Esse trabalho tem como intuito discutir a grande expansão através do segundo capítulo do
livro A Era Do Capital 1848-1875 (0000) do Eric J. Hobsbawm.
O período apresentado pelo Hobsbawm (1848-1875) é marcado por transformações e expansões econômicas, as mais expressivas do século XIX, sobretudo, em países desenvolvidos que vivenciaram uma transição para economias industriais. Dessa foram, pode-se dizer que essa era foi marcada por uma mudança para um mundo capitalista (HOBSBAWM, 2002, pp. 53-54). Apesar da dúvida e a incerteza que surgiu em relação ao desenvolvimento capitalista na década de 1840, essa estava apenas iniciando e com a persistência, conduziu vários países a experienciarem um avanço econômico. O autor exemplifica a situação na qual a Inglaterra se encontrava nessa época, isto é, de considerável expansão. O emprego de máquinas, juntamente com o crescimento das exportações, influenciou no aumento da taxa de lucro. Esses fatores estimularam um nível menor de desemprego, além disso, aumentos salariais foram concedidos de forma a diminuir o descontentamento popular a tal nível que grupos revolucionários perderam força. O autor evidencia que essa perda de forca gerou um espaço para o governo “respirar”, o que foi fundamental às monarquias e principados restaurados (HOBSBAWM, 2002, pp. 54-56). Contudo, ocorreu uma depressão econômica global em 1857, pondo ao fim o período de calma. Segundo Hobsbawm, esse fato transformou a situação, politicamente falando, e essa se reanimou, revitalizando as reivindicações e movimentos políticos, como, por exemplo, na unificação nacional da Alemanha e da Itália, a reforma constitucional, entre outros, que desta vez foram fundamentados em ideias liberais e não revolucionárias (HOBSBAWM, 2002, pp. 57). O progresso industrial e econômico continuou e sua prevalência foi demonstrada através das Grandes Exposições Internacionais, isto é, monumentos construídos que impulsionaram e atraíram turistas nacionais e estrangeiros, além disso, Hobsbawm cita, também, o surgimento da moda nesse cenário. A economia industrial continuava a crescer, tornando o mundo uma parte desta. A acumulação de capitais possibilitou o surgimento e o desenvolvimento da estrada de ferro. Foi em parte devido à estrada de ferro, que juntamente ao vapor e ao telégrafo, possibilitaram que a economia capitalista se multiplicasse em questões geográficas. Assim, já tinham meios de transporte e comunicação capazes de tornar eficaz as transações comerciais globais (HOBSBAWM, 2002, pp. 57-59). Conforme Hobsbawm, o desenvolvimento econômico fundamentou uma expansão ligada às exportações. Esses, influenciaram no crescimento do mercado, não somente de bens de consumo, como o de bens para a construção (de novas indústrias, empreendimentos de transporte e cidades). Dessa forma, o crescimento do liberalismo econômico foi crucial para a expansão capitalista. A retirada das barreiras à produção e ao comércio ocorreu até mesmo em países que geralmente não adotam o liberalismo econômico e político, impulsionando, consequentemente, a iniciativa privada, que contribuiu ao progresso da indústria. Entretanto, a tendência era atingir uma total liberdade de comércio (HOBSBAWM, 2002, pp. 59-64). Segundo Hobsbawm, a economia capitalista recebeu diversos estímulos, resultando em uma expansão econômica, liderado pelo crescimento das produções de carvão e ferro (associadas à forca a vapor). Em meados do século XIX, esses produtos eram essenciais e a Inglaterra, ainda considerada a “oficina do mundo”, liderava na produção deles. O aumento na produção de tais produtos, significava mais do que um progresso na industrialização. Esse crescimento conduz o autor a afirmar que tal progresso estava continuamente mais extenso e espalhado, sobretudo por causa das estradas de ferro (HOBSBAWM, 2002, pp. 67-68). O potencial industrial, a capacidade tecnológica e o know-how, tornaram-se bases para os poderes militar e político, de tal forma que nenhuma “grande potência” poderia ser reconhecida como tal, sem essas bases. Além disso, Hobsbawm explicita como o desenvolvimento industrial acarreta consequências políticas mais sérias do que previamente (HOBSBAWM, 2002, pp. 69). A continuação das inovações tecnológicas na indústria, levou ao desenvolvimento, cada vez mais dessa. Como exemplo, pode-se discutir a substituição contínua do ferro pelo aço, ao longo do tempo. Além disso, uma tecnologia ainda mais revolucionária proporcionou duas formas de indústria: a química e a elétrica. Contudo, inicialmente nessa fase industrial, o conhecimento científico específico não era necessário. Surgiam coisas como o telégrafo, corantes artificiais, explosivos e a fotografia, inovações que abriam espaço para a ciência. Dessa forma, o autor discute a dificuldade de um país se tornar uma economia “moderna” sem sistemas avançados de educação (HOBSBAWM, 2002, pp. 70-72). A tecnologia, calcada na base cientifica, viabilizou inovações advindos de pioneiros científicos, que obtinham descobertas utilizando da ciência e, muitas vezes, da química. Como no caso do petróleo, um combustível que poderia ser utilizado não lâmpada, como em diversos novos usos. O mundo estava para entrar em uma nova era, de luz, energia elétrica, aço, telefone, entre outros que só foram possíveis com o desenvolvimento e a expansão econômica (HOBSBAWM, 2002, pp. 73-75). De acordo com Hobsbawm, o novo mundo aberto à empresa capitalista, apresentaria um crescimento contínuo, contudo esse processo de expansão tem seu próprio padrão de flutuações econômicas. O autor expõe que apesar do boom em que essa época vivenciou, foi, também, drástica, uma vez que, chegou um período em que muitas coisas se encontraram em queda. Por exemplo, diversas secções das estradas de ferro, considerado antes símbolo mais espetacular, entraram em colapso e falência. Essa queda, contudo, parecia não ter fim. O que é chamado de “A Grande Depressão” se iniciava, uma nova era marcada pela depressão de 1870, que surtiam efeitos tanto políticos, quanto econômicos (HOBSBAWM, 2002, pp. 75-76). Dessa maneira, o autor conclui que a grande expansão foi um período em que o capitalismo industrial se transformou em uma economia que expandiu de tal forma a influenciar o mundo. A partir deste ponto, a história, agora considerada mundial, foi modificada em termos industriais, econômicos e geográficos (HOBSBAWM, 2002, pp. 77).
HOBSBAWM, Eric J. A Era do Capital:1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.