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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas

História Medieval

2019/1

Prof. Dr. Aléssio Alonso Alves

Resumo Crítico:

Mito das Nações. A Invenção do Nacionalismo - Patrick Geary (Capítulos 3 e 4)

Joseane Justi

A obra em questão, o Mito das Nações. A invenção do nacionalismo, da autoria de Patrick Geary,
discorre nos seus capítulos terceiro e quarto acerca da construção da identidade bárbara e romana,
assim como a evolução cronológica da relação entre os dois povos e as disputas pelos territórios
pertencentes ao Império Romano.

Primeiramente, é importante ressaltar pontos presentes no terceiro capítulo do livro, intitulado


"Bárbaros e outros romanos". Geary afirma que a identidade romana era "constitucional", ou seja,
ligada a cultura, aspectos político-econômicos, territoriais e de classe, e não de origem étnica. Já os
ditos barbáros (termo que surgiu para designar aqueles que não eram gregos) englobavam uma
grande variedade de povos, que eram assim chamados devido a suposições dos séculos em questão,
criados a partir de observações preconceituosas dos costumes das várias etniais.

Além disso, Patrick discute sobre a relação entre os povos bárbaros e os romanos entre os séculos I
ao V e defende a dificuldade da identificação identitária de cada povo, visto que, ao conquistar
diversos territórios, os romanos inseriam esses novos povos no governo através da concessão de
direitos e respeitavam suas diferenças culturais como forma de trazer integração ao Império Romano.
Dessa forma, é possível identificar uma mistura constante de identidades e uma distinção cada vez
mais incerta, já que um indivíduo poderia ser considerado simultaneamente bárbaro e também
romano (GEARY, 2002, p. 81). Tal fato rompe com a ideia de conflitos identitários como causa das
revoltas ocorridas durante o Império, e sim revoluções com origens em crises econômicas, como, por
exemplo, os grandes gastos militares com a proteção de fronteiras e a impossibilidade da sustentação
dessa forma de governo que passou a exercer o pagamento do exército através da doação de terras e a
cobrança de altos impostos. Como afirmou Patrick Geary (2002, p. 99),

O custo dessa máquina militar cada vez mais cara, e ainda assim malsucedida, se
tornava um peso insustentável para os que mais haviam se beneficiado com o
sistema imperial no passado: os proprietários de terra provincianos, que por sua vez
repassavam seus custos para seus arrendatários e escravos. Por causa disso, os
camponeses, cada vez mais insatisfeitos, realizavam rebeliões esporádicas.

Os proprietários de terras, especialmente os membros dos conselhos locais, estavam


tão desesperados quanto seus camponeses. Pressionados pelos cobradores a pagar os
impostos imperiais, sendo ou não capazes de arrecadar os valores com os
camponeses, muitos se arruinavam. Cada vez mais, os agentes do distante e
ineficiente centro romano eram vistos pelos magnatas locais como inimigos mais
perigosos do que qualquer bando de bárbaros invasores.

Já no quarto capítulo, "Novos Bárbaros e Novos Romanos", é feito um panorama das quedas e
ressurgimentos de diferentes confederações que disputam territórios com o Império Romano. O
autor, em suas análises, delimita povos nômades (em especial, a etnia huna, primeiramente),
delimitações geográficas, guerras e suas determinadas datas, descrevendo, assim, o processo de
desaparecimento e fortalecimento de poderios durante os séculos III e IV.

É necessário destacar que os povos derrotados eram anexados às confederações inimigas, o que
garantia a sua sobrevivência, e, consequentemente, causava a legitimação e aumento do poderio das
etnias vencedoras, além de evidenciar o alargamento de sua heterogeneidade étnica. Tais processos
foram evidenciados, utilizando-se como exemplo a etnia huna e suas conquistas, por Geary, (2002, p.
113, p. 115, p. 116),

A confederação dos hunos foi o primeiro de uma longa série de movimentos das
estepes que aterrorizaram a China e a Europa entre os séculos IV e XV. Sob
lideranças carismáticas, conseguiram se desenvolver e se expandir com uma força
avassaladora a partir de um pequeno núcleo de guerreiros, incorporando
combatentes nômades derrotados.

Para a maioria dos godos derrotados pelos hunos, o ingresso na confederação huna
era uma consequência óbvia. Embora um núcleo de guerreiros da região da região
central da Ásia comandasse as tropas hunas, os povos que eles haviam conquistado
durante o período da primeira geração haviam sido assimilados sem que perdessem
necessariamente suas identidades mais distintivas. Esse paradoxo é importante para
a compreensão da fragilidade e resiliência das identidades étnicas durante o período
de invasões bárbaras. Os bons guerreiros, fossem de origem gótica, vândala, franca
ou até mesmo romana, ascendiam rapidamente na hierarquia huna. Mesmo entre os
membros do controle central, essa heterogeneidade étnica era evidente.

Ademais, Patrick discorre e evidencia sobre a conduta dos líderes, os quais faziam reivindicações
hereditárias arcaicas em público, muitas vezes sem nenhuma comprovação documental e baseadas
em aspectos fantasiosos, com o intuito de tomar o comando de determinados territórios.

Outro tema importante que deve ser reverenciado é a existência de diversos exemplos dentro da obra
o Mito das Nações, em especial no quarto capítulo, que deixam explícita a existência da convivência
entre bárbaros e romanos dentro do Império, visto que eram feitos acordos objetivando a defesa de
fronteiras romanas pelos povos nômades, permitindo, assim, que estes fizessem parte do Império
Romano. Tais pactos foram chamados posteriormente de foedus, normalmente de tipo militar, que
visavam ajuda mútua em troca de alguma garantia. A citada situação pode ser vista em “Parte da
renda tributária tradicionalmente destinada à manutenção do exército romano foi redirecionada para
os bárbaros. Em troca, eles deveriam apoiar o exército imperial, mas o fariam sob a liderança de seus
próprios comandantes, que eram subordinados aos generais romanos” (GEARY, 2002, p. 120).
Assim, é imprescindível ressaltar que tal trecho confronta diretamente com a ideia de queda do
Império Romano devido a invasões bárbaras.

Ainda, o autor não deixa de salientar que, as grandes crises existentes dos meios sociais nos séculos
abordados durante o livro, possuem origem no abandono e esquecimento das elites romanas,
ressentidas com as decisões e modelo de governo do Império. Isto levava a um quadro de busca por
uma nova identidade. Em vista disso, os líderes se utilizavam das reivindicações populares para
iniciar revoltas e se contrapor ao governo central de Roma; com isso, para abrandar a revolta popular,
alcançava-se novas negociações, o que culminava em uma maior popularidade e legitimação ao líder
local.

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