1- UM OLHAR DIALÓGICO SOBRE O ENSINO DOS GÊNEROS DISCURSIVOS
RESUMO: Todo enunciado mantém relação de diálogo com outros enunciados anteriores e posteriores. Conforme o princípio dialógico de Bakhtin, os discursos são construídos a partir de outros já existentes e ao mesmo tempo despertam novas réplicas, sendo, portanto, sempre ancorados na resposta. Dessa forma, entendemos que o ensino de língua materna deve adotar uma concepção interacional da linguagem, usando metodologias que contemplem o ensino de gêneros discursivos, tendo em vista que a língua, enquanto uso real, concretizase por meio de gêneros, e que eles, assim como as interações sociais, não surgem no vácuo, mas sim de relações dialógicas que ocorrem entre enunciados e entre outros gêneros. Diante disso, questionamos: como adotar metodologias de ensino de Língua Portuguesa que contemplem a perspectiva dialógica da linguagem? A fim de responder a esse questionamento, elencamos como objetivos específicos: 1) Investigar o conceito de dialogismo e de gênero discursivo numa perspectiva bakhtiniana; 2) Averiguar a relação dialógica que o gênero artigo de opinião mantém com outros gêneros; 3) Refletir sobre a importância do ensino de gêneros para a formação de leitores e escritores responsivos. Nossa pesquisa é documental, de natureza analítico-descritiva. Adotamos como corpus textos que versam sobre um mesmo tema (O Novo Acordo Ortográfico), porém, em épocas diferentes: um artigo de opinião - escrito em 2009, por uma aluna do 8º ano do Ensino Fundamental e uma notícia online retirada do Portal Terra, bem como um recorte dos respectivos comentários sobre ela. Utilizamos como aporte teórico, autores tais como: Bakhtin (2003[1979], 2015[1936]), Bazerman (2010), Kleiman (2006), Schneuwly e Dolz (2004), Marcushi (2005), Ninin (2013) e Rodrigues (2001). Como resultado de nossas análises, destacamos a importância de um ensino de gêneros voltado para metodologias de ensino de Língua Portuguesa que contemplem as relações dialógicas entre gêneros, textos e discursos. Palavras-chave: Dialogismo. Gênero. Ensino.
2- ESTRUTURA E FORMAÇÃO DA PALAVRA NA LÍNGUA PORTUGUESA E
ESPANHOLA RESUMO: A proposta desse trabalho é uma análise da estrutura interna das palavras, abordando ideias e fundamentos propostos por grandes teóricos. Durante essa análise sobre o tema “Estrutura e formação da palavra na língua portuguesa e espanhola” percebe-se que as duas línguas dispõe de uma variação linguística ampla e rica. Estudar a estrutura e formação da palavra torna-se prazeroso, ainda porque este é um assunto que pode aguçar nossa curiosidade sobre a dimensão lexical. Não nos detemos simplesmente às teorias sobre a estrutura e 95 formação da palavra, mas foi feito uma comparação entre duas línguas. Para que haja comunicação, seja ela escrita ou falada, dois componentes principais participam desse processo, que são as palavras e a nossa capacidade cognitiva. Quando falamos em estrutura e classe de palavras estamos falando de nada menos do que morfologia, que é o estudo de cada estrutura, formação e classes de palavras da língua portuguesa. O importante nas línguas portuguesa e espanhola, é o modo como as palavras são estruturadas e classificadas, para que isso seja possível é preciso que cada palavra, que é uma unidade linguística de som e significado, seja dissecada ao máximo, fazendo assim com que possamos entender melhor sua estrutura. Todas as palavras são compostas por unidades que podem ser descompostas em elementos menores chamados de morfema, esses morfemas podem ser divididos em três elementos: os significativos ou básicos, os modificadores e os de ligação. Eles juntos formam todos os elementos que uma palavra precisa para ter sentido, explica Pedro Furasté (2010). Já o processo de formação é a maneira como os morfemas se originam para forma-las como disse a escritora Leila Sarmento (2005). No espanhol existem vários procedimentos para formar novas palavras a derivação, a composição e outros mecanismos. A derivação cria novas palavras a partir da simples prefixação e sufixação. A prefixação acrescenta um prefixo ao léxico já a sufixação consiste apresentar um ou mais sufixo a um léxico, explica Manoel Alvar (1993). O objetivo desse trabalho é mostrar que a língua portuguesa e espanhola oferecem um leque lexical muito abrangente aos seus usuários e devido as muitas variações mórficas e léxicas, às vezes temos dificuldade de entender o significado de palavras de nosso e outros países. A metodologia será fundamentada no teórico Ferdinand Saussure. Os resultados obtidos nos revelam que com os processos de formação e estrutura das palavras, percebe-se as variações e os recursos para aumentar o vocabulário da língua portuguesa e espanhola, além do mais o enriquecimento de conhecimentos e melhor compreensão da gramática nas línguas portuguesa e espanhola. Palavras-chave: Estrutura e formação. Palavra. Léxico. Comunicação. 3- TRASTEJANDO A LINGUAGEM DA COMUNIDADE DE FALA DE ANGICAL DO PIAUÍ (PI) E SUA RELAÇÃO COM O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA RESUMO: Conhecer as formas linguísticas de uma comunidade de fala específica compreende examinar seus aspectos sociais, culturais e históricos. Desse modo, o presente estudo objetiva, através de uma abordagem etnográfica e sociointeracionista, investigar e analisar os usos de variantes específicas ou mais recorrentes em contextos sociais na fala de moradores de Angical do Piauí, e assim, mostrar a contribuição da sociolinguística na área do ensino de língua materna, para que educadores reconheçam a possibilidade de aprendizagem envolvendo a participação social e modos de falar presentes na cultura dos alunos. Dessa forma, o ensino de língua materna rompe com o ensino estritamente estruturalista da língua e apreende o ensino da língua no contexto humano. Este trabalho tem como suporte teórico os princípios e postulados que fundamentam o processo de interação social, tratando a língua a partir do seu uso, como Bakhtin (1997, 2003), Gumperz e Hymes (1972), Gumperz (1982) e Hymes (1974) e os pressupostos acerca da contribuição da sociolinguística para o desenvolvimento da educação, na perspectiva de Bortoni-Ricardo (2005, 2008, 2013) e Travaglia (2009). Os dados da pesquisa sob a abordagem etnográfica revelam que, na comunidade estudada, os sujeitos são ativos e autores, pois não só reproduzem as diferentes variantes existentes, como também constroem as suas próprias, a partir de contextos específicos e em momentos de interação. Sendo assim, fica claro o reconhecimento de que a linguagem é um fenômeno social e que reflete a história do cotidiano de grupos sociais, e por isso mesmo deve ser abordada em sala de aula. Utilizaremos como corpus alguns eventos de fala da cidade de Angical do Piauí, que permitem verificar que as variantes vão surgindo conforme as situações interacionais dos atores participantes, proporcionando assim, uma dinâmica interacional que assegura diversão, cultivo de laços afetivos e sociais. Além disso, essas variantes representam uma ruptura com a linguística isolada, sendo, portanto, adequadas para abordagem do ensino de língua materna. Nesse processo de interação, a fala tem a função essencial de refletir a estrutura social e de informar significados socio-históricos e socioculturais da comunidade pesquisada. Pode-se dizer que as conclusões mais relevantes deste trabalho são os usos dessa linguagem específica como recurso linguístico e interacional para fortalecer as relações sociais, o que promove momentos descontraídos em qualquer situação contextual, incluindo a sala de aula, bem como a percepção sobre a contribuição da sociolinguística que desenvolve uma reflexão acerca da relação entre esses usos da língua na comunidade e o ensino da língua na escola. Palavras-chave: Contexto. Interação. Sociointeracionismo. Ensino. Língua. 4- O ENSINO DE DIREITO E LITERATURA NA FACULDADE SANTO AGOSTINHO RESUMO: O que o Direito e a Literatura têm em comum? Por que se deve ensinar Literatura nos cursos de Direito? O ensino jurídico está preparado para recepcionar a Literatura em sua grade curricular? O ensino de Literatura no curso de Direito possibilita que através da leitura de obras Literárias de autores piauienses, nacionais e estrangeiros os estudantes se tornem mais críticos e reflexivos, dominem melhor a língua portuguesa, que possam se colocar no lugar do Outro através destas leituras, formar cidadãos mais éticos e conscientes de seu papel na sociedade, compreender a função do texto literário e sua capacidade de transcender o lugar e o tempo no qual foi concebido e de que forma isso pode ajudar a entender o Direito, perceber as relações estabelecidas entre a norma jurídica e acontecimentos sociais e históricos. As ideias de Warat, Antonio Cândido, Lênio Streck, André Karam Trindade servem de base teórica para o ensino do Direito e Literatura. Os estudiosos do Direito e Literatura questionam o ensino jurídico dissociado da realidade e que prepara os estudantes apenas para responder à questão correta em provas e concursos, não se preocupando verdadeiramente com a qualidade do ensino jurídico. A disciplina vem como uma alternativa para tornar o ensino mais crítico e não mera reprodução de leis, doutrinas e jurisprudências. Após a inserção desta disciplina na matriz curricular do curso de Direito da Faculdade Santo Agostinho os alunos passaram a escrever artigos, monografias, projetos de Pibic sobre obras literárias que abordam temas jurídicos para apresentar em congressos nacionais e internacionais como o Colóquio Internacional de Direito e Literatura, abordando temas relevantes para o entendimento do universo literário e jurídico, bem como da compreensão do próprio ser humano. Palavras-chave: Ensino. Direito e literatura. Faculdade Santo Agostinho. 5- O DIREITO À LITERATURA RESUMO: O objetivo desta comunicação é refletir sobre Por que e Para quê estudar e ensinar literatura. Partimos do pressuposto de que a literatura é um direito, conforme afirma Antonio Candido (2004), e assim como os demais direitos sociais é indispensável a todo ser humano. De acordo com o crítico, a função humanizadora da literatura permite ao ser humano encontrar na literatura aspectos de sua própria humanidade, devolvendo-lhe uma consciência humana modificada pela leitura da obra literária. Por outro lado, aponta a função alienadora, que alimenta no leitor preconceitos que o impedem de ver valores e conceitos no que ele leu. Outro aspecto relevante é concernente ao que estabelecem os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (PCN’s) ao enfatizar que o trabalho com o texto literário deve estar incorporado à práxis pedagógica no cotidiano da sala de aula pela relevância das especificidades que o constituem e por envolver um “exercício de reconhecimentos das singularidades e das propriedades compositivas que matizam um tipo particular de escrita.” Corroborando esta perspectiva, Jauss (1994) nos conduz à reflexão de que a literatura atinge sua função quando consegue promover rupturas e realocar o posicionamento do leitor frente à sociedade e enfatiza que a relação entre leitor e texto deve ser dialógica para que a experiência estética seja prazerosa e proporcione conhecimento e ampliação dos horizontes de leitura que contribuem para um maior conhecimento do mundo e de si mesmo. Dentre os autores que fundamentam nosso estudo estão Aguiar (1993), Barthes (2007), Brasil (1997), Carvalho (2011), Candido (2004), Jauss (1994), Eco (2003) e Zilberman (1999). Palavras-chave: Ensino de literatura. Direito à literatura. Experiência estética. RESUMO DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
UM ESTUDO SOBRE HIBRIDIZAÇÃO E AGRUPAMENTO DE GÊNEROS NO
FACEBOOK A pesquisa tem como objetivo geral investigar os gêneros textuais implicados no uso do site Facebook, identificando os domínios discursivos a que estão ligados e discutindo processos de hibridização e agrupamento desses gêneros. As questões de pesquisa partiram dos seguintes objetivos específicos: identificar os principais gêneros textuais resultantes da interação entre os usuários do Facebook; investigar a diversidade de temas tratados por meio dos gêneros que circulam no site; investigar a hibridização de gêneros nas postagens do Facebook e caracterizar e descrever os gêneros no site como uma colônia de gêneros segundo os estudos de Bhatia (2004). Nosso estudo esteve ligado, principalmente, às teorias dos Estudos Retóricos de Gêneros, com autores como Miller (2009) e Bazerman (2005), aos estudos em Inglês para Fins Específicos, com pesquisadores como Bhatia (2004; 2009) e Swales (1990; 2004), bem como estudos sobre gêneros feitos por Marcuschi (2000; 2004) e Bezerra (2006). O universo deste trabalho foi o site de relacionamentos Facebook, entendido por nós como um site que possibilita a formação, mediação e manutenção de redes sociais. Assim, nosso foco foram os gêneros que circulam nesse site e são utilizados pelos internautas, que o fazem de acordo com as suas necessidades comunicativas. É importante notar que o Facebook permite o acesso a um universo discursivo-comunicativo muito grande, por isso selecionamos os dados a partir das publicações existentes no chamado feed de notícias, e nos perfis de usuários seleionados. Justificamos essa escolha por ser nesses “lugares” no site onde ocorrem as mais variadas práticas de linguagem. Em relação ao processo de geração de dados, o corpus foi constituído dos gêneros, possivelmente novos ou não, que são utilizados no site Facebook, por meio de nossa própria conta do Facebook e os exemplares dos gêneros foram postados no mural de diferentes usuários que têm algum tipo de contato com o pesquisador. Todas as postagens são públicas. Foram 100 mensagens atualizadas nesses murais com o mínimo de 50 “compartilhamentos” ou 50 “curtições”, em cada um desses textos, além de 50 perfis de usuários. Pensamos, com a condição dos textos terem sido curtidos ou compartilhados, que os internautas da rede reconhecem determinada prática e a propagam, fazendo com que ela possa circular socialmente e se configurar como gênero, também, do site. Os dados foram coletados no período de março a julho de 2013. Pudemos notar que as redes sociais assim formadas utilizam determinados gêneros que são recorrentes para a interação e que servem aos propósitos que possibilitam tal interação. Da mesma forma, alguns domínios discursivos também são recorrentes e estão ligadas, conforme a teoria adotada, com outros tantos propósitos que os gêneros assumem no ambiente. Caracterizamos, assim, a partir de processos de hibridização e discussão sobre a versatilidade dos gêneros, duas colônias de gêneros no site, quais sejam: colônia de postagens do feed de notícias e colônia de perfis Facebook.
Palavras-Chave: Gêneros; Facebook; Colônia de gêneros.