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Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

Processo: 0142.15.002691-2

Vistos.

ALIPIO NOGUEIRA DE AVELAR ajuizou demanda de


repetição de indébito, em face da UNIÃO FEDERAL e ESTADO DE
MINAS GERAIS, alegando que é servidor público, aposentado
no cargo de oficial de justiça do Estado de Minas Gerais e
sujeito a tributação de imposto de renda de pessoa física,
por retenção na fonte. Em face de doença foi requerida a
restituição do imposto retido no período de 2001 a 2006,
tendo sido-lhe acolhido parcialmente o pedido, negada a
restituição do período relativo aos anos de 2001 a 2005.
Segundo informado pelo autor, há declaração de seu médico
que o acompanhava desde 1996, afirmando que seu quadro
clínico se agravou em 1998, quando se tornou mentalmente.
Informa ainda que, conforme documentos em laudo pericial
médico datado de 2003, elaborado pra atender à Companhia de
Seguros Previdência, restou demonstrado que o autor era
portador de doença que implicava na sua invalidez permanen-
te a partir de 01/08/1998. Juntou os documentos de fls.
02/92.

A requerida contestou o pedido, alegando, pre-


liminarmente: (1) a ilegitimidade passiva da União, por ser
o autor servidor aposentado do Tribunal de Justiça mineiro,
com isso, o imposto pertence ao estado de Minas Gerais, que
descontou para si o tributo; (2) a falta de comprovação do
interesse de agir (questão não levada à Administração), uma
vez que não consta dos autos qualquer comprovação de que o
autor requereu administrativamente a devolução dos valores,

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tendo intentado a ação sem qualquer procedimento adminis-


trativo prévio; (3) a ocorrência de prescrição, em relação
a todas as parcelas pagas nos cinco anteriores a 25/07/2007
(data da propositura da ação). Quanto ao mérito, afirma que
o pedido deve ser julgado improcedente, porque o autor não
comprovou ser portador da moléstia que alega padecer, por
meio de laudo pericial, durante o período em que quer ver
declarada a isenção com condenação à restituição. Afirma
que mera cópia do laudo médico não comprova que o autor
fosse portador da moléstia indicada, pois, além de não ser
laudo pericial, não foi emitido por serviço médico oficial.
Em caso de eventual condenação, que sejam deduzidos os va-
lores já devolvidos por ocasião das declarações anuais de
ajuste do autor.

A parte autora impugnou a contestação, aduzindo


que a alegação de ilegitimidade passiva da União não merece
respaldo, por se tratar de ação de repetição de indébito
relativa ao IRRF ou, em caso de entendimento contrário, que
fosse o Estado de Minas Gerais seja citado na qualidade de
litisconsórcio passivo; quanto a alegada falta de interesse
de agir, afirma ser desnecessário prévio pedido administra-
tivo, em face do princípio do amplo acesso à justiça, ex-
pressamente previsto na Constituição Federal; quanto à
prescrição quinquenal apontada, afirma que esta não ocor-
reu, conforme demonstrado na petição inicial. Quanto a ale-
gação de não haver laudo pericial emitido por servidor
médico oficial que comprove a moléstia grave do autor,
trata-se de questão superada, uma vez que o que o autor já
se beneficia do direito à isenção, por estar comprovada sua
situação de incapacidade mental.

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As partes especificaram provas às fls. 115 e


116v. Após a designação de médico para realização de perí-
cia médica, a parte autora apresentou seus quesitos e as-
sistente técnico às fls. 121/123. A parte requerida não se
manifestou, reiterando a preliminar de ilegitimidade passi-
va.

Às fls. 155 foi determinada a emenda da inici-


al, para inclusão do Estado de Minas Gerais no polo passi-
vo.

Após ser devidamente citado (fl. 159), o Estado


de Minas Gerais apresentou sua contestação às fls. 161/178,
alegando, preliminarmente, a ilegitimidade passiva do Esta-
do de Minas Gerais, uma vez que é a União que detém legiti-
mação ativa para instituir imposto de renda, bem como esta-
belecer regras isencionais ou poder para afirmar se o autor
tem efetivamente o direito de ter o tributo restituído;
ainda, eventuais valores pagos foram para os cofres da Uni-
ão e não do Estado. Quanto ao mérito, o termo a quo da
isenção deve ser a partir do dia 01/06/2006, data de emis-
são do laudo pericial emitido por serviço médico oficial,
conforme art. 30 da Lei 9250/95 c/c art. 5º, §2º, II da
Instrução Normativa SRF nº 15/2001; com isso, o pedido não
deve ser acolhido em relação aos períodos de 2001 a 2005.
Quanto declaração médica apresentada pelo autor às fls. 16,
afirma que foi firmado mais quatro anos após a alegada in-
ternação hospitalar. Em relação ao atestado médico de fl.
18, emitido em 25/07/06, ressalta que nele consta expressa-
mente “não está na atualidade em condições de exercer suas
atividades da vida civil”, dessa forma, não se constata que
o médico afirma que o autor estivesse incapacitado de exer-
cer suas atividades desde 1996 ou 199; apesar disso, o au-

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tor afirma que esteve incapacitado para os atos de vida ci-


vil desde 1998. Esclarece que o autor foi periciado por
médicos oficiais em setembro de 2003, conforme documento de
fl. 178, época em que foi constatado que seu quadro, naque-
le momento, não caracterizava situação justificadora para
concessão de isenção do imposto de renda. Por tudo isso,
entende que o autor esteja litigando de má-fé e pleiteia
sua condenação pagamento de multa no valor de 1% sobre o
valor da causa. Afirma que o autor não faz jus a isenção
que se julga detentor, porque simplesmente desconsiderou (e
insiste em desconsiderar) a expressa exigência legal quanto
a necessidade de laudo pericial emitido por médico oficial.
Alega ainda a ocorrência da prescrição quinquenal, contada
retroativamente da data da citação do Estado de Minas. Por
fim, em caso de condenação, que seja aplicada correção mo-
netária e juros conforme artigo 1º da Lei 9494/97. Ainda em
caso de condenação, por se tratar de tributo com fato gera-
dor de natureza complexa, que sejam refeitas as declara-
ções, promovendo-se os devidos abatimentos, deduções e apu-
rações, conforme nova situação na qual se enquadre o autor.

A parte autora impugnou a contestação do Esta-


do, afirmando sua legitimidade, inclusive, como litiscon-
sorte passivo necessário. Sobre a alegada necessidade de
laudo médico firmado por peritos oficiais, afirma que os
relatórios médicos apresentados nos autos foram firmados
por profissionais éticos, responsáveis e técnicos, por isso
tais documentos gozam de valor probante; ademais, é possí-
vel a realização de perícia para comprovar a indubitável
enfermidade incapacitante do autor. Defende-se da alegada
litigância de má-fé, pois, em momento algum, disse que o
autor faria jus a isenção desde 1998, mas sim, a partir de

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2001. Afirma que não há que se falar em prescrição, pois a


lide se formou em 2007, com a citação da União.

Às fls. 117, foi nomeado expert para a realiza-


ção de perícia e às fls. 188, foi determinado a intimação
das partes para oferecimento de quesitos e indicação de as-
sistente técnico, com manifestação das partes às fls. 191,
193/194 e 199.

O laudo pericial foi apresentado às fls.


220/222, com esclarecimentos às fls. 241.

Às fls. 243 e 246 foi declinada a competência


da Justiça Federal e determinada a remessa dos autos para
este Juízo, com consequente exclusão da União do polo pas-
sivo.

Em razão do falecimento do autor, seus foram


habilitados e incluídos no polo ativo (fls. 270/280 e 305).

Intimadas para manifestarem-se se ainda tinham


outras provas a produzir (fl. 303), a parte autora juntou
documentos e afirmou não ter outras provas a produzir (fls.
307/331), da mesma forma, o requerido não pugnou pela pro-
dução de outras provas (fl. 331v).

Após, a parte autora pugnou pela produção de


prova testemunhal (fls. 333/334) e juntou perícia médica
extraída de outro processo (fls. 335/338).

A requerida apresentou suas alegações finais às


fls. 339/341 e a autora às fls. 344/348.

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Intimada para manifestar-se sobre os documentos


de fls. 335/338, a parte requerida pugnou pelo seu desen-
tranhamento ou desconsideração, assim como aqueles de fls.
333/334, em razão do trânsito em julgado da decisão de fl.
342 e da preclusão.

Relatados, DECIDO.

Trata-se de ação de repetição do indébito, de


valores de imposto de renda pagos pelo falecido autor, nos
anos de 2001 a 2006. Segundo afirmado pela parte autora, os
valores foram indevidamente descontados, haja vista que
àquela época o autor era portador de alienação mental e,
por isso, faria jus à isenção do imposto.

Preliminarmente:

(1) Desconsideração dos documentos de fls.


333/334 e 335/338:

Quanto aos documentos juntados pela parte auto-


ra às fls. 333/334 e 335/338, entendo que razão assiste à
parte requerida (fl. 349), haja vista o trânsito em julgado
da decisão de fl. 342 e porque se trata de manifestação
preclusa, em todos os sentidos (preclusão lógica, consuma-
tiva e temporal). Por isso, acolho o pedido da requerida
(fl. 349), para desconsiderar os documentos de fls. 333/334
e 335/338.

(2) Legitimidade passiva do Estado:

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O Estado de Minas Gerais suscitou como prelimi-


nar sua ilegitimidade passiva, afirmando ser a União quem
detém legitimação ativa pra instituir imposto de renda.

Ainda, afirma que, confirmando-se terem sido


efetuados os pagamentos via DARF (fls. 63, 70 e 78), os va-
lores foram destinados aos cofres da União, e não do Esta-
do.

Observo que a questão já fora decidida às fls.


243, com reconhecimento da legitimidade passiva do Estado
de Minas Gerais, que foi devidamente intimado (fls.
252/253); por isso, deixo de apreciar o pedido, que resta
prejudicado.

Da prescrição quinquenal:

O requerido alega prescrição em relação a todo


o período cuja repetição é pretendida pelo autor (2001 até
2006).

Entendo que razão assiste em parte à requerida.


Vejamos.

A ação iniciou-se durante a vigência Código de


Processo Civil de 1973 e, até a decisão de fl. 155 (deter-
minação de emenda da inicial), desenvolveu-se sob a égide
daquela legislação, cujas regras devem ser aplicadas à
análise da prescrição (tempus regit actum).

Nesse sentido:
“A lei que rege o ato processual é aquela em
vigor no momento em que ele é praticado, por força do prin-

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cípio tempus regit actum” (TJMG - Apelação Cível


1.0027.14.007324-1/001, Relator(a): Des.(a) Áurea Brasil,
5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 14/09/2017, publicação da
súmula em 26/09/2017).

Assim, dispõe o artigo 219, §1º do CPC/73, com


a redação vigente à época:
“Art. 219. A citação válida torna prevento o
juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e,
ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em
mora o devedor e interrompe a prescrição.
§ 1o. A interrupção da prescrição retroagirá à
data da propositura da ação” (grifo nosso).

O Estado de Minas Gerais foi citado no dia


26/03/2010 (fls. 159), entretanto, a data da interrupção da
prescrição deve retroagir à data da propositura da ação.

Apesar de a ação ter sido distribuída em


20/11/2007 (fl. 02), após determinação judicial (fl. 155),
a emenda da petição inicial requerendo a inclusão do Estado
de Minas Gerais foi protocolizada em 03/07/2009 (fl. 156).

Com isso, apenas nessa data (03/07/09), a peti-


ção inicial reuniu condições de desenvolvimento válido e
regular do processo. Por isso, a data da interrupção da
prescrição deverá retroagir à data em que a emenda à peti-
ção inicial foi apresentada, ou seja, 03/07/2009.

Nesse sentido:
“I - O direito de cobrança judicial de conta
hospitalar prescreve em cinco anos, como previsto no art.
206 § 5º, I do CCB. II - Se a alta hospitalar ocorreu em

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17.09.2005 e a ação de cobrança foi proposta em 17.09.2010,


resta evidente a prescriçãodaseprescrição,
“A interrupção houve a necessidade de pos-
na forma prevista
terior
no art.emenda
240 doda inicial,
Código pois a interrupção
de Processo da contagem
Civil, retroage do
à data em
prazo prescricional,
que petição inicial na forma condições
reunir prevista no
de § desenvolvimento
1º do art. 240
do CPC,e retroagirá
válido à data emE que
regular do processo. issopetição inicial
só ocorreu com areunir
emen-
condições
da da peçade desenvolvimento
inaugural, válido
em 2011, o quee torna
regular do processo”
caracterizada a
(TJMG - Apelação(TJMG
prescrição” Cível 1.0702.10.066231-2/001,
- Agravo de Relator(a):
Instrumento-Cv
Des.(a) Vicente de Oliveira
1.0027.10.031393-4/001, Silva, 10ª
Relator(a): CÂMARA
Des.(a) CÍVEL,
Wander julga-
Marotta,
mento em 06/03/2018,
5ª CÂMARA publicação
CÍVEL, julgamento da súmula em
em 04/05/2017, 16/03/2018,
publicação da
grifo
súmulanosso).
em 16/05/2017, grifo nosso).

Assim, declaro extinto o direito do autor quan-


to ao ressarcimento dos valores de imposto de renda pagos
nos cinco anos anteriores a data da emenda da inicial (par-
celas pagas ou descontadas até 02/07/2004), conforme artigo
168, I do CTN.

Da desnecessidade de realização de perícia


médica por médico oficial:

Apesar das previsões legal e normativa previs-


tas no artigo 30 da Lei 9250/95 e Instrução Normativa
15/2001 (vigente à época), no sentido de que a isenção do
pagamento de imposto de renda somente será concedida medi-
ante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, há
entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça em
sentido contrário, ou seja, afirmando a desnecessidade de
laudo formulado por médico oficial, desde que comprovada
por diagnóstico especializado.

Nesse sentido:

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“1. O STJ fixou o posicionamento de que a ine-


xistência de laudo oficial não pode obstar a concessão, em
juízo, do benefício de isenção do imposto de renda, na me-
dida em que o magistrado é livre na apreciação e valoração
das provas constantes dos autos. 2. O entendimento do STJ é
no sentido de que o termo inicial da isenção do imposto de
renda sobre proventos de aposentadoria, para as pessoas com
moléstias graves, é a data da comprovação da doença median-
te diagnóstico especializado. Precedentes: AgRg no AREsp
312.149/SC, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Tur-
ma, DJe 18/9/2015 e AgRg no REsp 1.364.760/CE, Rel. Minis-
tro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 12/6/2013” (REsp
1727051/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 03/04/2018, DJe 25/05/2018, grifei).

Ainda:
“Sob a ótica do Superior Tribunal de Justiça,
"é desnecessária a apresentação de laudo médico oficial
para o reconhecimento da isenção de imposto de renda no
caso de moléstia grave, tendo em vista que a norma prevista
no art. 30 da Lei 9.250/95 não vincula o Juiz, que, nos
termos dos arts. 131 e 436 do CPC, é livre na apreciação
das provas" (AgRg no REsp n. 1233845/PR, Rel. Ministro Na-
poleão Nunes Maia Filho. 1ª Turma. DJe 16/12/2011). Hipóte-
se na qual foi juntado atestado médico confirmando a pato-
logia que acomete o autor, em manifestação corroborada por
prova pericial que historiou a evolução da doença e identi-
ficou seu início em abril de 2013, período anterior, por-
tanto, àquele reconhecido pelo réu na via administrativa”
(TJMG - Ap Cível/Rem Necessária 1.0024.14.281975-4/001, Re-
lator(a): Des.(a) Alberto Vilas Boas, 1ª CÂMARA CÍVEL, jul-
gamento em 21/08/2018, publicação da súmula em 31/08/2018,
grifei).

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“A Lei Federal nº 7.713/1988, em seu artigo 6º,


incisos XIV e XXI, determina que são isentos do Imposto de
Renda os portadores de moléstias consideradas incapacitan-
tes, tal como espondiloartrose anquilosante, desde que a
constatação se dê com base em conclusão da medicina especi-
alizada. Não há necessidade de comprovação da doença atra-
vés de laudo médico oficial, da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios, caso existam outras provas
contundentes que demonstrem a moléstia grave, inclusive,
como no caso, perícia judicial realizada” (TJMG - Apelação
Cível 1.0145.14.062167-6/001, Relator(a): Des.(a) Moacyr
Lobato, 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 09/08/2018, publica-
ção da súmula em 14/08/2018).

“São isentos de imposto de renda os proventos


de aposentadoria ou reforma percebidos pelos portadores de
moléstia grave, tal como cardiopatia grave, nos termos do
inciso XIV do art. 6º da Lei Federal 7.713/88, sendo paten-
tes as provas dos autos neste sentido, tendo como termo
inicial da isenção a data da comprovação da doença, median-
te diagnóstico médico, e não a data de emissão do laudo
oficial” (TJMG - Apelação Cível 1.0000.17.034154-9/001, Re-
lator(a): Des.(a) Judimar Biber, 3ª CÂMARA CÍVEL, julgamen-
to em 10/05/0018, publicação da súmula em 14/05/2018).

Assim, entendo que a realização de perícia


médica oficial não é requisito indispensável para a verifi-
cação da moléstia grave para fins de isenção do pagamento
do imposto de renda.

Das demais provas dos autos:

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Passo a analisar as provas produzidas nos autos


para verificação da data em que deve ser constatada o iní-
cio da invalidez do autor, para fins de isenção do imposto
de renda (marco inicial).

Ressalto que os documentos de fls. 333/334 e


335/338 serão desconsiderados, em razão do trânsito em jul-
gado da decisão de fl. 342 e de preclusão temporal e consu-
mativa (documentos juntados de forma totalmente extemporâ-
nea e em dissonância com a manifestação de fls. 307).

No mérito, segundo o artigo 6º da Lei 7713/88:


“Ficam isentos do imposto de renda os seguinte
rendimentos percebidos por pessoas físicas: (…) XIV – os
proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente
em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia
profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclero-
se múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, para-
lisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, do-
ença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropa-
tia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença
de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação,
síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclu-
são da medicina especializada, mesmo que a doença tenha
sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Redação
dada pela Lei nº 11.052, de 2004)”.

A parte autora requer seja reconhecido seu di-


reito a devolução dos valores de imposto de renda pagos, em
razão de isenção legal ocasionada por sua alienação mental.

Segundo o laudo pericial de fls. 220/222 e 241,


o estado de incapacidade mental do autor iniciou-se em

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04/11/2004; porém, “foi considerado na perícia para fins de


recebimento de seguro em 30/06/2003 que o paciente está in-
capacitado total ou definitivamente para exercer qualquer
atividade remunerada. No item 9 tem como diagnóstico neuro-
cisticercose e epilepsia parcial complexa generalizada”
(grifo nosso).

Apesar de diagnóstico médico de doença do autor


em 30/06/03, observo que as doenças verificadas àquela épo-
ca (cisticercose e epilepsia parcial complexa generalizada)
não fazem parte do rol de moléstias descritas no art. 6º,
XIV da Lei 7713/88.

Por outro lado, a perícia médica judicial cons-


tatou que a incapacidade mental do autor provavelmente ini-
ciou-se em 04/11/04 (fl. 241).

Dessa forma, entendo que seja caso de acolher o


laudo pericial de fls. 220/222 e 241, para determinar a
concessão isenção de pagamento do imposto de renda pela
parte autora a partir de 04/11/04, com a consequente devo-
lução dos valores pagos a partir dessa data.

Segundo entendimento jurisprudencial e legal,


os valores a serem devolvidos deverão ser corrigidos da se-
guinte forma: (1) juros: incidência a partir do trânsito em
julgado, pela taxa Selic, nos moldes do art. 161, §1º, do
CTN e art. 226, da Lei nº 6.763/75; (b) correção monetária:
incidência a partir do desconto indevido, conforme os índi-
ces da CGJ, até o trânsito em julgado, após, incidência de
correção monetária pela taxa Selic.

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Nesse sentido:
“Segundo entendimento do STJ, nas condenações
em ações de repetição de indébito tributário contra a Fa-
zenda Pública, os juros deverão incidir a partir do trânsi-
to em julgado, pela taxa Selic, nos moldes do art. 161,
§1º, do CTN e art. 226, da Lei nº 6.763/75 (REsp.
879.844/MG, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe
de 25/11/2009), ao passo que a correção monetária deve in-
cidir a partir do desconto indevido, conforme os índices da
CGJ, até o trânsito em julgado, quando deverão incidir ju-
ros e correção monetária pela taxa Selic, sendo inaplicá-
veis os ditames da Lei nº 11.960/2009” (TJMG - Ap Cível/Rem
Necessária 1.0024.14.234924-0/001, Relator(a): Des.(a) Rai-
mundo Messias Júnior, 2ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
27/03/2018, publicação da súmula em 06/04/2018).

Ante o exposto, e por tudo o mais que dos autos


consta, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO EXORDIAL,
para condenar a parte requerida (ESTADO DE MINAS GERAIS) na
obrigação de restituição dos valores que, comprovadamente,
foram pagos de forma indevida por Alípio Nogueira de Ave-
lar, a título de imposto de renda, no período de 04/11/04
(data em que se iniciou da incapacidade mental, conforme
perícia médica de fl. 241) até 31/12/05, com a repetição do
indébito, acrescidos de correção monetária e juros de 1% ao
mês desde a época dos efetivos recolhimentos, incidentes em
cada parcela, que deverão ser apurados em futura liquidação
de sentença, nos termos da fundamentação.

Condeno as partes no pagamento dos honorários


advocatícios, que fixo em 10% do valor da condenação, devi-
damente corrigidos, na forma do artigo 85, §16 do Código de
Processo Civil.

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Em razão da sucumbência recíproca, a parte auto-


ra arcará com o pagamento de 70% do valor das custas e hono-
rários advocatícios, vedada sua compensação (CPC, artigos 85,
§14 e 86). Isenta a parte requerida no pagamento das custas
processuais.

Deixo de determinar a remessa necessária ao du-


plo grau de jurisdição, porque, nitidamente, o valor a ser
apurado não alcançará aquele previsto no artigo 496, §3º, II
do Código de Processo Civil.

Dos procedimentos antes do trânsito em julgado:


(1) se houver interposição de Embargos de Decla-
ração: (a) vista à parte contrária pelo prazo legal; (b)
após, voltem-me para decisão;
(2) se houver interposição de Recurso de Apela-
ção:(a) vista à parte recorrida para as contrarrazões, no
prazo de quinze dias; (b) após, remetam-se os autos ao TRIBU-
NAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS, com as nossas homenagens.

Após do trânsito em julgado:

Transitada em julgado, a parte autora deverá


trazer o demonstrativo discriminado e atualizado do crédito,
referente aos valores indevidamente descontados no período de
04/11/04 a 31/12/05, para cumprimento de sentença na forma do
artigo 534 e seguintes do Código de Processo Civil.

Publique-se, registre-se e intimem-se.

Carmo do Cajuru, 16 de outubro de 2018.

JACINTO COPATTO COSTA

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Juiz de Direito

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