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Desenvolvimento Sustentável e
Agenda 2030 • Das origens à atualidade
João Guerra
Joao.Guerra@edu.ulisboa.pt
Uma ideia sistémica de desenvolvimento – Desenvolvimento Sustentável
• Estreita associação que dificilmente é posta em causa e que, pelo menos no discurso
político e no imaginário social, persiste e resiste,
Planet
Profit
Viabi-
lidade
8
Finitude Intra/ Inter Capacitação e “JUST SUSTAINABILITY”
Escassez gerações envolvimento Julian Agyeman
Ecológica Redistribuição Refinamento da Qualidade ambiental
Precaução Justiça decisão
Qualidade social
Responsabilidade Aquiescência pública
Mudança social
↑
Monitorização
Informação
Silent Spring (1962) Decl. Estocolmo (1972) Agenda 21 (1992) Agenda 2030,
Limits to Growth (1972) Rel. Bruntdland (1987) princípio 10, LA21 ODS (2015)
9
Sustentabilidade
Sustentabilidade
Sustentabilidade
1961 0,8
0,8
1963 0,7
0,6
1965 0,5
0,4
1967 0,4
0,2
1969 0,2
0,0
1971 -0,1
-0,2
1973 -0,3
-0,3
1975 -0,2
-0,3
1977 -0,4
-0,4
1979 -0,5
-0,5
1981 -0,4
-0,3
1983 -0,4
-0,4
1985 -0,4
-0,4
1987 -0,5
-0,6
1989 -0,6
-0,6
1991 -0,6
-0,6
1993 -0,6
-0,6
Fonte: Global Footprint Network. 2017
1995 -0,6
-0,6
1997 -0,7
-0,7
1999 -0,6
-0,7
2001 -0,7
-0,8
2003 -0,8
-0,9
2005 -1,0
-1,0
2007 -1,0
-1,0
2009 -1,0
-1,2
2011 -1,2
-1,1
2013 -1,2
3,7
2
1,7
0,6 0,7
Baixa
Low Renda
Income Baixa-Média Renda
Low-Middle Income Mundo
World Alta-Média
Upper-MiddleRenda
Income Alta Renda
High Income
Sinais positivos entre 1988 e 2011 com o crescimento A Curva do Elefante de Milanovic (1988-2011)
do rendimento nalguns países e a consequente saída
do limiar da pobreza de milhões de pessoas
• China, Índia, Brasil, Leste Europeu…
Nos países do Norte (países ricos) a situação não se
mostrou tão favorável. Em resultado da crise
financeira (2008-2011) foram afetadas, sobretudo, as
classes médias.
• incremento da desconfiança que persiste e pode
revelar-se num entrave para a sustentabilidade
1995 -0,6
-0,6
1997 -0,7
-0,7
1999 -0,6
-0,7
2001 -0,7
-0,8
2003 -0,8
-0,9
2005 -1,0
-1,0
2007 -1,0
-1,0
2009 -1,0
-1,2
2011 -1,2
-1,1
2013 -1,2
PREDOMÍNIO DO AMBIENTE
A preocupação com o estado do ambiente começou a ganhar alguma visibilidade social a
partir dos anos sessenta do século passado.
Surgiram as primeiras catástrofes ambientais
a que se juntaram as primeiras evidências da rarefação de recursos,
Reconheceu-se que “as atividades humanas estavam alterando os ecossistemas sobre os quais
a nossa existência (e a de todas as outras espécies vivas) é dependente” (Dunlap et al., 2000).
“A rapidez da mudança e a velocidade com que novas situações são criadas seguem o ritmo
impetuoso e desatento do homem, e não o ritmo deliberado da natureza” (Carson, 1962),
DEGRADAÇÃO
ECOLÓGICA
(Afinal,
não há futuro sem as condições ecológicas que o podem sustentar)
• na economia
A tendência das últimas décadas tem apontado para uma insistente e não vingou o pensamento
contraproducente separação de áreas. holístico (e imbricado) de
cariz sócio-ambiental inscrito
Se, por um lado, no próprio ‘ADN’ do DS
sempre se defendeu que sustentabilidade não é só, nem sequer
principalmente uma questão ambiental
Criaram-se frentes de combate
Por outro lado, desarticuladas que, caso
é inegável que muitas práticas e teorias da sustentabilidade olham confluíssem, poderiam obter
para a economia, a equidade e a injustiça como questões separadas resultados mais satisfatórios
e não relacionadas entre elas e com o ambiente (PNUD, 2011)
Banalização dos termos
• Impelida pela crise ecológica e suas consequências na qualidade de vida das populações
(atuais e futuras), a ideia de sustentabilidade veio a ganhar uma ampla aceitação, tendo-se
tornado um conceito perentório nas políticas de desenvolvimento, pelo menos a partir do
Relatório Brundtland (WCED, 1987).
• Apesar desse consenso generalizado, vozes desencantadas também estão sendo ouvidas. "O
que é o SD? Pergunta-se frequentemente sem, no entanto, surgirem respostas claras”
(Lélé, 1991: 607).
‘Surfando’ as ondas do ‘politicamente correto’, mascara-se a realidade e coíbe-se qualquer manifestação cética
e/ou preconceituosa, transformando o DS
NUM CLICHÊ A QUE TODOS PRESTAM HOMENAGEM, MAS CUJA IDEIA POUCOS VALORIZAM DE FACTO
Este desfasamento entre discurso e realidade tem depois repercussões no estado do mundo e resulta
• quer no agravamento das desigualdades entre países e grupos sociais,
• quer no crescimento exponencial da pegada ecológica que ameaça já hoje a viabilidade das
condições eco sistémicas que sustentam a civilização humana tal como a conhecemos.
É verdade que a degradação ambiental foi o principal leitmotiv do DS,
mas numa perspetiva global, as suas consequências adversas são percepcionados enquanto
fenómenos longínquos (no tempo e no espaço)
Apesar de o DS se ter transformado num jargão social, económico e político difundido pelas
instâncias da governança global, e num slogan de ativistas do ambiente e do desenvolvimento,
a situação mundial tenda a agravar-se sem sinais de retrocesso.
Sem desvalorizar os avanços que também se deram, a sua aplicação efetiva terá decorrido
em moldes fundamentalmente EVASIVOS (Adger and Jordan, 2009), SUPERFICIAIS E, EM
BOA PARTE, INCONSEQUENTES (Redclift, 2005).
Seria precisa uma ação integrada para enfrentar os efeitos sociais e ambientais da poluição
e da escassez de recursos. A inoperância registada, no entanto, tem vindo a adiar reformas
cruciais e a limitar a ação ao "wishful thinking" (Dryzek, 2003)
Talvez porque essa clarificação acabou por nunca acontecer, as promessas emergentes do
processo então iniciado teimam em ser proteladas.
A degradação ambiental e as desigualdades que lhe estão na base persistiram (Moore,
2011), apesar da renúncia implícita ao modelo de desenvolvimento capitalista/produtivista
que alimenta a sociedade de consumo.
O ´Consenso de Washington’ e os
'ajustamentos estruturais’ que pro- Omitem-se as consequências do
moveu abriu caminho ao crescimento e promete-se a satisfação das
crescimento económico, nomeada- necessidades de todos (gerações presentes
mente nos BRIC (Brasil, Rússia, e gerações futuras) sem questionar os
Índia e China), sem enfrentar com padrões de consumo excessivo que só as
seriedade problemas como o das atuais iniquidades Norte/Sul possibilitam
desigualdades e o das ‘pilhagem de (Moore, 2011).
recursos naturais’ (Redclift &
Springett, 2005).
Ou seja, apesar do discurso da sustentabilidade, o
questionamento da ideologia de mercado – Crescer ou
perecer – é frequentemente encarado “como um ato de
um lunático, idealista ou revolucionário” (Flinders,
2012: 138).
O desfasamento entre a proliferação de discursos sobre DS e a insuficiência da sua
aplicabilidade parece evidente e persiste deste a origem do conceito. Tal resulta, para além dos
três fatores referidos:
Vivemos num mundo muito interdependente em que a nossa ‘casa comum’ clama
por um empenhamento coletivo. Neste sentido, o desenvolvimento sustentável
tornou-se a narrativa viável.
• Potenciando nos ODS uma melhor integração das várias dimensões do DS com base nos
sucessos alcançados pelos anteriores Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM)
• Concretizar a ação com metas e objetivos mensuráveis
• Integrar vertentes menos conseguidas
• Colmatar falhas e lacunas apontadas
(Assembleia Geral das Nações unidas, 2015).
Maior controlo
MONITORIZAÇÃO PODE
Maior responsabilização
POTENCIAR A MUDANÇA
Maior impulso
UNIVERSALIDADE
Que a maior TRANSVERSALIDADE decorrente envolvimento global de países ricos
da integração de imperativos ambientais com e países pobres na disseminação de
as necessidades sociais funcione; resultados práticos e de medidas
Se transforme num trunfo importante que não MONITORIZÁVEIS
replique o fracasso relativo anterior;
Garantia efetiva de defesa dos
Que ultrapasse o jogo de interesses nem grupos mais frágeis: EQUIDADE
sempre facilmente articulável com a defesa do
bem-comum.
Governança multinível .
Governança ambiental global
Superar o status quo Pressão da sociedade civil