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RESUMO:
Não há necessidade de definir até que ponto nossa formulação se aproxima a algum
sistema filosófico, pois chegamos a essas hipóteses sobre o prazer e o desprazer ao
tentarmos fazer uma descrição e prestar contas dos fatos cotidianos observáveis em
nosso campo. Em psicanálise relacionamos prazer e desprazer com a quantidade de
excitação presente na vida psíquica, de modo que nessa relação o desprazer
corresponderia a um aumento, e o prazer, a uma diminuição.
Somos obrigados a admitir que existe na psique uma forte tendência ao princípio de
prazer, mas que certas outras forças ou circunstâncias se opõem a essa tendência,
de modo que o resultado final nem sempre poderá corresponder à tendência ao
prazer.
II
O modo como o parelho psíquico opera em uma das atividades mais habituai ao
início de seu desenvolvimento é a brincadeira infantil. As teorias sobre brincadeira
infantil foram reunidas e apreciadas do ponto de vista analítico de S. Pfeifer em um
artigo na Imago (vol. 4, 1919), e empenham-se em descobrir os motivos do brincar
das crianças. Foi observada a primeira brincadeira de um garotinho de um ano e
meio, criada por ele mesmo.
III
Ficou cada vez mais evidente que o objetivo de tornar consciente o inconsciente
também não poderia ser plenamente alcançado por essa via. Pois pode ocorrer que
o doente não se lembre de tudo o que nele está recalcado e que aquilo que lhe
escape seja justamente o mais importante. Na verdade, ele se vê mais forçado a
repetir o recalcado como se fosse uma vivência do presente do que a recordá-lo
como sendo um fragmento do passado. O médico não pode poupar o analisando
dessa fase do tratamento; é preciso deixa-lo reviver um certo fragmento de sua vida
esquecida e cuidar para que ele conserve algum discernimento que lhe permita
distinguir entre aquilo que parece ser realidade e o que, de fato, é apenas reflexo de
um passado esquecido.
Quase tudo que a compulsão à repetição consegue fazer o paciente reviver outra
vez causa muito desprazer ao Eu, pois nesse processo as atividades de moções
pulsionais recalcadas são expostas. Mas trata-se de um desprazer que não
contradiz o princípio de prazer, pois é ao mesmo tempo desprazer para um sistema
e prazer para outro. A compulsão à repetição também faz retornar certas
experiências do passado que não incluem nenhuma possibilidade de prazer e que,
de fato, em nenhum momento teriam proporcionado satisfações prazerosas, nem
mesmo para moções pulsionais recalcadas naquela ocasião do passado.
IV
Se levarmos em conta quão pouco se sabe por outras fontes de pesquisa sobre a
origem da consciência, até que podemos considerar que nossa proposição de que a
consciência surge no lugar do traço de memória bastante precisa.
Uma pulsão seria, portanto, uma força impelente interna ao organismo vivo que visa
restabelecer um estado anterior que o ser vivo precisou abandonar devido à
influência de forças perturbadoras externas. Se todas as pulsões orgânicas são
conservadoras, foram historicamente adquiridas e direcionam-se à regressão e ao
restabelecimento de um estado anterior, então é preciso pensar que a evolução
orgânica se deve à ação de forças externas perturbadoras e desviantes. Se
pudermos admitir como um fato sem exceção que todo ser vivo morre, ou seja,
retorna ao estado inorgânico devido a razões internas, então podemos dizer que: O
objetivo de toda vida é a morte, e remontando ao passado: O inanimado já existia
antes do vivo.
À luz dessa hipótese sobre a morte, desaparece a importância teórica tanto das
pulsões de autoconservação como das pulsões de apoderamento e de auto-
afirmação. Todas elas são apenas pulsões parciais cuja função é assegurar ao
organismo seu próprio caminho para a morte e afastá-lo de qualquer possibilidade
de retornar ao inorgânico. Deriva-se também daí que o organismo não queira morrer
por outras causas que suas próprias leis internas. Ele quer morrer à sua própria
maneira.
Pulsões sexuais é o conjunto de todas aquelas pulsões que zelam pelos destinos
desses organismos elementares sobreviventes e que emanam do ser individual.
Esse grupo de pulsões é tão conservador quanto as outras pulsões, pois visam à
volta a estados arcaicos da substância viva. Além disso, também são conservadoras
em um sentido bem mais amplo, na medida em que preservam a vida por períodos
mais longos. Ainda que no início da vida não tenha existido uma sexualdae e
tampouco diferença entre sexos, é possível pensarmos que essas pulsões tenham
entrado em ação desde o início, em vez de só terem começado seu trabalho contra
as “pulsões do Eu” em um momento mais tardio.
VI
Há uma forte oposição entre as “pulsões do Eu”, que impelem em direção à morte, e
as pulsões sexuais, que impelem para a continuidade da vida. As pulsões do Eu
originam-se de uma vivificação da matéria inanimada e visam a restaurar de novo o
estado inanimado, então em rigor, somente a essas pulsões poderíamos atribuir o
caráter conservador à repetição inerente a todas as pulsões. No que tange às
pulsões sexuais, observa-se que elas reproduzem os estados primitivos dos seres
vivos, e a meta que almejam alcançar por todos os meios é a fusão de duas células
germinativas já diferenciadas entre si em determinados aspectos. Portanto, somente
sob a condição de que essa união ocorra é que a função sexual pode prolongar a
vida conferir-lhe a aparência da imortalidade.
Mesmo a crença na determinação interna e natural para a morte é mais uma das
ilusões que inventamos para “suportar o fardo da existência”. Do ponto de vista
biológico, o fato de haver um determinado tempo médio de vida naturalmente pode
ser invocado a favor da hipótese de que se morre devido a uma causalidade interna.
As forças pulsionais que conduzem a vida para a morte também poderiam estar
operando nos protozoários desde o início e seu efeito poderia estar tão encoberto
pelas forças conservadoras da vida que seria muito difícil prova-lo diretamente.
Devemos admitir que o fator essencial ao qual, as pulsões sexuais visam é a fusão
de dois corpos celulares. É somente através da fusão que se garante a imortalidade
da substância viva nos seres vivos superiores.
VII
O princípio de prazer é uma tendência que está a serviço de uma função, a de tornar
o parelho psíquico inteiramente livre da excitação, ou de manter a quantidade de
excitação constante, ou ainda, de mantê-la tão baixa quanto possível. A captura do
enlaçamento da moção pulsional é uma função preparatória que visa a providenciar
a eliminação definitiva da excitação no fluxo do prazer durante o processo de
escoamento dos estímulos acumulados. As sensações de prazer e desprazer podem
ser produzidas do mesmo modo tanto pelos processos de excitação capturados e
enlaçados quanto pelos não capturados e não enlaçados. O anseio por prazer
manifesta-se com muito mais intensidade no início da vida psíquica do que
posteriormente, mas, por não ter meios para evitar frequentes interrupções, ele só
ocorre de forma limitada.