Exercício 1 – Reescreva o texto a seguir, evitando repetições desnecessárias.
Penélope - Dalton Trevisan
Naquela rua mora um casal de velhos. A mulher espera o marido na varanda,
tricoteia em sua cadeira de balanço. Quando o marido chega ao portão, a mulher está de pé, agulhas cruzadas na cestinha. O marido atravessa o pequeno jardim e, no limiar da porta, beija a mulher de olho fechado.
Naquela rua mora um casal de velhos. A mulher espera o marido na varanda,
tricoteia em sua cadeira de balaço. Quando o marido chega ao portão, a mulher está de pé, agulhas cruzadas na cestinha. O marido atravessa o pequeno jardim, e, no limiar da porta, a beija de olho fechado.
Sempre juntos, a lidar no quintal, o marido entre as couves, a mulher no canteiro
de malvas. Pela janela da cozinha, os vizinhos podem ver que o marido enxuga a louça. No sábado, o marido e a mulher saem a passeio, a mulher, gorda, de olhos azuis e o marido, magro, de preto. No verão, a mulher usa um vestido branco, fora de moda; o marido ainda de preto. Mistério a sua vida; sabe-se vagamente, anos atrás, um desastre, os filhos mortos. Desertando casa, túmulo, bicho, o marido e a mulher mudam para Curitiba.
Sempre juntos, a lidar no quintal, o marido entre as couves, a mulher no
canteiro de malvas. Pela janela da cozinha, os vizinhos podem vê-lo que enxuga a louca. No sábado o marido e a mulher saem o passeio, a mulher, gorda, de olhos azuis, e o marido, magro de preto. No verão, a mulher usa um vestido branco, fora de moda, o marido ainda de preto. Mistério a sua vida, sabe-se vagamente, anos atrás, um desastre, os filhos mortos. Desentendo casa, tumulo, bicho, mudam-se para Curitiba.
Só o marido e a mulher, sem cachorro, gato, passarinhos. Por vezes, na ausência
do marido, a mulher traz um osso ao cão vagabundo que cheira o portão. Engorda uma galinha, logo se enternece, incapaz de matar a galinha. O marido desmancha o galinheiro e, no lugar, ergue-se caco feroz. Arranca a única roseira no canto do jardim. Nem a uma rosa concede o seu resto de amor.
Só o marido e a mulher, sem cachorro, gato, passarinhos, por vezes na
ausência do marido, trá-la um osso ao cão vagabundo que cheira o portão. Engorda a, logo se enternece, incapaz de matá-la. O marido o desmancha, e no lugar, engue-se caco feroz. Arranca a única no canto do jardim. Nem a uma concede-lhe o seu resto de amor. Além do sábado, não saem de casa, o marido fumando cachimbo, a mulher trançando agulhas. Até o dia em que, abrindo a porta, de volta do passeio, acham no pé do marido e no pé da mulher uma carta. Ninguém escreve para o marido e para a mulher, parente ou amigo no mundo. O envelope azul, sem endereço. A mulher propõe queimar o envelope, já sofridos demais. Pessoa alguma pode fazer mal ao marido e a mulher, ele responde.
Além do sábado, não saem de casa, o marido fumando o, a mulher traçando
as. Até o dia em que abrindo a, de volta do passeio, acham-na no pé do marido e no pé da mulher. Ninguém escreve-lhes, parente ou amigo no mundo. Sê-me endereço. A mulher propõe queimá-lo, já sofrido demais. Pessoa alguma pode faze-lhes mal, ele responde.
Não queima a carta, esquecida na mesa. O marido e a mulher sentam sob o
abajur da sala, a mulher com o tricô, o marido com o jornal. A mulher baixa a cabeça, morde uma agulha, com a outra conta os pontos e, olhar perdido, reconta a linha. O marido, jornal dobrado no joelho, lê duas vezes cada frase. O cachimbo apaga, não o acende, ouvindo o seco bater das agulhas. Abre enfim a carta. Duas palavras, em letra recortada de jornal. Nada mais, data ou assinatura. Estende o papel à mulher que, depois de ler, olha o marido. A mulher se põe de pé, a carta na ponta dos dedos.
Não a queima, esquecida na mesa. Sentam-se sobre o abajur da sala, a
mulher com o tricô, o marido com jornal. A mulher a baixa, a morde, com outra os conta, e olhar perdido, a reconta. O marido, jornal dobrado no joelho, lê duas vezes cada frase. O apaga, não o incende, ouvindo a seco bate-las. A Abre. Duas palavras, em letra recortada do jornal. Nada mais, data ou assinatura. O estende a mulher que, depois de ler, o olha. A mulher se põe de pé, a carta na ponta dos dedos.
Fonte: http://www.releituras.com/daltontrevisan_penelope.asp (acesso em 12 de