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a) Conceito de Crime
CRIME CONTRAVENÇÃO
FINALIDADE Repressiva; Preventiva (contravenção é
perigo de perigo);
PENA Reclusão Prisão simples
Detenção Multa
TENTATIVA É cabível em tese (visto que Não é punível a tentativa (art. 4º
há crime não admite tentativa) da LCP);
DESCONHECIMENTO DA É inescusável Pode ser causa de perdão
LEI judicial
ELEMENTO SUBJETIVO Dolo ou culpa Independe de elemento subjetivo
CONTRA A UNIÃO Justiça Federal Justiça Estadual (a Justiça
Federal não julga contravenções)
EXTRATERRITORIALIDADE Só em casos excepcionais Não há nenhuma hipótese de
contravenção penal praticada no
exterior que levará à aplicação da
lei brasileira.
TOPOGRAFIA Previstos no Código Penal e Prevista na Lei de Contravenções
em leis especiais Penais e em Legislação Especial
Ø Observação:
§ O STF firmou posição no sentido que de que o art. 28 da Lei 11.342/06
é crime, mas tem função preventiva e não tem pena privativa de
liberdade;
d) Material: conduta que viola bem jurídico protegido pelo direito penal;
Ø O problema deste conceito é que ele viola o princípio da legalidade, esquece
que o direito penal precisa de previsão em lei;
e) Analítico:
f) Corrente quadripartida
g) Corrente Bipartida: crime é fato típico e antijurídico;
Ø Os autores que defendem esta teoria estão em franco declínio;
Ø Diz que a culpabilidade é vazia de conduta humana, sendo a culpabilidade
apenas um juízo de valor que, portanto, não pode fazer parte do crime;
Ø A culpabilidade seria pressuposto para aplicação da pena.
§ A punibilidade também seria pressuposto para a aplicação da pena;
h) Corrente Tripartida: crime é fato típico, antijurídico e culpável;
Ø Adotada majoritariamente;
i) O Fato Típico:
Ø Elementos do Fato Típico:
§ Conduta;
§ Resultado;
§ Nexo de causalidade;
§ Tipicidade;
Obs: modelo ideal para o “crime
material consumado
j) Conduta:
2.1. Conceito:
Ø Causalismo: conduta seria a ação ou omissão humana que gerasse um
resultado criminoso;
Ø Finalismo (Welzel-1931): toda conduta tem um finalidade. Quando essa ação
ou omissão é praticada de forma a atingir um bem jurídico (os elementos do
tipo penal).
§ É a materialização da intenção de praticar os elementos do tipo penal.
A orientação finalista surge com Welzel na Alemanha, em 1931.
A intenção é trazida para o fato típico (conduta), ora, se toda
conduta humana pressupõe uma intenção, a intenção faz parte do
próprio fato. Assim, toda ação é finalista.
Objetou-se a teoria de Welzel pela existência de ações humanas
sem que haja intenção (sonâmulo). O autor rebateu dizendo que
nesses casos seria apenas atos reflexos e não conduta.
No momento em que a teoria de Welzel iniciou a “ficar pop”,
Welzel teve que adequar a teoria porque o código alemão inseria
a culpabilidade como elemento do crime. A teoria causal havia
sido positivada. Não é o caso do Brasil. Aqui a legislação também
admite a posição que sustenta a toria bipartida.
§ Elementos:
• Objetivo: ação ou omissão;
• Subjetivo: dolo ou culpa;
2.2 . Sujeitos:
§ Ativo: aquele pratica a conduta;
• Em regra só o homem é capaz de praticar crime;
• Excepcionalmente admite-se a pessoa jurídica como sujeito ativo do crime;
• Supe r ação do dogma s o c ie t a s d e linq ue r e no n p o t e s t .
• P o s iç ão c o nt rária à re s p o ns a b ilid a d e d a P J
– não h á c a p a c id a d e d e v o nt a d e d o lo / c ulp a ;
re s p o ns a b iliz a ç ão p e na l o b je t iv a
– não h á c ulp a b ilid a d e
– não s e a lc a nç a o s “f ins d a p e na ” ( re p ro v a ç ão / p re v e nt iv a )
– ina d e q ua ç ão d a s p e na s
– v io la ç ão d o p rinc íp io d a int ra ns c e nd ê nc ia
Teorias da Omissão
Naturalística – parte da ideia que “quem se omite, faz
alguma coisa”!
Normativa - não fazer o que a lei determina.
TIPO NORMA
c) Preterdolo:
Ø Constitui o caso de dolo no (fato típico) antecedente e culpa do (resultado)
consequente → conduta dolosa e resultado culposo;
Ø Na realidade é uma modalidade de crime culposo (no resultado);
Ø Art. 18, II, do CP;
Observações:
***CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO → art. 19, do CP;
CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO (hipóteses → culpa + resultado)
CONDUTA RESULTADO
Dolo Dolo
Dolo Culpa
Culpa Dolo
Culpa Culpa
d) Resultado:
e) Conceito: lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico protegido pelo
direito penal;
Ø Não há fato típico quando não há sequer ameaça de lesão (p. ex. crime
impossível);
§ Crime impossível é excludente de tipicidade;
f) Espécies:
Ø Posição Normativista (majoritária): duas espécies de resultado:
§ Naturalistico: conseqüência empíricas, uma modificação física no mundo
exterior;
§ Jurídico: violação do bem jurídico e surgimento do jus puniendi para o
Estado – mera violação da norma;
Ø Posição Naturalista (minoritária): entende apenas a existência do
resultado naturalístico;
§ Para essa doutrina, p. ex., os crimes de mera conduta não possuem
resultado, visto que geram apenas um resultado jurídico e não naturalístico;
g) Consumação: quando nele se reúnem todos os elementos de sua
definição legal;
Ø Um crime estará consumado quando forem completados todos os elementos
de sua definição legal (art. 14, I, do CP);
h) Tipos Penais Incongruentes: são aqueles que se consumam
independente da prática de todos os elementos do tipo (p. ex. latrocínio –
que se consuma se houver morte mesmo que não haja a subtração; art.
159, do CP);
i) Crimes Materiais X Formais X Mera conduta X Crime de Perigo:
Ø Crimes Materiais: aqueles cuja consumação depende da ocorrência do
resultado naturalístico;
§ P. ex. roubo, furto, etc;
Ø Crimes Formais: aqueles cuja consumação foi antecipada pelo legislador para
o momento da conduta (momento anterior ao da consumação naturalística);
§ Muito embora haja resultado naturalístico a ocorrer, a consumação
independe de seu evento. É que, por questões de política criminal, o
legislador resolveu antecipar a consumação. Nesses casos, o implemento
do dano é mero exaurimento;
§ A causação do dano naturalístico é mero exaurimento;
§ Os crimes formais admitem a tentativa, assim como os materiais;
Ø Crimes de Mera Conduta: são aqueles em que não há resultado naturalístico
a ocorrer (p. ex. violação de domicílio);
Ø Crime de Perigo: a conduta do agente visa causar um perigo, mesmo que
acabe causando um dano.
§ Difere-se do crime formal porque neste caso o dano faz parte do dolo do
agente. Os crimes de perigo que causem dano (qualificados pelo resultado)
serão preterdolosos, pois o dano será em razão de culpa (o dano não está
no dolo do agente, apenas o perigo é objetivado);
§ Espécies:
• Crimes de Perigo Concreto: o perigo tem que ser verificado na prática;
♦ A caracterização do perigo depende de prova nos autos;
♦ A “embriaguez ao volante” era crime de perigo concreto (ou seja, se
não for verificado que o agente realmente estava dirigindo de forma
a causar perigo a alguém o crime não se verificará), hoje trata-se de
crime de perigo abstrato (nova redação);
• Crimes de Perigo Abstrato: há presunção legal de ocorrência do
perigo, contudo essa presunção é relativa (admite prova em sentido
contrário);
♦ Porte de arma: arma ineficaz;
♦ Drogas: não há insignificância nos crimes de entorpecentes
(independente da quantidade, o crime estaria configurado);
j) Tentativa (conatus):
Ø O iter criminis (caminho percorrido pelo crime) começa na cogitação (claustro
psíquico), passa pela preparação e execução até alcançar a consumação;
Obs: “direito à perversão” – somente atos
lançados no mundo exterior.
Ø Art. 14, II, do CP → o crime é tentado quando iniciada a execução, o crime
não se consuma por vontades alheias à do agente;
Ø Salvo disposição expressa em contrário os atos de cogitação e preparação não
são punidos;
Ø Tentativa Perfeita X Tentativa Imperfeita:
§ Tentativa Perfeita: o agente completa o plano de execução, mas não
atinge o resultado por motivos alheios a sua vontade;
§ Tentativa Imperfeita: o agente é impedido de completar o plano de
execução;
k) Início da execução (e, portanto, da tentativa):
Ø Teoria Subjetiva: a execução é iniciada quando o agente põe em prática seu
plano de execução;
§ A falha dessa teoria está no fato de confundir atos preparatórios com atos
de execução;
Ø Teoria Objetiva Material: a execução é iniciada quando o agente começa a
por em risco o bem jurídico pretendido;
§ A falha dessa teoria é que não leva em consideração o aspecto subjetivo;
l) Adequação Típica:
Ø Natureza do art. 14, II, do CP:
§ Tem natureza de norma de ampliação temporal do tipo penal (visto que
deveria ser aplicada a norma típica quando o crime fosse consumado, mas
em razão da ampliação temporal, a norma será aplicada mesmo antes de
sua consumação);
m) Causa de Exclusão da Tentativa:
Ø Crime Impossível ou Tentativa Inidônea (art. 17, do CP): absoluta
impropriedade do objeto ou absoluta ineficácia do meio;
§ Se o crime mesmo assim se consumar não se falará em crime impossível;
Ø Desistência Voluntária X Arrependimento Eficaz (art. 15, do CP):
§ Desistência voluntária: agente desiste de prosseguir na execução
(execução inacabada → o agente teria que continuar na execução para que
ela completasse, mas desiste);
• A desistência voluntária não precisa ser espontânea, basta que o agente
tenha meios de continuar tentando, mas desistiu da prática do delito;
• Se o agente pensar “posso mas não quero” será desistência
voluntária. Mas se o agente pensar “quero mas não posso” será caso
de tentativa.
§ Arrependimento eficaz: a execução está acabada, mas o agente volta à
traz e impede que o resultado se produza;
• A ação do agente deve se eficaz em impedir o resultado, caso contrário
por ele responderá;
***Nos dois casos o agente responderá (apenas) por aquilo que já
praticou;
n) Elemento Subjetivo:
Ø Não há tentativa sem que haja dolo. Mas o dolo será sempre do crime
consumado.
Ø No aspecto subjetivo a tentativa é exatamente igual ao crime consumado. No
aspecto objetivo é que ele é incompleto (daí se diz que o crime tentado é
um “manco”);
o) Classificação:
Ø Branca X Cruenta: todas as duas são puníveis;
§ Tentativa Branca: o agente não chega a atingir bem jurídico da vítima;
§ Tentativa Cruenta: o agente atinge bem jurídico da vítima;
Ø Perfeita X Imperfeita:
§ Tentativa Perfeita (crime falho): o agente completa seu plano de
execução, porém não atinge o objetivo pretendido;
§ Tentativa Imperfeita: o agente é parado sem que conclua seu plano de
execução;
p) Infrações que não admitem tentativa:
Ø Contravenções Penais;
Ø Crimes culposos (incluídos os preterdolosos);
Ø Crimes habituais;
Ø Crimes que a lei pune a “tentativa” como crime consumado;
§ Ex.: art. 352, do CP;
Ø Crimes de atentado;
§ Ex.: art. 3º, da Lei 4.898/65;
Ø Crimes unisusistentes: são aqueles cuja execução e consumação ocorrem
com um único ato;
§ Ex.: injúria;
Ø Crimes omissivos próprios: aqueles que a lei prevê um não-fazer;
§ Os crimes omissivos impróprios admitem a tentativa (p. ex. omissão de
socorro);
q) Punição da tentativa:
Ø A punição em regra será a mesma pena cominada ao crime consumado
diminuída de 1/3 a 2/3 (parágrafo único do art. 14 do CP);
Ø Quão mais perto o agente chega da consumação menor será a diminuição em
razão da tentativa;
Ø Exceções → somente se previstas expressamente;
r) Nexo Causal (art. 13, do CP):
Ø Conceito: é o elo que deve haver entre a conduta e o resultado naturalístico;
§ Deve haver nexo causal nos crimes cuja existência dependem da
existência do resultado;
• É dispensável o nexo causal nos crimes formais e de mera
conduta, eis que sua existência não dependem da ocorrência do
resultado;
Ø Teoria da Equivalência das Antecedentes Causais (Teoria da conditio sine
qua non, condição simples ou condição generalizadora) → (art. 13) → Teoria
adotada pelo Código Penal;
§ Tudo aquilo que colabora para gerar o resultado tem a mesma importância
(são equivalentes – causa; condição e ocasião);
• Considera-se equivalentes no plano causal todas as causam que
geram o resultado.
♦ Ao contrário do que ocorre na Teoria da Condição Adequada, onde o
interprete teria que pesquisar qual foi a causa mais preponderante
(razoável) para a ocorrência do resultado;
♦ Causalidade Física + Causalidade Psíquica (dolo/culpa);
Ø Relevância Causal da Omissão: em se tratando de omissão imprópria a
omissão é estabelecida no plano normativo e não no plano natural.
§ Trata-se da Teoria Normativa da Omissão ou Teoria do Incremento do
Risco (nos crimes omissivos o agente responde pelo resultado não por o
ter causado mas por ter incrementado o risco de o dano ter ocorrido, visto
que tinha a posição de garantidor);
§ A pessoal não causa o resultado mas responde por ele porque assim está
previsto em leis, eis que tinha o dever de evitá-lo;
s) TIPICIDADE:
Ø Conceito: é a perfeita adequação entre o fato e a norma penal incriminadora;
Ø Teoria indiciária da tipicidade
t) Tipicidade Penal:
Ø Tipicidade Formal + Tipicidade Material (Roxin – 1970) → será típico
quando se adequar perfeitamente à descrição feita na norma e causar lesão
relevante ao bem jurídico protegido (só é materialmente típico o fato que não é
insignificante);
Insignificância:
(a) mínima ofensividade da conduta do agente;
(b) nenhuma periculosidade social da ação;
(c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento; e
(d) inexpressividade da lesão jurídica provocada
u) ILICITUDE:
v) Conceito: é a contrariedade da conduta tendo por foco o ordenamento
jurídico como um todo e não apenas o Direito Penal;
Ø O ilícito penal é complementar, nunca constitutivo. Pressupõe-se que
aquilo considerado crime pelo Direito Penal já era considerado ilícito pelos
demais ramos do direito.
§ Aquilo que outro ramo do direito permite o direito penal nunca irá
proibir;
§ O direito penal é a ultima ratio;
Ø Teoria da Ratio Essendi (Edmund Mezger): considera a ilicitude essência
da tipicidade;
§ Para essa teoria não que se falar em fato típico que também não seja ilícito;
§ De maneira que para o fato ser típico deveria ter cinco requisitos:
• Conduta;
• Resultado;
• Nexo causal;
• Adequação ao tipo penal;
• ILICITUDE;
§ Embora seja uma teoria que não seja aplicada no Brasil, terá reflexos, p. ex.
no crime de tráfico ou de porte de arma, visto que nestes casos o ilicitude
está prevista dentro do tipo (expressão “em desacordo com a determinação
legal”);
• Nestes casos há erro de tipo e não de proibição, visto que como a
ilicitude faz parte do tipo a pessoa que pratica o fato achando que não é
crime na verdade está praticado o fato conforme a lei e não em
desacordo a esta;
Ø Teoria da Ratio Cognoscendi (teoria indiciária da tipicidade) – “von
Beling”:
§ Para essa teoria a tipicidade é elemento indiciário da ilicitude (ou seja,
onde há ilicitude é provável que haja crime, mas não necessariamente
haverá);
§ Injusto Penal é composto de Fato Típico + Ilicitude;
Parte II – DA ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE
1. CONCEITO:
Conduta Típica
Injusto
Penal
Conduta Ilícita
4. OS TIPOS PERMISSIVOS LEGAIS
Também chamados excludentes de ilicitude ou causas de justificação, os
tipos permissivos constituem – dentro do estudo da ilicitude - o campo de maior incidência
questões em concursos públicos.
Como vimos acima, a tipicidade é indiciária da presença de um injusto
penal. Todavia, pode ocorrer de o agente praticar uma fato típico sem que incida em
ilicitude.
Na realidade, a lei prevê normas penais permissivas, isto é, situações nas
quais é dado ao agente praticar condutas que seriam, em tese, proibidas pelo direito penal
sem que pratique com isso ato ilícito.
Estas causas estão previstas de maneira geral e especial.
No primeiro caso encontramos a previsão no artigo 23 do Código Penal,
onde a Lei elenca situações que têm o condão de retirar a ilicitude de fatos que encontrem
subsunção qualquer tipo penal, em tese.
São elas:
a) o estado de necessidade;
b) a legítima defesa;
c) o estrito cumprimento de dever legal;
d) o exercício regular de direito.
Salientamos acima que cessa a legítima defesa ao cessar a agressão que lhe
deu causa. Desta forma, caso o agente continue a ferir seu oponente, terá ingressado no
campo da agressão injusta, o que com que aquele que inicialmente se fizera agressor,
passasse à condição de agredido, podendo – inclusive – agir em legítima defesa.
A esta situação a doutrina tem chamado LEGÍTIMA DEFESA
SUCESSIVA, isto é, legítima defesa contra excesso de legítima defesa.
Situação totalmente diversa é a LEGÍTIMA DEFESA RECÍPROCA. Neste
caso teríamos legitima defesa contra legítima defesa.
A situação narrada é impossível no direito penal pátrio, uma vez que é
elementar do tipo permissivo em comento que o sujeito aja de modo a repelir injusta
agressão.
Ora, a legítima defesa não é injusta agressão – caso contrário estaríamos
diante de uma contradição insanável pois teríamos uma conduta legítima e injusta ao
mesmo tempo, o que não é razoável. Desta maneira não pode haver legitima defesa contra
legítima defesa, descartada pois a possibilidade da excludente recíproca.
1
in, Tratado de Direito Penal, Ed. saraiva
2
in,Curso de Direito penal – Parte Geral, Ed. Saraiva, 6ª Edição, pág. 255
Não poderia ser diferente, o estado de necessidade não é um caminho à escolha do agente,
mas sim uma solução legitimada pelo direito porque inevitável.
Destaque-se que a legislação somente permite a atitude do agente que salva
determinado bem de perigo “QUE NÃO PROVOCOU POR SUA VONTADE”.
Em relação a este ponto a doutrina formula a seguinte questão: pode alegar
estado de necessidade aquele que tenha causado o perigo com culpa?
Tem prevalecido em doutrina o entendimento que a vedação legal estende-se
somente ao causador do perigo que tenha atuado dolosamente, permitindo-se agir em
estado de necessidade aquele que tenha causado o dano por imprudência, negligência ou
imperícia.
Por fim, cumpre lembrar que o legislador exige a “RAZOABILIDADE DO
SACRIFÍCIO CAUSADO”, é que no estado de necessidade dois bens jurídicos são postos
sob uma “balança”, devendo o agente optar pelo que tenha mais valor se distintos os bens,
podendo escolher qualquer deles caso idênticos.
Desta forma, o agente em estado de necessidade deve sempre proceder ao
sacrifício de bem de menor ou igual valor jurídico àquele que pretende salvaguardar, sob
pena de incorrer em excesso punível.
Contudo o legislador, no §2º do artigo 24, abrandou o rigor matemático do
sacrifício razoável, prevendo redutor de pena quando o bem destruído apresenta valor
jurídico superior ao protegido. Vejamos a letra da lei:
5.4.2 SUJEITOS
Inicialmente, impende frisar que somente o “dever legal” pode gerar a
excludente em comento, a obrigação decorrente de contrato ou relação jurídica infralegal
não gera para o agente a causa de justificação em comento.
Por esta razão, em doutrina, há quem defenda que a exclusão de ilicitude
derivada do estrito cumprimento do dever legal somente possa aproveitar a quem seja
funcionário público4 (em sentido amplo).
Contudo, não parece a conclusão ser a mais acertada. É que se olvidam
aqueles que defendem o posicionamento acima de que o particular – ainda que não
3
ZAFFRONI, Raul Eugênio e PIERANGELI, José Henrique, in Manual de Direito Penal Brasileiro, Parte
Geral, Ed. Revista dos Tribunais.
4
O vetusto termo “funcionário público” encontra assento no direito penal, especificamente no artigo 327 do
CP. Hodiernamente, o termo técnico que lhe equivaleria em significado seria “agente público”.
investido em função pública – pode ter o dever legal de agir. É o caso dos pais em relação à
proteção dos filhos, ou o caso do médico em relação a quem necessite de socorro.
Assim, razão assiste àqueles – doutrina majoritária entre nós – que advogam
a tese de que o estrito cumprimento do dever legal não é excludente privativa de
funcionário público.
5
Código Penal, artigo 18, inciso II.
4.5 O EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
O fundamento deste derradeiro tipo permissivo legal é o fato de o direito
penal possuir caráter meramente fragmentário.
É que não se presta o direito penal a inaugurar proibições, uma vez que
cuidando de medida restritiva de direitos, deve a intervenção estatal na liberdade do
cidadão constituir medida excepcional que somente tem cabimento diante de extrema e
comprovada necessidade.
Assim, antes de qualquer conduta receber a extrema reprovação do direito
penal ela precisa constituir ilícito também em relação a outros ramos do direito, de maneira
que jactais uma conduta permitida por outro direito será objeto de proibição pelo direito
penal, esta é a essência da justificante do exercício regular de direito.
Ora, diante do princípio da plenitude lógica do direito, não faz nenhum
sentido que a lei possa permitir e proibir ao mesmo tempo a mesma conduta.
Exemplificando, vejamos o crime previsto no artigo 32 da Lei 9.605/98:
• Doloso ou consciente
a) LICITUDE
b) VALIDADE
c) AUSÊNCIA DO DISSENSO DA VÍTIMA NA DEFINIÇÃO
LEGAL DO CRIME
Notemos que no tipo penal acima não está contido – como circunstância
elementar – o dissenso da vítima. O crime de dano pode inclusive ser praticado na
clandestinidade que continuará a constituir ilícito penal.
Pois bem, imaginemos que Mévio – apressado para importante reunião –
tenha esquecido indispensável relatório em sua residência.
Ao perceber o descuido, Mévio dirige-se a seu lar. Chegando, nota que tenha
deixara a chave de casa no escritório. Assim, já sem mais poder esperar, autoriza que Caio,
seu amigo, arrombe a porta para que possa pegar o documento.
Neste caso temos uma conduta que se amolda perfeitamente à norma penal
incriminadora (fato típico), mas que carece de ilicitude, ante à presença da excludente supra
legal do consentimento do ofendido.
Desta forma, podemos resumir os efeitos do consentimento válido dado sob
bem disponível:
a) Em se tratando de tipo penal em que o dissenso da vítima constitui
elementar do crime – excludente de tipicidade;
b) Em se tratando de tipo penal em que o dissenso da vítima não constitui
elementar do crime – excludente de ilicitude supra legal.
Parte III – DA CULPABILIDADE
1. CONCEITO:
2. FUNDAMENTOS DA CULPABILIDADE
a) ESCOLA CLÁSSICA
Em oposição ao direito penal do medievo, surge no séc. XIX a denominada
Escola Clássica, dentre seus fundamentos, observa-se a justificação da culpabilidade com
base da idéia do LIVRE ARBÍTRIO do homem.
Acreditava-se que, se o homem é dotado de livre arbítrio, a este é dado
escolher entre o bem e o mal e – caso opte pelo último – deve suportar a reprovabilidade de
sua escolha. A responsabilização do crime teria, portanto, uma justificação moral.
b) ESCOLA POSITIVA
Negando a idéia do livre arbítrio, os a Escola Positiva acreditava que o crime
era resultante de um conjunto de fatos externos à simples escolha do agente mas que lhe
determinariam à prática do delito. Era a adoção do DETERMINISMO.
Desde um determinismo biológico – onde defendia-se que o criminoso
herdava essa característica de seus ancestrais, sendo portanto um sujeito atávico,
determinado geneticamente à prática criminosa; até mesmo a um determinismo social –
defendendo que por ser produto do meio o homem praticamente seria determinado a
delinqüir, caso o ambiente em que convivesse o levasse ao crime.
c) VISÃO ATUAL
Prevalece hoje aquilo que poderíamos chamar de equilíbrio entre os
pensamentos acima descritos.
Muito embora ainda se considere o livre arbítrio como a principal
justificação para que se atribua culpabilidade ao indivíduo, não nega o direito penal a
existência de responsabilidade social na conduta do agente.
É o que a doutrina convencionou chamar CO-CULPABILIDADE. Este
conceito estaria ligado à divisão da culpabilidade (e conseqüentemente da responsabilidade
penal) com a sociedade domo um todo.
Compreende-se que não pode o jurista negar que as condições de ausência
estatal e falibilidade social do estado (que principalmente atingem as populações mais
pobres) favorecem e até mesmo contribuem para que o sujeito venha a se enveredar pelo
tortuoso caminho do crime.
Pergunta-se: a co-culpabilidade tem respaldo legal no direito brasileiro? Isto
é, pode o juiz ao aplicar a pena levar em consideração a responsabilidade social pela
delinqüência?
A resposta é positiva.
A possibilidade existe, uma vez que o legislador, no artigo 66 do CP,
viabilizou a redução da pena ambulatória com base nas chamadas atenuantes inominadas.
Vejamos:
CULPABILIDADE: IMPUTABILIDADE
(Teoria Psicológico-Normativa) DOLO/CULPA
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Nesta concepção o dolo contém a consciência da ilicitude (elemento
normativo – chamado de dolus malus), isto é na conduta dolosa deveria haver a intenção de
praticar os elementos do tipo penal (dolo natural) e a consciência de que estaria sendo
violado o ordenamento jurídico.
No Brasil, esta concepção de culpabilidade somente foi abandonada
definitivamente em 1984.
4. IMPUTABILIDADE
4.1 – CONCEITO
Para Aníbal Bruno a imputabilidade seria:
“conjunto das condições de maturidade e
sanidade mental que permitem ao agente conhecer
o caráter ilícito do seu ato e determinar-se de
acordo com esse entendimento”.
6
A Oligofrenia ou retardamento mental é uma deficiência mental que abarca graves defeitos de inteligência, consistente, em termos
gerais, da falta de desenvolvimento das faculdades mentais. A Idiotia é um defeito congênito do desenvolvimento dessas faculdades e a
Imbecilidade, em sentido estrito, é uma parada desse desenvolvimento.
c) Quantitativo: como a lei penal adota o critério
Bio-psicológico, admite-se gradação em relação
ao problema mental que atinge o agente. Vejamos:
7
CP, Art. 26, caput.
8
Vide original redação do CP/1940, artigo 82 – antes da reforma de 1984.
9
CP, Art. 26, parágrafo único.
Caso o agente inimputável tenha cometido um crime punivel com
reclusão (hipótese em que a lei presume a periculosidade), o juiz
determinará sua internação. Se, todavia, o fato previsto como crime for
punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial10.
4.2.1.3 EMBRIAGUEZ
Cuida-se da “intoxicação por álcool ou substância de efeitos análogos”.
A embriaguez pode ser:
a) PREORDENADA – hipótese em que o agente se
embriaga para o cometimento do delito.
Neste caso, além de a embriaguez não refletir na imputabilidade do agente,
ela é agravante11 da pena.
b) VOLUNTÁRIA – que por sua vez pode ser:
b.1) Dolosa – nesta hipótese o agente não se embriaga com o intuito de
cometer o delito, mas apenas com a intenção de permanecer embriagado. É o famoso “hoje
eu vou beber todas!” que nós ouvimos dizer diariamente.
b.2) Culposa – neste caso o agente bebeu voluntariamente, mas sem a
intenção de cometer o crime ou de se embriagar. Ocorre que o sujeito é negligente em
relação à quantidade de álcool (ou substância de efeitos análogos) que vai ingerir, o que
termina por gerar a intoxicação culposa do agente.
No caso de embriaguez voluntária – seja ela dolosa ou culposa – o agente
responde pelo crime como se sóbrio estivesse.
Isso se explica pela adoção no CP da teoria da “ACTIO LIBERA IN
CAUSA”. Isto é, aquele que, com ação livre na causa, voluntariamente se coloca na posição
de inimputável, não Pode alegar em seu favor a sua própria incapacidade de compreensão
ou autodeterminação.
No direito brasileiro, em regra, entende-se que aquele que não possui a
capacidade de compreender o caráter ilícito do fato ou de portar-se de acordo com este
entendimento não deve responder pelo crime que haja cometido
A teoria da actio libera in causa constitui a única exceção no ordenamento,
em que – mesmo que não entenda o que faz – o sujeito deverá sem penalmente
responsabilizado.
c) FORTUITA – deriva de caso fortuito ou de força
maior.
d) PATOLÓGICA – (artigo 19 da Lei 6.38/76) que
resulta de dependência:
Nestas duas últimas hipóteses, a embriaguez pode ser completa ou
incompleta:
10
CP, Art. 97.
11
CP, Art. 65, inc. II, alínea l.
§ embriaguez incompleta – fase da excitação (a partir de 0,8 g por mil de
sangue);
§ embriaguez completa – fase da depressão (cerca de 3 g por mil de sangue);
§ embriaguez comatosa – fase de letargia, equiparada legalmente á completa
(cerca de 4 a 5 g por mil de sangue).
12
Lei 6.368/76, artigo 19 c/c 29.
13
V. g., arts. 121, § 1.º e 129, § 4.º, ambos do CPB.
14
CP, art. 21, primeira parte.
situação pessoal do agente (aspectos sócio culturais
específicos do “mundo” do autor do fato)
5.2 ERRO DE PROIBIÇÃO – dispõe a lei penal (CP, art. 21, segunda
parte):
“O erro sobre a ilicitude do fato, se
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
diminuí-la de um sexto a um terço.”
Note-se que aqui não tratou o legislador do simples desconhecimento da lei,
mas do desconhecimento do caráter ilícito do fato – ao agente não sabe que está fazendo
“coisa errada”, pensa agir conforme o direito.
É o exemplo daquele que – após receber ordens médicas para que somente
consumisse açúcar de beterraba, Mévio resolve plantar a leguminosa em seu quintal e
produzir, por si mesmo seu açúcar.
Mesmo sem saber que fazia “coisa errada” ele cometeu fato descrito como
crime no decreto-Lei n.º 16/66.
Note-se que muito embora o simples desconhecimento da lei não exima o
agente, é de se reconhecer que – muitas vezes – a ignorância da lei leva ao
desconhecimento do caráter ilícito do fato.
NOTE A DIFERENÇA:
15
Ver item sobre o dolo, anteriormente tratado.
16
Dolo natural.
b) objeto
c) qualificadora
d) na execução
e) resultado diverso do pretendido
f) erro sobre o nexo causal
Informativo nº 0272
SEXTA TURMA