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Noção de Experiência
Religiosa
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1. OBJETIVOS
• Compreender o que é experiência religiosa.
• Reconhecer que experiências religiosas podem ser indivi-
duais ou grupais e que sempre estarão ligadas à vivência
do sagrado.
• Reconhecer que experiências religiosas fazem parte do
caminho para o amadurecimento espiritual.
• Compreender que toda experiência está inserida na cul-
tura.
2. CONTEÚDOS
• Dimensões da experiência religiosa.
• Núcleos experienciais.
• Outras experiências.
58 © Psicologia da Religião
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, você perceberá que a experiência religiosa
comporta sempre uma emoção. Emoção gerada por um desejo de
sentido, de pertença, por um desejo de Deus. Perceberá, ainda,
que a experiência religiosa faz separar o sagrado (tudo o que gera
sentido) do profano (aquilo que não tem sentido). Essa delimita-
ção foi explicitada mais claramente somente no século 20 com os
escritos de Mircea Eliade, que define religião com base nas expe-
riências vividas por indivíduos ou grupos.
Toda experiência humana comporta uma ou mais emoções.
Emoção na experiência psicológica não quer dizer, no entanto,
emoção religiosa. Podemos experimentar fortes emoções em um
show de rock ou diante de um discurso político. Entretanto, o que
define a experiência religiosa é sua vinculação com o sagrado.
Para iniciar o estudo desta unidade, convido você a refletir
sobre os seguintes questionamentos: o que é sagrado para você?
Em nossa sociedade de consumo, em que o funcional e o econô-
mico superam o transcendente e o atemporal, como se vivencia o
sagrado?
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6. NÚCLEOS EXPERIENCIAIS
A experiência religiosa é um conjunto de todos os sentimen-
tos, percepções e sensações que são experienciados por um su-
jeito ou definidos por um grupo ou sociedade como sendo rela-
cionados a algum tipo de comunicação, mesmo que precária, com
a essência divina, isto é, com Deus, com a realidade última, com
a autoridade transcendente. Algumas experiências repetem-se no
contexto da religião em que se dão, mostrando a importância do
fator cultural no modo como o ser humano atualiza seus poten-
ciais de ser e sentir.
Assim, observamos certos núcleos que se repetem nas pes-
quisas realizadas com adeptos da religião católica, permitindo uma
divisão em tipos:
Experiência responsiva: envolve compreensão e aceita-
ção empática do vivido e do experimentado. Portanto,
aquele que a experimenta tem certeza de seus efeitos na
vida prática e a entende como um marco na história de
sua crença em um mundo divino.
Os subtipos são:
1) Salvação: o sujeito sente-se de novo unido com a divin-
dade após período de desunião ou descrença. Anterior-
mente em estado de pecado, vê-se liberto e salvo após a
vivência restauradora.
2) Poder milagroso ou poder taumatúrgico: o crente as-
socia com segurança e certeza os fatos externos à reali-
zação de seus pedidos, vendo, assim, suas necessidades
satisfeitas de modo mágico.
3) Sanção (ou castigo, perda, medo, insegurança, culpa):
semelhante ao anterior, mas envolve considerações mo-
rais e éticas relacionadas ao vivido e praticado.
4) Experiência de confirmação: o vivido tornam mais se-
guras as crenças, corrobora, remove dúvidas pela via da
autoridade ou pela evidência inquestionável dos fatos
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7. OUTRAS EXPERIÊNCIAS
Baseada nos estudos de Greeley, a psicossocióloga norte-
-americana Margaret Poloma (1998, p. 70-72) realizou uma grande
pesquisa, na qual estudou as seguintes experiências:
1) Fenômenos paranormais: pessoas com talentos ou sen-
sibilidades hoje explicáveis pelas inteligências múltiplas
eram genericamente denominadas de paranormais.
Hoje em dia, os avanços das neurociências trouxeram
novas respostas a esses fenômenos, mas ainda nada
que os explique totalmente. Tomemos como exemplo o
médium que recebe guias e faz previsões comprováveis
com certa regularidade, segundo os relatos de seus se-
guidores.
2) Experiência de culminação ou peak experience referi-
das por Maslow: nessas experiências, o sujeito vive um
clímax de autorrealização e bem-estar consigo mesmo e
com o mundo.
3) Dejà vu: estado em que o sujeito julga já ter vivido em
outro tempo a experiência do presente. A neuropsico-
logia já tem explicações para essas vivências, mas não
para o conteúdo delas, pois, como diz Damásio, mente
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, na sequência, as questões propostas para verificar
seu desempenho no estudo desta unidade:
1) Existe experiência religiosa que não contenha emoção?
7) Você considera possível alguém viver uma experiência religiosa e não ser
transformado por ela?
8) Como você aproveita tudo o que aprendeu nesta unidade para orientar
agentes pastorais? Que ideias surgem na mente para que você atue direta-
mente com os fiéis?
9) Tente recordar uma experiência religiosa vivida em primeira pessoa (eu sen-
ti; eu vi; eu percebi) e faça o relato por escrito. Observe como as emoções
retornam e também se transformam à medida que você realiza a tarefa.
10) Se você tivesse nascido na China e não tivesse tido contato com a doutrina
cristã, suas experiências seriam semelhantes às experiências religiosas vivi-
das por aquela cultura?
10. CONSIDERAÇÕES
Com o estudo desta unidade, você pôde compreender as di-
ferentes modalidades de experiência religiosa e/ou mística através
de vários relatos de pesquisas. Você pôde ainda entender que ex-
periência religiosa e emoção caminham juntas. Eu mesma vivi uma
experiência religiosa com base em um sonho relacionado à minha
história de vida. Por esse motivo, incluí a referência na bibliografia
(MASSIH, 2004).
Finalmente, vimos que experiências religiosas podem ser in-
dividuais ou grupais, sempre estarão ligadas à vivência do sagrado,
fazem parte do caminho para o amadurecimento espiritual e sem-
pre terão correspondência com a cultura na qual se dão.
Na Unidade 3, estudaremos alguns teóricos da Psicologia da
Religião. Não será possível abarcar toda a diversidade de escolas
e visões, principalmente no início deste século 21, em que a Psi-
cologia da Religião está em franca evolução. Esperamos por você!