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Avaliação sumativa – 12º ano – 2017/2018 (V1)

Grupo I

Lê atentamente os textos seguintes e apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.

Agora estão mais perto e ela encontra, ainda sem os ver, dois olhos largos, semicerrados, uma boca fina,
cabelos escuros, lisos, sobre um pescoço alto de Modigliani. Mas nesse tempo, dantes, não sabia quem era Modigliani
e outros que tais, não eram artistas lá em casa, os pais tinham sido condenados pelas instâncias supremas à quase
ignorância, gente de trabalho, diziam como se os outros não trabalhassem, e sorriam um pouco com a superioridade
dessa mesma ignorância se a ouviam falar de um livro, de um filme, de um quadro nem pensar, o único que tinham
visto talvez fosse a velha estampa desbotada do Angelus que estava na casa de jantar. Com superioridade, pois, e
também com uma certa indignação. Ou seria mesmo vergonha? Como quem ouve um filho atrasado dizer inépcias
diante de gente de fora que depois, Senhor, pode ir contar ao mundo o que ouviu. E rir. E rir.
Já não sabe, não quer saber, quando saiu da vila e partiu à descoberta da cidade grande, onde, dizia- -se lá
em casa, as mulheres se perdem. Mais tarde partiu por além-terra, por além-mar. Fez loiros os cabelos, de todo os
loiros, um dia ruivos por cansaço de si, mais tarde castanhos, loiros de novo, esver-deados, nunca escuros, quase
pretos, como dantes eram. Teve muitos amores, grandes e não tanto, definitivos e passageiros, simples amores,
casou-se, divorciou-se, partiu, chegou, voltou a partir e a chegar, quantas vezes? Agora está — estava —, até
quando?, em Amsterdão.
Depois de ter deixado a vila, viveu sempre em quartos alugados mais ou menos modestos, depois em casas
mobiladas mais ou menos agradáveis. As últimas foram mesmo francamente confortáveis. Vives numa casa mobilada
sem nada de teu? Mas deve ser um horror, como podes?, teria dito a mãe, se soubesse. Não o soube, porém. As
cartas que lhe escrevia nunca tinham sido minuciosas, de resto detestava escre-ver cartas e só muito raramente o
fazia. Depois o pai morreu e a mãe logo a seguir.
Uma casa mobilada, sempre pensou, é a certeza de uma porta aberta de par em par, de mãos livres, de rua
nova à espera dos seus pés. As pessoas ficam tão estupidamente presas a um móvel, a um tapeta já gasto de tantos
passos, aos bibelots acumulados ao longo das vidas e cheios de recordações, de vozes, de olhares, de mãos, de gente,
enfim. Pega-se numa jarra e ali está algo de quem um dia apareceu com rosas. Tem alguns livros, mas poucos, como
os amigos que julga sinceros, sê-lo-ão? Aos outros livros dá-os, vende-os a peso, que leve se sente depois! […]
MARIA JUDITE DE CARVALHO, «George», in Conto português: séculos XIX-XXI — antologia crítica
(coordenação de Maria Isabel Rocheta e Serafina Martins), Porto, Edições Caixotim, pp. 115‑120.

1- Explicita a crítica presente em “os pais tinham sido condenados pelas instâncias supremas à quase
ignorância, gente de trabalho” (ll. 3-4)
2- Indica as metamorfoses de George, referidas no texto.

3- Tendo em conta o perfil psicológico de George, explica o sentido de “Uma casa mobilada, sempre
pensou, é a certeza de uma porta aberta de par em par, de mãos livres, de rua nova à espera dos
seus pés”. (último parágrafo)

Sísifo1

Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro2 da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga, Diário XIII

1. Na mitologia grega, Sísifo era considerado o mais astuto de todos os mortais.O mito narra a história de um homem que, ofendendo Zeus, foi
condenado a um trabalho interminável: tem de empurrar uma pedra até ao cume de uma montanha, mas, quando está quase a chegar, a pedra
rola pela montanha abaixo e ele tem de recomeçar.
2. engano , ardil

4- Relaciona o título com o sentido do poema.

5- Explicita o sentido dos dois últimos versos, tendo em conta a globalidade do poema.

GRUPO II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.


Lê o excerto que se segue, de José Régio.
Não esperava escrever qualquer novo
posfácio para qualquer nova edição dos Poemas de
Deus e do Diabo. Sucede, porém, que já sou um
velho poeta. Assisti, portanto, a diversos
5 movimentos literários; tomei parte em alguns
deles; entrei, por mais de uma vez, nas
escaramuças das gerações; em algumas delas
mereci a honra (que continuo a merecer) de ser o
alvo predileto dos ataques; verifiquei a
10 relatividade, ou a inconsistência, das verdades
absolutas de variados dogmatismos e ortodoxias; vi
desenrolar-se a dança das horas e das modas;
testemunhei o rápido envelhecer de novidades
reclamadas como a Boa Nova definitiva,
15 implantadas para um longo futuro que durava dois
dias e meio.
Um escritor presente à cena literária durante mais de quarenta anos acha
riquíssimas oportunidades de observação no palco, na plateia, nos bastidores. E várias
coisas que de momento lhe haviam interessado vivamente, a quase só fumarada e
20 algazarra se lhe reduzem depois. Claro que não tem que se arrepender. Sem a faculdade
da ilusão, que movimento e que ação nos seriam possíveis? Só tem de aprender. E até
continuar a enganar-se, a iludir-se, a errar, a tatear, se para verdadeiramente continuar
a aprender lhe for isso necessário. No fim e ao cabo, ficam--lhe na mão duas ou três
crenças a que não pode renunciar — até porque são íntimas à sua natureza.
25 Não me arrependo das polémicas em que tenho entrado: uma vezes provocadas
por mim, outras desafiado eu a elas. Não me arrependo de ter polemizado nas
anteriores redações deste posfácio. Se o polemista não está de todo cego, ou o não é
sem remédio, até na polémica pode dizer coisas interessantes, inteligentes ou justas de
parte a parte. Aliás, também pode a polémica servir a história, subsidiar a crítica, ajudar
30 a esclarecer ideias. Igualmente não me arrependo de outras vezes ter evitado a
polémica, por uma ou outra de duas razões antagónicas: por estimar o antagonista de
momento, e recear magoá-lo inadvertidamente, ou, ao contrário, por me haver ele
inspirado indiferença, desprezo, ou consciência da inutilidade de qualquer tentativa de
diálogo.
José Régio, posfácio de Poemas de Deus e do Diabo,
12.ª ed., Famalicão, Quasi Edições, 2002.

1. A leitura do primeiro parágrafo do texto permite concluir que José Régio


(A) procurou, ao longo da sua carreira literária, manter-se afastado das discussões
dos meios literários.
(B) assistiu ao abandono de determinadas ideias que eram consideradas verdades
inquestionáveis.
(C) percebeu que, no campo literário, determinadas ideias eram verdades absolutas
e, por isso, imunes à mudança.
(D) foi um autor cujas ideias recebiam a aprovação de todos.

2. Os vocábulos «porém» (l. 3) e «portanto» (l. 4) asseguram a coesão


3
(A) frásica.
(B) interfrásica.
(C) referencial.
(D) temporal.

3. O constituinte «absolutas» (l. 11) desempenha a função sintática de


(A) complemento do adjetivo.
(B) modificador apositivo do nome.
(C) modificador restritivo do nome.
(D) predicativo do complemento direto.

4. A oração «que durava dois anos e meio» (ll. 15-16) é uma subordinada
(A) substantiva completiva.
(B) adverbial consecutiva.
(C) adjetiva relativa explicativa.
(D) adjetiva relativa restritiva.

5. O constituinte «das polémicas em que tenho entrado» (l. 26) tem a função sintática de
(A) complemento oblíquo.
(B) modificador de frase.
(C) modificador do grupo verbal.
(D) complemento direto.

6. O constituinte «-lo» (l. 33) contribui para a coesão textual, sendo um exemplo de
(A) anáfora.
(B) catáfora.
(C) elipse.
(D) correferência não anafórica.

7. O pronome «me» (l. 33) desempenha a função sintática de


(A) sujeito simples.
(B) complemento direto.
(C) complemento indireto.
(D) complemento agente da passiva.

8. Refere o valor modal do verbo «ter» em «Só tem de aprender» (ll. 21-23).

9. Identifica a função sintática do vocábulo «que» (l. 8).

10. Identifica o antecedente do pronome «ele» (l. 33).

4
GRUPO III

«[…] hoje cada um de nós transformou-se num fotógrafo potencial,


equipado a todo o momento com telemóveis que veem, ligados on-line ao
Mundo. […]»
«Se para os muçulmanos ser fotografado é como ter a alma roubada,
para as culturas mais ocidentais a fotografia contém também um significado
sagrado.»
Luiz Carvalho,
in http://expresso.sapo.pt/blogues/blog_flagrante_deleite
/o-dia-em-que-ha-luz-sobre-a-fotografia=f391548

Escreve um texto em que apresente o teu ponto de vista sobre o significado que a
fotografia adquiriu nas nossas vidas. Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no
mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles com um exemplo.
Elabora um texto bem estruturado (com introdução, desenvolvimento e conclusão),
com um mínimo de duzentas (200) e um máximo de trezentas (300) palavras.

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em
branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /opôs-se-lhe/). Qualquer número
conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2016/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados — entre duzentas e trezentas palavras —
há que atender ao seguinte:
— um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto
produzido;
— um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

5
Correção:

GRUPO II
1. (B).
2. (B).
3. (C).
4. (D).
5. (A).
6. (A).
7. (B).
8. Valor modal deôntico.
9. Complemento direto.
10. «o antagonista de momento».
6
4.

5.

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