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Telecomunicações

Introdução

Um sistema de telecomunicações seja ele qual for, é composto de um conjunto de


equipamentos, o qual tem como objetivo a transmissão de informação entre pontos
geograficamente distintos, chamados de fonte e destino, com uma garantia de
qualidade.
A informação pode ser entendida como uma mensagem gerada pela fonte,
podendo ser constituída por sons, imagens, ou mesmo símbolos como caracteres
gráficos.
Os equipamentos interligados adequadamente garantem o transporte e entrega da
informação no destino com a qualidade necessária. Eles são agrupados em pontos
ao longo do caminho entre fonte e destino, chamados de nós da rede, rede esta que
possibilita a conexão de várias fontes e destinos distribuídos geograficamente.
Os nós são interligados por sistemas de transmissão de sinais, os quais
representam a informação a ser transmitida.
A Figura 1-1 apresenta de forma esquemática o sistema de telecomunicações
interligando fonte e destino, através de 3 redes, passando por dois nós em cada
rede, interligados por sistemas de transmissão.

Figura 1-1

No estado atual da tecnologia, a informação de som, imagem ou caracteres


gráficos é convertida em um sinal elétrico, v(t), pelo transdutor de entrada, como
etapa inicial para transmissão.
Este sinal elétrico constitui uma representação da mensagem a ser transmitida
pelo sistema até o destino com uma qualidade adequada, de modo que o sinal
elétrico recebido, vr(t), possa ser utilizado pelo transdutor de saída para gerar a
informação desejada.
É importante lembrar que mesmo sendo a mensagem gerada e/ou recebida por
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máquinas, a informação acaba sendo entregue ao homem de forma audível e/ou


visual em monitor ou relatório impresso. O sistema, portanto, existe para atender as
necessidades humanas de comunicação e a qualidade necessária será sempre
definida pelo homem.
Segundo a Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Telecomunicação),
“Comunicação é o processo pelo qual uma informação gerada em um ponto no
espaço e no tempo chamado fonte é transferida a outro ponto no espaço e no
tempo chamado destino.”
Ainda segundo Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema), “um sistema (do
grego sistemiun), é um conjunto de elementos interconectados, de modo a formar
um todo organizado. É uma definição que acontece em várias disciplinas, como
biologia, medicina, informática, administração. Vindo do grego o termo "sistema"
significa "combinar", "ajustar", "formar um conjunto".
Portanto, Sistemas de Comunicações é um conjunto de elementos
interconectados e ajustados, ou combinados, para transferir informação gerada em
um ponto do espaço chamado fonte a outro ponto do espaço chamado destino.
A fonte e o destino podem estar geograficamente separados, por distâncias
desde alguns metros a milhares de quilômetros. A comunicação entre eles, cuja
finalidade é a transferência de informação, atualmente é feita utilizando processos
eletromagnéticos, constituindo a Telecomunicação, ou comunicação à distância.
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Exemplo de um Sistema de Comunicação

A Figura 1-2 apresenta como exemplo um diagrama simplificado de um sistema


de comunicação, mostrando uma fonte analógica de sinal de voz sendo transmitida
via canal rádio.
A informação gerada pela fonte (que no caso é uma pessoa, o locutor), após ser
transformada em um sinal elétrico pelo Transdutor de entrada, é enviada pelo
Transmissor ao Receptor através do Canal ou Meio de Transmissão, vencendo a
distância geográfica que os separa.

Figura 1-2

Neste sistema, que é muito simples, não foi necessário o uso de nós para a
constituição de redes. Para os sistemas atuais, os nós são empregados na rede,
tendo funções de comutação encaminhamento e armazenamento da informação.

É claro que o sistema mostrado na Figura 1-2, para ter utilidade prática, deveria
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ser duplicado permitindo a comunicação também no sentido oposto ao mostrado na


Figura 1-2.
Normalmente, os enlaces de transmissão permitem em fluxo bi-direcional de
informação, de forma que a comunicação se processe em ambos os sentido de
transmissão, de A para B e de B para A.
Os sistema de transmissão, ou enlace de transmissão, ou simplesmente enlaces,
podem ser classificados conforme sua forma de conectividade.
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Formas de Conectividade

A comunicação pode ser classificada quanto a sua forma de conectividade, isto é,


a maneira como o fluxo das informações fui através da rede. Apesar de mostrarmos,
figurativamente, as formas de conectividade para um enlace, este conceito estende-
se a toda a rede, podendo ou não incluir nós de uma conexão. Observe que este
conceito é abrangente, sendo válido quaisquer sejam o tipo de informação
transmitida ou a tecnologia empregada. As formas de conectividade são:

1- Simplex, ou seja, um enlace unidirecional. Conforme ilustra a Figura 1-3 a conexão


simplex é unidirecional, em que as transmissões são feitas do terminal A para o
terminal B, nunca na direção oposta.

Figura 1-3

2- Half-Duplex, conforme ilustrado na Figura 1-4, a transmissão pode ser feita


tanto de A para B quanto de B para A, mas nunca simultaneamente.

Figura 1-4

3- Full-duplex, conforme ilustrado na Figura 1-5, o enlace é constituído por uma


conexão de duplo sentido, onde a transmissão acontece em ambas as direções
simultaneamente.
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Figura 1-5

Por exemplo, a transmissão de uma rádio FM, feita em broadcasting (isto significa
um só transmissor para vários receptores) é uma transmissão simplex, no sentido do
transmissor para os receptores.

Um sistema de comunicações do tipo PX tem conectividade half-duplex, utilizando a


palavra marcadora “câmbio” para sinalizar a inversão do sentido de transmissão.

A transmissão em telefonia utiliza conectividade full-duplex. Ambos os terminais


envolvidos numa conexão podem transmitir e receber a qualquer instante.
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Diagrama em Blocos de um Sistema de Transmissão

Para efeito didático, será adotado o diagrama da Figura 1-6.

Figura 1-6

Em geral, um sistema de transmissão visa o atendimento a diversos usuários


simultaneamente. Para cada par de usuários (fonte-destino), tudo deve ocorrer
como se a comunicação fosse exclusiva para aquele par, independente de existirem
outros usuários se comunicando através do sistema. Dependendo da estrutura do
sistema isto se reflete em arquiteturas de multiplexação, múltiplo acesso, etc
(representadas na Figura 1-6 pelo bloco “Funções Adicionais”).
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Multiplexação

Segundo definição da Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Multiplexador) “Um


multiplexador. multiplexer, mux ou multiplex é um dispositivo que codifica as
informações de duas ou mais fontes de dados num único canal. São utilizados em
situações onde o custo de implementação de canais separados para cada fonte de
dados é maior que o custo e a inconveniência de utilizar as funções de
multiplexação/demultiplexação.”
Em eletrônica, o multiplexer combina um conjunto de sinais eléctricos num único
sinal. Existem diferentes tipos de multiplexers para sistemas analógicos e digitais
(mais adiante, no texto, serão conceituados sistemas analógicos e digitais).
A Figura 1-7 apresenta uma ilustração da função Multiplex.

Figura 1-7

Nesta Figura, subentende-se que cada canal do Multiplex é bi-direcional, isto é, é


duplex.
Assim, cada equipamento digital fornece para cada canal de entrada ou de saída
circuitos de transmissão e recepção.
Conforme se vê da Figura 1-7, a função Multiplex permite que diversos canais de
transmissão partilhem o mesmo meio de transmissão, sem que um interfira no
outro.
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Múltiplo Acesso

Devemos lembrar que um sistema de comunicações é na realidade composto de


um conjunto de Recursos de Comunicações (RC), os quais devem ser utilizados da
forma mais eficiente possível de modo a servir a um conjunto de usuários que
desejam se comunicar com uma qualidade especificada a um custo adequado.
De um modo geral, um sistema de comunicações é um sistema multiusuário.
Podemos imaginar um sistema multiusuário como um sistema onde um conjunto
finito de RC é disputado por um conjunto também finito de usuários. Quanto maior for
o conjunto de usuários em relação ao conjunto de RC disponíveis, maior o impacto
negativo na qualidade final do serviço prestado.
Conclui-se, portanto, que é muito importante a forma como os RC são alocados
aos usuários, pois isto definirá a eficiência do sistema.
Uma forma muito comum de alocação de RC é o partilhamento de um meio de
transmissão por vários usuários através de técnicas de multiplexação. Outra
abordagem envolve o conceito de Múltiplo Acesso.
Na Multiplexação, os requisitos de usuários ou planejamento de alocação de RC
são fixos, ou no máximo, variam lentamente. A alocação dos RC é estabelecida a
priori, e o partilhamento é usualmente um processo que se realiza confinado a um
local (p. ex., uma placa de circuito).
Múltiplo Acesso, entretanto, usualmente envolve o partilhamento remoto de um
recurso (por exemplo, um satélite), de uma forma dinâmica.
O Múltiplo Acesso, como o próprio nome diz, refere-se sempre a uma parte do
Sistema de Comunicações onde existe a figura do usuário o qual disputa recursos de
comunicação (RC) entre diversos outros usuários do Sistema com a finalidade de
obtenção de acesso ao Sistema e assim poder enviar e receber informação, através
do Sistema.
Como um esquema de Múltiplo Acesso pode mudar dinamicamente, um
controlador ou gerente de um sistema pode reconhecer as necessidades de RC
individuais de cada usuário, otimizando o uso do sistema. Entretanto, a quantidade
de tempo necessária à transferência dessa informação de controle constitui uma
sobrecarga e estabelece um limite superior na eficiência da utilização dos RC.
O tipo de controle utilizado irá variar de sistema para sistema e sua aplicação.
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Um exemplo clássico de aplicação de técnicas de múltiplo acesso é na


comunicação via satélite, onde RC (equipamentos do satélite, tais com transponders,
antenas, etc) devem ser utilizados por um grande número de usuários, que seriam as
estações de comunicação espalhadas ao longo do globo terrestre.
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Fluxo da Informação no Múltiplo Acesso

O objetivo principal de um sistema de Múltiplo Acesso é prover serviço de


telecomunicações aos usuários a tempo e de forma eficiente. Muitas vezes, para
atingir esse objetivo, é preciso coordenar ações de controle entre os usuários
participantes, para distribuição adequada dos RC‟s, principalmente em casos onde a
disputa entre usuários é inevitável (isto é, vários usuários tentando acessar
simultaneamente o mesmo RC).
Para isso, ele faz uso de algoritmos e protocolos de controle, que podemos
denominar MMA (Multiple Access Algorithm) , que é a regra pela qual o usuário sabe
como gerenciar o tempo, a frequência e as funções de código para utilizar de forma
eficiente os RC‟s disponíveis.
A Figura 1-8 é uma ilustração descrevendo o fluxo básico de informação entre o
MMA e os usuários.

Figura 1-8

Essa caracterização é geral, e deve ser adaptada aos diversos Sistemas de


Comunicação. Em certos sistemas , a arquitetura do próprio sistema impõe outra
organização para o Múltiplo Acesso. O esquema da Figura 1-8 aplica-se
perfeitamente ao Múltiplo Acesso utilizado nos sistemas satélite.
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Em relação à Figura 1-8, temos:

1. Canalização – Este termo refere-se à forma mais geral de informação de


alocação.
(p. ex., canais 1 a N podem ser alocados ao usuário A, canais de (N+1) a M para o
usuário B, etc).

2. Status da Rede (NS) – Este termo refere-se à disponibilidade dos RC‟s e


informa ao usuário a qual recurso (isto é, tempo, frequência, código) ele deve se
posicionar para transmitir as requisições de serviço.

3. Requisição do serviço – Ocorre quando o usuário perfaz a requisição para o


serviço pretendido (p. ex., alocação de um Intervalo de Tempo m).

4. Agendamento- Um mapa, transmitido do MMA para o usuário, informando a este


quando e onde posicionar seus dados para a utilização pretendida dos RC‟s.

5. Dados – Representa a transmissão da informação do usuário segundo o


agendamento estabelecido.
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Formas Básicas de Múltiplo Acesso

Existem 5 formas básicas de Múltiplo Acesso:

1- Divisão em Frequência (FD – Frequency Division) – sub-bandas específicas


de frequência são alocadas aos usuários.
2- Divisão no Tempo (TD – Time Division) – Intervalos de tempo periodicamente
recorrentes são identificados. Em alguns sistemas, aos usuários é
estabelecida uma designação fixa no tempo. Em outros, aos usuários é dado
um acesso aleatório.
Neste caso, como o sinal representativo da informação de cada usuário é
necessariamente um sinal discreto no tempo, este sinal deve ser digital.
3- Divisão de Código (CD – Code Division) – Membros específicos de um
conjunto adequado de códigos de espalhamento espectral (usando cada um a
totalidade da banda disponível) são alocados.
Esta técnica também exige que o sinal gerado pelo usuário seja digital.
4- Divisão Espacial (SD – Spatial Division) – Antenas direcionais permitem o
reuso de frequências separando espacialmente feixes de rádio em diferentes
direções.
5- Divisão de Polarização (PD – Polarization Division) - Polarizações ortogonais
são usadas para separar sinais, permitindo o reuso da mesma banda de
frequências. Usado bastante em comunicações satélite.
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Tipo de Informação

A informação a ser transportada pelo sistema de Comunicações pode ser


classificada de diversas formas.
Podemos, por exemplo, considerar o tipo de sinal a ser transmitido e a informação
pode ser representada por um sinal analógico ou digital.
Podemos ainda considerar o serviço de telecomunicações principal para o qual o
sistema se destina (serviço telefônico, constituindo as redes telefônicas, e o serviço
de transmissão e conexão de dados que constitui o conjunto de serviços oferecidos
na Internet), então temos informação de telefonia e informação de multimídia.
Entretanto, falando de forma mais geral, a informação pode ser classificada em
relação às exigências impostas à rede, independente da tecnologia utilizada.
Essas exigências dizem respeito principalmente às características de transporte
da informação.
Assim, podemos separar a informação em dois tipos: aquela que exige
característica de transporte em tempo real, e aquela que suporta um atraso
significativo no transporte.
Por exemplo, considerando uma informação de voz sendo conduzida por uma
rede telefônica no serviço telefônico normal, o retardo ou atraso no transporte deve
ser o menor possível (tipicamente, da ordem de 500ms no máximo; retardos maiores
poderão ocasionar problemas na transmissão e recepção dos sinais telefônicos,
prejudicando a inteligibilidade da comunicação).
Outro exemplo de informação que deve ser enviada em tempo real é na
transmissão ao vivo de sinais de TV.
Podemos obter ainda outro exemplo de transmissão em tempo real quando da
transmissão de dados bancários e de cartão de crédito. Assim, um terminal bancário
remoto deve ter seus dados processados pelo banco no menor tempo possível, bem
como um cartão de crédito passado numa maquininha num restaurante ou num posto
de gasolina, se bem que as exigências de retardo da informação são menores que
para o caso de transmissão telefônica ou de TV, isto é, suporta mais retardo na
transmissão que a informação telefônica ou de TV.
Como exemplo de transmissão em tempo não real, temos a informação de dados
enviada para um serviço mail de mensagens na Internet. Desde que a mensagem
não se perca, retardos significativos podem ser tolerados (de horas, até). Este
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retardo pode ser causado por tempos de armazenamento em nós de rede, enquanto
a mensagem aguarda por disponibilidade de RC para transmissão a outro nó.
Como outro exemplo temos a transmissão de dados de mensagens de telemetria
(em experimentos não críticos), e de serviços de transferência de documentos e
mensagens de um modo geral.
Conclui-se, portanto, que independentemente da tecnologia utilizada para
implementação das redes utilizadas na troca de informações, estas podem ser
classificadas em informações que devem ser enviadas em tempo real e aquelas que
suportam retardos significativos (horas, até) na transmissão.
Dois tipos de tecnologia de redes podem atualmente ser implantadas. As redes
podem ser construidas baseadas em comutação de circuitos e redes baseadas em
comutação de pacotes. Ambas as tecnologias podem ser usadas para a implantação
de redes capazes de manipular informações em tempo real e em tempo não real.
Historicamente, a tecnologia de redes baseada na comutação de circuitos foi
empregada em primeiro lugar, e é empregada até hoje, constituindo a espinha dorsal
do sistema telefônico fixo e celular, e dos sistemas de transmissão de TV.
Com a evolução tecnológica, foram desenvolvidas tecnologias que possibilitaram a
implantação de redes de dados baseadas na comutação de pacotes.
As redes baseadas na comutação de circuitos nasceram e foram desenvolvidas
voltadas principalmente para a transmissão da informação em tempo real, e por isso
podem ser facilmente adequadas à transmissão de informação em tempo não real.
As redes baseadas na comutação de pacotes surgiram com o desenvolvimento da
comunicação de dados, em forma digital, sendo inicialmente usadas para
transmissão de informações com retardos grandes demais para transmissão de
sinais telefônicos e de TV.
Posteriormente, foram desenvolvidas tecnologias de comutação e de codificação
de fonte (ATM, MPEG3, MPEG4, VoIP) que permitiram a transmissão, através da
rede de pacotes, de informação com requisitos de retardo mínimo e garantias de
qualidade de serviço (informação em tempo real). Isso possibilitou, por exemplo, o
serviço telefônico a ser prestado na Internet.
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Comutação de Circuitos

Na comutação de circuitos, a conexão entre os terminais de usuários é


inicialmente estabelecida e confirmada, ficando então disponível ao usuário para
transmissão ou recepção de informações.
A conexão, uma vez estabelecida fica sempre disponível aos usuários envolvidos,
todo tempo, mesmo quando não haja atividade no canal (ausência de sinal do
usuário), até que seja então desfeita por um dos usuários envolvidos na
comunicação.
Conforme a Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Comutação_de_circuitos) “A
comutação de circuitos, em redes de telecomunicações, é um tipo de alocação de
recursos para transferência de informação que se caracteriza pela utilização
permanente destes recursos durante toda a transmissão. É uma técnica apropriada
para sistemas de comunicações que apresentam tráfego constante (por exemplo, a
comunicação de voz), necessitando de uma conexão dedicada para a transferência
de informações contínuas”.
A comutação de circuitos ocorre em um nó de rede, e basicamente ela
interconecta entre si dois enlaces de transmissão, um de entrada no comutador à
outro de saída para estabelecer uma conexão. No caso da rede telefônica, o
comutador é denominado central de comutação. Havendo mais de um nó envolvido
na conexão, haverá um número correspondente de comutadores.
A comutação de circuitos, historicamente, foi inicialmente empregada no sistema
público de telefonia, para permitir a interligação de qualquer par de terminais
telefônicos instalados, de modo que não fosse necessário a interligação de cada
terminal instalado com todos os outros, para que cada terminal pudesse se
comunicar com qualquer outro.
Assim, basta a interligação de cada terminal à central de comutação, que esta se
encarrega de interligar qualquer par de terminais.
Estendendo esta ideia, tem-se a constituição de uma rede de telecomunicações,
com vários nós onde estariam localizadas as centrais de comutação.
Os nós da rede podem ser interligado a terminais de usuários ou a outros nós,
conforme mostra a Figura 1-1 (Introdução) para a constituição de uma rede.
Como a rede telefônica existe desde o século XIX, no início as centrais de
comutação eram manuais e os circuitos comutados providos por meio analógico
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(pares de fios metálicos). Mais tarde, com o crescimento da rede, e com a evolução
tecnológica, os nós passaram a ser interligados por enlaces analógicos constituídos
sobre MUX-FDM (Frequency Division Multiplex) e as centrais foram automatizadas,
dispensando o uso de telefonistas para a interligação normal de circuitos. Ocorreu,
então, o auge da tecnologia analógica. Aqui no Brasil isto ocorreu durante o século
XX, na década de 1960. A tecnologia empregada nas centrais era a eletromecânica,
e as centrais usadas então eram as chamadas passo a passo (mais antigas) que
utilizavam motores de passo e as Cross-bar que utilizavam relés para implementar a
comutação.
Nesse meio tempo havia surgido a tecnologia de transmissão a longa distância via
satélite e via cabo submarino, que imperavam na realização de enlaces interurbanos
usados em ligações nacionais de longa distância e internacionais.
A partir de 1970 começou o processo de digitalização da rede telefônica.
Inicialmente, os circuitos de transmissão que interligavam os nós urbanos passaram
a utilizar a tecnologia do PCM (Pulse Code Modulation), e rádio digital nos enlaces
de micro-ondas que constituíam os circuitos interurbanos.
Nota-se que a digitalização sempre foi motivada por razões econômicas (a
alternativa digital era mais barata que as opções analógicas).
Numa etapa posterior, o processo de digitalização se estendeu às próprias
centrais, que passaram a utilizar a tecnologia CPA-T (Central Temporal com
Programa Armazenado), possibilitando a integração dos processos de transmissão e
comutação (As CPA-T utilizam internamente uma estrutura semelhante aos MUX-
digitais), pois apresentam uma organização de canais análoga a um MUX-PCM 30
canais, que representa a hierarquia básica de multiplexação (estrutura de quadro de
um MUX-TDM PDH operando a 2048kbits/s).
PDH-TDM referia-se à tecnologia então empregada na constituição deste
equipamento (Plesiochronous Digital Hierachy -Time Division Multiplex)
No final do século XX a tecnologia digital de transmissão foi aperfeiçoada,
passando a incluir o MUX-SDH (Synchronous Digital Hierarchy) e Transmissão Ótica,
tanto nos enlaces urbanos quanto interurbanos. Não esquecer a tecnologia dos
enlaces via satélite e cabos submarinos, que incorporaram rapidamente a tecnologia
digital, nais barata e eficiente do que sua alternativa analógica.
O final do século viu também o surgimento da tecnologia celular que acompanhou
a evolução então verificada (quem náo se lembra dos primeiro aparelhos celulares,
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grandes, pesados e caros, utilizando tecnologia analógica?).


A rede telefônica, assim, constituiu-se em uma espécie de rede básica, dada a
imensa penetrabilidade alcançada pelo serviço telefônico. Seu porte tornou-se
gigantesco, e hoje serve de suporte à diversos outros serviços nas áreas de
transmissão de dados e informação de áudio e vídeo em geral.
As próprias Empresas Operadoras do serviço público se telefonia constituem e
concorrem em outras áreas com outras Empresas para prestação de serviços
especializados, como a constituição de serviços de interligação de redes de dados,
redes públicas de dados, fornecimento de acessos de alta velocidade, e até serviços
multimídia. Alguns desses serviços utilizam os comutadores já instalados, outros não,
limitando-se a utilizar o suporte de transmissão existente para a constituição de
canalização para os novos serviços, ou mesmo a implantação de novas redes com
equipamentos mais adequados aos novos serviços oferecidos, concorrendo
diretamente com outras empresas especializadas.
Mesmo com a digitalização da rede telefônica, esta continuou a se basear na
comutação de circuitos como principal forma de conduzir a informação através da
rede telefônica instalada. Os nós de rede continuam utilizando a CPA-T, cuja
canalização básica é de 64Kbit/s (corresponde à velocidade necessária para
transporte, em formato digital, de um canal telefônico, com toda a sua limitação de
banda).
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Comutação de Pacotes

No final do século XX a transmissão de dados era uma realidade. Com o avanço


tecnológico foram viabilizadas muitas aplicações, incluindo-se o advento do PC
pessoal. Qualquer pessoa tem a sua disposição, hoje, um poder computacional
comparável à dos main-frames ou grandes computadores que surgiram em meados
do século passado.
Além disso, a constituição de redes de dados, em caráter público e privado,
possibilitou o surgimento de uma gama de aplicações que se expandiram e se
beneficiaram do avanço tecnológico. Surgiu a Internet com novos serviços e
aplicações na área de multimídia.
Conforme a Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Comutação_de_pacotes) ”No
contexto de redes de computadores, a comutação de pacotes é um paradigma de
comunicação de dados em que pacotes (unidade de transferência de informação)
são individualmente encaminhados entre nós da rede através de ligações de dados
tipicamente partilhadas por outros nós. Este contrasta com o paradigma rival, a
comutação de circuitos, que estabelece uma ligação virtual entre ambos nós para
seu uso dedicado durante a transmissão (mesmo quando não há nada a transmitir)”.
Desta forma, a comutação de pacotes pressupõe a digitalização da informação.
Fisicamente, é implementada através de roteadores de dados (por exemplo,
roteadores IP).

Sinal Analógico

Um sinal analógico é aquele caracterizado por valores que podem variar


continuamente em uma faixa.
Por exemplo, o sinal elétrico, ou forma de onda, resultante da captação das
vibrações sonoras da voz humana por um microfone, representa um sinal analógico.
De um modo geral, podemos dizer que o sinal analógico está ligado à forma de
onda do sinal elétrico que o representa.
Conforme Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Sinal_analógico) “um sinal
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analógico é um tipo de sinal contínuo que varia em função do tempo. Um velocímetro


analógico de ponteiros, um termômetro analógico de mercúrio, uma balança
analógica de molas, são exemplos de sinais lidos de forma direta sem passar por
qualquer decodificação complexa, pois as variáveis são observadas diretamente.
Para entender o termo analógico, é útil contrastá-lo com o termo digital. Na eletrônica
digital, a informação foi convertida para bits, enquanto na eletrônica analógica a
informação é tratada sem essa conversão.
Sendo assim, entre zero e o valor máximo, o sinal analógico passa por todos os
valores intermediários possíveis (infinitos), enquanto o sinal digital só pode assumir
um número pré-determinado (finito) de valores.”

Sinal Digital

Ainda citando a Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Sinal_Digital) “Sinal


Digital é um sinal com valores discretos (descontínuos) no tempo e em amplitude.
Isso significa que um sinal digital só é definido para determinados instantes de
tempo, e que o conjunto de valores que pode assumir é finito.”
Por exemplo, um texto escrito é uma mensagem digital construída a partir de
aproximadamente 50 símbolos, que são as 26 letras do alfabeto gramatical, os 10
símbolos numéricos e sinais de pontuação e inflexão.
Um tipo particular de sinal digital é o sinal binário. Sinais binários são construídos
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a partir de um alfabeto binário. Um alfabeto binário é composto de apenas 2


símbolos, A e B, Branco e Preto, 0 e 1, a partir dos quais são definidas operações
lógicas e matemáticas envolvendo os dois símbolos.
O alfabeto binário é básico na natureza. Diversas funções físicas podem assumir
um (1) entre dois estados possíveis, e assim podem ser usadas para implementação
de mensagens digitais. Um relé pode estar ligado ou desligado, um transistor pode
estar em saturação ou em corte, etc. Existe uma matemática associada a mensagens
binárias, onde são definidas operações como soma, subtração, multiplicação e
divisão, a partir das quais todo um conjunto de funções matemáticas pode ser
definido. Esta linguagem, baseada em um alfabeto binário, é a linguagem básica
usada internamente com máquinas, como um processador e os dispositivos
periféricos que compõem uma placa mãe em um microcomputador. Um símbolo
binário é chamado bit (de “binary unit”) e pode assumir por definição dois valores,
por convenção, 0 e 1. Uma sequência de 8 bits é chamada de byte (abrevia-se B).
A linguagem de programação em nível de máquina é binária. As máquinas
programáveis, como por exemplo um processador, em última instância devem
seguir instruções escritas em binário. A base binária (base 2) para o homem, é,
entretanto, pouco eficiente.
Imagine o problema para construir uma placa de circuito impresso, que deve
conter trilhas de cobre interligando diversos componentes, como por exemplo um
processador a uma unidade de memória. Por hipótese, seja uma memória capaz de
armazenar o valor de até 1048575 bits (valor nominal 1Mbit). Para endereçar cada
um desses bits, numa base binária, seriam precisas 19 trilhas de circuito impresso.
Cada trilha de cobre carrega o valor de 1 bit, ou seja uma tensão equivalente ao
valor 0 ou uma tensão equivalente ao valor 1.
Agora, se usarmos uma base decimal, com 10 algarismos, 0,1,2....8,9, o nível de
tensão em cada trilha pode significar uma potência de 10. Desta forma, bastaria 6
trilhas para endereçar, com folga, a memória de 1MB.
É muito comum o emprego de um sistema numérico em base 16, chamado
sistema hexadecimal. Este sistema, como o nome indica, utiliza 16 algarismos. Para
representar os algarismos acima dos 9, utilizamos em sequência as letras do
alfabeto. Desta forma, o 10 seria a letra a, o 11 a letra b, até o 15, que será
representado pela letra f, completando assim 16 algarismos, 0,1,2,...d,e,f. Desta
forma, a tensão em cada trilha ou representa 0 ou representa uma potência de 16.
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Assim, basta 5 trilhas para endereçar, com folga, 1 MB de memória.


Atualmente existem as linguagens chamadas de “nível intermediário”, e “alto
nível”, que são mais adequadas ao homem. Assim, um processador pode ser
programado de forma bem mais simples. Entretanto, o programa escrito nesta
linguagem ou outras semelhantes precisa se “traduzido” em linguagem binária.
Não devemos esquecer que os chips internamente operam em base binária. Além
disso, cada nível de tensão, que representam os bits, são fisicamente um pulso de
tensão, devendo obedecer a especificações de formato e posição no tempo. Estas
especificações podem ser encontradas nos “data sheets” de cada componente
digital.

Sistema Analógico
Um sistema analógico é aquele projetado para processar sinais derivados
diretamente de sinais analógicos, isto é, sinais que podem variar continuamente em
uma faixa de valores.
Exemplos de sistemas analógicos:
1-Um amplificador convencional.
2- Linha telefônica de assinante fixo convencional (conjunto formado pelo
aparelho fixo e o par de fios de cobre que conecta o aparelho à central telefônica ou
armário).
3- Sistema de radiodifusão comercial (AM - ondas médias e FM - frequência
modulada).
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4- Sistema de televisão analógico ( tele difusão comercial – VHF).

Sistema Digital

Um sistema digital é aquele projetado para processar sinais derivados


diretamente de sinais digitais, ou seja, são sistemas que estão projetados para lidar
eficientemente com sinais que foram gerados a partir de um alfabeto finito de
símbolos.
Exemplos de sistemas digitais:
1-Uma moderna central de comutação telefônica;
2-Moderno sistema de comunicação via satélite;
3-Sistemas de telefonia móvel GSM;
4-Sistemas de televisão digital.
Sistemas analógicos são projetados para manter a integridade da forma de onda
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do sinal, enquanto sistemas digitais são projetados para manter a integridade dos
símbolos transmitidos.
Assim, em um sistema analógico qualquer distorção ou ruído associado a forma
de onda do sinal representa uma alteração da mensagem original, e portando
constitui-se em perda de informação. Em um sistema digital, distorções e ruídos
podem ocorrer na forma de onda sem haver necessariamente perda de informação,
desde que a mensagem original possa ser reconstituída a partir do sinal recebido,
ou seja, que a mensagem original seja reconhecível a partir de um sinal recebido que
pode estar distorcido e com ruído adicionado.
Por exemplo, podemos considerar que uma página manuscrita é um sistema de
comunicação digital. A fonte de informação é o cérebro da pessoa que escreveu, ou
digitou, o texto manuscrito, e o destino é o cérebro da pessoa que o lê.
Desde que o texto esteja escrito em um idioma conhecido da pessoa que lê, e a
informação consegue ser impressa no papel de uma forma que possa ser
mecanicamente percebida (por exemplo, se a caneta ou objeto utilizado na escrita
apresenta poucas falhas) a informação é transmitida com poucos erros ou mesmo
sem erros, não importando (até certo ponto) a forma exata de cada símbolo escrito,
ou até mesmo se todos os símbolos conseguem ser lidos.

Conversor A/D e Conversor D/A

Um sinal proveniente diretamente de uma mensagem analógica pode ser


transmitido por um sistema digital convertendo a informação contida na forma de
onda do sinal analógico em símbolos de um alfabeto finito.
Um sinal proveniente diretamente de uma mensagem digital pode ser transmitido
por um sistema analógico convertendo a informação contida nos símbolos de uma
mensagem digital em formas de onda adequadas ao sistema analógico sendo
utilizado. Um exemplo prático do uso de conversores A/D (analógico digital) e
conversores D/A (digital analógico) em um sistema de telecomunicações está
apresentado na Figura 1-3, para o serviço telefônico fixo.
As centrais, equipamentos de comunicação, e outros do sistema telefônico são
digitais. Entretanto, a rede fixa que atende aos usuários é formada por pares de fios
30

de cobre que em conjunto com o aparelho fixo constitui um sistema analógico.

Figura 1-3

O telefone A está conectado à central telefônica A ou armário de rede A, e o


telefone B à central telefônica B ou armário de rede B. As centrais são digitais, e os
circuitos de comunicação que as interligam são constituídos também por sistemas
digitais. Entretanto, os respectivos sistemas de assinantes são analógicos (o par de
fios e o aparelho telefônico fixo). Desta forma, nas interfaces Z (ZA ou ZB) da Figura
1.3, há necessidade da utilização de conversores A/D e conversores D/A.

Conversão A/D e D/A tipo PCM

Este conversor atende ao princípio básico da amostragem e emprega as ideias da


tomada de amostras, da quantização e da codificação binária na conversão A/D. É o
conversor recomendado pelo ITU para utilização na interface Z dos sistemas de
telefonia fixa.
Podemos identificar três etapas funcionais em um conversor A/D PCM, conforme
a Figura 1-4.
31

Figura 1-4

Amostragem ou Tomada de Amostras

A etapa de amostragem em um conversor A/D de um sistema PCM consiste em


obter valores, ou medir o sinal analógico, em determinados instantes de tempo.
Uma amostra de um sinal analógico consiste, portanto, do valor que este sinal
possui em um determinado instante. A Figura 1-5 ilustra a obtenção de uma amostra
do sinal x(t) no instante to. Essa amostra pode ser matematicamente indicada por
x(to ).
32

Figura 1-5

No sistema PCM, a amostragem é realizada tomando-se amostras igualmente


espaçadas no tempo, a uma taxa que garante não haver perda de informação do
sinal x(t)
A taxa de amostragem deve obedecer ao Teorema da Amostragem, que
estabelece:
“Um sinal limitado em faixa, em BHz (isto é, um sinal cujo espectro de frequência é
zero para frequências acima de BHz) é univocamente determinado por seus valores,
tomados à intervalos de tempo uniformes e inferiores a 1/2B segundos”.
No sistema PCM utilizado em telefonia fixa, a taxa de amostragem é fixada em
fs = 8kHz. Esta taxa atende ao teorema acima mencionado, pois o sinal telefônico
analógico, tem espectro (o conceito de espectro será detalhado adiante) limitado à
3.400Hz. Pelo teorema da amostragem, a taxa mínima seria, portanto, 6.800Hz. Por
razões práticas, utiliza-se a taxa de 8.000Hz.

Quantização

A quantização é realizada sobre o sinal amostrado, e atua aproximando o valor de


cada amostra a valores pré-fixados. Cada amostra é a”ajustada” ao valor do
intervalo de quantização mais próximo do valor real da amostra .Desta forma,
33

ocorre uma quantização da escala vertical que indica o valor de uma amostra.
Uma vez estabelecido um “range”, ou limites, para a faixa de valores que uma
amostra pode assumir, a quantização estabelece o número máximo de valores a
serem codificados.
No sistema PCM, a quantização é feita definindo-se um total de 256 intervalos
distintos na escala vertical, sendo 128 positivos e 128 negativos. Cada amostra é
então aproximada para o valor de cada intervalo, mais próximo do valor real da
amostra.

Figura 1-6

Assim, por exemplo, na Figura 1-6, a amostra em 2Ts, xs(2Ts) = 5,1, foi aproximada
para o intervalo de valor = 5.

Codificação
A codificação transforma cada amostra quantizada em um código digital binário.
34

O código digital binário tem comprimento fixo, isto é, o tamanho de cada palavra do
código é constante e igual a N bits. O número total de níveis de quantização, L,
determina o tamanho do código N, pois a cada nível de quantização corresponde
uma palavra do código binário, portanto N = log 2 L.
Por exemplo, suponha que L = 16, ou seja, a escala vertical que mede o valor das
amostras é dividida em 16 intervalos. N = log 2 16 = 4. A cada nível de quantização,
ou seja a cada um dos 16 intervalos, faz-se corresponder uma palavra do código
binário, no caso com N = log 2 16 = 4 bits.

Quadro 1

O Quadro 1 ilustra este procedimento, apresentando também uma ideia do sinal


elétrico que representa o código na saída do conversor A/D.
No sistema PCM empregado nas centrais telefônicas da telefonia fixa, uma vez
que são utilizados 256 níveis de quantização, N=log 2 256=8, o codificador gera
palavras de 8 bits.
Sendo que a taxa de amostragem é fs = 8.000 Hz (8.000 amostras por segundo),
35

L=256 níveis de quantização, a cada amostra corresponde uma palavra binária com
N = 8 bits. A taxa final em bit/s na saída do codificador é:
r = 8.000 x 8 = 64.000 bit/s

Conversão D/A
Podemos identificar duas etapas funcionais em um conversor D/A, mostradas na
Figura 1-7.

Figura 1-7

Decodificação
A decodificação é a etapa responsável por gerar valores de amostras
correspondentes ao código digital recebido.
Esta geração é feita eletronicamente à partir de um conjunto de fontes de
corrente, mostradas na Figura 1-8, que são acionadas conforme o código recebido,
gerando assim um valor de tensão correspondente à amostra codificada.
36

Figura 1-8

Observa-se que a amostra gerada pelo decodificador corresponde ao valor


quantizado da amostra, pois este é o valor transmitido pelo código. Desta forma, no
processo codificação/decodificação, o valor real da amostra original é perdido,
sendo possível apenas recuperar o valor quantizado, o qual, corresponde
numericamente ao nível médio do intervalo de quantização mais próximo da
amostra verdadeira do sinal.
Desta forma, a amostra recuperada a partir do código recebido é uma
aproximação da amostra original do sinal.

Reconstituição do sinal analógico


A segunda etapa, etapa de reconstituição, pretende recompor o sinal analógico
original, que havia sido amostrado no conversor A/D, a partir das amostras geradas
no decodificador.
Segundo o teorema da amostragem, a reconstituição do sinal analógico será
possível através de uma operação de filtragem das amostras, no caso um filtro
passa baixa, conforme mostra a Figura 1-9.
37

Figura 1-9

Ruído de quantização
Como as amostras geradas na etapa de codificação constituem aproximações das
amostras reais originais, devido ao processo de quantização, o sinal analógico de
saída do conversor D/A não é exatamente igual ao sinal original, mas sim à um
suposto sinal analógico do qual pode-se derivar a sequência de amostras
codificadas, recebidos pelo conversor D/A, que é o sinal quantizado.
Essa diferença traduz-se em perda de informação do sinal original, pois a
informação analógica está contida na forma de onda.
Na prática, esta perda de informação pode ser encarada como se houvesse um
ruído associado ao sinal analógico reconstituído. Este é um tipo especial de ruído,
pois está associado ao processo de conversão A/D-D/A , e tem características
especiais. É chamado ruído de quantização. Para reduzir este valor de ruído a um
nível aceitável, normas internacionais especificam a utilização da quantização não
uniforme.

Transmissão Digital

Em um sistema digital, quando uma mensagem é transmitida, tem que ser


convertida em formas de onda adequadas ao meio de transmissão e provavelmente
cada símbolo do alfabeto da mensagem corresponderá a uma forma de onda
específica.
Na transmissão digital, ocorre a discretização em amplitude e no tempo do sinal a
ser transmitido, sendo um bom exemplo o sinal de saída em um conversor A/D.
Genericamente, são transmitidos símbolos, os quais são convenientemente
agrupados para constituir as palavras da mensagem, por meio da codificação. Esses
símbolos podem ser elementos de várias dimensões, isto é, n-ários, e podem ser
matematicamente representados por vetores de n dimensões. Um tipo muito usado
é o símbolo binário, com 2 dimensões (isto é, o símbolo a ser transmitido
corresponde à uma escolha entre duas opções, por exemplo 0 ou 1, ou 2 bits). Uma
palavra é normalmente constituída por vários símbolos agrupados.
Na prática, para que a transmissão efetivamente ocorra através de um sistema
físico, é necessário a conversão dos símbolos em energia física de uma forma de
38

onda, que se propaga através do meio de transmissão, transportando assim a


informação contida nas mensagens, ocupando uma certa faixa de frequências no
canal de transmissão (temos, então, a modulação digital). Hoje em dia, são muito
empregados sistemas físicos elétricos e óticos, onde a forma de onda é uma forma
de energia eletromagnética. Basicamente, o que distingue um do outro é a faixa de
frequências ocupada. No caso de sistemas elétricos, o espectro eletromagnético se
estende até cerca de 1012Hz, e no caso de sistemas óticos até próximo de 1015Hz
(ver pt.wikipedia.org/wiki/Espectro_eletromagnético)
Só para exemplificar , suponha que tenhamos uma mensagem binária, e que o bit
„1‟ seja transmitido por um sinal elétrico constante e igual a 1V, e o bit „0‟ por um
sinal elétrico e constante igual a –3 Volts. Uma palavra como 10011011 teria a forma
de onda conforme representado na Figura 1-10.

.
39

Figura 1-10

Este sinal poderia enviado ao meio de transmissão, que pode ser um cabo de fios
elétricos, por exemplo, O cabo transmitirá este sinal ao receptor. No processo de
transmissão, poderão atuar distorções e interferências sobre este sinal.
No sistema digital, o que importa é o reconhecimento, pelo receptor, da
mensagem original; a forma de onda percebida pelo receptor pode ser bastante
distorcida ou sofrer bastante deterioração por ruído, distorções e interferências.
Técnicas diversas são utilizadas, que poderão permitir a reconstituição da forma
de onda digital. Assim todas as deteriorações agregadas ao sinal durante a
transmissão pelo meio de transmissão podem ser até completamente superadas.
Desta forma, a figura de mérito para um sistema de comunicação digital pode ser
a possibilidade de que o receptor cometa um erro, ou equívoco, ao detectar um
símbolo ou dígito. Este valor de figura de mérito é a taxa de erro, ou probabilidade
de erro, de dígito ou de símbolo.
Quando os bits são organizados em palavras de um certo comprimento (por
exemplo, uma palavra de 8 bits se constitui em 1 (um) byte), e um conjunto de N
bytes constitui uma mensagem, dependendo da organização do sistema, a taxa de
erro de mensagens pode ser também um parâmetro de avaliação de qualidade.
40

Sinais Senoidais

Os dois sinais na representados na Figura 1-11 possuem a mesma forma de onda


(ambos são sinais senoidais), entretanto não podemos dizer que são iguais. O que
distingue um do outro?

Figura 1-11

O que distingue um do outro é a frequência. Efetivamente, a forma de onda é a


mesma, entretanto cada sinal é diferente do outro.

x1(t) é um sinal senoidal de frequência f1 =1/6Hz,


x2(t) é um sinal senoidal de frequência f2 =1/4Hz.

Consideramos que um sinal senoidal, isto é, um sinal que matematicamente pode


ser representado pela equação no tempo:
41

x(t) = A cos (ω0t +θ)


sendo ω0, A e θ constantes, é um sinal que possui uma única frequência, ω 0 rad/s
ou f0 = ω0 /2π Hz.
Assim, em teoria de comunicações, consideramos que a ocorrência de um sinal
que só possua uma única frequência está associado à ocorrência de um sinal
senoidal puro.
A frequência pode ser medida em rad/s (ω0) ou Hertz (f0 = ω0 /2π), sendo então, a
frequência considerada característica intrínseca de um sinal senoidal puro.
Exemplos :
1- Sinal de teste com 800Hz.
Significa um sinal senoidal com frequência de f0=800Hz. Geralmente, a amplitude
do sinal é indicada indiretamente, através da especificação da potência média do
sinal.
2- Portadora com frequência 1MHz.
Significa um sinal senoidal com f0=1MHz. A amplitude pode ser diretamente
indicada ou, indiretamente através da potência média do sinal.
42

Espectro de Frequências de um Sinal

Um sinal eletromagnético, para se propagar através de um meio de transmissão,


transportando informação útil, ocupa uma certa faixa de frequências do espectro
eletromagnético. Esta faixa depende de diversas características do sistema, que no
final resultam em um espectro de frequências característico do sinal, que
representa a gama de frequências ocupadas pela emissão do sinal.
Conforme Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Espectro_de_frequência)
“Espectro de frequência é a análise de uma determinada variável no domínio da
frequência. O espectro pode ser visualizado através de um gráfico da variável pela
frequência.”
Quando um sinal qualquer x(t) não é senoidal, ele pode ser decomposto ou
escrito em termos de componentes senoidais.
Se o sinal x(t) é periódico, isto é, se seu valor se repete a intervalos periódicos de
tempo, suas componentes senoidais têm frequência bem definida. Assim, se o
período de repetição do sinal for T segundos, as componentes senoidais do sinal
têm frequências múltiplas de f0 = 1/T Hz.
Dependendo da forma de onda do sinal x(t), existirá um conjunto de
componentes senoidais que o caracteriza (obtido através da chamada série de
Fourier do sinal periódico). Assim, cada componente do conjunto possui uma
amplitude e uma fase relativa própria e uma frequência, no caso, múltipla de f0
(fundamental). Esse conjunto de frequências, ou de componentes senoidais, é
chamado de espectro de frequências do sinal x(t). Nesse caso, em que x(t) é
periódico, dizemos que o espectro de frequências é discreto, pois só aparecem
componentes em valores de frequência específicos, múltiplos da fundamental (f 0 ,
2f0 , 3f0 , 4f0, etc).
Se o sinal x(t) não possuir características de sinal periódico, não existe a figura da
fundamental, e o espectro de frequências é uma função contínua de ω. A energia
contida no sinal está espalhada em regiões do espectro e não está concentrada em
determinadas frequências, como no sinal periódico. Por isso, a rigor, um sinal não
periódico apresenta não um espectro de frequências, mas sim um espectro de
densidade de frequências, ou seja, uma função que representa a contribuição
relativa de uma faixa de frequências para o sinal x(t). Esta função é obtida através
da transformada de Fourier.
43

Largura de Banda

Segundo Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Largura_de_banda) “a largura de


banda é um conceito central em diversos campos de conhecimento, incluindo teoria
da informação, rádio, processamento de sinais, eletrônica e espectroscopia. Em rádio
comunicação ela corresponde à faixa de frequência ocupada pelo sinal modulado.
Em eletrônica normalmente corresponde à faixa de frequência na qual um sistema
tem uma resposta em frequência aproximadamente plana”
Largura de banda (W em Hz) de um canal representa a faixa de frequências que
pode ser transmitida pelo canal com razoável fidelidade.
Largura de banda (B em Hz) de um sinal representa a faixa de frequências
ocupada pelo sinal.
A largura de banda, W Hz de um canal é proporcional à capacidade de
transmissão de informação do canal. Quanto maior a largura de banda, maior a taxa
de transmissão de informação1 que pode ser transmitida pelo canal.
Normalmente, o sistema que gerou o sinal com largura de banda B tem W=B, e
aquele que recebe este sinal é ajustado para uma largura de banda W também igual
a B. O canal de transmissão, pode ter largura de banda W>B, podendo propagar
vários sinais simultaneamente, cada um com uma largura de banda B diferente.
Dependendo do processo usado para identificar cada sinal na recepção, eles
poderão ou não se sobrepor em faixa de frequências no canal.

1
A taxa de transmissão da informação é um conceito geral, introduzido pelos estudos de Shannon
e Nyquist. È válida tanto para sinais analógicos quanto digitais. A unidade de medida da
informação é o bit, e a taxa de informação é medida em bit/s.
44

Relação Sinal/Ruído (S/N)

A Wikipédia () apresenta a seguinte definição:


“Relação sinal-ruído ou razão sinal-ruído (frequentemente abreviada por S/N ou
SNR, do inglês, signal-to-noise ratio) é um conceito de telecomunicações também
usado em diversos outros campos que envolvem medidas de um sinal em meio
ruídoso, definido como a razão da potência (S) de um sinal e a potência do ruído
sobrepôsto ao sinal (N)”.
Em termos menos técnicos, a relação sinal-ruído compara o nível de um sinal
desejado (música, por exemplo) com o nível do ruído de fundo. Quanto mais alto for
a relação sinal-ruído, menor é o efeito do ruído de fundo sobre a detecção ou
medição do sinal.
Normalmente, a potência S do sinal tem relação direta com a qualidade de
transmissão.
O sistema de transmissão está sujeito à efeitos de ruídos, interferências e
distorções.
O aumento de S, potência do sinal, reduz o efeito do ruído (aqui incluídas as
interferências) no canal, e a informação é recebida com mais precisão, isto é , com
menos incertezas, ou erros. Isto equivale a aumentar a relação Sinal/Ruído (S/N),
onde S significa potência média do sinal e N significa potência média do ruído (do
inglês “Noise”).
Uma relação sinal ruído (S/N) maior também permite que a transmissão seja feita
com maior alcance.
45

Relação S/N Versus B

A largura de banda B e a potência do sinal S são intercambiáveis, para efeito de


transmissão da informação. Geralmente, nos referimos à potência S do sinal na
entrada do receptor, e à largura de banda B do sinal que chega ao sistema. Assim, se
por um motivo ou outro a intenção é reduzir B, é possível aumentar S para
compensar a redução de B, ou se a intenção é reduzir S, é possível aumentar B para
compensar a redução de S, mantendo a mesma taxa de transmissão de informação.
Naturalmente, esse intercâmbio tem um custo. Geralmente, é necessária a troca do
sistema de transmissão.
A definição dos valores de S e B depende de vários fatores, desde limitações
físicas até limitações de ordem econômica. De um modo geral, sempre se busca
utilizar o menor valor de B, e a menor potência S, pois isto permitirá que um número
maior de sinais partilhe dos mesmos recursos de transmissão.
Entretanto, a complexidade dos sistemas aumenta, ao tentarmos reduzir ambos
os valores S e B. É algo conflitante a redução simultânea de S e B. Pode-se dizer que
esta é uma busca permanente para o pesquisador de telecomunicações, obterem
sistemas ou processos que consigam atingir um rendimento cada vez maior.
Um parâmetro muito utilizado para avaliação da qualidade de um canal é a
relação sinal/ruído S/N na saída do canal, ou na entrada de recepção (relação
sinal/ruído indica a potência do sinal dividida pela potência do ruído). Apesar de ser
um parâmetro que depende também de B, pois que N (potência de ruído) em muitos
casos é proporcional a largura de banda W (W=B) na entrada do sistema, é costume
trabalhar com S/N, ao invés de S. Portanto podemos dizer que S/N e B são
intercambiáveis.
A relação entre um fator de expansão de banda e a relação S/N é exponencial.
Assim, se uma dada taxa de transmissão de informação requer uma largura de
banda B1 e uma relação (S/N)1, é possível transmitir a mesma taxa de informação
sobre um canal com uma largura de banda B 2 e uma relação (S/N)2 desde que
obedecida à relação mostrada na Figura 1-13.
Assim, se dobrarmos a largura de banda do canal, a relação S/N requerida é a raiz
quadrada da anterior, ou se triplicarmos a largura de banda, a relação se reduz para
a raiz cúbica da anterior.
Assim, um pequeno aumento relativo na largura de banda B compra uma grande
46

redução na relação S/N requerida. Já um grande aumento na relação S/N permite


uma redução marginal na largura de banda B.
Portanto, na prática, o intercâmbio entre B e S/N é no sentido de aumentar B e
reduzir S/N, e não no sentido oposto, quando possível.

Figura 1-13

Na Figura 1-13, o sistema 1 é equivalente ao sistema 2 no sentido de poderem


fornecer a mesma quantidade de informação com a mesma qualidade ao usuário
final, a um custo compatível com as necessidades do usuário.
Shannon, através da teoria da informação2, demostra que teoricamente é
impossível atingir, simultaneamente, para uma certa relação S/N, qualquer largura
de banda que se deseje.
Na verdade, quanto menor for a relação sinal ruído, maior a largura de banda
mínima necessária para que se consiga uma certa capacidade de transmissão de
informação. Isto vale tanto para sistemas analógicos quanto para sistemas digitais.
Se a relação S/N for expressa em termos da energia média por bit transmitido,

2
Os fundamentos da Teoria da Informação foram estabelecidos por Shannon em 1948, através da
publicação do artigo SHANNON,C.,E.,Mathematical Theory of Communications. Bell Systems
Technical Journal, v. 27, pp. 379-423, jul. 1948; pp. 623-656, out. 1948.
47

sendo que a unidade de informação é 1 (um) bit, e não da potência média S do sinal
recebido, Shannon demonstra que existe um limite para a relação E b/N0, onde Eb
representa a energia de bit e N0 a densidade espectral de potência do ruído, abaixo
do qual a largura de banda torna-se infinita, por mais complexo que seja o sistema.
Este valor de Eb/N0 é conhecido como o limite de Shannon, e vale -1,59 dB.
Felizmente, nos sistemas práticos atuais, a relação Eb/N0 é bem maior que o limite
de Shannon situando-se de 7 a 20 dB, de modo que já temos ao nosso dispor
diversas tecnologias que podem ser empregadas.
De um modo ou de outro, a relação custo/benefício tem que ser avaliada ao se
planejar seja uma troca de sistema ou uma modificação nos parâmetros de
transmissão. A consideração de aspectos legislativos é também importante.
48

Sinal de Banda Básica

Significa um sinal cujas características originadas pela fonte ainda não sofreu
qualquer processo que modifique sua forma de onda ou espectro de frequências.
Observe que o conceito de fonte é aqui usado de uma forma geral e recorrente,
podendo significar inclusive um outro sistema anterior, que gera o sinal de entrada
a ser processado pelo sistema sendo analisado.
O espectro de frequências, a Largura de Banda (LB) e a potência média são
parâmetros importantes do sinal de Banda Básica (BB), pois representam
características fundamentais do sinal que geralmente é aplicado na entrada de um
certo sistema.
Geralmente, os instrumentos de medida tentam reproduzir essas características
de um sinal que será aplicado à um determinado sistema, para fins de testes de
verificação de desempenho ou ajuste e alinhamento do sistema.
49

Modulação

Significa a realização de um processo pelo qual as características do sinal de BB


(Banda Básica) são modificadas, com a finalidade principal de melhor adaptá-lo ao
canal disponível para transmissão.
Geralmente, o processo de modulação envolve mudança nas características do
espectro e da forma de onda do sinal de BB.
Com a modulação ocorrem 2 fatos principais:
1- Adaptação do sinal de BB ao meio de transmissão
2- Transmissão simultânea de vários sinais BB no mesmo meio de transmissão sem
interferências entre eles, ou multiplexação.
Como exemplo representativo do 1º item tem o caso da radiodifusão e da tele
difusão comercial, onde o espaço livre é utilizado para a propagação da informação,
ou sinal útil.
Isto é feito utilizando-se antenas irradiantes da energia eletromagnética derivada
do sinal elétrico gerado pelos transmissores.
O sinal a ser transmitido é um sinal com B em frequências baixas, que não são
adequadas para a irradiação pelas antenas utilizadas. Em sistemas de rádio AM, por
exemplo, o sinal útil a ser transmitido (o sinal de banda básica, que entra no
modulador) tem frequências que vão de 300Hz a 5kHz, com energia significativa em
torno de 800Hz, constituindo um B nominal de 5kHz. As antenas utilizadas irradiam,
para a faixa de AM, em frequências que vão de 540kHz a 1700kHz, por imposições
históricas, técnicas e legais.
A largura de banda do sinal irradiado, por razões teóricas, é o dobro da banda do
sinal útil a ser transmitido, o sinal modulante. Portanto, cada estação ocupa uma
banda B=10kHz.
Assim, o processo de modulação desloca o espectro do sinal útil, que tem energia
significativa em baixas frequências, para faixas mais altas, em torno da frequência
da portadora a ser irradiada pela antena, na faixa de RF (rádio frequências na faixa
de AM). No receptor deve ser realizado o processo inverso, isto é, a faixa de
frequências do sinal recebido deve ser recolocada na faixa original, pelo processo de
demodulação.
Portanto, o espectro do sinal de banda básica precisa ser deslocado do valor
original, de 300Hz à 5kHz, para outra faixa dentro do intervalo requerido pelas
50

condições de propagação desejadas.


A modulação provê a forma de realização deste deslocamento espectral.

Como exemplo representativo do 2º item, observamos que diversas emissoras


transmitem simultaneamente em uma mesma localidade, no entanto cada rádio
receptor consegue sintonizar uma de cada vez, conforme desejado pelo ouvinte.
Isto é possível por que cada emissora ocupa uma faixa diferente de frequências
no espectro. O processo de modulação empregado em cada uma das emissoras
desloca a banda básica, que ocupa a mesma faixa de 300Hz à 5kHz, em todas elas,
para diferentes regiões do espectro, as quais não se sobrepõem para as diversas
emissoras, permitindo assim a separação espectral no receptor, no processo
vulgarmente chamado sintonia.
51

Modulação Analógica versus Modulação Digital

A modulação, tal como definida no ítem anterior, envolve dois processos básicos,
um na transmissão, onde o sinal de banda básica é processado pelo modulador para
ser enviado ao meio de transmissão, e outro na recepção, onde o sinal modulado
recebido do meio de transmissão, enfraquecido, distorcido e com ruído adicionado é
demodulado, para recuperar a informação que estava contida na banda básica na
entrada do modulador.
A Figura 1-14 ilustra a diferença entre a modulação digital e analógica,
apresentando como exemplo a transmissão de um sinal de televisão. A fonte e o
destino são os mesmos, porém os processos envolvidos são diferentes em cada
caso.
52

Figura1-14

A modulação analógica normalmente utiliza AM-VSB para a transmissão do sinal


de vídeo, e FM para a transmissão de som. São técnicas já consagradas, utilizadas
mundialmente.
Observe que a banda básica é um sinal analógico por natureza, onde estão
embutidas diversas informações, como o vídeo, audio. sincronismo, crominância,
etc, necessárias ao receptor de TV. A transmissão é feita em VHF3. Uma breve
descrição destes tipos de modulação será feita posteriormente O sinal assim
gerado e propagado pela antena da tx da emissora é analógico.
A transmissão digital utiliza a mesma fonte, mas em princípio realiza uma
conversão A/D nos sinais de som e imagem (essa conversão A/D não é o mesmo
PCM utilizado em telefonia fixa, mas obedece aos mesmos princípios de
conservação da informação – em resumo transforma uma forma de onda analógica

3
VHF é a sigla de “Very High Frequency” uma banda de frequências de transmissão A definição
completa das bandas pode ser encontrada no site http://en.wikipedia.org/wiki/Radio_spectrum .A
banda de VHF vai de 30 a 300 Mhz.
53

em uma sequência de bits codificados) gerando uma banda básica digital, incluindo
sincronismo, crominância, etc. Esta banda básica tem uma forma particular, mas é
formada por símbolos de um alfabeto finito. Fica claro que para representar
fisicamente esses símbolos são empregados alguma forma de sinal elétrico,
geralmente pulsos de tensão.
Existem vários tipos de modulação digital. O meio de transmissão, a existência de
distorções e ruídos, as características de propagação, o alcance desejado, as
facilidades e recursos a serem alcançados, tudo isso influi na técnica de modulação.
Para a transmissão de TV, esses requisitos impuseram o desenvolvimento de
novos sistemas e métodos. Esse desenvolvimentos ocorreram nas principais
companhias no mundo, com resultados diversos quanto à técnica e frequências a
serem utilizadas4.
No Brasil, foi criado o padrão ISDB-TB desenvolvido para a TV aberta a partir do
modelo japonês 5.

Este sistema utiliza um tipo avançado de modulação digital denominado COFDM


(OFDM Codificado)6, capaz de satisfazer as exigências de qualidade para o padrão.
Portanto, a diferença básica entre a modulação digital e a modulação analógica
é o tratamento dado ao sinal de banda básica, que no caso digital constitui-se de
um sequência de símbolos codificados a partir de um alfabeto finito, e no caso
analógico constitui-se em uma forma de onda. É claro que em termos físicos, ao final
das contas, tudo se resume numa forma de onda.
Portanto, a rigor, toda modulação é analógica. Porém, no caso digital, a forma de
onda que representa cada símbolo (um pulso de tensão, por exemplo), pode ser
bastante distorcida e modificada pelo ruído do meio de transmissão, e ainda assim
ser reconhecida pelo receptor como um símbolo válido.
No caso analógico, a distorção e o ruído induzidos na forma de onda têm que ser
minimizados durante a transmissão, pois uma vez adicionados à forma de onda é
impossível retirá-los na recepção (na transmissão de símbolos digitais, conhecemos
à priori, na recepção, o alfabeto de símbolos a serem transmitidos, enquanto na
4
Ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Televisão_digital e
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_canais_da_televisão_digital_brasileira
5
Ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Televisão_digital_no_Brasil
6
Para quem se interessar, ver http://www.digitalradiotech.co.uk/cofdm.htm ,
http://pt.wikipedia.org/wiki/OFDM e http://www.bbc.co.uk/rd/pubs/papers/paper_15/paper_15.shtml
54

transmissão analógica a forma de onda exata a ser recebida é sempre


desconhecida).
Assim, uma modulação analógica tem que manter, normalmente, relações S/N
superiores à de uma modulação digital, para o mesmo alcance de transmissão e com
a mesma qualidade.
No exemplo da Figura 1-14 não está mostrado a parte de recepção, embutida no
receptor de TV, que também é diferente em cada caso.
A modulação, pelo fato de ser digital não iria mudar a banda básica compatível
com a modulação analógica de TV. Esta banda básica irá se modificar, mas sim em
função dos novos padrões a serem adotados para o serviço de TV (como a alta
definição, a mudança na relação de aspecto de 3:4 para 9:16, a interatividade, a
qualidade do som, etc)

Características Gerais da Modulação

A modulação é uma operação que ocorre em praticamente todo sistema de


transmissão, assumindo as mais diversas formas. Não devemos esquecer que
quando falamos em transmissão estamos também falando em recepção, e quando
falamos em processo de modulação é implícito o processo de demodulação. Não
existe um processo sem o outro. Alias, a recepção e a demodulação são
importantíssimos para o desempenho do sistema, pois grande parte da
compensação da distorção e imunização do ruído são funções do receptor.
Assim, cabe ao receptor a tarefa de reconstituição do sinal e extração da
informação com o mínimo de erros. Por vício de linguagem, geralmente esquecemos
que a recepção é integrada à transmissão, assim como a demodulação ao processo
55

de modulação correspondente.
A ideia básica da modulação é transportar o sinal de banda básica (sinal
modulante) através do meio de transmissão disponível7 por determinadas
características de um outro sinal, chamado portadora, mais apropriado à
transmissão pelo meio disponível do que o sinal modulante.
Na recepção, realiza-se a demodulação, buscando-se recuperar a informação
contida no sinal de banda básica (sinal modulante) que foi transportada através do
meio disponível pela portadora.
Em realidade, esta operação de transporte gera um sinal modulado, para ser
enviado ao meio de transmissão disponível pelo modulador, equipamento que
realiza fisicamente a modulação. Mas sempre se busca uma maior facilidade de
transmissão da informação, em função das condições oferecidas pelo meio.
As características da portadora a ser utilizada para o transporte da informação
variam. Geralmente, a portadora é um único sinal elétrico senoidal, mas pode ser
também um sinal retangular multinível, um pulso ótico, ou mesmo uma composição
de várias portadoras senoidais.
Quando a modulação é analógica e a portadora é um único sinal elétrico senoidal,
é usual a utilização de parâmetros típicos deste sinal para o transporte da
informação, ou mesmo uma combinação deles. Os parâmetros típicos são a
amplitude A, a frequência f0 e a fase relativa θ. Obtemos então genericamente uma
modulação em amplitude AM, uma modulação em frequência FM e uma modulação
em fase PM.

Um Pouco de História
Historicamente, os sinais modulados em amplitude por uma banda básica
analógica foram os primeiro a serem gerados, com a finalidade de transmissão
radiofônica. Conforme citado por Wikipedia, no site
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rádio_AM , “No Brasil as primeiras transmissões AM
surgiram com a emissora de Roquette-Pinto, que em 1923 fundou a Rádio Sociedade
do Rio de Janeiro. Em 1936 a rádio transformou-se em Rádio Ministério da Educação,
que propaga o ensino à distância.

7
O meio de transmissão disponível pode ser um cabo de fios de pares metálicos, uma fibra ótica,
um enlace de micro-ondas, um enlace satélite, a propagação omni direcional no espaço livre, um
cabo coaxial, um guia de ondas, um cabo submarino etc. Maiores informações sobre meios de
transmissão pode ser obtida em uma busca na Internet.
56

As freqüências AM foram fundamentais na vida do brasileiro em meados do século


XX. As rádios de longo alcance, como a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a Super
Rádio Tupi e a Rádio Record, que atingiam quase 100% do território nacional ajudaram
a propagar os times cariocas e paulistas de futebol por todo o Brasil.”
Até hoje as estações de rádio com modulação analógica AM continuam a
propagar o seu sinal, muito embora estejam sendo substituídas pelas estações
de FM.
A tecnologia mudou muito, as válvulas deram lugar aos transistores, e esses aos
chips e circuitos integrados. Os aparelhos receptores, que há 50 ou 60 anos atrás
eram enormes, específicos para a função de rádio receptor, cabem hoje num único
chip e estão integrados a celulares, laptops, notebooks, etc.
Essa multiplicidade toda, entretanto, agiu de modo benéfico ao serviço de
radiofonia, estimulando sua atividade.
Apesar do avanço tecnológico observado, seus princípios técnicos básicos não
mudaram. Os modelos matemáticos aplicáveis à análise de sinais modulados
continuam válidos e ainda são utilizados para o desenvolvimento, operação e
manutenção dos sistemas.
57

Sinal Periódico

Um sinal x(t) é dito periódico no tempo se existe uma constante T0 > 0 tal que:
x ( t)=x( t + T0) (2-1)
para
−∞< t< ∞
T0 é chamado período de x(t). O período T 0 define a duração de um ciclo completo
de x(t).
A Figura 2.1 apresenta um sinal periódico x(t), no caso um trem de pulsos
retangulares periódico de período T0 e nível médio, ou de CC, igual a Aτ/T0, sendo A
amplitude do pulso, τ sua largura e T0 o período.

Figura 2.1

O ponto inicial para a contagem de tempo de um sinal periódico é arbitrário.


Quando possível, este instante é definido de modo a simplificar a descrição
matemática do sinal periódico, geralmente forçando o aparecimento de simetrias
no seu desenho geométrico.
Assim, uma onda periódica retangular pode ser feita um sinal par em sua
descrição matemática, como na Figura 2.1.
Se fosse uma onda triangular, de nível CC =0, poderia ser ajustado para um sinal
impar.
58

Sinal Determinístico e Sinal Aleatório

Um sinal determinístico é aquele cujo valor em um instante futuro pode ser


previsto com exatidão, a partir do conhecimento de seu valor no instante presente e
de sua lei de formação, ou equação.
Exemplo:
Um pulso exponencial x(t)=e -t para t > 0, conforme Figura 2.2.

Figura 2.2

Um sinal é aleatório quando seu comportamento só pode ser descrito em termos


estatísticos.
Assim, o conhecimento do valor x(t0) não permite determinar exatamente x(t1),
sendo t1 > t0 (t0 é o valor atual, ou presente, e t1 é um valor futuro).
Não há uma equação exata para descrever x(t).
Entretanto, por exemplo, a probabilidade de que x(t1) esteja dentro de
determinada faixa de valores pode ser estimada.
Exemplo :
A Figura 2.3 apresenta uma descrição gráfica de um sinal de ruído , exemplo de
um típico sinal aleatório .

Figura 2.3
59

Em sistemas de comunicações os 4 tipos de sinais (periódico e não periódico,


determinístico e aleatório) podem ocorrer individualmente ou misturados em
pontos do sistema.
Por exemplo, um sistema é testado com um sinal periódico retangular de
determinada frequência de repetição, injetando na entrada do sistema um sinal
proveniente de um gerador, com características especificas de amplitude e duração
do pulso.
Ao mesmo tempo, o sistema é submetido a condições próprias de operação, tais
como ajuste de ganho, que devem ser verificadas pela resposta do sistema ao sinal
de teste.
Teremos então, em determinado ponto do sistema, a ocorrência simultânea de
um sinal periódico e de um sinal aleatório, que pode ser proveniente do ruído
captado pelo sistema ou do próprio sinal de teste.
60

Potência e Energia

Potência instantânea

A potência instantânea dissipada por um sinal x(t), em uma carga resistiva de


valor R Ω, depende se x(t) representa um sinal de tensão ou de corrente. Sua
unidade no sistema MKS é o Watt (W).
A Figura 2-4 apresenta a expressão de p(t) para ambos os casos.

Figura 2-4

x(t) : tensão elétrica (V) ou corrente (A)


R : carga (Ω)
p : potência instantânea (W)

Potência instantânea normalizada.

Em estudo de sistemas de comunicações, a potência pode ser normalizada,


assumindo-se R=1Ω. Se o valor não normalizado da potência for necessário, ele
pode ser calculado, a partir do conhecimento da impedância no ponto.
61

Assim,
p ( t)=x 2( t ) (2-2)

Com a normalização de R a 1Ω, a expressão da potência instantânea é a mesma,


x(t) sendo uma forma de onda de tensão ou de corrente, conforme mostra a
Figura 2-5.

Figura 2-5
62
Energia.

Energia representa potência x tempo, que fisicamente significa trabalho.


Ou seja, dada uma certa potência, quanto maior o tempo durante o qual aquela
potência se manifestar maior a energia dissipada pelo sinal ou fornecida por ele
durante aquele tempo.
Por isso é que para medir a quantidade de eletricidade fornecida pela companhia
distribuidora medimos a quantidade total de energia elétrica consumida pelas
nossas casas.
O que importa é o acúmulo energético. Assim, um lâmpada de 30W ligada
durante 24h consome tanta energia quanto um chuveiro elétrico de 3600W ligado
durante 12 min (30x24)=(3600×1/5).
A unidade de medida da energia no sistema MKS é o Jaule (J), sendo 1J = 1W×s.
(Por conveniência, para medir o gasto energético residencial, utilizamos um múltiplo
do J, o kW×hora).

Sinal de energia.

Um sinal de energia é aquele que possui energia total finita.


Como consequência, sua potência média total é igual a zero.
Exemplo: Um pulso de amplitude e duração finitas.
Algumas vezes é conveniente lidar diretamente com a energia. Isto ocorre
principalmente com formas de onda utilizadas para gerar pulsos em sistemas
digitais, os quais tendo duração mensurável, são parametrizados em uma base de
energia/pulso.
Algumas vezes, também, pode haver a necessidade da análise de sinais que
podem ser considerados sinais de energia, como por exemplo surtos de tensão ou
de corrente, causados por indução de elementos externos aos sistemas (queda de
raios, por exemplo), na simulação para teste e projeto de sistemas de proteção de
linhas e aparelhos.

Sinal de potência.

É aquele cuja potência média é finita e diferente de zero.


Como consequência, sua energia total é sempre E=∞.
Exemplo: Um sinal aleatório, com duração teoricamente infinita1.
Em sua maioria, os sinais que lidamos em sistemas de comunicações são sinais de
potência (sinais periódicos ou sinais aleatórios como a informação ou o ruído).
63
Perda ou Ganho

Em um sistema de comunicações, algumas vezes é necessário relacionarmos a


potência média de um sinal presente em um determinado ponto do sistema com a
potência média do sinal em outro ponto (por exemplo, o sinal na saída do sistema
com o sinal na entrada do sistema).
Este relacionamento pode ser realizado simplesmente dividindo-se uma pela
outra.
Assim, se Psaída= 10 ×Pent, é razoável pensar que o sistema introduziu um ganho de
valor 10.
Desta forma, se
Pent = 5W , Psaída = 50W
Pent = 0,5W , Psaída = 5W
Pent = 5.10-6W , Psaída = 5.10-5W
Para todos os casos acima, o sistema introduziu um ganho de 10 (adimensional).
Assim, como houve ganho, poderia ter havido perda, neste caso P saída < Pent .

Em geral, ao compararmos a potência em pontos diferentes do sistema, estamos


interessados em pontos pelos quais flui o mesmo tipo de sinal, qualitativamente
falando (por exemplo, sinais analógicos de voz na mesma banda básica, ou sinais
digitais modulados enviados para um satélite ocupando uma determinada banda).
64

Decibel

Suponha que um sinal x(t) é transmitido por um sistema de comunicações, e


nesse processo ele pode ser atenuado, ou amplificado, no sentido de que sua
potência média pode diminuir ou aumentar, respectivamente. Os valores de
potência média deste sinal em dois pontos diferentes do sistema podem ser
relacionados de duas formas:
1-Relação linear, obtida dividindo-se diretamente os valores de potência
2-Relação logarítmica, obtida de acordo com:

O valor assim obtido (X) diz-se estar expresso em decibel (a relação abrevia-se
dB, de decibel).
O valor expresso em dB pode representar uma perda ou um ganho. Se P a
representa a potência no ponto A e Pb no ponto B, se X(dB) for positivo então Pa>Pb.
Se X(dB) for negativo, então Pa<Pb.
A relação X(dB) também pode representar a relação entre as potências de dois
sinais A e B no mesmo ponto do sistema. É o caso, por exemplo, da relação entre a
potência de um sinal útil (sinal de informação - SdB) e um sinal de ruído (NdB) [o
ruído é um sinal indesejável, e infelizmente está presente em todos os pontos de
um sistema , com maior ou menor intensidade – a simbologia N é derivada da
expressão “Noise”, que significa ruído, em inglês].
Assim , se S/N = 30dB, significa que naquele ponto do sistema o sinal útil tem
potência 1000 vezes maior do que o sinal de ruído.
65

dB em relação à 1mW – dBm

A potência de um sinal também pode ser expressa em unidades logarítmicas. A


definição é semelhante ao decibel, comparando-se o valor de potência no ponto
desejado com um valor de referência. Quando esse valor de referência é igual a
P0=1mW, a unidade de medida resultante denomina-se dBm (dB em relação a 1mW).
O dBm é muito utilizado em cálculos de potência de sinais. Assim,
P1
X ( dBm) 10 log 10 onde P =1mW=10−3 W (2-9)
P0
66

dB em relação à 1W - dBW

Algumas vezes usa-se um valor de referência P0= 1W. Neste caso, a unidade de
medida recebe o nome de dBW (dB em relação a 1W).
Em cálculos de balanceamento de enlaces em sistemas de transmissão via
satélite, costuma-se usar dBW na indicação de potências.
Exemplo de alguns valores: Potência de sinal gerada pelo transmissor para o
satélite: 20dBW (100w). Sinal transmitido para o satélite (inclui potência do
transmissor+ ganho da antena parabólica): +70dBW (enlace de subida a 8,0GHz).
Potência recebida pelo satélite: -110,0dBw (10-11w). (Satélite geoestacionário a
35800 km de altitude). Inclui perdas no caminho de transmissão (203dB: perda de
propagação no espaço livre ) e ganho da antena parabólica de recepção no satélite
(+36dB) e alguns outros fatores.

Cálculo de Balanceamento
Potência do transmissor (+) = : dBW
Ganho de transmissão da antena (+) = : dB;
Potência total transmitida = : dBW
Perdas de propagação (-) = : dB;
Tolerância para desvanescimentos
de sinal e outras perdas (-) = : dB;
Ganho das antenas de recepção no
Satélite (+) = : dB;

Potência total recebida pelo satélite (?) = : dBW


: W
67

Domínio do Tempo e Domínio da Frequência

Conforme o site http://pt.wikipedia.org/wiki/Domínio_do_tempo da Wikipedia


“Domínio do tempo é um termo usado em análise de sinais para descrever a
análise de funções matemáticas com relação ao tempo. No domínio do tempo, o
valor da função é conhecido em cada instante, no caso de tempo contínuo, ou em
vários instantes separados, no caso de tempo discreto.”
Assim, podemos dizer que no domínio do tempo a variável livre, nas equações
que tratam de sinais e suas relações, representa tempo.
Ainda segundo Wikipedia, “Em análise de sinais, domínio da frequência designa
a análise de funções matemáticas com respeito à frequência, em contraste com a
análise no domínio do tempo. A representação no domínio da frequência pode
também conter informação sobre deslocamentos de fase.”
(site http://pt.wikipedia.org/wiki/Domínio_da_frequência ).
Desta forma, podemos dizer que no domínio da frequência temos equações com
até duas variáveis independentes. Estas variáves são a frequência e a fase.
Com isto, entendemos que um sinal ou relações em um sistema, podem ser
representados sob pelo menos dois ponto de vista principais, um em que existe uma
variável livre que é o tempo, e outro em que a variável livre é a fase ou a frequência.
Podemos alternar entre uma representação ou outra, desde que haja uma definição
precisa entre as duas representações.
Exemplo: Conforme a Figura 2-9, uma onda quadrada pode ser representada no
domínio do tempo, pela sua forma de onda, ou no domínio da frequência pela sua
frequência básica de repetição.

Figura 2-9
Esta é apenas uma das possíveis representações.
Outra representação veremos adiante, com a série de Fourier.
68

Desde que se convencione que a forma da onda é sempre a de pulsos quadrados,


e que a amplitude da frequência sendo positiva significa que a onda quadrada inicia
com uma excursão positiva conforme a Figura 2-9, a representação no domínio da
frequência não deixa margem a dúvidas. Só fica indeterminada a fase inicial da onda
quadrada, que pode ser indicada em um outro gráfico.

Sabendo-se as convenções, é possível representar outras formas de onda no


domínio da frequência conforme acima, colocando-as como sendo compostas de
ondas quadradas.

A Figura 2-10 apresenta um exemplo de como a forma de onda em 2-10 c) pode


ser considerada uma composição (no caso, soma) das formas de onda em 2-10 a) e
b).

Figura 2-10
69

Funções Ortogonais e Funções Senoidais

Uma determinada forma de onda pode ser decomposta em um conjunto de


funções básicas, que são somadas para gerar a dita forma de onda.

Funções senoidas:
y1=Asen θ ou y2=Acosθ
Asen θ = Acos (θ -90°)

Parâmetros:

A: amplitude (uma grandeza qualquer, por exemplo, V ou A ou W)


θ: ângulo ou fase (rad ou graus)
t: tempo (s)
θ=ωt + α
ω: frequência angular (rad/s)
α: fase inicial (rad ou graus)
ω=2πf
f: frequência (Hertz)
f=1/T0
T0: período. (s)

Sinais Senoidais no Domínio da Frequência-Espectros

Um sinal senoidal possui três parâmetros básicos; amplitude, frequência e fase .


Uma vez que uma representação gráfica no domínio da frequência gera um gráfico
bidimensional, precisamos de dois gráficos, um para a amplitude e outro para a fase.
Esses gráficos são representativos do espectro de frequências dos sinais.
Assim, cada frequência, ou cada sinal senoidal, gera uma raia do espectro, que
corresponde, no gráfico, à uma linha vertical da amplitude ou fase da componente
espectral.
Dois tipos de representação podem ser utilizados – representação unilateral e
representação bilateral.
A representação unilateral, também chamada representação positiva do
espectro, corresponde à representação dá um sentido físico para a frequência.
Temos dois gráficos, (um para a amplitude e outro para a fase), ambos apenas para
70
frequências positivas, (eixo das ordenadas em ambos os gráficos) que pode ser
graduado em Hz ou em rad/s.
A representação bilateral, apesar de à primeira vista parecer mais complicada, na
verdade irá simplificar muitas equações posteriores relativas à análise espectral de
sistemas, pois como veremos o deslocamento de um espectro para diferentes
regiões de frequência ocorrerá de forma a proporcionar raciocínios envolvendo
deslocamentos de regiões negativas para positivas, explicando facilmente o
surgimento de novas frequências espectrais positivas e reais.

Representação unilateral de x(t)=A cos (ωt + α)

Conforme mostra a Figura 2-13, o espectro unilateral do cosseno utiliza dois


gráficos para a representação no domínio da frequência, um para a amplitude e
outro para a fase.
71

Figura 2-13

Série de Fourier

A série de Fourier decompõe matematicamente um sinal periódico qualquer em


um somatório de funções senoidais.
Essas funções senoidais formam um conjunto de funções ortogonais, e atendem
à condição da Equação (2.10). Assim, as funções base deste conjunto de funções
ortogonais são funções senoidais. Pode-se dizer que, ao calcular os valores de
amplitude e fase de cada componente senoidal a série de Fourier fornece o
espectro de frequências de um sinal periódico.
Genericamente, o número de termos da série de Fourier é infinito. Em casos
particulares , ou para aproximações numéricas, este número pode ser finito.
A análise de sinais no domínio da frequência estuda o comportamento das
componentes espectrais de um sinal, componentes que podem ser interpretadas
como integrantes da série de Fourier do sinal. Este tipo de análise é particularmente
útil em se tratando de sistemas lineares e invariantes no tempo, que atendem ao
princípio da superposição. Sua ação sobre o sinal periódico pode ser computada
como o somatório, ou a resultante das ações individuais sobre cada componente
espectral.
Forma expandida da série trigonométrica:

(2.13)

onde
72
sendo T0 o período de x(t).
Cada componente da série tem frequência n ω0. Na série trigonométrica, cada
frequência tem uma componente em cosseno de amplitude an e uma componente
em seno de amplitude bn. O coeficiente a0 fornece a chamada componente de
corrente contínua (CC) do sinal.
Dado um determinado sinal periódico x(t), o conjunto das componentes a0, an, bn e
a frequência da fundamental ω0 completamente identificam o sinal.
Assim , um sinal periódico pode ser analisado no domínio do tempo, através de
sua forma de onda x(t), ou no domínio da frequência, através de seu espectro,
73

obtido calculando-se suas componentes espectrais a0, an e bn e sabendo-se a


frequência ω0 da fundamental, que depende apenas do período do sinal.

Forma compacta da série trigonométrica:

(2.17)

Os coeficientes se relacionam com os coeficientes da forma expandida da


seguinte forma:
(2.18)

(2.19)

(2-20)

Conforme verificamos, a forma compacta é apenas uma outra forma de se


escrever a forma expandida, onde ao invés de termos an (coeficiente do cosseno) e
bn (coeficiente do seno) temos cn (coeficiente de um sinal senoidal resultante da
soma de um cosseno com um seno de mesma frequência) e a fase resultante θn.
O espectro continua a ser unilateral, com dois gráficos, um para cn e outro para θn.
74
Transformada de Fourier

Quando f(t) é uma função não periódica qualquer seu espectro de frequências é
calculado através da transformada de Fourier. A transformada de Fourier pode ser
justificada como uma passagem ao limite da série de Fourier. Para visualizarmos
essa passagem, consideremos um sinal periódico qualquer, fT(t), conforme ilustrado
na Figura 2-18, e imaginemos que seu período T tende a infinito.

Figura 2-18
Função periódica quando T tende a infinito

Transmissão sem Distorção

Um sinal x(t) pode ser transmitido através de um sistema LTI sem sofrer
distorção. Isto ocorre se a saída y(t) for uma réplica da entrada x(t), Assim, se
y(t)=Kx(t-t0), sendo K e t0 constantes, admite-se que o sistema LTI transmitiu sem
distorções o sinal de entrada x(t). Desta forma, para que o sinal de saída seja uma
réplica do sinal de entrada, caracterizando a transmissão sem distorção, admite-se
que possa existir um fator de escala K e um fator de tempo, ou retardo de tempo, t0 ,
entre a saída y(t) e a entrada x(t) aplicada ao sistema.

Função de transferência para transmissão sem distorção:

(2-49)

Para transmissão sem distorção, a característica da amplitude da função de


transferência deve ser constante, e a característica de fase deve ser linear, isto é,
da forma -ω t0. Vemos que a inclinação da característica de fase é igual ao tempo
de retardo introduzido pelo sistema (-t0 ).
Assim, o retardo deve ser constante e independente da frequência.
75 Não confundir com a fase introduzida, que deve ser proporcional a ω. Na

verdade, quanto maior a frequência, mais negativa é a fase introduzida, para que
seja obedecida a característica -ω t0.
76

Largura de Banda

Significa a largura da faixa de frequências em que o sinal tem eficácia, ou seja, a


diferença entre a maior frequência com amplitude significativa e a menor
frequência com amplitude significativa do espectro do sinal, normalmente
designada por B (B geralmente expressa em Hz).
Na prática, existirá um valor de B associado a um determinado critério, em
função da aplicação.
Por exemplo, na transmissão de sinais de voz, em telefonia fixa, a UIT (União
Internacional de Telecomunicações, da qual o Brasil faz parte), cita que alguns
países acharam necessário prover pelo menos 20 a 26dB de rejeição, na codificação
de frequências de voz na faixa de 15 a 60Hz.
Na faixa superior do espectro de voz, acima de 4.6 KHz, o nível de atenuação
recomendado é superior a 25dB.
Então, convencionou-se considerar que o sinal de voz em telefonia ocupa a faixa
de 300 a 3400Hz (B=3100Hz).
Na prática, para simplificar o raciocínio em várias situações, utiliza-se um B
nominal de 4KHz para o sinal telefônico (espectro unilateral de 0 a 4KHz).
Na transmissão de sinais de voz em comunicações militares, onde o mais
importante é a mínima ocupação espectral e o reconhecimento da mensagem, não a
identificação da voz do elemento falante, a faixa do sinal é mais reduzida que na
telefonia comercial fixa, ficando em torno de 500Hz a 2500Hz (B=2000Hz).
Para outros tipos de sinais, as características são diversas, e também os valores
adotados de B. Sistemas que recebem sinais já modulados, como repetidores ou
receptores de sinais de satélite, caracterizam-se por receber sinais em alta
frequência, os quais podem trabalhar com valores máximos e mínimos de f, em
valores absolutos, bem maiores do que B.
Por exemplo, no sistema SPADE, usado no satélite INTELSAT IV, um transponder
de 36MHz (espécie de repetidor no satélite) tem a capacidade de receber um sinal
modulado em FM com uma portadora de 6302MHz e B=45KHz, e retransmiti-lo para
a terra em FM com uma portadora 4077MHz e B= 45 khZ (A portadora representa o
valor central de frequências que tem largura de banda B).
Assim, vemos que um sinal, com um banda B=45KHz, pode estar localizado em
77

valores absolutos de frequência muito diferentes.


A largura de banda B pode também estar associada a um sistema LTI.
Os sinais de voz usados na transmissão telefônica na transmissão em AM e em
transmissões militares, podem terem sido gerados pela mesma fonte, por exemplo
locutores falando em um microfone, e desta forma teriam o mesmo espectro
original.
O que os faz terem espectros diferentes, com larguras de banda B diferentes,
para cada aplicação, é que eles foram processados por sistemas LTI também
diferentes, adequados a cada aplicação.
Esses sistemas LTI especiais recebem o nome de filtros.
Associado a um filtro existirá sempre uma largura de banda WHz, que molda o
espectro original do sinal aplicado em sua entrada, gerando o sinal de saída com
largura de banda B=WHz.
Deve-se prestar atenção quanto à convenção que está sendo usada para
representar o espectro. O valor de largura de banda, relativo a um sinal ou a um
sistema linear pode ser bem diferente, se referido a um espectro unilateral ou
bilateral.
78

Filtros Ideais

São sistemas LTI que possuem características de transmissão específicas dentro


da faixa de frequências que constitui sua largura de banda W. Fora desta faixa, eles
eliminam todo o sinal. Admitem 4 classes principais: 1-Filtro passa baixa (FPB),
2-Filtro passa alta (FPA), 3-Filtro passa faixa (FPF) e 4-Filtro rejeita faixa (FRF).

1- Filtro passa baixa (FPB)

A Figura 2-27 apresenta uma visão da função de transferência do FPB (forma


bilateral). Como a frequência de corte inferior (ωci) é igual a -ωC, e a superior (ωcs) é
igual a +ωc, só existe um valor de frequência de corte que é ωC, sendo que W=ωC/2π
corresponde à largura de banda física, em Hz, considerando apenas a parte positiva
do espectro.

Figura 2-27

A largura de banda W de um FPB ideal é ωC/2π, e se diz que sua faixa de


frequências de passagem é de 0 à W Hz (falando em termos de frequência como
uma coisa física, ou seja, falando em termos do espectro unilateral).
Para as frequências dentro da faixa de passagem do filtro, isto é, para as
frequências entre -ωc e +ωc, o filtro se comporta como um sistema sem distorção,
conforme pode se comprovar pela Figura 2.27.
Isto significa que um sinal com faixa de frequências entre -ωc e +ωc, passará
inalterado pelo filtro, apenas sofrerá um retardo no tempo, igual a t0.
Portanto, um FPB pode ser considerado um dispositivo limitador da banda do
sinal. Se o sinal aplicado ao filtro tiver frequências com |ω|> |ωc|, elas serão
79
eliminadas pelo filtro, e na saída do mesmo a frequência máxima do sinal terá
módulo igual a ωc.

2- Filtro passa alta (FPA)

A Figura 2-29 apresenta o gráfico de função de transferência do FPA. Conforme


podemos observar, o filtro elimina todas as frequências abaixo da frequência de
corte ωc. As frequências acima de ωc.são transmitidas sem distorção ao passarem
pelo filtro.
A frequência de corte é também ωc. Porém, o FPA funciona ao contrário do FPB.
80

Para o FPA, o valor W=ωc/2π tem significado diferente do FPB. Enquanto para
este W é o valor da largura de banda, em Hz, para o FPA W é infinita.

Figura 2-29

Para as frequências dentro da faixa de passagem do filtro, isto é, para as


frequências abaixo de -ωc e acima de +ωc, o filtro se comporta como um sistema LTI
sem distorção, conforme pode se comprovar pela Figura 2.29. Isto significa que um
sinal com faixa de frequências abaixo de -ωc e acima de +ωc, passará inalterado
pelo filtro, apenas sofrerá um retardo no tempo, igual a t0.
Portanto, um FPA pode ser considerado um dispositivo eliminador de frequências
baixas do sinal. Se o sinal aplicado ao filtro tiver frequências com |ω|<|ωc|, elas serão
eliminadas pelo filtro, e na saída do mesmo a frequência mínima do sinal terá
módulo igual a ωc.
O FPA ideal, assim como o FPB, também não pode ser construído fisicamente,
pois apresenta uma resposta impulsiva não causal, e serve apenas como modelo
matemático simplificador.

3- Filtro passa faixa (FPF)

O FPF, como o nome indica, permite a passagem livre de apenas uma faixa de
frequências. Possui duas frequências de corte, ωci (frequência de corte inferior) e
ωcs (frequência de corte superior). Naturalmente, ωcs > ωci e W = (ωcs- ωci)/2π. A
81

Figura 2-30 apresenta o espectro bilateral do FPF, HFPF(ω).

Figura 2-30

4- Filtro rejeita faixa (FRF)

O FRF, como o nome indica, permite a passagem livre de apenas do sinal que está fora de
uma faixa de frequências. É, portanto, o inverso do filtro passa faixa e seu estudo é similar.
82

Filtros Fisicamente Realizáveis

Um filtro fisicamente realizável deve ser causal. Isto significa que um filtro
fisicamente realizável deve ter h(t)=0 para t<0 . [h(t) é a resposta do filtro ao
impulso unitário]. A função de transferência H(ω) é transformada de Fourier de h(t).
Pode ser demonstrado que h(t) causal implica em que |H(ω)| não pode ser zero,
qualquer que seja o intervalo de frequências considerado. Desta forma, um filtro
fisicamente realizável sempre permitirá a transferência de sinais da entrada para a
saída.
O que acontece é que existe uma banda de frequências, chamada banda de
passagem do filtro, em que a transferência é feita quase sem perdas, às vezes até
com um pouco de ganho, enquanto que fora da banda de passagem do filtro esta
transferência é muito atenuada.
No filtro ideal, H(ω) tem características de transmissão sem distorção dentro da
banda de passagem, e se anula completamente fora desta banda. Na frequência de
corte, há uma descontinuidade, pois a característica de corte é vertical. De um lado, |
H(ω)|=1, e do outro, |H(ω)|=0.
Em um filtro fisicamente realizável isso não pode acontecer, a curva de corte tem
uma característica monotônica, sendo sempre uma curva crescente ou decrescente
com ω. Conforme a complexidade e o tipo de construção do filtro, essa
característica pode ser mais ou menos inclinada.
Também dentro da banda de passagem do filtro, a característica de fase não é
ideal, portanto a característica de transferência tenta se aproximar de uma
transmissão sem distorção.
De um modo geral, deve existir uma troca entre a inclinação da curva de corte e a
característica de fase; quanto maior a inclinação, mais distante do ideal é a fase, e
vice-versa (a fase ideal tem uma relação linear com ω, ou seja, -ωt0, sendo t0 o
retardo de transmissão através do filtro).
Outro ponto a considerar é a atenuação fora da banda de passagem, ou a
chamada atenuação na banda de rejeição do filtro. Como vimos, para um filtro
fisicamente realizável, |H(ω)| nunca pode ser completamente anulada. Portanto, na
banda de rejeição, |H(ω)| terá sempre um valor residual, ainda que muito baixo.
Poderá apresentar variações significativas, afastando-se bastante de uma
83

característica de transferência ideal, porém sempre será menor que o valor na


banda de passagem.
É comum a transferência através do filtro ser expressa em termos da potência
média dos sinais na entrada e na saída do filtro. Neste caso, é usual se expressar a
relação entre a potência média da saída pela potência média da entrada em dB.
Como |H(ω)|=|Y(ω)|/|X(ω)|,

(2-52)

Portanto, o valor |H(ω)|2 em dB pode ser dado por

(2-53)

Finalmente, para um filtro fisicamente realizável, devemos considerar que a


característica da curva de corte não pode ser perfeitamente vertical, como um filtro
ideal.
A inclinação pode ser dada pela diferença em frequência correspondendo a
determinados valores de atenuação, em dB.

Largura de banda W de filtros fisicamente realizáveis

Um filtro fisicamente realizável pode ter características de FPB, FPF e FPA. Se for
um FPB, a curva de corte é decrescente, no sentido de que o ganho na faixa de
passagem do filtro decresce com o aumento de ω, durante o corte. Se for um FPA, a
curva é crescente, no sentido de que o ganho vai aumentando com ω durante o
corte. Se for um FPF, possui duas curvas de corte, uma crescente e outra
decrescente.
A frequência de corte é definida estabelecendo-se pontos específicos da curva de
corte. Um ponto específico muito usado é o ponto de -3dB. Neste ponto, a potência
nominal de saída é ½ da potência nominal na entrada do filtro, o que conforme a
Equação 2-53 corresponde a 3dB de atenuação, ou seja, um ponto de -3dB na curva
de corte.
84

Como exemplo, consideremos um FPB, cujo módulo do quadrado da função de


transferência aparece na Figura 2-33.
Neste exemplo, o patamar de atenuação ocorre em -7dB, e o ponto de meia
potência, de -3dB, determina a frequência de corte ωC e a largura de banda W=ωC /
2π.
Se os sinais de entrada e saída forem senoidais, o que é muito comum em
procedimentos de teste, a potência média destes sinais é dada por A2/2, onde A é a
amplitude máxima destes sinais. Portanto, para a potência decrescer à metade, o
valor eficaz decresce de 0,707 = √2.
,

Figura 2-33

Assim como foram utilizados os pontos de -3dB para definir a LB, poderiam ter
sido empregados pontos de -10dB, ou -30dB, ou algum outro critério a ser definido.
Desta forma, antes de falarmos em LB de um filtro fisicamente realizável, devemos
definir qual critério será utlizado para definição de sua LB.
Esta definição de LB pode também ser apllicada aos sinais na entrada do filtro e
na saída do filtro, fixando desta forma o valor de B.
Geralmente, critérios equivalentes são empregados para definição da LB W do
filtro e B dos sinais de entrada e saída, de modo que B=W nos pontos de entrada e
saída do filtro.

Filtro passa baixa RC

A Figura 2-24 apresenta um circuito RC que pode ser considerado um filtro passa
baixa fisicamente realizável. Este é um filtro simples, mas bastante utilizado, em
85

várias aplicações.

Das fórmulas acima, verifica-se que para ω=0, log 10 | H(ω) |=0. Este é o ponto
máximo da curva de atenuação.
Para ω=a, 10 log 10 | H(ω) |2= -3
Portanto, em ω=a, temos um ponto de meia potência. Sendo um ponto
característico do FPB RC, podemos dizer que para este filtro a largura de banda
W=a/2π Hz, sabendo que ωc= a = 1/RC rad/s
RC é chamado a constante de tempo do filtro.
86

Amostragem

A operação de amostragem é básica na conversão de sinais analógicos em


digitais, e vice-versa.
Simplificadamente falando, ela realiza um recorte do sinal, transmitindo ou
processando apenas determinadas partes, ou amostras do sinal. Desta forma, ao
invés de se transmitir um sinal analógico durante todo o tempo em que ele está
sendo gerado, são transmitidos apenas alguns valores do sinal.
Isto permite que esses valores sejam codificados por exemplo, utilizando códigos
binários. Desta forma, um sinal analógico, que possui uma infinidade de valores,
pode ser processado ou transmitido digitalmente. E mais: no intervalo de tempo
entre duas amostras sucessivas do sinal analógico, o sistema digital pode se ocupar
de outras operações, como por exemplo, transmitir ou processar outras amostras
pertencentes a outros sinais, ou realizar qualquer outra operação.
Por isso é que um computador pessoal pode realizar simultaneamente diversas
tarefas, como por exemplo, tocar uma música ao mesmo tempo em que edita um
texto. Na verdade, o computador só realiza uma tarefa de cada vez, apenas produz a
ilusão de realizar diversas tarefas simultaneamente porque ele picota cada uma,
realizando um pedacinho de cada uma de cada vez.
É claro que para a amostragem de um sinal analógico funcione, é preciso que se
consiga reconstituir o sinal analógico a partir de suas amostras. Para isso existe uma
regra, expressa pelo teorema da amostragem, que será visto logo adiante
A operação de conversão A/D ou seu inverso, a operação D/A, são essenciais para
os sistemas atuais. Um exemplo clássico está na telefonia, onde a fonte e o destino
são analógicos, enquanto os meios de transmissão são digitais. Outro exemplo é um
CD de música, a qual é gravada e armazenada no CD em forma digital, sendo
convertida em forma analógica para audição. Diversos outros exemplos existem, em
várias áreas envolvendo a transmissão e/ou processamento de sinais.

Teorema da amostragem

“Um sinal limitado em frequência à BHz (isto é, um sinal cujo espectro de


frequências é praticamente =0 para |ω|>2πB rad/s ) é univocamente determinado
87

por seus valores (amostras) tomados à intervalos uniformes e menores do que 1/2B
segundos”
Normalmente, x(t) vai de baixas frequências até certa fmax, e sua largura de banda
é aproximadamente B=fmax, e portanto deve ser amostrado à uma taxa superior a
2BHz, ou seja, a frequência de amostragem é f0≥2BHz.
BHz representa a maior frequência que x(t) é capaz de gerar com amplitude
significativa.
Aqui, como método aproximado, será empregado o espectro de densidade de
frequências de x(t) para representação no domínio da frequência, dado por sua
transformada de Fourier, X(ω).
A justificativa é que a medição ou determinação da forma exata do espectro não
é importante, bastando a suposição de que X(ω) ≃ 0 para ω> ωmax, sendo desta
forma ωmax considerada a frequência máxima do espectro de x(t), ou seja, a
frequência a partir da qual a contribuição espectral de x(t) é considerada
insignificante ou desprezível. Esta frequência ωmax é importante para determinação
da frequência de amostragem, f0Hz.
A frequência de amostragem, em rad/s, é ω0, que deve ser superior a no mínimo
2ωmax, sendo ω max=2πB rad/s.
Mas o que é, exatamente, uma amostra do sinal x(t)?

Amostra de x(t) e sua representação

Uma amostra significa a medição do valor do sinal em um determinado instante


de tempo.
A Figura 1-5 (na Parte 1) é muito esclarecedora. Ela apresenta uma amostra x(t 0)
do sinal x(t).
Uma amostra é, portanto o valor (digamos, em V), do sinal x(t) no instante t 0
(digamos, em s). Mas como determinar, praticamente, o valor de uma amostra?

Devido à largura do pulso, que é muito pequena em relação ao período, X n é


muito pequeno, fazendo com que as áreas dos impulsos sejam
correspondentemente pequenas.
O importante, porém, nesta etapa de tomada dos valores das amostras, é que
88

elas sejam adequadamente registradas, para posterior codificação (veja a Figura 1-4,
na Parte 1).
O fato de que a tomada de amostras é muito rápida, permite uma simplificação
no modelo matemático usado para representá-la, o qual é mostrado na Figura 2-40.
Na Figura 2-40, o modelo matemático da amostragem utiliza um elemento
central, que é um elemento multiplicador.
Assim, a operação de amostragem é representada, essencialmente, por uma
multiplicação entre x(t), o sinal de entrada, e uma sequência de impulsos unitários.
Essa sequência é periódica, e a taxa de amostragem é ω0=2π/T.
Como resultado temos o sinal amostrado, xs(t). Cada amostra é representada por
um impulso cuja área não é mais unitária, mas sim proporcional ao valor da amostra,
x(t0).
x(t) é um sinal limitado em frequência. Portanto, seu espectro é nulo acima de um
determinado valor de frequência, ωmax...

Figura 2-40

Como a forma exata do espectro de x(t) não é relevante ao problema, será


genericamente representado conforme a Figura 2-41:

Figura 2-41
89

As amostras da Figura 2-40 não podem ser produzidas por sistemas físicos reais,
pois foram geradas a partir de funções impulso, que têm amplitude infinita.
Na prática o valor de cada amostra é representada pela amplitude de um pulso
muito estreito, gerado pela base de tempo do circuito amostrador.
Entretanto, nesta etapa, é conveniente utilizarmos o modelo teórico apresentado
na Figura 2-40, pois é simples de ser analisado e atende ao que se deseja, que é
mostrar como funciona o teorema da amostragem.

Espectro do sinal amostrado

O sinal amostrado, no domínio do tempo, segundo o modelo da Figura 2-40 é:

conforme mostra a Figura 2-42:

Figura 2-42
Analiticamente, podemos escrever

Considerando que (ver Exercício L-2.13)

Então
90

Portanto

Da equação acima, vemos que o espectro do sinal amostrado é uma função


periódica em ω, sendo uma repetição, com o período ω0 (frequência de
amostragem), do espectro fundamental X(ω). Este fato, em conjunto com X(ω)
limitado em frequência, faz com que a função periódica resultante (periódica em ω,
note bem) tenha uma composição espectral com lóbulos que não se sobrepõem,
desde que atendida a condição de que ω0 > 2ωmax.
A situação assim formada permite que se utilize um filtro para a recuperação
isolada de qualquer parte do espectro periódico. Teoricamente, se este filtro tiver
características de um filtro passa baixas ideal, cuja frequência de corte ωC satisfaça
a condição ωmax<ωC<ω0-ωmax ,então, na saída do filtro, teremos apenas o espectro do
sinal original, X(ω). A Figura 2-43 ilustra graficamente o que foi descrito pelas
equações, inclusive mostrando a ação do FPB sobre o espectro de Xs(ω).

Figura 2-43
91

Exemplo da amostragem de um sinal senoidal

Vamos exemplificar realizando a amostragem de uma onda analógica senoidal, de


frequência ω0=1 rad/s e período T [y(t)=sen(ω0t) e T=2π]. A Figura 2-44 apresenta
esta situação.

Figura 2-44

O quadro 1 apresenta valores mais precisos de t e y


Conforme podemos observar, para 1 período de y(t) [T=2π= 6.2831853], temos
exatamente a diferença de tempo entre a 6a amostra e a 1a, demonstrando que
temos assim 5 amostras em 1 período de y(t). ou seja, uma frequência de
amostragem 5 vezes maior.
A 6a amostra repete o valor da 1a, dando início portanto a um novo ciclo de
amostragem.
A forma de onda analógica possui um número infinito de valores (é uma função
da variável t, contínua). Portanto, a reconstituição do sinal analógico tem que gerar
todos esses valores a partir dos valores numéricos recebido. No caso em exemplo,
apenas 5 valores numéricos ( 5 números) seriam suficientes para reconstituir o sinal
analógico senoidal original.
92

Quadro 1
93

Reconstituição do Sinal Analógico

A menos da aproximação devido ao processo de quantização, o valor numérico de


uma amostra x(t0) é transmitido, ou armazenado, pelo código digital de N bits que o
representa (veja Volume 1).
Na reconstituição D/A, temos como ponto de partida uma sequência de códigos,
ou uma sequência de valores numéricos de amostras que chegam ao conversor D/A
à taxa de amostragem utilizada. Para ser transformada de volta em um sinal
analógico, essa sequência de valores precisa adquirir característica física com
energia suficiente para gerar um sinal analógico que consiga excitar um sistema
subsequente, como um amplificador, por exemplo.
Portanto, a primeira etapa da conversão D/A consiste em reconstituir os pulsos
que originaram os valores das amostras. Isto é feito a partir de esquema mostrado
na Figura 1-8, da Volume 1, usando um conjunto de fontes de corrente para gerar os
valores de amostras a partir da sequência recebida de códigos. Após a geração das
amostras, um circuito Hold mantém o último valor gerado até que o próximo seja
recebido, dando um formato de escada á onda reconstituída. O efeito prático é
aumentar a largura do pulso, consequentemente aumentando sua energia. Assim , a
saída do Hold descreve uma curva em escada que se aproxima da forma do sinal
analógico, conforme a ilustra a Figura 2-46. A saída do Hold possui componentes em
alta frequência que precisam ser atenuadas. Isto é feito por um FPB com frequência
de corte ωC que satisfaça a condição ωmax<ωC<ω0-ωmax . Este FPB tem características
severas para a curva de corte.

Figura 2-46
Na prática, essas características não são fáceis de serem conseguidas [isto é, é um
filtro complexo e caro para ser construído], principalmente se a frequência de
94

amostragem for próxima de 2ωmax.


Por isso, a frequência de amostragem é cerca de 10 vezes ou mais que o valor de
ωmax , nos sistemas onde isso é possível, facilitando assim a construção do filtro.
Nos sistemas onde o valor da frequência de amostragem é crítico, devendo estar
próximo de 2ωmax , (digamos , no máximo 10% maior) uma solução possível é realizar
uma interpolação como a de Nyquist (ver Exercício O-2.2) , e calcular valores
intermediários de amostras (ver Exercício O-2.3).
Por exemplo, podem ser calculadas 4 amostras entre duas amostras transmitidas.
Isto permite a construção de circuitos Hold onde o degrau é bem menor (no caso,
T/4), facilitando a construção do FPB. Para tanto, possivelmente seria empregado
um filtro digital, para implementação do interpolador, cujos princípios de
funcionamento estão fora do escopo deste livro.
Outra solução possível seria o emprego de circuitos que já realizam uma
interpolação (digamos, uma interpolação linear) na saída do gerador de correntes,
ao invés do Hold. Isto permitiria a obtenção de curvas mais próximas do verdadeiro
sinal analógico, diminuindo os requisitos para o FPB.

Efeito “aliasing”

O efeito “aliasing” ocorre quando, por um motivo ou por outro, o sinal a ser
amostrado possui energia significativa em frequências maiores do que ω0/2 (ω0 é a
frequência de amostragem).
Em primeiro lugar, vamos compreender melhor o efeito "aliasing", como ocorre e
que problemas acarreta, e em seguida como minimizá-lo na prática.
Para começar, imaginemos que pretendemos amostrar um sinal x(t) senoidal de
frequência f1Hz. Pelo teorema da amostragem, esse sinal deve ser amostrado à uma
taxa f0 = 1/T ≥ 2f1Hz. A Figura 2-47 apresenta o que acontece com o sinal x(t) após a
amostragem, do ponto de vista do espectro. Estamos usando o modelo da Figura
2.40. Na Figura 2-47, o teorema da amostragem é obedecido; portanto, o sinal
senoidal que foi amostrado é perfeitamente recuperado após o FPB.
Suponha agora que o sinal senoidal de entrada altere sua frequência para 2f1Hz,
tornando-se maior que f0/2. Com estes valores de frequência do sinal de entrada,
não será possível a recuperação do sinal original na recepção, após o FPB, se a
frequência de amostragem não for modificada;
95

Figura 2-47

A Figura 2-48 mostra o que acontece se tentarmos usar o mesmo esquema da


Figura 2-47, numa situação em que não atende a condição em que a frequência de
amostragem deve ser no mínimo o dobro da frequência do sinal de entrada, para
que este seja corretamente recuperado a partir de suas amostras:
Na Figura 2-48, por hipótese, mantemos o mesmo valor para a frequência de
amostragem que na Figura 2-47, entretanto a frequência do sinal de entrada é o
dobro.
Desta forma, o teorema da amostragem indica que não será possível recuperar o
sinal de entrada, cuja frequência (2ω1) > (ω0/2). Efetivamente, a análise dos gráficos
da Figura 2-48 mostra que a frequência do sinal recuperado é (ω0-2ω1). Este
resultado admite uma interpretação gráfica interessante, apresentada na
Figura 2-49.
96

Figura 2-48

Nessa Figura 2-49, ω2 corresponde à frequência do sinal de entrada, que na


Figura 2-48 é igual à 2ω1. Por hipótese, ω2=ω0/2+Δω.
Desta forma, ω2>ω0/2. Assim, segundo o teorema da amostragem, não será
possível a reconstituição do sinal original de entrada na saída do sistema, à partir de
suas amostras.
Pela Figura 2-48, vemos que o sinal recuperado possuirá frequência ωA= ω0-ω2.
Mas ω2=ω0/2+Δω. Assim, ωA=ω0/2-Δω. Portanto, a frequência ω2 de entrada foi
rebatida em torno da frequência de corte do FPB da recepção, que no caso é um
filtro de Nyquist (filtro ideal PB onde a frequência de corte é exatamente igual à
metade da frequência de amostragem). Isto caracteriza o efeito "aliasing".
97

Frequências de entrada superiores à metade da frequência de amostragem ω 0 são


rebatidas em torno de ω0/2, aparecendo na saída e somando-se às frequência já
existentes do espectro.

Figura 2-49

A Figura 2-50 ilustra o que acontece quando o sinal de entrada possui várias
frequências, representadas por um espectro contínuo. Para que aconteça o efeito
"aliasing", ωmax>ω0/2. E isto é exatamente o que acontece na Figura 2-50.

Figura 2-50

As frequências rebatidas pelo efeito "aliasing" em torno de ω0/2 somam-se às


98

frequências já existentes do espectro, provocando sua deformação quando forem


reconstituídas, principalmente nas frequências mais altas do espectro.
Por exemplo, o espectro médio do sinal proveniente de uma cápsula telefônica,
na telefonia fixa, tem um fmáx em torno de 3400, 3500Hz. Entretanto, suponha
alguém ouvindo músca e falando ao telefone. Provavelmente o sinal gerado pelo
microfone atingirá frequências superiores a 4 KHz (este valor corresponde a f0/2,
nos conversores A/D utilizados em telefonia fixa), gerando portanto o efeito
"aliasing" naquela ligação.
É óbvio que todo sistema de conversão A/D-D/A deve ser resguardado contra a
possibilidade de ocorrência do efeito "aliasing". Isto é feito por um filtro especial,
chamado de filtro anti-"aliasing". Este filtro, que genericamente é um FPB, com
frequência de corte ωc=ω0/2, é usado no início de todo sistema de conversão A/D,
sendo localizado sempre antes do circuito responsável pela amostragem.
99

Densidade Espectral de Energia e de Potência

O estudo de sinais de natureza aleatória é parte fundamental para a


compreensão de muitos fenômenos físicos que ocorrem no mundo real, também na
área de comunicações. A densidade espectral de potência é peça fundamental neste
estudo, pois fornece uma descrição de sinais e sistemas aleatórios no domínio da
frequência.
A função básica de um sistema de comunicações é o transporte de informação. A
informação, seja lá de que forma se apresente, é de natureza essencialmente
aleatória. Qual o valor em se transmitir uma informação já conhecida? Apenas a
necessidade de complementação, ou de repetição . Se uma partida de futebol é
transmitida ao vivo, sua reprise em vídeo-tape já não será tão emocionante.
Em sistemas de comunicações, lidamos essencialmente com sinais elétricos,
oriundos de diversas fontes, como a fonte de informação, fontes de interferências e
ruídos, fontes de sinais de controle, de sinais de medições, etc. A maioria se encaixa
na classificação de aleatórios, mesmo aqueles que teoricamente seriam bem
determinados, como os sinais de controle. Muitas vezes, por exemplo, não
conseguimos saber, ou determinar, a fase exata de um sinal senoidal ou retangular
utilizado em uma medição de sistema. Assim, não temos como determinar com
precisão uma equação matemática que o represente.
O ferramental matemático, necessário à elaboração de modelos preditivos, que
são usados tanto para a análise quanto para o desenvolvimento e projeto de novos
sistemas, baseia-se em estudos voltados aos processos que geram sinais aleatórios.
Neste item, introduzimos a noção de densidade espectral de potência baseados,
ainda, na descrição determinística de sinais. Entretanto, mesmo esta descrição é
importante ao início do estudo, pois fornece definições e conclusões que são válidas
e indica compreensões conceituais importantes.
A função densidade espectral, como o nome indica, é uma função que fornece a
concentração de energia ou de potência do sinal no domínio da frequência.
Os sinais de energia possuem uma densidade espectral de energia, enquanto os
sinais de potência, incluindo-se aí os sinais aleatórios, possuem uma densidade
espectral de potência.
Nesta parte do livro, estudaremos a função densidade espectral de energia ou de
100

potência do ponto de vista de sinais determinísticos, isto é sinais definidos por uma
fórmula g(t) conhecida. Isso não significa que os resultados obtidos não valem para
sinais aleatórios. Apenas têm que ser corretamente interpretados.
Um sinal aleatório, por exemplo um sinal de ruído, pode ser caracterizado de
várias formas. Ele pode ser representados pelo seus parâmetros estatísticos, como
também pode ser representado por amostras registradas em um aparelho qualquer
que guarde uma memória de seus valores, como um registrador gráfico, por
exemplo.
Neste último caso obtém-se uma forma de g(t) para o sinal aleatório,
observando-se que o g(t) assim foi obtido em instantes de tempo passados, e
portanto representa apenas amostras que já ocorreram, do sinal aleatório em
questão. Portanto, toda função derivada destes valores registrados representará
amostras de funções deste processo aleatório. Quando, porém, este tempo de
registro for suficientemente longo em relação aos parâmetros estatísticos que
caracterizam o processo, essas amostras de funções podem , na média, se aproximar
o suficiente dos resultados do processo.

Ruído

O ruído, como o próprio nome indica, é uma perturbação ao sinal transportado


por um sistema de comunicações, que a ele se adiciona, provocando erros e
distorções. O ruído pode ter causas naturais assim como pode ser provocado pelo
próprio homem. O sinal elétrico que o representa é classificado como aleatório.
O ruído de causas naturais geralmente não pode ser evitado. É o caso, por
exemplo, de ruído gerado por indução elétrica provocada por descargas
atmosféricas (raios), ou pelo ruído térmico gerado pela agitação aleatória de
eletrons no interior de um condutor a certa temperatura, ou do ruído intergalático
captado por uma antena parabólica voltada para o céu, em um enlace de
comunicação via satélite.
Já o ruído provocado pelo próprio homem algumas vezes pode ser evitado ou
bastante atenuado em sua geração, como por exemplo a limitação de banda e de
geração de frequências espúrias imposta por orgãos regulatórios ao sinal gerado
por diversos sistemas de comunicação, ou à radiação eletromagnética gerada por
vários aparelhos eletrônicos.
Alguém já escutou o ruído causado pela indução de 120Hz em um amplificador
101
alimentado diretamente por um destes chamados “eliminadores de pilhas” (também
conhecido como “humm”)? Este é um exemplo de ruído, na verdade uma
interferência, provocado pela indução da CA, utilizada normalmente em nossas
residências, e provocado pelo homem. Seu efeito pode ser minimizado por uma
filtragem adequada na saída do “eliminador de pilhas”, diminuindo assim a potência
do sinal interferente.
Geralmente, podemos dizer que o ruído não é proposital, mesmo que seja
provocado por causas não naturais, como por exemplo, o funcionamento de outras
máquinas ou sistemas construídos pelo homem.
Algumas vezes, entretanto, a interferência é gerada propositalmente, tentando
provocar a ocorrência de ruídos e sinais que possam prejudicar ou impedir uma
comunicação. As medidas ou técnicas empregadas para evitar interferências
propositais são diferentes das empregadas para diminuir os efeitos causados pelo
ruído ou interferências não propositais.
Todo sistema de comunicações precisa ser projetado e construído de forma a
102

minimizar o efeito causado pelo ruído, seja controlando sua intensidade em pontos
específicos do sistema ou diminuindo suas consequências, porém nem todo sistema
de comunicações precisa ser projetado visando diminuir os efeitos de uma
interferência proposital. Por exemplo, um receptor comercial de rádio FM não é
construído para ser imune a interferências propositais. Uma estação “pirata” é capaz
de sobrepor o seu sinal ao de uma estação comercial registrada e em dia com a
legislação vigente, em uma certa área geográfica.
Entretanto, um sistema militar, principalmente se for utilizado em situações
extremas, precisa ser construído de modo a suportar a presença de sinais
interferentes capazes de prejudicar ou mesmo impedir a sua operação.
Por essas e outras razões, é muito importante o estudo dos sinais de ruído. Uma
das facetas desses estudos está voltada para a caracterização do ruído, com o
objetivo de construir modelos matemáticos que possam ser utilizados na simulação
de sistemas e na predição de seus efeitos na comunicação.
Já foi mencionado neste livro o parâmetro “relação S/N”, que é a relação entre a
potência do sinal útil (S) e a potência do sinal de ruído (N), em um determinado
ponto de um sistema. O conhecimento deste valor no “front-end” de receptores é
fundamental ao projeto e dimensionamento desses subsistemas, cuja função básica
é justamente captar e reforçar o sinal útil em um ponto extremo de um enlace de
comunicações, quando ele está mais enfraquecido pelas atenuações e distorções
provocadas pelo meio de transmissão utilizado.
O valor de N (potência do ruído) geralmente adotado é um valor médio, derivado
das causas mais prováveis. Um modelo muito usado, pela sua simplicidade, é o do
ruído AWGN (“aditive white gaussian noise”)8. O modelo AWGN é baseado em que o
ruído, sendo um sinal aleatório, e sendo várias as fontes de ruído, em se somando
dão como resultado uma distribuição gaussiana para suas amplitudes.
A caracterização de um sinal aleatório, como o ruído AWGN, exige a definição de
termos cujo significado é principalmente estatístico, e está fora do escopo deste
livro que lida essencialmente com definições válidas para sinais determinísticos.

2 A sigla AWGN (“aditive white gaussian noise”) decorre de certas características desse sinal de ruído.
Assim, o ruído é aditivo (isto é, ele se adiciona algebricamente ao sinal útil).
A denominação “white”, que significa branco, refere-se ao espectro de densidade de potência, que possui
contribuições de todas as frequências do espectro, por analogia com a luz branca, que se decompõe em uma
combinação de todas as frequências do espectro visível.
“Gaussian” significa gaussiano, e diz respeito à um dos parâmetros estatísticos do sinal, a distribuição das
amplitudes. Isto confere à forma de onda um aspecto característico, bem representado na Figura 2-3.
“Noise, como já foi dito, significa ruído.
103

Entretanto, considerando que um registro de um sinal já ocorrido, durante um


período de tempo T, é uma forma de se obter uma representação determinística de
um sinal aleatório, e esta representação é tanto mais precisa quanto maior o tempo
de observação T, comparado aos parâmetros temporais do sinal estatístico sendo
observado, podemos usar o que já foi estudado em uma caracterização muito
empregada para o ruído AWGN, em termos de espectro de densidade de potência e
potência de ruído.

Espectro de densidade de potência do ruído AWGN

O ruído AWGN possui um espectro de densidade de potência constante para toda


a faixa de frequências, de 0 a ∓ ꝏ. Assim podemos dizer que:

para o ruído AWGN.


O fator 2 aparece na fórmula acima por mera conveniência. Quando nos
referimos à banda BHz de um sinal, geralmente B refere-se ao lado positivo do
espectro desse sinal.
Para obter sua potência, no entanto, temos que considerar a contribuição
também do lado negativo. Como, em se tratando de ruído AWGN, para uma banda B
a contribuição do lado positivo do espectro, de largura B, é igual à contribuição do
lado negativo, de largura também igual a B, e por simetria aparece o fator 2.
Por exemplo, a potência de ruído em uma banda BHz é 2BN0/2=BN0 Watts.
O fato do espectro ser constante implica em que a função de autocorrelação do
ruído, que é a transformada inversa do espectro, é um impulso de Dirac localizado
em τ=0, de área N0/2.
104

Distorções

Um fato do qual não se pode ignorar é que, por mais perfeito que seja um
sistema de comunicações, ele sempre introduzirá distorção ao sinal sendo
transmitido.
De acordo com a nossa definição de distorção, diversas formas podem serem
consideradas. Se a linearidade de amplificação não é a mesma, em função da
amplitude do sinal, se frequências espúrias forem geradas pelo sistema, se a
amplificação não for a mesma, em toda a banda de transmissão, se interferências de
outros sistemas afetam a transmissão, etc, tudo isso pode ser considerado
distorção. Entretanto, no momento, estudaremos 3 tipos de distorção, que são
bastante comuns, em se tratando de sistemas analógicos:

Distorção de atenuação ou de amplitude

A distorção em amplitude é facilmente descrita no domínio da frequência,


significando simplesmente que as componentes de frequência na saída não se
encontram na proporção correta.
A distorção de amplitude é geralmente especificada em termos de uma resposta
em frequência (vide Exercício L-2.7), isto é, a faixa de frequências para a qual |H(ω)|
deve ser constante com uma certa tolerância (p. ex., ±1 dB) de modo que distorção
de amplitude seja suficientemente pequena.
Observemos que as condições acima são requeridas apenas na faixa de
frequências onde o sinal x(t) possui energia no espectro.
Assim, se x(t) for limitado em frequência à Bhz, as condições de transmissão sem
distorção só precisam ser satisfeitas em |ω|<2πB.

Distorção de fase ou retardo de grupo

Segundo as condições de transmissão sem distorção, Equação (2-51), o desvio de


fase deve ser proporcional à frequência:
θ(ω)= -ω t0
Daí, conclui-se que t0 deve ser constante para todas as frequências da banda do
sinal. Quando θ(ω) é não-linear, ocorrerá distorção.
105

Distorção não linear

Um sistema contendo elementos não lineares não pode ser descrito por funções
de transferência H(ω), que são derivadas de funções íntegro diferenciais lineares.
Ao invés da função de transferência H(ω), pode-se utilizar a relação entre valores
instantâneos da entrada e da saída que define uma “característica de transferência”,
ou “curva característica do sistema”.
Sob condições de pequenas variações do sinal de entrada em torno de um ponto
de operação, pode ser possível a linearização da curva característica, conforme
exemplificado na Figura 2-53.

Figura 2-53
Um modelo mais geral é a aproximação da curva de transferência por:

(2-72)

onde x(t) é a entrada e y(t) é a saída.


106

Linearização em torno do ponto de operação

Neste caso, supondo que

sendo X(ω) limitado em frequência a BHz.


Portanto

Sendo X(ω) limitado em frequência à Bhz, temos que:

é limitado em frequência a 2BHz e

é limitado à 3BHz e assim sucessivamente.


A não linearidade provocou, portanto, o aparecimento de componentes de
frequências na saída que não existiam na entrada, e que se sobrepõem às
frequências que estavam originalmente na banda. Utilizando filtragem, as
componentes adicionadas para |ω|>2πB podem ser removidas, mas permanecem as
componentes para |ω|<2πB.
Para obter uma avaliação quantitativa, é necessário especificar o sinal x(t).
Fazendo-se x(t)=cos ω0t, têm-se:

Vê-se que, em virtude da distorção não linear, aparecem na saída harmônicas da


frequência de entrada. Os valores numéricos de a0, a1, a2, a3 etc, dependem do
107

sistema.
Este tipo de distorção não linear é também chamada distorção harmônica. Ela
pode ser quantizada relacionando-se a amplitude de cada harmônico com a
amplitude da fundamental. Assim, por exemplo, a distorção harmônica de 2ª ordem
é:

Harmônicas de ordem mais alta são tratadas de forma similar.


Se a entrada x(t) é uma soma de senoides, cosω1t +cosω2t, a saída inclui todos os
harmônicos de ω1 e ω2, mais os termos resultantes de produto cruzado qu levarão à
frequências ω2+ ω1, ω2-ω1, ω2-2ω1, etc. Essas frequências, somas e diferenças das
frequências de entrada e seus harmônicos, são chamadas de produtos de
intermodulação.
Modulação

Introdução

Para se transmitir a longa distância precisamos um processo de modulação onde


a informação contida no sinal de banda básica é transportada através do meio de
transmissão por um outro sinal, denominado portadora, pela variação analógica da
amplitude da portadora em conformidade com a amplitude do sinal modulante
(banda básica de entrada). Este processo é chamado modulação em amplitude . Ver
http://pt.wikipedia.org/wiki/Modulação_em_amplitude

Na modulação em amplitude, existe uma relação linear entre a qualidade do sinal


demodulado e a potência total do sinal modulado recebido (isto é, o sinal que chega
na entrada do receptor). Assim, aumentando-se a potência do sinal modulado na
entrada do receptor amplia-se linearmente a qualidade do sinal demodulado e vice-
versa, uma vez que sinais modulados em amplitude atuam superpondo a amplitude
relativa do sinal modulante na portadora. Por isso é também classificada como uma
modulação linear.

A denominação “modulação em amplitude” é geral, cobrindo algumas variantes,


que atendem aplicações específicas. Por exemplo, a transmissão radiofônica é feita
com modulação em amplitude, banda lateral dupla e portadora inserida (AM-
DSB-IC). Os transmissores para rádio PX e faixa do cidadão empregam a
modulação em amplitude com banda lateral singela e portadora suprimida. (AM-
SSB-SC).

As aplicações acima correspondem ao tipo geral analógico. Nos casos acima, o


sinal modulante, ou a banda básica de entrada no modulador, é um sinal analógico.
A banda básica de saída também é um sinal analógico.

A modulação em amplitude pode ser digital.


Modulação em Amplitude com Banda Lateral Dupla e
Portadora Suprimida (AM-DSB-SC).

Este tipo de modulação em amplitude é uma das mais simples de ser formulada
matematicamente, por isso iniciaremos o nosso estudo por ela.

O conjunto de siglas AM-DSB-SC significa modulação em amplitude (do inglês


“amplitude modulation” - AM), com banda lateral dupla (“double sidebands” – DSB)
e portadora suprimida (“supressed carrier” - SC). Esta denominação decorre de
características do sinal modulado, que veremos a seguir.

Do ponto de vista de um modelo matemático, uma modulação AM-DSB-SC pode


ser realizada simplesmente pela multiplicação, no domínio do tempo, do sinal
modulante x(t) pela portadora.

Assim,

(3-1)

No domínio da frequência, temos uma operação de convolução, entre X(ω) e


ℱ {cosωpt}. Mas a transformada de cosωpt é representada por impulsos na
frequência localizados em ±ωp, traduzindo o fato de que um sinal senoidal só possui
uma única frequência no espectro, no caso ωp. Portanto, como resultado da
convolução, temos que o espectro do sinal modulado consiste no deslocamento do
espectro de x(t) para ±ωp.

O resultado final é:

(3-2)

A Figura 3-1 apresenta, apenas para termos uma visualização gráfica, uma
possível forma de onda para um sinal modulante, x(t), que por hipótese é limitado
em frequência, e a Figura 3-2 uma portadora hipotética cosωpt, de frequência
ωp>>ωmax de x(t).
Figura 3-1

Figura 3-2

O fato do gráfico da Figura 3-2 não parecer de um sinal senoidal, deve-se a


imprecisão da plotagem.

A Figura 3-3 apresenta um zoom da área assinalada na Figura 3-2, demonstrando


assim o caráter senoidal da portadora.
Figura 3-3

O sinal modulante, x(t), é o sinal de banda básica. Genericamente, é um sinal


aleatório, seu espectro sendo obtido através de uma densidade espectral de
potência.

Aqui, seu espectro será representado por sua transformada de Fourier, X(ω). Sua
forma real não está estabelecida. Mais importante, agora, do que a forma são as
frequências de corte do espectro.

Geralmente, o sinal modulante é formado na saída de um filtro, denominado


filtro de banda básica. Ele tem as característica de um FPF, onde a frequência de
corte superior determina ωmax e a frequência de corte inferior determina ωmin, sendo
sua largura de banda W=[(ωmax-ωmin)/2π]Hz.

Para melhor visualização, a Figura 3-4 apresenta uma forma hipotética do


espectro X(ω) do sinal de banda básica de entrada, ou sinal modulante. Para melhor
caracterização do tipo de modulação AM sendo estudada neste item (AM-DSB-SC),
vamos exemplificar com ωmin >0, a forma exata do espectro não sendo importante,
bastando que tenhamos a certeza de que ele atende aos limite de ωmin e ωmax na
saída do filtro de banda básica.
Figura 3-4

O sinal modulado em AM-DSB-SC tem seu espectro formado a partir do


deslocamento de X(ω), resultado apresentado graficamente na Figura 3-5 conforme
a Equação 3-2.

Figura 3-5

O sinal modulado em AM-DSB-SC, no domínio do tempo, é dado pela


Equação 3-1, podendo, conforme as figuras apresentadas, ser graficamente
representado pelo produto do gráfico da Figura 3-1, que representa uma possível
forma de onda para o sinal modulante, x(t), pela portadora no gráfico da Figura 3-2,
conforme apresentado na Figura 3-6.
Figura 3-6

Assim, a Figura 3-5 representa o sinal AM-DSB-SC no domínio da frequência, e a


Figura 3-6 representa o sinal AM-DSB-SC no domínio do tempo. É evidente que as
figuras acima citadas representam apenas exemplos para que se verifique as
características gerais da modulação.

Examinando-se a Figura 3-5, descobre-se então a razão para a denominação


contida nas siglas DSB e SC:

DSB porque o espectro do sinal modulado resultante apresenta duas bandas de


frequências simétricas em relação a |ωp|, a BLS composta da parte do espectro para
o qual |ω| > ωp e a BLI composta da parte do espectro para o qual |ω| < ωp, para
frequências positivas. A parte negativa do espectro é simétrica em relação ao eixo
em ω=0, se o sinal modulado for real. A largura de banda do sinal modulado é igual
ao dobro da máxima frequência do espectro de x(t), isto é, B=2f max=2ωmax/2π =
ωmax/π. Isto é resultado direto do deslocamento espectral sofrido pelo sinal
modulante x(t).

Note que, como x(t), em princípio, tem valor médio igual a zero, x(t)cosωpt, ou
seja, o sinal modulado, também tem valor médio nulo, e portanto |x(t)| ≠x(t).
Portanto, de um modo geral, neste tipo de modulação, a envoltória do sinal
modulado é diferente de x(t), o sinal modulante. Veja também a Figura 2-51 e o
texto correspondente.

A sigla SC é porque o espectro do sinal modulado não contém energia em ωp, se o


valor médio de x(t)=0.
Potência Média Transmitida pelo Sinal AM-DSB-SC

Podemos calcular a potência média total de um sinal pela Equação (2-4). Isto
corresponde, genericamente falando, ao valor médio quadrático do sinal, que
doravante representaremos por <x2(t)>.

Para o sinal AM-DSB-SC

O segundo termo, quando T→∞, tende a

zero. Portanto,

(3-3)

PT é a potência transmitida.

Como temos duas bandas laterais iguais e simétricas em relação a ωp (no sentido
do espectro unilateral), PT se divide igualmente entre ambas, e
Demodulação de Sinais AM-DSB-SC

A modulação AM-DSB-SC essencialmente realiza uma translação do espectro de


x(t), deslocando-o e centrando-o em ∓ ωp (frequência da portadora). Para recuperar
x(t) do sinal modulado, é necessário tornar a deslocar o espectro de x(t) para sua
posição original.

Para tanto, o receptor multiplica novamente o sinal modulado, que está sendo
recebido, por um sinal senoidal de mesma frequência e fase que a portadora
original. A Figura 3-7 ilustra esta operação:

Figura 3-7

Desta forma:

A segunda parcela do resultado acima representa um sinal modulado com uma


portadora 2ωp, e portanto seu espectro está contido na faixa 2ω p∓ ωmax. A primeira
parcela é o próprio sinal modulante x(t), a menos de um fator de amplitude. Como
as duas parcelas acima citadas ocupam diferentes regiões do espectro, podem ser
separadas por filtragem. Na verdade, deseja-se obter na saída do demodulador
apenas o sinal original x(t), e portanto um FPB, com frequência de corte ωc > ωmax
para deixar passar a 1ª parcela ½ x(t) e eliminar a 2ª parcela ½ x(t)cos2ωpt, resolve o
problema.

Assim, a Figura 3-8 apresenta o diagrama em blocos final do demodulador para


AM-DSB-SC:

Figura 3-8

O processo de demodulação de sinais AM-DSB-SC, acima descrito utiliza um


esquema semelhante ao utilizado no modulador, onde um sinal senoidal de
frequência ωp multiplica o sinal de entrada. A diferença está na filtragem posterior,
e no sinal de entrada, que no modulador é o sinal modulante x(t), cujo espectro de
frequências está contido em faixas inferiores à ωp, e no demodulador é o sinal
modulado AM-DSB-SC, cujo espectro está localizado em torno de ωp.

O sinal senoidal de mesma frequência que a portadora, utilizado no demodulador


para multiplicar com o sinal recebido AM-DSB-SC, é chamado portadora local.

Se a portadora local não possuir exatamente a mesma frequência e a mesma fase


que a portadora sendo recebida, sérias distorções poderão ocorrer ao sinal
demodulado, conforme será visto adiante.

Todo tipo de demodulação em que se torna necessário o conhecimento da fase


da portadora, além da frequência, é chamado demodulação coerente. É o que
acontece com a demodulação de sinais AM-DSB-SC.
Efeito das Variações de Frequência e Fase da Portadora
Local do Receptor

Teoricamente, o esquema de demodulação representado na Figura 3-8 é muito


simples. Na prática, ele se complica. O “X” do problema é sincronização, ou seja a
capacidade de manter uma frequência gerada localmente no receptor sincronizada
em frequência e fase com a portadora sendo recebida, a qual inclusive pode não
aparecer explicitamente no sinal modulado (esta frequência gerada localmente é
chamada de portadora local).

Seja a portadora local produzindo o sinal:

onde

representam desvios de frequência e fase do gerador local em relação à


portadora sendo recebida, situação muito provável de ocorrer, uma vez que o sinal
do gerador local foi produzido independentemente da portadora.

Desta forma, após o multiplicador local no receptor teremos:

Portanto

Após o FPB, apenas as componentes em baixa frequência são recuperadas, e na


saída do filtro temos:

que representa uma séria distorção para o sinal x(t).


Demodulador Síncrono

Do exposto acima, concluímos que a frequência e a fase da portadora local, na


demodulação de sinais AM-DSB-SC, devem estar exatamente iguais à frequência e à
fase da portadora sendo recebida.

Uma forma de se conseguir esse sincronismo seria a utilização de osciladores


independentes e altamente estáveis, tanto no transmissor quanto no receptor.
Desta forma, eles poderiam trabalhar por longos períodos de tempo sem a
necessidade de reajustes para reigualar suas fases e frequências.

Esta solução, apesar de ser simples à primeira vista, acaba sendo complicada e
cara, face à complexidade e custo para a construção desses osciladores.

Uma solução frequentemente adotada é gerar, no receptor, informações que


permitam saber qual a frequência e a fase instantânea da portadora sendo recebida
em um dado instante, e utilizar essas informações para sincronizar a portadora local
em frequência e fase. Isto permite a utilização de circuitos osciladores mais simples,
mesmo no transmissor, e consequentemente mais baratos.

Um exemplo de como isso pode ser feito é dado no exercício B-3.1, que trata do
circuito “quadrador”.

Uma outra forma, bastante utilizada, de permitir a obtenção dessas informações,


é adicionar, ao sinal modulado, uma pequena parcela da portadora. Como essa
parcela é pequena, não envolve o gasto de altas potências em sinal, e compensa
face à simplificação dos circuitos utilizados no receptor para recuperá-las.

Esta pequena parcela da portadora é denominada piloto. A idéia é que o piloto


percorra, na transmissão pelo meio, os mesmos caminhos que o sinal modulado, e
sofra os mesmos processo que este, que sejam capazes de alterar
instantaneamente a frequência e a fase da portadora recebida. Desta forma , uma
amostra do piloto, que seja capturada pelo receptor, é capaz de sincronizar a
portadora local.

Evidentemente, o alcance do sistema fica limitado pela capacidade do receptor


em recuperar o piloto. Geralmente, a recuperação do piloto é feita por filtragem
seletiva, em que um FPF de alto Q, consequentemente bem seletivo (isto é, possui
uma largura de banda bem estreita, praticamente deixando passar sem atenuação
apenas a frequência do piloto) é utilizado em conjunto com um amplificador de RF.
Mesmo assim, em certas situações, pode-se prever a perda do piloto, e durante
algum tempo ficar sem as informações da fase e da frequência instantânea do
mesmo. Estas situações podem ocorrer em condições críticas de operação do
sistema, como em longos trechos de propagação, sujeitos a situações adversas
(como, por exemplo, a ocorrência de disturbios atmosféricos).

Quando ocorre a perda do piloto, o sistema fica sem sincronismo, e começa a


haver desvios de fase e frequência de oscilador local, a uma certa taxa, a qual
depende da estabilidade desse oscilador. Esta taxa de desvio é tanto menor quanto
maior for a estabilidade do oscilador, e ocorrerão distorções durante esse intervalo
de tempo

Se a ausência do piloto permanecer durante muito tempo, a distorção irá


aumentando. Por isso, é implantado um sistema de supervisão, o qual interrompe a
comunicação, no caso de ausências muito prolongadas do piloto. Naturalmente, ao
retornar, é necessário que o piloto consiga recuperar o sincronismo. Geralmente,
emprega-se um PLL (ver Exercício B-3.2) para manter o sincronismo em um oscilador
local, a partir de um piloto ou um sinal de portadora recuperada, conforme mostra a
Figura 3-12.

Figura 3.12

A utilização do circuito da Figura 3-12 tem vantagens:

1-A frequência do piloto não precisa necessariamente ser igual á da portadora,


pois a frequência do oscilador local pode utilizar como referência para sincronismo
um submúltiplo da frequência final. Desta forma, o mesmo piloto pode ser usado
para sincronizar diversos valores de frequências de várias portadoras locais, desde
que múltiplas de um valor comum.

2-O receptor fica bem resistente quanto à variação da amplitude do piloto ou da


portadora recuperada, que pode acontecer em virtude de eventuais variações na
propagação do sinal transmitido. Inclusive o sincronismo pode ser mantido por
certo tempo na ausência da referência, através de um mecanismo que memoriza os
valores mais recentes de fase e frequência da portadora, e usa esses valores
memorizados na ausência da referência. É claro que, com o passar do tempo, essa
informação vai se tornando inexata, mas mesmo assim é possível manter o
sincronismo na ausência temporária de referência.

Deteção homódina

Na deteção homódina, o piloto ou a portadora recuperada é amplificada e


utilizada diretamente como portadora local, sem a utilização do PLL. Esse esquema
é mais simples de ser implementado, entretanto não possui as vantagens do PLL,
relacionadas acima. O receptor fica muito sensível às variações de potência do
piloto recebido ou da portadora recuperada, que ocorrerão com maior intensidade
no caso de propagação no espaço livre, variações essas que podem levar à perdas
frequentes de sincronismo.
12
1
Moduladores para AM-DSB-SC

A ideia básica é proporcionar a translação de frequências do sinal modulante. Isto


é feito adotando-se esquemas onde o produto entre os sinais x(t) e coωpt pode ser
individualizado na frequência.

Moduladores a Chaveamento

São obtidos multiplicando-se x(t) (o sinal modulante), por um sinal periódico sT(t),
cuja fundamental seja ωp; após um FPF obteremos o sinal modulado AM-DSB-SC .

Moduladores Multiplicadores

Implementam diretamente o produto x(t)cosωpt. Empregam um circuito


multiplicador analógico, cuja saída é proporcional ao produto de dois sinais de
entrada. Geralmente, funcionam em baixo nível de modulação.

Moduladores Balanceados

Existe um elemento multiplicador, porém o sinal gerado na saída do multiplicador


possui outras componentes além do simples produto x(t) cosω pt, que não podem
ser eliminadas por filtragem, pois ocupam a mesma região do espectro que este. A
solução é um esquema de balanceamento, onde as parcelas idênticas são eliminadas
por diferenças.

Vamos supor o subsistema apresentado na Figura 3-22. Neste esquema, o sinal de


entrada x(t) varia o ganho G do amplificador de RF, de acordo com a expressão:

Para eliminar a parcela da portadora que aparece no sinal de saída da Figura 3-22,
adota-se o esquema conhecido como balanceado, apresentado na Figura 3-23.
12
2

Figura 3-22

Figura 3-23

Nesta Figura 3-23, G1=G2=G0+ax(t). Entretanto, no amplificador superior o sinal


x(t) modulante é inserido multiplicado por -1 (isto é, invertido), provocando a ação
contrária à do amplificador inferior.

Assim, a saída superior seria G1cosωpt=[G0-ax(t)]cosωpt, e no inferior seria


G2cosωpt=[G0 +ax(t)]cosωpt.

Após o somador algébrico de saída, que realiza a diferença entre os dois sinais, a
12
3
parcela das portadoras se anulam, restando apenas 2ax(t)cosωpt, ou mais
genericamente kx(t)cosωpt, que é o sinal AM-DSB-SC.

Naturalmente, para bom funcionamento, o circuito tem que ser muito bem
regulado, a amplificação do ramo superior sendo exatamente igual, em módulo, à
amplificação do ramo inferior.

Daí, a denominação “modulador balanceado”.


12
4
Sinal Analítico

Consideremos um sinal real x(t) limitado em frequência, cujo espectro é X(ω).


Este espectro atende às seguintes condições:

Se x(t) é real (ou seja, é representado por uma seqência de números pertencentes
ao campo dos números reais, seja esta sequência aleatória ou determinística),
então:

(3-6)

(3-7)

A função de transferência que atende às condições acima é chamada Hermitiana.

A Figura 3-37 apresenta graficamente as condições de uma função Hermitiana. A


forma exata do espectro não é importante, sendo simbolicamente representada
como na Figura 3-374.

Figura 3-37

4 Apesar da representação de fase da Figura 3-37 indicar uma função com característica de fase linear, isto não
é absolutamente necessário. A fase pode ser não linear, bastando que as relações em 3-6 e 3-7 sejam atendidas,
para a função ser Hermitiana.
12
5
Vamos imaginar um sinal cujo espectro não atenda às condições de uma função
Hermitiana. Em particular, a Figura 3-38 apresenta um exemplo: (por simplificação,
foi ilustrado apenas um gráfico, simbolizando módulo e fase). Este sinal, que possui
somente uma banda do espectro de X(ω), é chamado sinal “analítico” em relação a
X(ω).

Figura 3-38

É evidente que o sinal analítico não é real. Mas como seria formado? Qual é a
transformada inversa do espectro da Figura 3-38?

Podemos escrever:

onde X+ (ω) é o espectro do sinal analítico. Portanto

Mas já vimos que a Transformada de Hilbert equivale a processar o sinal x(t) por
uma rede defasadora de -90°, cuja função de transferência H(ω) = j[u(-ω)-u(ω)], o
que é o mesmo que -jsgn(ω)X(ω). Logo
12
6

e portanto

(3-8)

Esta é a função analítica de x(t). É um sinal complexo. Sua parte real é o próprio
x(t), e sua parte imaginária sua Transformada de Hilbert (a menos de uma constante,
½)

O complexo conjugado deste sinal é :

cuja transformada é:

que é igual a:

A Figura 3-39 ilustra graficamente como se chegou à equação acima.

Figura 3-39
12
7
Modulação AM-SSB-SC

No esquema de modulação anterior, AM-DSB-SC, o espectro do sinal modulado


(ver Figura 3-5) continha duas bandas laterais simétricas em relação à frequência da
portadora, a BLS e a BLI.

Como eram simétricas caregavam a mesma informação. Assim, podemos dizer


que a modulação AM-DSB-SC é redundante na frequência, levando a mesma
informação em duas bandas de frequência diferentes. Pensando assim, imaginou-se
criar um outro tipo de modulação AM em que fosse transmitida apenas uma das
bandas laterais, a BLS ou a BLI.

Desta forma, se eliminaria a redundância, diminuindo à metade a largura de


banda do sinal modulado, para transmitir o mesmo sinal modulante.

Efetivamente, no DSB, um sinal modulante com um largura de banda nominal de


5kHz ocupa 10kHz no espectro do sinal modulado, enquanto no SSB ocupa a
metade, ou seja 5kHz. Isto é muito importante em regiões do espectro já muito
congestionadas, como a faixa para PX, PY (radioamadorismo), faixa do cidadão,
polícia

O SSB não é usado comercialmente, na radio difusão em “broadcasting” (também


conhecida como difusão em Ondas Médias, ou mais comumente faixa de AM), por
motivos que veremos adiante.

A sigla SSB deriva do termo “Single Side Band” - Banda Lateral Única, podendo ser
usada a BLS (“Banda Lateral Superior”) ou a BLI (“Banda Lateral Inferior”).

Evidentemente, para que o SSB tenha utilidade prática, é necessário que o sinal
x(t) possa ser recuperado numa operação de demodulação.
12
8
A Geração do Sinal SSB por Filtro Passa Faixa (FPF)

Talvez a maneira mais fácil de compreendermos como pode ser gerado um sinal
SSB seja a utilização de filtragem seletiva (um filtro passa faixas) aplicado sobre um
sinal DSB. A Figura 3-44 apresenta um exemplo, onde um sinal SSB-BLI é gerado por
filtragem, a partir de um sinal DSB. Da mesma forma poderia ser gerado um sinal
SSB-BLS, bastando utilizar o filtro passa faixa adequado.

Figura 3-44

O FPF utilizado para separar a banda desejada (Hω) na Figura 3-44 pode ser um
pouco mais largo que a própria banda em si.
12
9
O Sinal Analítico e a Geração de SSB

O enfoque da filtragem permite compreender a geração do sinal SSB no domínio


da frequência, assim como fornece uma forma prática para sua obtenção.
Entretanto, não fornece uma modelagem simples no domínio do tempo.

Com o uso de conceitos já estudados, relativos à sinais analíticos e transformada


de Hilbert, será possível essa modelagem bem como a obtenção de esquemas
alternativos para a geração de sinais SSB.

Vamos recordar: Um sinal real x(t) é Hermitiano, possuindo um espectro


simétrico, como na Figura 3-37.

Já o sinal analítico, derivado de x(t), possui apenas uma banda do espectro, como
na Figura 3-38, representando X+(ω), cuja representação no tempo é dada pela
Equação 3-8.

A Figura 3-39 ilustra a formação do espectro de X ( ω), cuja representação no


tempo é o complexo conjugado da Equação 3-8.

Para obter uma expressão no domínio do tempo para o sinal SSB, basta fazer
adequadamente o deslocamento espectral do sinal analítico ou do seu complexo
conjugado.

Assim, no domínio da frequência, temos:

A Figura 3-45 ilustra a formação da bandas laterais conforme especificado nas


equações acima:
13
0

Figura 3-45

Considerando que:

Então

De acordo com a Figura 3-45, se queremos gerar SSB-BLS, basta somarmos ➊e ➍


nas equações acima. Assim, o sinal SSB-BLS é obtido somando-se:

Esta é a representação matemática do sinal SSB-BLS no domínio do tempo.


13
1
Da mesma forma, somando-se ❷e ❸obtém-se a representação do SSB-BLI no
domínio do tempo:

Em resumo:
(3-11)

(3-12)

As Equações (3-11) e (3-12) não só estabelecem um modelo matemático para a


expressão no domínio do tempo com também fornecem um esquema alternativo
para a geração de sinais SSB, baseado na utilização de circuitos em quadratura de
fase. A Figura 3-46 apresenta um sistema alternativo à utilização de FPF na geração
de SSB.

Figura 3-46
13
2
Geração De Sinais SSB por Dupla Conversão

Uma das formas práticas de geração de sinais SSB é por meio de filtragem,
usando-se um FPF para separar a banda desejada a partir do sinal DSB, conforme
ilustrado pela Figura 3-44.

A utilização de FPF, entretanto, fica condicionada ao emprego de filtros


fisicamente realizáveis, os quais necessitam de inclinação na característica de corte.

Desta forma, para separar a BLI ou a BLS, é necessário um certo “espaço de


guarda” entre as duas bandas laterais. Assim, não se pode cortar verticalmente
frequências próximas da frequência da portadora, ou seja, o sinal modulante não
pode conter energia em frequências muito baixas, próximas de zero.

Na verdade deve existir um “gap” em torno de zero, para que o FPF fisicamente
realizável possa atuar com eficiência na separação da BLI ou BLS, gerando o SSB.
Vamos chamar de βHz o “gap” até zero do sinal modulante x(t), conforme mostra a
Figura 3-47.

Figura 3-47
13
3
Para um valor de β de 100Hz a 200Hz, como regra típica temos uma limitação
máxima para a frequência da portadora em torno de 200xβ, o que leva a valores
insuficientemente baixos de frequência de portadora.

Valores mais altos de portadora leva a inclinações percentuais muito altas para o
FPF da banda lateral, causando dificuldades práticas para sua realização.

O esquema da Figura 3-48, conhecido como “dupla conversão”, supera esta


dificuldade.

Figura 3-48

No exemplo apresentado na Figura 3-48, a BLS é gerada. Para gerar este sinal, são
realizadas duas conversões de frequência: a 1ª conversão eleva a banda do valor fp-1,
que é calculado de modo a possibilitar a construção do FPF-1, que possui uma
inclinação de corte 2β (podemos considerar β=fmin).

Com isto, já é separada a BLS e gerado um novo “gap”, β-2>>β.

A 2ª conversão eleva a BLS até seu valor final, já utilizando o novo “gap” β-2, que
pelo fato de ser muito maior que β permite com maior facilidade a construção do
filtro final FPF-2 em frequência bem elevada.
13
4
Modulação AM-DSB com Portadora Inserida

Conforme visto até agora, a modulação em amplitude permite a uma portadora,


que é de fácil propagação no meio disponível, o transporte da informação contida
na banda básica (sinal modulante). O espectro da banda básica é deslocado na
frequência, passando a ocupar uma nova banda.

A recuperação da banda básica original é feita na recepção redeslocando-a para a


banda original, no processo de demodulação.

O problema com esse processo é a “sincronização”. O receptor tem que


reconhecer a fase e a frequência da portadora sendo recebida, do contrário
ocorrerão sérias distorções ao sinal demodulado. É a chamada demodulação
síncrona.

Quando se trata de sistemas ponto a ponto, full-duplex, com necessidade de


aproveitamento ao máximo da banda disponível para transmissão, como é o caso de
sistemas FDM, usados em telefonia e em sistemas de acesso em satélites, o tipo de
modulação utilizado é o AM-SSB-SC, apesar de sua complexidade, que é
compensada pela economia de banda e de potência de transmissão.

Quando, porém, se trata de transmissão em “broadcasting”, unidirecional, em


que existe um só transmissor para diversos receptores, como é o caso da rádio
transmissão comercial em AM, é interessante adotar um sistema mais simples para a
demodulação.

Neste caso, é importante tornar o receptor o mais barato possível, pois será pago
pelo usuário, e o sistema como um todo é beneficiado.

Existe um tipo de demodulador, que é muito simples; ele é conhecido como


detetor de envoltória. Como o nome sugere, este circuito deteta a envoltória do
sinal modulado em AM. Na prática, para as aplicações onde é utilizado, é composto
fisicamente por apenas 3 componentes, numa configuração passiva: um diodo, um
resistor e um capacitor.

O detetor de envoltória fornece em sua saída a envoltória do sinal modulado em


AM aplicado em sua entrada. Para que funcione adequadamente como
demodulador, fornecendo x(t), o sinal modulante, é necessário que este
13
5
corresponda sempre à envoltória do sinal modulado.

Já vimos que, na modulação AM-DSB-SC, a envoltória positiva corresponde a


|x(t)|, conforme mostra a Figura 3-6. Para que a envoltória corresponda a x(t), a
Figura 3-6 precisa ser modificada. A Figura 3-55 apresenta um exemplo de sinal
modulado onde a envoltória corresponde a A+x(t). A é uma constante.

Figura 3-55

O sinal modulado da Figura 3-55 corresponde à expressão:

(3-13)

A condição necessária (e suficiente) para que a envoltória da Equação 3-13 seja


igual a A+x(t) é A>|x(t)|máx. A Equação 3-13 pode se escrever:

Esta equação mostra claramente que uma grande parcela da portadora deve ser
transmitida, pois A>|x(t)|máx. Esta parcela é inserida na transmissão. Daí a sigla IC
(“Inserted Carrier”). A consequência deste fato é que uma grande parcela de
potência deve ser gasta na transmissão da portadora, tornando o sistema bastante
ineficiente, já que a portadora por si só é um sinal senoidal constante, e portanto
não leva informação útil.

Historicamente, a modulação AM-DSB-IC foi a primeira a ser empregada na


13
6
transmissão comercial de rádio. Naquele tempo, em que o rádio estava em seus
primórdios e a teoria dos semicondutores ainda não havia sido desenvolvida, sabia-
se ser possível a construção experimental de receptores em que o papel do diodo
era realizado por um estilete metálico pressionado contra um cristal de galena.

Mais tarde, soube-se que a ponta metálica do estilete pressionada contra o cristal
formava uma junção semicondutora, realizando assim o papel do diodo. Era o
receptor “galena”, que alguns de vocês já deve ter ouvido falar por alguém mais
velho.

A modulação AM-DSB-IC é normalmente designada simplesmente como


modulação AM, sendo empregada na radio difusão comercial, operando na faixa de
535KHz à 1605KHz (Ondas Médias - OM), com largura de banda DSB de 10KHz , num
total de 107 canais a partir de 540Khz, segundo a resolução Anatel 116/99.

A transmissão em AM de radio comerciais é feita empregando-se antenas do tipo


meio dipolos verticais, que transmitem de forma omnidirecional (isto é, igualmente
em todas as direções) em ondas com polarização elétrica vertical que seguem a
curvatura da terra. São torres verticais estaiadas com alturas de algumas dezenas de
metros, dependendo da frequência particular da portadora, e geram altas potências
de transmissão (podendo chegar a varias dezenas de kW).

O modo de propagação é através de ondas terrestres, que acompanham a


curvatura da terra. Normalmente, o alcance geográfico é restrito a área de um
município ou cidade (cerca de 100Km de raio). Por isso, não captamos no Rio de
Janeiro estações AM de São Paulo, e vice-versa, mesmo que operem na mesma
frequência de portadora.

A equação do AM-DSB-IC permite a seguinte indagação: porque não inserir a


portadora na recepção, ao invés de fazê-lo na transmissão, transmitindo em SC, ao
invés de IC? Isto economizaria bastante potência de transmissão, e aparentemente
não complicaria tanto assim o receptor. Entretanto, pode-se demonstrar que este
procedimento exigiria o reconhecimento da fase da portadora sendo recebida,
mesmo que o receptor utilize o detetor de envoltória. Ou seja, recairíamos no
problema da sincronização.
13
7
Detetor de envoltória

A Figura 3-56 apresenta o circuito de um detetor de envoltória. Conforme vemos,


é um simples retificador de sinal. O diodo empregado é um elemento de baixa
potência e boa resposta em alta frequência.

Figura 3-56

O sinal de saída do detetor de envoltória apresenta um “ripple” em alta


frequência, causado pela descarga exponencial do capacitor entre picos sucessivos
do sinal de entrada. Este “ripple” é geralmente eliminado pela resposta em
frequência dos circuitos posteriores, que amplificam o sinal demodulado e agem
como um FPB.

Índice de modulação AM

O índice de modulação AM é definido como:

(3-14)

sendo que μ ≤1, para que a envoltória do sinal AM-DSB-SC corresponda a x(t) e o
detetor de envoltória possa ser usado na demodulação.

Desta definição, conclui-se que 0<μ<1. Quanto maior o valor de μ, limitado a 1,


maior a profundidade ou intensidade da modulação. Quando μ=1, estamos na
intensidade máxima. Para μ=0, evidentemente, não temos modulação.
13
8
A modulação AM com portadora, devido a condição A>|x(t)max|, necessária para
que se possa utilizar o detetor de envoltória, impõe um valor limite a |x(t)max|.

Para sinais x(t) bem comportados, como são os sinais determinísticos (p.ex. um
sinal senoidal) essa amplitude máxima é bem determinada, tendo um valor bem
definido.

Para sinais de informação, que são sinais aleatórios, o valor máximo de x(t) não é
assim tão bem comportado.

Teoricamente, poder-se-iam ter picos de amplitude muito alta. Como se trata de


sinal aleatório, existe não uma certeza da ocorrência desses picos, mas sim um certa
probabilidade de ocorrência.

Desta forma, o índice de modulação não pode ser regulado de modo a satisfazer
qualquer ocorrência de picos, mas sim algum valor limite fixado em função de
características do sinal aleatório.

Naturalmente, a fixação do índice de modulação precisa desta referência (ex.:


para um certo sinal, o valor de 1 V corresponde a um índice de modulação de 0,8).
Fica claro que sempre ocorrerão picos de sinal, que excederão a amplitude
correspondente a índice de modulação =1.

Potência das bandas laterais e da portadora

A simplicidade da deteção de envoltória tem um preço: a potência irradiada na


frequência da portadora é perdida.

Assim, a potência dissipada pela portadora é igual a A2/2. A potência dissipada


pela bandas laterais, que levam informação útil, é igual a ½ <x2(t)>.

Para que a envoltória do sinal modulado possa ser diretamente relacionada a x(t),
sendo detetada como A+x(t) pelo detetor de envoltória, é preciso que A>|x(t)|máx, o
que leva a um relativamente grande valor de A.

Desta forma, vemos que uma grande parcela da portadora deve ser transmitida,
representando um grande gasto de potência na transmissão.
13
9
Rendimento máximo para modulação tonal:

Para modulação tonal

(3-15)

O sinal modulado fica:

(3-16)

Potência do sinal útil:

Potência total:

Rendimento:

(3-17)

Para a modulação tonal:

Substituindo na Equação (3-17):

(3-18)
14
0
Como o valor máximo de μ =1, temos que:

(3-19)

para a modulação tonal (uma única frequência, ωm).

Quando x(t) é um sinal qualquer, não uma frequência única, por exemplo um sinal
de voz, o rendimento é muito menor que o rendimento máximo da modulação tonal.

Isto também justifica as elevadas potências usadas nos transmissores e acopladas


às antenas de transmissão das emissoras AM comerciais. A maior parte da potência
jogada no ar não leva informação útil, sendo gasta apenas para a transmissão da
portadora.
14
1
Moduladores para AM-DSB-IC

Os moduladores para AM-DSB-IC seguem os mesmos pricípios básicos que os


moduladores para AM-DSB-SC.

Uma forma para realizar a modulação é implementar um modulador balanceado e


acrescentar a portadora na saída do modulador.

A amplitude de portadora acrescentada pode ser regulada, de modo a possibilitar


o ajuste do índice de modulação. Este esquema é bastante empregado na
modulação em baixo nível, onde existe amplificação posterior do sinal modulado.

Um outro arranjo, é aquele apresentado na Figura 3-22.

Neste caso, o sinal modulante controla o ganho de um amplificador de RF,


utilizado para amplificar o sinal da portadora .

Geralmente, este esquema pode ser usado na modulação em alto nível, onde a
modulação é realizada já sobre a portadora amplificada, não necessitando estágio
adicional de amplificação.
14
2
Sinais SSB com Portadora Inserida (IC)

A Figura 3-60 apresenta um diagrama em blocos simplificado de um sistema SSB


utilizando portadora inserida, de modo a poder usar o detetor de envoltória nos
receptores para fazer a demodulação, como se fosse AM-DSB-IC. Teríamos então um
sistema AM-SSB-IC.

Figura 3-60

Usando resultados anteriores, a expressão para o sinal de saída no diagrama da


Figura 3-60 será:

Logo, neste caso, a envoltória do sinal AM-SSB-IC será

Conforme se verifica pela Equação acima, a envoltória do sinal AM-SSB-IC, de um


modo geral, é bem diferente da envoltória de um sinal AM-DSB-IC (que gera A+x(t)).

Quando A>>|x(t)|max, o índice de modulação AM <<1, e a envoltória aproxima-se


de A+1/2x(t) na equação acima.

Daí, se conclui que para AM-SSB-IC ser viável, ou, para que se possa usar o detetor
de envoltória na modulação SSB, o índice de modulação AM <<1, o que ocasiona um
rendimento muito baixo para este tipo de modulação.
14
3
Modulação AM-VSB-SC

A modulação AM-VSB-SC corresponde à um corresponde à um compromisso


entre o AM-DSB-SC e o AM-SSB-SC.

É aplicável principalmente quando o sinal modulante tem fortes componentes


em baixas frequências, próximas de zero, e altas larguras de banda. Nesta situação,
o SSB tem dificuldades para ser realizado, porque a separação entre a BLS e a BLI
exige o emprego de filtros com corte extremamente abrupto em ωp, muito difíceis
de serem construídos.

Por outro lado, o DSB transmite desnecessariamente 2 bandas laterais, o que é


redundante e dobra a largura da banda de transmissão em relação ao SSB, além de
gerar larguras de banda grandes para o sinal modulado, principalmente se a largura
de banda do sinal modulante é alta.

Em VSB, o corte na região em torno de ωp é gradual, deixando vestígios de ambas


as bandas laterais. Esta região de transição tem uma largura 2βrad/s, conforme
ilustra a Figura 3-61. Nesta figura está mostrada a característica de corte de um
filtro VSB16 que transmite a BLS até a frequência máxima de x(t) e um resíduo (ou
vestígio) da BLI.

Filtro VSB

Além do corte gradual, no filtro HVSB(ω) esta característica deve ser simétrica em
relação à ωp.

O sinal AM-VSB-SC (BLS) pode ser modelado pela equação:

(3-23)

Na Equação (3-23) a característica de transferência Hβ(ω) deve ser como está


apresentada na Figura 3-62.

16 A sigla VSB significa “Vestigial Side Band”, Banda Lateral Vestigial em português.
14
4

Figura 3-61

Figura 3-62

Sendo

(3-24)

onde

(3-25)

|Hβ(ω)| define uma função par e positiva a partir da função de transferência da


Figura 3-62, ou seja, Hβ(ω)=Hβ(-ω).
14
5
Chamando H2β(ω)=Hβ(ω-ωp)-Hβ(ω+ωp) e considerando a Equação 3-24:

(3-26)

Considerando que HVSB(ω)=HSSB(ω)-H2β(ω), conforme a Equação 3-23, temos que:

(3-27)

Portanto

(3-28)

Assim sendo, o sinal VSB pode ser considerado um sinal SSB do qual foi subtraída
uma parcela xβ(t)sen(ωpt), sendo xβ(t) decorrente do processamento do sinal
modulante 1/2x(t) por um filtro Hβ(ω).
14
6
Modulação AM-VSB-IC

Visando o uso do detetor de envoltória, foi desenvolvida a modulação AM-


VSB-IC.

Conforme a Equação 3-28, o sinal AM-VSB-SC pode ser escrito como:

A Equação acima pode ser escrita como:

(2-29)

Inserindo-se a portadora temos que:

(3-30)

Mas

Portanto

Definindo-se

(3-31)

Desta forma, a envoltória do sinal acima fica:

(3-32)

μζ'(t) é o termo em quadratura que cancela uma das bandas laterais, no todo ou
em parte.
14
7
A largura de banda do sinal VSB é inversamente proporcional ao valor de ζ'.

Se ζ'(t) = 0, a Equação 3-31 reduz-se ao AM convencional, e a largura de banda é

a mesma de um sinal DSB, isto é, B=2ωm.

^
Se ζ'(t) =x(t) então temos o sinal SSB, com largura de banda ωm=B/2. Para valores
intermediários, temos o VSB, com largura de banda W= β+B.
Se

(3-33)

Então

(3-34)

Portanto, o detetor de envoltória pode ser usado e a distorção será pequena.


Para a parcela em quadratura ser pequena, isto é, para a Equação 3-33 ser atendida,
ou o índice de modulação é baixo, ou ζ' é pequeno, o que implica em aumento da
largura de banda, em relação ao SSB. Desta forma, tem que haver um compromisso,
o que depende da aplicação.

Para o caso da TV analógica, os sinais de vídeo são transmitidos em VSB-IC, e se


utiliza β≃0,3 de ωm.
14
8
Receptor Super Heteródino

Conforme se encontra na Wikipedia, site http://pt.wikipedia.org/wiki/Super-


heteródino , “O receptor super-heteródino foi criado por Edwin Howard Armstrong
com o objetivo de reduzir os problemas do receptor AM-DSB padrão, no caso o
receptor de Rádio-Frequência Sintonizada. O problema maior do tipo radiofrequência
sintonizada era o fato da seletividade variar ao longo da faixa.”

O esquema do receptor super heteródino básico está apresentado na Figura 3-63.

Ele é assim chamado porque a palavra heteródino significa batimento, e o


batimento entre duas frequências significa conversão de frequências.

Na verdade, este esquema pode ser aplicado a qualquer tipo de sinal modulado,
não apenas AM. Qualquer sinal de RF, possuindo uma banda básica, pode ser
submetido a um esquema semelhante.

No esquema super heteródino o oscilador local, que gera uma frequência f LO, é
variável em uma faixa, e a saída do conversor ou misturador é ligada à um FPF
centrado numa frequência fixa, denominada frequência intermediária, ou FI.

Considerando o misturador e sua fLO, existem duas bandas de frequência que


podem ser captadas pelo receptor, centradas nominalmente em flo∓ FI.

Suponha que a banda desejada na recepção seja f LO - FI. A banda centrada em


fLO+FI será também captada pelo receptor, e convertida para a FI, constituindo uma
interferência.

A frequência central desta banda indesejada é chamada frequência imagem.

Geralmente, para reduzir a interferência da frequência imagem, costuma-se usar


um FPF, também sintonizado em fLO-FI, logo na entrada do receptor, que pode
inclusive estar acoplado a um pré-amplificador de RF sintonizável..

A vantagem desta esquema é que a FI é fixa para todas as estações, tanto no


valor central quanto na LB, facilitando assim o projeto de amplificadores de alto
ganho para o sinal e boa seletividade em toda a faixa (ver
http://en.wikipedia.org/wiki/Intermediate_frequency ).
14
9

Figura 3-63

Como a diferença entre a frequência desejada e a frequência imagem é 2FI, o FPF


de entrada no receptor não precisa ter caraterísticas de largura de banda e de
curvas de corte muito rígidas, bastando que sua frequência central seja variável
acompanhando fLO-FI, tenha uma largura de banda razoável , porém apresente uma
boa rejeição na frequência imagem.

A largura de banda do receptor e respectiva capacidade de sintonia será dada


pelos filtros de FI. Além disso, o ganho do receptor é fornecido, em sua maior parte,
por amplificadores sintonizados em FPF fixos na FI.

Após os amplificadores sintonizados na FI, o sinal pode ser demodulado ou


novamente convertido para outra frequência, conforme a aplicação.
15
0
Sistemas FDM

FDM é a sigla correspondente a “Frequency Division Multiplex” em português


Multiplexação por Divisão de Frequência. O conceito de Multiplexação já foi
estabelecido no Volume1-1 como introdução e consequência da utilização de
sistemas modulados de um modo geral. No Volume 3 – Parte-1 e Parte-2, estamos
tratando de sistemas modulados analogicamente em amplitude.

Uma vez que a modulação em amplitude resulta em um deslocamento na


frequência do espectro do sinal de banda base, o qual é movido para regiões
próximas à frequência da portadora, este fato pode ser aproveitado para a
realização prática de sistemas FDM, onde a separação da informação dos diversos
canais é conseguida alocando-se uma portadora diferente para cada canal.

A Figura 3-65 apresenta uma ilustração que facilita a visualização dessa ideia.

Figura 3-65

Na Figura 3-65, cada canal se traduz em uma banda que ocupa uma faixa definida
de frequências do espectro. Esta faixa corresponde ao deslocamento da Banda
Básica de cada canal, em função do valor de portadora utilizada na modulação de
cada canal.

No meio de transmissão, os canais assim multiplexados são simultaneamente


15
1
transmitidos, ocupando uma banda total de Nx(Banda de cada canal+banda de
guarda), sendo N onúmero de canais multiplexados). No receptor cada canal pode
ser separado por filtragem.

Assim, diz-se que os canais estão misturados no domínio do tempo, mas


separados na frequência.

A modulação empregada no deslocamento da banda básica pode ser de qualquer


tipo, até uma modulação digital, não necessariamente uma modulação analógica em
amplitude, conforme as estudadas nos dois Volumes 3 (Parte-1 e Parte-2).

A Figura 3-65 representa a ideia de sistemas FDM em sua forma mais básica.
Pode-se dizer que recursos de comunicação (RC) do sistema são postos a disposição
do usuário (um canal, por exemplo). Como um RC tem um custo, é importante
prover métodos para que haja o compartilhamento desses RC pelos usuários do
sistema.

Em se tratando de sistemas comerciais pode-se falar, de um modo geral, em


multiusuários.

Considerando que um usuário produz uma determinada receita ao utilizar um


sistema de comunicações, enviando ou recebendo algum tipo de informação, é claro
que uma empresa operando determinado sistema, com finalidades comerciais 2, ou
seja, com a finalidade de obter lucro financeiro na operação do sistema, irá sempre
buscar a operação com o maior número possível de usuários, de modo a maximizar
seus lucros operacionais.

Frequentemente o motivo acima mencionado é razão de desenvolvimentos e


pesquisas, objetivando o aperfeiçoamento dos sistemas, de tal forma que mais
usuários possam utilizar serviços de telecomunicações oriundos de um sistema.

Geralmente, busca-se aumentar a base de usuários de um sistema, ao mesmo


tempo em que são incorporadas melhorias ao serviço. Essas melhorias podem ser
buscadas em um sentido horizontal, isto é, mantendo a tecnologia usada, ou em um
sentido vertical, mudando essa tecnologia.

Esta mudança pode ser no sentido de aproveitar tecnologias existentes ou criar

2 Um operador de um sistema de comunicações pode, também, ter outras finalidades. Por exemplo, pode ser
militar, da polícia ou mesmo particular. Neste caso, sua principal motivação não seria o lucro financeiro,
apesar do custo global do sistema ser um fator importante, que deve ser considerado.
15
2
novas tecnologias. O foco é sempre no custo financeiro.

Assim, a ideia do FDM não é a única hoje existente. Mas compreende-se sua
aplicação em aumentar os RC de um sistema. É fácil ver que o número de canais
pode ser aumentado ampliando-se a banda total ou reduzindo-se a banda individual
ocupada por cada canal.

Se a modulação empregada for uma modulação analógica em amplitude, para a


geração de um sistema FDM, razões inerentes à banda básica de entrada em um
canal (ou seja, relativa ao sinal modulante) pode influenciar na escolha do tipo de
modulação AM empregada.

Por exemplo, se este sinal modulante não contiver energia significativa em


frequências muito baixas, uma escolha adequada seria o AM-SSB-SC, caso se
justificasse a complexidade resultante desta técnica.

A separação entre bandas é feita deixando-se um espaço vazio de frequência


entre elas, chamado Banda de Guarda, conforme mostrado na Figura 3-65. Esta
Banda de Guarda tem a função de facilitar a construção de filtros separadores dos
canais individuais, já que cada canal ocupa uma faixa de frequências diferente, que
não se sobrepõe em espectro.

Esta técnica pode ser usada na implementação de um equipamento denominado


MUX FDM, com o objetivo de aumentar os RC disponíveis. Eles foram muito
utilizados até a década de 60 do século passado, no sistema de telecomunicações
que constituía a rede3 telefônica (o serviço telefônico não é o único a trafegar por
essa rede – inclusive fala-se muito em convergência das redes-uma só rede para
diversos serviços).

Na época (anos 60 do século XX) a rede telefônica era a maior rede implantada (a
nível mundial), e era inteiramente baseada em “backbones” 4 de transmissão
construídos com base em equipamentos MUX FDM (esses equipamentos forneciam
até 900 canais de usuários telefônicos em um único meio de transmissão, cada canal

3 O conceito de rede é bem amplo, envolvendo enlaces e nós de comunicação. Normalmente, tem-se a topologia
da rede, bem como sua aplicação, os serviços envolvidos e outros. Vários influem diretamente no RC da rede.
Geralmente, os enlaces estão relacionados a recursos de transmissão, como os MUX's, transmissores e
receptores e os nós a recursos de comutação e encaminhamento. Neste livro, estamos focando principalmente
em técnicas usadas para a transmissão analógica de sinais. São, portanto, técnicas diretamente aplicáveis a
partes de enlaces de uma rede.
4 Esta palavra, “backbone”, que em português significa espinha dorsal, refere-se aos RC principais de uma
rede, responsáveis pelo transporte de informação de usuários em maior concentração de sinais.
15
3
tendo uma largura de banda nominal de 4KHz e utilizando modulação AM–SSB-SC,
hierarquizados em estruturas de multiplexação FDM padronizadas, transmitindo
sobre enlaces de rádio de micro-ondas, enlaces satélites, cabos coaxiais ou cabos
metálicos telefônicos).

Hoje em dia os equipamentos MUX FDM são obsoletos, não sendo mais usados,
tendo sido substituídos por outros utilizando tecnologias, principalmente digitais,
mais adequadas a novos meios de transmissão, como os cabos de fibras óticas.

Entretanto, a tecnologia FDM continua válida, sendo empregada em diversas


situações, inclusive em sistemas digitais, como em tecnicas de Multiplo Acesso, que
serão estudadas em outros Volumes desta série.

Uma aplicação simples, que será vista agora, é na constituição de codificadores e


decodificadores para a transmissão estereofônica em sistemas FM5.

5 A modulação FM será ainda estudada, provavelmente no Volume 4, mas isso não impede que seja visto agora
o processo de multiplexação empregado na transmissão estereofônica de sinais modulados em FM.
15
4
Transmissão Estereofônica em Sistemas FM

Um exemplo de aplicação de sistema multiplexado na frequência e usando


modulação AM-DSB-SC, está na implementação da transmissão estereofônica de
canais de áudio, em sistemas de transmissão de rádio FM em “broadcasting”6

A técnica de transmissão em FM será estudada na Parte 4, entretanto isto não


impede que se compreenda a formação da banda básica, ou seja, o sinal útil que irá
constituir o sinal modulante.

A Figura 3-66 apresenta o sistema de transmissão como se fosse uma caixa preta
em relação ao sinal modulante de banda básica, com uma entrada (lado de
transmissão, isto é, nas instalações físicas do transmissor) e uma saída (lado de
recepção, isto é, no aparelho radio receptor do usuário, após o circuito de
demodulação). O sinal modulante é injetado na entrada e retirado na saída da caixa
preta, mantendo a banda básica que foi gerada no transmissor.

Figura 3-66

A transmissão estereofônica de sinais de áudio tem por finalidade proporcionar


ao ouvinte a impressão da distribuição espacial dos sons. São transmitidos

6 A transmissão de rádio em “broadcasting” significa que temos apenas uma estação de transmissão (onde se
localiza fisicamente o transmissor e a antena) enviando sinal para muitos receptores de rádio. Cada receptor
representa um usuário. Geograficamente, os usuários estão espalhados ao redor da antena, numa distribuição
aleatória. A antena então transmite o sinal da estação de forma omnidirecional, isto é, com a mesma
intensidade para todas as direções.
15
5
simultaneamente dois sinais, gerados por dois microfones: o esquerdo (L) e o direito
(R). No receptor, eles são enviados a dois conjuntos de sistemas de reprodução
sonora, também chamados esquerdo (L) e direito (R).

A transmissão estereofônica exige, portanto, 2 canais. No início, quando a


radiodifusão utilizando FM começou a ser utilizada em escala comercial no mundo
todo, a transmissão era monofônica Nos EUA, o sistema estereofônico proposto
pelas corporações GTE e ZENITH foi aprovado pelo FCC em abril de 1961 e utilizado
pela 1ª vez na América Latina pela estação 98 FM, de Belo Horizonte, Minas Gerais,
que iniciou operação comercial em junho de 1969.

Um dos requisitos básicos para a transmissão estéreo em FM é que ela fosse


compatível com a transmissão monofônica (1 só canal de áudio), que já estava sendo
utilizada desde então. A razão para esta compatibilidade é que a base comercial dos
receptores monofônicos já era muito grande para ser desprezada (isto é, não era
viável comercialmente que usuários de sistemas monofônicos fossem
repentinamente obrigados a trocar seus aparelhos por outros, mais caros,
estereofônicos, para ouvir uma estação estéreo).

Além disso, durante certo tempo, a venda de aparelhos exclusivamente


monofônicos ainda iria subsistir no mercado por algum tempo. Isto realmente
ocorreu nos EUA, onde o sistema FM foi inventado pelo Eng.º Major Armstrong em
1939, e teve as primeiras estações FM.

Hoje em dia, a transmissão FM é realizada exclusivamente em estéreo por


qualquer estação, e a recepção monofônica pode ser opcionalmente utilizada nos
receptores (normalmente, existe uma chave comutadora, podendo o usuário
escolher se quer uma recepção em estéreo ou mono)

Para garantir a compatibilidade, os canais L e R são inicialmente codificados nos


sinais (L+R) e (L-R), sendo estes sinais subsequentemente multiplexados em FDM,
gerando a banda básica do sinal modulante, conforme a ideia apresentada na
Figura 3-67.

Para recuperar a informação estereofônica original, após a demultilexação os


sinais (L+R) e (L-R) devem ser decodificados, tornando a gerar L e R. Para a recepção
monofônica, é suficiente a informação contida no sinal (L+R).
15
6

AM-DSB-SC

Figura 3-67

Conforme apresentado na Figura 3-67, a multiplexação utilizada pode ser


considerada um FDM, sendo que a banda ocupada pela informação (L+R) é mantida
inalterada, na faixa de 30Hz à 15kHz, e o canal (L-R) deslocado por uma modulação
AM-DSB SC para a faixa de 23 à 53 kHz, com uma portadora de 38kHz. Assim, são
geradas duas bandas laterais com o sinal (L-R), centradas em 38kHz, no sinal
modulado FM.

Na recepção, uma matriz decodificadora reconstui os dois canais L e R. A


compatibilidade com a emissão monofônica é garantida, pois a recepção nesse caso
se dará através de uma filtragem Passa Baixas do canal L+R, o qual não sofre
modulação alguma. O canal L-R é modulado em AM-DSB-SC com uma portadora em
38 Khz, e assim transmitido.

Para recuperação da informação no canal modulado L-R, este é demodulado e


reconvertido para a sua posição original no espectro, por um esquema de
demodulação síncrona utilizando o piloto de 19KHz.
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