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DESAPROPRIAÇÕES. JUROS.

Marcus Ercilio Delier (medelier), em 07/11/2010.

É sabido que desapropriação é o instrumento através do qual a


administração pública apropria-se de determinado bem imóvel, de
determinado espaço físico de propriedade particular, com o fim de
estabelecer políticas públicas, de fazer prevalecer o interesse público sobre
o interesse particular.
Há outros tipos de desapropriação, dos quais não interessa aqui tratar,
limitando-se a presente análise às desapropriações por interesse público.
Compõe-se de duas fases distintas: a primeira declaratória, declaração
através de decreto de que tal área, tal espaço é de interesse público.
O ente público declara através de ato executivo que aquele bem é de
interesse público e que pretende a transferência de tal bem para a sua esfera
patrimonial. Declara também que tal bem imóvel vale tanto, e que oferece
tanto pelo bem a ser desapropriado.
Obviamente, tal declaração de valor não é feita em bases meramente
especulativas, mas baseada em laudo técnico de agente público capacitado
para tal, no mais das vezes “para baixo”, já que o dito interesse público
prevalece sobre o interesse do particular.
As leis de mercado não são respeitadas, o valor de mercado não é
considerado.
A lei de regência das desapropriações (na verdade decreto-lei incensado à
categoria de lei pela interpretação constitucional), porém, assevera que o
preço, a indenização pela perda do imóvel, deve ser o mais ampla possível,
prévia e em dinheiro.
A segunda fase das desapropriações é a judicial.
Nesta é vedada ao juiz, a análise da motivação do ato de desapropriação,
limitando-se, concretamente, ao estabelecimento do preço e condições do
pagamento.
Com honrosas exceções, após extensa discussão, nomeação de perito
engenheiro de confiança do juízo, produção de trabalho técnico avaliatório,
é proferida sentença declaratória de transferência da propriedade, com
fixação do preço e seus consectários.
Aí começa o problema.
Ocorre que se o ente público apossa-se do bem antes da sentença, ainda que
por determinação judicial entre na posse do bem imóvel antes de
estabelecido o valor da indenização e determinada a transferência de
propriedade, são devidos os juros compensatórios.
Como diz a expressão, são devidos pela indisponibilidade do bem ao
legítimo proprietário até que, por sentença declaratória, seja definido o
valor da indenização e determinada a transferência da propriedade.
Por lei, os juros compensatórios devem corresponder a 12% ao ano ou 1%
ao mês.
O interesse público tentou fazer prevalecer juros de 6% ao ano, através de
medida provisória (ato de iniciativa do executivo) vendo, porém, barrada a
sua pretensão via ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente
pelo Supremo.
Algumas decisões de nossos Tribunais, contudo, determinam que os juros
compensatórios devam ser de 12% ao ano até a edição da medida
provisória, passando então a 6% ao ano durante sua vigência, retornando a
12% a partir do julgamento da ADIN.
Desconsideram o fato de que referida medida provisória, por força do
disposto na Emenda Constitucional nº 32 nunca foram, tampouco irão à
apreciação legislativa, por força da expressão: “As medidas provisórias
editadas em data anterior à da publicação desta emenda continuam em
vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até
deliberação definitiva do Congresso Nacional”.
Na prática, significa dizer que, como não apreciadas até a data da
publicação da Emenda, nunca serão revogadas nem sofrerão deliberação
definitiva do Congresso Nacional.
Pergunta-se: seria o caso de sofrer a Emenda Constitucional nº 32 de vício
de inconstitucionalidade?
Afinal, a Constituição Federal de 1988 não referendou o chamado decreto
presidencial anteriormente existente...
Caso ainda mais curioso é dos juros moratórios no âmbito das
desapropriações.
O artigo 15-B do Decreto-Lei 3365/41 tem a seguinte redação: “nas ações
a que se refere o art. 15-A, os juros moratórios destinam-se a recompor a
perda decorrente do atraso no efetivo pagamento da indenização fixada na
decisão final de mérito, e somente serão devidos à razão de até seis por
cento ao ano, a partir de 1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que
o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001).
Ora, se na fase judicial da desapropriação, discute-se o preço, o valor
indenizatório, qual seria o dia 1º de janeiro do exercício seguinte àquele em
que o pagamento deveria ter sido feito?
Ainda que se afaste a discussão acerca da constitucionalidade da Emenda
32, na parte em que trata de medidas provisórias anteriores à sua
promulgação, o fato é que a expressão “a partir de 1º de janeiro do
exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito” surgiu no
âmbito das discussões acerca do pagamento de precatórios adicionais.
Como o Brasil vivia épocas de inflação galopante e os precatórios judiciais
eram pagos sempre tardiamente, como até hoje o são, os precatórios
adicionais sucediam-se, fazendo incidir juros de mora a partir do dia
seguinte ao termo final dos cálculos que fundamentavam o precatório
anterior.
Acertadamente, as fazendas públicas desenvolveram a tese de que, no
período entre 1º de julho de determinado exercício (prazo fatal para a
inscrição orçamentária) e 31 de dezembro do exercício seguinte (prazo
final para o pagamento do valor orçado) não se encontravam em mora, e,
portanto, os juros moratórios seriam devidos apenas “a partir de 1º de
janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser
feito”.
Como tal expressão veio aparecer na Lei das Desapropriações é um
mistério.
Muito mais justo o critério anterior, que fixava o termo inicial dos juros de
mora “a partir do trânsito em julgado”.
Evidentemente, após o trânsito em julgado, havendo decisão definitiva, a
demora no pagamento não se justifica e assim, a fluência dos juros
moratórios a partir daí é plenamente justificável, até porque nas
desapropriações, o citado é o proprietário do imóvel, o credor do valor
indenizatório e não o contrário.
Já a expressão do artigo 15-B do Decreto-Lei 3365/41 remete o termo
inicial dos juros moratórios às inteligências individuais, o que, com todas
as escusas, é inadmissível em termos atuais.

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