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INTRODUÇÃO
Antes de iniciarmos nossas reflexões é essencial compreender
tendo como aporte teórico a teoria cognitivista de Ausubel, Novak e Hanesian
(2000), que todo indivíduo adquire, armazena e organiza suas ideias de forma
específica, complexa e hierárquica.
Ausubel, Novak e Hanesian (2000), afirmava que a aprendizagem se
ancora em conceitos ou proposições relevantes, preexistentes na estrutura cognitiva
do aprendiz. A medida que novas ideias vão se relacionando com as ideias
existentes a aprendizagem se torna significativa, ou seja, a aprendizagem é um
processo que envolve a interação da nova informação abordada com a pré-estrutura
cognitiva do aluno.
Ausubel, Novak e Hanesian (2000), descrevem que a estrutura
cognitiva seria o conteúdo total e organizado de ideias de um determinado indivíduo;
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ou, no contexto da aprendizagem de certos conceitos, refere-se ao conteúdo e
organização de ideias na área particular de conhecimento. Desta forma, a estrutura
cognitiva de cada indivíduo é extremamente organizada e hierarquizada, no sentido
que as várias ideias se encadeiam de acordo com a relação que se estabelece entre
elas. Além disso, é nesta estrutura que se ancoram e se reordenam novos conceitos
e ideias que o indivíduo vai progressivamente internalizando e aprendendo. Toda
essa estrutura preexistente consiste em “subsunçores”, que representa o
conhecimento prévio que o indivíduo adquire a partir de suas vivências (AUSUBEL,
NOVAK; HANESIAN, 2000).
O termo “aprendizagem significativa” é o conceito central da teoria
da aprendizagem de David Ausubel. Segundo Moreira (2011 p. 2) “a aprendizagem
significativa é um processo por meio do qual, uma nova informação relaciona-se, de
maneira substantiva (não-literal) e não-arbitrária, a um aspecto relevante da
estrutura de conhecimento do indivíduo”.
No período de janeiro/2017 a novembro/2017, atuei como docente
no ensino regular do 3º ano e me deparei com a realidade da inclusão na Escola
Pública: turmas numerosas, que passaram a receber alunos com deficiência
intelectual com grau leve de comprometimento. Estas turmas de 3º ano contavam
com o com o auxílio de uma professora de apoio que tinha como função atender
individualmente os alunos com deficiência intelectual (DI), fazendo leituras em voz
alta de enunciados e textos para melhor compreensão, auxiliando na resolução das
atividades, bem como nas explicações de conteúdos específicos, além de utilizar
recursos diferenciados quando necessário.
Mesmo contando com a presença do professor de apoio em sala,
percebi que caberia a mim a responsabilidade de conduzir estes alunos a uma
aprendizagem significativa, a fim de facilitar o acesso destes alunos ao
conhecimento que seria exposto a toda turma. Replanejar e repensar minha prática
seria uma ação inevitável e necessária para que eu conseguisse promover práticas
para uma aprendizagem significativa, ou seja, para melhorar a assimilação de
conceitos relevantes por parte de todos os alunos, sem exceção.
Em minhas práticas sempre utilizei diferentes recursos para ensinar,
mas, com a presença de alunos com DI em sala de aula, foi necessário repensar
sobre a prática e a intencionalidade, a fim de conquistar a aprendizagem de todos os
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alunos sem distinção. Em minha concepção como educadora, o aluno com DI
precisa ser estimulado e motivado a aprender, estando em um ambiente acolhedor,
no qual, os colegas sejam incentivados a respeitar e ajudar o colega quando
solicitado. Além disso, o professor deve conscientizar o próprio aluno com DI, que o
esforço e a força de vontade são peça chave para que ele possa evoluir. Além
disso, Falconi e Silva (2002, p. 4) complementam que,
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Objetivo Geral
Objetivos Específicos:
Metodologia
Referencial Teórico
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desenvolvimento mental, de modo específico na área cognitiva. Os indivíduos que
apresentavam comprometimentos demonstravam dificuldades em relação a
autonomia e independência, bem como na sua adaptação ao meio social.
A partir do século XIX, passou-se a levar em conta as
potencialidades do indivíduo que apresentava algum tipo de deficiência e, aos
poucos, estudiosos da área da psicologia e da pedagogia envolveram-se com a
questão e realizaram as primeiras intervenções educacionais, principalmente nos
países da Europa. Na década de 1960, foi proposto um paradigma sustentado na
integração das pessoas com deficiência, o que promoveu a implantação da
educação inclusiva nas escolas. O que, como dizem Glat, Fontes & Pletsch (2007),
representou um processo de transformação das concepções teóricas e das práticas
da Educação Especial, passando o atendimento educacional a ser realizado em
classes especiais.
Aranha (2001) relata que o paradigma de serviços, como passou a
ser denominado, seguia a filosofia da normalização, sendo a integração uma forma
de preparação dos alunos com deficiência para sua adaptação ao ensino regular.
Não obstante, não ocorria a inclusão de fato, uma vez que a escola regular educava
apenas aqueles com condições de acompanhar as atividades, sem preocupação
com as necessidades individuais daqueles que apresentavam algum tipo de
deficiência. E este panorama logo começou a enfrentar críticas, pois a maioria dos
alunos com deficiência, assim como relata Bueno (2001) continuavam segregados
em escolas ou classes especiais, por não apresentar condições de ingresso nas
turmas regulares.
Atualmente, o conceito de deficiência intelectual mais divulgado nos
meios educacionais tem como base o sistema de classificação da Associação
Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento – AAIDD. A definição
apresentada pela AAIDD (2010), é compreendida como uma condição caracterizada
por importantes limitações, tanto no funcionamento intelectual, quanto no
comportamento adaptativo, que está expresso nas habilidades adaptativas
conceituais, sociais e práticas, manifestadas antes dos dezoito anos de idade.
No Brasil, em meados da década de 1990, começaram as
discussões em torno do novo modelo de atendimento escolar, denominado inclusão
escolar. Esse novo conceito surgiu como uma reação contrária ao processo de
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integração, e sua efetivação prática tem gerado muitas controvérsias e polêmicas.
Deste modo, o conceito de inclusão passou a ser desenvolvido na educação
especial de forma diferente do conceito de integração, no entanto, eles têm a
mesma proposta, que é inserir os alunos que apresentam necessidades
educacionais especiais no ensino regular.
Bueno (2001) defende que o conceito de integração passa a ideia de
que a pessoa para ser inserida na escola regular, deve estar em condições para
isso, ou em condições de corresponder às solicitações feitas pela escola, fato que
ocorria anteriormente em que pretendia-se preparar o aluno para o ensino regular.
Nesse sentido, não se questiona sobre o papel e a função da escola, pois é ela
quem dita o modelo que o aluno deve seguir. O conceito de inclusão considera a
inserção de alunos por meio de outro ângulo, isto é, considera a existência de
inúmeras diferenças: sejam pessoais, linguísticas, culturais, sociais etc., e, ao
reconhecê-las, mostra a necessidade de mudança do sistema educacional que, na
realidade, não se encontra preparado para atender a essa população.
As conquistas relacionadas a Educação Especial, tomou forma nos
instrumentos internacionais que passaram a orientar a reformulação dos marcos
legais de todos os países, inclusive no Brasil. Na década de 90 todos esses
princípios foram reforçados e explicitados nos textos subsequentes, inspirados em
documentos internacionais como a proposta de Educação para Todos Jomtien –
Tailândia em 1990 e a Declaração de Salamanca - Espanha ,1994.
De acordo com a Declaração de Salamanca (BRASIL,1994), o conceito de inclusão
é um desafio para a educação, uma vez que estabelece que o direito à educação é
para todos e não só para aqueles que apresentam necessidades educacionais
especiais, como podemos observar no trecho abaixo:
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vezes numerosa, sem o auxílio contínuo e paralelo de atendimentos especializados
e profissional de apoio?
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reconciliação integradora é o processo dinâmico simultâneo ao da diferenciação
progressiva na qual há eliminação de diferenças aparentes, resoluções de
inconsistências, integração de significados e superordenações do que se aprende
dentro da estrutura cognitiva. Mas uma criança com deficiência intelectual possui
subsunçores?
Segundo Pfanner (2008), especialista em doenças nervosas e
mentais, a criança, apesar de possuir uma alteração no funcionamento intelectual
inferior à média e dificuldades no que diz respeito às assimilações de suas
experiências, fazer abstração do pensamento e gestão consciente de seus próprios
instrumentos mentais, irá recorrer as representações e experiências assimiladas
para ter em si uma aprendizagem significativa, o que leva a afirmar que sim a
criança com deficiência intelectual possui subsunçores. Pfanner (2008, p. 99)
exemplifica que,
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potencialmente revelador e o estudante precisa estar disposto a relacionar o material
de maneira consistente e não arbitrária.
Moreira (2011) amplia o conceito trazido por Ausubel, Novak e
Hanesian (2000), dizendo que a aprendizagem significativa pode se distinguir entre
três formas: por subordinação, por superordenação e modo combinatório. Quando
os novos conhecimentos adquirem significados para o indivíduo que aprende, por
um processo de ancoragem cognitiva em conhecimentos prévios relevantes e gerais
preexistentes em sua estrutura cognitiva, temos a aprendizagem subordinada. Mas,
quando há um processo de abstração, indução, síntese que levam a novos
conhecimentos, subordinando assim aqueles que lhes deram origem, temos a
aprendizagem superordenada. A aprendizagem combinatória se dá quando a
atribuição de significados implica a interação com vários outros conhecimentos.
Para haver a consolidação do conhecimento, se faz necessário que
o professor considere que é essencial promover condições como a seleção de
materiais que levem o aluno com deficiência intelectual à significação dos
conteúdos, ou melhor, à substantividade. Neste sentido, a programaticidade
(organização do conteúdo) do geral ao mais específico conhecimento, também
precisa existir. Desta forma é possível fazer a análise conceitual, de forma a não
sobrecarregar o aluno com deficiência intelectual com informações desnecessárias.
Compreendendo qual conhecimento o aluno com deficiência
intelectual traz consigo para a sala de aula, o professor poderá construir o
conhecimento fazendo relação com os conhecimentos já existentes, dando espaço
para novas compreensões. Sendo assim, em nosso entendimento, o processo de
aprendizagem precisa ser minucioso e cauteloso visto que a aprendizagem de um
aluno com deficiência intelectual acontece de forma diferente em relação ao aluno
sem deficiência.
A promoção de uma aprendizagem significativa independe da
limitação que o aluno com deficiência intelectual possa ter, ainda que a criança
possua subsunçores limitados, pode fazer deles uma “ponte” para novos
conhecimentos, cabendo ao professor fazer a diferenciação neste processo de
aprendizagem diferenciado. Conforme MEC (1999),
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alunos e alunas têm capacidades, interesses, ritmos, motivações e experiências
diferentes, que mediatizam seu processo de aprendizagem, fazendo que seja
único e diferente, em cada caso.
Considerações Finais
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demonstrar melhor entendimento conceitual do que aqueles que não têm ocasião de
assim o fazer.
Ao observarmos tantos modos de representação, percebemos que a
aprendizagem, mesmo sendo um processo complexo de cada indivíduo, pode ser
proporcionada a alunos com deficiência intelectual. Entender a deficiência intelectual
é possibilitar que avanços aconteçam a partir de uma aprendizagem significativa. O
conhecimento precisa ter sentido, ser significativo e ter significado para o aluno, que
por sua vez, também precisa estar aberto a aprender. Ao apresentar multimodos de
representações o professor oportuniza ao aluno que o mesmo identifique, se
identifique e se aproxime do conteúdo inicialmente distante e desconhecido.
É por meio dos escritos apresentados, que a aprendizagem mesmo
sendo um processo complexo de cada indivíduo, pode ser proporcionada a alunos
com deficiência intelectual. É possível desenvolver o conhecimento, mesmo que em
“curtos passos” quando se há dedicação, compreensão e comprometimento por
parte do professor e exista a busca pelo conhecimento necessário.
REFERÊNCIAS
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Disponível em www.cnotinfor.pt/projectos/worldbank/inclusiva. Acesso em 20 de
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