Sei sulla pagina 1di 9

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO ÚNICO OFÍCIO DA

COMARCA DE FEIRA GRANDE – ALAGOAS

Proc. n. 0700266-07.2015.8.02.0060

O MUNICÍPIO DE FEIRA GRANDE, devidamente qualificado nos autos do


processo em epígrafe, por seus advogados legalmente constituídos, vem, mui
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor recurso de EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO, pelos fatos e fundamentos jurídicos que se seguem:

I. DO CABIMENTO

O Código de Processo Civil de 2015 assim dispõe sobre as hipóteses de


cabimento:

Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:


[...].
II - por meio de embargos de declaração.

***

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer


decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se
pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento
de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência
aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489,
§ 1o.

Em sendo assim, resta evidente a possibilidade de que, mesmo pela via


estreita dos aclaratórios, o órgão julgador, ainda que excepcionalmente, venha a
complementar, esclarecer, corrigir ou até mesmo modificar sua própria decisão,
restando plenamente demonstrado o cabimento do presente recurso.

II. DOS FATOS E DO DIREITO

Cuida-se de ação ordinária de nomeação em cargo público ajuizada por


Edvalma da Silva Santos na qual busca ser efetivada no cargo de professor de primeiro
ao quinto.

Aduz a autora que prestou concurso público de provas e títulos no ano de


2014, restando classificada em nono lugar, enquanto que o concurso público só previu
03 vagas.

Em sentença proferida nestes autos, restou determinada a nomeação da


autora, ao argumento de que a mera existência de contratação temporária por
excepcional interesse público significa preterição ao direito subjetivo da autora,
classificada fora do número de vagas previstas no edital.

A sentença embargada, além de omissa, é contraditória, violando não só


precedentes do Tribunal de Justiça de Alagoas, do Supremo Tribunal Federal e do
Superior Tribunal de Justiça, como da própria Vara do Único Ofício da Comarca de Feira
Grande.

Em primeiro lugar, a sentença foi omissa quanto à análise da existência


de cargos públicos vagos para o cargo de professor de primeiro ao quinto, sendo este o
primeiro requisito a ser observado para determinação de nomeação em cargo público
por força de decisão judicial.
No caso, o Município de Feira Grande somente possui 05 cargos públicos
de professor de primeiro ao quinto criados, conforme Lei Municipal n. 267/2011.
Entretanto, pasmem, existem 66 professores EFETIVOS de primeiro ao quinto.

O concurso público de 2014 apenas previu 03 vagas para o cargo de


primeiro ao quinto e já foram chamados 05 professores de primeiro ao quinto, já
excedendo o número de cagas previstas no edital e em contrariedade ao entendimento
jurisprudencial dominante de que somente se existirem cargos públicos vagos é que
poderá haver a nomeação.

Para afastar qualquer dúvida a esse respeito, é preciso citar PRECEDENTE


VINCULANTE firmado pelo Supremo Tribunal Federal, julgado sob o regime de
repercussão geral, que estabelece que o candidato aprovado fora do número de vagas
previsto em edital possui mera expectativa de direito à nomeação. Essa regra somente
será́ afastada em situações excepcionais, conforme proclamado na ementa do referido
precedente, assim redigida:

[...] 1. O postulado do concurso público traduz-se na necessidade


essencial de o Estado conferir efetividade a diversos princípios
constitucionais, corolários do merit system, dentre eles o de que todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (CRFB/88,
art. 5o, caput).

2. O edital do concurso com número especifico de vagas, uma


vez publicado, faz exsurgir um dever de nomeação para a própria
Administração e um direito à nomeação titularizado pelo candidato
aprovado dentro desse número de vagas. Precedente do Plenário: RE
598.099 - RG, Relator Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJe 03-10-
2011.

3. O Estado Democrático de Direito republicano impõe à


Administração Pública que exerça sua discricionariedade
entrincheirada não, apenas, pela sua avaliação unilateral a respeito da
conveniência e oportunidade de um ato, mas, sobretudo, pelos direitos
fundamentais e demais normas constitucionais em um ambiente de
perene diálogo com a sociedade.
4. O Poder Judiciário não deve atuar como “Administrador
Positivo”, de modo a aniquilar o espaço decisório de titularidade do
administrador para decidir sobre o que é melhor para a Administração:
se a convocação dos últimos colocados de concurso público na validade
ou a dos primeiros aprovados em um novo concurso. Essa escolha é
legítima e, ressalvadas as hipóteses de abuso, não encontra obstáculo
em qualquer preceito constitucional.

5. Consectariamente, é cediço que a Administração Pública


possui discricionariedade para, observadas as normas constitucionais,
prover as vagas da maneira que melhor convier para o interesse da
coletividade, como verbi gratia, ocorre quando, em função de razões
orçamentárias, os cargos vagos só possam ser providos em um futuro
distante, ou, até mesmo, que sejam extintos, na hipótese de restar
caracterizado que não mais serão necessários.

6. A publicação de novo edital de concurso público ou o


surgimento de novas vagas durante a validade de outro anteriormente
realizado não caracteriza, por si só, a necessidade de provimento
imediato dos cargos. É que, a despeito da vacância dos cargos e da
publicação do novo edital durante a validade do concurso, podem
surgir circunstâncias e legítimas razões de interesse público que
justifiquem a inocorrência da nomeação no curto prazo, de modo a
obstaculizar eventual pretensão de reconhecimento do direito
subjetivo à nomeação dos aprovados em colocação além do número
de vagas. Nesse contexto, a Administração Pública detém a
prerrogativa de realizar a escolha entre a prorrogação de um concurso
público que esteja na validade ou a realização de novo certame.

7. A tese objetiva assentada em sede desta repercussã o geral


é a de que o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo
concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do
certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação
dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital,
ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte
da administração, caracterizadas por comportamento tácito ou
expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade
de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame,
a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, a
discricionariedade da Administração quanto à convocação de
aprovados em concurso público fica reduzida ao patamar zero
(Ermessensreduzierung auf Null), fazendo exsurgir o direito subjetivo à
nomeação, verbi gratia, nas seguintes hipóteses excepcionais:

i) Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas


dentro do edital (RE 598.099); ii) Quando houver preterição na
nomeação por não observância da ordem de classificação (Súmula 15
do STF);
iii) Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso
durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de
candidatos aprovados fora das vagas de forma arbitrária e imotivada
por parte da administração nos termos acima. [...]". (STF - RE 837311,
Rel. Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, Julgado em 09.12.2015,
REPERCUSSÃ O GERAL – MÉRITO, DJe-072, Publicado em 18.04.2016)

O julgado acima é claro e tem como pressuposto a demonstração de


cargo público vago, o que não existe e não foi demonstrado no caso dos autos. Nesse
sentido, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, veja-se:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO


RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚ BLICO PARA
PROVIMENTO DE CARGO EFETIVO. SERVIDORES TEMPORÁRIOS. ART.
37, IX, DA CF/88. NECESSIDADES TRANSITÓ RIAS DA ADMINISTRAÇÃO.
PRORROGAÇÃO ILEGAL DO CONTRATO. IMUTABILIDADE DA
NATUREZA PRECÁ RIA. PRETERIÇÃO NÃ O CARACTERIZADA. 1. A
admissão de temporários, fundada no art. 37, IX, da Constituição
Federal, atende necessidades transitórias da Administração e nã o
concorre com a nomeação de efetivos, estes recrutados mediante
concurso público (Art. 37, II e III da CF), para suprir necessidades
permanentes do serviço. Sã o institutos diversos, com fundamentos
́
fáticos e juridicos que não se confundem. 2. A simples existência de
temporários nos quadros estatais, independentemente do número,
não pode ser tida, só por si, como caracterizadora da preterição dos
candidatos aprovados para provimento de cargos efetivos.
Precedentes. 3. A prorrogação dos contratos temporários para além
dos limites temporais legalmente fixados, embora ilegal, não
́
modifica sua natureza transitória, para transformá-los em vinculos
efetivos. 4. Agravo interno a que se nega provimento.

(AgInt no RMS 52.113/ES, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA,


PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/03/2017, DJe 28/03/2017 – Sem
grifos no original)

***

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL


NO RECURSO ORDINÁ RIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO
PÚ BLICO. CANDIDATO APROVADO FORA DO NÚ MERO DE VAGAS.
ALEGAÇÃO DE CONTRATAÇÃO PRECÁ RIA DE SERVIDORES NA
VIGÊNCIA DO CERTAME. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA
PRETERIÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO NÃ O DEMONSTRADO.
AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A questã o em
debate cinge-se à existência do direito à nomeação de candidato que
logrou aprovação ou nã o em concurso público, ainda que fora do
número de vagas previstas no Edital, ao argumento de estar sendo
preterido em virtude da existência de contratações precárias. 2.
Conforme assentado pela Corte de origem, o Recorrente nã o foi
aprovado dentro do número de vagas previstas no edital do concurso,
e não demonstrou a existência de cargos efetivos vagos sem o devido
preenchimento. Assim, embora aponte a existência de preterição,
insurgindo-se contra a contratação temporária de Professores, essa
circunstância, por si só, não demonstra a existência do direito
almejado. 3. Para configurar o direito líquido e certo da parte autora
seria necessária a demonstração inequívoca da existência de cargos
efetivos vagos, restando cabalmente demonstrado que as
contratações precárias visaram não a suprir uma situação emergencial
e, sim, o provimento precário de cargo efetivo, circunstância que não
restou evidenciada de plano. 4. Agravo Regimental a que se nega
provimento.

(AgRg no RMS 49.659/MG, Rel. Ministro NAPOLEÃ O NUNES


MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/05/2016, DJe
02/06/2016 - Grifei)

No mesmo sentido existem inúmeros precedentes firmados pelo Tribunal


de Justiça do Estado de Alagoas, a exemplo dos julgados citados abaixo:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃ O INTERLOCUTÓ RIA QUE


DETERMINOU A NOMEAÇÃO DE CANDIDATO APROVADO EM
CONCURSO DE PROFESSOR DE HISTÓ RIA FORA DO NÚ MERO DE VAGAS
DIANTE DA CONTRATAÇÃO DE PROFESSORES MONITORES. ALEGAÇÃO
RECURSAL NO SENTIDO DE QUE HÁ VEDAÇÃO LEGAL A TAL
PROVIMENTO. PROIBIÇÃO NÃ O APLICÁ VEL À NOMEAÇÃO EM
VIRTUDE DE APROVAÇÃO EM CONCURSO. APLICAÇÃO DO
ENTENDIMENTO FIXADO NO RE 837.311/PI (REPERCUSSÃ O GERAL).
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO ACERCA DA EXISTÊNCIA DE VAGAS
CRIADAS POR LEI. AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO. DECISÃ O
REFORMADA.
(TJ-AL, Agravo de Instrumento n. 0802287-76.2017.8.02.0000,
Rel. Desa. Elisabeth Carvalho Nascimento, 2a Câmara Cível,
Julgamento em 22/03/2018 – Grifei)

***

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


CONCURSO PÚ BLICO. DECISÃ O DE PRIMEIRO GRAU QUE NEGOU A
LIMINAR EM QUE SE BUSCAVA A NOMEAÇÃO EM CONCURSO PÚ BLICO.
ALEGAÇÃO DE PRETERIÇÃO. CANDIDATO APROVADO FORA DO
NÚ MERO DE VAGAS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE
CONTRATAÇÃO PRECÁ RIA. CONTRATAÇÃO TEMPORÁ RIA DE
MONITORES COM REGIME JURÍDICO DIVERSO E QUE PORTANTO NÃ O
SE ENQUADRA COMO PRETERIÇÃO. APLICAÇÃO DO PRECEDENTE DO
STF COM REPERCUSSÃ O GERAL. RE 837311. AGRAVO CONHECIDO E
NÃ O PROVIDO. DECISÃ O DE PRIMEIRO GRAU MANTIDA.
(TJ-AL, Agravo de Instrumento n. 0801378-68.2016.8.02.0000,
Rel. Desa. Elisabeth Carvalho Nascimento, 2a Câmara Cível,
Julgamento em 17/11/2016 – Sem grifos no original)

***

REEXAME NECESSÁ RIO. CONCURSO PÚ BLICO. CANDIDATA


APROVADA FORA DO NÚ MERO DE VAGAS. EXISTÊNCIA DE
SERVIDORES PRECÁ RIOS EXCERCENDO O MESMO CARGO. CONTRATOS
TEMPORÁ RIOS RENOVADOS. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE
CARGOS EFETIVOS DISPONÍVEIS. INEXISTÊNCIA DE DIREITO À
NOMEAÇÃO E POSSE. REMESSA CONHECIDA E SENTENÇA
REFORMADA. 1. As contratações temporárias se procedem de forma
diversa do que seria adotado para o provimento efetivo de cargos, já
que realizadas a título precário e por prazo determinado, ainda que
tenha havido renovação ano após ano, não podendo ser ocupadas de
forma permanente como no caso de aprovação em concurso público;
2. Não se reconhece o direito à nomeação, ante a nã o configuração
das hipóteses admitidas para deferimento da medida. Isto porque os
vínculos precários constituem uma situação peculiar, de modo que as
vagas eventualmente ocupadas não coincidem com as ofertadas no
edital do certame; 3. Remessa conhecida. Sentença reformada. (TJ-AL,
Reexame Necessário n. 0000734-26.2012.8.02.0057, Rel. Des. Alcides
Gusmão da Silva, 3a Câmara Cível, Julgamento em 03/08/2017, DJe
07/08/2017 - Grifei)

Como se vê, está clara a omissão apontada, no sentido de que a sentença


embargada não se manifestou sobre a inexistência de cargo público vago, devendo ser
declarada tal ausência e, consequentemente, ser atribuído efeitos infringentes aos
presentes aclaratórios no sentido de julgar totalmente improcedente esta demanda.

Para evitar qualquer dúvida quanto a estas alegações, em anexo seguem


diversos documentos.

Outro vício que permeia a sentença embargada é o fato de que a autora


desta demanda foi classificada fora do número de vagas previstos no edital, a saber, em
nono lugar e o concurso de 2014 nomeou apenas 5 professores de primeiro ao quinto
(já excedendo o número de vagas previstas no edital).
Assim, para surgimento do direito subjetivo da autora, além da
demonstração da existência de cargo público vago, o que não foi feito pela requerente,
era preciso que candidatas aprovadas em sexto, sétimo e oitavo lugares fossem também
convocadas, sendo que, nenhuma das três candidatas estão no polo ativo desta
demanda.

Apesar de reconhecer este fato e afirmar que devem ser respeitados os


limites do caso concreto, não sendo possível ao juiz decidir com relação a pessoas que
não fizeram parte deste processo, na parte final, tal afirmação fora contrariada, uma vez
que Vossa Excelência, contrariando princípios básicos do direito, determinou a
nomeação não só da autora como de diversas pessoas que não fazem sequer parte desta
lide, o que evidencia gravíssima contradição.

E o que é pior! Ainda fora concedida, em sentença, tutela de urgência


para determinar imediatamente a posse da autora.

Por fim, é preciso dizer, Excelência, que o Município de Feira Grande


recebeu com bastante surpresa esta sentença, uma vez que, além de contrariar
precedentes atuais -- e não ultrapassados – de TODOS os Tribunais Superiores, ainda
foram contrariados INÚMEROS julgados proferidos nesta própria Comarca, todos de
lavra de Vossa Excelência, a exemplo dos processos n. 0700420-54.2017.8.02.0060;
0700424-91.2017.8.02.0060; 0700784-60.2016.8.02.0060, todos reproduzidos
integralmente em anexo.

III. PEDIDOS

Por todo o exposto, requer-se sejam acolhidos e providos integralmente


os aclaratórios em tela, para sanando as omissões apontadas, atribuir-lhes efeitos
infringentes, julgando-se totalmente improcedente a demanda ajuizada pela
embargada.
Nestes termos, pede deferimento.

Feira Grande, Alagoas, 12 de dezembro de 2018.

RUBENS MARCELO PEREIRA DA SILVA


OAB/AL N. 6638

Potrebbero piacerti anche