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E essa foi a única coisa que me fez parar, porque eu não era esse
tipo de garota.
Ela sempre foi magra, mas eu teria a imagem dela naquele dia
gravada no meu cérebro para sempre.
Eu tinha.
— Merda.
Encontrada…
Brooke. Cara.
Cord e Kai tinham cabelos negros nas fotos. O de Tanner era mais
claro e, o de Brooke, é um adorável tom de preto acobreado. O cabelo
de Jonah combinava com o dela, com uma pontada de ondulação
também. O de Tanner era comprido, todo espetado. O de Kai era curto,
onde uma mão podia passar facilmente e cair de volta no lugar,
apenas um toque mais longo do que o cabelo de Cord.
Morte.
— Riley, querida?
Minha mãe…
A diretora latiu.
Eu tentei perguntar a ela com meus olhos, mas ela não estava
olhando para mim. Na verdade, enquanto eu caminhava ao lado dela
pelo corredor em direção à porta, ela engoliu em seco e desviou o
olhar. Ela agora estava ativamente evitando meu olhar.
— Oh.
— Você não deve falar uma palavra disso para ninguém. Você
entende?
O farfalhar parou.
— Alguém? Bueller?
Silêncio.
Silêncio absoluto.
Eu tinha que desviar o olhar, mas não conseguia.
Pensando nisso agora, percebi que tinha sido a primeira vez que
senti medo de Kai Bennett. Houve um desconforto quando Brooke
falou sobre ele, ou porque ela não falou sobre ele. Ela falou sobre Cord,
ela estava orgulhosa dele. Ela se entusiasmou com Tanner e adorava
Jonah. Mas com Kai havia uma tensão. Ela tinha medo dele.
Antes, eu só achei que ela não queria que eu pensasse nele. Eu não
pensei, eu acho. Eu sabia que havia um ar de mistério ao seu redor, e
embora eu tenha tentado não ficar, de uma maneira inversa, eu fiquei
mais fascinada com ele.
Mais fascinantes.
Eu respirei fundo.
Tudo havia parado por um segundo, era como se o mundo tivesse
parado completamente.
Ele sabia o efeito que tinha em mim e não era normal, mas ele
não se importava. Uma onda de constrangimento tomou conta de mim
aquecendo meu pescoço e bochechas, e foi só então que desviei meu
olhar para trazer Brooke para mais perto de mim. Eu não tinha
certeza se estava consolando ela ou a mim mesma.
— Minha filha.
Blade grunhiu.
Eles me encararam.
Houve outra vez, uma que eu não assimilei até mais tarde,
quando ouvi meu pai falar deles e ele estava com medo. Ele estava
no telefone em seu escritório e eu estava passando pela porta. Eu o
ouvi e parei.
Mas houve uma pequena pausa, e essa fora a única vez que vi seu
irmão hesitar.
Seu olhar foi para sua irmã, que ainda estava desarrumada em
uma confusão no chão.
A porta se fechou.
Kai o matou.
Houve um rangido no chão, do lado de fora da minha porta e eu
olhei para cima.
Suspirei.
— Sim? — Eu me endireitei.
Eu balancei a cabeça.
— Eu concordei. Conte comigo porque eu estava de folga fim de
semana passado, mas não será um problema. Eu pego um feriado
mais pra frente.
— De volta, Raven?
Eu fiz uma nota mental para lembrar Carol e Blade para usar o
meu nome falso. Todos nós escorregamos nos últimos nove meses,
começando a usar nossos nomes verdadeiros pela casa. Para eles eu
era Riley. Carol nunca aprendeu meu sobrenome, embora eu
soubesse que Blade sim, mas manter esses segredos era um ponto
estressante durante nosso treinamento.
Então, para eles eu era Riley, porque foi assim que fomos
apresentados quando recebemos nossa designação, mas para todos
em Cowtown, eu era Raven.
Raven Hastings.
Hoje eu (ou Raven) me vesti com uma saia rosa boêmia que caia
aos meus pés, com uma camiseta branca ligeiramente transparente
atada a minha cintura. Graças a Deus era verão, porque eu tinha me
comprometido com esse visual. Agora eu era capaz de usar
sandálias com alças correndo pelas minhas pernas como sapatilhas
de balé.
1
O estilo bohemian, boêmio ou boho nasceu de uma mistura hippie chic de estampas com toque romântico, que remete à década de 70.
ou próximo grande evento, e o próximo que estava chegando era o
Stampede2.
Eu sorri.
2
O Calgary Stampede é um rodeio, conhecido como o maior do mundo, que ocorre todos os anos, de 4 a 14 de Julho na
cidade de Calgary, Alberta, Canadá.
Em algumas casas de repouso, um final de semana completo era
de sexta a domingo, mas não esse lar de idosos. Se trocássemos um
fim de semana com alguém, era apenas sábado e domingo. Então eu
tive que deixar claro que eu queria a sexta-feira também.
— Sim, ok.
Eu ri no telefone.
— Não, Riley.
Ele me encontrou.
Eu olhei.
— Tanner?
— Então dirija.
Eu corri.
Fui com a porta enquanto a abria e meus pés batiam com força
no chão.
Oompf.
Tanner gritou.
Foda-se, foda-se.
— Mer...
Uma sombra se moveu do lado e foi rápida.
Escuridão.
Ele parecia mais velho, mas ele ainda tinha o cabelo loiro
desgrenhado que as fotos de Brooke tinham mostrado na escola. E
esse mesmo sorriso também.
— Foda-se. — eu rosnei.
Kai Bennett, o irmão mais velho que restava, era o novo chefe
da família e queria Brooke de volta em casa.
Esse foi o último dia em que a vi, até as fotos nos noticiários
após seu recente desaparecimento.
Havia rumores na escola depois que Brooke se foi, que Kai teria
matado ambos os rivais. Brooke e eu continuamos a conversar por
telefone e e-mail por alguns meses depois que ela saiu, mas nunca
perguntei. Eu sabia que ela nunca iria me dizer de qualquer maneira,
mesmo que ela soubesse.
Medo escorreu através de mim, expandindo para os meus
dedos enquanto eu olhava ao redor do SUV novamente. Seus irmãos
estavam por trás do desaparecimento de Brooke? Ou, gelo alinhava
minhas veias. Brooke também estava morta?
— Não use esse nome. Isso era para Brooke, não você.
— Tudo que estou dizendo, é para que não deixe sua mente
vagar por todos os lugares escuros e tortuosos que você está indo.
Vamos chegar onde precisamos então, você pode abraçar todas as
acusações.
— Você verá.
O que era isso? Tanner estava flertando? Não, essa era apenas
sua personalidade. Brooke tinha falado sobre como ele era um
jogador, mesmo naquela época. Parecia que isso não mudara. De
certa forma, me acalmou um pouco, encontrar algo conhecido. Algo
pelo menos meio familiar.
Mas eu tinha que saber. Sentindo minha garganta raspar, eu
disse:
— Você não é diabética. Você não era quando tinha doze anos e
não tem como ter o tipo 2 desde então. Pare de insultar minha
inteligência.
Bem, então.
Eu engoli em seco.
Ele assobiou quando saiu pelo seu lado. Sua porta se fechou e o
guarda seguiu-o enquanto se dirigia ao edifício.
Graças a Deus.
Eles ligaram para o dono ou para o gerente. Quem quer que ele
fosse se movia com propósito e familiaridade, quando começou a
pegar tudo.
Meu pai também era poderoso e perigoso, mas ele nunca teve
uma configuração como essa. Ele não poderia ter permitido isso e
também não tinha necessidade de tanto. Eu o odiava, mas ele não
tinha os inimigos que a família Bennett tinha. Possuir seu negócio
de caminhões, não era lucrativo o suficiente para colocá-lo no nível
dos bilionários. Nem mesmo perto.
— Riley.
MERDA!
Ninguém olhou.
Eu o odiava agora.
Ninguém mais fez minha pele se arrepiar com nojo, exceto meu
pai. Kai Bennett e Bruce Bello eram cortados do mesmo tecido.
Mais um pouco.
Porra, um quinto bipe.
Merda.
Com prazer.
Meu pessoal estava lá fora, mas eu não tinha ideia de como eles
chegariam a mim. Um sentimento de desesperança se filtrou até que
reprimi isso. Eu não teria isso. Eu só tenho que chegar até eles de
alguma forma.
— Aqui.
Um som de destravamento clicou e uma porta se abriu para nós.
Nós entramos e eu sabia que essa era minha prisão.
— Vai pular?
Eu não conhecia esse cara. Por que eu reagia a ele desse jeito?
Era isso?
— Então é você?
Eu não o ouvi se mover, mas sua voz estava mais próxima. Virei-
me novamente para encontra-lo completamente vestido, vestindo
um par de calças de moletom cinza escuro que moldava a sua
metade inferior do jeito que sua camisa fazia com a parte de cima.
Faça-os subestimá-la.
O maldito chão.
Esse cara, ele não merecia que eu olhasse para baixo diante
dele.
Eu estava congelada.
Eu me sinto doente.
— Aquele foi o dia que você decidiu sair, não porque ele matou
sua mãe e não porque você sabia que seria a próxima, mas porque
eles lhe contaram a verdade real. — Seus olhos brilharam para mim,
uma emoção sem nome ali. — Sua mãe ainda estava viva.
Eu balancei a cabeça.
— Mas eles...
Eles odiavam meu pai e o culparam por sua morte. Eu sabia que
eles sabiam.
— Não. O que você está dizendo? Minha tia odiava meu pai.
Ele falou no mesmo tom que ele usou quando me disse para
deixar Brooke sozinha.
Ela está bem. Sua tia está morta. Ambas as declarações não
significavam nada para ele.
— Foda-se você.
Eu não sentia essa emoção há muito tempo, não desde meu pai.
— Espere. — Eu tinha que saber. Assim que Tanner estava
prestes a me tirar do apartamento de Kai, voltei. — Como?
— Eu vou mata-lo.
Eles sabiam.
Eles sabiam sobre a rede 411, o que não era bom. Na verdade,
era muito ruim. A Rede 411 era uma organização que escondia
pessoas que não poderiam sobreviver de outra forma, aquelas
mulheres e crianças e, às vezes, homens, que não são protegidos
pelo sistema legal, por policiais ou qualquer outra pessoa, então nós
entramos. Nós os escondemos, às vezes, fazendo parecer que eles
estão mortos.
Eu estava caindo.
Tanner estava me levando para o seu quarto... até que não. Nós
voltamos pelo mesmo conjunto de portas que eu tinha entrado
anteriormente. Preto e dourado giravam em torno de mim enquanto
eu tentava ver onde estávamos. Entramos em um quarto nos fundos
e ele me deitou naquele cobertor felpudo de pele de carneiro.
Reconhecendo as portas da sacada de vidro atrás dele, meus dentes
começaram a ranger.
Por que alguém tão malvado tem que ser tão bonito?
Eu bufei.
Observe seu tom, Riley. Você esquece com quem está falando.
— Eu sinto muito.
Outro passo.
Ele se agachou ao lado da cama, então ele estava no meu nível
e agora eu podia vê-lo. Ele saiu das sombras e eu vi como seus olhos
eram ferozes. Eles ardiam de raiva e determinação.
— Eu sei que você sabe onde ela está, mas não se preocupe. Se
você não me disser, conheço outros que vão. — Ele se levantou
abruptamente e voltou para a sala principal.
Fui eu. Eu sabia que era eu, mas não ouvi dessa maneira. Ouvi
alguém gritar de longe, embora eu fosse a única que tinha a boca
aberta, a única que começou a vomitar ali mesmo no chão.
— Riley
— Você sabe onde minha irmã está. Eu sei disso. Você sabe
disso. Talvez até estes quatro saibam, por isso vou te dar uma opção.
Você me diz onde ela está e eu deixarei seus amigos irem. — Sua
cabeça inclinou para o lado. — Eu vou deixá-los viver, se você me
disser agora onde ela está.
— Oh meu Deus. Eu não... Eu juro que não sei onde ela está —
solucei.
Ele ia morrer.
O Hider parou, chegando à mesma conclusão e seus olhos
encontraram os meus, uma contestação implacável ali. Eu senti isso
dentro de mim. Ele estava com medo, tão assustado, mas calmo.
— Por favor, Kai! Por favor. Meu Deus. Por favor! Eu não sei. Eu
juro que não sei. Por favor, não o mate...
— Você mente.
Até agora.
Isso não era o que ele deveria fazer, mas eu não podia contar a
ele meu treinamento em EMT³. Ele me levou de volta para seu
quarto e nós afundamos na cama, seu corpo inteiro em volta de mim
para me impedir de machuca-lo ou a mim mesma. Quando ele ouviu
meus dentes batendo juntos, ele pegou um travesseiro e enfiou na
minha boca, então afundou de volta e me segurou imóvel.
— O quê?
Brooke
Ela era outra peça do quebra-cabeça.
Bem, merda.
— Do outro lado.
— Aqui!
— Uau.
— Eu fiz. Eu pensei que tinha feito. O que você quer que ela
coma?
— O quê?
A geladeira se abriu.
Sua pele era um tom ligeiramente mais escuro, mas ele tinha o
mesmo cabelo preto, olhos escuros e lábios cheios que todos os
Bennetts tinham. Seu cabelo era um pouco mais enrolado e ele
parecia mais jovem, ou talvez fosse a gentileza que eu sentia dele.
Ele tinha um rosto de bebê também, com uma suavidade em sua
pele.
— Jonah? — Eu perguntei.
— Ei.
— Uh... talvez?
Eu empalideci.
— Não!
— Ei, Marco?
— Pode ir. Ela não vai sair e logo Jonah estará de volta. Estamos
bem.
— Hummm-hummm.
Eu olhei.
Ele bufou.
— Por favor. Você pode dizer ao primeiro-ministro que foi
sequestrada e nada aconteceria. Você conhece o seu trabalho e sabe
que nossa família não pode ser tocada.
Eu zombei.
Fodam-se. Eles.
Eu tinha três maneiras de sair.
— Sim. Obrigada.
Eu tinha certeza que ele pretendia dormir comigo. Era por isso
que eu estava no quarto dele? Ele não pressionou antes e eu não
tinha considerado isto. Tanner não fizera nenhum movimento e
Jonah também não. Os guardas eram todos respeitosos. Não houve
comentários obscenos, nenhuma sugestão de nada sexual. Mas tudo
isso foi feito depois desta noite?
O sentia do outro lado da porta. Mais uma vez não houve som
algum, eu não vi a sombra dele, mas sabia que ele estava lá antes de
falar.
Meu corpo se inclinou para ele, como se ele fosse o abrigo para
mim nesta tempestade.
Mas.
Funcionou.
Os olhos de Kai bateram nos meus e, embora ele não se
mexesse, senti-o se afastar. Uma parede deslizou entre nós.
— Sim, seus amigos estão vivos. Sua rede foi notificada sobre a
captura deles, junto com a sua.
Seu tom era suave, mas enviou calafrios nas minhas costas.
— Seu amigo não sabe onde você está e sua cooperação não é
mais necessária. Sua rede está procurando por Brooke para nós,
para ter você de volta.
Sua mão foi para o meu rosto, seu polegar no meu lábio inferior.
Ele o contornou e eu não pude reprimir um arrepio.
— Ela acha que eu vou, mas não. Ela correu com a suposição
errada em sua mente. Isso é tudo que posso dizer.
— Por quê?
Faz seis meses que não faço sexo. Havia isso também.
Eu estava atraída por Kai Bennett. Não importava quem ele era
e isso era apenas a verdade. Depois da noite passada, sentindo meu
corpo querendo ir até ele enquanto minha mente gritava para eu
ficar longe, essa era a única explicação que eu poderia justificar. Eu
era fraca e não desejava um homem desde aquele encontro do
Tinder. E mesmo o efeito daquele cara em mim, foi mínimo
comparado ao de Kai Bennett.
Eu tinha que recuar. Eu tinha que erguer paredes entre ele e eu,
porque eu sabia o que precisava fazer. Os primeiros nomes não
faziam parte disso. Os nomes não faziam parte disso. Ele era irmão
de Brooke. Ele era o motivo pelo qual ela correu. Ele era o assassino
de Cord e o assassino do pai deles.
Assassino. Homicida. Ele era um desses também.
Era por isso que fazemos o que fazemos, mas quando abrimos
as portas, às vezes, eu não sentia nada pelo sobrevivente. Eu não
sentiria nada, até que já tivéssemos levado eles aonde precisavam
ir. Geralmente era na volta para casa que minha humanidade voltava
para mim.
O carro estaria em silêncio, eu na parte de trás, ou ao lado de
Carol ou Blade na frente, e eu iria ofegar quando ela voltasse.
Era o meu próprio ódio, mas permiti que ele se espalhasse para
além de mim.
Eu não poderia pensar. Se eu fizesse, não funcionaria. Ao redor
da cama, fiz o que prometi fazer há dois dias atrás.
Eu levantei a faca...
— Fique aí.
Eu me sentei.
Brooke? Não.
— Riley
— Vista-se.
— Não comece.
3
Um técnico médico especialmente treinado e certificado para prestar serviços básicos de emergência (como ressuscitação
cardiopulmonar) antes e durante o transporte para um hospital
sua jaqueta para ajustar alguma coisa. Então ele colocou sua bolsa
por cima do ombro.
Tanner e eu o observamos.
— O quê?
Foda-se
Não havia mais nada que eu pudesse fazer. Eu não sabia o que
dizer e um som gorgolejante emergiu da minha garganta. Engoli em
seco, envergonhada.
A maneira como ele disse isso, eu poderia dizer que não era
uma ideia nova para ele.
— Isso é o que você ia fazer com ele? Eu pensei que você disse
que iria matá-lo.
Deus.
Houve silêncio.
Um minuto inteiro.
— Você quer matar seu pai. Admita isso, pelo menos para você
mesma. Assim como você quer me matar metade do tempo.
Bem, então.
Tanner deve ter falado por mim, porque Kai me permitiu ir com
ele e Jonah quando saímos do posto de gasolina. Eles me contaram
histórias sobre Brooke, a partir de quando ela saiu de Hillcrest e
continuou antes de desaparecer. Eu sabia que eles pulavam as
partes ruins, como a morte de seu pai ou o que quer que tenha
acontecido que levou Brooke a desaparecer, mas foi legal ouvir
sobre ela.
Parecia que minha velha amiga estava de volta comigo e ela era
tão vivaz e aventureira quanto era comigo na escola. Tanner contou
a maioria das histórias, com Jonah entrando. Ele falou rapidamente,
parecendo animado por poder acrescentar algo à conversa. Mas
Tanner era claramente aquele com o relacionamento mais próximo
com ela.
— Certo.
Eles estavam falando sobre ela como se ela estivesse morta, não
em outro lugar.
— Mesmo?
Por quê?
O que aconteceu?
Pergunte a eles!
Por favor, não cale a boca agora. Por favor, não se lembre que
eu sou a inimiga e me deixe de fora.
Droga.
Ele estava progredindo e depois nada. Uma porta bateu,
parando o fluxo.
Senhora? Mesmo.
— Mas...
A porta se fechou.
Esse cara, eu queria gritar com ele, brigar com ele. Eu queria
dizer que o que ele estava fazendo não era bom e eu tinha muito o
que me preocupar.
— O que... — Isso não fazia sentido. — Por que você faria isso?
Eu balancei a cabeça.
— Por que não é verdade, é o que você quer dizer? É o que você
está dizendo.
— Deixar os outros Hiders sair não foi para a sua rede. Foi para
uma pessoa na sua rede.
Para…
— Para Blade.
Por que…
Foda-se ele.
Não houve julgamento sobre o que ele havia dito. Ele falou
comigo como se estivesse educando um aluno, preenchendo-me e
deixando-me saber o que esperar dele.
Ele me disse que eu era uma surpresa para ele na noite passada.
— Estamos em Kelowna.
Eu só disse: — Oh.
Ele sorriu.
Dei de ombros.
Ele riu.
Kai olhou e os viu, mas se virou para mim. Ele abaixou a cabeça,
aproximando—se e todos os outros foram empurrados para o lado.
Era apenas nós dois.
— Você afirmou repetidas vezes que não sabia onde está minha
irmã. Isso é o que eu não acredito. Você sabe onde ela está. — Ele
recuou e, quando voltou a falar, o tom combinava com seu olhar,
ambos repentinamente frios e calculistas. — Minha irmã não está
aqui, mas vai ser divertido descobrir como seu amigo acha que ele
pode me enganar.
Eu quase tropecei nos meus pés, mas não consegui ir até lá. Eu
não conseguia pensar em Brooke, ou Blade, ou o que ia acontecer a
seguir. Se eu pensasse, eu faria algo para me matar. E eu não podia
fazer isso. Ainda não.
As portas se abriram.
Ele falou atrás de mim. Ele estava perto, mas eu não sabia o
quão perto estava. Eu não olhei para ver.
Eu me senti presa.
E desamparada.
— A menos que você pense, como eu, que seu amigo está
mentindo para nós?
Duas horas.
Como eu poderia?
Algo ia acontecer e ia ser muito ruim. Eu senti isso no meu
âmago. Quando ouvi Kai abrir a porta do outro lado da suíte, sentei
na minha cama. Eu o senti vindo em minha direção, literalmente
senti-o. Não houve sons. Nenhum aviso, apenas um fio de energia
que se espalhou pelo meu corpo. Eu levantei, indo para a porta,
assim como eu sabia que ele estava do outro lado.
— Riley.
— É hora de ir embora?
Eu já sabia que era. Passei meu olhar sobre ele, tentando limpar
a nuvem de possessão que senti por ele.
Eu precisava me controlar.
Ele sabia. Ele sabia muito bem que poder ele tinha.
Mordendo minha humilhação, esvaziei a bolsa na cama. Um par
de calças e uma camisa parecida com a que eu tinha caíram. Tênis
negros. Meias. Ele tinha tudo aqui, até um sutiã esportivo e roupa de
baixo.
Mesmo?
Tanner.
Idiota.
Merda.
De pé atrás, eu me reconheci, mas não o fiz ao mesmo tempo.
Dupla merda.
Blade. Brooke
— Pronta?
Eu olhei para Kai, mas ele olhava para frente. Ele não parecia
tenso. Sua respiração estava quieta. Ele não estava com sono, mas
ele parecia calmo. Então, novamente, por que ele não estaria? Isso
era provavelmente algo que ele fazia uma vez por mês.
Ou mais.
Kai pegou meu braço e nos manobrou para que ele ficasse na
minha frente, de costas para onde estava seu guarda. Eu estava de
costas para os elevadores agora.
Eu olhei para ele, sentindo sua mão apertar meu braço antes de
me soltar.
— O quê?
— Eu sei que você teve treinamento para o seu trabalho. Eu sei
que você pode lutar e se controlar. — Ele se aproximou, seu olhar
penetrando no meu. Seus olhos estavam aquecidos, queimando com
promessa. — Sou melhor que você.
Eu quase ri.
— Você está falando sério? Você quer fazer todo um jogo de que
eu sou melhor que você...
Eu engoli em seco.
— Ok.
Eu não ousei.
— Ok.
Foi isso.
Eu fiquei chocada.
Lá, do outro lado do lote, estava Blade. Ele estava muito longe
para ver que não era realmente eu enquanto ele saía do caminhão
Chevy. Fiquei impressionada que a lata velha tivesse feito todo o
caminho, e me disse que ele estava fazendo isso por conta própria.
A 411 não sabia disso. Se eles soubessem, ele estaria em um SUV.
Ele fez uma pausa, segurando o braço até a testa para sombrear
seus olhos. Ele viu Tanner e ela, depois foi até a porta do passageiro.
Abrindo, uma garota saiu, uma garota... Ela parecia Brooke, mas não
podia ser. Ele não teria feito isso. Eu conhecia Blade. Não importa o
quanto ele poderia me querer de volta, ele não trocaria alguém que
estivesse se escondendo por sua vida.
Parecia a Brooke.
Eu corri para frente, mas não havia nada que eu pudesse fazer.
Eu precisava.
Eu balancei a cabeça.
— Não, não. Não meu amigo. Você a quebrou. Você quebrou sua
palavra. Você nunca disse que levaria meu amigo. Você... — Deus. Eu
era tão idiota, mas sabia o que ia fazer.
Eu estava louca.
— Merda!
— Argh!
Eu caí, meu corpo ficando mole, mas assim que eu bati no chão,
rolei para o lado.
Isso foi tão ruim, tão ruim. Eu não conseguia me afastar assim,
então quase em um movimento, eu tentei me levantar e correr para
ele.
O guarda vacilou.
— Tem certeza?
— Mulher. Pare.
— Nunca!
Ele assentiu.
— Eu não vou machucá-lo.
Eu amaldiçoei.
Eu não sabia quem era a mulher. Ela não parecia com Carol. Ela
era mais alta, tinha uma estrutura óssea maior que a de Carol.
Eu o segurei e girei.
Eu engoli em seco.
Isso não ia acabar bem, mas tendo dito isso, ninguém havia
morrido. Ainda.
— Ninguém.
Eu fiz uma careta. Ela não era ninguém, mas ele me deu uma
segunda olhada significativa e oh agora ele queria esperar até mais
tarde para falar. Eu revirei meus olhos. Bem. Eu cresci acostumada
a andar longas horas em silêncio.
Mas desta vez nós só viajamos uma hora e meia antes que a van
estacionasse em uma estrada de cascalho, depois parou. A porta de
um grande armazém se abriu e nós dirigimos para dentro. A porta
do armazém fechou ao mesmo tempo em que a porta da van se
abriu. Três guardas estavam lá para nos cumprimentar.
Então esperamos.
Minutos passando.
Adormeci.
Não era uma questão, uma declaração de fato. Era Kai falando e
ele parecia confuso.
Uma cama fora feita ali e havia outra garrafa de água e algumas
bolachas esperando.
Blade olhou para mim do outro lado da sala, mas não estava tão
quente quanto antes.
— Não! NÃO!
Eu menti.
Ele calou a boca e uma transformação veio sobre ele. Ele estava
com raiva. Eu vi o vapor subindo e não fiquei surpresa quando ele
se livrou das mãos dos guardas. Eles chegaram mais perto, mas ele
encolheu o corpo.
Ele assentiu.
Eu sussurrei de volta
Eu parei.
Isso não...
Ele assentiu.
Ela o recrutou.
Não importava o que Kai dissesse, eu sabia que não havia uma
bolsa de sangue para esta. A mulher estava morta. Sangue jorrava
da testa dela.
Kai permaneceu sobre ela, a arma na mão. Ele foi quem atirou
nela.
Então a porta se fechou na minha frente.
— VAMOS!
Nós corremos.
Meu coração estava no meu peito, mas quando eu voei para trás
do meu parceiro 411, eu larguei a mulher que eu estava me
tornando perto de Kai Bennett.
Somente.
Se mantenha.
Indo.
Certo?
— Vamos. — Ele fez sinal para isso. — Eu sei que não é ideal,
mas precisamos de uma pausa da chuva. Pelo menos por um tempo.
Eu balancei a cabeça.
Bem em nós.
Ah Merda.
Oh meu Deus.
Ele continuou e essa câmera continuou rastreando ele. A
segunda estava se movendo, varrendo as árvores. Estava
procurando por mim.
— Eu não posso.
— Não, Riley!
— Eu vou lidar com ela. — disse ele. Ele acenou para Blade. —
Pegue-o.
Kai pegou meu braço. Ele me levou para outro SUV enquanto o
outro se afastava em alta velocidade.
Ele terminou o que quer que tivesse que fazer em seu telefone,
guardou-o e depois pegou um cobertor atrás dele.
Não havia raiva. Não havia quase nada em seu rosto, mas não
havia a parede que eu me acostumara a ver.
Sem olhar para mim, ele descansou a cabeça contra seu assento.
Sem hesitação.
— Sim.
Por que ele estava me dizendo isso? Isso era mais do que eu
precisava saber.
Então eu soube.
— Você colocou uma escuta em mim? Você ouviu Blade me falar
sobre ela, não é?
Eu me acalmei.
E então...foda-se.
— Sim.
Uma pausa.
Eu senti ele me observando, mas eu me recusei a olhar para ele.
Recusei-me a procurá-lo no reflexo da janela.
— Seu amigo disse que sabia onde Brooke estava. — disse ele.
— Ele não conseguiu trazê-la. Ele não cooperaria e responderia às
nossas perguntas. Nós tínhamos duas opções: colocá-lo em uma
situação onde ele mostraria suas cartas de bom grado ou o faria pela
força. Eu prometi não machucar seu amigo, então escolhi esse
caminho. Eu faria de novo.
Nós não voltamos para o hotel e eu não tinha ideia para onde
eles levaram Blade. Nós dirigimos até outra casa enorme e eles me
levaram para minha própria ala. Sim. Ala. Novamente. Não era a
mesma casa, mas quando saí para outra sacada, bem acima de outra
queda que desafiava a morte, reconheci onde estávamos: sua
propriedade em Vancouver.
Ela falou sobre isso com muito carinho. Ela também havia
falado sobre o escritório de seu pai, embora, quando o fez, não
houvesse calor em sua voz. Houve medo. Ele conduzia seus negócios
naquela sala, que tinha sua própria entrada.
Ela falou sobre a quadra de tênis, sobre natação, sobre o rio. Ela
mencionou o escritório do pai. Certa vez, ela mencionou ter visto um
homem entrar pela porta lateral.
A minha não tinha sido assim. Houve riqueza, sim, mas tudo foi
ofuscado pelos meus pais, pelo meu pai. Eu dormi no corredor na
maioria das noites, um cobertor comigo e nada mais. Eu tinha que
voltar para o meu quarto todas as manhãs.
Talvez eu devesse.
Eu olhei do sofá.
— Sim?
Já fazia três dias que fugi dele. Eu não recebi nenhuma palavra
dele desde então.
Ele parecia bem.
Suspirei.
Eu odiava admitir isso, mas era bom vê-lo. Foi bom ver alguém,
falar com alguém. Os guardas não contavam. Embora eu tenha
pensado em tentar conversar com eles.
Ok.
4
Roupa de renda: podendo ser body, blusa, top, combinação, etc.
Eu estava muito longe da agente da Hider que vestia roupa de
ginástica, roupa de passeio ou qualquer outra roupa que o meu
disfarce me dissesse para vestir.
E se.
Eu estava feliz com Blade e Carol, mas estar aqui, voltando para
este mundo, um pequeno e se começou a criar raízes em mim. Não
era por causa do —e se— da Brooke ficar na escola, ou de como foi
crescer com a família Bennett. Era como se meu pai tivesse sido um
homem diferente, se minha mãe não tivesse sido abusada por ele, se
eu não tivesse tido medo de morar em minha própria casa, e se.
Como teria sido a vida se eu tivesse uma família normal?
Eu era boa.
Eu não sabia ao certo para onde ia, mas andei na direção geral
da parte principal da casa. Dei a volta no corredor, chegando ao
patamar do segundo andar e fui até a escada. Eu podia ouvir os sons
de panelas na cozinha, que estava atrás das escadas. O layout era
parecido com a outra casa e entrei me sentindo um pouco mais à
vontade.
Ele também.
— Obrigada.
Uma onda de nervosismo me atingiu de novo e tive que parar e
respirar para me acalmar. Não funcionou. Eu estava ainda mais
nervosa.
Fiquei feliz pelo pequeno favor e alisei a mão pela minha frente.
Às vezes isso ajudava. Não esta noite. Comecei a pensar que nada
iria me acalmar até que Kai voltasse, com um copo cheio de vinho
tinto na mão.
Ele segurou.
Eu balancei a cabeça.
— Obrigada. Perfeito.
Ele recuou.
— O quê?
Eu adorava ser uma agente da Hider. E isso não era este mundo.
Nunca seria.
Bem aí.
— Uma proposta?
— Você deixou?
Oh Deus.
Faz sentido, foi assim que ele me encontrou, como ele sabia que
Blade estava agindo por conta própria.
— Sim, eu tenho.
Isso não ajudou. Eu já sabia disso, e por isso não ajudou. Eu senti
uma picada de traição. A rede era sagrada. Ninguém deveria ser
comprado. Nós éramos todos puros. Isso é o que eu pensava. Isso é
o que eu acreditei esse tempo todo.
Olhando para Kai agora, ele era ruim. Mas desde que eu fui
raptada por ele, as linhas se tornaram mais e mais borradas. E agora,
ouvindo que havia alguém na Rede trabalhando para ele, a fúria
queimava dentro de mim.
Ele fez uma pausa. Seus olhos estavam firmes nos meus.
— Ok.
— Brooke fugiu, mas ela não estava sozinha. Ela fugiu com seu
namorado, um membro de uma família da máfia de Milwaukee, Levi
Barnes. Ele não está na fila para assumir os negócios da família, mas
está conectado a eles. Seu pai é o mais novo dos filhos de Mildreth
Barnes. Brooke fugiu com ele porque ouviu uma reunião em que me
disseram que Levi estava informando sobre sua família ao FBI.
O gelo correu pela minha espinha. Ela não estava com medo por
sua vida. Ela estava com medo pela vida de seu namorado. Tudo faz
sentido agora.
— Entendo.
— Você não entende. — Ele se inclinou para frente, movendo-
se sem emitir um som. A cadeira não rangeu. Não havia mudança
nas tábuas do assoalho. Se eu não tivesse visto, nunca o teria ouvido.
Havia uma qualidade quase fantasmagórica na maneira como ele se
movia às vezes. Silencioso. Perseguindo. Caçando.
Claro.
—… mais insegura ela está. Ela é uma Bennett. Você acha que
eu sou o único procurando por ela? Eu tenho inimigos que
adorariam cortá-la em pedaços, enquanto ela estiver viva e gritando
meu nome e gravando tudo para o prazer doentio deles.
— Por favor.
Eu balancei a cabeça.
Ele não estava olhando para mim. Seu olhar estava travado na
mesa, mas eu sabia que ele não estava vendo o que estava
fisicamente na frente dele. Seus dedos apertaram a garrafa que ele
segurava na frente dele.
— Anthony Bennett era um pai sádico. — Ele estremeceu. Sua
mão se contraiu e sua cabeça tremeu ligeiramente. — Ele era
obcecado pelo poder e Cord estava chegando à idade em que ele
deveria começar a assumir algumas das responsabilidades da
família. Nosso pai não queria que isso acontecesse. Ele sabia que
Cord era gentil, fraco aos seus olhos, mas ele via como os outros
reagiam a ele. Eles gostavam dele. Eles aprovavam ele e a verdade é
que eles queriam uma mudança do governo de nosso pai. Anthony
Bennett não aceitaria. Ele viu anos no futuro, onde Cord teria
assumido o negócio. Ele teria matado nosso pai. — Seus olhos eram
tão sombrios. — Esse é o caminho da nossa vida. Então ele se livrou
de Cord primeiro.
Brooke não estava falando sobre o outro irmão dela. Ela quis
dizer seu pai.
Ele matou para trazer algo de bom para a vida de Brooke, para
toda a sua família.
Ele não era o assassino implacável que eu pensei que ele tivesse
sido. Ele se importava. Ele a amava. Ele sentia dor.
— Eu sinto Muito...
Ele sabia.
Eu não conseguia.
— Riley!
Agente de bloqueio.
Eu me endireitei.
— Riley?
Eu fui embora.
3:00 da manhã
TOC, Toc!
Eu não pensei.
3:30am.
6:00 da Manhã
Eu balancei a cabeça.
— Tenho certeza.
Não foi nada físico. Foi emocional. Eu podia ver Kai, ver Tanner
e Jonah quando eles entraram na sala, mas eu estava perdida no
fundo da minha mente. Uma força diferente estava encarregada do
meu corpo e a única coisa em que eu conseguia pensar era em não
desistir da minha tarefa.
— Eu preciso ir ao banheiro.
— Claro.
Eu me assustei.
Ele não esperou. Ele deu dois passos, suas mãos deslizaram em
meu cabelo e ele segurou minha cabeça. Ele chegou perto,
intimamente perto, seus olhos fixos em meu rosto. Procurando.
Questionando. Como se meu estado mental o tivesse traído.
Ele não estava com raiva de mim. Eu senti isso. Ele estava com
medo de mim.
Essa percepção abriu uma comporta em meu peito. Eu
desmoronei antes que percebesse e fechei meus olhos, lágrimas
escorrendo pelo meu rosto enquanto me inclinava em seu peito.
— Não. — Eu solucei.
— Não. — Eu me afastei.
— Como?
— Eu não sei.
Suas narinas se alargaram, mas essa foi sua única resposta. Sua
cabeça estava baixa.
Eu não podia olhar para ele, não com o que estava prestes a
dizer, porque isso destruiria uma parte de mim.
Eu balancei a cabeça.
— Você tem que me dizer onde você pensa que ela está.
Houve um incômodo.
Eu balancei a cabeça.
— O quê?
— Por que ela iria até você para se esconder se o governo dos
EUA a estivesse escondendo também? — ele perguntou.
Eu não me mexi.
A porta não estava aberta antes que Kai a fechasse. Quem quer
que estivesse vindo em minha direção estivera na ala o tempo todo.
Eles ouviram tudo.
Não Kai
Eles não falaram sobre ele e eu não perguntei. Nós agimos como
se fôssemos amigos fazendo uma maratona de filmes. Eles pediram
pizza, ou alguém fez isso. Apenas apareceu, carregado em bandejas
com qualquer coisa que eu quisesse beber.
— Que horas são? Eu sinto que posso dormir por uma semana.
Jonah franziu a testa, outro bocejo ocioso vindo sobre seu rosto.
— Você parece chateado com isso. Por que você está chateado?
— Sua sobrancelha subiu. — Eu salvei sua bunda algumas vezes.
Ele salvou?
Tanner rosnou.
Tanner riu, rolando para se esticar no sofá. Seu rosto bateu nas
almofadas mais uma vez.
Tanner não sabia que ele estava lá até que Jonah agarrou uma
de suas pernas e puxou.
Jonah se preparou.
— Foda-se isso.
— Foda-se você.
Não. Mentira.
Eu não pude parar até que Tanner tivesse saído da sala e Jonah
pegasse sua bolsa. Ele trouxe junto com um copo de água. Tomei um
gole e isso ajudou a aliviar a tosse. Ele tirou um xarope para tosse e
deu para mim. Eu recuei contra o sofá, sentindo meu peito fraco.
— Está bem. Eu acho que nós dois nos esquecemos que você
estava aqui, na verdade. Nós não lutamos assim sempre.
Uma pausa.
— Respiração profunda.
Eu respirei fundo.
— Expire. Lentamente.
Eu exalei. Lentamente.
— E outra.
Eu tentei ignorá-lo.
— Ela estava. Você acha que ela ficou doente com isso?
Será?
— Ok.
Kai os ignorou.
— Certo.
O último a sair foi Tanner, um tom áspero em sua voz, mas ele
seguiu Jonah. Jonah deixou a bolsa com seus equipamentos médicos
no balcão da cozinha e eu os ouvi indo para a porta.
Eu engoli um nó.
Eu encontrei.
— Nós o encontramos. Eu disse a eles para não se mexerem,
caso ela esteja lá. Eu preciso ser o primeiro a ser visto por ela. Ela
tem que ver que não vou fazer nada para prejudicar o namorado
dela.
— Não.
Outro aperto.
— Sim.
— O quê?
— Posso entrar?
Deus.
Ele fechou a porta com um clique suave, mas não avançou. Ele
permaneceu ao lado da porta, a cabeça baixa, as mãos nos bolsos, os
ombros curvados para frente.
Um avião?
— E se sua irmã não estiver com ele, você ainda vai levá-lo. Só
ele. — Minha boca se abriu. Minha garganta se contraiu.
— E você vai usá-lo para forçar sua irmã a vir até você. Certo?
— Eu não esperei por sua resposta. — Como? — Falei essa palavra
como uma exigência, andando em direção a ele. Minhas mãos se
fecharam em minhas pernas. — Como você vai deixá-la saber que
você está com ele?
Eu o queria.
Eu ofeguei e ele deslizou a mão sob meu short de pijama até que
descansou sobre o meu clitóris. Eu fui às alturas ao seu toque, minha
cabeça caindo para trás, tudo em mim começando a tremer.
Eu estava me contorcendo.
Santo inferno.
Sua boca tomou mais, saboreava e dava ao mesmo tempo. Ele
me comandou, tomando posse de mim, mas depois ele recuou e
suavemente roçou meus lábios.
Eu engoli um gemido.
— Kai!
Sua palma roçou meu clitóris. Ele esfregou contra ela, seus
dedos finalmente, finalmente se movendo. Deslizando para fora,
depois empurrando.
Meu corpo ficou mole. Eu era uma poça em seus braços. Cada
osso em mim tinha derretido.
Meu olhar foi para suas calças, para a protuberância lá, a que eu
senti debaixo de mim, esticando.
Eu sentei de volta.
— Eu vim aqui esta noite para pedir-lhe para vir comigo. Eu não
costumo voar com os entes queridos e você está incluída lá.
Eu o quê?
— Entendi.
— Nova York.
Claro. Eu bufei.
— Você virá?
— Ninguém. – Ninguém.
— Quais seus planos? Qual é o seu objetivo final aqui?
— Não.
Eu permaneci quieta depois de dar a Kai minha resposta.
— Bem. — Ele falou. Sua mão caiu do meu rosto. Seu calor saiu
do meu lado. Não havia peso reconfortante na cama comigo.
— O quê? — Eu coaxei.
Eu engoli em um nó duro.
Ela assentiu.
— O quê?
Oh Deus.
Desta vez, Jonah ficou atrás de mim, uma bebida na mão. Ele
estava vestido muito parecido comigo, em um moletom, mas com
suores no fundo.
— Você terá que ir até ele. Ele foi notificado de que você mudou
de ideia, mas a decisão tem que ser sua. Totalmente. Ele vai esperar,
mas não por muito tempo. Ele vai sem você, então decida rápido.
Caso contrário, os próximos veículos sairão em seis horas. Nós
vamos levá-la de volta para sua outra vida.
Ei.
Eu: Quem é?
Blade.
Eu dei uma olhada em Kai, mas suas costas ainda estavam
viradas para mim enquanto ele falava com o piloto.
— Ei.
— Ele sabe.
— Ele sabe?!
— Eu disse a ele.
Blade suspirou.
— Eu não sei que jogo você está jogando com ele, ou se é isso
que você está fazendo ou não. Apenas... esteja segura, ok?
— Você não disse a ele que estávamos indo para Nova York? —
Kai perguntou.
Eu parei.
Kai franziu a testa, mas, como eu fiz no carro, liguei meus fones
de ouvido, prendi meu cinto de segurança e me acomodei na cadeira.
— Touché.
Eu não sabia como lidar com esse Kai. Ele estava sorrindo. Ele
era gentil. Ele estava... não sendo calculista ou implacável, ou
segurando o assento em um aperto de morte.
Especificamente? Espere.
Outro grito.
— Não. O homem.
O homem?
Medo por Kai passou por mim, mas meu treinamento também
deu certo. O que quer que estivesse acontecendo, deixar o homem
ficar no controle era a coisa errada a fazer.
Eu era idiota.
Eles tinham uma chance melhor de lidar com isso, mas onde
estava Kai? Ele já tinha sido ferido? Como isso aconteceu?
A cortina se moveu um centímetro e eu quase engasguei
quando vi um dos guardas me observando. Ele balançou a cabeça
também. Seu rosto estava mortalmente sério.
— ...você quer.
Ele deve ter uma faca ou uma arma se eles não estavam
avançando sobre ele. Deus. Que arma? Estava apontada para Kai?
Um baque.
— DEVE.
— MORRER!
Pulando para cima, olhei para ter certeza, e estava certo. Todos
eles avançaram sobre ele.
— AGH!
Eu não pensei.
Eu tirei minha mão da dela e corri para fora, indo para o meu
lugar e me encolhendo para me esconder. Eu poderia olhar em volta,
apenas uma olhada.
Foi quando vi que Kai usava luvas. E ele estava vestindo uma
jaqueta, não uma que eu reconheci de antes.
O homem não tinha uma jaqueta. Ele usava apenas uma camisa.
— Não. Não. Por favor, não. — repetiu ele. — Não faça isso.
— Não, não, por favor, não. Não faça isso. Não, não, por favor,
não. — Ele falou mais rápido, as palavras se acertando até que ele
olhou para cima e me viu. Ele parou de falar.
Kai olhou.
Kai deu um passo para trás para lhe dar espaço, recuando
novamente, enquanto o homem se levantava.
Ele não me machucaria. Ele não podia. Kai não deixaria isso
acontecer.
Até mesmo Jonah, até mesmo Brooke. Eles não teriam lutado
por esse homem novamente.
Kai era um Bennett. Kai era o líder dos Bennetts. Ele não
deixaria isso acontecer de novo e, por causa disso, eu disse:
— Se eu o deixasse viver...
— Ei.
Eu fechei meus olhos. Eu não precisava ouvir a preocupação em
sua voz. Eu não queria ver isso nos olhos dele também. Se eu fizesse,
eu iria sucumbir. Esse era o meu padrão com Kai.
— Sim.
— Como quem?
Eu sofria.
Ele tirou os sapatos e as meias. Eu sabia que ele tinha uma arma.
Mas eu não sabia onde estava.
Ele não estava dentro de mim ainda, mas eu ainda o sentia. Ele
empurrou toda a escuridão para longe. Não importava naquele
momento que ele era a razão pela qual eu estava lá em primeiro
lugar. Ele me reivindicou, e se eu fosse honesta, teria admitido que
ele me reivindicou há muito tempo.
Aí.
Eu precisava de mais.
Porra do inferno.
Dentro. Fora.
Mais firme.
Mais profundo.
Mais rápido.
— O que...
— Eu sei.
— Senhor?
Eu: Onde?
Lâmina: 44, 93
O trem foi para Winnipeg. Fazia sentido que ela fosse para o sul
no dia 29 e depois para 94, até Minneapolis, em Minnesota. Era uma
viagem de sete horas. Sete. Horas. O trem poderia ter sido mais
demorado de Edmonton para Winnipeg. Como ninguém considerou
isso?
Era um alívio saber que ainda tinha isso em mim. Não tinha me
deixado, como muito da minha resistência tinha.
— E o namorado de Brooke?
— Kai...
Ele tem razão, uma voz sussurrou na minha cabeça, mas em vez
de abordar isso, eu coloquei meus fones de ouvido e aumentei
minha música.
Eu olhei para Kai, que estava olhando pela janela, e por uma
fração de segundo, eu senti como se todos nós fôssemos amigos
viajando de carro para ver outro amigo.
— Eu sei.
— Mesmo? — Eu me engasguei.
— Hummm—hummm.
— Geralmente. Sim.
— Você está falando sério? Você não pode estar falando sério.
Brooke vai... — Jonah me disse para vir. Espere. Não. Tanner disse
isso. — Tanner disse que você precisava da minha ajuda ou Brooke
faria algo estúpido. Ela vai matar alguém.
Sorrindo.
— Eu não sei o que Jonah disse, mas ele queria voltar ao seu
trabalho. Ele também não queria ter que ficar e tomar conta de você.
Ele assentiu.
Kai era jovem para o que ele tinha que lidar. Ele assumiu a
família aos dezesseis anos. E ele assassinou seu pai para fazer isso.
— Que idiotas.
— Você pode culpá-los?
Não.
Deveria ter sido ainda mais inquietante, mas não foi. Ele estava
quente. Ele estava sendo honesto. Eu pude ver isso, e de alguma
forma, nos sentimos como amigos neste momento.
— Ele é um gênio.
— Como você faz isso? Lidar com tudo, pensar do jeito que você
faz? Como você… eu acho que enlouqueceria só de tentar.
Ele errou.
Kai não respondeu. Mas ele rolou a cabeça para olhar para mim
de novo e eu vi. Ele teria, e isso enviou uma pontada no meu coração.
Eu não sei o que ele viu nos meus olhos, mas ele estendeu a mão
em resposta. Eu esperei, suspensa, quando seu dedo inclinou minha
cabeça para ele e ele se inclinou para baixo. Eu estendi a mão.
Suavemente. Brevemente.
Um arrepio.
Ah, entendi.
— Seu disfarce?
— Ela vai saber que é você, se ela estiver olhando para fora. —
eu disse a ele.
— Você é bem convincente, no entanto. Eu conheço você e
estou pensando duas vezes em sua identidade. — Seu olhar me
estudou por um momento. — Você é boa no seu trabalho. Você pode
mudar seu jeito segurando sua cabeça em um ângulo ligeiramente
estranho, ou tendo seu cabelo partido no lado errado. Mas é mais
que isso, não é? Você muda algo no interior e isso emana, não é?
Eu fiquei quieta. Sim. Isso era uma coisa, mudar como você se
sente por dentro e as pessoas sentem isso. Eles sentem isso sem nem
perceberem. Eu usei esse truque para muitos disfarces, mas decidi
mantê-lo leve.
— Há, há.
— Sério?
— Você só vai...
Ele bateu.
— ... bater?
Diversão brilhou em seus olhos quando ele deu um passo para
o lado, me puxando para que eu estivesse na frente e no centro
diante da porta.
— Você sabe o que fazer. Faça com que ela abra a porta. — Ele
balançou sua cabeça. — Isso vai ser anticlímax. Eu sinto que deveria
me desculpar com você por isso.
Ele tinha estado casual, mas quanto mais perto Brooke veio
para nos enfrentar, tudo caiu do seu rosto.
— Ninguém! E por que Riley está aqui? O que você fez com ela?
Você a trouxe para isso?!
— O que você fez com ele? Você é a razão pela qual ele não está
respondendo minhas ligações hoje, não é? O que você fez com ele,
Kai? — Sua mão se fechou em punho. Ela levantou e apertou o braço
dele. — Por favor, Kai. Não o machuque. Eu o amo. Por favor, não o
machuque.
Eu recuei.
Eu comecei a seguir.
Ele inclinou a cabeça, sua voz tão suave que só eu pude ouvir.
Ele desceu para lidar com a irmã e, como era meu padrão, eu o
segui.
— Empacote.
— Eu não vou.
— Você vai.
Eu fiquei chocada.
— Só que tudo isso foi para ele. Você já ficou com medo de que
seu irmão te machucasse?
Se ele era o motivo de tudo isso, por que ele não estava com ela?
Por que nós fomos à Nova York?
— Não.
— Entendi.
— Você quer dizer que você não sabe? Eu teria pensado que Kai
diria alguma coisa. Ele sempre teve um fraco por você.
O quê? — Um fraco?
Eu bufei.
— Mesmo?
Mas um fraco...
— O que ele disse para você? — Ela puxou a perna para cima e
se inclinou para frente. Seus olhos determinados aumentaram.
Mesmo? Um fraco?
— Vamos lá.
Eu tentei olhar por cima do ombro dele, para ver o que o deixou
tão furioso, mas ele se moveu para bloquear minha visão.
Eu olhei para baixo e fui para fora, Kai ainda atrás de mim. Eu
comecei a ir para o carro, mas ele me pediu para ir a um dos SUVs.
— Você não tem ideia do que você fez, que vidas você
desenraizou, que futuros você mudou. — eu disse a ela com fúria. —
Nenhuma ideia! Sua mentira teve um efeito dominó. Trouxe seu
irmão para mim. Isso me tirou da vida que eu estava vivendo, uma
vida que eu amava. Isso me afastou dos meus colegas, do meu
trabalho, da minha missão na vida, e nem sou só eu. Hiders da minha
rede foram afetados por sua decisão. Meu colega de quarto foi
afetado. Você, você... desde que deixei meu pai, tudo fez sentido no
meu mundo. Tudo. Eu sabia ao certo e errado. Eu era boa no que
fazia. Eu amava o que fazia, e então seu irmão me trouxe para ele e
desde então, tudo foi virado de cabeça para baixo. Tudo por sua
causa. Tudo por causa da sua mentira!
Eu estava sozinha.
Eu estava.
Eu estava com ciúmes que ela tinha uma família que a amava.
Eu estava com ciúmes que ela tinha uma família de irmãos, porque
mesmo que Kai estivesse furioso com ela, ele a amava. O mesmo
aconteceu com Tanner e Jonah.
— Ela...
Kai se virou para olhar para mim, uma forte emoção brilhando
em seus olhos.
— Ele não pode machucar minha prima. Ele não pode machucar
mais ninguém. Ele tem que pagar pelo que fez à minha mãe, o que
ele queria fazer com a minha mãe.
— Vou te ajudar...
— Ok. Quando?
— Eu vou de manhã.
Ele se virou para me encarar na pedra.
Eu olhei de volta.
— Ok.
Eu não acho que ele fosse responder, até que, em voz baixa, ele
fez.
— Você acha que sou ruim, mas não sou. Eu faço coisas ruins.
Aquelas pessoas, quem quer que estivesse lá, quem quer que
estivesse um andar acima da minha irmã, eram pessoas más. — Uma
tristeza veio a ele. Ele não se mexeu nem piscou nem mudou de tom,
mas eu vi. Eu senti. Ele olhou para o lago novamente. — Havia uma
sala nos fundos que tinha fotos de crianças em atos sexuais.
Eu estava livre.
— Entendo.
— Sim.
Eu dei a ela uma olhada. Isso não era verdade. Eu mal falei
quando ela me conheceu antes. Se ela fizesse uma pergunta
direcionada, eu responderia, mas eu falava palavras minúsculas.
Percebi agora o quanto eu tinha andado na ponta dos pés em torno
de Brooke.
— Onde é isso?
— Oh, meu Deus. Isto é tão bom. Eles sempre tem as melhores
coisas aqui. — Seus olhos se estreitaram, vendo que eu não tinha
tomado o meu. — Você não bebe? Sei que roubamos vinho nos
dormitórios, mas talvez você tenha mudado. — Ela me examinou
por um momento. — Você parecia meio hippie quando vi sua casa.
Eu me endireitei.
Eu não queria que ela me dissesse quem eu era. Isso era para
ela aprender comigo. Não era o trabalho dela.
Eu olhei para o meu colo, não querendo ver o jeito que Brooke
cumprimentou seu irmão.
— OK. Um, quando você viu a casa dela? Dois, você estava no
quarto dela! Três, você está agindo como se houvesse algo errado
em ser um hippie. Eu tenho alguns amigos que são hippies. Eles são
hilários para festejar.
— Você vai me dizer o que você fez com Levi? Eu sei que você o
levou. Onde ele está? Ele não está com essa caravana. — Ela acenou
com o copo ao redor da sala, indicando todos os guardas.
— Você é tão idiota. — Mas ela estava sorrindo e ela não quis
dizer isso.
Ela o amava tanto quanto ele a amava.
— Desculpe.
— Eu sinto muito…
Não!
O cara amaldiçoou.
Eu não tinha dito aos guardas essa parte. Só que um cara veio
até mim.
— Ele disse: Seu pai se... e então eu gritei. Kai, ele estava usando
lentes de contato marrons.
Ele ainda estava quieto. Isso teria enviado arrepios nas minhas
costas, mas eles já estavam lá.
Eu balancei a cabeça.
Merda.
Merda.
MERDA!
Eu balancei a cabeça.
Eu ia desmaiar.
— Onde estou?
— Kai disse que você quase desmaiou. Ele queria que você
dormisse o maior tempo possível. — Sua mão cobriu a minha. —
Você desmaiou antes?
— Jonah está vindo, mas Kai falou com ele no telefone. Ele disse
que provavelmente foi o choque do seu pai saber sobre você e tudo
mais. — Ela acariciou minha mão antes de aproximar sua cadeira
mais perto. — Eu sinto muito, Riley. Eu realmente sinto. Quando eu
pensei em ir até você, eu não sabia que nada disso aconteceria, que
Kai iria trazer você para isso. Mas eu deveria saber. Eu estava sendo
egoísta e me sinto horrível. Eu não sei como fazer as pazes com você,
mas vou tentar. Eu juro. — Ela fungou. — Eu tenho sido egoísta.
— Eu não sei.
Kai não retornaria até que ele tivesse lidado com o traidor. Eu
tinha certeza disso. Jonah estava chegando, então todas as
perguntas que eu queria perguntar, não havia sentido.
— Estou uma bagunça hoje em dia. Como você está? — Ela deu
uma risada auto depreciativa, mas seus olhos se focaram em mim.
— Você parece bem, na verdade.
Eu bufei.
Ela estremeceu.
— Sim…
Brooke continuou, até mesmo uma leve nota alegre em sua voz.
— Kai disse algo sobre seu pai. Ele sabe que você está viva?
Dei de ombros.
Eu balancei a cabeça.
Mas naquela primeira noite... Kai foi para algum lugar naquela
primeira noite.
— Oh. Levi teve que sair para uma viagem. Mas pensei que ele
fosse para Boston. — Ela parecia desapontada. — Ok.
Eu assenti, surpresa.
— Certo.
— Porque pergunta?
— Não Tanner?
Ela bufou.
— E Kai?
— Kai nem vai me perguntar sobre Levi. Ele sabe por que eu
fugi, mas estou de volta com a família e é isso. Quando ele achar que
eu não vou correr de novo, ele deixará todas as proteções extras,
mas até lá, eu estou em uma prisão de luxo. — Ela me deu um sorriso
irônico. — Ele está enviando até mesmo Tanner para me entreter.
— Mesmo?
— Jonah está vindo também, mas mais para verificar você. Não
tenho dúvidas de que ele vai querer voltar para o hospital quando
estiver livre. Eu não vi Kai desde então. — Ela gesticulou para fora
da porta. — Eu sei que ele liga bastante. Os guardas continuam
cutucando a cabeça, perguntando por você.
— Em particular. — acrescentou.
— Senhora...
— Ela não vai longe. Ela odeia o ar livre, mas isso não é
importante. Como você está?
Como eu estou?
— O quê?
— Hã? — Eu perguntei.
Eeeee. Silêncio.
— Eu raptei você.
— Preliminares.
Eu ri.
Eu ri novamente.
Ele era máfia e não apenas uma máfia. Ele era a máfia. Outra
máfia temia-o. E ele se foi, provavelmente fazendo coisas da máfia.
Foi por isso que não perguntei onde ele estava.
— Eu vou matá-lo.
Ele ia usá-lo.
— Brooke também?
— Então... — Sua voz era suave. Ele tinha que saber o que eu
estava realmente perguntando. — Eu deixaria ela ir.
— OK.
— Ela vai ficar bem. Ela não é idiota. — Uma pausa. –É estúpida.
Eu ri baixinho.
— OK.
— Se apresse.
— ...deixe-a sozinha até que ela acorde.
— Kai disse...
— Eric...
Olhei para a janela, não alarmada, mas consolada. Kai estava lá,
com as mãos nos bolsos. Ele estava virado, olhando para fora.
Ouvindo-os começar a brigar novamente, ele passou a mão sobre o
rosto.
— Peço desculpas por ambos. — disse ele. — Se eu pudesse
despedir Brooke, eu faria.
— Eles não sabem que estou aqui, no entanto. Eles acham que
você está dormindo e eles têm instruções estritas para deixá-la em
paz até eu chegar.
Parecia certo estar aqui com Kai, ele segurando minha mão,
tendo esse momento íntimo, enquanto eles estavam lá fora.
E isso parecia errado.
— Eles namoraram?
Ele estava olhando para nossas mãos unidas, mas ele olhou
para cima. O canto da boca dele puxou também.
Ele assentiu.
— Algo parecido.
Senti uma pulsação sob a palma de sua mão, onde quer que ela
se movesse.
— Sim.
— Uh—huh.
— A porta?
Ele.
Eu montei ele.
— O que...
— Deus, Riley.
Eu não pude.
Eu não me conhecia.
— Bem, olá.
— Kai!
5
O Pumpkin Martini é um e há várias maneiras de fazer um. Esta é uma receita simples baseada no Martini clássico que usa vodka de
baunilha com creme e licores de abóbora.
Até mesmo Jonah parou de me avaliar.
Kai não reagiu. Ele não piscou. Ele mal se mexeu, e ainda assim,
o perigo real começou a nadar ao redor dele. O ar na sala ficou tenso,
espesso e opressivo e tudo por causa de Kai. Seus olhos escuros
enegreceram, e seus lábios se estreitaram, e ele estendeu a mão para
mexer em uma de suas mangas.
Ninguém disse uma palavra. Essa luta era entre Tanner e Kai.
Tanner bufou.
— Uh... — Jonah riu ao meu lado. — Não aqui, irmão. Não com
isso.
Tanner amaldiçoou.
— Vocês dois são péssimos. — Ele olhou para Kai, depois para
mim. – Vocês todos são péssimos.
— Você não está com raiva de mim por puxar Riley. Você não
está com raiva porque estou dormindo com ela. Você não está nem
bravo porque Brooke fugiu. — Ele foi até o balcão da cozinha,
largando a bebida que Brooke lhe dera e servindo—se de um copo
de bourbon. — Você está louco porque você não quer ser um
Bennett, mas você tem que ser. — Seu tom foi suave. — Nós todos
temos.
Eu segurei minha respiração enquanto olhava ao redor da sala.
— Foda-se, isso.
Jonah estava olhando para a direção que Tanner havia ido, mas
ele voltou sua atenção para Kai.
— O quê?
— Mau momento?
— Você não tem uma escada que eu possa usar para balançar
de um lado desses livros para o outro, não é?
Ele parou.
Ele veio para ficar ao meu lado, mas deslizou as mãos nos
bolsos.
Eu levantei um ombro.
— Eu não sabia, não. — Sua boca não estava mais sorrindo, mas
seus olhos estavam.
Comecei a me sentir constrangida, mas de um jeito bom, porque
alguém de quem gostava me dava atenção e me fazia feliz.
Borboletas estavam em massa no meu estômago.
— Oh, oh! Oi. — Meu rosto tinha que estar beterraba vermelha
agora.
Isso não era algo com que Kai já havia lidado antes; isso era
óbvio. Finalmente, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto, eu fui
capaz de responder. E eu estava oficialmente envergonhada. Eu
nunca ri assim, nem mesmo com Blade ou Carol.
Isso era bom. Isso parecia certo, parada aqui, tão perto, apenas
sendo normal.
— Foi como nos velhos tempos com Brooke. Ela está feliz.
— Eu estava machucada por ela mentir para mim, mas sim. Sim.
— Minha garganta inchou quando me lembrei do meu tempo com
ela. — Ela me fez sentir normal quando eu convivi com ela.
— Ela não olhou para mim com culpa ou medo, ou como se ela
soubesse um segredo sobre mim que eu mesma não conhecia. —
continuei. — Isso é o que todos os adultos faziam e eu não tinha
amigos. Na verdade, não. Minha mãe não queria ninguém em casa e
meu pai não me queria na casa de outras pessoas. Ele não podia
controlar o que eu diria. — Eu balancei a cabeça para mim mesma.
Um sorriso puxou meus lábios. — Brooke foi minha primeira amiga.
Ela foi a primeira a dar atenção à mim.
— E eu a levei embora.
— Isso foi antes de ele virar um dos meus guardas contra mim,
antes de enviá-lo contra você. Ele mudou as regras do jogo. Eu vou
derrubá-lo.
E saiu do escritório.
— Não? — Eu andei logo depois dele.
Kai pegou uma das garrafas de vinho, junto com os dois copos.
— Você quer ferir seu pai, mas está tudo bem agora. Você não
está pronta para o resto.
Eu pensei que nós estivéssemos indo para o meu quarto, mas
ele virou à esquerda quando deveria ter ido direto. Para onde
estávamos indo?
O tempo diminuiu.
Eu olhei para as nossas mãos unidas, para o sorriso dele, para
o vinho em suas mãos, para onde ele estava me levando e uma
emoção se espalhou pelo meu corpo. Isso me fez cócegas de dentro
para fora e eu tive que me conter porque era como se fôssemos
normais.
Suspiro.
— O que há de errado?
Essa covinha. Ele sabia muito bem o efeito dessa coisa. Era uma
arma.
Ele sorriu.
Eu rosnei
— Idiota.
— Vamos.
— Escolha um de ação.
— Sim?
— Nuh—uh.
Senti seu peito vibrar com uma risada antes que ele inclinasse
o vinho para tomar um gole. Ele devolveu depois que terminou, eu
agarrei-o quase desesperadamente.
Eu não deveria ter ficado tão ridiculamente feliz por algo tão
cafona quanto um filme, uma sala privada longe do resto e uma
tempestade, mas eu estava. Eu senti tanto que minha garganta
estava entupida e eu bebi o vinho, tentando empurrar meus
sentimentos para fora do caminho.
— Nada.
Ele não perguntou de novo, mas ele não precisava. Ele estava
me observando. Ele sabia. Tomando um gole, ele se recostou, sua
mão escorrendo pelo lado do meu corpo, enviando sensações em
seu rastro.
Latejante.
Construindo.
Mas eu os ignorei. Eu me acomodei de volta em seus braços,
descansando minha cabeça contra seu ombro e tentei ignorar o jeito
que ele passava a mão pelo meu braço e como a palma dele
acariciava meu estômago, como seus dedos traçaram minha pele.
— O que você quis dizer antes sobre como Tanner não tinha
uma perspectiva de vida e os outros o fazem?
— Sim.
— Houve uma guerra da máfia anos atrás, foi tão ruim que
nossos ancestrais decidiram que nunca mais aconteceria
novamente. Muitos inocentes morreram. — Ele passou a mão pelo
meu braço, arranhando meu pulso. Ele circulou, sentindo minha
palma. — Então eles fizeram um conselho em vez disso.
— Um conselho?
Nunca.
O que eu ia dizer?
Precisar. Querer. Desejar. Essas eram as únicas coisas na minha
cabeça. Eu não sabia mais. Eu não conseguia pensar agora
Cinco dias sentindo Kai dentro de mim a noite toda. Cinco dias
em que eu acordava e chegava até ele, onde ele rolava dentro de mim
ou eu ficava em cima dele. Cinco dias em que não saímos do quarto
até o almoço. As refeições eram gastas em torno de uma mesa, rindo,
ouvindo histórias de seus irmãos. Até mesmo Tanner começou a
sorrir no meio do primeiro dia. Brooke adorava cozinhar, então
aproveitamos suas refeições gourmet, aparentemente, ela sempre
quis ser chef.
— Eu acordei você?
Ele ainda estava olhando pela janela. Sua mão apertou minha
cintura por um segundo.
— Eu não dormi.
— O quê? Mas...
Cord.
O acidente de avião.
— Mas...
Eu balancei a cabeça.
— Isso é uma besteira total. Você nunca disse uma palavra, mas
eu sei que você pegou o cara, quem quer que ele tenha infiltrado em
sua organização. Você não teria voltado para mim se não tivesse. É
seguro para mim novamente. Você tem um milhão de guardas. Sua
equipe de segurança é diferente de tudo que eu já vi. Você pensa
vinte passos à frente. Não me diga que não é seguro para mim lá, que
você não pode me arriscar...
Morte.
Ele não disse mais nada quando foi até o armário e vestiu uma
camisa, depois um moletom. Ele não disse uma palavra quando
terminou de se vestir e pegou o telefone ao lado da cama.
Eu não sabia o que fazer. Eu não podia lutar com ele. Ele não ia
ceder sobre este assunto.
— Ei...
Eu me vi sorrindo.
— Estou dentro.
— Claro.
— OK.
— Sim…
O que me lembrou.
Eu não ia perguntar.
Merda.
Eu olhei
— O quê?
Ela olhou para cima, o rosto pálido e ficando mais branco a cada
segundo. Ela balançou a cabeça. Seus olhos estavam aturdidos, meio
em pânico.
— Como você sabia que ele estava indo para Milwaukee hoje?
Ela se acalmou, balançando para frente e para trás de sua dor
no tornozelo. Ela não respondeu. Seus lábios apertados juntos.
— Brooke. Conte-me.
— Bem. Foda-se. Eu sei por que o Eric me contou. Não diga! Kai
vai matá-lo, literalmente. Ele deixou escapar uma noite, disse que só
tinha mais três dias dessa merda. Ele odeia quando eu o provoco,
mas ele tende a escorregar porque eu o chacoalho. Ele nem sabe que
eu o ouvi. Eu só adivinhei na parte de Milwaukee porque é onde a
família de Levi está. — Ela estava ofegante agora. – Oh, Deus. Isso
dói muito. — Suor rolou pelo rosto dela. — Não que eu não te ame e
ame ter chegado a vê-la novamente, mas você pode ir? Estou prestes
a morrer se não conseguir tomar um analgésico.
Eu ainda hesitei.
— Oi!
Eu comecei a levantar.
Havia uma tristeza nos olhos de Blade, uma que eu não tinha
visto antes e era difícil de ver agora.
— Não.
Blade me amava? Eu não sabia. Kai disse que sim, mas não era
o lugar certo para perguntar. A única coisa que eu podia controlar
era se ficaria com Kai no final de tudo isso. Eu deveria ter me
arrependido do que tinha feito, mas não tinha isso em mim. Não
mais. Não depois de estar com ele na última semana, acordando em
seus braços, sendo reivindicada por ele. Eu senti todas aquelas
sensações escuras e deliciosas rolando dentro de mim novamente.
Não, eu não poderia me arrepender de Kai. Pelo menos, ainda
não. Não até que ele fizesse algo tão ruim que não houvesse como
voltar atrás.
Não adiantava fingir. Eu não queria isso por essa amizade. Ele
e Carol eram preciosos demais em meu coração. Eu não podia ser
falsa, deixando a missão se dividir ainda mais entre nós.
— Se você vai tentar me virar contra ele, você tem que saber
disso. Ele tem pessoas lá dentro. Ele sabia coisas até mesmo que eu
não sabia.
— O que você está me dizendo, por que você está dizendo isso
para mim?
— O quê?
Eu mordi para não rir. Carol tinha estado animada, seu humor
habitual, momentos atrás. Ela reclamou da pessoa agora. Eu podia
ouvi-la dar uma tragada de sua fumaça.
— Senhora?
Nós o ouvimos passar por nós. Carol deu uma tragada, ainda
resmungando baixinho.
Eu não pude segurar meu sorriso. Ela poderia ter sido uma boa
atriz.
Eu gemi.
— É complicado.
— Blade...
— Você não pode usar os telefones que Brooke te deu. Ele vai
descobrir quais foram tirados e ter rastreadores neles. Há dinheiro.
— OK.
Ele olhou para Carol, que ainda estava conversando com seu
amigo piloto, antes de pegar outra caixa menor.
Eu não respondi por que não foi isso que eu quis dizer. Eu olhei
para Blade e suas sobrancelhas subiram.
Tristeza.
Talvez?
Eu não sabia.
— Eu preciso ir ao banheiro.
— Obrigada.
Kai?
Meu pai?
A rede?
Ou talvez eu mesma.
Eu não tinha um plano completo.
O primeiro artigo que apareceu era um evento que meu pai iria
participar em dois dias.
6 B&B HOTELS: tem como conceito a estrutura “econochic”, que foca em oferecer modernidade e serviços efetivos
O filho da puta havia sido investigado. Bom. Eu senti alguma
satisfação. Ele merecia. Ele merecia isso e muito mais.
Minha mãe.
TOC, Toc!
Oh, garoto.
Engoli.
— Um dia.
Ah, merda.
— Sim.
E suas namoradas.
— Brooke acha que nossa mãe morreu de uma doença. Não foi
assim. — Seus olhos agora cansados subiram para os meus. Dor
chamejou lá. — Nosso pai a matou e ele não agiu sozinho. Eu nunca
contei a ninguém da família isso.
— Não sobre Cord, mas vamos lá. Jonah não se parece conosco.
É óbvio que ela era uma trapaceira. E quem poderia culpá-la? O
marido dela era um monstro.
— Sim. Você tem razão, mas você não é Brooke. Você não tem
um namorado que poderia foder tudo para essa família como ela
tem. Você tem uma cabeça lógica em seus ombros. Brooke seria
espancada pelos adolescentes no shopping se ela não tivesse
guardas. Isso realmente aconteceu. Ela não tem habilidades para a
vida. Você viu em que casa nós a encontramos.
— Você disse que sua mãe morreu com seu amante, mas como
exatamente ela morreu?
Ele fechou os olhos, a cabeça caindo para trás. Ele soltou uma
merda suave.
Eu esperei. O instinto me disse para esperar, para ficar quieta,
para deixá-lo preencher o espaço.
Foda-se.
Eu quase engasguei.
Minha cabeça nadou. Por ele. Por sua mãe. Por Brooke e o resto.
— Eu estou...
— Não tenha pena de mim. Não ouse fazer isso. — Seus olhos
queimavam com ódio, mas não era para mim. Eu sabia. Ainda
parecia outro soco, quase tão ruim quanto ver os artigos do meu pai
mais cedo.
— Bem desse jeito? — Ele me deu uma risada oca. — Você não
sabe de nada, menina?
— Eu sei que ela estava sendo preparada e ela nem sabia disso.
Ela estava vivendo nessa sujeira. Teria sido em uma noite entediada
onde ela subisse e tomasse um drinque com eles. Uma bebida. Uma
droga. Uma segunda noite de drogas. Mais e mais até que ela
esquecesse por que ela estava com eles em primeiro lugar, até que
ela estivesse desesperada e teria feito qualquer coisa. Ou ela teria
começado enquanto ela estivesse chapada, fora o suficiente onde
eles poderiam usar uma câmera nela. Certo?
— Você disse que ninguém estava na casa, mas isso não era
verdade, era? — Eu não esperei pela resposta. Eu não precisei dessa
vez. — Você matou aquelas pessoas e você queimou a casa para
destruir a evidência. — Meus olhos se levantaram para ele agora. —
Não foi?
Agora mesmo.
Meu.
Eu precisava senti-lo.
Eu precisava tocá-lo.
Eu precisava reivindicá-lo.
Era ele. Era eu. Era o que quer que fosse isso entre nós, e
quando um segundo dedo se juntou ao primeiro, eu arqueei para
trás do prazer que pulsava através de mim.
Eu sabia, quando sua boca mudou para o meu outro seio e seus
dedos bombearam para dentro de mim, que eu estava acabada.
Era duro, mas éramos nós. Ele abriu um canal dentro de mim
onde coisas obscuras aconteceram, um lugar que a maioria das
pessoas não queria reconhecer. Não Kai. Eu não. Ele tinha
encontrado em mim, me fez olhar para ele e então ele me levou até
lá e era a minha casa.
Eu sabia que tudo iria mudar quando aquele avião saísse para
me trazer aqui. Agora eu sabia o quão completa seria essa mudança.
Eu rolei de costas e ele caiu ao meu lado, ambos ofegando,
suando, formigando, e então sua mão encontrou a minha e ele
apertou. Ele se curvou para mim, sua perna se movendo sobre mim,
me segurando no lugar e pressionou um beijo suave no meu ombro.
— Nunca.
— Bom.
— OK? — Eu perguntei.
— Você veio aqui por sua própria vontade. Eu não vou mandar
você embora. Eu só farei você fazer algo se for para sua segurança.
É isso aí. Eu prometo. — Ele me olhou. — Eu não prometo muitas
vezes.
Mas eu assenti.
— Porque ela não é um fator. Ela não é filha dele. Ela não está
relacionada a ele de sangue em tudo. Ela é sua amante. É isso aí.
— Não namorada?
— OK.
— Porque eu peguei.
Mais.
Um tremor veio dentro de mim, como uma cobra, e uma vez que
percorreu todo o caminho até o topo da minha cabeça, eu explodi
mais uma vez.
Ele estava bem atrás de mim, caindo sobre mim, seu corpo
vibrando e tremendo com sua libertação.
— Espere.
Ele pulou da cama, movendo-se com facilidade e rapidez.
Lançando-me um olhar de desculpas, ele se vestiu e foi até a porta.
— Senhor.
Eu quase bufei. Essa palavra vinda de Kai era nova. Ele disse
mais alguma coisa, fechando a porta para que eu não pudesse ouvir
o resto.
Eu peguei o que ele deixou para trás, mas não foi muito.
O guarda se afastou.
Kai pegou minhas malas e acenou para trás de mim. Aquele
guarda deslizou para dentro, e eu sabia que ele estava limpando a
sala, certificando-se de que nada fosse deixado para trás.
— Sim.
— Explique.
— O quê? Mas...
— O quê?
— Sim! Tudo o que você está dizendo faz sentido. Matar é algo
que eu não penso mais. Eu queria ter feito. Eu desejo... — Ele rosnou.
— Eu gostaria de dar a mínima para quem eu mato. É ele ou nós. É
assim que...
— Kai!
— O quê? — Ele jogou as mãos para cima, parando. Mas ele não
se virou.
— Volte aqui.
— Por quê?
Ele fez, no entanto. Ele olhou, com pura derrota em seu rosto.
Cada centímetro dele parecia ter passado pelo espremedor, como se
um caminhão tivesse batido nele.
— Você deveria lutar comigo sobre isso. Você não deveria vir,
mas você está. Um toque e você se molda a mim e uma parte de mim
ama. Eu prospero nisso, mas uma parte de mim odeia isso. Uma
parte de mim está enojada quando eu te toco.
Mantenha.
Havia essa luta, essa dança entre nós. Bem contra o mal, mas eu
não era perfeita e Kai não era malvado. Ele apenas fazia coisas más.
Ele era o bom que tinha sido torcido em algo mais escuro.
Eu não sabia o que dizer a nada disso, então fui com o que eu
sabia ser verdade.
— Não, Riley.
Eu balancei a cabeça.
— Você disse que não posso fugir de novo. Você também não
pode.
— Riley...
— Você acha que isso é uma via de mão única? Você faz
exigências e eu tenho que seguir? Acho que não. — Eu parei fora de
alcance, me forçando a me segurar firme. — Diga de volta.
— Diga.
— Dizer o quê?
— Que você não vai sair! — Eu gritei. — Que você não vai recuar
e correr quando algo der errado, porque algo sempre dá errado...
— Eu sou um idiota.
— Me diga algo novo. Eu sei quem você é e sei o que você está
fazendo agora. — Eu estendi a mão e agarrei a camisa dele. Eu o
puxei contra mim. — Você não pode me assustar, então pare de me
insultar tentando. Novamente. Você não quer que eu atire no meu
pai, tudo bem. Eu não vou, mas não vamos fingir que é essa birra de
temperamento. — Eu o empurrei de volta, fazendo-o soltar-me. —
Você está se apaixonando por mim e está mijando nas calças porque,
pela primeira vez em sua vida, você não se sente no controle.
Bem.
Foda-se ele!
— Ela está falando sobre o Sr. Lindo Doutor Local que você
estava falando mais cedo.
Dei de ombros.
— Eu acho, quero dizer, espero que não. Tenho certeza que está
bem.
Mas ela parecia estar tranquilizando seu irmão mais do que eu.
Seus olhos escuros fixos em mim, quase acusando.
— Você não está apenas dormindo com Kai? Quero dizer... —
Ela se inclinou para frente, empurrando o vinho para o lado e
colocando os cotovelos sobre a mesa. — Kai não fala sobre qualquer
coisa quando se trata de nossa família. Nada. Até para nós. Nós só
sabemos metade da merda porque somos Bennetts. Nós temos que
saber. Você sabe?
Eu balancei a cabeça.
Jonah bufou, soando como sua irmã pela primeira vez na vida.
Eu bocejei e apontei.
Ele zombou.
7
Quer dizer que ela está se enganando.
— Riley, não... — Ele baixou a voz, no entanto.
Eu me levantei do sofá.
— Mas se estas coisas são verdadeiras, você não quer saber por
quem você está apaixonada? Se ele está assim agora, o que ele
poderia fazer com você? — Eu encontrei o olhar de Kai por um
momento. — Você o ama. E depois? Você se casa? Você o traz para a
família? Você corre o risco dele se virar contra você também?
Uma amiga que mentiu para mim, mas, por outro lado, Kai
queria matar meu pai. E eu também.
— Eu estou do seu lado. Kai também está. Mas você está certa.
— Voltei a olhar para ela. — Talvez eu vá sair com Jonah hoje.
— Ao cais. Faz tanto tempo desde que eu estive lá. Eu quero ver
como está tudo ao redor.
— Brooke e Kai não falam nada mesmo. Kai mal fala com
ninguém. Se ele faz, é apenas para latir ordens. E percebemos que
ele é o chefe da nossa família. Há um respeito compartilhado que
todos sentimos por ele e o que ele fez por nós, mas você precisa
entender, não há confronto com Kai. Ele diz como é e você pode
aceitar ou não.
— Então ele vai trazer isso mais tarde. — Ele rolou a cabeça de
um lado para outro, voltando para olhar pela janela. —
Principalmente até provar que ele está certo.
Saí e comecei a notar que todos nos notavam, e essa parte não
parecia tão natural, mas andar no mesmo passo que dois guardas
que partiram à nossa frente era uma segunda natureza agora.
Ele sorriu.
— Certo.
— Há uma menina.
— Uma menina?
— Residente?
— Ah. — Ele riu brevemente. — Uma médica. Ela está no meu
ano. Nós trabalhamos no mesmo hospital.
— Fui enviado para morar com uma tia. Ele não me queria ao
lado deles. Cheguei a vê-los nos feriados ou se Cord ou Kai
insistissem em me visitar.
— Eu sinto Muito.
Eu sorri de volta.
— O quê?!
— Não. — eu ofeguei. — O que você quer dizer com você vai ser
eliminado?
— Diga-me, Jonah.
Ele se iluminou.
— Ele é famoso?
— O quê? — Eu perguntei.
Havia uma razão pela qual eu pedi para vir aqui, tinha pedido
para ficar aqui. Eu simplesmente não tinha descoberto totalmente o
meu plano. Mas olhando para um relógio próximo, vi que ainda tinha
tempo.
Eu endureci.
Eu escolhi Kai.
Jonah disse antes que todos eles estavam juntos, um por todos.
Sentada aqui, vendo como as pessoas ao nosso redor pareciam
hipnotizadas por Kai, comecei a pensar em mudanças de poder.
Tudo era equilibrado. O que aconteceria se Kai forçasse uma das
transações ilegais a parar em seu país? O que a substituiria? Eu não
era ingênua o suficiente para pensar que algo não aconteceria, ou
alguém não faria. Todos queriam ganhar um dólar e pessoas ruins
poderiam ser engenhosas.
8Sex on the Beach é uma bebida alcoólica geralmente feita com vodka, schnapps de pêssego, suco de laranja, e suco de oxicoco,
apesar de haver variações, como a versão sem álcool nomeada Virgins on the Beach. É um coquetel oficial da International Bartenders
Association, servido em copo alto
É por isso que Kai manteve Jonah por perto.
— O que há de errado?
— Eu sei que você não tem uma mão no negócio de drogas, mas
se você pressionasse para erradicá-lo, o que aconteceria?
Ele não piscou nem fez uma pausa. Ele nem sequer perguntou
por que eu estava perguntando.
— Porque pergunta?
Ele segurou meu olhar. A maneira como ele fez uma pausa foi
significativa antes de se esticar para segurar o lado do meu rosto.
Seu polegar percorreu meus lábios, seus olhos correndo para eles
antes de subir para olhar com ternura em meus olhos, tirando meu
fôlego.
Suspirei.
— Ambos?
Ele se moveu para o meu lado, mas não me tocou.
Mas é claro. Era por isso que ele veio aqui. Não para passar
tempo com a gente, seu irmão, sua irmã, mas por causa do meu pai,
porque já estava nos planos.
Doeu.
Eu desviei o olhar.
Eu me virei, mas fechei meus olhos. Eu não queria que ele visse
como doía.
Este era o mesmo Kai. Uma agenda. Três, quatro, cinco passos
à frente e eu pensei... Não importava. Eu fui idiota.
Bem. Eu olhei.
Seus olhos quase ardiam, uma expressão feroz neles que eu não
conseguia identificar.
Eu tossi.
— Ah.
Ela era ruim, tanto quanto ele. Eu não sabia por que, o que ela
tinha feito, mas eu poderia dizer que ela pertencia àquele lugar. Seu
braço parecia o lugar perfeito para ela.
Ele nos moveu mais e mais para trás até que ninguém pudesse
nos ver. Nós nos separamos da multidão e, com alguns movimentos,
ele desamarrou a abertura da barraca.
Mas então.
— Mas...
Eu queria ficar nessa tenda. Era bom estar aqui. Eu queria esse
Kai comigo o tempo todo, amoroso, carinhoso, terno. O homem que
poderia me fazer perder o rumo e me dar tanto prazer que eu quase
vi a porra das estrelas, mas lá fora havia um Kai diferente. Ele teria
que ser frio, desapegado, implacável.
Um arrepio desceu pela minha espinha.
— Temos de ir. Eu tenho que ir. Nós temos algum tempo. Você
pode ficar aqui, se quiser. Por mais alguns minutos.
— Em breve.
Se você vê o que vai acontecer e não faz nada, você é tão culpado
quanto. Para ser inocente, você deve intervir, você deve tentar
ajudar a pará-lo. Eu não ia fazer isso dessa vez. Então eu fazia parte
disso tudo.
Não é?
Ele se foi. Depois eu saí. Então ele me fez gozar forte para cacete
que eu não consegui ficar em pé depois. Então eu ainda tinha
algumas coisas para pensar e resolver.
Eu tinha nove anos, mas sabia o que ele estava fazendo com ela.
Minha mãe.
Eu estava orgulhosa.
Eu olhei para o rosto dele. Ele estava cansado. Ele estava tenso,
mas estava alerta. Eu reconheci o outro olhar em seus olhos. Ele
estava caçando. Ele era o predador do meu pai, e eu juro, uma parte
do meu coração inchou, embora não devesse.
Ele olhou para mim, cinco batidas antes de sua mão cair na
minha.
— Bom.
Ele se moveu para ficar ao meu lado, de frente para onde meu
pai estava. Ele estava conversando com outro casal, um homem e
uma mulher mais velhos. Minha prima estava ao lado dele, o braço
em volta da cintura dele e a mão dele estendida nas costas dela. Ele
deslizou para baixo, a colocando em sua bunda e permaneceu lá. Ela
chegou mais perto do seu corpo, tocando seu peito e inclinando a
cabeça para trás para rir.
Este era outro mundo.
Ele deixou passar. Kai estava ganhando tempo. Ele caçaria sua
primeira presa e depois miraria em sua segunda, eu. Mas isso seria
depois. Quando ele se virou para meu pai, meus pensamentos
vagaram novamente.
Eu procurei por uma boa memória do meu pai, mas não tive
nenhuma.
Não havia amor em mim por meu pai e, por causa disso, sofri.
Deveria ter uma coisa que eu amava nele. Não havia nada.
O seu discurso.
Essa era outra razão pela qual qualquer um que fosse contra ele
perderia.
Kai passou a mão pelo meu lado, seu dedo roçando meu seio.
Ele sorriu.
9
Onze Homens e um Segredo
O SUV saiu e outro SUV o substituiu, mas desta vez, Kai e eu
estávamos correndo. Eu estava atrás. Kai ficou na frente.
Sereno.
Então eles puxaram meu pai para fora, suas mãos amarradas
com corda e um saco sobre sua cabeça também. Um guarda trocou a
corda em torno de seus pulsos por braçadeiras antes de segurá-lo
pelo braço e conduzi-lo ao escritório à direita.
Kai não precisava de mim para isso. Talvez pelo meu pai,
porque eu pedi, mas não pelos outros dois. E quem eram os outros
dois? Há quanto tempo ele planejava isso? Quanto tempo ele os
tinha?
Eu queria?
Ele esperou.
Eu olhei para baixo. Eu disse a ele que sim. Fui longe demais
para fazer essa afirmação, na verdade. Eu disse a ele que queria fazer
parte disso por causa do meu pai, que queria destruí-lo, mas vacilei
agora.
— Espere por mim. Eu direi o que você precisa ouvir, mas não
agora. Aqui não. Espere. Você pode fazer isso?
Apenas espere.
Kai andou para frente. Ele não fez nenhum som. Ele era como
um fantasma novamente.
Ele suspirou. O som era tão alto naquela sala, e era a deixa de
todos.
— Ok, Kai. Estamos todos reunidos. O que você quer que nós
saibamos?
Kai olhou uma vez em minha direção antes de andar para frente
e cruzar as mãos na frente dele. As próximas duas palavras me
fizeram engolir porque não era o que eu esperava; eles não eram
quem eu estava esperando.
Ele sabia, e ele não tinha me dito, mas, novamente, por que eu
estava surpresa? Isso era algo que meu pai faria.
— Alguma outra instrução? — Ainda tão frio, Kai se virou.
— Obrigado.
— Eu estou com ela. Ela está segura. — Ele se virou para o ex-
guarda, pretenso assassino de meu pai. — Sua esposa e filha serão
cuidadas. Eu te dou minha palavra.
Demorou um segundo.
Por que ele falaria dessa maneira? Por que ele não apenas diria
que eles estavam seguros e sendo cuidados, não que eles seriam
cuidados? Por que a cabeça do homem empurrou para trás, seus
olhos brilhando de lágrimas enquanto ele assentia.
— Senhor?
Morte.
Kai queria que eu visse tudo isso. Havia mais dois por vir. Por
que ele quer que eu veja isso? Para me assustar? Para me avisar?
Para me preparar
Bang!
— Sssshhhh. Eles não podem ver você. Eu não quero que eles
saibam que você está aqui. — Seus olhos se fecharam. Sua testa
descansou contra a minha bochecha e seu polegar esfregou o lado
do meu queixo. — Confie em mim. Por favor. — Ele levantou a
cabeça novamente. — Há um ponto para tudo isso. Eu prometo.
Isso estava tão longe do que eu fui uma vez, mas levantei minha
cabeça para Kai e sabia que não ia a lugar nenhum.
A porta-voz disse.
— Sim. Sua.
— Você vai morrer no final disso, mas como é com você. Pode
ser rápido e indolor ou pode ser lento. Eu posso fazer a sua morte
demorar semanas, se eu quiser. É a sua escolha.
Meu pai começou a verificar a sala de novo, depois fechou os
olhos. Ele moveu a cabeça para cima e para baixo, o mínimo de um
movimento por causa de suas correias. Era o suficiente.
— Eu sei que você a pegou. Se ela não está nesta sala, ela está
por perto. Ela tem que estar. Eu sei que ela é sua nova porra de
estimação. Eu recebi fotos. Você acha que é o único com espiões?
Bem, eu também tenho o meu. Eu tenho imagens de você transando
com tanta força que eu as aproveitei. Tawnia teve dificuldade
naquela noite, mas ela adorou. Ela rebolava. A cadela estava
gemendo, chorando em cima de mim, mas amaldiçoada se ela não
gozasse. Ela veio com força. Gritando o tempo todo também.
— Bruce?
— Foda-se você.
— Sim.
— Sim.
— O quê?!
— Ei...
Ele esperou.
— Sim.
— O quê?
— Jill!
— Distribuição de armas.
— Oh, Jill.
— Não.
Bang!
E silêncio.
Outra fungada.
Um homem tossiu.
Uma batida.
Mais um.
Ninguém se opôs.
Seu rosto veio para a luz. Ela estava em seus quarenta e poucos
anos, com cabelos escuros que caíam até os ombros e brincos de
pérola. Ela usava um suéter leve por cima de um top cintilante e seu
rosto tinha o menor rubor, combinando com seus lábios rosados e
suaves.
Ele era jovem, talvez vinte e quatro anos? Ele tinha cabelos
castanhos claros que pareciam ter acabado de passar a mão por ele,
olhos castanhos mel, uma boca inclinada que fazia parecer que ele
estava permanentemente divertido, e sobrancelhas escuras que de
alguma forma lhe davam um rosto mais redondo com bochechas
rechonchudas do que ele realmente tinha.
— Levi Barnes.
Kai assentiu.
Kai olhou para mim uma vez antes de se virar para Levi. Kai
ficou ao lado dele, falando com ele.
Mas ele não fez. Levi se segurou, seus olhos contornando a sala,
passando por mim sem um segundo olhar e se demorando na porta
antes de encarar Kai novamente.
— Eu não tive nada a ver com isso. Esses eram meus tios e, para
ser sincero, são todos bastardos. Somos basicamente inexistentes
no mercado em Milwaukee. Outra família nos expulsou. Nós só
temos algumas empresas, alguns circuitos de apostas. Isso é tudo.
— Diga a eles o que sua família foi contratada para fazer contra
a minha.
Oh Deus.
Ele estava sem expressão até agora. Agora seus olhos estavam
arregalados, as sobrancelhas altas e a boca aberta. Ele estendeu a
mão, agarrando as costas de uma cadeira na frente dele.
— Explique.
— E o homem?
— E um já foi punido.
— Sim. Uh. Para todos aqueles que não sabem o que era nosso
negócio, era... — Ele mastigou o interior de sua bochecha. —
Comércio de sexo. Pornografia ilegal. Toda essa merda. Eu era o
homem de frente aqui. Minha família não queria lidar com isso,
então sim, eu criei aberturas na família. Todos do conselho também
sabiam disso. Eles estavam me ajudando a juntar evidências contra
minha família para que eu pudesse entrar no papel de liderança e
trazer o comércio sexual para cá. Eu também tinha que analisar a
concorrência. Há um grande grupo rival em Ohio, mas tínhamos
planos para eliminá-los. Só não cheguei a essa parte ainda, se é que
vocês me entendem.
— Isso é tudo?
— Sim. — Ele olhou para Kai com cautela. — Isso é tudo. Exceto
que minha família não sabia o que eu estava fazendo. Apenas eu.
Minha família foi entregue a eles em outra briga contra uma família
rival, então depois que eles fizeram o serviço, eles foram pagos, e
isso foi tudo. Eu fui o único que conseguiu sair, disse que poderia
ajudar a trazer tudo para Milwaukee. Eu escolhi sua irmã como alvo,
disse àquele grupo que eu tinha poder sobre sua família. Eu deveria
ter conseguido algum podre sobre ela, então chantageá-la para
chegar até você. Eles queriam te derrubar. Esses três filhos da puta
ambiciosos, se você me perguntar. — Levi acenou para eles. — A
única razão pela qual eles me deixaram participar foi para te pegar,
porque eu já tinha começado a comer sua irmã.
Tanner foi o último, mas em sua mão direita estava uma arma
e antes que Kai pudesse dizer uma palavra, ele a pressionou na parte
de trás da cabeça do velho e puxou o gatilho.
Talvez…
Talvez não fosse assim que ele queria estar, mas ouvi a voz de
Jonah na minha cabeça novamente. Se ele caísse, todos caíam. Então
eu pensei sobre o que essas pessoas queriam fazer, o que eles
queriam que Levi fizesse para chegar em Kai. Eu não sabia o que
pensar, como determinar o que Kai poderia achar.
Sem uma palavra, Kai levantou a arma para Levi, seus olhos
segurando os meus.
Um homem riu.
— Todos a favor?
— Kai...
— Você é um merda.
— Mas seu primeiro filho? Estou surpreso que ele não a tenha
matado imediatamente. — Seu tom ficou rouco. — Você é filho dele?
Eu? Brooke? — Uma risada amarga. — Nós sabemos que Jonah não
é, mas quantos outros?
Ele cumpriu sua promessa. Em uma tarde ele fez mais do que
eu jamais poderia fazer em toda a vida como uma Hider.
Ele ajudou. Mesmo que ele estivesse na máfia, ele ainda se saiu
bem hoje.
— Não, mas você é melhor que eu. Eu posso ver você sentindo
isso. Eu queria organizar tudo para você e deixar você lidar com seu
pai, mas eu não posso deixar você ir ou traze-lo aqui.
Eu ri baixinho.
— Isso é perfeito.
— Você dormiu?
O homem assentiu.
— Sim senhor. Ele está pronto para ir. Nova identificação para
ele e sua família. Eu vou levá-lo, farei isso agora para que ele possa
se reunir com sua família e continuar com a minha expedição de
pesca normal. Eu cuidarei bem dele.
Ele assentiu.
— Ele era um dos meus. Ele deveria ter vindo até mim
imediatamente, mas ele era um dos meus. O conselho acha que ele
está morto e isso é tudo que é necessário. Se eu não o tivesse
matado, eles o teriam rastreado e feito eles mesmos. Sabendo disso,
ele ficará escondido e quieto pelo resto de sua vida. Se ele aparecer
de novo, ele sabe o que vai acontecer. Mas ele foi um dos meus
primeiros. Eu cuido do que é meu.
Kai pediu a Eric para estar aqui quando nós contássemos para
ela e ele estava ao seu lado. Eu olhei ao redor enquanto ela chorava,
meu coração destruído por sua dor. Eu não tinha certeza de quem
iria falar com ela. Então, quando Eric e Jonah hesitaram, eu comecei.
— Estamos aqui para você. Estou aqui por você. Eu sinto muito,
Brooke. Eu sinto muito. — Ele estava quase balançando-a para
frente e para trás. — Nós te amamos. Tanner ama você. Jonah te
ama. Eu te amo. Estamos aqui por você. Nós vamos segurar você. Eu
sinto muito.
— Riley
— Eu vou.
Minha boca quase caiu aberta, mas Kai pegou minha mão e me
puxou de volta. Jonah e Eric entraram do outro lado. Eric acenou
para nós através da janela. Eu vi Jonah levantar a mão antes do
veículo se afastar.
— Kai.
Ele fez uma pausa, puxando uma camisa sobre a cabeça. Ele
olhou para mim, mas não disse nada.
— O que há de errado?
— Não podemos sair até que você tenha visto seu pai. — Então
ele se afastou, deixando-me no banheiro. Pela primeira vez nos
últimos dias, saí sozinha, com uma toalha enrolada em volta do
corpo, pingando água no chão. Algumas gotas em mim começaram a
secar, mas meu cabelo estava encharcado. Kai estava no armário.
— Kai.
— Não totalmente.
Nós não tínhamos conversado sobre ele por quatro dias. Eu fiz
uma careta.
Eu não ouvi qual foi a resposta, mas Kai pegou uma garrafa de
xarope de bordo e passou para eles. Ele fechou a porta novamente e
se virou para me olhar. Sua expressão torturada estava de volta,
batendo em mim e me amedrontando.
Ele passou uma mão cansada pelos cabelos, virou para trancar
a porta. Ele se moveu para a sala de estar.
— Sim, estou esperando que você lide com seu pai. Sim, é a
última coisa que quero fazer aqui, mas precisamos. Eu apenas não
fui capaz de forçar a acontecer.
Ele olhou para mim por um longo minuto, seu olhar torturado
nunca vacilando.
— Seu pai tem que morrer. — Ele estava frio agora. — Seu
corpo será encontrado. Ele será declarado morto. Sua empresa fará
uma reunião do conselho de emergência. Nesse ínterim, você será
declarada viva. Nessa reunião do conselho, você compartilhará com
eles a notícia da sua ressurreição. — Seu tom era mordaz. — Depois
disso, vamos declarar uma aquisição hostil da empresa de seu pai.
— Kai.
Ele continuou.
Oh.
Compreensão brilhou.
Eu balancei a cabeça.
— Não.
Eu o quê?
EU…
Um segundo.
Outro.
Mais cinco.
— O quê?!
Isso era?
Como ele tinha sido gentil comigo. Como ele me segurou. Como
ele me tocou.
Mas…
— Conte-me!
— O quê?
— Você não precisa. Sua sósia vai para o tribunal em seu lugar,
a que usamos quando Blade tentou te levar de volta. Ela vai ter uma
cópia de suas impressões em seus dedos e eu já fiz exames de
sangue. — Uma pequena hesitação. — Eu sinto por isso. Se quiser,
posso fazê-la participar da reunião do conselho de emergência da
Bello, se decidir me enfrentar sobre isso.
Deus.
— Você é livre para sair daqui, mas você não pode deixar
Milwaukee. — disse Kai, sua voz vindo de mais longe. — Um carro
estará lá embaixo para você. Vai te levar para a propriedade do seu
pai. Há pessoas lá esperando por você, um Claude, se não me falha a
memória.
A porta se abriu.
Pensando bem, não sei como fiz muitas coisas depois do que Kai
me disse. Mas de alguma forma, eu me encontrei em um quarto. Meu
pai estava amarrado a uma cadeira, esperando que eu fosse até ele.
Ele tinha uma bandagem enrolada na cintura, fita adesiva sobre a
boca. Se sua bunda coçasse, ele não poderia ter feito nada a respeito.
Talvez tenha sido isso. Talvez seja por isso que me impulsionei
pela sala para tirar a fita dele. Eu agarrei o final e o tirei. Quanto mais
rápido melhor. Eu queria acabar com isso, então eu poderia sair.
Finalmente.
Eu sorri.
Meu pai. Minha mãe. Kai. Ter um lugar na primeira fila para este
mundo. Provavelmente até começou quando eu estava olhando
através da lente de um agente da Hider. Eu fui mudada. Não, não era
isso. Eu estava quebrada. Havia uma parte de mim que não tinha
mais conserto agora. Eu nunca poderia ter uma vida normal
novamente. Kai havia cimentado o que estava acontecendo comigo
desde que Brooke me encontrou.
Suspirei.
— Você pensou que minha mãe te traiu, porque foi o que você
fez com ela. É como você entende o mundo. Você trapaceia e acha
que todo mundo trapaceia. É assim que você pensa, mas você está
errado. Ela nunca trapaceou. Não estava nela. Nem uma vez.
Ela não podia fisicamente deixá-lo, então ela fez a única coisa
que podia. Ela sexualmente escapou dele, emocionalmente se
entregou aos outros.
Eles pareciam ter nove e dez no vídeo, então isso tinha alguns
anos de idade.
Eu estava feita. Eu terminei com tudo isso. Não havia mais nada
a dizer. Eu me virei e vi uma arma na mesa, ao lado do projetor.
Eu cortei uma fenda na corda pela mão dele. Era pequena, mas
o suficiente para lhe dar folga, onde ele poderia libertá-la, se
quisesse. Então, movi a arma para perto dele na mesa e saí.
— O que...
Eu parei, minhas costas ficando tensas antes de empurrar a
porta novamente. Guardas esperaram por mim do outro lado. Eles
começaram a entrar, mas eu os parei.
— Não. Esperem.
— Por quê?
— Por isso.
Um mês depois
— Sim, obrigada.
Eu não sabia se poderia passar por essa reunião ou por que Kai
estava aqui, mas me forcei a ir. Assim que cheguei ao corredor, parei.
Eu não podia. Meus pés se recusaram a se mover. Ele viria ao meu
encontro se eu recusasse esta reunião? Eu poderia fazer isso? Eu
poderia vê-lo depois do que nós compartilhamos?
— Riley
— Claro.
Seu olhar me seguiu por toda parte. Ele balançou sua cabeça.
Eu não estava olhando para Tanner, mas ouvi seu leve suspiro.
Eu tinha que ter algo que ele não pudesse tirar de mim. Um
pouco de orgulho, pelo menos.
— O quê?
— Mesmo?
Eu balancei a cabeça.
— Ou se eu pudesse visitá-los?
Claro.
— Estive doente.
— Não. — eu bati.
Como ele ousa? Como se atreve, Tanner? Kai não tinha o direito
de me machucar. Ele me seduziu. Ele fez o que pretendia fazer, então
me jogou como um pedaço de lixo.
Eu bufei.
Eu queria me esconder.
— Sim!
Fiquei chocada.
— Eu já te disse.
Deus.
— Como quiser.
— Claude?
Ele fez uma pausa, e para seu crédito, ele não vacilou quando
viu as lágrimas no meu rosto.
— Sim?
— Senhorita?
— Eu voltarei.
— Oi! Liguei para o seu mordomo e ele disse que você estaria
aqui o dia todo. Espero que esteja tudo bem que eu tenha vindo? Eu
queria te dizer pessoalmente.
— Ambas?
— O Colorado e o Minnesota.
Eu estava em transe.
— Mesmo?
— Então.
Quatro folhas.
— Estou bem.
— Besteira.
— Pare!
Eu já ouvi o bastante.
Uma tempestade estava se mexendo em mim e lancei em
Tanner um olhar.
— O que você acha que estou fazendo aqui, Tanner? Hã? — Fiz
um gesto para a pilha de papéis. — Estou tentando recuperar minha
vida. Eu estou tentando sair do domínio do seu irmão. Eu estou
tentando ser eu mesma, apenas eu mesma. Não Riley Bello. Não uma
agente 411. Não a amante de Kai Bennett. E definitivamente não
quero ser um bem dos Bennett, porque é o que eu sou para sua
família agora. Um recurso. Uma coisa, lugar ou pessoa de valor que
você pode usar. Eu quero me afastar. Então pare de tentar me dizer
que ele se importa, porque ele não se importa. Eu posso ter sido
estúpida o suficiente para cair no truque dele, mas não sou mais. Ele
não dá a mínima para mim, então nos faça um favor e cale a boca
enquanto eu estou terminando aqui.
Mais um.
— Eu sei que ele não quer que eu te diga isso, mas eu não me
importo. Ele te ama.
— Ele ama você, Riley. Isso significa que ele sempre vai saber
onde você está, e ele sempre vai se certificar de que você está segura.
É o que ele faz pelo resto de nós.
Fiquei tentada a dizer que ele estava errado, que Kai não me
amava, que Kai não amava ninguém. Ele só amava o poder. Mas
então todo o planejamento que fiz nos últimos meses seria em vão.
Porque não importa o que aconteça, Tanner ainda era escravizado
pelo nome de sua família e por Kai.
Eu balancei a cabeça.
— Tenho certeza.
Já era tempo.
E então eu ouvi.
— Riley.
Não, não, não.
Três meses.
Eu engoli em seco.
— Não. — Deus. Eu abaixei minha cabeça em angústia. — Deixe-
me ir, Jonah. — Caindo para frente, minha testa encontrou seu
ombro e eu fiquei lá.
Tudo.
Mas não ia. E ele não viu. Ele não sabia. Nada ficaria bem.
— Cuidado!
Um segundo empurrão.
Eu gritei.
Eu perdi o meu equilíbrio. O mundo estava de cabeça para
baixo.
Dor.
Acordei com um leve sinal sonoro, minha boca ressecada e uma
dor de cabeça estridente.
— Não se mova.
Não...
Deus, não.
— O bebê se foi.
— Riley...
— Riley...
— Vá embora!
— Não!
Eu escutei.
— Demorei quatro dias para deixar você ir. Eu pensei sobre isso
várias vezes. Toda vez que eu pensava que poderia me afastar de
você, eu acabava alcançando você de novo e então aquele último
dia... — Deus. Ele expulsou um som irregular. Sua mão pressionou
mais contra mim, tremendo. — Você tem que saber que eu
arranquei meu coração quando disse essas palavras. E elas eram
mentiras. Eu só precisava que você fosse, se libertasse dessa vida o
máximo que pudesse.
Eu fiquei tensa.
— O quê?
Essa foi a verdadeira razão por trás de sair dos negócios de meu
pai, a razão pela qual eu queria vender todas as casas. O bebê era o
motivo pelo qual eu precisava desaparecer.
Não era um pedido. Era uma ordem e ouvi uma das enfermeiras
suspirar antes que os passos se arrastassem pelo chão e a porta se
fechasse atrás deles.
— Kai.
— Eu te amo.
Eu não achei que alguém soubesse quem ele era, quer dizer, ele
não era uma celebridade, até que ouvi uma enfermeira dizendo a
outra no corredor.
— Estou dizendo a você. É ele. Era sua irmã que estava sumida
a um tempo atrás. Você lembra, a princesa da máfia. Eles mostraram
sua foto no noticiário. Ele está na máfia.
—Oh meu Deus. — Sua amiga tinha sugado algum ar. — Puta
merda. Puta merda!
Um silvo de volta.
— Eu sei!
— Mer...
— Agora.
Riles
— Vancouver?
Nós não falamos sobre o depois, desde que ele me destruiu. Nós
não tínhamos sequer falado sobre o que aconteceu entre nós. Eu
tinha escutado sua história, mas não tive tempo de digerir nada
disso. A perda dela, é o que o médico nos disse quando eu perguntei,
também não se encaixou.
Kai esperou sairmos do hospital seguros na parte de trás do
SUV antes que ele tocasse no assunto de novo.
Eu queria?
— Eu também te amo.
Uma parede deslizou para longe dele. Eu nem sabia que estava
lá. Ele estava me deixando vê-lo esse tempo todo, mas aquela parede
era a última dele. Eu vi o amor brilhando de volta. Era
impressionante e fiquei chocada com isso.
Ele parou, ainda tão ferido. Seu polegar esfregou meu lábio
inferior e ele segurou minha mão com a outra.
— Mas eu não posso deixar você ir. A primeira vez que tentei,
quase me matou. Por favor, não me peça para fazer isso. Eu te amo
muito. Eu preciso muito de você.
Minha mão subiu para cobrir a dele quando ele segurou meu
rosto.
— Eu sei. Eu também.
Kai insistiu que tinha que ser assim. Ele tinha pessoas
suficientes dentro da Rede 411 para não confiar nelas, mas essa era
a minha maneira de ajudar, a de Kai também. O capitão do barco era
o único em quem Kai confiava e Blade e Carol eram os únicos em
quem eu confiava, então se encontrar em áreas como o Parque
Estadual de Itasca depois que ele foi fechado se tornou parte do
negócio.
Quando todos estavam envolvidos nos cobertores, olhei para a
calça e as botas molhadas do capitão.
— Tem certeza?
Segura.
Segurança era uma palavra que não existia mais para mim.
Inteligente. Astuta. Cautelosa. Essas eram palavras que eu vivia
agora. Ou eu tinha que viver, minha mão tocou minha barriga, até
que esse pequenino viesse ao mundo. Este foi meu último recado, o
termo que usei quando trabalhei para a rede 411. Esconder, talvez
esse fosse um termo melhor. Mas ajudar pessoas como essas a viver,
esse era o meu trabalho.
— Estou surpreso que Kai deixou você sair. — ele disse. — Você
está com o quê? Oito meses?
Eu sorri, recuando.
— Eu sei. Nós vamos fazer. O tempo passa rápido. Vai ser antes
que você perceba, você é bem-vinda para o Dia de Ação de Graças.
Eu balancei a cabeça.
Eu ri.
— Carol me deu a luz verde para dizer a você... — Ele fez uma
pausa, inclinando-se para trás, seu sorriso tão grande. — Estamos
juntos.
— O quê?!
— Oficialmente.
Ele assentiu.
— Ei.
— Ei.
Eu sorri em saudação, deslizando para dentro. A porta se
fechou atrás de mim. Eu sabia que o guarda entraria, que os SUVs
começariam a sair, mas eu não estava prestando atenção. Eu não
parei de me mexer assim que entrei. Eu entrei direito, deslizando
até que estava nos braços de Kai e sua boca estava na minha.
— Eu sou um médico.
— Você é um Bennett.
E foi isso. Isso começou a faísca deste livro. Então surgiu uma
ideia que eu tinha de uma rede onde o único propósito deles era
ajudar a esconder aqueles em situações em que a lei não pudesse
ajudá-los. Na verdade, escrevi outro conto intitulado 411 que foi
mencionado neste livro. É super curto e eu provavelmente vou
colocá-lo para leitura gratuita no meu site ou vou carregá-lo para
uma leitura mais curta mais tarde. Eu não decidi, mas aqui estamos
nós.
Tijan.