O Positivismo é uma corrente de pensamento da Filosofia surgida no século XIX
principalmente na França e que se disseminou em várias partes do mundo. A origem do Positivismo está intimamente relacionada com o progresso das ciências naturais observado neste século a qual desenvolveu teorias sobre o eletromagnetismo, a termodinâmica, a pasteurização, a medicina experimental, o evolucionismo darwiniano, dentre outras conquistas científicas. Outrossim, havia neste período grande progresso tecnológico com invenções como a locomotiva, as lâmpadas, os motores por combustão, as fotografias etc. Tal progresso tecnológico era impulsionado pelas demandas do crescimento econômico gerado pela Revolução Industrial que parecia gerar riquezas para as nações em velocidade nunca antes presenciada e uma mudança no panorama social com a burguesia se tornando a classe mais influente. Assim, o Positivismo surge acompanhado de um otimismo social e científico no progresso impulsionado pela ciência natural, pela tecnologia e pela revolução industrial do capitalismo. Ademais, é herdeiro do Iluminismo na sua valorização da Ciência, da experimentação e da Razão como meios definitivos de resolver os males do mundo, especialmente a ignorância. No entanto, é também parente do Romantismo por seu otimismo no progresso da humanidade e sua idealização da ciência à um status praticamente religioso de garantir a salvação. No caso de Auguste Comte, o fundador ou pioneiro da corrente positivista, esta influência romântica é ainda mais evidente pela sua idealização da figura feminina a partir da pessoa de Clotilde de Vaux; o amor nunca realizado da vida de Comte. A principal característica do pensamento positivista é a consideração da ciência natural como meio definitivo e único de obter conhecimento e saber. A ciência possui o primado da verdade, e portanto, da vida dos indivíduos. Consequentemente, a linha positivista de pensamento faz oposição ao idealismo filosófico e a toda metafísica em geral, visto que escapam das considerações científicas. A ciência natural é constituída de seu método específico o qual é caracterizado pela identificação de leis causais acerca dos fatos a serem dominados pelo saber e pela técnica. Os fatos são o princípio do método científico. Então, na medida que a Metafísica ultrapassa os fatos, ela não possui valor como conhecimento. Como a ciência natural possui primado do conhecimento e da vida, é natural que a esfera social do homem esteja incluída. Deste modo, os positivistas vieram a considerar a noção de fatos sociais criando a física social. Esta física social seria posteriormente denominada Sociologia a qual é afirmada por Comte como a principal e maior das ciências. Por consequência, o Positivismo defende que todos os problemas que afligem o homem, mesmo no âmbito vital e social, possuem sua resolução no progresso e desenvolvimento científico. Evidentemente, por declararem a presença de fatos sociais, a esfera social é tomada como natural assim como a física e portanto é vista que pode ser estudada e estimulada segundo leis sociais específicas. Auguste Comte afirmava todas estas noções acima no seu positivismo e adicionava a sua especial teoria dos três estágios. A teoria dos três estágios pode ser aplicada tanto para a história e desenvolvimento do pensamento individual de alguém, quanto para a história ocidental em geral e para a história do pensamento e da ciência. Assim, o primeiro estágio seria o ficcional ou teológico que o ponto de partida necessário no qual a inteligência utiliza de seres ficcionais, superstições imaginárias ou deuses para explicar os fenômenos naturais. Este estágio representa a infância do homem. O segundo estágio da “grande lei” de Comte é o intermediário entre o primeiro e o último, possuindo uma função de passagem. Este estágio é o abstrato ou metafísico no qual o pensador faz uso de conceitos abstratos, essências, virtudes, causas últimas ou forças fora da experiência para explicar os fenômenos ao seu redor. É uma transição porque neste estágio a inteligência começa a formulação de leis a partir da observação de fatos, mas no processo deduz entidades fora da experiência e conhecimentos de teor absoluto para finalizar a explicação. Este estágio representa a juventude da inteligência. Por fim, o terceiro e último estágio é denominado físico, científico ou positivo. Este estágio busca as causas e razões assim como o segundo, mas sem apelar ou buscar causas últimas, essências, a origem e destino do universo entre outras pretensões metafísicas. O estágio positivo reconhece as limitações que o conhecimento humano deve ter. Foca-se, portanto, nas causas úteis dos fenômenos, na formulação de leis efetivas sobre a natureza a partir da combinação entre raciocínio dedutivo e observação indutiva acompanhados do uso das operações da mente como as semelhanças e comparações entre fatos. O produto deste estágio é a ciência natural e representa a maturidade da inteligência humana. A ciência para Comte e o positivismo é o estágio final para alcançar a ordem e progresso das realizações humanas. A ciência é definida por Comte como a pesquisa das leis dos fenômenos. A ciência trata especialmente sobre as leis e vai além dos fatos propriamente ditos. As leis da ciência consistem em previsão para depois a ação. Segue- se que Comte inclui na sua concepção de ciência a sua consequência social de progresso. A Sociologia verifica-se como a maior das ciências as quais são hierarquizadas segundo a sua complexidade e originalidade natural. Esta classificação é simultaneamente lógica, pedagógica e história. A ordenação é astronomia, física, química, biologia e sociologia. A filosofia não constitui ciência, pois seu papel é subordinado à todas as ciências no que tange à definir o método das ciências naturais e ser uma metodologia científica geral. A Sociologia possui natureza mais originária e complexa; é dividida em dois âmbitos os quais são a estática social e a dinâmica social. A estática social estuda os fenômenos sociais comuns a todas as sociedades em todos os tempos, as suas condições de existência e suas conexões entre todos os aspectos presentes na sociedade. Já a dinâmica social se refere ao estudo do desenvolvimento e transformações das sociedades. Neste âmbito da dinâmica social se insere a lei dos três estágios aplicados à Sociologia, sendo que o estágio teológico equivale ao feudalismo. O estágio metafísico se refere à Reforma Protestante e posteriormente à Revolução Francesa ao causarem grandes mudanças sociais baseadas em ideias como sola fide, razão e liberdade. Por último, o estágio positivo concerne a própria época de Comte, a Revolução Industrial e o progresso científico. A estática social se refere às condições da Ordem enquanto a dinâmica social é o estudo das leis do Progresso. Ambos juntos constituem os preâmbulos para qualquer política racional. Este conhecimento sociológico, o mais elevado das ciências, possui seu próprio método constituído em observação, experimentação e comparação. A observação concerne à teoria dos três estágios da sociedade acima; a experimentação social (que é diferente da física, por exemplo) ocorre ao analisar os efeitos de patologias, acontecimentos inesperados e exceções sociais; e, o método comparativo é o estudo das analogias, semelhanças e diferenças entre as mais distintas sociedades.