título executivo não se confunde com título de crédito.

Título executivo é o documento que autoriza que se promova a ação executiva ou que se inicie a fase do
cumprimento de sentença, tendo, portanto, natureza processual. Título de crédito, por seu turno, são os
documentos representativos de uma obrigação de direito material e conceituados por Cesare Vivante como os
documentos necessários para o exercício do direito, literal e autônomo, neles mencionados. Nem todos os títulos
executivos, porém, são títulos de crédito, da mesma forma que nem todos os títulos de créditos podem ser
considerados títulos executivos.

Os títulos possuem três características marcantes e fundamentais, vejamos:

• Certeza;
• Exigibilidade; e
• Liquidez.

Os títulos executivos, por sua origem, são classificados como títulos judiciais ou extrajudiciais.

Títulos Executivos Judiciais

Os títulos executivos judiciais emanam de pronunciamento judicial que impõe uma obrigação ao devedor que, não
sendo cumprida, enseja execução.

O art. 5155 do CPC relaciona os títulos executivos judiciais:

- as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer,
de não fazer ou de entregar coisa;

Todas as decisões6 que tenham eficácia condenatória podem ser objeto de execução, independentemente da
natureza da obrigação (obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia). Não podemos olvidar que
as sentenças declaratórias e constitutivas também podem ser objeto de execução, na parte relativa à condenação
ao pagamento das verbas de sucumbência.

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Vejamos o enunciado 440 do FPPC. (arts. 516, III e 515, IX). O art. 516, III e o seu parágrafo único aplicam-se à
execução de decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória. (Grupo: Execu-
ção)
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O CPC/73 tratava apenas de sentenças.

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Quanto às obrigações de pagar quantia definidas em título executivo judicial, sua execução ocorre no bojo do
próprio processo de conhecimento numa fase chamada de “cumprimento de sentença”.

Tratando-se de obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa, a execução se dará conforme o procedimento
previsto nos artigos 497 e 498, bem como artigos 536 e 537, por meio da concessão da tutela específica ou
mediante providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

- a decisão homologatória de autocomposição judicial;

Havendo acordo entre as partes durante a tramitação de um processo (ainda que tenha a natureza de conciliação,
mediação, reconhecimento jurídico do pedido ou renúncia ao direito postulado e mesmo que verse sobre matéria
diversa daquela que se discute nos autos), e sendo o pacto homologado, a sentença respectiva será considerada
título executivo judicial e poderá ser executada nos mesmos autos em que proferida, se houver descumprimento
por qualquer das partes.

- a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;

Os acordos extrajudiciais de qualquer natureza podem também ser levados a juízo para homologação, se nenhum
vício de forma ou validade o macular, valendo a sentença como título executivo judicial. Tal autorização repete
aquela prevista no art. 57 da Lei 9.099/95.

- o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a
título singular ou universal;

Tendo em vista que o formal de partilha somente tem força executiva em relação às pessoas nele mencionadas,
se algum bem adjudicado estiver na posse de terceiro, será necessária ação de conhecimento para propiciar a
transferência da posse.

- o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por
decisão judicial;

Eis uma novidade. Acertadamente o legislador destacou que créditos de auxiliares da justiça acima mencionados
passaram a ter natureza de títulos executivos judiciais.

- a sentença penal condenatória transitada em julgado;

A sentença penal, ainda que não faça expressa menção à condenação do acusado à reparação dos danos
causados à vítima, é considerada título executivo em benefício desta. No entanto, normalmente será necessário
que se faça prévia liquidação para apuração do montante devido (“quantum debeatur”), por meio do processo de
liquidação, antes de se iniciar o processo executivo. Incabível, porém, será a rediscussão da culpa do acusado
(“an debeatur”).

Convém também observar que as instâncias cível e criminal são independentes, embora se intercomuniquem. Ou
seja, reconhecida a responsabilidade do acusado, incabível a rediscussão do assunto na esfera cível, motivo pelo
qual se já houver ação cível de ressarcimento dos danos em andamento, passar-se-á diretamente à fase de
liquidação. Porém, se a ação de reparação de danos já tiver sido julgada improcedente e sobrevier sentença
condenatória na esfera criminal, caberá à vítima apenas ajuizar ação rescisória da sentença cível, diante da coisa
julgada formada. Tal posicionamento, porém, não é pacífico na doutrina, havendo também aqueles que reputam
prevalecer a sentença criminal, já que o CPC a considera título executivo judicial independentemente da
apreciação da questão no juízo cível.

- a sentença arbitral;

A sentença arbitral, quando condenatória, é considerada título executivo judicial, ainda que não homologada por
juiz, nos termos do art. 18 e 31 da Lei 9.307/967.

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Conferir a recente lei 13.129/15 que traz mudanças na Lei 9.307/96.

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Sua execução, porém, somente poderá ser feita pelo Poder Judiciário, no juízo competente.

- a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;

A necessidade de homologação da sentença estrangeira, assim como a competência do Superior Tribunal de


Justiça para tal apreciação, está prevista na Constituição Federal, art. 105, inciso I, alínea “i”, da mesma forma
que a competência da Justiça Federal para sua execução, depois de homologada (CF, art. 109, inciso X).

Com relação aos títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro, de acordo com o § 2º do art. 784 do
CPC não é exigível qualquer homologação para que tenham eficácia executiva, bastando que satisfaçam aos
requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento
da obrigação.8

- a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de
Justiça;

ATENÇÃO!

A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não
tenha sido deduzida em juízo.

Títulos Executivos Extrajudiciais

Tais títulos são formados fora do órgão jurisdicional.

De acordo com o art. 784 do CPC, são títulos executivos extrajudiciais:

- a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

Os títulos de crédito referidos são considerados títulos executivos extrajudiciais e, desde que satisfeitos os
requisitos específicos de prazo e forma previstos na legislação própria, poderão embasar ação executiva.

Atenção:
Relativamente ao cheque e a nota promissória, regulados
respectivamente pela Lei 7.357/85 e pela Lei Uniforme – Dec.
nº 57.663/66, não há necessidade de prévio protesto para
serem executados, a menos que se pretenda cobrá-los de
endossadores ou avalistas. Quanto à duplicata, regulada pela
Lei 5.474/68, necessita da aceitação do sacado para que tenha
força executiva. Do contrário, deverá estar protestada e
acompanhada do comprovante de entrega da mercadoria ou
da prestação do serviço, desde que não tenha havido recusa.

Também a letra de câmbio deve ser aceita pelo sacado para que, contra ele, seja movida a ação executiva; não
havendo aceite, a cobrança contra o sacador e endossadores dependerá de prévio protesto, nos termos previstos
na Lei Uniforme.

- a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;

Tratando-se de escritura pública, bastará a assinatura do devedor, assumindo o dever de cumprir a prestação
(seja de pagar quantia, entregar coisa fungível ou infungível, ou de fazer e não fazer), para que seja considerado
título executivo. Tratando-se de documento particular, exige-se também a assinatura de duas testemunhas.

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O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do
lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação. Eis a expressa
disposição do artigo 784, parágrafo 3º.

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Quando a transação extrajudicial for referendada pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos
advogados das partes, desnecessária será a assinatura de testemunhas.

- o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas;

- o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia
Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;

- o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por
caução;

Com relação a este dispositivo, necessário ponderar que os contratos de seguro de vida com cobertura de
acidentes pessoais que resulte incapacidade não podem ser executados porque necessária será a análise do grau
de incapacidade do segurado para aferição do montante da indenização, motivo pelo qual não são considerados
líquidos. Somente os seguros de vida que visam à cobrança da indenização por morte podem ser executados.

- o contrato de seguro de vida em caso de morte;

Desde a Lei 11.382/06 passamos a consagrar tal contrato como título executivo.

- o crédito decorrente de foro e laudêmio;

A obrigação do enfiteuta de pagar o foro anual, assim como o laudêmio que deve ser recolhido toda vez que o
domínio útil do imóvel objeto da enfiteuse for transferido, também se constituem créditos que podem ser exigidos
por meio de ação executiva.

- o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios,
tais como taxas e despesas de condomínio;

Desde que seja escrito, o contrato de locação pode ser executado, ainda que não tenha sido também subscrito
por duas testemunhas. E considerando a expressão “documentalmente comprovado”, empregada no inciso,
admite-se também a execução de crédito decorrente de locação reconhecido documentalmente, ainda que a
contratação tenha sido verbal.

Quanto aos acessórios, é lícita a cobrança, por meio de ação executiva, das taxas de luz, água e despesas de
condomínio. Não poderão ser cobradas, porém, as despesas relativas à reforma do imóvel feita quando da
desocupação, posto que tal quantia não se mostra líquida.

- a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

O crédito referido neste inciso será cobrado em execução fiscal, regulada pela Lei 6.830/80.

- o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva


convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;

- a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas
devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;

- todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de promover-lhe a
execução.

Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem
executados.

O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do

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lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação.

Como exemplos de títulos executivos previstos em legislação especial, temos o contrato de alienação fiduciária
em garantia e o contrato escrito de honorários advocatícios (Lei 8.906/94, art. 24).

Competência

A competência para o processamento da ação executiva deve ser estudada separadamente para os títulos
executivos judiciais e extrajudiciais, podendo ora ser absoluta, ora relativa.

Competência para execução de título judicial

O art. 516 destaca que cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:

- os tribunais, nas causas de sua competência originária;

- o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;

- o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença
estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.

Nas hipóteses dos incisos II e III do artigo 516, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do
executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva
ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será
solicitada ao juízo de origem.

O artigo 781 regula a competência das execuções pautadas em títulos executivos extrajudiciais, observemos:
A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente, observando-se o
seguinte:

- a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do título ou, ainda, de
situação dos bens a ela sujeitos;

- tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles;

- sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for
encontrado ou no foro de domicílio do exequente;

- havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à
escolha do exequente;

- a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu
origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado.

Porém, tratando-se de sentença penal condenatória, sentença arbitral ou sentença estrangeira, a competência
será relativa, e deverá observar o critério territorial previsto para o processo de conhecimento (CPC, art. 516)
observando-se que a execução da sentença estrangeira tramitará perante a Justiça Federal (CF, art. 109, inciso
X). Isto porque não há processo civil de conhecimento prévio nestes casos, a gerar a prevenção do juízo.
Também é certo que, nestas hipóteses, necessária será a formação de processo autônomo de liquidação, se o
caso, e de execução.

Relevante exceção está prevista no parágrafo único do art. 516, , que admite a opção do exequente pelo
processamento da execução no juízo onde se encontram os bens sujeitos à expropriação ou no juízo do atual
domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.

Como se vê, a lei facultou apenas ao credor, nos casos por ela especificados, a possibilidade de ajuizar a
execução em foro diverso do juízo onde se processou a ação de conhecimento em primeiro grau. Nessa hipótese,
reconhecendo-se competente, o juízo da execução solicitará a remessa dos autos da ação de conhecimento ao

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juízo de origem.

Execução de título extrajudicial

A competência para o ajuizamento da ação de execução de título extrajudicial é relativa e observa os mesmos
critérios utilizados para a fixação da competência no processo de conhecimento, dentre os quais estabelecemos a
seguinte ordem: primeiramente o foro de eleição indicado pelas partes contratualmente (CPC, art. 62); em
segundo lugar o foro do local indicado como de pagamento (CPC, art. 53) e por último o foro de domicílio do réu
(CPC, art. 46).

Execução fiscal

A execução fiscal, de acordo com o art. 46, parágrafo 5º, será proposta no foro do domicílio do devedor ou, se não
o tiver, no foro de sua residência ou no local onde for encontrado, ressalvando que, havendo mais de um devedor,
a Fazenda Pública poderá escolher o foro do domicílio de qualquer deles. Também poderá a ação ser proposta no
foro do lugar em que se praticou o ato ou ocorreu o fato que deu origem à dívida, embora nele não mais resida o
devedor, ou, ainda, no foro da situação dos bens, quando a dívida deles se originar.

Responsabilidade patrimonial

Nos termos do art. 789 do CPC é o patrimônio do devedor que responderá pelo cumprimento de suas obrigações,
não se olvidando que há certos bens que não podem ser penhorados, a exemplo daqueles relacionados no art.
833 do CPC (art. 833).

São impenhoráveis:

- os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;


- os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de
elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
- os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
- os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as
pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas
ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional
liberal, ressalvado o § 2º;
- os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou
úteis ao exercício da profissão do executado;
- o seguro de vida;
- os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
- os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou
assistência social;
- a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
- os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
- os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à
execução da obra.

A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para
sua aquisição.

Posição do STJ:

Súmula 451: É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial.

Neste caso, classifica-se a responsabilidade patrimonial do devedor de originária.

Será, porém, secundária a responsabilidade patrimonial quando o patrimônio de terceiros vem a ser atingido para
satisfazer a obrigação do devedor. As hipóteses de responsabilidade patrimonial secundária estão relacionadas
no art. 790 do CPC. Vejamos:

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Inciso I: ficam sujeitos à execução os bens do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em
direito real ou obrigação reipersecutória (inciso I do art. 790).

Nesse caso, o devedor aliena bem cuja propriedade se discute em processo de conhecimento. Ficando vencido
nesta demanda, o bem alienado a terceiro poderá ser objeto da execução a ser promovida posteriormente,
mesmo que já esteja na posse do terceiro adquirente.

A respeito da segunda hipótese (de execução fundada em obrigação reipersecutória), e também a título de
exemplo, ficará sujeito à execução e passível de apreensão o bem alienado a terceiro no curso de processo que
visa rescindir o contrato primitivo de compra e venda que transferiu a propriedade do bem ao vendedor que está
sendo executado; isto porque, sendo acolhida a pretensão daquele que vendeu primitivamente o bem, ineficaz
será a segunda venda feita a terceiro, posto que realizada no curso do processo que objetivava a rescisão do
contrato originário.

Não podemos deixar de observar que referidas hipóteses se equiparam àquelas de fraude à execução, previstas
no inciso V, deste mesmo artigo.

II – do sócio, nos termos da lei;

Dependendo do tipo de sociedade formada, os sócios podem ser solidariamente responsáveis pelas dívidas da
pessoa jurídica, como nos casos de sociedades de fato, sociedade em nome coletivo, entre outras.

Atenção:

Também poderá haver a desconsideração da personalidade


jurídica da sociedade, a fim de se estender aos sócios a
responsabilidade pelo pagamento das dívidas sociais, ainda
que tenham sua responsabilidade limitada contratualmente.
Esta última hipótese ocorre nos casos em que houver abuso
da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade, ou pela confusão patrimonial, nos termos do art. 50
do Código Civil.

III – do devedor, ainda que em poder de terceiros;

Nos termos do art. 789 do CPC o devedor responderá com a totalidade de seus bens pelas dívidas que contrair,
ainda que estejam na posse de terceiros. Desnecessária a ressalva feita neste artigo, pois, mesmo na posse de
terceiro, o bem continua sendo do devedor.

IV – do cônjuge ou companheiro, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação
respondem pela dívida;

Ficam sujeitos à execução não somente os bens particulares do devedor e os comuns que não ultrapassem sua
meação, mas também os próprios do cônjuge ou companheiro e os que superarem a meação do devedor, desde
que a dívida executada tenha beneficiado a família. E por ser presumível que a dívida contraída pelo cônjuge
verte-se em benefício da família ou do casal, cabe ao cônjuge do devedor provar que não se beneficiou.

Havendo penhora de bens cujo montante ultrapasse a meação do devedor, caberá ao cônjuge/companheiro opor
embargos de terceiro visando à desconstituição da constrição. Caso admita, ainda que implicitamente, que a
dívida beneficiou a ambos, e tenha interesse em discuti-la, também poderá opor embargos do devedor.

Por fim, sendo feita a penhora sobre bem indivisível, a meação do cônjuge alheio à execução recairá sobre o
produto da alienação do bem, nos termos do art. 843 do CPC que, assim, dispõe: “Tratando-se de penhora de
bem indivisível, o equivalente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge alheio à execução recairá sobre o
produto da alienação do bem”.

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V – alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.

Também ficam sujeitos à penhora os bens que foram vendidos pelo devedor em fraude à execução, frustrando,
portanto, o pagamento da dívida, ainda que estes bens estejam na posse de terceiros.

Considera-se fraude à execução a alienação ou oneração de bens que ocorrerem nas hipóteses do art. 792 do
CPC.

- quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a
pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver;

- quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 8289;

- quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário
do processo onde foi arguida a fraude;

- quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à
insolvência;

- nos demais casos expressos em lei.

A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.

No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as
cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do
vendedor e no local onde se encontra o bem.

ATENÇÃO!
Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da citação da
parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.

Embora o instituto seja denominado “fraude à execução”, não se exige que a alienação ou oneração ocorra na
pendência de ação de execução, bastando que esteja pendente ação de conhecimento e que o devedor já tenha
sito citado nesta ação, conforme entendimento majoritário no STJ.

Havendo alienação fraudulenta do bem que é objeto de ação fundada em direito real, e no curso desta ação, não
se dá o ingresso do terceiro adquirente nos autos, tendo o feito prosseguimento contra o alienante, sendo certo
ainda que a sentença a ser proferida também entre as partes originárias estenderá seus efeitos ao adquirente.

Na hipótese de alienação que reduza o devedor à insolvência, o reconhecimento da fraude à execução não
permite a alteração da titularidade das partes, mas apenas a penhora do bem alienado fraudulentamente. Convém
frisar que não se declara a nulidade da venda do bem, mas apenas a ineficácia, perante o credor, desta
negociação fraudulenta.

Não se deve confundir também a fraude à execução com a fraude contra credores (prevista nos artigos 158
e seguintes do Código Civil), a qual deve ser reconhecida em ação própria (chamada ação pauliana), a ser movida
pelo credor tanto contra o devedor alienante como contra o terceiro adquirente, e que exige a comprovação não
só do fato de a alienação ter reduzido o devedor à insolvência (“eventus damni”), quando da ciência do adquirente
desta intenção do devedor de prejudicar o credor (“consilium fraudis”).

Atenção:
Relativamente ao conhecimento da ação por parte de terceiros,

9
O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do
valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora,
arresto ou indisponibilidade.

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o art. 828 do CPC/15 trouxe importante inovação ao permitir
que o exequente, no ato do recebimento da inicial o, obtenha
certidão quando do recebimento/admissibilidade da inicial de
execução para fins de averbação no registro de imóveis, de
veículos ou de outros bens, que fará presumir em fraude à
execução a alienação ou oneração de bens efetuada após a
averbação, nos termos de seu parágrafo terceiro10. De acordo
com o enunciado 529 do FPPC: “ As averbações previstas nos
artigos 799, IX e 828 são aplicáveis ao cumprimento de
sentença. Já de acordo com o enunciado 539 do mesmo
fórum, a certidão a que se refere o artigo 828 não impede a
obtenção de averbação de certidão da propositura da
execução.

Espécies de execução

A execução é classificada como definitiva ou provisória, conforme veremos separadamente.

Quanto ao título em que se baseia


Títulos CUMPRIMENT Cumprimento deSentença
executivos O DEsentença “stricto judicial que
judiciais SENTENÇA sensu” reconheça
(Artigo 515“LATO SENSU” (processo uno) obrigação de
CPC) fazer e não
fazer (artigo
497, 536 e 537
CPC)
Sentença
judicial que
reconheça
obrigação de
dar coisa
(artigo 498 e
538 CPC)
Execução “sine Sentença
intervallo” judicial que
(processo uno) reconheça
obrigação de
pagar quantia
(arts. 513 e ss.
no CPC)
Execução Sentença penal
propriamente condenatória;
dita Sentença
(processo arbitral;
apartado) Sentença
estrangeira
homologada
pelo STF:
depois de
distribuída a
petição inicial e
citado o

10
Enunciado 130 do PPPC, vejamos: A obtenção da certidão prevista no art. 828 independe de decisão judicial.

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executado,
aplica-se o
procedimento da
nova lei
(arts. 513 e ss.
no NCPC e §3º
do art. 538, do
CPC).
Títulos EXECUÇÃO artigos 778 e ss. do CPC
executivos
extrajudiciais
(artigo 784,
CPC)
Quanto ao seu caráter
Definitiva Arts. 513 e ss.Fundada em título judicial e
do CPC extrajudicial
Provisória Art. 520 doFundada em sentença pendente
NCPC de recurso desprovido de efeito
suspensivo (RE e REsp)
Corre por iniciativa, conta e
responsabilidade do exequente,
que se responsabiliza a reparar
os danos do executado, e exige
“caução suficiente e idônea,
arbitrada pelo juiz e prestada nos
próprios autos” (art. 520 do
NCPC)
Definitiva

Definitiva é a execução cujo título executivo não corre risco de se tornar inexigível por força de reforma de decisão
anterior que autorizou o início da execução. P.ex: Decisão judicial já transitada em julgado.

Provisória

No entanto, provisória será a execução de título executivo judicial ainda não transitado em julgado, ou seja, cuja
sentença foi impugnada por recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo.

O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da
mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime, vejamos:

- corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os
danos que o executado haja sofrido;
- fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as
partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
- se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta
ficará sem efeito a execução;
- o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação
de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de cau-
ção suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos
do art. 525, analisado em outra parte da nossa obra.

Ademais, a multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523 são devidos no cumprimento provisório de
sentença condenatória ao pagamento de quantia certa.

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Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato
não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.

A restituição ao estado anterior não implica o desfazimento da transferência de posse ou da alienação de proprie-
dade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuízos
causados ao executado.

Vejamos alguns enunciados do FPPC sobre o tema:

Enunciado 262: “É admissível negócio processual para dispensar caução no cumprimento provisório de sentença.”

Enunciado 490: “São admissíveis os seguintes negócios processuais, entre outros: pacto de inexecução parcial ou
total de multa coercitiva; pacto de alteração de ordem de penhora; pré-indicação de bem penhorável preferencial
(art. 848, II); pré-fixação de indenização por dano processual prevista nos arts. 81, §3º, 520, inc. I, 297, parágrafo
único (cláusula penal processual); negócio de anuência prévia para aditamento ou alteração do pedido ou da cau-
sa de pedir até o saneamento (art. 329, inc. II).”

Enunciado 497: “As hipóteses de exigência de caução para a concessão de tutela provisória de urgência devem
ser definidas à luz do art. 520, IV, CPC.”

Igualmente provisória será a execução das decisões interlocutórias, como a de antecipação de tutela, visto que
poderão ser cassadas quando do julgamento definitivo.

E diante da possibilidade de reforma da decisão que autoriza a execução provisória, esta somente se iniciará por
requerimento do credor, e correrá por sua conta e risco, visto que deverá ressarcir o executado dos danos que
este sofrer, se a sentença for reformada.

Mesmo que seja provisória a execução, não se encontra vedado o levantamento de depósito em dinheiro
ou a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao
executado, mas a prática de tais atos depende de prestação de caução suficiente e idônea nos próprios autos,
arbitrada de plano pelo juiz (no NCPC), que somente poderá ser dispensada se:

- o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem;


- o credor demonstrar situação de necessidade;
- pender o agravo fundado nos incisos II e III do art. 1.042;
- a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo

Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de
casos repetitivos.

ATENÇÃO!A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano
de difícil ou incerta reparação.

De acordo com o enunciado 498 do FPPC: “A possibilidade de dispensa de caução para a concessão de tutela
provisória de urgência, prevista no art. 300, §1º, deve ser avaliada à luz das hipóteses do art. 521.”

ESPÉCIES DE EXECUÇÃO

Quanto à natureza da obrigação


Obrigação de dar coisa Execução de entrega de coisa
certa
Execução de entrega de coisa
incerta
Obrigação de fazer e não fazer Execução de obrigação de fazer

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Execução de obrigação de
não fazer
Obrigação de pagar quantiaObrigações em geral;
certa Obrigações alimentares;
Obrigações impostas à Fazenda
Pública

3.11 Cumulação de execuções

De acordo com o art. 780 do CPC: “É lícito ao exequente, sendo o mesmo o executado, cumular várias
execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, desde que para todas elas seja competente o juízo e
Idêntico o procedimento”.
Portanto, para que se estabeleça a cumulação de execuções, o credor e o devedor devem ser os mesmos, o juízo
competente para o processamento de todas, assim como idêntico o procedimento executivo. Desse modo, é
possível o mesmo credor executar, contra o mesmo devedor, dois títulos executivos extrajudiciais que contenham
previsão de pagar quantia. Se um dos títulos, porém, contiver obrigação de entregar coisa, por exemplo, incabível
será a cumulação.
Também não se admite cumulação de execuções quando se tratar de título executivo judicial, diante da
competência funcional que apresentam.

Atos atentatórios à dignidade da justiça

O processo de execução tem como finalidade precípua a satisfação de um crédito do exequente para com o
executado. Contudo, torna-se a cada dia mais complexo satisfazer este crédito do exequente de maneira célere e
pouco onerosa, eis que existem meios artificiosos e ardis para que se protele este pagamento fazendo com que o
processo de execução perdure por longos anos e em alguns casos nunca alcance seu objetivo. Classificam-se
estas condutas reprováveis como atos atentatórios à dignidade da justiça.

Os atos atentatórios à dignidade da justiça na execução estão dispostos no art. 77411.

Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do executado que:

- frauda a execução;
- se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;
- dificulta ou embaraça a realização da penhora;
- resiste injustificadamente às ordens judiciais;
- intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem
exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus.

Nos casos acima, o juiz fixará multa em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em
execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo
de outras sanções de natureza processual ou material.

Cabe ressaltar que atenta contra a dignidade da justiça o executado que, inobservando os preceitos esculpidos no
artigo acima referido, age de maneiranão proba na lide, usando meios artificiosos e ardis para fazer com que seus
interesses se sobressaiam aos da parte exequente.

11
Enunciado 537 do FPPC: “A conduta comissiva ou omissiva caracterizada como atentatória à dignidade da
justiça no procedimento da execução fiscal enseja a aplicação da multa do parágrafo único do art. 774 do
CPC/15.”

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O respeito à dignidade da função jurisdicional, diz respeito à forma que as partes devem comportar-se no
processo, qual seja, com lealdade processual e boa-fé, não formulando pretensões descabidas, bem como se
abstendo de requerer dilação probatória prescindível nos autos e resistir injustificadamente ao andamento do
processo e as determinações emanadas do juiz da causa.

Ressalte-se que esta conduta afeta diretamente à própria jurisdição, que é formada pelo juiz de direito e pelos
serventuários da justiça, considerando que no caso de a parte agir com deslealdade e má-fé processual, alguns
atos já praticados no processo terão de ser refeitos, ocasionando, por conseguinte, no desrespeito com a função
do Judiciário.

Suspensão do processo executivo

A suspensão corresponde à paralisação temporária da marcha.

A execução será suspensa nas hipóteses previstas no art. 92112 do CPC:


- nas hipóteses dos arts. 313 e 315, no que couber;
- no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à execução;
- quando o executado não possuir bens penhoráveis;
- se a alienação dos bens penhorados não se realizar por falta de licitantes e o exequente, em 15 (quinze) dias,
não requerer a adjudicação nem indicar outros bens penhoráveis;
- quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916 do CPC.

Na hipótese do executado não possuir bens o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um) ano, durante o
qual se suspenderá a prescrição.

Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o executado ou que sejam encontrados bens
penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos.

Os autos serão desarquivados para prosseguimento da execução se a qualquer tempo forem encontrados bens
penhoráveis.

Decorrido o prazo de que trata de um ano sem manifestação do exequente, começa a correr o prazo de prescri-
ção intercorrente.

O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição in-
tercorrente e extinguir o processo. Entedemos que a prescrição intercorrente pode ser reconhecida no procedi-
mento de cumprimento de sentença. Ademais, o prazo da prescrição intercorrente é o mesmo da ação.

ATENÇÃO!

O simples desarquivamento dos autos é insuficiente para interromper a prescrição13.

Convindo as partes, o juiz declarará suspensa a execução durante o prazo concedido pelo exequente para que o
executado cumpra voluntariamente a obrigação. Findo o prazo sem cumprimento da obrigação, o processo reto-
mará o seu curso.

Suspensa a execução, não serão praticados atos processuais, podendo o juiz, entretanto, salvo no caso de argui-
ção de impedimento ou de suspeição, ordenar providências urgentes.

Posição do STF:

Súmula 150: “Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação.”


Súmula 314: “Na composição do dano por acidente do trabalho, ou de transporte, não é contrário à lei tomar para
base da indenização o salário do tempo da perícia ou da sentença.”
Extinção do processo executivo

12
V. art. 40, da Lei 6.830/80.
13
No mesmo sentido, enunciado 548 do FPPC.

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O art. 924 do CPC prevê que a execução será extinta quando:

- a petição inicial for indeferida;


- a obrigação for satisfeita;
- o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida;
- o exequente renunciar ao crédito;
- ocorrer a prescrição intercorrente.

De acordo com o artigo 925, a extinção só produz efeito quando declarada por SENTENÇA.

Além dessas hipóteses, a execução também pode ser extinta nos casos previstos no art. 485 do CPC, no que for
aplicável ao processo de execução, haja vista que o art. 771, parágrafo único do CPC dispõe que “aplicam-se
subsidiariamente à execução as disposições que regem o processo de conhecimento”.

Tópico Síntese

Cumprimento de sentença Execução autônoma


Simples fase que seráEis uma demanda que será
instaurada para ainstaurada para a
implementação dos títulosimplementação de títulos
executivos judiciais. Ele decorreexecutivos extrajudiciais.
do modelo processual sincrético.

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