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Teoria Geral dos Contratos –

1. Contrato de compra e venda


1.1 Noção
Pela compra e venda, um dos contratantes (vendedor) obriga-se a transferir
a propriedade de certo objeto corpóreo ou incorpóreo ao outro (comprador),
mediante o pagamento de preço em dinheiro ou valor que possa representá-
lo (art. 481, CC).
1.2 Estrutura simplificada do contrato
A compra e venda é considerada obrigatória e perfeita quando as partes
ajustam o preço e o objeto. É um contrato consensual que gera efeitos
pessoais entre comprador e vendedor.
Da definição jurídica da compra e venda, podemos extrair os seguintes
elementos:

Translatividade do domínio: tem por finalidade transferir o domínio de um


determinado objeto. Mas o simples consenso entre vendedor e comprador,
por si só, não opera a transferência da propriedade. O pacto gera um direito
pessoal entre os contratantes. O comprador deverá pagar o preço e o
vendedor deverá transferir a propriedade (se móvel – art. 1.267, CC; se
imóvel – art. 1.245, CC).
Objeto (Coisa): o objeto do contrato deverá preencher os seguintes
requisitos:
a) Existência - Concreta ou potencial. O objeto deve existir no momento da
tradição. Contudo, é possível que tenha, no momento da celebração do
contrato, existência em potencial (art. 483, CC). Entretanto, o contrato ficará
sem efeito se o objeto não existir da data de sua entrega, salvo se a intenção
das partes foi a de realizar contrato aleatório (art. 458 a 461, CC). Nas
vendas realizadas através da exposição de amostras, protótipos ou modelos
feitas pelo vendedor, entende-se que este assegura que a coisa terá as
mesmas qualidades das apresentadas ao comprador (art. 484, CC), sob
pena da prevalência da amostra o protótipo e o modelo uma vez que
integram o contrato firmado.
b) Determinação – A coisa deverá ser determinada ou determinável, isto é,
individualizada em termos de espécie, qualidade e quantidade.
c) Disponibilidade – O objeto pode ser comercializado. Impossibilitam a
compra e venda a inalienabilidade natural, legal ou convencional.
d) Transferível – O objeto deve estar integrado ao patrimônio do vendedor
para que possa ser transferida ao comprador. Preço: representa uma soma
em dinheiro. Mas a lei permite que o preço seja pago, também, por coisa
que o represente (cheque, nota promissória ou títulos da dívida pública).
Fixação do preço pelos contratantes: O contrato será nulo quando se
deixar ao exclusivo arbítrio de uma das partes a fixação do preço. Proibição,
por exemplo, de cláusulas “o preço será fixado conforme o interesse do
comprador” (art. 489, CC).
Fixação do preço por terceiro - A fixação do preço poderá ser relegada a
um terceiro escolhido pelos contratantes já no momento da contratação ou
posterior a ela. Este terceiro atuará como uma espécie de mandatário dos
contratantes. Se o terceiro não aceitar a incumbência, o contrato ficará sem
efeito, ao não ser que os contratantes acordarem designar outra pessoa (art.
485,CC).
Observação: o preço poderá ser fixado à taxa de bolsa ou mercado, bem
como por tarifamento ou aplicação de índices (arts. 486 e 487, CC).
? Venda sem fixação de preço ou de critério para sua determinação - Se
no contrato realizado, as partes não ajustarem o preço ou qualquer tipo de
critério para a sua aferição, será considerado o preço habitual das vendas
realizadas pelo vendedor (art. 488, CC). Na falta de acordo, diante da
diversidade ou oscilação do preço, prevalecerá o valor médio das vendas
realizadas pelo vendedor (média entre o mais elevado e o mais baixo).
2. Responsabilidade pelos Riscos da Coisa (arts. 492-494) Segundo
regra geral, até o momento da tradição os riscos da coisa correm por conta
do vendedor, e os do preço por conta do comprador (art. 492, CC). Mas,
você deve ter atenção redobrada para as seguintes situações possíveis:
3. Limitações à compra e venda O Código Civil prevê as seguintes limitações
para a realização da compra e venda:

A) Compra e venda entre ascendentes e descendentes - A venda de bens


móveis ou imóveis de ascendente para descendente poderá ser anulada se
os demais descendentes e o marido ou esposa do alienante não
concordarem (art. 496, CC).
? Forma da anuência - A anuência ou autorização deve ser expressa. Não
se admite autorização tácita (ver art. 220, CC.).
? Prazo para a ação anulatória - O prazo decadencial para o seu exercício
será de dois anos por aplicação da regra geral do artigo 179 do CC, contado
a partir do momento em que o prejudicado tomar conhecimento do ato de
alienação. Em razão de sua natureza decadencial, o juiz poderá decretá-lo
de ofício (art. 210, CC).
B) Impedidos de adquirir certos bens em razão da estabilidade e
moralidade da ordem pública - A proibição é absoluta. Não importa se o
preço pago foi justo ou até mesmo maior que o de mercado. A sanção será
a de nulidade. Pelo art. 497 do CC não poderão adquirir certos bens: a) tutor;
b) curador; c) testamenteiro (desde que não seja herdeiro); d)
administradores; e) leiloeiros; f) servidores públicos em geral; g) juízes e
servidores da justiça; h) auxiliares da justiça.
C) Venda da parte indivisa em condomínio - No caso de condomínio em
coisa indivisível, o condômino sofrerá uma limitação em seu poder de livre
disposição, uma vez que deverá, primeiramente, oferecê-la a outro
condômino antes de efetuar a venda a terceiro estranho ao condomínio (art.
504. CC).
D) Venda entre cônjuges - É lícita a compra e venda entre cônjuges, com
relação aos bens excluídos da comunhão (art. 499, CC).
4. Venda ad corpus e ad mensuram
Aplicável exclusivamente aos bens imóveis. Na venda de um imóvel podese
estipular o preço por medida de extensão por determinação da sua
respectiva área. Se esta não corresponder, em qualquer dos casos, às
dimensões dadas o comprador poderá tomar as seguintes providências:

 Prazo para a propositura da ação ex empto - Será


decadencial de1 ano a contar do registro do
título (art. 501 e § único, CC).
 Excesso de área – Se, ao contrário da falta de área
vendida, houver excesso, caberá ao vendedor buscar
a tutela jurisdicional em face do comprador.
Cláusulas especiais da compra e venda
No contrato de compra e venda será possível às partes fixarem certas
cláusulas especiais que irão gerar determinados efeitos obrigacionais em
torno do pacto.
Retrovenda - É uma cláusula inserida na compra e venda pela qual
o vendedor se reserva ao direito de reaver o imóvel alienado dentro de
certo prazo, restituindo ao comprador o valor pago acrescido e as despesas
realizadas por este no período de resgate (art. 505, CC).
 Prazo de resgate e sua natureza jurídica – O
aludido prazo de resgate (3 anos)
é decadencial (ininterrupto e contado do dia em que
se concluiu o contrato).
 Restituição do preço e das despesas - O vendedor
que exercer o seu direito de regresso deverá realizar
a restituição: a) do valor pago pelo comprador; b) das
despesas feitas pelo comprador desde que as tenha
autorizado por escrito; c) das benfeitorias
necessárias.
 Transmissão do direito de retrato – O direito de
retrato pode ser cedido ou transmitido aos herdeiros
e legatário do vendedor (art. 507, primeira parte, CC).
 Ação contra terceiro adquirente da coisa vendida
– Se o comprador do objeto (que é proprietário
resolúvel) aliená-lo para terceiro, o vendedor poderá
ingressar com ação contra, uma vez que não poderá
alegar desconhecimento já que recebeu o objeto com
este ônus (art. 507, segunda parte, CC).
Venda a contento e sujeita à prova – É conhecida como venda ad gustum.
O contrato de compra e venda é feito com uma condição suspensiva de que
não se reputará perfeita e acabada enquanto o adquirente não demonstrar
o seu agrado (arts. 511 e 512, CC).
Preempção ou Preferência
 Preempção convencional - É uma cláusula inserida
da compra e venda que obriga o comprador, no caso
de posterior venda ou dação em pagamento do bem,
a oferecê-lo primeiramente ao vendedor (art. 523,
CC). O preemptor não terá o direito à coisa, mas ao
exercício de um direito pessoal de preferência. O
direito de preferência não pode ser cedido e nem
transmitido aos herdeiros por ato inter vivos ou causa
mortis.
 Obrigação do comprador - É a de notificar o
comprador sobre a realização da venda. Esta
notificação é necessária para que o vendedor tenha
condições de exercer o seu direito de preferência. O
comprador responderá por perdas e danos pela falta
da notificação prévia.
Importante: o adquirente de má-fé responderá
solidariamente com o comprador (ex-proprietário)
pelas perdas e danos (art. 518, CC).
 Preempção legal -É chamada, também
de retrocessão. Se o objeto expropriado não for
utilizado em consonância com o decreto
expropriatório, caberá ao expropriado direito de
preferência (art. 519, CC).
 Prazo para a prelação - O prazo convencionado
conta-se da data da tradição ou do registro e não
pode exceder: a) Se bem móvel – 180 dias, b) Se
Bem imóvel – 2 anos. Mas se as partes, embora
tenham estipulado a retrovenda, silenciaram sobre o
prazo de seu exercício, a lei determina que o prazo
será: a) Se Bem móvel – 3 dias, b) Bem imóvel – 60
dias.
Venda com reserva de domínio
 Pacto de reserva de domínio - Consiste na cláusula
pela qual o vendedor reserva para si a propriedade
de coisa móvel até que o preço seja integralmente
pago pelo vendedor (art. 521, CC).
 Eficácia contra terceiros - Dependerá de
instrumento escrito e registro em cartório (arts. 524 e
523, CC).
 Execução da cláusula de reserva de domínio -
Constituição do devedor em mora. Somente será
possível ao vendedor executar a cláusula de reserva
de domínio após a constituição do devedor em mora.
(arts. 525 e 527, CC).
Venda sobre documentos
 Tradição pela entrega do título - O “crédito
documentado” ou warrant (conhecimento de
depósito) servem como elemento de substituição da
tradição do objeto que se aperfeiçoa pela do título
(art. 529, CC).

Doação
I) Noção
O Código Civil define a doação como o contrato em que uma das
partes, porliberalidade, transfere bens ou vantagens do seu patrimônio
para terceiro, mediante sua aceitação (art. 538, CC). Trata-se, portanto, de
um contrato gratuito.
II) Características do contrato
A doação tem as seguintes características:

1. Contratualidade - É um contrato típico e nominado,


exigindo para sua formação a intervenção do doador
e do donatário. A doação é um ato bilateral (negócio
jurídico bilateral) que dependerá, para seu
aperfeiçoamento, da aceitação do donatário. É um
ato inter vivos.
A estipulação de um encargo na doação teria o
condão de desvirtuar a sua característica
unilateral? O encargo não significa que haverá
uma contraprestação do donatário, mas sim
um elemento acidental que condiciona a eficácia
do negócio jurídico ao seu cumprimento. O
encargo não suspende a aquisição e nem o
exercício do direito pelo seu titular (art. 136, CC).
Assim, se alguém recebe a doação de um lote de
terra de larga extensão com a o encargo de
edificar em 1/4 do bem uma escola para
alfabetização de adultos, desde logo já se investe
na sua propriedade. Contudo, deverá cumprir com
o encargo imposto sob pena de revogação da
doação (art. 562, CC).
2. Animus donandi - É a vontade do doador de fazer
uma liberalidade, que proporciona ao donatário
vantagem à custa do patrimônio daquele. O ato do
doador deve ser espontâneo. A doutrina
moderna afasta os presentes que são feitos por
ocasião de aniversário, casamento, comemoração de
bodas, assim como, as gorjetas e esmolas.
A existência de encargo não desvirtua a
liberalidade.
3. Transferibilidade - Consiste na transferência de
bens ou de direito do patrimônio do doador para o
donatário. É necessário que o donatário enriqueça e
o doador empobreça. Vale dizer, deverá haver o
desfalque patrimonial do doador e o acréscimo
patrimonial do donatário.
4. Aceitação do donatário - O contrato só
se aperfeiçoa quando o beneficiário manifestar
sua aceitação em relação à doação.
5. A aceitação poderá ser realizada nas seguintes
modalidades (art. 539, CC):
III) Promessa de doação
A promessa de Doação é possível. A discussão que a cerca é sobre a
exigibilidade do seu cumprimento. A doutrina é praticamente unânime em
sustentar ser impossível exigir o cumprimento de uma promessa de Doação,
desde que se trate de Doação Pura. Na jurisprudência, entretanto, existem
divergências. Se houver a redação de um contrato preliminar com promessa
de Doação, os tribunais têm entendido que é possível sua exigência. O
mesmo ocorre nas separações consensuais. A promessa de Doação quando
da separação, homologada, cria situação de bilateralidade e de possível
exigibilidade.
Neste sentido, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo assim decidiu:
"o acordo, quando contém os mesmos requisitos formais e de fundo da
liberalidade prometida, erige-se em contrato preliminar, sujeitando-se à
execução específicas das obrigações de emitir declaração de vontade". (RT,
460/107).
IV) Limitações à realização da doação
Como regra geral, qualquer pessoa física ou jurídica poderá realizar a
doação ou recebê-la. Contudo, você deve ter atenção redobrada para as
seguintes situações:
A doação de ascendente para descendente:
Ao contrário da compra e venda, é permitida a realização da doação pelo
ascendente ao descendente. Mas, o bem doado deverá, quando da morte
do ascendente e abertura do seu inventário, ser colacionado (art. 2003,
CC), salvo dispensa do doador. Nessa hipótese, o valor deve sair da metade
disponível da herança.
a) Doação Inoficiosa:
Havendo excesso, considera-se doação inoficiosa (art. 2007, CC). É nula
qualquer cláusula que altere a norma sucessória.
b) Doação pelo cônjuge adúltero ao cúmplice gera anulabilidade:
Será nula se realizada pelo cônjuge adúltero para sua amásia ou amante na
constância da união conjugal. Tanto o cônjuge como os herdeiros
necessários do adúltero terão o prazo de 2 (dois) anos para ingressa r com
a ação de anulação de doação contados a partir da dissolução da sociedade
conjugal. Trata-se de prazo decadencial. Lembre-se, ainda, que os
cônjuges não poderão realizar doação com os bens e rendimentos comuns
do casal, a não ser que seja remuneratória ou de pequeno valor.
c) O falido não pode fazer doações, porque tal ato lesa os credores:
A ação pauliana é o remédio para anular essas doações.
d) Pessoas jurídicas:
Se de direito público podem receber doação de acordo com as restrições
administrativas. Se de direito privado podem receber doações impostas
pela sua natureza e estatutos constitutivos. Vale destacar que, segundo o
art. 554, a doação à entidade futura caducará se, em 2 (dois) anos, não
estiver regularmente constituída.
e) Nulidade da doação de todos os bens do doador:
A doação realizada sem reserva de parte ou renda suficiente para a
subsistência doador é nula (art. 548, CC). A lei quis evitar a penúria do
doador, ainda que o donatário fique com o encargo de prover subsistência
do doador enquanto este viver. A doação universal só vale se houver
usufruto dos referidos bens para proteger a pessoa do doador, assegurando -
lhe, por conseguinte, meios de subsistência.
f) A doação não pode gerar a insolvência do doador:
Nessa hipótese, os credores prejudicados poderão anular a doação. A
doação será válida se o donatário, com o consentimento dos credores,
assumir o passivo do doador, ocorrendo uma novação subjetiva (art. 360,
inciso II, CC).
g) A doação não pode ultrapassar a parte disponível da herança:
Nula será a doação se exceder a legítima, não na doação por inteiro (art.
549, CC). O herdeiro lesado pode ingressar imediatamente com ação de
redução da doação.
h) Subvenção periódica:
O doador pode doar uma renda a título gratuito ao donatário (pensão ), que
se extingue com a morte do doador por ter caráter personalíssimo, não se
transmitindo aos herdeiros. Pode o doador, porém, estipular que
remanescerá pela vida do donatário; entretanto não poderá ultrapassá -la
(art. 545 CC).
V) Espécies de doação
As principais espécies de doação estão apresentadas no seguinte quadro:
VI) Revogação da doação
A doação poderá ser revogada pelo doador nas hipóteses de ingratidão do
donatário ou por inexecução do encargo.
Vale lembrar que em caso de crime doloso contra a vida do doador, ofensa
física, injúria (art. 140 do CP – ofensa ao decoro ou dignidade) ou calúnia
(art. 138 do CP – imputação de fato definido como crime), negativa de
alimentos pelo donatário ao doador quando poderia prestá-los, o art. 563 do
CC dispõe que:
A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros,
nem obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação
válida; mas o sujeita a pagar os posteriores, e, quando não possa restituir
em espécie as coisas doadas, a indenizá-la pelo meio termo do seu valor.
Havendo encargo determinado deve ser cumprido (art. 555, CC). A doação
onerosa poderá ser revogada por inexecução do encargo, desde que o
donatário incorra em mora, não havendo prazo para seu cumprimento o
doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo
razoável para que cumpra a obrigação assumida (art. 562, CC).
Se o donatário estiver em mora, não cumprindo o encargo que lhe foi
imposto, o doador poderá reclamar a restituição da coisa doada, sem
responsabilização por perdas e danos. Importante frisar que a revogação por
ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros, nem obriga
o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida.
Contudo, este a pagar os posteriores, e, quando não possa restituir em
espécie as coisas doadas, a indenizá-la pelo meio termo do seu valor, (art.
563, CC). Vale ressaltar que não se revogam por ingratidão: I – as doações
puramente remuneratórias; II – as oneradas com encargo já cumprido; III –
as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural; IV – as feitas para
determinado casamento.
Por fim, acrescenta-se que não se pode renunciar antecipadamente ao
direito de revogar a liberalidade por ingratidão do donatário. Vale lembrar
que não se pode renunciar antecipadamente ao direito de revogar a
liberalidade por ingratidão do donatário (art. 556, CC).

Locação Mobiliária e Imobiliária -


Fiança
Locação
Noção
A locação é um contrato que tem por objeto a cessão
temporária do uso e/ou gozode bem
infungível mediante remuneração (aluguel). O locatário passa a ter o
direito de usar a coisa, extraindo dela todas as suas utilidades. Já o direito
de gozo tem o significado de exploração econômica da coisa pela fruição de
seus frutos ou produtos.
Disciplina jurídica
É importante ter em mente que a locação de imóvel urbano (residenciais e
não residenciais) é regida pela lei n° 8.245/91 (LLPU, com as respectivas
alterações da lei 12.112/09). Já a locação de bens móveis e de imóveis
rurais é regulada pelo Código Civil de 2002 e pelo Estatuto da Terra (Lei
4.504/64).
Sujeitos do contrato de locação
 Locador: será aquele que for titular do direito de uso
e gozo do bem infungível. Assim, o proprietário da
coisa terá a prerrogativa de locá-la a quem bem
entender por decorrência dos direitos inerentes à
propriedade (art. 1.228, CC).
 Locatário: poderá ser qualquer pessoa que tenha
o poder de cessão de uso da coisa. O próprio ente
estatal poderá ser locatário de bem pertencente à
particular, fato que dará ensejo a aplicação dos
princípios norteadores da lei do inquilinato.
 Elementos essenciais do contrato de locação
 Onerosidade: é o pagamento de aluguel em
retribuição à cessão de uso e gozo sob pena de
caraterizar contrato de comodato.
 Temporalidade: a duração temporária da cessão de
uso e gozo é um caractere imanente à locação. O art.
3° da LLPU dispõe que o contrato de locação poderá
ser ajustado por qualquer prazo, dependendo de
autorização conjugal (da esposa ou do marido), do
locador ou do locatário, se o prazo for igual ou
superior a dez anos.
 Infungibilidade: o objeto da locação deve ser bem
infungível. Se o bem é fungível, a figura contratual
será a do mútuo.
 O esquema a seguir ilustra a variedade de direitos
e obrigações que envolvem o locador e o locatário:
 Direito de inerência: Por este direito é garantido ao
locatário permanecer no imóvel, conservando a
moradia, impedindo o locador de retomar o bem de
forma imotivada.
 Denúncia vazia: nas locações com prazo igual ou
superior a 30 (trinta) meses, o locatário não terá
direito à inerência da locação. O locador poderá, ao
término do prazo de locação, retomar o bem sem
apresentar qualquer justificativa (art. 46 da LLPU). É
necessário, porém, que se providencie a notificação
do locatário para que desocupe o imóvel no prazo de
30 (trinta) dias (aplicação do § 2º do art. 46 da LLPU).
Esta denúncia contratual imotivada é conhecida
como “denúncia vazia”.
 Requisito para o exercício do direito de inerência:
Ocontrato de locação, escrito ou verbal, deve ser
celebrado com prazo inferior a 30 (trinta) meses. Ao
final do prazo de locação, os contratos passam a
vigorar por prazo indeterminado, de acordo com o art.
47 da LLPU. Deve-se observar que o locador não
poderá retomar injustificadamente o imóvel no prazo
de 5 (cinco) anos após a prorrogação.
 Justificativas para a retomada do imóvel
(denúncia motivada): Para exercer o seu direito de
retomada do imóvel, em contratos de locação
residencial com prazo inferior a 30 (trinta) meses, o
locador deverá apresentar algumas das seguintes
justificativas, previstas nos artigos 9º e 47 da LLPU
 Prazo para o exercício do direito à denúncia vazia
pelo adquirente: O novo proprietário deverá exercer
o seu direito à denúncia imotivada no prazo de 90
(noventa) dias contados do registro da venda. Trata-
se de prazo decadencial, cujo descumprimento
acarreta a prorrogação do contrato de locação.
 Sucessão da locação: neste caso, deve-se
conhecer duas possibilidades:

 Sub-rogação da locação por morte do locatário - Se


o locatário falecer durante o prazo de locação,
poderão substituí-lo em sua posição contratual: os
seus sucessores, dependentes, cônjuge,
companheiro sobrevivente e as pessoas que viviam
sob sua dependência econômica. A sub-rogação
deverá ser comunicada por escrito ao locador ou ao
fiador (se esta for a forma de garantia locatícia).

 Sub-rogação da locação pela extinção da sociedade


conjugal - Nos casos de fim da entidade familiar pelo
divórcio, separação judicial, separação de fato e
dissolução da união estável, o cônjuge ou
companheiro do locatário poderão continuar como
locatários do bem (o contrato de locação será
prorrogado). O fiador, uma vez comunicado pelo sub-
rogado, poderá exonerar-se de sua responsabilidade
no prazo de 30 dias, ficando, entretanto, responsável
pelos efeitos da fiança durante 120 (cento e vinte)
dias após a notificação do locador.

 Direito de preferência: o proprietário do imóvel


alugado que pretenda vendê-lo deverá apresentar
proposta de compra ao seu inquilino, para que a
conheça e manifeste a sua vontade, desde que no
contrato esteja prevista a chamada cláusula de
vigência, (art. 576 CC). A comunicação poderá ser
feita por qualquer meio de notificação judicial ou
extrajudicial, como também, por outra forma de
notificação, desde que seja dada ciência inequívoca
da intenção de alienar o imóvel a terceiros (art. 27 da
LLPU).
 Exercício do direito de preferência: o locatário terá
o prazo decadencial de 30 (trinta) dias, contados de
sua cientificação, para se manifestar se tem interesse
da aquisição do bem (art. 28 da LLPU). Deve-se
lembrar que o locador deverá aceitar as mesmas
condições oferecidas pelo terceiro pretendente, a
proposta de venda deve ser séria. Caso o locador
desista de vender o imóvel após a aceitação da oferta
feita pelo locatário, deverá pagar uma indenização a
este a título de perdas e danos, inclusive lucros
cessantes (art. 29 da LLPU).

Devemos lembrar, também, que há exceções ao


direito de preferência. O artigo 32 da LLPU preceitua
que o aludido direito de preferência não alcança os
casos de perda da propriedade ou de sua alienação
por decisão judicial, permuta, doação ou
integralização de capital, cisão fusão e
incorporação, bem assim, os casos de constituição
de propriedade fiduciária e de perda da propriedade
ou venda por quaisquer formas de realização de
garantia, inclusive mediante leilão extrajudicial.
 Descumprimento do direito de preferência:
segundo o art. 33 da LLPU, o locatário preterido no
seu direito de preferência poderá reclamar do
alienante as perdas e danos ou, depositando o preço
e demais despesas do ato de transferência, haver
para si o imóvel locado, se o requerer no prazo de
seis meses, a contar do registro do ato no cartório de
imóveis, desde que o contrato de locação esteja
averbado pelo menos trinta dias antes da alienação
junto à matrícula do imóvel.
 Benfeitorias realizadas pelo locatário: benfeitorias
são melhoramentos realizados do bem com o
objetivo de conservá-lo ou de lhe conferir melhor
utilidade.
 Direito de retenção: o locatário que tenha realizado
benfeitorias necessárias ou úteis no imóvel poderá
exercer o direito de reter o bem e não restituí-lo ao
locador caso este não pague indenização suficiente
para cobrir as despesas realizadas para edificá-las, é
o que diz o art. 35 da LLPU. É importante destacar
que o direito de retenção somente poderá ser
exercício em face do locador. Não é possível opor
este direito em face do adquirente do imóvel que não
será considerado devedor de nenhuma das
benfeitorias realizadas. A súmula 158 do STF diz
que: “Salvo estipulação contratual averbada no
Registro Imobiliário, não responde o adquirente pelas
benfeitorias do locatário”.

Empréstimo: Comodato e Mútuo


I) Comodato
É um contrato gratuito de empréstimo de coisa infungível realizado pelo
comodante ao comodatário que contrai o dever de restituí-lo ao final do prazo
estabelecido. Trata-se de um contrato real, porque se perfaz com a tradição
do objeto (art. 579, CC). Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente
comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com
o comodante (art. 585 do CC).
Os direitos do Comodante correspondem às obrigações do Comodatário:

 Exigir que o Comodatário conserve a coisa como se


fosse sua, usando-a dentro das especificações do
contrato, da sua destinação, natureza e finalidade.

 Exigir que o Comodatário efetue todos os gastos


ordinários para a conservação, gozo e uso do objeto
emprestado, devolvendo-o ao final do contrato.

 Arbitrar um valor de aluguel e cobrá-lo, com intuito de


penalidade e satisfação das perdas e danos, caso
haja atraso na restituição do objeto.

EXTINÇÃO DO COMODATO:

 Pelo fim do prazo estabelecido no contrato, devendo


a coisa ser restituída ao Comodante.

 Por iniciativa do Comodante, nos casos em que o


Comodatário descumpre suas obrigações e desvia a
finalidade da coisa (Resolução). (Ver o conceito de
Resolução no tópico específico Resolução).

 Por sentença judicial, a pedido do Comodante,


provada a necessidade imprevista e urgente de
reaver a coisa.

 Pela morte do Comodatário, nos casos de o contrato


ser estabalecido como obrigação personalíssima
(intuitu personae). (Ver o conceito de obrigação
personalíssima no tópico Classificação das
Obrigações).
 Pela resilição unilateral nos casos de contrato sem
prazo determinado. (Ver o conceito de Resilição no
tópico específico Resilição).

 Pelo perecimento da coisa, objeto do contrato, caso


em que haverá a apuração de perdas e danos.
É possível comodato de coisa fungível?
Embora a lei seja taxativa a respeito do caráter infungível do bem, a doutrina
admite que se emprestado para fins de ornamentação, o comodato estará
caracterizado.
Prazo
Poderá ser determinado ou indeterminado. O comodante, salvo necessidade
imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, não poderá suspender o uso e
gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que
se determine pelo uso outorgado (art. 581 do CC). Se os contratantes nada
dispuserem a respeito, deverá ser necessário para o uso concedido.
Contrato personalíssimo
O comotado é intuito personae. Na hipótese de morte do comodatário não
haverá sucessão da posição contratual por seus herdeiros.

II) Mútuo
É contrato gratuito de empréstimo de coisas fungíveis pelo qual o
mutuário passa a ter o direito ao uso temporário do bem, mas contrai para
si a obrigação de restituí-lo (em seu gênero, qualidade e
quantidade) ao mutuante ao final do prazo estipulado (art. 586, CC).
 Mútuo por prazo indeterminado
Via de regra, o mútuo é feito com prazo determinado.
Entretanto, caso seja celebrado por prazo
indeterminado, será extinto nas seguintes hipóteses
(art. 592, CC): a) até a próxima colheita, se o mútuo
for de produtos agrícolas, assim para o consumo,
como para semeadura; b) de trinta dias, pelo menos,
se for de dinheiro; c) do espaço de tempo que
declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa
fungível.
 Mútuo realizado a menor
Segundo os arts. 588 e 589 do Código Civil, não
poderá ser reavido nem do mutuário e nem de seus
fiadores, exceto: a) se ratificado posteriormente pelo
seu responsável ou, se ausente esta pessoa, viu-se
obrigado a realizá-lo para aquisição de seus
alimentos habituais; b) se tiver bens ganhos com o
seu trabalho, desde que a execução não ultrapasse
o valor desses bens; c) se o empréstimo reverteu em
seu benefício; d) Se o obteve o empréstimo
maliciosamente.
 Mútuo feneratício
Trata-se de empréstimo de dinheiro com cobrança de
juros. Neste caso, o contrato de mútuo será oneroso,
posto que os contratantes auferem vantagens
patrimoniais.
DIREITOS E OBRIGAÇÕES DAS PARTES:
Em príncipio, e por ser o mútuo um contrato unilateral que se perfaz com a
entrega da coisa, não se pode falar em obrigações do Mutuante. Porém, a
doutrina admite que ele terá responsabilidade se conhecia algum defeito ou
vício na coisa e não informou ao Mutuário.
Já o Mutuário tem a obrigação principal de devolver, no prazo estipulado, a
mesma qualidade e quantidade das coisas recebidas e, na impossibilidade
de isto ser feito, pagar o valor correspondente.
O Mutuante pode, também, exigir garantia da restituição, se antes do
vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica
(art. 590).

DIFERENÇAS ENTRE MÚTUO E COMODATO


O Mútuo é empréstimo para consumo enquanto o Comodato é empréstimo
de uso;

b) O Mútuo tem por objeto coisas fungíveis enquanto o Comodato coisas


infungíveis;

c) No mútuo, o mutuário desobriga-se com o mutuante devolvendo-lhe coisa


da mesma espécie, qualidade e quantidade; no Comodato, a obrigação só
se extingue com a devolução da própria coisa emprestada;

d) No Mútuo ocorre a transferência do domínio, ou seja, o mutuário se torna


proprietário da coisa; no Comodato isto não ocorre;

e) Em decorrência da transferência do domínio, o mutuário pode alienar


livremente a coisa emprestada, enquanto no comodato, a transferência da
coisa a terceiros é proibido.

Transporte de pessoas e coisas


Transporte
Noção
Pelo contrato de transporte, um dos contratantes (transportador) obriga -se
a transportar pessoas ou coisas de um lugar para outro. A obrigação do
transportador é de resultado (conduzir a pessoa ou objeto ao seu destino).
 Transporte gratuito: o transporte gratuito, de simples
cortesia ou amizade não estará sujeito às normas
relativas ao contrato de transporte (art. 736, CC). Note que
no transporte desinteressado, o transportador só será
civilmente responsável por danos causados ao
transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave
(Súmula nº 145 do STJ). Vale destacar que não se
considera gratuito o transporte quando, embora feito sem
remuneração, o transportador auferir vantagens indiretas.
 Negativa de transporte: é possível ao transportador
negar-se a transportar: a) o passageiro em casos
específicos, previstos em regulamentos ou se suas
condições de higiene ou saúde justificar (art. 739, CC); b)
a coisa se sua embalagem for inadequada (art. 746, CC).
Destaca-se que a responsabilidade do transportador de
coisas é limitada ao montante descrito no conhecimento.
 Responsabilidade do transportador no contrato de
transporte de pessoas: os danos causados tanto aos
passageiros quanto às suas bagagens serão de
responsabilidade do transportador. Nula será
considerada qualquer cláusula que exclua o seu dever
de indenizar que somente poderá ser alegada em seu
favor nos casos de força maior (art. 734, CC). De se
observar que a responsabilidade contratual do
transportador, pelo acidente como o passageiro, não é
ilidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação
regressiva (art. 735 e Súmula 187 do STF). Lícito será ao
transportador exigir que o passageiro declare o valor da
bagagem transportada a fim de fixar o limite da
indenização.
 Destaca-se que a pessoa transportada deverá se sujeitar
às normas estabelecidas pelo transportador (que podem
constar no próprio bilhete de embarque ou em
avisos), abstendo-se de quaisquer atos que causem
que incomodem os demais passageiros ou causem
danos ao veículo (art. 738, CC).
 Resolução contratual: o transportador poderá reter até
cinco por cento da importância a ser restituída ao
passageiro (a título de multa compensatória) no caso de
resolução do contrato provocada por este último. A
devolução do valor pago pela passagem está
condicionada à prévia comunicação do passageiro ao
transportador (art. 740, CC).
 Retenção das bagagens: se o pagamento do valor da
passagem não tiver sido realizado no início ou durante o
percurso da viagem, poderá o transportador, ao final do
percurso, exercer o seu direito de retenção em relação à
bagagem do passageiro e outros objetos pessoais (art.
741, CC).
TRANSPORTE DE PESSOAS
Segundo a definição irretocável de Pontes de Miranda, o "contrato de
transporte é contrato pelo qual alguém se vincula, mediante retribuição, a
transferir de um lugar para outro pessoa ou bens" (Tratado de Direito
Privado, v.45,p.8). No Código Civil brasileiro, o Contrato de transporte vem
regulamentado nos artigos 730 a 756.
É uma relação jurídica composta de três elementos:
a) transportador
b) passageiro ou objeto a ser transportado
c) transladação
A principal característica do Contrato de Transporte, seja ele de pessoas ou
de coisas, é a atividade que o transportador desenvolve, ou seja, o
deslocamento físico de pessoas ou coisas de um lugar para outro, sob sua
total responsabilidade. Esta atividade é o objeto específico deste tipo de
contrato. Logo, o que se gera para o transportador é uma obrigação de
resultado. Isto significa que transportar o passageiro são e salvo e a
mercadoria sem qualquer dano ou estrago, ao seu destino.
A natureza jurídica do Contrato de Transporte, seja ele de coisas ou pessoas
é
de adesão, bilateral ou sinalagmático, consensual, oneroso, comutativ
o, não solene.
Especificamente sobre o Contrato de Transporte de Pessoas, fica bem
simples imaginar quando o contrato é feito e quando sua execução é
realizada. Por exemplo, quando um indivíduo acena, na rua, para um táxi ou
para um ônibus circular, o contrato já teve aí seu início, ao adentrar no
veículo, adentra-se na esfera de responsabilidade do transportador e na
obrigação de garantia. Claro que a obrigação do transportador não incide
em caso de passageiro clandestino!!!
Em outros meios de transporte, como por avião e por ônibus intermunicipais
e interestaduais, fica bem claro o momento da celebração do contrato e o da
sua exceção: quando o passageiro compra sua passagem na companhia
aérea ou pela internet, o contrato foi celebrado e só será executado quando
o transporte se iniciar.
O Código Civil, em seu artigo 734, prevê a responsabilidade objetiva do
transportador pelos danos causados às pessoas transportadas e suas
bagagens, salvo motivo de força maior. Isso quer dizer somente com
acontecimentos da Natureza, como inundações, terremotos, raios, o
transportador deixará de ser civilmente responsável por indenizar o
passageiro pela não execução total ou parcial do contrato. Mas o artigo 735
estabelece que, se o dano causado ao passageiro for total ou parcialmente
ocorrido por ação de terceiro, a responsabilidade por uma possível
indenização ainda é do transportador, gerando para ele o direito subjetivo
de se voltar, por ação de regresso, contra o terceiro causador do dano.
DIREITOS DO TRANSPORTADOR:
a) Exigir o pagamento de preço ajustado (art. 730);
b) Reter a bagagem e outros objetos pessoais do passageiro, caso não tenha
recebido o pagamento da passagem no início ou durante o percurso. Isto é
chamado de direito de retenção e aparece em numerosos outros casos em
Direito Civil (art.742);
c) Reter 5% da importância a ser restituída ao passageiro, caso este desista
da viagem. Esta retenção tem caráter de multa compensatória (art. 740,
§3°);
d) Estabelecer normas de disciplina para vigorarem no curso do transporte,
sejam elas comunicadas no bilhete da passagem, sejam afixadas à vista do
usuário (art. 738);
e) Recusar passageiros, dentro dos critérios estabelecidos nos
regulamentos citados no item acima, ou que em condições deploráveis de
higiene e saúde assim o indicarem (art. 739);
f) Proceder alegação de força maior para se desresponsabilizar nos termos
dos artigos 734 e 737.
DEVERES DO TRANSPORTADOR:
a) Transportar o passageiro no tempo e no modo convencionados, ou seja,
dentro dos horários e itinerários previstos;
b) Responder, objetivamente pelos danos causados às pessoas
transportadas e suas bagagens, salvo em razão de força maior (art. 734);
c) Concluir a viagem contratada, conforme estabelece o art. 741;
d) Não recusar passageiros, salvo o que dispõe o artigo 739. Sobre isso, há
situações interessantes na jurisprudência, que vão de mau cheiro à
embriaguez. Note que a preocupação com segurança nas viagens aéreas
internacionais submete o passageiro a uma série de averiguações, como
revistas pessoais, revista de bagagens, detector de drogas, detector de
metais.
DIREITOS DO PASSAGEIRO:
a) Exigir o cumprimento do contrato de transporte, mediante a apresentação
do bilhete;
b) Desistir da viagem quando lhe aprouver. No caso em que o passageiro
adquire o bilhete antecipadamente, deve comunicar ao transportador com
uma antecedência que possibilite que ele negocie novamente a passagem.
Para viagens rodoviárias, o Decreto n. 2521/98, art. 69, estabelece um prazo
de três horas antes da partida;
c) Ser conduzido são e salvo ao destino convencionado (art.734);
d) Exigir que o transportador conclua a viagem interrompida por motivo
alheio à sua vontade, em outro veículo da mesma categoria ou de
modalidade diferente com a concordância do usuário, e responda por todas
as despesas provenientes deste fato (art. 741).
DEVERES DO PASSAGEIRO:
a) Pagar o preço ajustado;
b) Sujeitar-se às normas estabelecidas pelos regulamentos do transportador
(art. 738);
c) Não causar perturbação e incômoda aos outros passageiros;
d) Comparecer ao local de partida no horário estabelecido ou avisar da
desistência.
TRANSPORTES DE COISAS
Especificamente sobre o Transporte de Coisas, o Código Civil o regulamenta
nos artigos 743 a 756, aplicando-se subsidiariamente o Código de Defesa
do Consumidor. Dele participam:
a) o expedidor ou remetente
b) o transportador (que recebe a coisa com a obrigação de transportá -la)
c) o destinatário ou consignatário (pessoa a quem a coisa é destinada) OBS:
se o expedidor despacha a coisa para seu próprio endereço, ele é ao mesmo
tempo expedidor e destinatário, não desconfigurado a relação júri
destinatário dica.
Regras Gerais:
- A coisa transportada deve ser descrita ou especificada, de modo a não se
confundir com nenhuma outra (art. 743);
- O transportador não pode transportar coisa cuja natureza, espécie e
qualidade desconheça (arts. 746 e 747);
- O recibo é essencial! Ele é chamado de conhecimento de transporte,
conhecimento de frete ou de carga, e é um documento emitido pelo
transportador para comprovação de que a obrigação do contrato foi
concluída. É um título de crédito, embora impróprio, que possui princípios
cambiários de literalidade, cartularidade e autonomia (ver o conteúdo do
USEAVA de Direito Empresarial).
- Quando a coisa permanecer armazenada durante a execução do Contrato
de Transporte, aplicam-se as regras do Contrato de Depósito (art. 751);
- É dever do transportador tomar todas as diligências para que a coisa
chegue ao seu destino em bom estado e dentro do prazo, seja este ajustado
ou previsto (art. 749);
- Em caso de dano parcial ou de avarias não perceptíveis à primeira vista, o
destinatário tem direito de ação contra o transportador, desde que denuncie
o problema no prazo de dez dias a contar do recebimento (art. 754);
- O artigo 753, mostra em que circunstâncias específicas e extraordinárias,
as regras do Contrato de Depósito, por exemplo, o prazo sofrer longa e
imprevista interrupção, ou a coisa for perecível, ou dificuldades na
remuneração do transportador, gerando responsabilidade.

Prestação de Serviço e
Empreitada
Prestação de serviço
A prestação de serviço é um contrato que tem por objeto a prestação de
uma atividade de cunho material ou imaterial desenvolvida pelo prestador
do serviço mediante remuneração paga pelo tomador (art. 594, CC). Não
estarão compreendidos no regramento do contrato de prestação civil os
contratos de trabalho (individual ou avulso) regulados pela legislação
trabalhista e demais leis especiais.
 Prazo
O prazo máximo de duração do contrato de prestação
de serviço é de quatro anos (art. 598, CC). Por
expressa disposição legal, não se computa no prazo
o tempo em que o prestador de serviços, por sua
culpa, deixou de prestar seus serviços. Se o contrato
não dispuser de maneira clara a especificidade do
serviço a ser prestado, a presunção é de que prestará
todo serviço que tiver compatibilidade com suas
forças e condições (art. 601 do CC).
 Prazo indeterminado
Na impossibilidade de se inferir - quer seja da
natureza do contrato, quer seja do costume do lugar
- o prazo de duração do contrato, qualquer das
partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode
resolvê-lo. Neste caso, haverá necessidade de prévio
aviso.
 Dispensa do prestador de serviço
No caso do prestador de serviço em contrato por
prazo determinado ou por obra certa ser dispensado
sem justa causa, terá direito à retribuição vencida,
mas responderá por perdas e danos. O mesmo
ocorrerá se despedido por justa causa, conforme art.
602 do Código Civil. Mas, se o prestador de serviço
em contrato por prazo indeterminado for despedido
sem justa causa, a outra parte será obrigada a pagar-
lhe por inteiro a retribuição vencida, e por metade a
que lhe tocaria de então ao termo legal do contrato,
(art. 603, CC).
 Extinção do contrato
São causas de extinção do contrato de prestação de
serviços: 1) com a morte de qualquer das partes; 2)
pelo escoamento do prazo; 3) pela conclusão da
obra; 4) pela rescisão do contrato mediante aviso
prévio; 5) por inadimplemento de qualquer das partes
ou pela impossibilidade da continuação do contrato,
motivada por força maior.
Empreitada
A empreitada envolve a entrega de uma obra a ser realizada por um dos
contratantes (empreiteiro) mediante o pagamento feito pelo outro (dono da
obra). É possível ao empreiteiro designar outras pessoas para a sua
conclusão. Via de regra, não se extingue com a morte de qualquer dos
contratantes, mas se for celebrado levando-se em consideração
às qualidades pessoais do empreiteiro será personalíssimo (art. 626,
CC). O empreiteiro assume todos os encargos técnicos e riscos econômicos
da obra custeando-a por preço previamente combinado, que não poderá ser
reajustado (exceto convenção em contrário), ainda que as condições de
trabalho se modifiquem.
 Espécies
O contrato de empreitada comporta as seguintes
formas: a) empreitada de mão de obra em que
empreiteiro contribui somente com seu trabalho; b)
empreitada mista, na qual o empreiteiro, além da mão
de obra, fornece os materiais necessários para a sua
realização (art. 610, CC). Destaca-se que neste
último caso, não se presume sendo resultado da lei
ou da vontade das partes (art. 610, §1°, CC).
 Diferenças entre os contratos de empreitada e de
prestação de serviço
O quadro a seguir demonstra as diferenças pontuais
entre esses dois tipos contratuais:

 Rejeição da obra entregue


É possível ao dono da obra rejeitar o seu recebimento
se, no momento da entrega, verificar que o
empreiteiro afastou-se das instruções recebidas, do
projeto ou de regras técnicas para a sua perfeita
conclusão (art. 615, CC). Nestes casos, a lei faculta
ao dono da obra, ainda, a possibilidade de aceitá-la
com o abatimento em seu preço.

 Alteração do projeto inicial da obra


Sem anuência de seu autor não pode o proprietário
da obra introduzir modificações no projeto por ele
aprovado, ainda que a execução seja confiada a
terceiros, a não ser que, por motivos supervenientes
ou razões de ordem técnica, fique comprovada a
inconveniência ou a excessiva onerosidade de
execução do projeto em sua forma originária. É
possível, entretanto, a realização de alterações
pontuais que não impliquem gastos consideráveis e
alteração estrutural do projeto (art. 621, CC). Deve-
se observar que o prazo para que o dono da obra
ingresse com ação em face do empreiteiro será de
180 (cento e oitenta) dias seguintes ao aparecimento
do vício ou do defeito. Trata-se de prazo decadencial.
 Variação do preço da obra
Quando o empreiteiro assume a obrigação de realizar
uma obra segundo o projeto aceito por seu dono, não
terá direito a exigir acréscimo em razão de
modificações posteriores que nele forem
introduzidas. No caso de modificação realizada por
escrito pelo dono da obra, poderá exigir reajuste do
preço. Se ocorrer diminuição no preço do material ou
da mão de obra superior a um décimo do preço global
convencionado, poderá este ser revisto, a pedido do
dono da obra, para que se lhe assegure a diferença
apurada (art. 620, CC).
Ainda que não tenha havido autorização escrita, o dono da obra é obrigado
a pagar ao empreiteiro os aumentos e acréscimos, segundo o que for
arbitrado, se, sempre presente à obra, por continuadas visitas, não se opôs
à sua realização.
RESPONSABILIDADE DO EMPREITEIRO:

 Responsabiliza-se pelos riscos da obra.

 Responsabiliza-se pela solidez e segurança da obra (edifícios e


outras construções consideráveis).

 Responsabiliza-se pela perfeição da obra.

 Responsabiliza-se pelo custo dos materiais (exceto quando esta


responsabilidade for do dono da obra).

 Responsabiliza-se quanto aos danos causados a terceiros.

RESPONSABILIDADE DO PROPRIETÁRIO (DONO DA OBRA):

 Efetuar o pagamento pelo serviço contratado, dentro do tipo de


negócio e atento às variações de preços.

 Indenizar o empreiteiro pelos serviços e despesas que este houver


realizado (lembrando que o empreiteiro pode invocar o Direito de
Retenção para assegurar o recebimento do preço).

 Receber a obra se estiver de acordo com o ajustado.

 Rejeitar a obra nos moldes dispostos dos arts. 615 e 616 do


Código Civil.
Seguro
SEGURO
No contrato de seguro, o segurador contrai a obrigação de garantir interesse
legítimo do segurado em relação à pessoa ou coisa. De forma simplificada,
pode-se dizer que o contrato de seguro apresenta os seguintes elementos:
 Apólice: a apólice ou bilhete de seguro devem ser
nominativos, à ordem ou ao portador (art. 760), mas
no seguro de pessoas não podem ser ao portador.
 Seguro de dano: tem por objeto a cobertura de dano
a um bem indicado pelo segurado no contrato.
O valor da cobertura não poderá ser superior ao
dos prejuízos efetivamente sofridos pelo
segurado. Guarde a letra da lei: “a garantia prometida
não pode não pode ultrapassar o valor do interesse
segurado” (art. 778, CC). Contudo, se o segurador
estiver em mora do segurador, responderá pelos
juros ainda que o valor supere o da garantia (art. 781,
CC).
 “Infra-seguro”: é possível a realização de seguro
com valor de garantia inferior ao do interesse
segurado, por exemplo: seguro de uma motocicleta
no valor de R$ 30.000,00 por R$ 15.000,00. Neste
caso, haverá uma redução proporcional da
indenização no caso de sinistro parcial (art. 783, CC).

 Perda do direito à garantia: se o segurado, por si ou


por seu representante, fizer declarações inexatas ou
omitir circunstâncias que possam influir na aceitação
da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à
garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.
Mas, se a inexatidão ou omissão não resultar de má-
fé do segurado, o segurador terá direito a resolver o
contrato, ou a cobrar, mesmo após o sinistro, a
diferença do prêmio (art. 766, CC). A lei exige que o
segurado comunique prontamente o segurador
acerca da ocorrência do sinistro sob pena de perda
da garantia (art. 771, CC).

 Mora do segurado: o segurado que estiver em mora


no pagamento do prêmio não terá direito à
indenização no caso de sinistro ocorrido antes de sua
purgação (art. 763, CC).
 Sub-rogação do segurador: com o pagamento da
indenização, o segurador se sub-roga nos direitos e
ações que competiriam ao segurado contra o autor
do dano até o limite do valor pago. Destaca-se que a
sub-rogação não tem lugar se o dano foi causado
pelo cônjuge do segurado, seus descendentes ou
ascendentes, consanguíneos ou afins, salvo na
hipótese de ocorrência de dolo.
 Seguro de responsabilidade civil: é espécie de
seguro que transfere ao segurador a obrigação de
indenizar prejuízos causados a terceiros pelo
segurado. Neste tipo de seguro, o segurado deverá
comunicar imediatamente a ocorrência do fato
danoso ao segurador (art. 787, CC).
 Seguro de pessoas: nesta espécie de seguro, o
capital segurado é livremente estipulado pelo
proponente, que pode contratar mais de um seguro
sobre o mesmo interesse, com a mesma ou com
diferentes seguradoras. Importante ressaltar que é
válida a instituição de companheiro como
beneficiário, se ao tempo do contrato o segurado era
separado judicialmente, ou já se encontrava
separado de fato (art. 793, CC). Vale destacar que
nos casos de seguro de vida ou de seguro de
acidentes pessoais, o capital estipulado, para os
casos de morte, não estará sujeito às dívidas do
segurado, nem se considera herança para todos os
efeitos legais. Dessa forma, o valor destinado à
indenização é impenhorável e não figura entre os
bens componentes do espólio.
 Beneficiário do seguro de vida: o segurado
poderá substituir o beneficiário por ato entre
vivos ou por declaração de última vontade. Na
falta de indicação da pessoa ou beneficiário, ou se
por qualquer motivo não prevalecer a que for feita, o
capital segurado será pago por metade ao cônjuge
não separado judicialmente, e o restante aos
herdeiros do segurado, obedecida a ordem de
vocação hereditária (art. 792, CC).
 Suicídio do segurado – O beneficiário não terá
direito a receber a indenização fixada no contrato
de seguro quando o segurado cometer suicídio nos
primeiros dois anos de vigência inicial do contrato.
Observa-se que será considerada nula a cláusula
contratual que excluir o pagamento do capital por
suicídio do segurado (art. 798, CC). Presume-se,
portanto, que o suicídio praticado durante a vigência
do prazo de carência foi premeditado.
Existe também o resseguro, que é a transferência de parte ou de toda a
responsabilidade do segurador para um ressegurador. A finalidade desta
modalidade é distribuir a responsabilidade da contraprestação entre mais de
um segurador.
RESSEGURO
Na lição preciosa de Pontes de Miranda:

“Tem-se que repelir a concepção do resseguro como ato interno de


associação, sociedade, ou comunhão. Por outro lado, trata-se de espécie de
seguro, e não de subespécie de seguro contra danos, nem de subespécie
de seguro de responsabilidade. Cada mercado apresenta suas
especificidades e muitas delas em razão do grau de desenvolvimento
encontrado em cada um deles. A intervenção direto do ressegurador nas
operações do segurador direto é estabelecida e aceita pelas partes, segunda
as exigências e as necessidades de cada mercado”.

CONSSEGURO
No consseguro ocorre uma verdadeira pulverização dos riscos, ou seja, há
a distribuição entre vários seguradores da obrigação assumida. O cosseguro
é a participação de mais de um segurador em um mesmo risco, com o intuito
de cobrir tal risco integralmente. Mas na apólice consta qual é a parte da
responsabilidade de cada um.

NATUREZA JURÍDICA:
O Contrato de Seguro é bilateral ou sinalagmático, oneroso, de
adesão, consensual e não solene, embora a forma escrita é exigida para
fins de prova. Discussão interessante se processa sobre a aleatoriedade do
contrato. Ampla doutrina sustenta que o contrato de seguro é
tipicamente aleatório, uma vez que o risco é essencial para sua
constituição. Outra corrente já vê o contrato de seguro como
sendo comutativo, uma vez que comutatividade, diz respeito ao equilíbrio
das prestações de forma que os contratantes pudessem, tanto quanto
possível se sentir seguros quanto ao fato de que a prestação de um deveria
encontrar correspondência na contraprestação do outro. Haveria, portanto,
comutação entre a garantia do segurador e o prêmio pago pelo segurado.

APÓLICE
A apólice é o instrumento do contrato de Seguro. Elas podem ser
nominativas (transferidas por cessão civil), à ordem (transferidas por
endosso) e ao portador.

BRIGAÇÕES DO SEGURADO:

 Pagar o prêmio avençado no contrato.

 Comunicar ao segurador todo incidente suscetível de


agravar consideravelmente o risco coberto, sob pena
de perder a garantia.

 Abster-se de tudo o que possa aumentar os riscos.

 Comunicar o sinistro ao segurador, logo que o saiba,


e tomar as providências necessárias para minorar-lhe
as consequências.

OBRIGAÇÕES DO SEGURADOR:

 Pagar em dinheiro (se outra forma não dor


convencionada) o prejuízo decorrente do risco
assumido.

 Guardar a conclusão do contrato em estrita boa-fé e


veracidade, tanto a respeito do objeto como das
circunstâncias sobre ele.

 ATENÇÃO
 OS PRAZOS PRESCRICIONAIS EM MATÉRIA DE SEGURO ESTÃO
REGULADOS NOS ARTS. 205 E 206 DO CÓDIGO
CIVIL. PROCEDER ATENTAMENTE A LEITURA DESTES ARTIGOS

Mandato
MANDATO
Pelo contrato de mandato opera-se a transferência do poder de
representação de uma pessoa (mandante) para outra (mandatário). Poderá
ser gratuito ou oneroso(quando o mandatário o exercer por ofício ou
profissão). Neste último caso, caberá ao mandatário a retribuição prevista
no contrato (art. 658, CC).
Pluralidade de mandatários: os mandatários nomeados poderão exercer os
poderes que lhes foram conferidos pelo mandante, desde que: a) não sejam
expressamente declarados conjuntos; b) não sejam especificamente
designados para atos diferentes; c) não sejam subordinados a atos sucessivos.
O ato praticado sem interferência de todos será considerado ineficaz.
Forma: o instrumento do mandato é a procuração. Poderá ser conferido por
instrumento público ou particular. O mandato pode
ser expresso, tácito, verbalou escrito (art. 656, CC). Permite-se
o substabelecimento dos poderes do mandatário, neste caso, o mandante
responsabiliza-se pela insolvência ou incapacidade do substabelecido.
Relativamente incapaz pode ser mandatário? O maior de
dezesseis e menor de dezoito anos, que seja considerado relativamente
incapaz, poderá ser constituído como mandatário (art. 666, CC). Contudo, o
mandante não terá ação contra ele senão de conformidade com as regras
gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores.
Obrigações do mandatário: o mandato é exercitado pelo mandatário que
atuará em nome do mandante. A lei exige que o mandatário aplique toda
a diligência habitual na execução do mandato, sob pena
de indenização por prejuízos causados por sua culpa ao mandante (art. 667,
CC).
Qual a responsabilidade do mandatário? Os negócios jurídicos que firmar irão
vincular somente este último. Entretanto, será pessoalmente obrigado se agir
em seu próprio nome (art. 663, CC). Destaca-se que o mandatário terá direito
de retenção sobre a coisa de que tenha a posse por conta do mandato até que
receba o reembolso do que despendeu para o seu exercício (art. 681, CC).
Obrigações do mandante: terá o dever jurídico de: a) cumprir com as
obrigações contraídas pelo mandatário; b) adiantar a importância das despesas
necessárias à execução do mandato (arts. 675 e 676, CC); c) ressarcir ao
mandatário as perdas que este sofrer com a execução do mandato (art. 678,
CC).
Extinção do mandato: as causas de extinção do mandato estão dispostas no
art. 682 do CC: I – revogação ou renúncia; II – morte ou interdição de uma das
partes; III mudança de estado que não mais habilite o mandante a conferir
poderes; IV – término do prazo ou pela conclusão do negócio.
Revogação do mandato: se o mandato contiver cláusula de irrevogabilidade,
o mandante deverá pagar perdas e danos ao mandatário no caso de sua
revogação.
Mandato “em causa própria” – Converte o mandatário em dono do negócio,
podendo administrá-lo em seu nome e auferir todas as vantagens dele
decorrentes. Neste tipo de mandato haverá cessão de direito ou transferência da
coisa móvel ou imóvel (art. 685, CC).
Notificação da revogação: É imperioso que o mandante notifique o
mandatário acerca da revogação do mandato (art. 686, CC). A lei imputa válidos
os atos e negócios jurídicos realizados com terceiros de boa-fé.
Aceitação e Ratificação:
Como a forma do contrato de Mandato é livre, a aceitação pode ser expressa
ou tácita, lembrando que se, tácita, presume-se do começo da execução da
representação (art. 659).
Se ação do mandatário se der além dos limites da representação ou se
alguém agir sem o Mandato, o mandante pode impugnar o ato ou ratificá -lo
(art. 662).
PROCURAÇÃO
Segundo lição de A. Ferrer Correia, em A Procuração na Teoria da
Representação Voluntária. In:Estudos de Direito Civil, Comercial e Criminal.
2. ed. Coimbra: Almedina, 1985:
"Procuração é o ato pelo qual o representado se vincula, em face de pessoa
determinada ou do público, a receber e suportar na sua esfera jurídica os
efeitos dos negócios que em seu nome realizar o procurador, nos limites
objetivamente assinalados - e, ao mesmo tempo, adquire direito a haver por
seus, diretamente, esses negócios. Se quisermos, o ato pelo qual o
representado se apropria, preventivamente, dos efeitos ativos e passivos de
certos negócios jurídicos, a concluir em seu nome pelo representante"
ATENÇÃO
É comum encontrar afirmações de que Mandato e Representação se
confundem no Direito Civil brasileiro. Precisa e preciosa é a lição do
professor Fábio Maria de Mattia, na obra Aparência de
Representação (1984):
"Pode faltar o direito de representação no mandato, sem que por isso o
contrato degenere em outro diferente ou não produza nenhum efeito.
Ordinariamente ocorre que o mandatário é o procurador do mandante, porém
pode não sê-lo, quando, por estipulação ou por sua única vontade, o
mandatário atua em nome próprio. (...) Em consequência, a representação
é simplesmente um elemento da natureza do mandato, quer dizer, algo que
não lhe sendo essencial, se compreende pertencer-lhe, sem necessidade de
uma declaração especial que, porém, pela mesma razão, pode-se suprimir
mediante uma estipulação em contrário. Ainda quando, por geral, se entenda
que o mandatário tem naturalmente a faculdade de representar o mandante,
mesmo assim pode não ser o mandato representativo."

O CÓDIGO CVIL ASSIM ESTABELECE


Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração
mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do
outorgante.

§ 1o O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi


passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da
outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos.

§ 2o O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração


traga a firma reconhecida.

Depósito

O depósito é o contrato em que uma pessoa (depositante) transfere,


temporariamente e sem retribuição, um objeto móvel e infungível a outra
(depositário) com finalidade de custódia até que lhe seja solicitada a
restituição (art. 627, CC). Trata-se de um contrato unilateral e, em regra,
gratuito, mas poderá se tornar oneroso nos seguintes casos: a) convenção
entre as partes; b) se resultante de atividade negocial ou profissional do
depositário (art. 628, CC). O aperfeiçoamento ocorrerá com a entrega do
objeto, o que lhe confere a natureza de contrato real. Note que o
depositário poderá cobrar do depositante as despesas com a conservação
da coisa. Caso o depositante se negue a realizar o pagamento das
despesas, o depositário poderá reter a coisa até o integral pagamento (art.
644, CC). Mas se o objeto do depósito for judicialmente embargado, se sobre
ele pender execução, ou se suspeitar que a coisa fora dolosamente obtida,
não deverá proceder à restituição, requerendo ao juiz que seja recolhida ao
Depósito Público (arts. 633 e 634 CC).
Objeto do contrato
O objeto do depósito deve ser um bem infungível porque o depositário tem o
dever de restituí-lo ao depositante.
Dever do depositário
O depositário deve guardar e conservar o bem dado em depósito.
Excepcionalmente, é possível até mesmo que venha a se utilizar da coisa
emprestada, desde que autorizado expressamente pelo depositante. Sua
obrigação é a de restituir o objeto findo ao prazo do depósito juntamente com os
seus frutos e acrescidos (art. 629, CC) no local em que tiver de ser guardada. As
despesas de restituição correrão por conta do depositante (art. 631, CC). O
depositário estará isento da responsabilidade de conservação da coisa se esta
for perdida ou deteriorada em decorrência de casos de força maior, desde que
provados.
Restituição pelo herdeiro do depositário
Se o herdeiro do depositário alienou de boa-fé a coisa depositada, será obrigado
a auxiliar o depositante da ação de reivindicação da propriedade e a restituir ao
comprador o preço recebido (art. 637, CC).
Pagamento das despesas com o depósito
O depositante terá a obrigação de reembolsar o depositário pelas despesas que
realizou para a guarda e conservação da coisa, bem como os prejuízos que este
experimentou durante a vigência do contrato (art. 643, CC).
Espécies de depósito
O depósito comporta as seguintes espécies:
a) voluntário – resulta do acordo de vontades e se prova por escrito (arts.
627 a 646, CC);
b) necessário – é também chamado de Depósito Obrigatório. É aquele em
que o depositante é imposto por determinação legal ou em face de
circunstâncias extraordinários e imperiosas (art. 647). Este Depósito pode
ser de três tipos: Depósito Legal, Depósito Miserável e Depósito Hoteleiro.
b.1) Depósito Legal: É aquele que decorre do desempenho de obrigação
imposta pela lei. Como exemplo, há o depósito que deve ser feito pelo
administrador dos bens do depositário que se tornou incapaz (art. 641).
b.2) Depósito Miserável: É o realizado em situações de calamidade. Diante
desta situação (terremoto, guerra, furacão, incêndio,naufrágio, saque etc.),
o depositante entrega seus bens, para não os ver destruídos, a primeira
pessoa que aceite guardá-los. Esta modalidade de depósito pode ser
provada por qualquer meio de prova admitido em direito.
b.3) Depósito do Hospedeiro ou Hoteleiro: É o depósito realizado por
hospedeiros e hoteleiros , respondendo estes domo depositários das
bagagens dos hóspedes. Equipara-se, por força do art. 649, ao Depósito
Legal. Vale notar que, neste tipo de Depósito, também se aplicam as regras
do Código de Defesa do Consumidor.
c) regular – que recai sobre coisa infungível;
d) irregular – que recai sobre bens fungíveis.

PRISÃO DO DEPOSITÁRIO INFIEL:


Muito embora a Constutição Federal de 1988, art. 5°, LXVII e outras normas
Civis e Processuais Civil prevejam a prisão do depositário infiel, prática que
vinha sendo corriqueira entre nós até 2008, os tribunais superiores têm
entendido que, por força de o Brasil ser siganatário do Pacto de San Jose
da Costa Rica (1969) desde 1992, tal prisão civil não é mais cabível. Tanto
o Superior Tribunal de Justiça como o Supremo Tribunal Tribunal Federal já
se posicionaram inúmeras vezes neste sentido.

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