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D I S C I P L I N A Termoquímica e Equilíbrio

As propriedades das misturas simples

Autores

Franklin Nelson da Cruz

Carlos Neco da Silva Júnior

aula

Material APROVADO ((conteúdo e imagens)


g ) Data: ___/___/___
08
Nome:______________________________________
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva

Ministro da Educação
Fernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEED


Carlos Eduardo Bielschowsky

Reitor
José Ivonildo do Rêgo

Vice-Reitora
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Secretária de Educação a Distância


Vera Lucia do Amaral

Secretaria de Educação a Distância- SEDIS

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Vera Lucia do Amaral Adriana Rodrigues Gomes
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Arte e Ilustração
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Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida
sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
VERSÃO DO PROFESSOR

Apresentação
o conteúdo das aulas de 01 (A energia química e sua importância) a 06 (Energia

N livre) discutimos detalhadamente a conservação da energia e muitos processos de


misturas gasosas. Nesta aula, iremos estudar as relações energéticas que ocorrem
na formação de misturas e seu comportamento frente a algumas propriedades físicas como
pressão e temperatura. É importante ressaltar que no decorrer desta aula, você deve estar
atento(a) para relacionar os princípios termodinâmicos que regem a formação de uma solução,
anotando em seu caderno, de forma resumida, os pontos mais relevantes.

Objetivos
Entender quais efeitos termodinâmicos regem a formação
1 de uma solução.

Reconhecer os tipos de soluções existentes no cotidiano


2 e na natureza.

Diferenciar uma solução real de uma ideal.


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Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio 1


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Água e a formação das soluções


odos os dias entramos em contanto com diversas soluções e nem sequer nos damos

T conta. A maior parte dessas soluções é formada pela mistura de água e outros
componentes, por isso que a água é chamada de solvente universal. Costumeiramente,
ao falarmos em soluções, acreditamos que estas são sempre líquidas. No entanto, temos
de estar atentos para reconhecermos que existem soluções gasosas e ver que nem todas
as soluções líquidas se constituem apenas de dois componentes líquidos podendo ser um
líquido e um gasoso.

Para iniciarmos o estudo das soluções vamos conhecer um pouco sobre um dos solventes
mais comuns e utilizados em sua formação: a água.

A água é sem dúvida uma das substâncias mais comuns, importantes e vitais do nosso
planeta. Uma de suas principais características é sua capacidade em dissolver inúmeras outras
substâncias (iônicas ou covalentes). Não é à toa, que ela está presente na maior parte da
superfície terrestre e representa 70 % de nosso peso corporal, sendo capaz de regular a
temperatura interna do corpo e também essencial a todas as funções do organismo. Observe
a Figura 01 e a Tabela 1.

Tabela 1 – Composição de água nos órgãos


do corpo humano.
70%
Organismo % em água
Cérebro 75
Pulmões 86
Fígado 86
Sangue 81
Músculos 75
Coração 75
Rins 83

Figura 1 – Corpo humano constituído de


aproximadamente 70 % de água.

2 Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio


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Mas a água não está presente apenas em grandes proporções no corpo humano. Em
quase todos os processos industriais, químicos ou não, o uso da água é indispensável em
alguma das etapas do processo, podendo, portanto, ser chamada, de solvente universal, em
alguns casos mesmo quando presente em menor quantidade.

A maior solução existente na natureza sobre a superfície terrestre é sem dúvida o mar,
representando ¾ de toda essa superfície, por ter em sua composição vários sais dissolvidos
e diversos outros componentes orgânicos.

No entanto, a formação de uma solução não se limita apenas à formação de soluções


em fases líquidas, podendo também existir, outros tipos de soluções em diferentes estados
físicos da matéria.

Tipos de Soluções
Diariamente entramos em contanto com os mais diversos tipos de misturas: o leite que
bebemos, a gasolina utilizada em nossos carros, o xampu que usamos na higiene pessoal, o aço
utilizado na construção civil, na indústria automobilística etc. e até mesmo o ar que respiramos.
Antes de falarmos sobre os tipos de soluções poderíamos fazer a seguinte pergunta:

É possível que o ar, responsável à manutenção da vida, possa ser dissolvido nos lagos,
rios ou oceano, para que peixes e outras espécies possam viver nesses ambientes?

A vida dos peixes nos lagos, rios ou oceanos só é possível devido à solubilização de
moléculas de oxigênio gasoso (O2(g)) em meio às partículas de água líquida. Logo, podemos
constatar que houve a formação de uma mistura homogênea de duas substâncias que não
necessariamente estavam na mesma fase. Apesar, de ainda assim, termos formado uma
solução líquida, as soluções podem existir em qualquer um dos três estados da matéria, ou
seja, podem ser sólidas, líquidas ou gasosas, veja a Tabela 2.

Tabela 2 – Tipos de soluções

Tipo Descrição Utilização


Hg líquido + Ag sólida Liga odontológica
Soluções sólidas – Formadas pela
mistura de um gás com um sólido, de um
líquido com um sólido, ou de dois sólidos, Liga de cobre e zinco utilizada
Cu + Zn (ambos sólidos)
tendo como fase final o estado sólido. na produção de aços e torneiras.

CO 2(g) dissolvido em água


Soluções líquidas – constitui a maior Refrigerantes
aromatizada
parte das soluções, podendo ser formada
pela mistura de um gás com um líquido, Óleo diesel em gasolina Combustível automotivo
líquido com líquido ou sólidos dissolvidos Cloreto de sódio (NaCl) em
em líquidos, onde a fase final é líquida. Soro fisiológico
água destilada.
O2 + N 2 + outros gases Ar atmosférico
Soluções gasosas – Gases e vapores
que não reagem quimicamente entre si, GLP (propano + butano) Gás de cozinha
formam soluções em todas as proporções. Gás natural (Metano + Etano) Veículos automotivos

Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio 3


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Definição geral de uma solução:

É uma mistura homogênea de duas ou mais substâncias, onde todas as partículas


são muito pequenas, da ordem de átomos, moléculas e íons, cujo diâmetro pode
variar entre 0,05 e 0,25 nm.

Componentes de uma solução -


O soluto e o solvente
Como vimos às soluções são compostas por dois ou mais componentes. As soluções
de dois componentes são denominadas de binárias, as de três de ternárias e as de quatro,
quaternárias. Nesta aula, frequentemente iremos encontrar a informação de que um dos
componentes está presente em considerável excesso em relação ao(s) outro(s), podendo
assim ser chamado de solvente (substância em maior quantidade na solução) e o(s) outro(s),
chamado(s) de soluto (substância em menor quantidade).

No entanto, a concentração de uma solução somente pode ser expressa quantitativamente.


Termos como concentrado e diluído podem ser usados para dar uma indicação qualitativa da
concentração do soluto em uma solução.

É comum, ao tomarmos uma xícara de café, dizermos que o café está forte ou fraco.
“Forte” e “fraco” são termos qualitativos para expressar que a quantidade de café (soluto)
adicionada à água (solvente) foi muita (café forte) ou pouca (café fraco) podendo significar
café forte (concentrado) ou café fraco (diluído), Figura 2.

10g de Café + 50mL de água = Café fraco 30g de Café + 50mL de água = Café forte

Figura 2 – Representação de uma solução diluída e concentrada.

Porém, a descrição quantitativa pode ser obtida especificando as concentrações de seus


componentes em valores numéricos. Para isto é bom relembrar os principais tipos de medida
de concentração (fração molar, concentração molar e concentração molal) que serão utilizados

4 Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio


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no decorrer desta aula, consultando seu material da disciplina Medidas e transformações
químicas, aula 09. Para esta aula ainda é importante distinguir concentração molar de
concentração molal, uma vez que a primeira é expressa em termos do volume da solução e
a segunda é definida em termos da massa do solvente necessária para preparar a solução.
Outra característica importante destas duas medidas de concentração é que a concentração
molar varia com a temperatura, enquanto a molalidade independe da temperatura. O fato da
variação da concentração molar variar com a temperatura, pode se justificar pela expansão ou
contração do volume da solução, quando a temperatura aumenta ou diminui.

Professor, nesta mesma disciplina na aula 10 (Preparação de soluções aquosas


diluídas em unidades químicas de concentração), foi interessante observar que o
preparo da solução de ácido clorídrico e hidróxido de sódio exibiram liberação e
absorção de calor, respectivamente. Já que se trata do preparo de uma solução,
porque ambas exibem diferentes comportamentos no processo de formação?

Carlos, sua observação é muito importante, porque não sei se você lembra,
mas neste mesmo semestre, vocês estudaram na disciplina arquitetura atômica
e molecular, as forças intermoleculares ou forças existentes entre átomos e
moléculas nos estados líquidos e sólidos. Diante disto, você há de convir que na
formação dessas soluções foram utilizadas duas espécies químicas diferentes,
HCl e NaOH, que exibem forças atrativas de diferentes intensidades entre
suas moléculas. Logo, no processo de formação da solução ocorre quebra de
ligações intermoleculares e/ou intramoleculares das duas espécies que serão
utilizadas no preparo da solução, e, consequentemente, a formação de novas
ligações, intermoleculares e/ou intramoleculares, quando ambas as espécies
forem misturadas, o que gera diferentes valores de calor de solução ou ΔHsolução .
Vamos ver como isto ocorre.

Processo de formação de uma solução líquida


Já sabemos que uma solução só é formada quando uma substância se dispersa
uniformemente em outra. No entanto, este processo de formação está inevitavelmente
relacionado com as variações de energia que ocorrem quando as forças atrativas
intermoleculares existentes nos solutos e solventes são quebradas, possibilitando a formação
de espaços vazios entre eles para assim se misturarem.

Quando preparamos uma solução aquosa saturada de glicose (C6H12O6) em água, a mistura
só é possível devido às moléculas de água possuírem energia suficiente para separar cada uma
das moléculas de glicose que estão na fase sólida, Figura 3. A troca de energia que ocorre quando
um mol de um soluto se dissolve no solvente, a uma pressão constante, formando uma solução
é chamada de entalpia molar de solução, ou apenas calor de solução, ΔHsol.

Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio 5


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Água Açúcar sólido Moléculas de água Solução água


Líquida (Glicose) e glicose separadas e açúcar

Figura 3 – Dissolução molecular da glicose em água.

Como dito anteriormente, para que a solução de glicose e água seja formada é necessário
que as partículas de ambas as substâncias sejam separadas. De acordo com o que foi visto na
aula 04, o processo de separação de moléculas requer energia, ou seja, é necessário que as
substâncias a serem misturadas absorvam energia para quebrar as forças atrativas existentes
entre suas moléculas em cada substância, tornando-se livres. Depois de separadas elas podem
ser misturadas. O processo de dissolução de algumas substâncias para formar uma solução
pode acontecer com desprendimento de calor (ΔH < 0), ou com absorção de calor (ΔH > 0).

A dissolução de um sal, por exemplo, cloreto de sódio (sal de cozinha) ocorre porque
as moléculas de água têm energia suficiente para superar a energia de rede existente entre os
íons Na+ e Cl – no sólido cristalino. Cada íon é solvatado por uma quantidade de moléculas
de água, Figura 4, onde os dipolos positivos e negativos da água se orientam em direção ao
Cl – e Na +, respectivamente, puxando-os por forças íons-dipolo. Geralmente este processo é
chamado solvatação, especificamente de hidratação quando a água é o solvente.

2δ −
δ+ δ+

δ+ 2δ −

δ+

Na + Cl −
H O
Fonte: Brown et al (2005, p. 447).

Figura 4 – Solvatação do cátion sódio e do ânion cloro em água.

6 Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio


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Para medirmos a variação de energia que ocorre no processo de dissolução do NaCl(s)
em água, assim como o da glicose, podemos traçar qualquer caminho entre o estado inicial
(separação das moléculas quando o soluto é molecular ou separação de íons quando é iônico)
e o estado final (agregação das moléculas de água aos íons ou das moléculas de água a outras
moléculas por forças intermoleculares), sendo a variação de entalpia da solução, o saldo líquido
de todas as etapas do processo. Uma vez que a energia necessária para a etapa inicial excede
a energia liberada na etapa final, a solução é formada endotermicamente, porém se a energia
liberada na etapa final excede a energia absorvida na separação das moléculas (estado inicial),
a solução se forma exotermicamente. Devemos lembrar que tudo isto só é possível porque
a variação de entalpia é uma função de estado. A descrição matemática para o processo de
dissolução pode ser identificado abaixo em três etapas.

ΔH1 > 0 (separação das moléculas do soluto)

ΔH 2 > 0 (separação das moléculas do solvente)

ΔH3 < 0 (Mistura entre as partículas do soluto e do solvente)

A variação de entalpia global no processo de dissolução pode ser obtida pela seguinte
equação:

ΔHsol = ΔH1 + ΔH2 + ΔH3 Eq. 1

As soluções ideais
as aulas passadas o conceito de gás ideal foi abordado com bastante ênfase nos

N processos termodinâmicos que envolvem as mais diferentes formas de energia. Na


maioria dos casos, eles são tratados adequadamente pela aproximação de um estado
ideal, mesmo os sistemas que se desviam muito da idealidade, podem ser convenientemente
referidos à norma de comportamento estabelecida para o caso ideal. Porém, é bom lembrarmos
que os gases ideais funcionam apenas como um modelo perfeito de comportamento. Assim
como os gases ideais, nenhuma solução é perfeitamente ideal, em algum momento elas
apresentam desvio da idealidade.

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Neste momento um grande silêncio paira sobre a sala e o professor Igor logo
percebe que grande é o número de conflitos existentes com relação ao novo
conceito que está sendo introduzido, daí ele pergunta: Bom, acredito que alguns
de vocês estejam se perguntando quais os critérios estabelecidos para que uma
solução assuma comportamento ideal.

– Carlos prontamente lhe responde – professor li em um livro de físico- química,


que a idealidade de uma solução somente pode ser obtida pela total uniformidade
de forças coesivas. Estou correto?

– Está sim Carlos, mas, por favor, você pode explicar aos colegas de sala o que
são forças coesivas?

– Professor, que eu lembre, forças coesivas é o mesmo que forças


intermoleculares.e se todos os componentes de uma solução possuem as
mesmas forças intermoleculares significa que o saldo líquido de energia no
processo da mistura é zero.

– Correto Carlos, a Figura 05 pode nos ajudar a compreender melhor o processo


de formação de uma solução ideal.

Soluto Solvente
expandido expandido

Etapa 2
Soluto A expansão
ENTALPIA DO SISTEMA H

expandido Solvente do solvente é Etapa 3


endotérmica;
(Δ)H2 é
positiva.
A mistura

Fonte: Brady, Russel e Holum (2002, p. 383).


Etapa 1 do soluto com
Solução
A expansão do soluto o solvente é
Soluto Solvente ideal
é endotérmica; exotérmica;
(Δ)H1 é positiva. (Δ)H3 é
negativa.
FORMAÇÃO DIRETA

Para uma solução ideal,


ΔHsol = 0.
ΔH1 + ΔH2 = −ΔH3

Figura 5 – Variação de entalpia na formação de uma solução ideal.

8 Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio


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– José diz: agora sim, professor, ficou claro, percebi que a diferença que existe
entre um gás ideal e uma solução ideal é que no gás ideal não levamos em
consideração as forças de atração enquanto que na solução ideal elas existem,
porém elas podem se anular no processo de mistura.

– Muito bem José, por isso a variação de entalpia em uma solução ideal é zero.

Vimos que um gás ideal obedece perfeitamente à equação do gás ideal (PV = nRT),
logo uma solução ideal também deve obedecer a uma propriedade importante, a pressão de
François-Marie
vapor de um de seus componentes acima da solução. Um cientista francês chamado, François Raoult (1830-1901)
Raoult, passou a maior parte de sua vida determinando a pressão de vapor de uma grande
Além de seus estudos
variedade de soluções. Em 1882, ele elaborou a base para a obtenção de uma expressão para sobre a pressão de vapor,
o potencial químico de um soluto, através de seu trabalho conhecido hoje como a lei de Raoult. também publicou em
Guarde bem o termo potencial químico, posteriormente ele será retomado. 1883, estudos sobre o
abaixamento do ponto de
Sabemos que um líquido mantido em um recipiente fechado estabelecerá um equilíbrio congelamento e a elevação
do ponto de ebulição.
com seu vapor. Porém, quando a este líquido for adicionado um soluto não volátil ocorrerá
uma diminuição da sua pressão de vapor, ou seja, a adição de um soluto não volátil ao líquido,
formando uma solução, ocasionará diminuição da pressão de vapor do líquido puro. A lei de
Raoult pode ser enunciada quantitativamente da seguinte forma:

solucao = Xsovente · P solvente
PPsolução Eq. 2

Medidores da pressão do vapor

Moléculas do solvente
Moléculas do soluto

Figura 6 – Diferentes pressão de vapor do líquido puro (a) e da solução (b).

Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio 9


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Na expressão, Psolução e P °solvente representam a pressão de vapor da solução (a pressão
de vapor do solvente na solução) e a pressão de vapor do solvente puro, respectivamente, e
Xsolvente é a fração molar do solvente na solução.

Lembre-se que o símbolo ° em P do solvente, refere-se a padrão, ou seja, a pressão


padrão da substância.

Um sistema que obedece a lei de Raoult, de acordo com a Equação 2, apresenta um


gráfico de Psolução versus Xsolvente , linear em todas as concentrações. Ainda podemos utilizar
como ferramenta uma expressão que demonstre que a mudança na pressão de vapor, ou ΔP,
é diretamente proporcional à fração molar do soluto, Xsoluto , veja:

Pressão de Vapor do solvente puro


P(solução)

0 1
X(solvente)

Figura 7 – Representação gráfica da lei de Raoult.


ΔP = (P solvente −PPsolução
solucao ) Eq. 3

Como,

Xsolvente + Xsolucão = 1 ∴ Xsolvente = Xsolucão + 1 Eq. 4

Da expressão da lei de Raoult, podemos obter:


◦ ◦ ◦
solucão = (1 − Xsoluto ) P solvente = P solvente − Xsoluto P solvente
PPsolução Eq. 5

Rearranjando os termos da equação acima em função da variação de pressão temos:


◦ ◦ ◦
P solvente −P solução = (Xsoluto P solvente )
Psolucão ∴ ΔP = Xsoluto P solvente Eq. 6

Anteriormente, foi dito que nenhuma solução é perfeitamente ideal, porém existem
algumas misturas que se aproximam da idealidade, a Figura 8a representa a descrição das
pressões parciais de um desses tipos de mistura. Um exemplo de solução que se aproxima
da idealidade é a mistura entre metilbenzeno e benzeno (Figura 8b).

10 Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio


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Em ambas as substâncias, as forças de atração entre as moléculas são praticamente as
mesmas, sendo que no processo de mistura quase não há saldo líquido de energia, o que faz
com que a solução se aproxime da idealidade. Já um exemplo que apresenta desvio acentuado
da idealidade é a mistura entre dissulfeto de carbono (apolar) e a propanona (polar), pois ambas
as espécies possuem estrutura química e forças intermoleculares completamente diferentes, o
que as impossibilita de se misturarem. Isto acontece porque a atração entre as moléculas de
propanona é mais intensa do que uma possível interação entre uma molécula de propanona e
dissulfeto de carbono. A Figura 8c representa o desvio da idealidade para esta mistura. Desta
forma, apenas quando uma pequeníssima quantidade de dissulfeto de carbono está presente
na propanona tem-se uma aproximação da lei de Raoult, ou seja, da idealidade.

Observação – Este assunto será retomado na disciplina Experimentos de Termoquímica


e equilíbrio.

Sugestão – Para entender melhor a questão das soluções ideais é bom revisar um pouco sobre
a aula 13, forças intermoleculares, na disciplina arquitetura atômica e molecular.

a b

pB Pr e s
s ão t 80
ot al

pA∗
Pr i a l

60
Pressão (atm)
pa

es de

To
rc

ta
sã B
Pressão

l
o

Be

40
nz
en
o

o
sã A
es e 20
Pr i a l d Met o
il
rc zen
pa B e n
0
0 Fração molar 1 0 Fração molar 1
da substância A,xA do Metilbenzeno

c
500 Total

400
Dissulfeto
Pressão/Torr

de carbono
Fonte: Adaptado deAtkins (2003, p. 103–104).

300

200
Propanona
100

0
0 1
Fração molar
do dissulfeto de carbono

Figura 8 – (a) Descrição da pressão de vapor para uma solução ideal de compostos voláteis com dois
componentes; (b) descrição da pressão de vapor para uma solução que se aproxima da idealidade
e (c) descrição da pressão de vapor para uma mistura não-ideal.

Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio 11


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– Professor Igor, então como conclusão entendi duas coisas: primeiro, que
somente uma solução ideal pode obedecer completamente à lei de Raoult e
segundo, que as soluções que apresentam pequena quantidade de soluto
fornecem uma descrição da pressão de vapor do solvente. No entanto, não
podemos esperar que estas soluções forneçam uma boa descrição da pressão
de vapor do soluto, pois devido sua pequena quantidade, ele está muito longe de
ser uma substância pura numa solução diluída, estou correto?

– Pois é, Carlos, está sim, por isso que vocês devem comparar bem os últimos
gráficos, Figura 8, pois eles descrevem o real comportamento da pressão de
vapor para as substâncias puras e a pressão total à medida que aumenta um dos
componentes na mistura.

Atividade 1
Cite um tipo de solução sólida, líquida e gasosa que você entre em
1 contanto diariamente.

Explique quais as diferenças entre dissolução, solvatação e hidratação.


2

1.
sua resposta

2.

12 Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio


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Lei de Henry
s soluções diluídas apresentam uma molécula do soluto envolvida por várias moléculas

A do solvente. Diante desta evidência, é praticamente improvável que a pressão de vapor


do soluto, na solução, esteja de alguma forma relacionada com a pressão de vapor do
soluto puro, sendo que nestas soluções a pressão de vapor do soluto é proporcional à sua
fração molar em solução, da mesma forma como a pressão de vapor do solvente na solução,
tendo como diferença uma constante de proporcionalidade ao invés da pressão de vapor do
soluto puro. Esta relação foi descoberta pelo químico inglês William Henry, dando origem à
chamada lei de Henry, ou seja, William Henry
(1775 – 1836)
Psoluto ∝ Xsoluto
Estudou a solubilidade
Transformando esta proporcionalidade em uma igualdade e definindo Ksoluto como um dos gases que hoje é de
valor determinado experimentalmente, valor este que depende da natureza dos componentes fundamental importância
no processo de obtenção
e da temperatura, temos:
de bebidas gaseificadas.
Psoluto = Ksoluto · Xsoluto Eq. 7

Onde Ksoluto também pode ser chamada de constante da lei de Henry. Entretanto, devemos
lembrar que as soluções que obedecem à lei de Henry são somente aquelas cuja quantidade
de soluto é suficientemente pequena quando comparada com a quantidade de solvente, sendo
assim chamadas de soluções diluídas ideais.

– Professor Igor, já li em alguma das obras de referência desta aula que esse
mesmo cientista chamado Henry também enunciou uma lei que fala sobre a
solubilidade de gases, você pode me relembrar sobre esta lei?

– Claro que sim, José. Primeiro analise a figura abaixo:

a b
Fonte: Brown te. al. Página 455.

Figura 9 – Efeito da pressão de vapor na solubilidade de um gás.

Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio 13


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– Bom, não sei se vocês perceberam, mas existe uma situação de equilíbrio
Equilíbrio dinâmico dinâmico entre o líquido e o gás. No entanto, observe que a quantidade de
Condição na qual dois
moléculas gasosas na Figura 9a é maior que a quantidade de moléculas gasosas
processos contrários na Figura 9b. Observe também que o êmbolo da Figura 9a está mais elevado que
ocorrem simultaneamente o da 9b, indicando que na segunda figura a pressão é maior. Logo, um aumento
a taxas iguais, ou seja, à
medida que as moléculas
na pressão faz com que mais moléculas gasosas colidam com a superfície do
passam para a fase gasosa líquido e possam ser solubilizadas. Então, podemos concluir que a solubilidade
a mesma quantidade se de um gás em um líquido é diretamente proporcional à pressão parcial acima da
solubiliza no líquido.
solução. A relação entre pressão e solubilidade de um gás é expressa por uma
equação simples conhecida como lei de Henry.

Sg = KH · Pg

Onde, Sg representa a solubilidade do gás, KH é a constante da lei de Henry


específica para cada soluto e Pg é a pressão parcial do gás sobre a solução.

Observação – É importante distinguir entre a lei de Henry que trata da solubilidade de gases
e a que trata das soluções diluídas ideais.

Exercício resolvido 1
A vida aquática só é possível graças às interações do tipo dipolo instantâneo-dipolo
induzido, que ocorre entre as moléculas de água e oxigênio, para assim o oxigênio solubilizar-se.
Qual a concentração de O2 em um lago que se encontra em equilíbrio com o ar a 25 °C e 1
atm? Expresse a resposta em gramas de O2(g) por litro de água, considerando que a fração
molar do O 2(g) sobre o lago é de 0,22 e a constante de solubilidade da lei de Henry a 25 °C
é 1,66 × 10-6 M/mmHg.

Utilizando a lei de Dalton das pressões parciais, encontramos a pressão parcial de O2(g)
no ar a partir da pressão total sobre o lago. Em seguida, podemos usar a lei de Henry para
encontrar a solubilidade do O2(g ) em água e, utilizando a massa molar do O2(g ), podemos
converter a unidade mol/ encontrada em g/L.

14 Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio


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g ) Data: ___/___/___ Nome:______________________
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Solução:
A pressão parcial do O2(g) na superfície do lago:

PO2 (g) = XO2 (g) · PT otal = 760 mmHg · 0, 22 = 167, 2 mmHg

A quantidade de O2(g) que pode ser solubilizada em água é:


O2 (g)
Sg = Kg · Pg = 1, 66 · 10−6 M · mmHg · 167, 2 mmHg = 2, 77 · 10−4 mol de
L H2 O(l)

Essa quantidade pode ser convertida utilizando a massa molar do O2(g ), pois em
1,0 mol de O2(g) temos 32 g de O2(g).
O2 (g) 32 g de O2 (g) O2 (g)
Sg = 2, 77 · 10−4 mol de · = 8, 86 · 10−3 g de
L H2 O(l) 1, 0 mol de O2 (g) L H2 O(l)

Grandezas parciais
molares e o potencial químico
a aula passada, vimos que assim como as soluções, os líquidos puros também

N apresentam uma pressão de vapor quando em um recipiente fechado. No equilíbrio


entre duas fases, independentemente de ser um líquido puro ou não, o potencial que
as partículas da fase líquida têm em ir para fase gasosa é o mesmo que as partículas da fase
gasosa têm em voltar à fase líquida, ou seja,
μsolv(l) = μsolv(g)

podemos então, a partir de agora, classificar uma nova propriedade intensiva do sistema que
é capaz de medir o quanto uma espécie é capaz de sofrer uma mudança química ou física.
Podemos a partir de agora chamar esta propriedade de potencial químico de uma substância e
através dela verificar o quanto uma espécie “deseja” sofrer alguma mudança. Essa propriedade
está intimamente relacionada com a energia de Gibbs parcial molar.

Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio 15


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– Professor, a energia de Gibbs parcial molar de uma substância qualquer é a


contribuição (por mol) que a substância faz a energia de Gibbs total da mistura?

– Correto José, mas é claro que está não é a única grandeza parcial molar. Vamos
ver outra e qual a relação que existe entre o potencial químico de uma substância
e a energia livre de Gibbs parcial molar.

Como José falou, mas agora de forma mais geral, uma grandeza parcial molar pode
ser definida como a contribuição (por mol) que uma substância faz a uma das propriedades
total da mistura.

As quantidades parciais molares, estudadas na primeira unidade, podem ser definidas


para qualquer função de estado (S, H, G etc.). No entanto, vamos estudar duas grandezas
parciais molares de fundamental importância para o estudo das soluções. A primeira delas
é o volume parcial molar, Vi , de uma substância i, que representa o volume que um dado
componente ocuparia se estivesse sozinho na mistura. Podemos entender o volume parcial
molar como a representação de uma parte do todo. Numa mistura com moléculas A e B, o
volume das moléculas A pode ser dado pela quantidade de moléculas (nA ) vezes o volume
parcial molar de suas moléculas VA. Da mesma forma, o volume das moléculas B pode ser
dado pela quantidade de moléculas B (nB) vezes o volume parcial molar destas moléculas
(VB ). Para uma mistura de dois componentes como a ilustrada acima o volume total (VT ) é
dado pela soma dessas quantidades parciais no sistema

V T = nA V A + nB V B Eq. 8

Outra grandeza parcial molar de interesse é a energia de Gibbs parcial molar, Gi , de uma
substância i, que também é a contribuição (por mol) que a substância i faz à energia de Gibbs
total da mistura. Da mesma forma que o volume parcial molar, essa grandeza representa a energia
de uma parte específica das moléculas na mistura. Assim, a energia de Gibbs total da mistura,
para cada uma das moléculas, pode ser dada por uma expressão semelhante à do volume total:

GT = nA GA + nB GB Eq. 9

Essa nova grandeza, a energia de Gibbs parcial molar, é extremamente importante em


química e tem um nome próprio: o potencial químico do componente (i) da solução gasosa,
representada pela letra grega μ (mi). Observe ainda que esta grandeza já foi citada na página
anterior pelo José e é definida como:
Gi
μi = Eq. 10
ni
Como podemos ver, o potencial químico nada mais é do que a energia livre molar de
Gibbs. Em sentido amplo, podemos considerá-lo como a força motriz responsável pela difusão

16 Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio


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de espécies como átomos, moléculas, íons, radicais, entre outras; fenômeno imprescindível à
ocorrência de reações químicas. Então a Equação 9 pode ser expressa por:

GT = nA μA + nB μB Eq. 11

Onde μA e μB são, respectivamente, o potencial químico da substância A e B na mistura.

Perceba que o conceito de grandezas parciais molares tem um significado semelhante


ao de pressões parciais, porém não igual, pois na mistura de gases, lei de Dalton, vista na
aula 02, a pressão total é a soma das pressões parciais de cada componente na mistura.

– Professor, existe alguma fórmula explícita que nos mostre a variação do


potencial químico de uma substância com a composição da mistura?

– Sim, Carlos, esta relação pode ser obtida a partir de uma das equações
fundamentais da termodinâmica, obtidas na aula 06, escrita em termos da energia
livre de Gibbs. Recorda? Então vamos lá:

dG = −SdT + V dp Eq. 12

– Carlos, você é capaz de aplicar essa equação a materiais puros em diferentes


estados de agregação?

– Podemos tentar Professor, mas para isso precisamos formular algumas


hipóteses e particularizar a aplicação a cada tipo de material.

Hipóteses – 1° Vamos trabalhar apenas com soluções gasosas.

2° Devido a grande dependência dos componentes gasosos da solução pela pressão, vamos
manter a temperatura do sistema constante e variar a sua pressão desde a pressão padrão
(pi◦ = 1 bar) a uma pressão qualquer pi.

Atenção!

Tradicionalmente, utiliza-se como unidade de pressão a atmosfera (atm) para expressar a


pressão padrão:

1 atm = 101.325 pascal(P a) = 760 torr(ou mmHg)

Em convenção mais recente, recomenda-se expressar a pressão padrão em bar:

1 bar = 100.000 P a = 750, 062 torr

É importante observar a recomendação feita com relação à pressão padrão em cálculos


termodinâmicos (mesmo que a diferença entre bar e atm seja de apenas 1,3 %).

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– Professor, você concorda com as hipóteses formuladas?

– Claro Carlos, em termodinâmica e consequentemente em termoquímica, sempre


que possível fixamos uma das variáveis de estado que caracteriza o sistema.
Você agiu com bastante maestria ao fixar a temperatura, haja vista que um gás
se comportando idealmente ocupa maior volume do que um líquido ou um sólido,
sendo, portanto, extremamente sensível à pressão. Sendo assim, a equação
fundamental (equação 12) passa a ser escrita na forma:

dGi = Vi dpi , pois T = Const. Eq. 13

– Carlos, continue, por favor. Bem professor, para um gás ideal sabemos que:
ni · R · T
Vi =
pi
Logo
dp
dG = ni · R · T ·
pi
Que integrada nos limites de pressão estabelecidos na 2° hipótese fornece:
 Gi  pi
dpi ◦ pi
dG i = n i · R · T · ∴ G i − G i = n i · R · T ln
Gi

pi◦ =1atm pi 1 atm
Ou ainda
Gi Gi ◦
= + R · T · ln pi ∴ μi = μi ◦ + R · T · ln pi Eq. 14
ni ni

Esta é parte da fórmula explícita solicitada pelo José, ou seja, o potencial químico para
um gás ideal puro. No entanto, ele nos pediu para relacioná-la com a composição do sistema
o que pode ser obtido espontaneamente na mistura de dois gases, quando separados por uma
barreira, como na Figura abaixo.

a b
nA + nB, p, T
nA, p, T nB, p, T

Gf = nA{μ°A + RTlnXAP} + nB{μB° + RTlnXBP}


Gi = nA μA + nB μB

Gi = nA μA + nB μB Gf = nA {μA◦ + RT ln XA P } + nB {μB◦ + RT ln XB P }

Figura 10 – Sistema de uma mistura gasosa ideal de dois gases (a) estado inicial e (b) estado final.

18 Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio


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Podemos observar que a pressão do sistema é a mesma antes e depois da remoção da
barreira, porém as pressões parciais de cada espécie, após a remoção da barreira, caem para
XAP e XBP, onde mais uma vez podemos relembrar a lei de Dalton, aula 02, e a fração molar
n
de cada um dos gases na mistura podem ser obtidas por XJ = J , com nT = nA + nB .
nT
Logo a energia de Gibbs final do sistema é:

Gf = nA {μA◦ + RT ln XA P } + nB {μB◦ + RT ln XB P } Eq. 15

Conhecendo Gi e Gf , especificados no sistema, a variação da energia de Gibbs na mistura


de dois gases pode ser facilmente obtida pela diferença entre Gf e Gi :

ΔG = Gf − Gi = RT {nA ln XA + nB ln XB } = nRT {XA ln XA + XB ln XB } Eq. 16

Isso nos mostra uma relação explícita da variação da energia de Gibbs com a composição
da mistura como sugerido anteriormente por José.

A Figura 11 exibe o comportamento da energia livre versus composição de um dos


componentes na mistura. Observe que gases ideais se misturam espontaneamente em todas
as proporções.

– Professor, que idéia podemos ter para a entropia em uma mistura?

– José, na aula 05, falamos bem em entropia. Mas não é difícil de imaginarmos
o que acontece para uma mistura gasosa. Você pode responder Carlos?

– Claro, professor. José, preste atenção. Quando a barreira é removida ocorre


um maior grau de aleatoriedade das moléculas gasosas, indicando que o sistema
está mais desorganizado, consequentemente, maior a entropia. A mesma coisa
acontece quando dois líquidos se misturam, maior grau de aleatoriedade entre
as moléculas do líquido e, consequentemente, maior a entropia. Veja a Figura 11.
Energia de Gibbs de mistura, ΔG/nRT

−0,2

−0,4

−0,6

−0,8
0 0,5 1
Composição, XA

Figura 11 – Variação da energia de Gibbs da mistura com a composição

Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio 19


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∼1000mL
500mL 500mL CCl4
+
CCl4 C6H14
C6H14

Fonte: Brown et al (2005, p. 449).


Figura 12 – Aumento da entropia na mistura de dois líquidos.

A fugacidade de um componente
de uma solução gasosa
Hipóteses:

1° Solução de gases reais ou ainda de líquidos ou sólidos.

Neste caso, o potencial do componente (i) é expresso em termos da fugacidade (fi ) do


componente da mistura, segundo a equação:
fi
μi = μi◦ + R · T · ln ◦ Eq. 17
fi
Obs.: É bom sempre lembrar que as hipóteses são suposições capazes de validar um
experimento.

– Mas professor Igor, o que representa a fugacidade mesmo?

– Carlos, essa função auxiliar aparece como uma pressão corrigida, que tem em
conta as interações ao seio do gás e cujo valor representa a pressão que deve
ser imposta ao gás ideal (totalmente hipotético) associado ao gás real para que
os potenciais químicos destes apresentem o mesmo valor. A fugacidade também
exprime a tendência de um constituinte (i) escapar para a fase vapor. A equação 17
também pode ser escrita como a seguir:

μi = μi◦ + R · T · ln ai Eq. 18

20 Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio


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Na qual:
fi
ai = ◦
fi
– Professor, que interessante, vejo que a fugacidade se comporta como um
transformista (ator que se disfarça rapidamente mudando de trajes), ela assume
diferentes identidades de acordo com as características do sistema em estudo.

Exercício resolvido 2
Numa mistura gasosa de 5,8 mols de hexano com 5,0 mols de heptano formando uma
solução que se aproxima da idealidade, determine a energia de Gibbs, a entalpia e a entropia
da mistura.

Solução:
Primeiro, podemos calcular as frações molares de cada espécie e em seguida utilizar a
equação 16 para calcular a energia de Gibbs da mistura. A entropia pode ser obtida pela
relação da equação 16 com a definição de energia livre (ΔG = ΔH – TΔS).

Determinando as frações molares dos componentes e a energia de Gibbs da mistura:


5, 8 mols 5, 0 mols
Xhex = = 0, 54; Xhept = = 0, 46
5, 8 mols + 5, 0 mols 5, 8 mols + 5, 0 mols

ΔG = nRT {Xhex ln Xhex + Xhept ln Xhept }w

= 10, 8 mols · 8, 314 J.K −1 .mol−1 · 298, 15 K · {(0, 54 ln 0, 54) + (0, 46 ln 0, 46)}

= −18.204, 42 J

Como numa mistura gasosa de gases ideais não há interações entre as moléculas, a entalpia
da mistura é nula, pois não há trocas de calor.

Como ΔH igual a zero na mistura, pela definição de energia livre podemos obter:
ΔG (−18.204, 42 J)
ΔG = −T ΔS ∴ ΔS = − =− = +61, 1 J.K −1
T 298, 15 K
A diminuição de energia livre e o aumento da entropia evidenciam o caráter espontâneo em
uma mistura gasosa.

Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio 21


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Resumo
Nesta aula, vimos que a água é um solvente universal e compreendemos que
o processo de formação de uma solução não é regido apenas pela mistura de
duas substâncias qualquer, mas por fatores termodinâmicos como a entalpia,
entropia e energia livre, não existindo na natureza nenhuma solução ideal e
sim soluções que se aproximam da idealidade. Uma maior ênfase foi dada ao
potencial químico, uma vez que este é o responsável pela difusão de qualquer
espécie química, mostrando qual sua relação com a fração molar de uma espécie,
a fugacidade e a atividade. Importantes leis foram discutidas, no sentido de
observar como varia algumas propriedades dessas misturas. A lei de Henry,
além de discutir o comportamento das soluções diluídas ideais, faz menção à
solubilidade de gases em uma solução. A lei de Raoult evidencia a diminuição da
pressão de vapor de um solvente após a adição de um soluto.

Autoavaliação
Nesta aula, utilizamos vários símbolos e terminologias de grande utilidade para
1 as soluções, dentre eles, PA° , KC , i, G m° e atividade. Explique ou defina cada um
desses termos.

Frequentemente, tomamos os mais deliciosos refrigerantes, que são bebidas


2 gasosas constituídas de água, gás carbônico, açúcares e aromatizantes. Explique
por que ao abrirmos uma garrafa de refrigerante, rapidamente são formadas bolhas
na superfície do líquido.

As frações molares aproximadas de N2 e O2 no ar atmosférico são, respectivamente,


3 0,78 e 0,22. Determine a energia de Gibbs da mistura e a entropia da mistura
para evidenciar se o ar atmosférico é uma mistura espontânea de O2 com N2 à
temperatura ambiente.

Determine a solubilidade de N2(g) nas mesmas condições do exemplo anterior. Utilize


4 como constante de solubilidade da lei de Henry, KH = 8,42 × 10 –7 M.mmHg –1 e
admita que a fração molar de N2(g) é de 0,78.

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O que representa o potencial químico de uma substância e quais as hipóteses
5 necessárias para relacionar uma das equações fundamentais da termodinâmica
(dG = – SdT + Vdp) em termos do potencial químico?

Explique por que a entropia de uma mistura é maior que a de um líquido puro.
6
7 Explique a lei de Henry para a solubilidade de um gás e para o comportamento de
soluções diluídas ideais.

Referências
ATKINS, P. Físico-química: fundamentos. Trad. E.C. Silva.; M. J. E. M. Cardoso. e O. E. Barcia.
3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.

ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente.
Trad. Ignez Caracelli et al. Porto Alegre: Bookman, 2001.

BALL, D. W. Físico-química. Trad. A. M. Vichi. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. v 1.

BARROW, G. W. Química física. Trad. S. Senent. 4. ed. Barcelona: Editorial Reverté, 1988.

BRADY, J. E.; RUSSEL, J. W.; HOLUM, J. R. Química: a matéria e suas transformações. Trad.
J. A. Souza. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. v 1.

BROWN, T. L. et al. Química: a ciência central. Trad. R. M. Matos. 9. ed. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2005.

CASTELLAN, G. Fundamentos de físico-química. Trad. C. M. P. Santos e R. B. Faria. Rio de


Janeiro: LTC, 1986.

KOTZ, J. C. Química Geral 1 e reações químicas. Trad. F. M. Vichi. 5. ed. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2005. v 1.

PETRUCCI, R. H. Química general. Trad. Pumarino C. P. G. 8. ed. Madrid: Pearson


Educación, 2002.

Aula 08 Termoquímica e Equilíbrio 23


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Anotações

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