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Índice

Copyright 3

Quais são os benefícios que você terá ao ler este ... 4

As Perguntas Mais Comuns do Programa Meta 5

Introdução 6

Primeiro Passo 8

Segundo Passo 18

Terceiro Passo 34

Quarto Passo 43

Quinto Passo 48

Sexto Passo 53

Sétimo Passo 64

Oitavo Passo 68

Nono Passo 83

Décimo Passo 90

Resumo dos Dez Passos 93

Dicas para Provas Discursivas 96

Dicas para Prova Oral 101

Como Estruturar a Peça Prática em 3 passos 112

Como Evitar a Preguiça e Procrastinação 133

Lidando com Problemas Pessoais 136

Sobre o Autor 139

O Programa Meta Vou Ser Delegado 141

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Copyright

Autor
Lúcio Valente
Editor
VSD Editora
Copyright
Todos os direitos pertencentes a Lúcio Valente

Primeira publicação usando Papyrus, 2016

TENHO CERTEZA DE QUE VOCÊ, COMO FUTURO DELEGADO, NÃO COMPACTUARÁ COM A

ILEGALIDADE. PORTANTO, RESPEITE OS DIREITOS DO AUTOR E NÃO COMPARTILHE

MATERIAL.

Embora toda precaução tenha sido tomada na preparação deste livro, a


editora e os autores não assumem qualquer responsabilidade por erros ou
omissões, ou por danos resultantes da utilização das informações aqui
contidas.

3
Quais são os benefícios que você
terá ao ler este livro?

• Vai aprender a estudar o que realmente cai, de forma estratégica e com


economia de tempo e energia.
• Será capaz de aplicar técnicas absurdamente simples, que colocarão seus
estudos nos trilhos, gerando o máximo de aproveitamento.
• Aprenderá a direcionar seus estudos de forma inteligente.
• Será capaz de se organizar para evitar dispersão de energia.
• Terá ferramentas contra a procrastinação que tanto o impede de avançar.
• Usará as micro revisões diárias para driblar a curva do esquecimento.
• Usará técnicas realmente eficazes para produzir resumos, sem deixar o estudo “travado”.

• Vai aprender a ter uma nova relação com os estudos, elevando os


padrões de aprendizado para “furar a fila” da aprovação.
• Será orientado sobre o material mais adequado para a sua preparação.

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As Perguntas Mais Comuns do Programa Meta

1. Como ter mais foco e parar de procrastinar?

2. Como ter mais organização?

3. Como saber o que estudar?

4. Quanto tempo devo estudar por dia para ser aprovado?

5. Qual o melhor material?

6. Como fazer resumos eficientes sem perder tempo durante os estudos?

7.Como revisar?

8. Como usar as questões para enriquecer meus estudos?

9. Qual o melhor método de estudo?

10. Como deve ser o estudo sem edital? E quando sair o edital, o que fazer?

11. Como parar de me auto sabotar?

12. Como lidar com problemas pessoais que atrapalham meus estudos?

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Introdução

Há cerca de doze anos eu começava minha caminhada no mundo dos


concursos. Naquela época, eu era um estudante universitário, vivendo em
uma família de classe média e não passava dificuldades na vida. Nos finais
de semana, gostava de estar com meus amigos, tomando cerveja e tocando
saxofone em bares. Ao que parece, havia me conformado a ser um homem
medíocre.

Para que você me entenda bem, estou usando o termo "medíocre", na forma
como o autor argentino José Ingenieros define em seu livro O Homem
Medíocre. Para ele, os homens medíocres são aqueles que “(...)
permanecem sujeitos a dogmas que os outros lhes impõem, escravos de
fórmulas paralisadas pela ferrugem do tempo. Suas rotinas e seus
preconceitos parecem-lhes eternamente invariáveis: sua obtusa imaginação
não concebe perfeições passadas, nem vindouras; o estreito horizonte de
sua experiência constitui o limite obrigatório de sua mente”.

O homem medíocre, enfim, é aquele que não busca a evolução intelectual,


espiritual e humana. Vive preso na sua própria mediocridade e aspira
apenas uma coisa: ser um homem mediano, fazendo coisas medianas.

A leitura desse livro foi um tapa na minha cara. Afinal de contas, eu estava
fadado a viver a vida dos medíocres. Só que meu espírito se insurgiu contra
aquilo. Eu estava no último ano da faculdade e aquela descoberta alimentou
minha alma e abriu os meus olhos. A partir daquele momento, estava
decidido a sair da mediocridade. Queria me tornar uma pessoa respeitável
na sociedade. Assim, passei a me dedicar à faculdade como nunca antes.
Organizei a minha vida e dei um direcionamento para ela, que não era para
o norte, nem para o sul, nem
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para o leste, nem para o oeste. Era para o alto. E essa evolução nunca parou.

Se você está aqui neste momento é porque, de uma forma ou de outra, está
buscando se livrar da mediocridade. E este livro pode ajudar muito. Durante
esse processo de aprendizagem, acabei por concluir, com muita tentativa e
erro, que existem passos que qualquer pessoa pode tomar para atingir
excelência nos estudos e, por consequência, ser aprovado. Esses passos
foram sendo burilados durante mais de dez anos de trabalho na preparação
de pessoas que têm o sonho de ser Delegados de Polícia. Com isso,
cheguei à formatação do método Vou Ser Delegado de estudo, que é fruto
do nosso programa "META: VOU SER DELEGADO".

É esse o método que agora apresento para vocês na forma de livro. Puxa
vida, como eu gostaria de ter iniciado os meus estudos com os
conhecimentos reunidos nesta obra! Isso me pouparia horas e horas de
frustração. Então, sinta-se um privilegiado por ter acesso ao método que vai
colocar definitivamente seus estudos nos eixos.

Quero que ao terminar de ler este livro você tenha transformado a sua
forma de estudar, saindo da média dos candidatos - da mediocridade – para
a excelência. Estou com você nesse caminho!

ESTE LIVRO VAI TE TIRAR DA MEDIOCRIDADE!

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Primeiro Passo

Os dez passos do Método Vou Ser Delegado

PRIMEIRO PASSO: Conheça as Premissas Básicas

Como todo método, é importante que você considere que há premissas


básicas que devem ser seguidas para que o respectivo processo funcione.
Eu não vou filosofar sobre essas premissas, porque elas não são frutos de
meus pensamentos e devaneios. Elas surgiram com a experiência, com a
prática.

Com o passar dos anos e com o contato constante com diversas pessoas
que orientei e oriento, percebi que o primeiro trabalho que eu tenho que
fazer é na cabeça do aluno. Isso porque eu sei que você está aqui após
tentar outras técnicas. E, muitas vezes, está aqui após tentar estudar por
muito tempo sem técnica alguma, justamente da forma como eu comecei há
12 anos.

Em tudo que se faz na vida, tudo mesmo, há alguma técnica envolvida.


Mesmo que não se escreva a respeito, e mesmo que isso não seja
formalizado em algum manual de instruções. Aprender essas técnicas pode
te poupar meses, até anos de esforços inúteis.

Vou te dar um exemplo bastante prosaico. Certa vez, eu precisei varrer meu
apartamento. Eu ainda era solteiro e morava sozinho. Isso foi logo após
passar no concurso. Ocorre que a minha secretária teve um problema e não
foi trabalhar. Só que eu acabei derramando pó de café por toda a cozinha.
Por isso, peguei a vassoura e varri a sujeira. No dia
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seguinte, a secretária chegou e, assim que entrou na cozinha, exclamou: -
Seu Lúcio, tá tudo sujo de pó de café!

Bom, parece que meu serviço não foi bem feito. Ocorre que, por mais
simples que possa parecer, o ato de varrer exige alguma técnica, mínima
que seja. E eu não domino essa prática – e nem pretendo dominar. Pense
comigo: se o simples ato de varrer exige método, como você pode acreditar
que o ato de estudar pode ser feito sem uma metodologia?

A minha filosofia de estudo é bastante pragmática. Tudo que aprendi sobre


como estudar é fruto da antiga e eficaz técnica da tentativa e erro. Com
isso, depois de quebrar muito a cabeça, cheguei à conclusão de que o
estudo segue, basicamente, as seguintes premissas:

1ª premissa: estudar é melhor do que não estudar

Há alguns anos eu estava em um evento e fui apresentado a um sujeito que


havia acabado de ser aprovado para Juiz de Direito do DF. Como eu
sempre busco informações novas, passei a conversar sobre a forma com
que ele estudava. Para minha surpresa, ele me disse que estudava uma
matéria por vez. Lia um livro inteiro de Constitucional, depois um livro todo
de Administrativo, e por aí vai. Fiquei abismado, porque eu poderia
classificar esta como uma das piores estratégias do mundo. Ocorre que
contra fatos não há argumentos. O cara estava aprovado. Fim de papo!

Acho importante colocar esse exemplo, porque muitas pessoas me


procuram muito angustiadas, pois supostamente perderam muito tempo
estudando sem uma metodologia adequada. Como eu exemplifiquei agora a
pouco, você pode varrer, nadar, correr e estudar sem técnica. Mas, pode
fazer tudo isso de forma muito melhor se seguir determinados passos.
Agora, isso não quer dizer que o tempo que você passou realizando essas
atividades na forma de tentativa e erro seja inútil. De forma alguma. A
experiência é uma aliada muito importante. E você se tornou naturalmente
mais forte e mais experiente.

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Como podemos extrair do exemplo acima, não existe técnica absolutamente
certa ou absolutamente errada. Já vi gente estudando de todos os jeitos e
passando em concursos. Pode demorar muito mais tempo, mas acaba
passando.

A metodologia, como a que estou apresentando neste livro, existe para


potencializar os seus esforços, para que você não perca a rota e siga no
caminho certo, de forma rápida e constante.

"Nunca pare de estudar, já que estudar sem técnica é ainda

melhor do que não estudar de forma alguma".

2ª Premissa: se for simples, é bom

Certa vez, eu acompanhava um amigo numa palestra desses “gurus dos


concursos”, que ensinam a “mágica” de como passar em pouquíssimo tempo.
Lá pelas tantas, o sujeito passou a falar da técnica de revisão que ele
considerava a melhor. Depois dele explicar a técnica, teve que reexplicar
umas três vezes porque o troço era complicado demais.

A técnica é o meio. Se o meio for complicado, não serve. O seu estudo


deve deslizar no gelo. Você não pode perder muito tempo pensando na
metodologia em si. Ela deve ser natural dentro dos seus estudos. Por isso,
todas as técnicas ensinadas neste livro prezam pela simplicidade e
aplicabilidade imediata de suas fórmulas.

"Preze pela simplicidade. Se for simples, é bom".

3ª Premissa: quem não revisa não se lembra

Há dez anos venho dando aulas de Direito Penal. Esses dias fui

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convidado para gravar uma série de cinco aulas para a TV Justiça. A produtora
do programa disse que eu poderia escolher qualquer tema de Direito Penal,
desde que não repetisse uma lista de assuntos que ela me enviara por e-mail.
Escolhi falar sobre Culpabilidade. Acho que já dei aula sobre isso umas
trezentas vezes, mas você acha que eu simplesmente fui lá na cara e na
coragem” gravar? Claro que não. Eu tive que reestudar o tema.
Não importa o quanto eu sei a matéria, eu vou acabar me esquecendo de
alguns detalhes.

Você já deve ter ouvido falar da chamada curva de esquecimento,


descoberta pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus no século 19.
Segundo essa teoria, você esquece metade do que aprendeu só na
primeira hora após aprender. E o esquecimento vai aumentado rapidamente
com o passar do tempo.

“Estudar é um andar de caranguejo” dizia o professor Damásio de Jesus.


Quanto mais você estuda, mais tem coisas pra esquecer. E você vai
esquecer, pode ter certeza. O reestudo ativo, deste modo, é essencial para
que as informações fiquem na sua memória de longo prazo. Ocorre que
temos fazer isso de forma otimizada para ganhar tempo e conseguir
avançar na velocidade adequada.

Em provas você vai precisar muito da memória de longo prazo. Como você
tem que lidar com várias matérias, a capacidade de se lembrar do conteúdo
estudado pode se tornar algo muito complicado se não for utilizada a
técnica adequada de revisão.

Existem dois erros muito comuns quando o aluno planeja a revisão. Bom,
na verdade, o primeiro grande erro é não revisar de forma alguma. Estou
considerando, portanto, que você vai seguir a premissa de que “quem não
revisa, não se lembra”. Pois então, como eu ia dizendo, há três erros
básicos no planejamento dessa revisão:

Primeiro erro: amontoar as revisões em um dia específico para uma “revisão geral”

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O grande problema de estabelecer um dia específico para uma “revisão geral”
é que o aluno não cumpre. Geralmente, ele reserva o sábado ou domingo
para essa revisão, ou mesmo que seja durante a semana, o aluno não
cumpre.

E por quê? Acho que pelo fato de que psicologicamente o aluno achar que
está perdendo tempo com a revisão. Ele tem muita coisa para estudar para
poder fechar o edital, e isso acaba sendo mais importante na cabeça dele
do que revisar e fixar os pontos já estudados. Além do disso, revisar pode
ser bem chato. É chato reler. E aí está mais um problema: revisão não
dever ser apenas releitura.

Segundo erro: revisar apenas relendo os resumos ou grifos

O Professor Píer costuma contar a história da mãe que, quando perguntada


pelo filho caçula, afirmou que ele teria ido “para a escola estudar”. O
Professor Píer replica dizendo que ele não foi para a escola “estudar”, ele
foi para “assistir aula”.

E qual a diferença? Assistir aula é passivo (só receber informações).


Estudar é ativo (intelectualizar a informação).

Ler e assistir a aula, persisto, são atividades passivas, no sentido de que


você recebe a informação de forma inativa. Ocorre que logo você
esquecerá o conteúdo, ou grande parte dele. É por isso que a revisão é tão
importante. Para que o ciclo do aprendizado aconteça, você deve aplicar
técnicas do estudo ativo. Essas técnicas serão aplicadas durante as micro
revisões diárias, como veremos.

No passo nove vamos voltar neste ponto com mais cuidado.

Terceiro erro: revisar através de questões anteriores


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A realização de questões de provas anteriores é essencial para a evolução
do aluno, conhecimento da banca, auto avaliação, treinamento para
raciocínio prático etc. Na minha concepção, no entanto, especificamente a
revisão não deve ser feita através de questões.

Por quê? Porque quando o aluno faz questões, ele apenas "faz as
questões". Em geral, ele não "estuda as questões". Estudar as questões
significa saber exatamente se o item está certo e o motivo dele estar certo,
e se está errado e o motivo dele estar errado. Após, identificando novas
informações, deveria o aluno alimentar seu material de revisão para voltar
àquela informação sempre que fosse revisar a matéria.

O que ocorre é que o aluno resolve dezenas de questões e nunca mais


retorna a elas. Fazer dezenas, talvez centenas de questões pode ser,
portanto, menos eficiente do que fazer blocos de 10 ou 20 questões,
minuciosamente analisadas.

Revisar é reavivar o que foi estudado, buscando levar a matéria


compreendida para a memória de longo prazo. Resolver baterias de
questões tão-somente não fecha esse ciclo. Você terá que praticar, mas
com outras finalidades em mente, conforme veremos.

Falaremos sobre a resolução de questões no capítulo dez.

"Use as Micro Revisões diárias para driblar a curva de esquecimento."

4ª Premissa: constância é melhor do que quantidade

Eu andava muito insatisfeito com a minha condição física. Durante a


gravidez da minha esposa, eu fui engordando junto com ela. Poucos meses
depois do nascimento da nossa Larinha, minha esposa já estava no peso
de antes da gravidez, e eu continuei gordinho.
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Para mudar isso, modifiquei um pouco a alimentação e voltei a fazer
exercícios. Como eu queria resultados rápidos, entrei num sistema de
treinamento que está na moda hoje em dia, o CrossFit. O treino consiste na
variação de exercícios de alta intensidade em pouco tempo. No máximo,
uma hora de suadeira.

Olha, o problema não está no treinamento. Muitas pessoas se beneficiam


dele e chegam a resultados fantásticos. O problema é que eu saí do
sedentarismo quase absoluto para ingressar em algo que exigia cento e
cinquenta por cento da minha capacidade. O que ocorreu? Claro, desisti em
um mês.

Eu estava chateado com isso, porque eu gosto de ser um “terminador” das


coisas. Não gosto de iniciar determinada atividade ou projeto e pará-los no
meio. Sempre encarei isso como uma falha de caráter. E eu havia desistido,
e continuava gordinho.

Essa situação me deixava muito mal porque eu tinha a impressão de que eu


pregava algo para os meus seguidores e na prática fazia outra. Eu era
muito duro com meus alunos pela falta de foco e comprometimento de
alguns deles e, na minha vida, eu estava sendo justamente aquela pessoa
que eu pedia que eles não fossem.

Após meditar muito sobre isso, eu tive a ideia de aplicar o mesmo princípio
que eu ensinava aos alunos do Programa META. Na verdade, são duas
pequenas técnicas que você precisa conhecer e que vão te ajudar a
começar qualquer coisa e nunca desistir no meio. Você será um
“terminador” e não apenas um “começador”.

Primeira técnica: O Poder da Meia Hora

Tudo parte de um livro que eu li, denominado The Power of a Half Hour,

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de Tommy Barnett (Em tradução livre: O Poder da Meia Hora). No livro o
autor parte do princípio de que a gente deve valorizar os períodos de meia
hora do nosso dia. Em geral, as pessoas contam o tempo útil em horas
completas. “Vou estudar por uma ou duas horas”, “vou fazer academia por
uma ou duas horas”, “vou dormir por 6 horas” etc. Com isso, a gente perde
a possibilidade de realizar muitas coisas, apenas por achar que algo só será
bem feito se durar mais do que uma ou algumas horas. Isso é um equívoco.

Pois bem. Passei a usar o Poder da Meia Hora para fazer exercícios físicos.
Como eu moro em um condomínio fechado, há uma academia interna. Bem
simplesinha, com alguns aparelhos não muito modernos, mas tudo novinho.
Eu desço todos os dias para a academia e ligo a esteira marcando 30
minutos. Nesse tempo eu corro, caminho, corro mais rápido, mais devagar,
caminho de novo, até finalizar o tempo programado. Eu faço isso de
segunda a sexta e raramente falho.

O que aconteceu? Emagreci. Em uma semana? Não. Lentamente, com a


ajuda da alimentação mais balanceada, cortando o açúcar e essas coisas
todas.

Tem dias que eu corro por uma hora ou mais. E se eu não correr, sinto que
meu dia foi incompleto. Dá uma sensação bem ruim, pois virou HÁBITO. Mas
tudo começou com meia horinha sagrada por dia. Por isso, a dica que eu dou
é: sempre que for começar algo novo, vá aos poucos, de preferência inicie
com meia hora, e vá aumentando em blocos de meia hora. Você vai perceber
que a mágica vai acontecer, e essa mágica se chama CONSTÂNCIA.

"Quer ler mais? Leia por meia hora todos os dias. Quer aprender uma
nova língua? Comece com meia hora por dia. Quer aprender a tocar
violão? Comece com meia hora por dia. Deixe a mágica da
CONSTÂNCIA acontecer".

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Segunda técnica: ligue o foda-se

Nós adultos temos uma dificuldade que as crianças em geral não possuem:
nós temos vergonha de aprender algo novo. Pense, por exemplo, naquela
ocasião em que você tentou aprender um instrumento musical, uma arte
marcial ou qualquer outra arte. No início, naturalmente, mesmo as coisas
mais simples parecem muito difíceis. Com isso, o adulto tende a desistir
porque fica embaraçado em não conseguir realizar os atos perfeitamente
logo de início (tocar um acorde no violão, fazer uma chave no Jiu Jitsu,
fazer um passo de dança). O adulto fica com a sensação de que os outros
acham que ele não é capaz, que é burro etc. e acaba desistindo, apenas
por ficar embaraçado.

"Neste caso, a dica é muito simples: ligue o foda-se e seja feliz!"

5ª Premissa: estudar deve ser uma experiência emocional positiva

Estudar é a chave para você alcançar os seus sonhos. Imagine que você
é um atleta que vai participar de uma competição. A performance do atleta
vai depender do quanto e quão bem ele treinou para a prova. Estudar é algo
bem parecido. O seu desempenho na prova dependerá da qualidade da sua
preparação. E para que sua preparação seja de alto nível você deve manter
um relacionamento de afabilidade com seus estudos. Muitos alunos
enxergam os estudos como algo penoso, como se fosse um sacrifício que
devem aturar para alcançar a aprovação. Isso
é errado. Se o estudo não representa uma atitude emocional positiva para
você, estará perdendo seu tempo. Ninguém aprende qualquer coisa assim.

Para que a mágica do estudo aconteça, seu cérebro deve compreender que
aquele assunto estudado é algo importante. Essa postura fará com que a
informação fique por mais tempo na memória de longo prazo. Por isso,
encontre valor e sempre estabeleça objetivos nos seus estudos.

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Estudar é algo transformador, faz de você uma pessoa melhor em todos os
sentidos. Estudar não serve apenas para passar em concurso, serve para
que você evolua como ser humano. Quanto mais você estuda, mais
interessante você se torna. Entender as coisas e o mundo faz com que você
mova a catraca da evolução. Se quiser ser sempre um MEDÍOCRE,
contente-se em permanecer onde está agora.

Suas crenças sobre as suas capacidades e limites vão determinar aonde você
vai chegar. Se você se autolimitar, naturalmente vai criar uma barreira para a
sua evolução. Então, evite dizer que não gosta desta ou daquela disciplina, por
exemplo. Você deve gostar de todas, pois elas são as chaves que abrem as
portas de um futuro mais seguro para você e para a sua família.

"Estudar é parte da solução dos seus problemas, mesmo


que você não saiba disso".

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Segundo Passo

Os dez passos do Método Vou Ser Delegado

SEGUNDO PASSO: Organização do Tempo

Algum tempo deverá ser reservado para a organização dos seus estudos.
Não cometa o erro de muitos em começar essa caminhada sem o devido
planejamento. Eu perdi um tempo precioso em minha preparação porque
não havia planejado como se daria o progresso dos meus estudos.

O direcionamento que você resolveu fazer ao estudar para Delegado de


Polícia vai ser fundamental neste passo. Isso já vai te colocar na frente de
milhares de pessoas. Ter o rumo correto, saber aonde quer chegar, é
essencial para o planejamento estratégico dos estudos.

Neste momento, devemos buscar respostas para as seguintes perguntas:

• Vou estudar para um concurso específico ou vou me preparar para todos


os concursos para Delegado de Polícia que surgirem no país?
• Quais disciplinas devo priorizar?
• Quanto tempo livre eu realmente tenho para estudar?

• Desse tempo total bruto, tenho resistência para estudar quantas horas
mantendo a qualidade de aprendizado?
• Qual o melhor material? Posso usar resumos e videoaulas?
• Só passa num concurso desse nível quem estuda por livro?
• Tenho um ambiente adequado para estudar?

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• Vou precisar parar de trabalhar para estudar?
• Etc.

Vou buscar responder todas essas dúvidas, além de outras que considero
importante no transcorrer deste livro.

Conheça o PPCA

Inicialmente, é muito importante que você defina na sua cabeça se irá


estudar para concursos de todo o país ou para um determinado concurso
(ex.: Delegado Federal). Vou considerar as duas hipóteses e você vai
pensando, caso já não tenha se decidido.

Independentemente do que venha escolher, existe um núcleo de disciplinas


que são importantes para todas as provas. Elas caem em todas as provas
de Delegado e em maior quantidade, fazendo você pontuar mais. Em
algumas provas, o PPCA pode representar até 80% da prova. Então, a ideia
básica é que você dê preferência ao PPCA, estudando as demais
disciplinas de forma secundária.

E o que é o PPCA?

PENAL (Geral, Especial e Legislação Penal Especial), PROCESSO PENAL, CONSTITUCIONAL e

ADMINISTRATIVO.

Essas quatro disciplinas devem estar no seu cinto de utilidades. Você deve
dominá-las ao máximo para passar a banca examinadora no moedor de
carne. Acreditem em mim, dominando essas quatro disciplinas, você estará
mordendo até 80% das provas. Vou te provar com algumas estatísticas de
provas anteriores.

Vejamos a última prova para Delegado de Polícia do Distrito Federal,


realizado em 2015, por exemplo, na qual a banca foi a Funiversa. Foram
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cobradas 100 questões de múltipla escolha, no tipo ABCDE. Dessas 100
questões, nada menos do que 64 eram de PPCA. Ou seja, mais de 60% da
prova. Isso significa que quem arrebentou no PCCA ficou na briga pelas
vagas.

No ano de 2014, a banca ACAFE realizou a prova para Delegado de Polícia


de Santa Catarina com 120 questões. Dessas, 84 questões eram do PPCA,
ou seja, 70% da prova.

Esse padrão se repete mesmo nas provas para Delegado da Polícia Federal,
realizadas pelo CESPE. Na última, realizada em 2013, o CESPE fez uma
prova com 120 itens. Desses, 77 itens eram do PPCA, ou seja, cerca de 65%.

Neste momento, quero apenas que você entenda que é uma tremenda
burrice estudar todas as matérias de forma uniforme. Estude mais o que cai
mais. Parece simples, não é mesmo? Agora, a pergunta que você pode
fazer é a seguinte: como devo dividir meu tempo para alocar de forma
inteligente o PPCA?

Não se preocupe com isso agora. Eu vou usar um capítulo inteiro para falar
disso. Quero apenas que você entenda que deve estudar o PPCA de forma
prioritária. A partir de agora, você dará a máxima preferência para o PPCA,
tratando as demais matérias como importantes, mas secundárias.

APLICANDO O PODER DA MEIA HORA NA ORGANIZAÇÃO DOS ESTUDOS

O Super-Homem da produtividade

No capítulo anterior nós conversamos sobre o poder da meia hora e como


isso pode transformar a sua vida em vários aspectos. Vamos usar esse
princípio em diversos momentos deste livro porque ele é realmente

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importante no meu método.

Em relação à organização do tempo, o poder da meia hora vai te ajudar a


concentrar suas energias no que é realmente importante. Poupar energia
mental e física é a coisa mais extraordinária que um candidato pode
aprender.

Usar suas forças de forma equilibrada, sem desperdício, vai te transformar


num tipo de super-homem. É assim que me sinto, às vezes, um "super-
homem da produtividade". Eu aplico tão seriamente o poder da meia hora
que minha vida se transformou num mundo de realizações maravilhosas.
Eu tenho a sensação que posso fazer tudo o que eu quero e bem feito. Eu
consigo ser absurdamente produtivo realizando diversas tarefas durante o
dia. Quando o meu dia termina, sinto uma sensação de plenitude e
realização.

Mas como atingir isso? Vou te ajudar a organizar a sua vida usando a
minha planilha de organização do tempo. Acesse agora o meu site
www.vouserdelegado.com.br e vá ao ícone “materiais gratuitos” e, depois,
“técnicas de estudo”. Baixe a planilha de organização do tempo e vamos
trabalhar.

Aprendendo a usar a planilha

Existem duas abas inferiores referentes a duas planilhas diferentes. Neste


momento, vamos trabalhar apenas com a primeira aba, denominada
“atividades diárias”. Veja a imagem:

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Perceba que o dia é dividido em frações de meia hora. O primeiro trabalho
que você terá é preencher a tabela com todas as atividades diárias. Tente
colocar tudo que você faz, considerando até mesmo tempo para higiene
pessoal, deslocamento, alimentação etc. No site existe uma planilha já
preenchida para você ter como modelo.

Qual a mágica disso? Saber o que você faz a cada meia hora te dá um
mapa do seu dia. Com isso, você pode realizar todas as atividades sem se
preocupar com as demais obrigações. Concentre toda a sua energia nas
atividades daquele momento.

Todos os dias, eu abro a minha planilha logo pela manhã e vejo o mapa de
atividades para aquele dia, desde o momento que eu acordo até o momento
em que vou dormir. Dessa forma, minha cabeça fica “leve” para me dedicar
ao que eu tenho que fazer. Não há procrastinação porque eu faço o que
tenho que fazer na hora que devo fazer.

"Essa é a grande mágica: FAZER O QUE DEVE SER FEITO, NO MOMENTO

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EM QUE DEVE SER FEITO".

Minha primeira atividade do dia é uma pequena corrida na esteira, que dura
30 minutos. Corro, em média, quatro quilômetros dentro desse tempo. É
muito importante que você não tenha que decidir o que deve fazer no
momento em que tem que fazer. Como assim?

Quando você organiza o seu dia dentro da planilha, você já decidiu quais
atividades deve cumprir. Isso tira o peso de ter que decidir o que fazer a
cada momento, pois isso já foi feito com calma em um momento anterior.
Pode ser que você não tenha percebido isso até agora, mas o que faz você
procrastinar é não ter certeza de que deve realizar essa ou aquela
atividade, neste ou naquele momento.

Então, a solução é bem simples: planeje o seu dia, gastando alguns minutos
todos os domingos com essa atividade. É claro que problemas podem ocorrer
e podem atrapalhar o seu planejamento. Isso não traz prejuízos porque você
poderá sempre voltar à planilha e fazer os ajustes necessários.

O grande pulo do gato é não perder energia decidindo a cada momento.


Psicologicamente, não fazer é mais prazeroso do que fazer, e seu cérebro
vai sempre buscar a inércia. Sempre que procrastinamos, a sensação de ter
enganado a nós mesmos é inicialmente prazerosa, mas logo se torna em
outro sentimento bastante destrutivo: a culpa.

Quando a gente planeja o que fazer, não há decisão de momento. Seu dia
já está decidido. Dessa forma, você simplesmente cumpre o que tem de ser
cumprido.

O Dr. Dráuzio Varela publicou um vídeo no canal dele no YouTube sobre a


preguiça, que vai ao encontro do que estou falando. Ele diz que o homem
primitivo só precisava guardar energia para três coisas: caçar,

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fugir do predador e acasalar. O resto do tempo ele ficava poupando energia.
Em geral, os mamíferos são assim mesmo. Já observou um leão no
zoológico? Ele fica lá deitadão, quase sempre bocejando. Ele está salvando
energia, pois é a natureza dele e dos demais mamíferos. Dessa forma, a
gente não deve buscar a motivação para iniciar a atividade porque é contra
nossa natureza. O ser humano aprendeu a se satisfazer com o trabalho
feito, e não com o trabalho a ser feito.

O Dr. Dráuzio dá o exemplo da corrida matinal. Ele sente uma preguiça


monstruosa de ter que acordar de madrugada para treinar. Só que aquilo já
está previamente planejado no dia dele. Assim, ele não perde energia
pensando. Ele acorda, escova os dentes, coloca a roupa e o tênis e vai
correr. Começar, ele diz, é muito doloroso. Depois de algum tempo
correndo, ainda segundo ele, a atividade fica até suportável, mas tem um
momento em que ela se torna maravilhosa: quando ela termina! Só aí ele
pode se regozijar de ter cumprido a tarefa planejada. A sensação de
terminar o que se propôs é deliciosa.

Eu gosto de colocar a planilha em vários lugares. Deixo os arquivos no meu


PC, lap top, tablet e, também, imprimo uma cópia e deixo em um lugar
visível da minha casa.

Sua tarefa de casa

Agora a tarefa de casa é sua. Baixe a planilha no meu site e a preencha


detalhadamente. Não tem problema se você não tiver certeza dos horários.
Faça o melhor que você puder. Depois, sempre ao acordar, leia a planilha e
realize as atividades que devem ser realizadas, no momento em que devem
ser realizadas.

"Torne-se você também um super-homem (ou a mulher


maravilha) da produtividade".

O CICLO DE ESTUDOS
24
Estudando de forma equilibrada

Tendo preenchido a primeira aba (“atividades diárias”), obtemos o tempo


bruto de estudo. Se, por exemplo, você reservou de 08h até 11h para
estudar dentro da sua planilha, você terá três horas brutas de estudo por
dia. Vamos supor que você estude de segunda a sexta, isso te dará quinze
horas de estudos brutos semanais.

Pois bem. O segundo passo é preencher a segunda aba, denominada “ciclo


de estudos”. Mas, antes, deixa eu te falar um pouco sobre esse tal ciclo. Em
geral, as pessoas dividem as disciplinas por dia da semana, da seguinte
forma: segunda estudam penal e processo penal; terça, constitucional e
administrativo etc.

Nunca vou dizer que determinada organização é errada, pois já disse


anteriormente que “o errado é não estudar”. Entretanto, essa divisão dos
estudos, vinculando a disciplina por dia da semana, pode gerar desarmonia no
avanço das disciplinas. Como assim? Ora, vamos supor que você trabalhe e
estude. Sua semana é longa e cansativa. Na sexta-feira você estará sempre
cansado, e estudará sempre a matéria de sexta com menos qualidade.

Outro problema que posso citar é a perda do dia de estudo. Vamos supor que
todas as quartas você estude Constitucional, por exemplo. Ocorre que nesta
quarta você teve médico pela manhã e não conseguiu estudar. Isso significa
que você ficou uma semana esperando o Constitucional, e a agora terá que
esperar mais uma semana. Ou seja, ficará 14 dias sem estudar essa matéria.

O estudo em ciclos resolve esses problemas. Além disso, como ele não
vincula as disciplinas ao dia semana, mas sim trabalha com uma sequência
preordenada, seus estudos avançarão de modo uniforme. Outra coisa: o
estudo em ciclos é excelente para quem trabalha em

25
regime de plantão e tem o tempo mais “quebrado”. Será uma revolução nos
seus estudos, e tenho certeza que você sentirá um avanço gigantesco na
qualidade do uso do tempo.

Preenchendo o ciclo

É simples. Primeiramente, abra a aba “ciclo de estudos” da sua planilha.


Agora, faça uma lista de todas as disciplinas a serem estudadas. Veja o
exemplo:

Já descobrimos acima que nosso tempo de bruto de estudo semanal é de


quinze horas. Agora, precisamos dividir essas quinze horas entre as
disciplinas. E como fazer isso?

Você pode fazer isso de duas formas. A primeira é simplesmente considerar


60% para o PPCA e 40% para o restante. Então, você teria, nove horas
para o PPCA e cinco horas para as demais disciplinas.

26
A segunda forma de se fazer é mais detalhada. Caso você esteja estudando
para um edital específico, você deve acessar a última prova e contar
quantas questões foram cobradas de cada disciplina. Então, você faz a
porcentagem exata dentro da sua planilha.

Uma dica importante é deixar algum tempo de sobra, cerca de 10% a 15%
como gordura para queimar. Sim, porque no meu exemplo eu tenho quinze
horas brutas, mas eu tenho que considerar as pausas, cafezinho, banheiro.
Então, ao invés de considerar 15 horas, considere 13 horas líquidas. Assim
você terá um tempo mais real de estudo. Veja um exemplo da planilha já
preenchida:

O que fazer agora ?

Agora que você já preencheu corretamente a sua planilha, deverá obedecê-


la religiosamente. O grande macete aqui é respeitar o tempo destinado para
cada disciplina. Para isso, não deixe de usar um cronômetro ou um
aplicativo que marca o tempo de estudo. Eu indico o app Aprovado, que
você pode baixar gratuitamente na loja de aplicativos do seu smartphone.

27
"O tempo destinado a cada matéria deve incluir a Micro Revisão,

leitura, resumo (se for o caso), leitura da lei etc. Para isso, veja no

Passo Nove como fazer as Micro Revisões a cada início de disciplina".

Como inserir as questões, lei seca e jurisprudência (informativos) no tempo de estudo?

Como eu disse, você deve planejar para que o tempo destinado para o
estudo da matéria seja equilibrado. Por isso, vou ensinar as estratégias
corretas para que você inclua na planilha a resolução de questões, leitura
de lei e de informativos.

Micro Revisões

Primeiramente, devo te lembrar de que as Micro Revisões diárias devem


ser feitas no início de cada disciplina, e deve tomar, em média, vinte e
28
cinco por cento do tempo destinado a ela. No ciclo que usei como exemplo
eu destinei duas horas para penal geral. Por isso, desses 120 minutos
(duas horas) vou reservar, em média, 25 minutos para a revisão.
Sobre como fazer as Micro Revisões de forma adequada, veja o passo
nove para maiores detalhes.

Questões

A melhor forma de você inserir questões na sua rotina é criar um tópico


específico para isso ao fim do ciclo. Veja a imagem abaixo:

Perceba que coloquei "exercícios dos pontos finalizados". Isso significa que
você deverá selecionar questões de todos os pontos das disciplinas que já
foram estudados.

Sobre como utilizar questões de forma adequada nos seus estudos, veja o
passo dez.

29
É isso. Agora, a única coisa que você deve fazer é seguir a lista. Não pense
no dia da semana, apenas na lista e na carga horária. Só passe para a
próxima disciplina quanto terminar a anterior, e por aí vai.

Em resumo, você deve obedecer as seguintes regras:

1º Siga a lista na sequência e nunca pule disciplinas.

2º Respeite religiosamente o tempo de cada disciplina.Use o relógio ou o


aplicativo indicado.

3º Sempre inicie o estudo de cada disciplina com a Micro Revisão.

4º Ajuste o ciclo com o passar do tempo. É natural que você avance mais
rapidamente em matérias que tenha mais facilidade. Sempre que fizer os
ajustes, respeite o tempo de estudo disponível.

5º Faça com que o ciclo gire, pelo menos, uma vez por semana.

Quais as vantagens?

Adapta-se a qualquer rotina (mesmo as mais loucas, como as de quem faz


plantão).

O estudo fica mais harmonioso, uma vez que na vinculação ao dia da


semana naturalmente a produção cai nos últimos dias da semana.

No estudo vinculado ao dia da semana, você pode ficar muitos dias sem
estudar a disciplina, caso não consiga estudar no dia específico reservado a
ela. No estudo em lista, você nunca pula matéria e se mantém sempre
equidistante do próximo contato com ela.

30
É mais motivador ver a lista sendo “girada”.

Nos dias de estudos extras (ex.: férias, feriado etc.) você sabe exatamente
o que estudar a seguir, sem perder muito tempo se planejando.

Um alerta importante!

O ciclo deve girar, pelo menos, uma vez por semana. Por
isso, nunca distribua mais tempo para as disciplinas do
que o tempo bruto disponível para a semana.

Lei Seca

Aqui é o verdadeiro samba do crioulo doido. Cada professor fala uma coisa:
“leia só lei seca e faça exercícios”; “não leia lei seca”; “só leia lei seca”; “lei
seca mais doutrina”; “lei seca com limão e gelo”, e por aí vai.

Em um ponto todos os professores concordam: é importante o contato com a


lei. Só que ler a norma é muito chato porque os códigos não seguem a ordem
didática dos assuntos, mas sim uma sequência prática deles. Códigos servem
para consulta, não para estudo. É por isso que defendo que a leitura da lei é
importante, mas deve ser contextualizada. E como se faz isso? Simples. Leia a
lei de forma REMISSIVA. Quero dizer que você deve ler a lei na medida em
que ela for sendo citada no texto, assim: “De acordo com o art.29 do CP, blá,
blá, blá (...)”. Abra o CP e, de fato, leia o art. 29.

31
O que ocorre é que o aluno não tem o bom hábito de CONSULTAR a lei.
Desenvolva esse costume. E isso vale mesmo para aquelas situações em
que o autor descreve a norma literalmente, porque a leitura direta na fonte
pode enriquecer mais os seus resumos, uma vez que pode haver no texto
legal um parágrafo com certa exceção não citada pelo autor, por exemplo.
Seja religioso com isso. Não tenha preguiça, leia a lei!

Claro que leis pequenas (ex.: lei de drogas, lei de tortura etc.) podem ser
lidas em uma tacada só. Por isso, em tais casos, vale a pena dar uma lida
geral na lei diretamente.

"Enfim, a minha dica é: leia a norma na medida em que


ela for sendo citada, a não ser que a lei seja tão pequena
que você consiga vencê-la em uma só tacada".

Informativos

Os informativos nasceram como um clipping de jurisprudência dos tribunais,


ou seja, um apanhado das decisões semanais. Servia para jornalistas e não
para concurseiros. Ocorre que as bancas viram aí uma forma de criar novas
questões. Chegou-se ao ponto de cobrarem sempre os últimos informativos.
Por muitas vezes, eles não representam a posição do Tribunal.

Como muitas decisões eram isoladas, podia (e pode) haver mudanças de


uma semana para outra, o que deixa os concurseiros loucos. Isso tem
diminuído, graças a Deus. As questões retiradas diretamente dos
informativos acabam por gerar muitos recursos, justamente porque as
informações não representam sempre a posição majoritária do tribunal.

Ainda há provas, principalmente da magistratura, que cobram muitos


informativos. O Cespe também gosta, em certa medida. Só que, em geral,
para as provas de Delegado, tão-somente mantenha alguma rotina
32
de leitura dos informativos da semana, sem se preocupar em comprar livros
específicos. Leia com calma e sem grandes preocupações. Se o seu
material (livro, pdf etc.) estiver atualizado, você não terá problemas.

Um recurso que você pode usar é o site www.dizerodireito.com.br. Esse site


é dirigido pelo Dr. Márcio, um juiz federal. Se você já vem se preparando há
algum tempo, deve conhecer o trabalho de excelência que ele desenvolve.
Inclua uma horinha por semana no seu ciclo para ler os informativos mais
atuais (apenas do ano presente).

33
Terceiro Passo

Os dez passos do Método Vou Ser Delegado

3º PASSO: A Escolha do Material

Na época em que comecei a estudar, a gente não tinha muita opção.


Existiam as doutrinas tradicionais e algumas apostilas impressas, as quais
não eram muito confiáveis. A vida era até mais fácil nesse sentido porque
não se perdia muita energia e tempo escolhendo os materiais.

Hoje a coisa mudou drasticamente. Com a evolução da internet, os materiais


se tornaram mais numerosos e as formas de apresentação também variaram
muito. Em geral, o aluno se depara com as seguintes opções:

• Aulas em PDF
• Livros físicos e digitais de grandes doutrinadores
• Livros físicos e digitais voltados para concursos
• Videoaulas
• Resumos que podem ser encontrados na internet ou preparados por coachs

• Apostilas tradicionais

Qual desses é mais adequado para concursos de Delegado de Polícia?

Antes de responder a essa pergunta, quero te alertar para que você


evite cometer dois erros básicos:

1º) adquirir vários materiais de formatos diferentes.

34
2º) estudar por mais de um material a mesma disciplina.

Um erro leva ao outro. Em geral, os alunos acreditam que se estudarem por


vários materiais da mesma disciplina, fecharão todas as possibilidades de
questionamentos em provas. Na cabeça deles é como se um material
completasse o outro. Dessa forma, eles passam a adquirir vários materiais
sobre a mesma disciplina e acabam ficando sobrecarregados, e nunca
conseguem finalizar o planejamento.

Estou te dizendo, por conseguinte, que você deve ter apenas um material
por disciplina. Um livro ou uma videoaula ou um PDF ou um resumo.

Mas, qual desses formatos é o melhor? A resposta é: depende. A


possibilidade de escolha é muito vasta, e qualquer um dos materiais
adquiridos pode ser adequado, desde que a técnica de estudo seja correta.
Outra coisa é que para cada disciplina você pode escolher um material de
formato diferente.

Principais doutrinas analisadas

A seguir, apresento os materiais mais indicados para concursos de


delegado (civil ou federal).

DIREITO PENAL

Direito Penal (Parte Geral): Manual do Rogério Sanches

Em Direito Penal Geral eu dei duas opções. O aluno pode trabalhar com
minhas apostilas em PDF ou usar o Manual do Sanches. O que ele não
pode fazer é usar os dois. Costumo brincar que material é igual à esposa:
só se pode ter uma.

Eu indico o Manual do Sanches porque ele consegue condensar toda a


35
doutrina de forma objetiva. Não é o melhor livro do mercado do ponto de vista
acadêmico, mas é o mais objetivo, abrangente e direto. O Rogério Sanches
sabe o que ele é (professor de cursinho), e sabe o que não é (um acadêmico).
Isso facilita a vida dos alunos. Espero que ele mantenha a objetividade de
suas obras e não caia no equívoco de autores com Pedro Lenza e Renato
Brasileiro, os quais foram inchando suas obras, perdendo a proposta inicial.

Em parte geral, você pode escolher, também:

- Nucci
- Capez
- L. F. Gomes
- Bitencourt
- R. Greco
- Prado
- Masson

Apostilas VSD de Direito Penal

Eu indico também as minhas apostilas porque elas já estão direcionadas


para o Programa Meta e, também, porque eu a atualizo semanalmente. O
aluno estará sempre com o material atualizado. Só que o ponto que quero
ressaltar aqui é que você deve ter apenas um material de Penal Geral.
Pode ser uma vídeoaula, um PDF ou um Manual. Não importa, desde que
seja apenas um deles.

Direito Penal (Parte Especial): Código Para Concursos do Sanches ( OU apostila VSD)

Não se estuda Penal Especial com livro doutrinário. É perda de tempo.


Gosto dessa Série de códigos para concursos da Jus Podivm. Não use o
manual do Sanches na Parte Especial, prefira o Código para Concursos.
36
Aqui também indico a minha apostila em PDF, que é bem completinha.

LEGISLAÇÃO PENAL

Em legislação penal prefiro a Sinopse da Jus Podivm, do Professor Gabriel


Habib. Pense que este material condensa na medida certa a teoria e a
jurisprudência.

O Professor Renato Brasileiro possui um Manual bastante interessante da


mesma editora, mas condensa poucas leis.

PROCESSO PENAL

Direito Processual Penal: Manual do Nestor Távora

Alguns preferem o Renato Brasileiro, mas acho-o muito “gordo”. Prefiro o


Távora porque vem tudo separadinho (doutrina, jurisprudência e exercícios
ao final).

Você poderia, da mesma forma, ter escolhida um PDF (Estratégia) ou uma


videoaula (essa sim, do Renato Brasileiro, CERS). Mas, insisto, use apenas
um material.

Uma dica muito legal que costumo dar em Processo Penal é a seguinte: leia
os QUATRO GRANDES TEMAS em uma boa doutrina (Ação Penal,
Inquérito, Provas e Prisões). O restante pode ser estudado em um bom
resumo.

DIREITO CONSTITUCIONAL

Constitucional: apostilas do Curso Estratégia ou Doutrina

37
Direito Constitucional tem sido um problema. Como a jurisprudência nesta
matéria é muito dinâmica, os autores não têm feito revisões adequadas nos
livros, e o que tem acontecimento é que as doutrinas ficaram gigantescas.
Por isso, passei a indicar materiais mais objetivos, sendo que o material do
Estratégia é bem legal nesse sentido.

Eu indicaria apenas que você lesse a doutrina (livro) na parte de Controle


de Constitucionalidade. O restante dos temas pode ser estudado pelo PDF
ou por uma boa Sinopse. Entretanto, caso ainda prefira a doutrina, os livros
mais indicados são (na ordem de preferência):

• Nathalia Masson (Jus Podivm)


• Marcelo Novelino (Jus Podivm)
• Pedro Lenza (Método)

DIREITO ADMINISTRATIVO

Administrativo: Sinopses para Concursos da Jus Podivm ou Matheus Carvalho

Eu gosto dessa Sinopse. Administrativo é muito importante, mas prefiro ler


algo mais curto e fazer muitos exercícios, pois acho a matéria repetitiva.
Caso prefira doutrina, a mais indicada é do Matheus Carvalho (Jus Podivm).

Na verdade, qualquer bom manual vai servir, com exceção do José dos
Santos Carvalho Filho. Ele é excelente doutrinador, mas a obra não é
exatamente voltada para concursos. Por isso, não há preocupação com a
atualização dos informativos. Mais abaixo farei uma listagem das obras a
serem evitadas.

TRIBUTÁRIO E EMPRESARIAL

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Tributário e Empresarial: videoaulas do CERS (carreiras jurídicas)

Não vale a pena estudar as matérias fora do PPCA com doutrina pesada.
Use materiais resumidos. No caso de Tributário, pode usar uma boa
videoaula do CERS do professor de sua preferência.

Como são matérias secundárias, prefiro usar videoaulas, pois dinamiza o


tempo. Além do que acho essas matérias menos atraentes. Nesse sentido,
consigo cobrir a matéria com boas aulas.

Caso prefira, pode substituir as aulas pelas Sinopses da editora Jus Podivm.

CRIMINOLOGIA

Em criminologia vou te dar as seguintes opções:

• Resumo de Criminologia, Lélio Braga Calhau (Impetus).


• Criminologia, Paulo Sumariva (Impetus)
• Coleção Preparatória Para Concurso de Delegado de Polícia -
Criminologia e Medicina Legal (Penteado Filho, Nestor Sampaio;
Vasques, Paulo Agarate; Frugoli, Ugo Osvaldo) ( Saraiva).

MEDICINA LEGAL

Se a tua prova cobrar medicina legal (PCRJ, por exemplo), você deverá
usar um material bem objetivo e resumido, devendo fixar com muitas
questões. Minhas sugestões:

• Sinopses Para Concursos - V.41 - MEDICINA LEGAL (Jus Podivm).


• Coleção Preparatória Para Concurso de Delegado de Polícia -
Criminologia e Medicina Legal (Penteado Filho, Nestor Sampaio;
Vasques, Paulo Agarate; Frugoli, Ugo Osvaldo) ( Saraiva).
39
• Medicina Legal e Noções de Criminalística, Neusa Bittar (Jus Podivm).

Posso substituir tudo por Sinopses?

Todas as disciplinas, incluindo as do PPCA, podem ser estudadas apenas


pelas sinopses.

Mas, se eu estudar por sinopses e videoaulas vou ter todo o conteúdo necessário?

Não.

E se eu estudar por vários materiais para cada disciplina (livros, aulas etc.),
vou ter todo o conteúdo necessário?

Também não. Não tem saída, você nunca vai conseguir abraçar todas as
possibilidades apenas por ler mais materiais e assistir mais videoaulas. Eu,
por exemplo, já li virtualmente todos os livros de Direito Penal publicados no
Brasil, e ainda assim meu estudo tem lacunas. E olha que eu dou aula disso
há dez anos.

Qual a solução então?

A solução é a técnica de bombar seus materiais com informações roubadas


de questões (passo dez). Não é o momento de falar dela agora, mas
apenas para adiantar, é a forma mais adequada de se usar questões.

Use questões como fontes de informações. Retroalimente seus resumos


pessoais com novas informações roubadas das questões. Vamos aprender
a fazer isso daqui a pouco.

Qual a melhor Sinopse?


40
A série Sinopses para Concursos da Jus Podivm é indiscutivelmente a
melhor. É a única do mercado que consegue abranger de forma adequada
doutrina, jurisprudência e posições das bancas.

Quais são os livros que devem ser evitados?

Existem alguns doutrinadores que são mais adequados para a graduação.


Apesar de respeitadíssimos academicamente, não os indico para as provas
de Delegado, pois não costumam se pautar pela jurisprudência majoritária,
mas sim por suas próprias posições. São leituras essenciais e recomendo
que você as faça em algum momento da sua vida, mas não durante a
preparação para concursos de Delegado.

Direito Penal

- Paulo C. Busato
- Paulo Queiroz
- Cirino dos Santos

Direito Processual Penal

- Eugênio Pacelli
- Tourinho Filho
- Paulo Rangel

Constitucional

- José Afonso da Silva


- Paulo Bonavides
- Ferreira Filho

Administrativo

- José dos Santos Carvalho Filho


- Di Pietro

41
- Hely Lopes Meirelles
- Diógenes Gasparini

Alerta!
Escolha apenas um material por disciplina. Não caia no erro de achar

que um livro complementa o outro. Complemente seus estudos com

informações roubadas das questões de provas anteriores.

42
Quarto Passo

Os dez passos do Método Vou Ser Delegado

4 º PASSO: Desenvolvendo Resistência para Estudar

Considero este um ponto essencial. Como você pode aumentar sua


resistência física e mental para suportar horas de estudo de qualidade?
Sim, porque não adianta você ficar se enganando e estudar por cinco ou
seis horas sem a concentração necessária.

Aqui, mais uma vez, eu uso o poder da meia hora. Para você entender a
minha ideia, vou fazer uma analogia com algo mais corriqueiro na nossa vida,
mas que as pessoas têm muita dificuldade de seguir: exercícios físicos.

Eu sempre tive um relacionamento conturbado com a atividade física. Eu sei


da sua importância, mas sempre tive dificuldades em manter uma rotina de
exercícios. Isso fez com que eu tivesse alguma dificuldade no controle do
peso. A sorte, por assim dizer, é que não gosto muito de doces e não sou
muito comilão, mas mesmo assim, cheguei a ficar dez quilos acima do meu
peso. Isso aconteceu porque a Divina Magda ficou grávida, e isso altera nossa
rotina, inclusive a alimentar. Depois do nascimento da Larinha, a Divina Magda
voltou ao peso normal em dois meses, e eu continuava gordinho.

Para combater esse problema, caí no mesmo erro no qual oriento meus
alunos a não caírem: a ideia do "tudo ou nada" ou do "oito ou oitenta".
Segundo esse pensamento, ou estou completamente comprometido com a
minha meta, ou é melhor nem começar. Isso é um equívoco!

43
A Teoria do Desconforto Mínimo

Como eu ia dizendo, eu caí no erro de acreditar que deveria entrar de


cabeça em algum programa de treinamentos que me levasse à perda de
peso de forma rápida. Por isso, matriculei-me no CrossFit.

O CrossFit é um programa de treinamento de força e condicionamento


físico geral baseado em movimentos funcionais, feitos em alta intensidade.
Basicamente, a gente fica num espaço cheio de objetos, como caixas,
cordas, argolas, pesos etc., e a cada aula é realizado ciclo com atividades
variadas. Os exercícios são muito parecidos com um treinamento militar.

O problema não foi o CrossFit em si. Na minha opinião, é uma modalidade


bastante interessante, mas não para quem estava cem por cento sedentário.
Ao sair do oito e pular diretamente para o oitenta, eu me desmotivei. Ir para a
aula era um tormento. Tinha dias de eu literalmente cair no chão de exaustão.
O meu erro foi em pensar que para sair do sedentarismo, deveria sair da
minha zono de conforto para a zona de desconforto máxima.

Então, em um determinado dia eu passei a refletir sobre isso. Não fazia


sentido eu exigir dos meus alunos que permanecessem firmes com suas
metas, sendo que eu mesmo não conseguia seguir o que eu pregava. Então,
passei a aplicar aos exercícios a mesma ideia que aplicava aos estudos.

Surge daí o que eu chamo de a Teoria do Desconforto Mínimo.


Basicamente, adoto a ideia de que em determinadas atividades, as quais
exigem esforço mental e/ou físico, a tendência é de que busquemos o
conforto. É por isso que quem não estuda tende a continuar não estudando
e quem não faz exercícios físicos tende a continuar sedentário.

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Para driblar isso, podemos desenvolver uma estratégia mais inteligente, que
consiste em criar pequenos desconfortos suportáveis, de forma gradual.
Veja a figura abaixo:

A zona de conforto atual, por exemplo, é não fazer exercícios físicos. Fazer
uma aula de CrossFit, três vezes por semana, seria o desconforto máximo.
Não seria mais inteligente criar um desconforto intermediário e ir aumentando
gradualmente? Claro que sim e foi o que eu fiz. Eu criei um desconforto
mínimo fazendo pequenas caminhadas na esteira, intercaladas com troques,
atividade que me tomava trinta minutos, quatro dias por semana.

Após algum tempo, esse desconforto mínimo se transformou em conforto


atual. Assim, fui criando novos desconfortos mínimos até atingir o que eu
considero desejável. Hoje, corro uma hora por dia, cinco vezes por semana.
Meu próximo desconforto será inserir musculação nessa atividade diária.

45
Com os estudos a ideia é exatamente a mesma. No lugar de sair da inércia
total para programar uma rotina de quatro ou cinco horas por dia de
estudos, comece aos poucos e vá aumentando gradualmente. Vou criar
uma fórmula mais ou menos geral para quem está iniciando ou reiniciando.
Entretanto, você pode aplicar a mesma ideia para aumentar gradualmente a
sua resistência nos estudos.

Fórmula do desconforto mínimo

1º) Comece com uma hora na primeira semana.

2º) Aumente 30 minutos a cada semana, até chegar a três horas.

3º) Se achar necessário, aumente 30 minutos a cada mês, até atingir o


tempo desejado.

Qualquer bom treinamento de corrida segue essa ideia. Não existe fórmula
mágica no que estou ensinando. Maratonistas e ultra maratonistas aplicam
essa técnica, triatletas também.

46
Não caia na armadilha do "tudo ou nada". Comece de algum ponto
e vá aumentando gradualmente.

47
Quinto Passo

Os dez passos do Método Vou Ser Delegado

5º PASSO: Escolha o Melhor Ambiente de Estudos

Nas pesquisas para a elaboração deste e-book, li um livro escrito pelo


jornalista americano Benedict Carey, denominado How We Learn. Pelo que
eu saiba, não existe a versão dele em português, mas se você entende
inglês, vale a pena dar uma olhada.

Carey descreve vários aspectos da forma como aprendemos e dá muitas


dicas bacanas. Em um dos capítulos, ele fala do ambiente de estudo.
Segundo a visão dele, o aluno deve variar constantemente os locais de
estudo para que haja novos estímulos e para que não gere tédio.

Mas, nem todos os professores concordam com isso. Em geral, ensina-se


que o aluno deve manter o mesmo local de estudo para que o hábito seja
solidificado, e para que a memória seja relacionada também ao aspecto
espacial. Nesse sentido, o Dr. Marty Lobdell possui um vídeo no YouTube
denominado Study Less, Study Smart, onde ele explica que o local de
estudo deve ser específico para isso. Ou seja, não se deve estudar no
quarto ou na sala de TV, ou na cozinha. Porque, segundo ele, o ambiente
interfere no nosso rendimento.

Ele dá um exemplo interessante. Quando conversamos face a face com


alguém, respondemos às perguntas feitas de forma verbal. Quando
estamos em grupo e alguém faz uma pergunta, a resposta é dada com o
levantar das mãos. Isso porque, a depender do ambiente em que
estivermos, os estímulos geram diversas formas de reação.

48
De fato, o mais indicado é ter um local específico para estudar, e esse local
não pode ser o seu quarto, por exemplo. E a razão é muito simples. No
quarto você dorme, assiste a TV, faz amor, conversa com seus familiares.
Não é o ambiente que o seu cérebro aceite como um estímulo à
concentração aos estudos.

Aqui em casa eu tenho o privilégio de ter um escritório. A mágica disso é


que, quando eu fecho a porta, ninguém me incomoda. Sim, porque ao
fechar a porta, sinalizo para a minha esposa e para a secretária que não
quero ser incomodado. E casamento não é sinônimo de falta de
privacidade, concordam?

Só que na época de estudos para concursos eu morava com a minha mãe e


mais dois irmãos, além de um sobrinho. Lá, não tínhamos um escritório ou
um cômodo reservado para estudar. Na verdade, nós dividíamos os
quartos. Você acha, sinceramente, que eu conseguiria estudar nesse
ambiente? Eu tive que achar uma solução, e achei nas bibliotecas da minha
cidade. Eu estudei em praticamente todas elas. Também, usei salas de
estudos de cursinhos. Mas, eu evitava ficar em casa.

Sair de casa é muito bom porque envolve aspectos psicológicos e sociais


importantes. O aspecto psicológico se relaciona, principalmente, com os
alunos que estão sem trabalhar. Sair de casa gera sensação de “ocupação”,
de rotina. Em relação ao aspecto social, que é consequência, as pessoas te
enxergam com uma pessoa ocupada. A pressão social tende a diminuir.
Ficar em casa é mais cômodo, mas pode ser um veneno.

Eu entendo que muitos alunos residem em cidades pequenas, sem


bibliotecas públicas, e isso, em geral, impede a aplicação prática do que
estou dizendo. A solução pode ser usar espaços de escolas públicas ou
mesmo de outros órgãos públicos. Veja se na prefeitura da sua cidade não
existe um local para estudo, por exemplo. Na pior das hipóteses, vá para a
casa de um parente ou amigo, só para ter a desculpa de sair de
49
casa.

Entenda que o mais importante é a criação de uma rotina que se pareça, ao


máximo, com uma ocupação, com uma profissão. Isso porque as pessoas
enxergam nos concurseiros, principalmente naqueles que não trabalham,
pessoas desocupadas e que “só estudam”. Percebam, portanto, que ao criar
essa rotina de acordar, sair de casa e voltar para casa, gera benefícios que
vão além do aspecto pedagógico e de como o cérebro funcional e coisa e tal.

Agora, cada pessoa tem suas próprias características. Pode ser que você
não tenha se identificado com nada do que falei. Pode ser que você tenha
um ambiente de estudos na própria casa e que se sinta muito produtivo
nele. Excelente, você tem menos um problema com que se preocupar!
Quem sabe, essa dica ainda seja válida para que você use locais diferentes
apenas nos finais de semana.

Agora, cuidado! Usar bibliotecas e salas de estudo pode ser bastante


perigoso, se você perde muito tempo com conversas de corredor. Ao sair de
casa, você, naturalmente, vai se socializar. Controle seu tempo e respeito-o
religiosamente. Se você separou cinco minutos para o cafezinho, respeite
esse limite.

Na minha época de estudos, eu percebia que muitos estudantes iam para a


biblioteca para paquerar, jogar conversa fora, e por aí vai. Ficam lá por
horas e depois voltavam para casa. Talvez porque queriam apenas mostrar
para os familiares que estavam cumprindo uma rotina de estudos. Não se
engane. Controle seu tempo e sua língua.

Evite as distrações

Eliminar as distrações é um elemento importante no seu ambiente de


estudo. A primeira coisa é desabilitar as redes sociais. Apenas exclua o
ícone da página de entrada do seu celular que o aplicativo ficará apenas
50
desabilitado. Depois, você volta à app store e reabilita tudo de novo. Você
não perde as informações e nem é cancela sua conta na rede social. Eu
faço isso sempre que estou trabalhando, estudando ou preparando material.
É incrível o tempo que a gente perde com as redes sociais.

Comunique a todos os seus amigos e familiares sobre os seus horários de


estudo. Deixe claro que esse momento é sagrado e reaja de forma firma
contra quem não o respeita.

Por isso, reafirmo que a melhor coisa é você sair de casa. Na biblioteca ou
na sala de estudo o ambiente e as pessoas já estão com essa mentalidade.
Menos um problema para se preocupar.

Parceiro de estudo e grupos do Whatsapp

Muitos alunos me questionam se o estudo em grupo, seja real ou virtual, é


proveitoso. A resposta é sim e não. Não como regra. O estudo diário,
habitual, deve ser solitário. Daqui a pouco vou falar do estudo passivo e do
estudo ativo e você vai compreender que o estudo passivo, que é o avanço
na matéria, deve ser feito pelo estudo individual.

Já o e estudo em grupo ou mesmo os grupos do Whatsapp podem ser úteis


quando os participantes possuem objetivos claros com o grupo. Por exemplo,
se o grupo for usado aos finais de semana para debater uma prova ou uma
bateria de questões. O que ocorre é que a maioria das pessoas não tem foco.
Então, a gente acaba perdendo muito tempo com conversas paralelas.

Então, se você tem uma galera legal, focada e com objetivos claros, grupos
(reais ou virtuais) podem ser bastante úteis. Mas, use com moderação.

51
Alerta!
Sair de casa pode dar uma sensação de ocupação,
gerando bons efeitos psicológicos.

52
Sexto Passo

Os dez passos do Método Vou Ser Delegado

6º PASSO: Decodificação da Informação

Quando você estuda, você sempre começa por inserir novas informações
no seu cérebro, um processo conhecido como encoding. Basicamente,
quando você presta atenção à informação, você a está decodificando. Ler,
assistir a aula e tomar notas são formas de decodificação, onde as
informações estão sendo decifradas pela sua mente.

Muito bem. Eu defendo que o processo de estudo deve ser divido em três
partes: decodificação, recuperação e internalização. Falaremos da
recuperação e internalização nos próximos capítulos.

Na primeira etapa, decodificação, você deve realizar as seguintes


atividades: ler (ou assistir), entender, resumir e fazer perguntas.

Ler (ou assistir) e entender

A decodificação é um trabalho, portanto é uma atividade ativa. Quando eu


digo, portanto, que a primeira parte do estudo é decodificação,
simplesmente quero dizer que você estará recebendo a informação. Mas,
para que você ganhe essa informação com qualidade e entendimento você
deve se esforçar.

Para que a DECODIFICAÇÃO ocorra, você deve se envolver com a leitura.


E como fazer isso?

53
Vejamos o seguinte texto retirado do meu e-book de Direito Penal. Leia o
texto até o final, sem regressão e sem paradas.

Crimes Formais

"No crime formal (de consumação antecipada ou de resultado cortado) os tipos penais
descrevem uma ação e um resultado material possível, mas não exige tal resultado para
sua consumação. É o que o ocorre na extorsão mediante sequestro (Art. 159, CPB).

O tipo descreve a seguinte ação: “Sequestrar pessoa com o fim de obter, para
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate”.

Note que o agente sequestra pessoa com uma determinada finalidade – obter vantagem
como condição ou preço do resgate -, mas não há necessidade que o criminoso,
efetivamente, receba o resgate para que se faça consumado o crime em tela (resultado
material). A extorsão mediante sequestro consuma-se com a privação da liberdade da
vítima, independentemente da obtenção da vantagem pelo agente. Nesse caso, um
possível resultado material, apesar de não influenciar na adequação típica, poderá
influenciar o juiz na dosimetria da pena (aplicação da pena).

Esses dias eu estava vendo no noticiário que um médico cirurgião de um hospital


conveniado ao SUS estava exigindo dinheiro dos pacientes para realização da
cirurgia. Caso o valor não fosse pago, o paciente perderia a vez na fila. A cirurgia
já seria paga pelo SUS, mas mesmo assim médico faz a sórdida exigência.

Veja o que diz a lei: Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida (Concussão, art. 316 do CPB).
Vamos supor que o paciente (no caso, vítima do crime) negue-se a pagar o
valor exigido e comunica o fato à polícia. Você, como Delegado, o indiciaria
pela concussão consumada ou tentada?

O caso é de concussão consumada, por se tratar de crime formal. Perceba que se o

resultado material (naturalístico) ocorrer será mero exaurimento do crime, leia-se, não

poderá ser considerado para aumentar a pena, a menos que seja descrito na lei como tal."

54
Muito bem. Agora, eu vou repetir o texto com algumas anotações para
que você entenda decodificação que ocorre na nossa mente. Vamos lá:

Crimes Formais
No crime formal (de consumação antecipada ou de resultado cortado)

os tipos penais descrevem uma ação e um resultado material possível, mas


não exige tal resultado para sua consumação. É o que o ocorre na extorsão
mediante sequestro (Art. 159, CPB).

- Neste parágrafo, entendi o conceito de crime formal.

O tipo descreve a seguinte ação: “Sequestrar pessoa com o fim de obter,


para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
resgate”.

-Neste parágrafo, entendi que o exemplo do crime de extorsão mediante


sequestro como crime formal.

Note que o agente sequestra pessoa com uma determinada finalidade –


obter vantagem como condição ou preço do resgate -, mas não há
necessidade que o criminoso, efetivamente, receba o resgate para que se
faça consumado o crime em tela (resultado material). A extorsão mediante
sequestro consuma-se com a privação da liberdade da vítima,
independentemente da obtenção da vantagem pelo agente. Nesse caso, um
possível resultado material, apesar de não influenciar na adequação típica,
poderá influenciar o juiz na dosimetria da pena (aplicação da pena).

- Neste parágrafo, entendi quando ocorre a consumação nesses crimes.

55
Esses dias eu estava vendo no noticiário que um médico cirurgião de um
hospital conveniado ao SUS estava exigindo dinheiro dos pacientes para
realização da cirurgia. Caso o valor não fosse pago, o paciente perderia a
vez na fila. A cirurgia já seria paga pelo SUS, mas mesmo assim médico faz
a sórdida exigência.

Veja o que diz a lei: Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida (Concussão, art. 316 do CPB).

Vamos supor que o paciente (no caso, vítima do crime) negue-se a pagar o
valor exigido e comunica o fato à polícia. Você, como Delegado, o indiciaria
pela concussão consumada ou tentada?

O caso é de concussão consumada, por se tratar de crime formal. Perceba


que se o resultado material (naturalístico) ocorrer será mero exaurimento do
crime, leia-se, não poderá ser considerado para aumentar a pena, a menos
que seja descrito na lei como tal.

- Nestes parágrafos, entendi que a mesma concepção se aplica ao crime de


concussão.

A DECODIFICAÇÃO DEVE "DESLIZAR NO GELO"

Na medida em que você vai lendo e entendendo a informação, ocorre a


decodificação. É óbvio que você não fica pensando que “neste parágrafo
você entendeu isso ou aquilo”. Isso acontece em nossas mentes sem que
percebamos. Só quero chamar a atenção para o processo em si. O grande
erro das pessoas é tentar fazer os três trabalhos ao mesmo tempo. Quero
dizer, elas leem o texto (ou assistem a aula), ao mesmo tempo em que
querem evocar e internalizar a informação. Os processos, como veremos,
devem ser apartados, e devem ser, além disso, abordados em momentos
diferentes e com táticas distintas.

56
Neste primeiro momento, você deve apenas seguir DESLIZANDO NO
GELO. É isso mesmo. Decodificar é deslizar no gelo. Ou seja, a leitura deve
ser fluída, fluente, sem percalços. Para-se aqui e ali somente para se
certificar de que compreendeu cada parágrafo. Em seguida, continua a
caminhada. Não se preocupe em memorizar qualquer coisa neste
momento. Você está apenas avançando e entendendo, avançando e
entendendo, avançando e entendendo. Está deslizando no gelo.

A técnica de resumo

Durante esse momento em que você está avançando e entendendo


(deslizando no gelo), a tendência a perder a concentração é muito grande.
Por isso, defendo que o aluno deve estudar escrevendo e, se possível,
falando em voz alta, pois você ocupa mais áreas do seu cérebro na
atividade e isso ajuda a manter concentração.

Quando eu digo isso, as respostas que mais escuto são:

• Resumir toma muito tempo


• Meus resumos ficam muito grandes
• Eu prefiro grifar
• Eu não sei resumir
• etc.

Dentro do método Vou Ser Delegado eu enfatizo muito a necessidade de criar


os próprios resumos. Ouço muitos alunos afirmarem que não sabem resumir;
que não sabem o que deve conter no resumo; que seus resumos acabam
ficando grandes etc. Bom, esse já foi um problema meu também. Quando não
dominamos a matéria, é natural essa sensação. Só que tudo na vida é prática.
Na medida em que vamos praticando, tendemos a melhorar.

57
Importância dos resumos no método VSD

O VSD dá muita importância às revisões. Elas exercem uma função


fundamental no processo de estudo. Tanto que eu costumo dizer que “quem
não revisa, não estuda”. O método, portanto, considera que a revisão deve
ser diária. A técnica da micro revisão diária, que você aprenderá neste livro,
é o grande pulo do gato nos seus estudos. Só que essas micro revisões não
são realizadas com a releitura do material simplesmente. Obrigatoriamente
você deve ter um material para que sua revisão seja dinâmica, e isso só é
possível com resumos. Assim, fazer resumos (e não apenas grifar) é
essencial para que você consiga criar os movimentos de avançar e
retroceder de forma mais inteligente, ágil e eficaz.

Deste modo, caso você não estude fazendo resumos, deverá começar a
partir de agora. Eu vou te ajudar nesse processo, não se preocupe.

Resumos são demorados e incompletos?

Existem duas preocupações básicas em relação aos resumos: eles são


demorados para fazer e acabam ficando incompletos.

As duas situações são parcialmente verdadeiras. De fato, se o aluno ler e


resumir vai gastar mais tempo comparado com a mera leitura. Também,
como ele não pode colocar tudo que está no material em seu resumo, ele
acaba ficando incompleto, pois deixaria de ser um resumo e transformaria
em transcrição. Mas essas duas coisas não são desvantagens. Ao
contrário, são vantagens que podem ser usadas em benefício dos seus
estudos. Quero que você comece a pensar fora da caixinha. Se ficar
pensando como a maioria, vai ficar como a maioria. E, pelo que eu saiba,
quem passa em concurso é a minoria.

Tornando os resumos mais ágeis

58
No programa META os alunos podem escolher uma modalidade do
programa no qual eles têm o direito a uma conversa por Skype comigo.
Adoro esse contato com os alunos, e acabo fazendo muitas amizades no
Brasil todo. Durante essas conversas, eu abordo todos esses pontos dos
quais estamos tratando neste livro. Por isso, eu acabo recebendo muitas
informações sobre como as pessoas têm estudado. Isso se torna uma mina
de ouro de informações para mim. Eu ensino e aprendo. Acredito que venho
aprendendo mais do que ensinando.

Esses problemas relacionados aos resumos que listei acima são quase
sempre mencionados pelos alunos, o que me fez pensar muito sobre como
melhorar esse ponto no programa. Assim, eu desenvolvi uma metodologia
de resumo que a torna mais ágil e eficaz. Mas antes, eu quero que você
compreenda que resumos são o que são, ou seja, são extrações das ideias
principais do que você está estudando.

O grande erro que percebo em meus alunos é que alguns deles - e,


provavelmente, você também - confundem resumir com transcrever. Eu
mencionei o atendimento pelo Skype porque eu sempre peço para o aluno
ler pra mim trechos dos resumos que ele tem feito. Quase sempre eu
identifico esse mesmo problema: os alunos transcrevem o material ao invés
de fazerem efetivos resumos.

Só que o que você precisa entender é que RESUMOS SÃO


INCOMPLETOS, e devem ser assim. Mas, Valente, se meus resumos forem
incompletos, meus estudos não ficarão incompletos? Não, sabe por quê?
Porque eles serão sempre ALIMENTADOS com informações direcionadas
para a sua prova. E como se faz isso? Vamos aprender mais a frente.

O que colocar e o que não colocar no resumo

Aqui a dica é muito simples: não pense muito nas dificuldades. Faça seus
resumos e vá andando. Os ajustes no caminho são comuns.

59
Em geral, eu coloco as seguintes informações:

a) Conceituações e nomenclaturas em geral;


b) Classificações;
c) Comparações e diferenciações;
d) Informações que resolvem uma situação prática.

Existem duas técnicas básicas: o resumo com anotações de ideias


principais de cada parágrafo, e a formulação de perguntas sobre essas
ideias. Eu prefiro esta última.

Vou aproveitar aquele mesmo extrato sobre o qual trabalhamos acima. Vou
fazer todo o processo juntamente com você, mas também gravei um vídeo
bastante detalhado para que você entenda em passo a passo o que estou
te explicando. Não deixe de assistir ao vídeo, pois é muito importante que
você faça tudo certinho.

"Crimes Formais

No crime formal (de consumação antecipada ou de resultado cortado) os tipos penais


descrevem uma ação e um resultado material possível, mas não exige tal resultado para
sua consumação. É o que o ocorre na extorsão mediante sequestro (Art. 159, CPB).

O tipo descreve a seguinte ação: “Sequestrar pessoa com o fim de obter, para
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate”.

Note que o agente sequestra pessoa com uma determinada finalidade – obter vantagem
como condição ou preço do resgate -, mas não há necessidade que o criminoso,
efetivamente, receba o resgate para que se faça consumado o crime em tela (resultado
material). A extorsão mediante sequestro consuma-se com a privação da liberdade da
vítima, independentemente da obtenção da vantagem pelo agente. Nesse caso, um
possível resultado material, apesar de não influenciar na adequação típica, poderá
influenciar o juiz na dosimetria da pena (aplicação da pena).

60
Esses dias eu estava vendo no noticiário que um médico cirurgião de um hospital
conveniado ao SUS estava exigindo dinheiro dos pacientes para realização da
cirurgia. Caso o valor não fosse pago, o paciente perderia a vez na fila. A cirurgia
já seria paga pelo SUS, mas mesmo assim médico faz a sórdida exigência.

Veja o que diz a lei: Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida (Concussão, art. 316 do CPB).

Vamos supor que o paciente (no caso, vítima do crime) negue-se a pagar o
valor exigido e comunica o fato à polícia. Você, como Delegado, o indiciaria
pela concussão consumada ou tentada?

O caso é de concussão consumada, por se tratar de crime formal. Perceba que se o

resultado material (naturalístico) ocorrer será mero exaurimento do crime, leia-se, não

poderá ser considerado para aumentar a pena, a menos que seja descrito na lei como tal."

Resumo descritivo

- Crimes Formais: a lei descreve resultado material, mas a consumação é


antecipada.

- Exemplos: extorsão (CP, art. 159) e concussão (CP, art. 316).

- Se o resultado ocorrer será mero exaurimento.

O melhor é transformar essas informações em perguntas, pois a revisão


ficará mais ativa. Por isso, uma segunda opção é criar perguntas sobre as
informações decodificadas. No passo nove falo mais sobre a Micro Revisão
e a forma de fazê-la. Se quiser dar um pulo lá não tem problema. Eu gravei
um vídeo sobre isso também (Micro Revisões). Então, absorva tudo que
estou ensinando e veja o processo fazer uma revolução nos seus estudos.

Resumo em perguntas

61
Você pode fazer as perguntas diretamente da leitura do texto. Ou seja, não
é necessário que faça um resumo descritivo e só depois as perguntas. Uma
forma de ganhar tempo é apenas ir fazendo as perguntas num caderno ou
no computador. Não é preciso que você escreva todas as respostas para as
perguntas. Basta indicar no texto onde elas estão, grifando apenas as
palavras-chave. Eu gosto de fazer isso numerando os parágrafos.

1. O que são crimes formais?


2. Quais as outras denominações eles recebem?
3. Cite dois exemplos.
4. Qual a consequência jurídica da ocorrência do resultado material?

Percebam que, ao revisar, podemos apenas reler as perguntas e respondê-


las mentalmente, de uma forma rápida, objetiva e, principalmente, ativa.
Caso fique empacado em alguma das perguntas, revise somente aquele
ponto e siga adiante.

O processo não é automático, e o avanço é naturalmente lento. É natural


que você tenha que reler parágrafos, voltar para pescar alguma informação,
parar um tempo para meditar sobre o assunto etc. Estudar é um andar de
caranguejo, lembre-se.

Como vocês notaram, o resumo foi feito através de uma pergunta. É o


melhor método. Ao elaborar perguntas para cada parágrafo, você
automaticamente resume as ideias. Eu prefiro manter as perguntas, mas
você pode apenas pensar nelas e anotar somente a ideia central: o controle
emana da rigidez constitucional, uma vez que a Constituição ocupa o grau
máximo na aludida relação hierárquica, caracterizando-se como norma de
validade para os demais atos normativos do sistema. Trata-se do respeito
ao princípio da supremacia da Constituição.

Pense 4x1

62
Muito importante! Não se preocupe em colocar todas as informações no
resumo. Peleje para que ele seja, de fato, um resumo. Pense na proporção
4 por 1, quer dizer, 4 parágrafos devem se transformar em um parágrafo
resumido. É só uma regra, que pode ser livremente quebrada. Nada é
absoluto aqui.

Posso só grifar?

Eu não recomento muito porque ao revisar o aluno tende a reler todo o


material, não apenas as partes grifadas. Entretanto, se você combinar os
grifos com a técnica das perguntas, indicando as respostas com os grifos
diretamente no material, daí não há problema porque você vai retornar nos
grifos somente em casa de dúvida.

O seu resumo será enriquecido com informações roubadas


das questões

Vamos usar questões para bombar seus resumos. Por isso, ler e resumir o
material de estudo é apenas o primeiro passo. Com o tempo, você vai voltar
muitas vezes no resumo para enriquecê-lo. Vou falar sobre isso mais a frente.

"No primeiro momento, procure apenas ler, entender e resumir (

ou fazer perguntas). Deixe o estudo deslizar no gelo".

63
Sétimo Passo

Os dez passos do Método Vou Ser Delegado

7º PASSO: Cuide do Português

Nosso sistema educacional é de baixíssimo nível. Nossas escolas,


infelizmente, estão aquém da qualidade desejável. Mesmo as particulares,
com raríssimas exceções, não conseguem cumprir seu papel social. O
resultado disso é um país de analfabetos funcionais.

Quando eu comecei a estudar, senti na pele essa dificuldade. Eu sempre


estudei em boas (bom, pelo menos eram caras) escolas particulares. Mas,
na minha infância e adolescência estudar não era algo bacana pra mim. Eu
nem gostava, nem desgostava. Apenas ia cumprindo meu dever. Eu nunca
reprovei, mas levava a escola ali na média. Fazia o suficiente.

As faculdades de Direito apenas reforçam essas deficiências. Turmas


cheias, professores despreparados, alunos desinteressados. Nossas
deficiências não são corrigidas. Ao contrário, são até estimuladas. Em cinco
anos de graduação, não me recordo de ter feito uma prova discursiva, por
exemplo. Isso é péssimo! Passar cinco anos fazendo provas objetivas? Não
me parece algo que favoreça a evolução intelectual dos alunos.

Hoje em dia, sinto muitas deficiências, principalmente nas exatas. Porém, o


mais difícil foi lidar com uma realidade que, graças a Deus, enfrentei desde
o início: eu era um analfabeto funcional.

64
Eu lia pouco. Até a minha formação em Direito eu não havia lido nem os
clássicos obrigatórios do ensino médio. Eu sei que, assim como eu, você
deve estar no mesmo barco. Se não for o caso, parabéns!

O grande problema disso é que nossa capacidade interpretativa fica muito


reduzida. O avanço nos estudos é lento pela falta de prática na leitura e
interpretação de texto. Em relação à escrita, isso fica ainda pior, pois não
temos mais feedback dos professores de redação. Nós nos tornamos
adultos que lemos pouco e escrevemos mal. Monteiro Lobato disse que
“quem pouco lê, mal ouve, mal fala, mal vê”.

Bom, nesta altura do campeonato é óbvio que não vou pedir para você ler
os grandes clássicos da literatura mundial, e nem mesmo os grandes
clássicos do Direito, os quais você já deveria ter lido na graduação. Quero
apenas, inicialmente, chamar a sua atenção para o título deste capítulo:
“nós somos, todos, analfabetos funcionais”.

Eu digo isso porque acompanho alunos há dez anos. Há alguns anos


comecei meu curso de peças práticas, uma vez que elas passaram a ser
cobradas em provas. Com isso, percebo, diariamente, a aflição dos alunos.
As primeiras peças são como um parto de fórceps. Com o tempo e com o
devido e adequado feedback, os alunos vão compreendendo suas
deficiências e os avanços são notáveis. Tudo fruto da prática assistida.

O maior medo deles é em relação à qualidade da escrita. E eu consigo


perceber, de fato, todas essas deficiências que acabei de mencionar
estampadas em algumas peças. Para muitos, indico cursos de gramática.
Para outros, apenas as indicações do que deve ser melhorado já ajuda
muito. Mas, eles, eu e você precisamos de assistência de alguém
especializado. E essa pessoa é o professor de Língua Portuguesa.

Há muito anos, eu li um artigo do professor Damásio de Jesus - e que

65
pode ser encontrado no site damasio.com.br - onde ele faz a seguinte
advertência:

“Atente para o Português. O que mais reprova não é Processo Civil ou Civil.
É o Português. No Ministério Público, quantas vezes examinadores já me
disseram:

– Damásio, tecnicamente a prova dele é excelente, mas veja a redação.


Como podemos mandar esse rapaz para uma comarca? Já imaginou como
serão suas denúncias, petições e alegações?”

Tem como corrigir em pouco tempo? Olha, tem como melhorar muito. Para
isso, vou te dar algumas dicas que mudarão drasticamente o seu poder
sobre a língua.

A primeira dica é: procure um bom curso de gramática e redação da língua


portuguesa, mas não aqueles que te ensinam macetes para concursos. Eu
me refiro àqueles cursos que abordam o estudo da língua de forma global.
Em Brasília, por exemplo, existe um curso muito tradicional, o qual eu indico
muito, chamado Curso Professor Filemon (professorfilemon.com.br). O
curso de gramática, redação e interpretação de textos deles tem carga-
horária de 120 horas.

Se não possuir um bom curso na sua cidade, procure bons cursos online.
Mas, não deixe de estudar a Língua Portuguesa. Só que não adianta você
estudar somente a gramática. Deve-se estudar interpretação de textos e
redação, sendo que esta deve ser com correção.

Com a correção dessa deficiência, você estará cortando a fila da aprovação


em milhares de posições. Essa é mágica do que estou falando. Por isso,
seja humilde e corra atrás de corrigir essa falha imediatamente.

66
A segunda dica é: leia os Contos de Machado de Assis. São curtos e não te
tomarão mais do que alguns minutos. Você os encontra todos no site
http://machado.mec.gov.br/. Leia um conto por dia e reescreva partes dele.
Não precisa reescrever tudo. Escolha dois parágrafos e passe-os à mão.

Essa dica eu aprendi com o professor Flávio Monteiro de Barros. Ele não
pedia para reescrever exatamente Machado de Assis. Na versão dele, você
deve reescrever partes de grandes clássicos do Direito. Eu uso o Machado
de Assis porque sou fã das obras deles, e também porque os contos são
curtos. A ideia é você usar literatura, jurídica ou não, da mais alta qualidade
e usar o método da imitação. Com o tempo, você acaba absorvendo a
construção de frases e o vocabulário. É muito bacana.

Sabe o que aconteceu? A gente perdeu o costume de ler e escrever bem.

Enfim, caso você tenha essa deficiência, cuide de melhorar. Delegado que
escreve mal - o chamado "ruim de caneta" - é muito mal visto por todos.

"O Machado de Assis pode ser um grande professor. É


bom, bonito e de graça!"

67
Oitavo Passo

Os dez passos do Método Vou Ser Delegado

8º PASSO: Internalização das Informações (memória natural e artificial)

Existem dois tipos de memória: a natural e a artificial. Devemos aprender a


usar os dois modelos de forma inteligente. Antes de entendermos esses dois
tipos de memória, quero relembrar que o mais importante na memorização é a
revisão (“a repetição é a mãe da memorização”). Naturalmente, com a
aplicação da técnica da Micro Revisão Diária, a internalização vai ocorrer, pois
você estará driblando a curva de esquecimento. No entanto, podemos aplicar
técnicas secundárias que farão com que a impregnação da informação no
córtex cerebral se dê de forma mais rápida e mais perene.

A memória natural

A memória natural é aquela que mantém informações sem uso de qualquer


artifício mnemônico. Ela se dá, basicamente, através da repetição da
informação e da vivência com as situações. Por exemplo, se você for a uma
cidade desconhecida e dirigir do aeroporto até o hotel, naturalmente essa
vivência fará com que a informação fique registrada na sua mente. Mas,
com a repetição desse trajeto, a memória de longo prazo absorve essa
informação e dificilmente ela será esquecida.

Nos estudos, a memória natural vai ocorrer na medida em que lemos ou


assistimos as aulas. Com a familiarização das informações e através das
repetições feitas através das Micro Revisões Diárias, o cérebro vai
registrando as informações na memória de longo prazo. Ocorre que essa
memorização se dá de forma muito lenta. Com a quantidade de material
que você tem para decodificar e armazenar, seriam necessários anos e
68
anos para que as informações necessárias para ser aprovado estejam na
sua memória. Por isso, devemos usar as técnicas de memória artificial para
nos auxiliar nesse processo.

A memória artificial

Eu sempre fui apaixonado pelas técnicas de memorização. Recentemente,


inclusive, eu li um livro denominado Moowalking with Einsten. The Art and
Science of remembering everything, de Joshua Foer. Neste livro, Joshua
conta a história de como ele se transformou de um simples jornalista que foi
designado para cobrir um campeonato nacional de memorização, a um
campeão mundial desse tipo de atividade ele mesmo.

Bom, apesar dos feitos desses caras, denominados menta atletas, serem
fascinantes, como memorizar centenas de números em sequência - os
quais são vistos em frações de segundos -, ou memorizar um baralho de
cartas em poucos minutos, nunca vi muita aplicabilidade disso no mundo
dos concursos. Até que eu descobri que o armazenamento de diferentes
informações pode ser feito com técnicas diferentes. Com isso, tenho
ensinado aos alunos quando usar a memória natural (a boa e velha
repetição) e as técnicas mnemônicas no momento adequado para cada tipo
de coisa que se quer gravar.

Aplicando a memória natural e a artificial nos estudos diários

Para exemplificar na prática como o aluno deve utilizar a memória natural e


a artificial, vamos aproveitar um fragmento de um material teórico. Vamos
fazer juntos um passo a passo das técnicas estudadas até aqui, desde a
decodificação, passando pelo resumo, revisão e memorização.

DAS REGRAS LICITATÓRIAS (Fonte: Sinopse de Direito Administrativo,


Editora Jus Podivm)
69
Conforme estatui o parágrafo único do artigo 1º da Lei nº 8.666/93,
Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da Administração
Direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.

Há, contudo, entidades sobre as quais a incidência ou não das regras


licitatórias geram certa confusão, inclusive na doutrina, merecendo especial
atenção.

a) Serviços sociais autônomos: não estão sujeitos à observância dos


estritos procedimentos das normas legais de licitações e contratos. Eles
utilizam seus regulamentos próprios, que devem, de
qualquer forma, estar pautados nos princípios gerais aplicáveis à

Administração Pública.

b) Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP's): em


regra, não precisam se submeter ao regime licitatório para a realização de
suas contratações ordinárias. Contudo, quando firmam termo de parceria,
submetem-se ao regulamento DESTINATÁRIOS próprio para a contratação
com emprego de recursos públicos, observando os princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e eficiência. É
necessária a publicação desse regulamento, no prazo máximo de trinta
dias, contado da assinatura do termo de parceria.

c) Organizações Sociais (OS): a Lei Federal n° 9.637/98 dispôs, em seu


artigo 17, que a entidade deve publicar, em até noventa dias, contado da
assinatura do contrato de gestão, regulamento próprio, contendo os
procedimentos que adotará para a contratação de obras, serviços e
compras, com emprego de recursos provenientes do Poder Público. O
70
legislador, para tais entidades do Terceiro Setor, expressamente
estabeleceu o direito de utilização de regulamento próprio, mesmo para as
contratações com emprego de recursos provenientes do Poder Público.
Esse entendimento, contudo, não impede que a Administração Pública,
antes de transferir recursos públicos, avalie a consonância desses
regulamentos próprios com os princípios administrativos.

(...)

Contudo, as empresas públicas, sociedades de economia mista e suas


subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços, podem prescindir da
obediência total às regras da Lei no 8.666/93, quando tal submissão
constitua óbice intransponível ao exercício de sua atividade de mercado.

Como se vê, o autor está descrevendo as hipóteses em que determinados


entes se submetem ou não ao regime de licitações. Bom, neste momento,
eu devo fazer uma decisão:

1º) usar memória natural ou artificial

2º) em caso de usar a memória artificial, qual técnica específica mais


adequada

Essa decisão fica automatizada com o tempo, tanto que eu não penso muito
nisso enquanto estudo. Com o tempo, esse feeling fica natural. Em geral, eu
uso a memória artificial somente quando tenho que memorizar longas listas
(ex.: as hipóteses de dispensa e dispensabilidade de licitação pública;
hipóteses que cabem prisão temporária; relação dos crimes hediondos etc.).
Com informações mais curtas eu apenas formulo uma pergunta e uso a
memória natural durante as várias Micro Revisões para internalizar a
informação, por meio de perguntas, na forma seguinte:

71
1. Quais órgãos se submetem à Lei 8.666/90?
2. E quais órgãos ou entidades não se submetem a ela?
3. Em quais hipóteses as EP e SEM não se submetem à Lei 8.666/90?
4. Etc.

Lembre-se que a revisão deve ser ativa. O ideal é que você treine para
responder as perguntas sem “colar”. Mas, esse treino dever ser feito
durante as revisões. Com a repetição das revisões, as informações vão se
fixando naturalmente no cérebro de forma perene.

Há situações, no entanto, que a mera revisão, mesmo que ativa, não será
suficiente para levar à memorização das informações. Estou falando,
principalmente, de longas listas de informações, como as hipóteses de
dispensa de licitação, previsão do art. 17 da Lei 8.666/90.

O artigo trata, portanto, das hipóteses de dispensa para alienação de


imóveis da Administração. São nove hipóteses. Você poderia usar a
memória natural, fazendo uma pergunta do tipo “quais as hipóteses de
dispensa de licitação em relação à alienação de bens móveis da
Administração”, contudo, memorizar longas listas apenas com repetição não
é nada confiável. O melhor seria, portanto, usar técnicas mnemônicas.

O melhor, portanto, é usar recursos mnemônicos. O método que vou aplicar


é uma mistura de várias técnicas, e que foi pensada por mim para
memorizar informações que antes pareciam impossíveis com a mera
releitura e repetição. Então, para não nos perdemos em teorias, vou aplicar
as técnicas ao tempo em que a gente já vai memorizando as informações.

Vou apresentar as duas técnicas principais que eu uso e indico: a técnica


dos ícones mentais e a técnica de acrônimos.

72
A Técnica dos Ícones Mentais

1º Passo: leia calmamente as informações que devem ser memorizadas

Hipóteses de dispensa de licitação para bens IMÓVEIS:

1. dação em pagamento;

2. doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da


administração pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o
disposto nas alíneas f, h e i;
3. permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso
X do art. 24 desta Lei;
4. investidura;

5. venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer


esfera de governo;
6. alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de
uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais
construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas
habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social
desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública;
7. procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no
6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos
órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal
atribuição;
8. alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de
uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de
âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros
quadrados) e inseridos no âmbito de programas de regularização fundiária
de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração
pública;
9. alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de
terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde incidam ocupações
até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos
hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos os
73
requisitos legais.

2º Crie um ícone mental que representa o conjunto das informações

A listra trata das hipóteses de dispensa. Portanto, eu devo procurar um


ícone que me faça associar rapidamente uma figura concreta com o termo
“dispensa”. Para não perder tempo, eu coloco o termo “dispensa” no Google
Imagens e seleciono uma foto ou desenho que me lembre da palavra. No
caso, eu escolhi a figura abaixo, que nada mais é do que uma “dispensa” de
uma casa. O importante é que eu olhe a figura e saiba imediatamente que
ela se relaciona com DISPENSA. Agora todas as vezes que você vir a
figura abaixo ela vai representar o art. 17 da Lei 8.666/90.

A Lei estabelece nove hipóteses de dispensa. Portanto, eu seleciono nove


pontos na figura. Eles funcionarão como GANCHOS MENTAIS.

Dica: sempre selecione os ganchos na sequência de cima para baixo e no


sentido horário para facilitar a memorização
74
3º Agora, voltaremos para a lista e acharemos ícones mentais para cada hipótese

ao tempo em que vamos associando cada ícone nos ganchos mentais

(1) dação em pagamento

Bom, quanto mais esdrúxulo, excêntrico, extravagante, o ícone, mais


impregnado na sua mente ele vai ficar. O termo de dação me traz a mente
(não sei por que) a imagem da Bruna Surfistinha. Portanto, o primeiro item é
um porta-pães. Assim, imagino que o abro e, para a minha surpresa, a Bruna
está dançando em um pole dance dentro dele. Imagino essa figura bem
grande na minha cabeça, com o máximo de detalhes e fico repetindo em voz
alta: “dação em pagamento, dação em pagamento, dação em pagamento...”

Na medida em que vou criando os ícones e associando ao gancho, vou


lendo a informação (pelo menos, umas cinco vezes).

Dica: sempre selecione os ganchos na sequência de cima para baixo e no


sentido horário para facilitar a memorização.

(2) Doação para outro órgão

O termo DOAÇÃO me faz lembrar muito o sociólogo Betinho, que possuía


um programa de combate à fome na década de 90. O segundo gancho,
portanto, é uma compota de açúcar. Eu imagino que ao abri-la, o Betinho
sai da compota com um prato na mão pedindo doação. Ao tempo em que
imagino isso, vou repetindo “doação para outro órgão, doação para outro
órgão, doação para outro órgão...”

DICA: assim que terminar de fazer a segunda memorização, revise


rapidamente a primeira. Imagine o porta-pães com a Bruna e diga “dação
em pagamento, dação em pagamento, dação em pagamento...”
75
DICA: feche os olhos e revise os pontos (1) e (2).

(3) Permuta com outro imóvel

O termo PERMUTA me lembra dois personagens de um programa que


assisto na TV a cabo denominado TRATO FEITO. Um deles é o Chum Lee,
um gordinho meio “tonto”. O terceiro gancho é um vaso com margaridas.
Eu, portanto, imagino o Chum cheirando as flores ao tempo em que vou
repetindo a expressão “permuta com outro imóvel”.

DICA: feche os olhos e revise os pontos (1), (2) e (3).

(4) Investidura

A investidura é a alienação de imóveis remanescente, por exemplo, de


obras públicas aos donos de lotes lindeiros (vizinhos). Como as provas
cobram a memorização da informação pura e simples (ex.: saber se
INVESTIDURA é hipótese de DISPENSA, DISPENSABILIDADE ou
INEXIGIBILIDADE), podemos usar as técnicas mnemônicas para organizar
e armazenar essa informação de forma duradoura e segura.

A palavra INVESTIDURA é muito abstrata. O cérebro tem mais dificuldade em


guardar informações abstratas por longo período. Então, a dica é sempre
transformar aquela informação abstrata em uma informação concreta. Quando
eu me lembrar da palavra INVESTIDURA, automaticamente vou saber que ela
é uma forma de dispensa, já que ela está na minha DISPENSA (ícone mental).
Não há como confundir INVESTIDURA de imóvel com INVESTIDURA de
servidor, pois a informação está armazenada em um arquivo mental
especificamente criado para a memorização das hipóteses de DISPENSA. Por
isso, preciso apenas me lembrar do termo em si. O cérebro naturalmente fará
as associações necessárias.
76
Para ganhar tempo, jogo o termo no Google Imagens e seleciono aquela
que favorece mais a memorização. O termo INVESTIDURA é representado
com a figura de um monarca investindo um cavaleiro em alguma espécie de
título, como na figura abaixo.

Ao abrir o cesto, imagino de forma bem clara e com todos os detalhes aquele
rei mandando eu me ajoelhar, e com um toque da espada, declara SIR LÚCIO
VALENTE. Imagine isso e diga várias vezes: “investidura de imóvel público,
investidura de imóvel público.”

DICA: feche os olhos e revise os pontos (1), (2), (3) e (4).

(5) Venda a outro órgão ou entidade da administração pública

O quinto ponto é um tamborete. A palavra VENDA me lembra daquela placa


de VENDE-SE que as pessoas colocam na frente dos imóveis.

Então, eu imagino aquele tamborete bem grande na minha mente. É


justamente o tamborete que eu queria comprar, e para a minha alegria, vejo
que tem uma placa de VENDE-SE nele. Ao imaginar isso, eu repito: “venda
a outro órgão ou entidade da administração pública, venda a outro órgão ou
entidade da administração pública ...”

DICA: feche os olhos e revise os pontos (1), (2), (3), (4) e (5)

(6) Alienação gratuita ou onerosa de bens imóveis residenciais construídos,


destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais
ou de regularização fundiária

As informações maiores devem ser resumidas para fins de memorização.


No caso do ponto seis, nós temos a ALIENAÇÃO de
77
IMÓVEIS RESIDENCIAIS de PROGRAMAS HABITACIONAIS ou
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA. Tentar memorizar tudo isso com a mera
repetição fará com que a informação se perca rapidamente. Vamos, mais
uma vez, criar um ícone mental para guardar na minha DISPENSA. A
expressão mais interessante que vejo nessa hipótese é PROGRAMAS
HABITACIONAIS. Eu me recordo logo do Programa Minha Casa Minha
Vida, do governo do Partido dos Trabalhadores. Portanto, a ex-presidente
DILMA será meu ícone mental.

Lembro sempre que a informação deve ser concreta para que a memorização
ocorra de forma segura e perene. O ponto seis da minha DISPENSA é uma
espécie de vasilhame, provavelmente para aquele cachorro beber água.
Então, eu imagino a Dilma com muita sede bebendo aquela água. A situação é
inusitada e, por isso, há vários repórteres registrando a cena. As pessoas
estão comentando aquela situação esdrúxula. A imagem de Dilma tem relação
com o Programa Minha Casa, Minha Vida. Então, você repete a frase:
“alienação de imóveis residenciais de programas habitacionais”.

DICA: feche os olhos e revise os pontos (1), (2), (3), (4), (5) e (6).

(7) Legitimação de posse por ocupante de terras públicas de até 100


hectares, que as tenha tornado produtivas com o seu trabalho e o de sua
família.

No ponto sete, que é a cabeça do totó, temos mais uma informação a ser
memorizada. A Lei criou uma hipótese de DISPENSA de licitação para a
regularização da posse de pequenas terras públicas produtivas. Isso me faz
pensar em um trabalhador rural bem humilde com sua enxada.

Eu amplio a cabeça do cachorro na minha mente, no que eu vejo que há um


camponês usando sua enxada para preparar uma horta que fica naquele
local. Ao imaginar isso, eu repito em voz alta: “legitimação de posse de terra
produtiva”.
78
DICA: feche os olhos e revise os pontos (1), (2), (3), (4), (5), (6) e (7).

(8) alienação gratuita ou onerosa, com área de até 250 m² (duzentos e


cinquenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas de
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou
entidades da administração pública

O meu ponto oito é parte superior do cachorro. Eu devo memorizar a ideia


principal dessa hipótese de DISPENSA, que é ALIENAÇÃO DE ÁREAS DE
ATÉ 250M² PARA FINS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA. Lembro vocês
de que devemos memorizar apenas as ideias principais. Por isso, o termo
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA me lembra do MST. Nas costas do
cachorro, portanto, imagino que existe uma imensa bandeira do MST. Ao
tempo que imagino essa cena, repito em voz alta: “alienação gratuita ou
onerosa para regularização fundiária”.

DICA: feche os olhos e revise os pontos (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7) e (8).

(9) alienação gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União na


Amazônia Legal para fins de regularização fundiária

A nona hipótese se assemelha muito à anterior, mas agora temos a alienação


para fins de regularização fundiária de terrenos da União na Amazônia. Para
que eu me recorde do termo AMAZÔNIA, vou usar a figura de um TUCANO.
Imagino, portanto um tucano bicando o rabo do cachorro (nosso ponto nove).

DICA: feche os olhos e revise os pontos (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8) e (9).

A técnica funciona mesmo?

79
Não vou ficar gastando muitas linhas para tentar te convencer disso. Vamos
para um teste prático, mas antes quero ter certeza de que memorizou os
passos acima. Agora, vamos resolver alguns itens bem decorebas.

(CESPE) Considerando-se que um bem imóvel tenha sido recebido pela União
como forma de pagamento de dívida de particular, é correto afirmar que a
alienação desse bem poderá ocorrer por meio de dispensa de licitação.

Comentário: Item errado. como eu sei de cor as hipóteses de dispensa de


licitação para bens imóveis, consigo acertar o item por exclusão.

(FCC) Havendo interesse público devidamente justificado, a União poderá


vender um imóvel de sua propriedade a uma autarquia federal, hipótese em
que
a) a licitação ocorrerá sempre sob a modalidade de concorrência.
b) discricionariamente decidirá sobre a dispensa de licitação.
c) o procedimento licitatório será inexigível.
d) a licitação será dispensada.
e) a licitação se realizará sob qualquer das modalidades previstas em lei.

Comentário: A venda a outro órgão público é hipótese de dispensa e está


no ponto 5 da minha "dispensa". Letra D.

Está provado, portanto, que a técnica funciona. As informações


ficam armazenadas na mente de forma duradoura e confiável.

Quando devo usar a técnica ?

Use com moderação. A técnica é fantástica para memorização de

80
informações que antes pareciam impossíveis. Experimente, por exemplo,
memorizar os pontos acima apenas com base somente na repetição. Isso
tomaria horas e, mesmo assim, logo você iria se esquecer. A técnica
funciona e é, repito, fantástica. Ocorre que ela TOMA TEMPO para criar os
ícones mentais. É claro que com o tempo a gente vai ganhando agilidade,
mas você deve compreender que se trata de um método acessório. Use-o
para memorizar:

a) Listas de informações (quais as hipóteses de dispensa e de


dispensabilidade da licitação?)
b) Classificações (como se classificam os crimes?)
Etc.

A Técnica dos Acrônimos

Essa técnica já é há muito tempo conhecida dos alunos. Acrônimo nada


mais é do que uma sigla que facilita a memorização. Essas siglas são
criadas pelos professores para memorização de informações objetivas,
como, por exemplo, a relação dos crimes hediondos:

GEN.EPI TESTOU O HO.L.EX FALSO da XUXA.

1 - GEN: Genocídio
2- EPI: Epidemia com resultado morte
3- TESTOU: Estupro
4- HO: Homicídios simples (atv. gr. ext) e qualificado (incluindo Feminicídio)

5- L: Latrocínio
6- EX: extorsão com morte e mediante sequestro
7- FALSO: Falsificação de medicamentos

8- XUXA: Exploração sexual de menores (obs.: o termo Xuxa apenas me

81
faz lembrar da figura infantil, o que é suficiente para a memorização. Em
momento algum insinuo que a artista tenha relações com atos odiosos
como este).

Questão: (2015/FUNIVERSA/PCDF/ Delegado de Polícia- adaptada) O


crime de epidemia com resultado morte não é considerado hediondo
Gabarito: Errado.
C.C.H.O.U.P

Infrações que não admitem a tentativa: contravenções, culposos, habituais,


omissivos próprios, unissubsistentes e preterdolosos.

Questão: (2015/FUNIVERSA/PCDF/ Delegado de Polícia- adaptada) Os


crimes omissivos, sejam próprios ou impróprios, não admitem tentativa.
Gabarito: Errado.

Em meus materiais do Programa Meta apresento diversos exemplos assim


e, com certeza, você deve ter vários outros anotados. O interessante seria
você ter um arquivo específico para esses mnemônicos para que possa
fazer revisões de véspera.

Importante: use a técnica em informações mais decorebas, e nas


quais a banca costuma cobrar precipuamente a letra da lei. Mas,
ela não substitui a técnica de estudo ativo com perguntas, que
ainda é imbatível para a maioria das informações.

82
Nono Passo

Os dez passos do Método Vou Ser Delegado

9º PASSO: A Micro Revisão Diária

Naturalmente, após decodificar a informação estudada, nosso cérebro vai


criar as sinapses necessárias que geram aquela sensação de conforto. Já
estamos, assim, familiarizados com o conhecimento. Ocorre que o seu
cérebro não sabe identificar se aquela informação é, de fato, importante ou
não. Se ele considerá-la importante, vai mantê-la na memória de longo
prazo, caso contrário a informação será esquecida.

O seu trabalho, portanto, é o de determinar ao seu cérebro que aquela


informação deve ser mantida na memória de longo prazo. E como se faz
isso?

Tudo começa pela prática habitual da REVISÃO. Existe uma teoria


denominada “curva do esquecimento”. Descoberta em 1885 pelo filósofo
alemão Hermann Ebbinghaus, a curva mostra o quanto de informações
nosso cérebro é capaz de reter com o passar do tempo. Basicamente, ela
determina que com o passar das horas e dias, as informações estudadas
vão sendo perdidas em determinada proporção. Isso nos leva à certeza de
que se o aluno não aplica um excelente método de revisão, seus estudos
vão se perdendo durante o passar do tempo. Mas, como e quando revisar?

Eu posso me arriscar a dizer que este é o maior tormento dos alunos: saber
como e quando revisar. Na verdade, as pessoas não gostam de revisar.
Elas acreditam que revisar é “perder tempo”. Eu te garanto que
83
não. Revisar é ganhar tempo. Eu já falei mais acima sobre a necessidade
que eu mesmo tenho de sempre revisar minhas aulas para ter o domínio
delas. É por isso que eu te digo que quanto mais você estuda, mais coisa
você tem para esquecer. A revisão é a solução para isso.

Afinal, como revisar?

• todos os dias
• um pouco de cada vez
• do ponto mais passado para o mais presente
• de forma ativa

Concurseiro 1: José acorda pela manhã, escova os dentes, toma café,


prepara seu ambiente, olha sua lista de disciplinas (falaremos dela daqui a
pouco), verifica qual a disciplina a ser estudada, avalia onde parou da última
vez que a estudou, e segue adiante nos estudos por duas horas. Depois,
verifica a próxima disciplina a estuda por mais duas horas.

Concurseiro 2: João acorda pela manhã, escova os dentes, toma café,


prepara seu ambiente, olha sua lista de disciplinas, verifica qual a ser
estudada. Pega seus resumos e começa e revisá-los do mais antigo para o
mais recente. Faz isso por 25 minutos antes de seguir no estudo matéria.
Ao final de duas horas, verifica qual a próxima disciplina, pega seus
resumos e começa a nova revisão, lendo-os do mais antigo para o mais
recente. Faz isso por 25 minutos antes de seguir no estudo da matéria.

Percebem a diferença? Basicamente, é isso. O resumo deve estar no início


do estudo de cada disciplina, e deve representar uma pequena fração do
tempo total de estudo dela.

Por que a revisão deve ser micro?

84
Como eu disse, eu parto da ideia de que o aluno desconsidera a
importância da revisão. Por isso, acaba não revisando. Em geral, vejo os
alunos reservando um dia para fazer uma espécie de revisão geral. Isso
não costuma dar certo porque o aluno sempre usa esse dia como desculpa
para procrastinar, considerando que é apenas um dia de revisão e que, por
isso, não é tão importante. Acredito que a grande falha existente nos
estudos da maioria dos alunos se refere a não ter uma técnica adequada de
revisão. Com isso, acabam sendo derrubados pela CURVA DE
ESQUECIMENTO sobre a qual falei agora a pouco.

Com isso em mente, passei a idealizar uma forma de revisão que não
trouxesse ao aluno o sentimento de “perda de tempo” tão comum em
momentos de revisão. A saída, portanto, é fracionar a revisão em pequenas
revisões diárias, tomando certa de ¼ do tempo dedicado à disciplina que se
vai estudar naquele momento.

Recentemente, por exemplo, comecei a assistir a algumas aulas sobre o


novo Código de Processo Civil. Estabeleci que irei assistir a uma aula de 30
minutos todas as manhãs. No momento em que escrevo já estou na aula
16. Então, a primeira coisa que eu faço antes de iniciar a aula 17 é revisar
da aula 01 à aula 16. Como o tempo estabelecido para a revisão é MICRO
(cerca de dez minutos), eu naturalmente não consigo revisar todas as aulas
anteriores. Assim, eu apenas marco o local até onde avancei na revisão e
continuo a assistir as aulas. Com o tempo, vou acabar alcançando a aula
que estou assistindo. Então, dou um looping e volto para a aula 01.

Porém, observe:

• use, em média, ¼ do tempo de estudo daquela disciplina (no exemplo, 25minutos


representa ¼ de 100 minutos, que é o tempo líquido de estudo de duas horas).

• não queira revisar tudo num dia, ande devagar. Anote onde parou a revisão
e recomece dali quando voltar na disciplina.
• crie perguntas e itens (estudo ativo).

85
• “se tome” a matéria (estudo ativo).

• use todo o tempo reservado para a revisão. Se já revisou tudo, volte para
o para o primeiro ponto da matéria, lá atrás, e revise tudo de novo.

Resumo da técnica:

1º Inicie sempre os estudos da disciplina "X" revisando a disciplina "X";

2º A revisão deve representar ¼ do tempo total de estudo líquido daquela


disciplina;
3º A revisão deve ser do ponto mais antigo para o presente;

4º A revisão deve ser feita com calma, de forma ativa;

5º Se terminar de revisar, volte ao início da revisão; se faltarem pontos a


serem revisados, apenas anote para recomeçar dali na próxima vez que for
estudar a matéria.

Reler não é revisar (o equívoco da familiaridade)

Um erro muito comum entre os alunos é não ter um material sobre o qual
revisar. Por isso, acabam apenas relendo o material ou grifos feitos nos
livros e apostilas. O equívoco disso é que o dinamismo que se espera da
revisão fica comprometido. O aluno deve compreender que REVISAR é
uma parte importante do estudo e que deve ser feita com uma abordagem
diferente da primeira leitura do material. Já falei aqui que apenas reler o
material leva à FAMILIARIDADE com o assunto, mas não ao seu DOMÍNIO.
Como eu expliquei antes, o processo de estudo segue etapas que devem
ser respeitadas. E essas etapas não podem ser queimadas ou
embaralhadas. Se você não compreender que DECODIFICAR a informação
é seguido da MEMORIZAÇÃO, que é seguido da REVISÃO, você nunca
acumulará a quantidade de informações necessárias para que seu
desempenho seja espetacular.

Não caia no erro de acreditar que apenas ao reler seus resumos ou grifos
você estará revisando. A revisão é um processo diferente da
86
DECODIFICAÇÃO. É na revisão que você deve adestrar o seu cérebro a
perceber que aquela informação deve ser guardada na memória de longo
prazo. E mesmo que o seu cérebro entenda isso, naturalmente você vai se
esquecendo das informações, caso você não estabeleça o método de
revisão adequado.

Para provar meu ponto de vista, vamos fazer um teste bem rápido. Quero
que você olhe para a figura abaixo e a estude por cerca de dez segundos,
pelo menos.

Agora, quero que você reescreva essa logomarca em uma folha em branco,
sem olhar.

A maioria nem vai tentar fazer o teste, pois já saberá de antemão que é
muito complicado. Veja que temos familiaridade com a logomarca da Coca -
Cola, mas isso não significa, de modo algum, ter domínio sobre o desenho.
Isso só seria possível se você copiasse e praticasse várias vezes,
efetivamente fazendo o desenho (estudo ativo).

87
E o que devo fazer?

Assim, a primeira coisa que você deve começar a fazer é ter um caderno ou
arquivo com suas PERGUNTAS sobre os assuntos estudados. É como
base nelas que você conseguirá revisar de forma DINÂMICA e ATIVA.
Essas perguntas podem ser feitas diretamente sobre o material estudado ou
secundariamente sobre o resumo já feito. Por vezes, eu faço as perguntas
nas margens do meu livro quando eu quero ganhar tempo. Depois,
transcrevo as perguntas para o arquivo específico, na medida em que vou
revisando. Olhe um exemplo abaixo:

Este é o Manual Completo de Direito Civil Volume Único, de Wander Garcia


e Gabriela Pinheiro. Tirei uma foto do que costumo fazer enquanto vou
decodificando as informações. Perceba que marquei algumas palavras-
chave, as quais respondem as duas perguntas que criei sobre o assunto
estudado (o que é obrigação? e o que é objeto imediato?).

Em um segundo momento, costumo transcrever essas perguntas para o


88
computador, tornando a revisão mais limpa e dinâmica. O processo
consistirá, portanto, em rever essas perguntas e verificar se eu seria capaz
de respondê-las de forma adequada.

Inserir a revisão na sua rotina de estudo fará com que você drible a curva
de esquecimento e acumule as informações de forma duradoura e
organizada na sua mente, chegando no dia da prova “na ponta dos cascos”.

Revisar por questões é adequado?

Como rotina, não. Está aí mais um equívoco comum entre os alunos. Existe
uma informação que circula na internet na qual, supostamente, um grupo de
cientistas determinou que a melhor forma de estudo seria através da prática
de exercícios. Bom, eu desconheço esse estudo, mas não necessariamente
eu discordo dele. Apenas acredito que as coisas devem ser colocadas em
seus devidos lugares.

De fato, praticar um conhecimento é a melhor forma de dominá-lo. É por


isso que professores tendem a dominar suas disciplinas, uma vez que a
praticam ativamente durante as aulas. Ocorre que, segundo eu penso e
ensino, as questões de provas anteriores estão sendo subutilizadas pelos
alunos. Elas são essenciais na fase de preparação, entretanto devemos
entender como podemos usá-las de forma mais adequada e útil. Faremos
isso no capítulo seguinte.

"Ter familiaridade com o assunto é diferente de dominá-lo."

89
Décimo Passo

Os dez passos do Método Vou Ser Delegado

10º PASSO: Usando questões para bombar seus estudos

Sempre que realizo o diagnóstico do aluno, presto muita atenção também na


forma como ele resolve questões de provas anteriores. De modo geral, as
pessoas apenas fazem as questões como uma forma de fechar o conteúdo e
checar o conhecimento. Essa atividade parece legal no primeiro momento.
Ocorre que o estudo de material extra, como questões, só servirá no longo
prazo se elas enriquecerem o material para revisão, leia-se, os seus resumos.
E qual seria a solução? Usar as questões como FONTES DE INFORMAÇÃO.

A melhor maneira, por conseguinte, é pesquisar em cada item, cada


alternativa, cada proposição, se existem informações novas que não estão
no seu material principal ou no seu resumo. Ao realizar cada item, examine
comentários de professores (por isso, prefira questões comentadas) e
também busque ali novas informações. Daí, não importa muito o que você
colocou no resumo, pois ele será alimentado pelas questões de provas
anteriores.

Em suma, use questões para alimentar e enriquecer seus resumos. Cada


informação nova deverá ser anotada em seus resumos ou na margem do
livro (ou nos dois).

O que considero como informação nova? Conceitos desconhecidos,


nomenclatura diversa para um assunto já conhecido, novas classificações,
jurisprudência não citada em meu livro ou PDF, bons exemplos práticos etc.

90
Nada impede que você, de tempos em tempos, faça um grande simulado
para se auto avaliar. O que quero dizer apenas é que isso não é estudo.
Estudar é buscar novas informações e intelectualizá-las. Tente isso.

Como usar a técnica?

Observe como deve ser a abordagem corrente diante de uma questão


objetiva.

(FGV - PC-MA - Delegado de Polícia – Adaptada) Na progressão criminosa,


o agente inicialmente pretender praticar um crime menos grave, e, depois,
resolve progredir para o mais grave.

Estou considerando que você sabe exatamente o que é progressão


criminosa e, portanto, consideraria o item como correto, conforme dispõe o
gabarito oficial.

Em geral, o aluno se sentiria satisfeito em saber a resposta correta par ao


item. Mas, isso seria suficiente? Penso que não. Você não pode perder a
oportunidade de "sugar" tudo o que o item tem pra te ensinar. Veja só:

-Qual a diferença entre crime progressivo e progressão criminosa?


- Existe algum princípio vinculado a tais situações?
- Qual o elemento do crime avaliado nessas situações?

A diferença básica entre crime e progressão criminosa se relaciona


diretamente com a questão de dolo. No crime progressivo o agente, desde
o inicio, tem a intenção de praticar um crime mais grave, mas, para
concretizá-lo, passa pelo menos grave. Na progressão criminosa o agente
inicialmente queria o resultado menos grave, mas no "meio do
91
caminho" muda de ideia e passa a querer o resultado mais grave. Esse
estudo tem relação com o princípio da consunção, que resolve conflitos de
tipicidade.

Notaram como existem muitas informações escondidas dentro do item?


Agora, o seu trabalho é o de verificar se todas essas informações já estão
no seu caderno e, em caso negativo, alimentá-lo com o novo estudo.

É por esse motivo que sempre digo que é melhor ESTUDAR as questões
do que simplesmente FAZER questões. No lugar de FAZER 100 questões,
ESTUDE 20 ou até menos. Os benefícios serão muito maiores.

Questões devem ser estudadas!

92
Resumo dos Dez Passos

Revise ativamente todo o livro respondendo as seguintes perguntas

1º Passo: conheça as premissas

Estudar sem técnica é melhor do que deixar de estudar?

Como driblar a curva de esquecimento?

O que é a mágica da constância?

Por que devemos criar uma atmosfera positiva?

2º PASSO: Organização do Tempo

Como se tornar o super-homem da produtividade?

Por que priorizar o PPCA?

Quais as vantagens do estudo em ciclos?

O que é o Poder da Meia Hora?

3º PASSO: Escolha do Material

Devo acumular material?

93
Qual a bibliografia indicada?

Posso estudar por sinopses e videoaulas?

Qual a bibliografia a ser evitada?

4 º PASSO: Desenvolvendo a Resistência para Estudar

Como funciona a técnica do desconforto mínimo?

5º PASSO: Escolha o Melhor Ambiente de Estudo

Estudar em casa ou em bibliotecas?


Qual a vantagem de sair de casa?

Existe efeito psicológico ou social em se estabelecer uma rotina?

6º PASSO: Decodificação da Informação

O que significa dizer que o estudo deve deslizar no gelo?

7º PASSO: Cuide do Português

Como melhorar o emprego da língua para passar para Delegado?

8º PASSO: Memória Natural e Artificial

Quando usar a memória natural?

Quando usar a memória artificia?

9º PASSO: As Micro Revisões Diárias

94
Como aplicar as Micro Revisões?

Qual a importância da revisão constante?

10º PASSO: Usando questões para bombar seus estudos

Como usar questões para enriquecer o material?

95
Dicas para Provas Discursivas

Escrever bem depende de prática e feedback

Muitos alunos possuem dificuldades na produção textual. Isso tem a ver com a
falha na nossa formação escolar. Não praticamos a escrita na escola e na
faculdade os professores têm priorizado as questões de múltipla escolha. Por
isso, passamos por toda a vida acadêmica acumulando essa deficiência.

Escrever é fruto da prática e a única forma de você evoluir é criar


oportunidades para praticar a escrita, tanto em questões discursivas, como
em peças profissionais. No entanto, em geral, os alunos precisam de ajuda
personalizada neste ponto. Por isso, criei o Programa Meta, onde indico os
caminhos para a evolução contínua, principalmente através de correções do
material produzido. Visite o site vouserdelegado.com.br e conheça o
trabalho pioneiro que desenvolvi e que já ajudou muitas pessoas a
realizarem o sonho de se tornarem Delegados de Polícia.

Técnicas práticas

Existem algumas técnicas que, se aplicadas corretamente, vão melhorar de


forma imediata a qualidade das suas respostas em questões discursivas.
Vamos a elas.

1. A técnica das três mulheres

A primeira técnica é a abordagem das três mulheres, apresentada pelo

96
Professor Willian Douglas em sua famosa obra Como Passar em Concursos.
Quando for responder provas discursivas, pense, sempre que possível, em
TRÊS MULHERES: A LEI, A DOUTRINA E A JURISPRUDÊNCIA.

Nem sempre será possível usá-las todas em suas respostas, mas tenha em
mente que temas jurídicos demandam a análise legal, doutrinária e
jurisprudencial do assunto questionado. Como as provas, em geral,
permitem a consulta apenas à lei seca, dificilmente você conseguirá se
lembrar exatamente da posição do STJ ou do STF sobre certo assunto, ou
o número de uma Súmula específica. O mesmo acontece com as posições
doutrinárias. Muitas vezes temos a informação de que determinada posição
é majoritária, mas não temos certeza quais autores a defendem.

Uma saída para isso é fornecer a informação de forma mais ampla, sem
citar dados muito específicos.

Veja alguns exemplos:

- “No Brasil, a doutrina majoritária adota a teoria tripartida do crime. De


acordo com o posicionamento preferido pelos autores nacionais, o crime é
um fato típico ilícito e culpável”.

A informação objetiva é a de que no Brasil a teoria tripartida é a preferida.


Só que você pode não se lembrar quais autores, especificamente, a adotam
ou não. A saída para isso é usar termos como "a doutrina ou a posição
majoritária". O mais importante é que você indique na resposta a
informação de que essa é a posição preferida pela doutrina.

- “Segundo a jurisprudência pacífica dos Tribunais, o crime de latrocínio não


deve ser julgado pelo Tribunal do Júri”.

97
Mais uma vez eu uso essa estratégia para indicar a posição jurisprudencial,
mesmo sem ter que apontar a súmula ou julgado específico, no caso a
Súmula 601 do STF ("A competência para o processo e julgamento de
latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri".).

Assim sendo, não deixe de apontar em todas as suas respostas as

TRÊS MULHERES, mesmo que de forma aberta.

2. Use elementos do texto motivador na sua própria resposta

O segundo artifício muito interessante é usar elementos das perguntas para


enriquecer a sua resposta.

Veja um exemplo:

- Analista - Concurso: Tribunal Regional Eleitoral - MG - Ano: 2013 - Banca:


CONSULPLAN - Disciplina:
Direito Constitucional - Assunto: Princípios Constitucionais - Pode-se
verificar, na Constituição brasileira, o Estado de Direito, Democrático e
Social, de cunho fortemente constitucional, a República e o pluralismo como
princípios estruturantes. O Estado brasileiro se configura um Estado de
Direito. O Estado de Direito exige uma separação das funções estatais
típicas em diferentes órgãos de soberania para controle recíproco de
atuação e para a limitação do poder, nos limites impostos pela Constituição.
(Salgado, Eneida Desiree. Princípios constitucionais estruturantes do direito
eleitoral. Tese de Doutorado em Direito do Estado. Universidade Federal do
Paraná. Curitiba, 2010. p. 59.)

Considerando a passagem acima, disserte sobre o princípio do

98
pluralismo político, abordando seu alcance no Estado Democrático de Direito,
juntamente com os demais princípios fundamentais da República, e sua
relação com os princípios da liberdade e da igualdade no direito eleitoral.

Ao analisar a questão, busque palavras que se repetem ou parecem exercer


função primordial no texto motivador. Perceba que o examinador usa o termo
“Estado de Direito” por três vezes. Note, também, que o termo mais
importante parece ser “pluralismo político”. Portanto, esses termos devem
obrigatoriamente estar na sua resposta.

Eu pouco conheço sobre Direito Eleitoral, mas definitivamente eu iniciaria


meu texto assim: “O princípio do pluralismo político é uma das bases do
Estado Democrático de Direito (...)”.

Esta é uma aplicação prática de uma técnica de Programação


Neurolinguística (PNL) denominada Mirroring. A ideia é a de que, ao
espelhar na sua resposta elementos e linguagens usadas pelo examinador,
naturalmente ele estabelecerá empatia com o que foi escrito, o que poderá
refletir positivamente na sua nota.

3. Esgotamento do assunto

A terceira técnica é a do esgotamento do assunto. Basicamente, escreva


tudo o que você conseguir se lembrar sobre o assunto. Faça um brainstorm
e construa sua resposta com o máximo de informações. Seja esnobe e
mostre conhecimento.

- Observe este trecho: “O dolo normativo foi adotado pelos autores que
defendiam a teoria causalista”.

- Agora observe a técnica do esgotamento: “O dolo normativo, também


conhecido como dolo colorido, foi adotado pelos autores que defendiam
99
a teoria causalista neoclássica da ação, também chamada de teoria
normativa pura da culpabilidade”.

A ideia aqui é a de "encher linguiça" mesmo, mas com informações


complementares que darão mais substância para sua resposta.

4. Organize suas ideias com base no texto motivador

Em geral, as provas discursivas são precedidas de um texto motivador.


Mais acima vimos como podemos usá-lo para iniciar a resposta com a
técnica do espelhamento. O texto motivador pode ser, também, um
excelente guia para a organização das suas ideias.

Qualquer história tem começo, meio e fim. Como o texto motivador conta uma
história (um fato concreto), podemos identificar nele essas partes. O começo é
o pressuposto; o meio é o desenvolvimento; e o fim é a consequência.

Com base na situação hipotética acima apresentada, discorra sobre a


legalidade dos atos praticados pela prefeitura [valor: 1,00], abordando os
poderes administrativos [valor: 1,00] e o atributo do ato administrativo [valor:
1,60]. (30 linhas)

Pressuposto: invasão de área pública.


Desenvolvimento: autuação pela Prefeitura e posterior descumprimento da
ordem pelo particular.
Consequência: demolição da obra.

Em resumo, portanto, a forma mais adequada de organizar a resposta seria


adotando essa sequência. Vamos, por conseguinte, formatar um esqueleto
de resposta, emparelhando a historinha com os pontos exigidos na questão.

Sequência Pontos exigidos


Pressuposto: invasão de área - poderes administrativos
pública - poder de polícia
etc.
Desenvolvimento: autuação - coercibilidade
pela Prefeitura e posterior -imperatividade
descumprimento da ordem pelo -tipicidade
particular -presunção de legitimidade
etc.
Consequência: demolição da - limites do poder de polícia
obra - legalidade
- proporcionalidade
- autoexecutoriedade

etc.

Agora, use a técnica das 3 mulheres e do esgotamento do assunto para


preencher esse esqueleto. Você tem trinta linhas para fazer isso, então
precisará usar todo o seu conhecimento.

Procure seguir a ordem da historinha e deixe as informações fluírem


conforme os pontos exigidos (lado direito da tabela). Não cometa o erro de
escrever a resposta sem antes fazer esse esqueleto. Esteja certo que a
organização das ideias é fator relevante de pontuação.

5. Mais algumas dicas

- Use frases curtas. Prefira o ponto final à vírgula.

- Escolha as palavras mais simples. Não use “epíteto” quando pode usar
“apelido”. Porém, não deixe de empregar as palavras técnicas quando
necessário.

- Evite abreviações. Use-as apenas para indicar os Códigos (CPB, CPP,


ECA etc.).
- Pratique! Esta é outra palavra-chave para quem deseja escrever bem!
Nada melhor do que praticar para aprimorarmos cada vez mais aquilo que
aprendemos!

- Também, não deixe de se posicionar firmemente e logo no início da


resposta. Se te perguntarem se Coca-Cola é preta ou azul escura, responda
de pronto, mesmo que não tenha certeza. Deixe seu posicionamento bem
claro logo de início, fundamentando depois com as 3 mulheres.

100
Dicas para Prova Oral

Quando o candidato alcança a fase oral dos concursos, certamente já


atingiu um alto nível de preparação. Então, parabéns! Você está na frente
de milhares de candidatos e atingiu a última fase de um concurso muito
difícil. Você é especial. Acredite nisso!

Ocorre que, muitas vezes, não se tem essa sensação. Isso porque a
quantidade de conteúdo estudado é muito grande e é natural que não se tenha
confiança absoluta em tudo o que foi estudado. A ideia de não ter esse
controle gera insegurança, o que pode comprometer a performance na prova.

A experiência demonstra que as perguntas de prova oral são, em geral,


mais simples do que as de questões discursivas. Ocorre que nessas provas
o aluno tem muito mais tempo para raciocinar e, portanto, para construir a
sua resposta.

Com isso em mente, o principal aspecto que o candidato deve desenvolver


é a sua capacidade de raciocinar rapidamente sob pressão psicológica.
Vamos fazer isso neste capítulo. Essas técnicas são as mesmas que os
professores de oratória ensinam há milênios.

O que é avaliado durante a prova oral?

Segundo o Edital do concurso para Delegado Federal 2012, a arguição do


candidato versava sobre conhecimento técnico acerca das matérias
relacionadas aos temas sorteados, cumprindo à Banca Examinadora
avaliar-lhe o domínio do conhecimento jurídico, a articulação do raciocínio,
a capacidade de argumentação e o uso correto do vernáculo.

101
Perceba, assim, que o conteúdo é apenas um dos aspectos da avaliação. A
argumentação e o uso correto da língua também são fatores importantes.
Além disso, costuma-se avaliar a postura e controle emocional.

Como se comportar durante a prova?

O Professor Rogério Sanches dá uma dica bem inteligente. Quando o o


examinador faz o questionamento, o candidato pode se ver nas seguintes
situações:

1º) dominar o assunto

A dica aqui é se postar como um professor da matéria, buscando explicar o


assunto de forma bastante didática para o examinador. Use o tempo com
inteligência. Não fale rapidamente e evite esgotar toda a resposta falando
desenfreadamente. Use pausas e demonstre calma.

Exemplo

Vamos supor que o examinador de Direito Penal questione ao candidato


quais são os elementos da Culpabilidade para a Teoria Finalista.

Você, como candidato, poderia dizer simplesmente: imputabilidade,


potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.

A resposta estaria perfeita, mas você teria perdido a oportunidade de ouro


para demonstrar domínio, segurança e articulação. Então, vamos pensar
numa resposta mais articulada e estruturada.

"Excelência, a Culpabilidade, que para a maioria da doutrina finalista, é


102
elemento da estrutura analítica do crime, sofreu alterações desde a primeira
estrutura forjada pelo sistema Liszt/Beling. Inicialmente, era considerada
apenas como um vínculo subjetivo entre a conduta e o resultado, sendo que
essa concepção perdurou, mais ou menos intacta, até o surgimento do
Finalismo de Hans Welzel. Com este, a culpabilidade passa a ser
considerada normativa pura, ou seja, os elementos subjetivos (dolo e culpa)
foram realocados para o fato típico. Assim, segundo a posição Finalista, a
Culpabilidade passa a ser composta de três elementos: imputabilidade,
potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa".

O único cuidado que você deve ter é de não fugir do tema e não exagerar
nesse detalhamento. Por isso, que o treinamento deve fazer parte da sua
preparação. Mas, prefira pecar pelo excesso.

2º) saber, mas precisa articular

É importante mencionar que o raciocínio faz parte da avaliação. O


examinador está muito atento ao comportamento do candidato,
principalmente em seu domínio emocional. Afinal de contas você está
sendo avaliado em uma "entrevista de emprego" para o cargo de Delegado
de Polícia. Ter segurança e firmeza é um requisito básico para a atividade.

Vamos supor que o examinador descreva uma hipótese prática e peça ao


candidato para se posicionar na condição de Delegado de Polícia. Esse é o
tipo de questão que demanda o que o Sanches chama de "rascunho
mental". Ou seja, estruture a resposta na sua mente antes de responder.
Não comece a falar sem antes criar uma rota mental da resposta.

Exemplo

Candidato, pense na hipótese em que a PM apresente na delegacia uma


pessoa surpreendida em flagrante portando uma arma de fogo
desmuniciada, a qual, segundo o próprio conduzido, seria utilizada para
103
cometer roubos. Na condição de Delegado de Polícia, qual seria a conduta
mais adequada?

- estruture resposta na sua mente


- tateie o conhecimento puxando "fios soltos" até chegar ao ponto
central da questão.
- Use suas opiniões (antes de falar da posição da jurisprudência e
doutrina) e aponte o debate

Excelência, na condição de Delegado de Polícia, precisamos inicialmente


considerar em que circunstâncias essa prisão foi realizada, bem como o tipo
de armamento apreendido, pois isso seria essencial para a configuração típica.
Considerando, por exemplo, que se trata de uma arma de fogo de uso
permitido, apreendida na posse do conduzido em via pública, estaremos
falando do crime de porte de arma de uso permitido, previsto no art. 14 do
Estatuto do Desarmamento. Caso a arma seja de uso restrito, o tipo seria o do
art. 16 do mesmo Estatuto. Independentemente disso, no entanto, o fato da
arma estar desmuniciada, segundo penso, não mudaria a configuração típica,
motivo pelo qual eu determinaria a instauração e presidiria o Auto de Prisão
em Flagrante. Essa é, inclusive, a posição do STF sobre a arma desmuniciada.
Reforço que a identificação correta do tipo penal será muito importante,
também, para a análise de cabimento ou não de fiança, tendo em vista que se
ao crime for prevista pena de prisão inferior a quatro anos, poderá o Delegado
de Polícia arbitrar ele mesmo a fiança (...).

3º) Ter uma ideia geral do assunto

Pode ocorrer de ao ser questionado sobre determinado assunto, você tenha


apenas uma ideia geral da resposta. Muitos candidatos, nesses casos,
preferem dizer que não sabem a resposta, torcendo que a próxima pergunta
seja mais "amigável". Isso é um equívoco.

Se você tem alguma noção do que foi perguntado, não deixe de morder
alguns pontinhos, demonstrando conhecimento, mesmo que parcial,
104
sobre o tema. Os examinadores vão considerar tudo o que você falar, e
mesmo que não considerem, é sempre melhor arriscar. Talvez seja o
pontinho que você precisa para passar.

Exemplo

Vamos supor que o examinador questione a diferença entre prova cautelar,


antecipada e não repetível. Vamos supor, também, que você não se lembre
exatamente da diferença entre eles. A pergunta que eu te faço é a seguinte:
o que você sabe sobre o tema "provas em Processo Penal" no que se
relaciona ao assunto perguntado?

-Eu sei que as provas devem sofrer o crivo do contraditório.


-Eu sei que provas cautelares, antecipadas e não repetíveis seriam hipóteses
em que elas teriam validade, mesmo sem terem sido produzidas em juízo.
-etc.

Excelência, tecnicamente só podemos considerar a prova produzida sob o


crivo do contraditório, em respeito ao sistema acusatório. Ocorre que em
algumas situações essa prova deve ser produzida ainda em sede de
investigação, sob pena de perder a própria utilidade, eficácia ou
oportunidade de produção dela. Como exemplo, posso citar as perícias
cadavéricas, as perícias de locais de crime, busca e apreensão de bens,
quebras de sigilos em geral etc.

Provavelmente, o examinador vai te devolver a pergunta, tendo em vista


que você não a respondeu completamente: "sim, candidato, mas eu
gostaria de saber especificamente se há diferença entre esses termos".

Agora que você já refrescou a memória sobre o assunto ao desenvolver a


primeira resposta, será capaz de associar os exemplos com alguma ou
algumas das medidas citadas. Então, no lugar de conceituar os termos,
105
tente responder com exemplos.

Sim, Excelência. Os exames cadavéricos são exemplos de provas não


repetíveis, a quebra de sigilo telefônico é exemplo de prova cautelar.

Veja que considerei que o candidato se lembrou de dois dos três termos
questionados. Com certeza absoluta, ele terá alguma pontuação. Isso é
importante porque, em geral, os examinadores lançam a nota com base na
performance geral do candidato, não sobre cada pergunta individualmente.
Assim, ao final da sabatina, muito provavelmente, ele vai considerar que a
resposta foi dada e tenderá a fazer uma menção melhor do que se você
tivesse dito apenas que "não se recorda".

4º) Não saber a resposta

Se você não souber nem por onde começar, mesmo assim não jogue a
toalha imediatamente. Use suas habilidades e tato para que o examinador
te ajude de alguma forma. Eu já assisti a várias provas orais da
magistratura e do MP aqui no DF e posso te garantir que esta tática é muito
comum. De forma geral, essas perguntas se relacionam com termos
desconhecidos pelo candidato. Veja o exemplo:

Candidato, o que se entende por "crime oco"?

Excelência, não me vem a mente no momento esse termo. Existe algum


sinônimo apresentado pela doutrina?

Sim. Alguns doutrinadores o denomina de "quase crime".

Perfeitamente, Excelência. O crime oco, quase crime ou tentativa inidônea é


a hipótese citada pelo artigo 17 do CPB com o nomen juris de crime
impossível, no qual não se considera a tentativa quando, por

106
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime (...).

Dizer que não se recorda do assunto deve ser a sua última alternativa.

Técnicas de Controle Emocional

Indiscutivelmente, o candidato que consegue dominar os nervos durante


esse momento tão significativo, vai obter uma melhor performance na prova
oral.

A prova oral é uma prova de nervos.

Antes de falar de alguns dos métodos utilizados por grandes oradores para
que você consiga manter o foco, controlar os nervos e demonstrar a
confiança desejável, quero alertar que a consulta a um profissional
habilitado é sempre insubstituível. Problemas psicológicos mais sérios ou
de dicção, gagueiras etc., devem ser tratadas por profissionais da saúde.

Dito isso, vou apresentar algumas técnicas utilizadas por professores de


oratória e que, de fato, são muito eficientes, principalmente no que se refere
ao controle emocional.

A Técnica da Exposição

A técnica mais ensinada e que você pode implementar quase


imediatamente é a da exposição. Ela consiste basicamente em expor a
pessoa ao medo até que ela se habitue a ele.

O medo nada mais é do que uma forma de proteção do cérebro, e ele só


teme o desconhecido. No momento em que o desconhecido passa a ser
107
familiar, a segurança e desenvoltura aumentam naturalmente. É por isso
que os cursos de oratória trabalham com palestras simuladas. Ao emular o
ambiente real, o orador passa a se expor continuamente àquela situação,
ganhando mais confiança.

É possível fazer o mesmo em relação às provas orais. Combine com outros


colegas a simulação de provas, nos termos do edital. Não deixe que a
primeira experiência seja a prova real. Exponha-se ao máximo e grave-se
durante os treinamentos. Em seguida, analise os vídeos para verificar no
que pode melhorar.

Alguns alunos preferem se reunir para contratar especialistas em cada


disciplina para simular a situação real de prova. A ideia é a mesma e
também vale muito a pena a tentativa.

Evitando o Pensamento Descontrolado

Esta dica serve para os instantes imediatamente anteriores à prova.


Enquanto o candidato aguarda a sua vez, a descarga de adrenalina é muito
intensa. Com isso, a mente começa a trabalhar em ritmo alucinante. A
gente começa a pensar em tudo o que não sabe, cria diversas situações
imaginárias, em geral catastróficas, e perde o foco na prova.

Repito o que eu já disse no início. Você chegou aqui por seus próprios
méritos. Já demonstrou ter capacidade intelectual para ser um Delegado de
Polícia. Precisa manter a postura e o controle para mostrar, agora, que é
capaz de se manter firme em situações de estresse. E, pode acreditar, você
terá muitas situações assim em sua carreira.

Imagine-se sentado à beira de uma rodovia. Cada carro que passa


representa um pensamento ou uma emoção. Você acharia inteligente tentar
parar todos aqueles carros ou mesmo correr atrás deles? Seria atropelado e
morreria. Com os pensamentos é exatamente a mesma
108
coisa. Não tente bloquear sua mente, isso é impossível. O melhor a fazer é
usar técnicas simples de meditação para direcionar o foco.

Quando falamos em técnicas de meditação, geralmente já pensamos em


um monge sentado em posição de flor de lótus, com as mãos em posição
de oração. Não é nada disso! Falo de pequenas estratégias para evitar que
essa rodovia da sua mente se torne descontrolada. Você deve se posicionar
como um guarda de trânsito que organize o movimento dos veículos,
mantendo a ordem. E como se faz isso?

Direcione o foco

Uma estratégia utilizada, dizem, por Winston Churchill, é a de cantarolar


uma canção conhecida. Essa simples atitude faz com que sua mente volte o
foco para algo objetivo, evitando que ela te leve por caminhos
desconhecidos. Não tente controlar os pensamentos, como eu já disse.
Deixe os pensamentos correrem e apenas observe. Com muita calma, volte
para a canção e tente se concentrar nela.

Eu uso sempre a mesma canção pra isso: Fly me to the moon, que ficou
conhecida na voz de Frank Sinatra:

"Fly Me to the Moon


Fly me to the moon

Let me play among the stars


Let me see what spring is
like on Jupiter and Mars
In other words, hold my hand
In other words, baby, kiss me
Fill my heart with song
And let me sing for ever more
You are all I long for

All I worship and adore


In other words, please be true

109
In other words, I love you."

Usando a respiração para controlar o foco

Outra técnica que utilizo muito em momentos de estresse é a da contagem


da respiração. A ideia é a mesma da anterior. Eu conto a respiração até dez
e volto para o início. Tento me concentrar nessa atividade e sempre que
algum pensamento vem à mente (e são vários) eu apenas observo e
calmamente volto a minha atenção para a respiração.

Mais uma vez, não tente controlar os pensamentos. Apenas crie um ponto
de foco para deixar a mente controlada e focada. Pode acreditar que,
apesar de simples, elas são universalmente usadas por artistas, políticos e
oradores em geral para manter a calma durante suas apresentações.

Vestimenta

Homens: terno em tom escuro.


Mulheres: roupa social em tons neutros, sem exuberância.

Evitar

- perfumes em excesso -
joias muito chamativas -
cores fortes
-excesso de maquiagem

-gravatas chamativas

etc.

110
Use sempre o bom senso.

Postura

Seja formal. Trate os Examinadores por "Excelência". O termo "Professor"


também é aceitável, caso o examinador seja, de fato, um.

Nunca faça brincadeiras, mas se o examinador for informal, permita-se


sorrir de suas eventuais brincadeiras.

Não fique se remexendo na cadeira e evite balançar as pernas.

Tente transparecer segurança e muito cuidado com o Português. Eu digo isso


porque um amigo conta um fato que acho que vale a pena comentar. Em uma
prova oral para o Ministério Público estadual um candidato, classificado entre
os primeiros colocados, durante a arguição disse "cidadões". Os examinadores
cogitaram reprová-lo por isso, mas notaram que foi apenas um lapso. Veja que
isso poderia ter custado a aprovação dele.

111
Como Estruturar a Peça Prática em 3 passos

Introdução

O bom Delegado de Polícia deve ser capaz de interpretar juridicamente os


fatos que lhe são apresentados, optando pela melhor medida investigativa
para cada circunstância.

Escrever é uma habilidade prática. Nesse sentido, apenas ler o material não
vai fazer você produzir peças primorosas. É essencial que você treine muito
fazendo suas próprias peças. No começo pode parecer difícil, mas com o
tempo as coisas vão ficando bem mais fáceis. Tudo é treino. Portanto, é
absolutamente essencial que você produza suas próprias peças e tenha
orientação personalizada. Assim, avalie o custo-benefício de ingressar no
Programa Meta. Nossos custos são acessíveis. Visite nosso site.

www.vouserdelegado.com.br

3 PASSOS PARA ELABORAÇÃO DA PEÇA

1º MEMORIZE O GUIA RÁPIDO DAS CAUTELARES

É muito importante que você tenha na cabeça tanto as medidas em si,


como o dispositivo legal que é inscrita, já que você não poderá fazer
consultas a Códigos durante a prova. Saber a lei de cor dá uma boa
impressão ao examinador.

2º LEIA ATENTAMENTE O TEXTO APRESENTADO E DECIDA QUAL A MELHOR CAUTELAR

112
Esta é a parte mais complexa. Geralmente, o candidato vislumbra mais de
uma peça possível. Isso causa certo pânico. Com a prática, o candidato
aprende que uma cautelar tem prevalência sobre a outra durante a
investigação. É questão de prática mesmo. Então, vamos praticar.

3º USE O MODELO CORINGA PARA ELABORAR A PEÇA

Como você vai ver mais a frente, o que mais importa é a escolha da peça
correta. A estrutura da peça em si não encontra padronização. Então,
prefira um modelo simples e fácil de trabalhar. Uso uma estrutura que pode
ser usada desde um pedido simples de prisão, até uma representação por
quebra de sigilo.

GUIA RÁPIDO DAS CAUTELARES NO PROCESSO PENAL

Bom, resumi aqui as principais medidas disponíveis ao Delegado durante o


curso do inquérito policial. Antes de qualquer coisa, pratique a memorização
das medidas e dos respectivos fundamentos legais. Isso pode causar
excelente impressão no examinador. Ainda se valoriza muito o conteúdo
memorizado. Por isso, não fique com preguiça.

Uma dica: pegue duas medidas por dia e memorize. Cada dia duas.
Rapidinho você estará com tudo na cabeça. Depois que fizer a prova,
esqueça.

Medidas cautelares que podem ser decretadas pelo juiz através de


representação do delegado de polícia, com os respectivos fundamentos:

1. Cautelares Pessoais

a. Prisão Temporária (fundamento: Lei 7.960/89);


113
b. Prisão Preventiva (fundamento: CPP, arts 311, 312 e 313);
c. Medidas Cautelares da Lei 12.403/2011 (fundamento: CPP, art. 282, § 2º).
d. Pedido de Exame de médico-legal de insanidade mental com pedido de
internação provisória (CPP, art. 149, § 1º e art. 150, § 2º).

2. Cautelares probatórias

a. Busca e Apreensão Domiciliar (fundamento: CPP, art.240, § 1° e CF, Art.


5º XI);
b. Interceptação de comunicações telefônicas (fundamento: Lei 9.296/96,
art. 3º, I);
c. Interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e
telemática (fundamento: Lei 9.296/96, art. 3º, I).

3. Cautelares Reais

a. Sequestro de móveis: quando não cabível a busca e apreensão


(fundamento: CPP, art. 132);
b. Sequestro de imóveis (fundamento: CPP, art. 127).

Obs.: o Arresto não pode ser deferido por representação do delegado, pois
ocorre com o processo já em andamento.

4. Cautelares Especiais

a . Suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo


automotor, ou a proibição de sua obtenção do Código de Trânsito
(fundamento legal: Lei 9.503/97, art. 294).
b. Identificação Criminal (Fundamento: Lei 12.037/09, art. 3º, IV)

c. Medidas da Lei de Organizações Criminosas (Fundamento: Lei


12.850/13)
114
-Colaboração Premiada (art. 4º, § 2º);
-Infiltração de agentes (art. 10); -
Captação Ambiental (Art. 3°, II).

d. Sigilos financeiro, bancário e fiscal (Fundamento: LC n°105/2001, art. 1º,


§ 4º).

Dica: memorize os fundamentos em negrito para colocar no preâmbulo.

Dica: após ler a historinha na prova, consulte o guia rápido para ter uma
noção do que pedir. Este guia, se memorizado, é garantia de acertar a peça
na da prova.

O que é Representação?

A representação é o instrumento jurídico que tem por finalidade levar ao


conhecimento do Poder Judiciário fundamentos que justifiquem a decretação
de determinada medida cautelar. Através da representação, o Delegado
postula em juízo, solicitando medidas que instrumentalizam sua investigação.

Tecnicamente, a representação difere do requerimento, uma vez que este


último é um pedido legal que, caso seja negado, caberá recurso.

Então, REPRESENTAR é demonstrar a necessidade; REQUERER é pedir


legalmente. No primeiro, não cabe recurso em caso de negativa; no
segundo, caberá recurso em caso de negativa.

ELEMENTOS DE QUALQUER MEDIDA CAUTELAR E QUE PRECISAM ESTAR INSERIDOS NA PEÇA

Sem querer se perder muito em teorias, existem algumas informações


essenciais que você deve saber ao elaborar a peça. A principal delas é de
que TODA medida cautelar – seja civil, trabalhista, tributária ou penal -
115
possui alguns elementos essenciais e que devem estar presentes para que
sua peça seja tecnicamente aceitável.

Esses elementos devem estar presentes, mesmo que implicitamente na sua


peça. Sabendo que passou por esses fundamentos, sua peça está no
caminho certo.

Quais seriam esses elementos?

Fumus boni iurus (ou fumus comissi delicti) + periculum in mora (ou
periculum in libertatis) + proporcionalidade do pedido.

Veja o gráfico:

FUMUS COMISSI DELICTI (FUMUS BONI IURIS)

116
Em processo penal a fumaça do direito (ou do delito) está em dois elementos:
PROVA DE EXISTÊNCIA DO CRIME + INDÍCIOS SUFICIENTES DE
AUTORIA.

Preste atenção nesta diferença:

1º A existência do crime deve estar PROVADA;

2º A autoria pode ser indicada por INDÍCIOS.

Basicamente, neste ponto temos que mostrar:

a) O que ocorreu e a prova de que aquilo realmente ocorreu;


b) Se há elementos de crime nos fatos provados e quais são.

Em um homicídio, por exemplo, temos que mostrar que alguém foi morto
(com laudos, provas testemunhas etc.). Esse fato tem que estar
provado, ainda que indiretamente.

Além disso, tem que haver algum indício de que José ou João são
suspeitos do crime, até porque representação deve recair sobre alguém
sempre.

MNEMÔNICO: PEC.ISA

Prova da existência do crime: FATOS (O QUE OCORREU?)

Indícios suficientes de autoria: é EVIDENTE O DIREITO ( HÁ ELEMENTOS


DE CRIME NOS FATOS? QUAIS SÃO?)

PERICULUM IN MORA (varia conforme a medida)

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N o periculum in mora (em processo penal, especialmente nas prisões, fala-
se em periculum in libertatis) o Delegado deve mostrar ao Juiz que sua
medida é necessária, pois há algum risco PROVÁVEL + GRAVE +
IRREPARÁVEL. Ou seja, se aquela medida não for tomada naquele
momento, o risco provável e grave poderá se transformar num dano
irreparável.

Na prisão preventiva, por exemplo, poderia ser a destruição de provas pelo


suspeito; na quebra de dados, a perda da informação, já que as operadoras
não mantém os dados ad eternum etc.

Em determinadas medidas, como nas prisões, devemos enfatizar bem esse


ponto; em outras, nem tanto. Vamos fazendo isso juntos.

O perigo deve ser grave

Exemplos:

-fuga
-destruição de provas
-inutilidade da prova
-impossibilidade de adiar pela natureza da medida etc.

O perigo deve ser provável

- extraia essa possibilidade do texto da prova e nunca invente situações


novas.

O dano é inevitável sem a medida cautelar

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Quando o Delegado representa por uma medida, ele deve ter em mente que
está usando a munição adequada, isto é, que aquela medida é imperativa para
a investigação e que é a mais adequada àquele caso concreto.

PROPORCIONALIDADE (necessidade + adequação)

• NECESSIDADE: a imperatividade da medida para as investigações.


• ADEQUAÇÃO: a medida é a mais adequada para o caso concreto.

Notadamente quando há afastamentos judiciais de garantias


constitucionais, o Delegado deve relatar com detalhes a NECESSIDADE e
ADEQUAÇÃO da medida.

Esses dados devem estar presentes na representação para que o juiz se


convença de que aquele afastamento constitucional é necessário e
adequado à situação concreta.

As medidas determinadas judicialmente são de extrema “violência” na vida


privada do indivíduo e pode afetar todo o resto de sua vida. O Delegado
deve estar muito seguro de que está usando proporcionalmente a força
necessária.

Vamos aprender isso na prática

ESTRUTURA DA PEÇA

1. ENDEREÇAMENTO

A peça começa com o endereçamento, como qualquer peça processual.

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Alguns Delegados não fazem endereçamento, pois como a representação é
feita, em regra, no bojo do inquérito, o juiz já está prevento com as
solicitações de prazo. Entretanto, tecnicamente é mais adequado fazer o
endereçamento ao juiz competente.

Importante neste ponto ter conhecimento da estrutura do Poder Judiciário


de onde estiver fazendo a prova. As nomenclaturas variam um pouco. No
Distrito Federal, por exemplo, temo Varas do Tribunal do Júri,
Circunscrições Judiciárias de Brasília e das Cidades-Satélites etc.

Não use abreviações e não use muitos tratamentos (Ex.: Excelentíssimo


Senhor Doutor). Use apenas Excelentíssimo Senhor e está de bom
tamanho.

2. PREÂMBULO

No preâmbulo você deve fazer a introdução padrão mostrada na peça


coringa. Cuidado para não identificar sua peça. Existem diversas formas de
fazer o preâmbulo, mas a ideia vai ser sempre a mesma.

Duas coisas são importantes no preâmbulo: colocar a fundamentação legal


e o nome da representação. Veja o exemplo abaixo:

“O Delegado de Polícia ao final assinado, no uso de suas atribuições legais,


com fulcro na Lei 7.960/89, vem à presença de Vossa Excelência oferecer
representação por Prisão Temporária em desfavor de FULANO, pelos
fundamentos de fato e de direito a seguir expostos”.

3. DOS FATOS

Aqui colocaremos a prova dos fatos e os indícios de autoria, bem como a


prova da materialidade. É o FUMUS COMISSI DELICTI.

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Não tem erro se você seguir os seguintes passos:

1ª Leia o texto motivador e responda organizadamente e com suas palavras: o


que ocorreu? Quando ocorreu? Como ocorreu? Por que ocorreu?

2 º indique os indícios suficientes de autoria: é EVIDENTE O DIREITO


PENAL? HÁ ELEMENTOS DE CRIME NOS FATOS? QUAIS SÃO?

3 º Indique que a materialidade, apontando os laudos cadavéricos e demais


laudos periciais.

4. DOS FUNDAMENTOS

Aqui colocaremos o periculum in mora, que vai variar conforme a medida.

Lembre-se que você deve demonstrar ao juiz que a medida é adequada e


proporcional.

1º Coloque os requisitos e fundamentos legais da medidas específica. 2º


Explique ao Juiz a necessidade da medida.

3º Explique ao juiz adequação da medida.

5. DO PEDIDO

Vamos utilizar um pedido padrão. Você deve repetir o fundamento


legal memorizado no guia rápido.

Eu não uso a expressão “nestes termos, pede deferimento”. Mas, não é


errado colocar.

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MODELO CORINGA

O meu curso de peças práticas, disponível em www.vouserdelegado.com.br


é extremamente prático. Se você seguir o esquema que estou propondo,
suas chances de se dar muito bem serão quase absolutas. Vamos repisar
os passos necessários:

1º MEMORIZE O GUIA RÁPIDO DAS CAUTELARES


2º LEIA ATENTAMENTE O TEXTO APRESENTADO E DECIDA QUAL A MELHOR

CAUTELAR 3º USE O MODELO CORINGA PARA ELABORAR A PEÇA

Existem diversos modelos disponíveis na internet e em livros que poderiam


ser usados. Mas, para fins didáticos, adotei um modelo extremamente
simples, que pode ser adaptada para qualquer peça.

Com a prática, você vai acabar memorizando sua estrutura e vai se sentir à
vontade até para fazer pequenas adaptações para torná-la mais
personalizada, se quiser.

Não existe um padrão. Em provas, é interessante obedecer alguns


elementos de uma peça processual comum (utilizada por advogados).

Estrutura comentada

1. Endereçamento

Excelentíssimo (A) Senhor (A) Juiz (A) De Direito Da ____ Vara (...)

• não use abreviações no endereçamento.


• (pule de duas a quatro linhas).
• prefira usar todas as iniciais maiúsculas no texto manuscrito

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(Excelentíssimo Senhor Juiz ...).

2. Preâmbulo

O Delegado de Polícia ao final assinado, no uso de suas atribuições legais,


com fulcro (palavras do Professor: aqui memorize os fundamentos legais,
conforme o GUIA RÁPIDO DAS CAUTELARES), vem à presença de Vossa
Excelência oferecer representação por (Palavras do Professor: coloque aqui
o tipo de representação ) em relação a FULANO, pelos fundamentos de fato
e de direito a seguir expostos:

3. Dos Fatos

Aqui colocaremos a prova dos fatos e dos indícios de autoria, bem como a
prova da materialidade. É o fumus boni iuris.

• 1ª Leia o texto motivador e responda organizadamente e com


suas palavras: o que ocorreu? Quando ocorreu? Como ocorreu?
Por que ocorreu?
• 2º indique os indícios suficientes de autoria: é EVIDENTE O DIREITO
PENAL ? HÁ ELEMENTOS DE CRIME NOS FATOS? QUAIS SÃO?

• 3º Indique que a materialidade, apontando os laudos cadavéricos e


demais laudos periciais.

4. Dos fundamentos

Aqui colocaremos o periculum in mora, que vai variar conforme a


medida.

• 1º Coloque os requisitos e fundamentos legais da medidas específica.


• 2º Explique ao Juiz a necessidade da medida.
• 3º Explique ao juiz adequação da medida.

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5. Do pedido

Por todo o exposto e com amparo nos dispositivos legais acima referidos,
representa esta Autoridade Policial pela expedição do competente mandado
de (...)

Exercício prático

PEÇA: Prisão Temporária (fundamento: Lei 7.960/89)

DELEGADO DE POLÍCIA DO ESTADO DA BAHIA 2013

BANCA: CESPE

Em 17/9/2012 (segunda-feira), por volta de 0 h 50 min, Douglas Aparecido


da Silva foi alvejado por três disparos de arma de fogo quando se
encontrava em frente à casa de sua namorada, Fernanda Maria Souza, na
rua Serafim, casa 12, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA. A ação
teria sido intentada por quatro indivíduos que, em um veículo sedã de cor
prata, placa ABS 2222/BA, abordaram o casal e cobraram, mediante a
ameaça de armas de fogo portadas por dois deles, determinada dívida de
Douglas, proveniente de certa quantidade de crack que este teria adquirido
dias antes, sem efetuar o devido pagamento.

Foi instaurado o competente inquérito policial, tombado, no 21.º Distrito


Policial, sob o n.º 0021/2012, para apurar a autoria e as circunstâncias da
morte de Douglas, constando no expediente que, na noite de 16/9/2012, por
volta das 21 h, a vítima se encontrou com a namorada, Fernanda, e, após
passarem em determinada festa de amigos, seguiram para a casa de
Fernanda, no bairro Boa Prudência, onde Douglas a deixaria; o casal estava
em um veículo utilitário de cor branca, placa JEL 9601/BA, de propriedade
da vítima; na madrugada do dia seguinte, por volta de 0 h 40 min, quando já
estavam parados em frente à casa de Fernanda, apareceu na rua um
veículo sedã de cor prata, em que se encontravam quatro rapazes, que
cobraram Douglas pelo "bagulho" e ameaçaram o
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casal com armas nas mãos, quando um dos rapazes deu dois tiros para o
alto, momento em que Douglas e Fernanda se deitaram no chão. Em ato
contínuo, um dos rapazes desceu do carro, chutou a cabeça de Douglas e,
em seguida, desferiu três disparos em sua direção, atingindo-lhe fatalmente
a cabeça e o tórax. Douglas faleceu ainda no local e os autores se evadiram
logo após a conduta, lá deixando Fernanda a gritar por socorro.

Nos autos do inquérito, consta que foram ouvidos dois vizinhos de


Fernanda que se encontravam, na ocasião dos fatos, na janela do prédio
vizinho e narraram, em auto próprio, a conduta do grupo, indicando a placa
do veículo sedã de cor prata (ABS 2222/BA) e a descrição física dos quatro
indivíduos. Na ocasião, foram apresentadas fotografias de possíveis
suspeitos às duas testemunhas, que reconheceram formalmente, conforme
auto de reconhecimento fotográfico, dois dos rapazes envolvidos nos fatos:
Ricardo Madeira e Cristiano Madeira. Fernanda foi ouvida em termo de
declarações e alegou conhecer dois dos autores, em específico os que
empunhavam armas: Cristiano Madeira, vulgo Pinga, que portava um
revólver e teria desferido dois tiros para o alto; e o irmão de Cristiano,
Ricardo Madeira, vulgo Caveira, que, portando uma pistola niquelada,
desferira os três tiros que atingiram a vítima. Fernanda afirmou desconhecer
os outros dois elementos e esclareceu que poderia reconhecê-los
formalmente, se fosse necessário. Ao final, noticiou que se sentia
ameaçada, relatando que, logo após o crime, em frente à sua residência,
um rapaz descera de uma moto e, com o rosto coberto pelo capacete, fizera
menção que a machucaria caso relatasse à polícia o que sabia.

Em complementação à apuração da autoria, buscou-se identificar, embora


sem êxito, os outros dois indivíduos que acompanhavam Ricardo e
Cristiano na ocasião dos fatos.

Juntaram-se aos autos o laudo de exame de local de morte violenta, que


evidencia terem sido recolhidos do asfalto dois projéteis de calibre 38, e o
laudo de perícia papiloscópica, realizada em lata de cerveja encontrada

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nas proximidades do local, na qual foram constatados fragmentos digitais
de uma palmar. Lançadas as digitais em banco de dados, confirmou-se
pertencerem a Ricardo Madeira. Também juntou-se ao feito o laudo
cadavérico da vítima, no qual se constata a retirada de três projéteis de
calibre 380 do cadáver: um alojado no tórax e dois, no crânio.

Durante as diligências, apurou-se que o veículo sedã de cor prata, placa


ABS 2222/BA, estava registrado em nome da genitora dos irmãos Cristiano
Madeira e Ricardo Madeira, Maria Aparecida Madeira, residente na rua
Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA, onde
morava na companhia dos filhos. Nos registros criminais de Cristiano,
constam várias passagens por roubo e tráfico de drogas. No formulário de
antecedentes criminais de Ricardo Madeira, também anexado aos autos,
consta a prática de inúmeros delitos, entre os quais dois homicídios.
Procurados pela polícia para esclarecerem os fatos, Cristiano e Ricardo não
foram localizados, tampouco seus familiares forneceram quaisquer notícias
de seus paradeiros, embora houvesse informações de que eles estariam na
residência de seu tio, Roberval Madeira, situada na rua Bom Tempero, s/n,
no bairro Nova Esperança, em Salvador – BA. Ambos foram indiciados nos
autos como incursos nas sanções previstas no art. 121, § 2.º, II e IV, do CP.

O inquérito policial tramitou pela delegacia, em diligências, durante vinte e


cinco dias, encontrando-se conclusos para a autoridade policial que preside
o feito, restando a complementação de inúmeras diligências visando
identificar os outros dois autores e evidenciar, através de novas provas, a
conduta dos indiciados.

Em face do relato acima apresentado, proceda, na condição de delegado de


polícia que preside o feito, à remessa dos autos ao Poder Judiciário,
representando pela(s) medida(s) pertinente(s) ao caso. Fundamente suas
explanações e não crie fatos novos.

Pelo que se vê, muitas evidências já foram produzidas em relação à


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autoria dos irmãos Madeira. Ocorre que várias outras ainda precisam ser
realizadas para a ultimação do IP. Vou listar apenas algumas:

• identificação dos outros dois autores;

• apreensão das armas utilizadas, já que foram localizados projéteis


tanto no local dos fatos, como no corpo da vítima. Tais projéteis devem
ser comparados entre si (para verificar se são, de fato, de uma mesma
arma) e com as armas de fogo eventualmente apreendidas
• reconhecimento pessoal dos suspeitos já identificados pelas
testemunhas etc.

Quando decidir pela prisão temporária ou preventiva?

Existem algumas dicas que podem te ajudar a acertar a peça de prisão,


vamos a elas:

1- A temporária tem prevalência sobre a preventiva durante a investigação

Claro que isso é uma regra e não uma verdade absoluta. A prisão voltada
para a investigação é a temporária. Na prática, é mais fácil o Juiz decretar,
pois basicamente o Delegado deve demonstrar apenas a hipótese legal e a
necessidade para a investigação.

2- A temporária se volta a proteger a investigação; a preventiva, a futura


ação penal

Também não é uma verdade absoluta, mas pense na temporária com MEIO
para obtenção de provas úteis dentro do inquérito (ex.: prisão do suspeito
para localizar a arma do crime; para recolher suas vestes para futura
perícia; para reconhecimento pessoal pela vítima etc.).

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3- A temporária é cabível dentro de um rol fechado de crimes. Então,
identifique se o caso apresentado se encaixa na hipótese legal de temporária

4- Nunca peça a temporária no relatório final

Periculum in Libertatis na Prisão Temporária

Cabimento: a prisão temporária somente será cabível em determinados


crimes (ver quadro abaixo) desde que:

a) imprescindível para as investigações do inquérito policial OU


b) o indicado não tiver residência fixa ou

c) não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua


identidade.
c) não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua
identidade.

Obs.: Essa última hipótese agora é prevista como passível de prisão


preventiva.

Fumus Comissi Delicti na Prisão Temporária

a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);


b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e
parágrafo único);

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g) NÃO MAIS APLICÁVEL.

h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e
parágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);

j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal


qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285);

l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;

m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956),


em qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);

o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de


1986). Cabível, além disso, nos crimes hediondos e equiparados.

Quais são os fundamentos que devo colocar na peça?

Você já tem a resposta. Volte um pouco no texto e reveja o quadro


das diligências faltantes. Vou repetir ele aqui:

• identificação dos outros dois autores;

• apreensão das armas utilizadas, já que foram localizados projéteis


tanto no local dos fatos, como no corpo da vítima. Tais projéteis devem
ser comparados entre si (para verificar se são, de fato, de uma mesma
arma) e com as armas de fogo eventualmente apreendidas;
• reconhecimento pessoal dos suspeitos já identificados pelas
testemunhas.

Outros Fundamentos que Podem ser Colocados em Qualquer Peça

• oitiva conjunta de todos os suspeitos para evitar troca de informações;

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• correta qualificação pessoal;
• localização do corpo da vítima;
• o indicado não tem residência fixa

Como Ficaria a Minha Peça

Excelentíssimo (A) Senhor (A) Juiz (A) De Direito Da Vara do Tribunal do


Júri de Salvador/BA

O Delegado de Polícia ao final assinado, no uso de suas atribuições legais,


com fulcro na Lei 7.960/89 e no art.240, § 1° do CPP, vem à presença de
Vossa Excelência oferecer representação em por prisão temporária em
desfavor Ricardo Madeira e Cristiano Madeira, ambos já qualificados nos
autos, bem como por busca domiciliar nos endereços abaixo discriminados,
pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos:

Dos fatos

Narram os autos que no início do dia 17 de setembro, Douglas Aparecido


da Silva teve sua vida ceifada por três disparos de arma de fogo, fato
ocorrido Rua Serafim, casa 12, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA.

Os fatos foram praticados na presença da testemunha Fernanda Maria


Souza, que relatou terem os autores, em número de quatro, chegado ao
local do crime e cobrado “um bagulho”, no que foi seguido dos disparos de
arma de fogo realizado por um deles. Tal versão foi corroborada por dois
moradores locais, que assistiram a ação criminosa das janelas de suas
residências.
Segundo o que se apurou até o momento, a prática do presente crime está
relacionada ao tráfico de substâncias entorpecentes, já que as testemunhas
relatam que os autores foram ao local cobrar uma dívida
130
de drogas da vítima.

Há fortes indícios que os ora representados, Ricardo Madeira e Cristiano


Madeira, concorreram para a ação criminosa, uma vez que são conhecidos
de Fernanda e foram formalmente reconhecidos pelas demais testemunhas,
conforme auto de reconhecimento fotográfico.
Os indicativos de autoria ficam mais evidentes considerando que
fragmentos das digitais de Ricardo Madeira foram revelados em uma lata de
cerveja encontrada nas proximidades, conforme laudo papiloscópico. Some-
se a isso o fato do veículo sedã de cor prata (ABS 2222/BA), utilizado pelos
autores, estar registrado em nome da genitora dos irmãos Madeira.

A materialidade do crime está consubstanciada nos laudos periciais,


mormente no laudo de exame de local de morte violenta e no laudo
cadavérico.

Dos fundamentos para a prisão temporária

A prisão temporária, prevista na Lei 7.960/89, é modalidade de prisão


cautelar de natureza processual destinada a possibilitar as investigações a
respeito de crimes específicos, durante o inquérito policial.
Dispõe a lei regente que tal modalidade de prisão é cabível, entre outras
hipóteses, quando for imprescindível para as investigações do inquérito
policial. Nesse passo, a prisão dos indiciados é cogente para a identificação
dos outros dois autores ainda não identificados, bem como para o
reconhecimento pessoal de todos os envolvidos.
A prisão dos suspeitos poderá, além disso, propiciar a apreensão das
armas utilizadas no crime, o que é essencial para o inquérito, já que foram
localizados projéteis tanto no local dos fatos, como no corpo da vítima.

Considere-se, por fim, que o crime de homicídio qualificado está entre


aqueles previstos pela lei como passíveis de prisão temporária.

Dos fundamentos para busca e apreensão

131
Ainda há importantes elementos de prova que podem ser angariados com as
devidas buscas domiciliares nos endereços onde os suspeitos podem estar
abrigados. Segundo as investigações, os irmãos Madeira residem com sua
genitora, na Rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador
– BA, mas podem estar abrigados na residência do tio Roberto Madeira
situada na Rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador
– BA.
É imperativo, portanto, que Vossa Excelência, com espeque no art. 240, §
1º, alínea “d” do CPP, autorize as buscas nos referidos endereços, o que
poderá resultar na apreensão das armas envolvidas na ação criminosa.

Do Pedido

Por todo o exposto e com amparo nos dispositivos legais acima referidos,
representa esta Autoridade Policial pela expedição do competente mandado
de prisão temporária pelo prazo de 30 dias em desfavor de Ricardo Madeira
e Cristiano Madeira, bem como de mandado de busca na residência de
Roberval Madeira.
Solicito, ao mesmo tempo, o retorno dos autos para a continuidade das
investigações.

132
Como Evitar a Preguiça e Procrastinação

pre.gui.ça

sf (lat pigritia) 1 Pouca disposição para o trabalho; aversão ao trabalho;


inação, mandriice. 2 Demora ou lentidão em fazer qualquer coisa;
indolência, moleza; morosidade, negligência.

Um dos grandes obstáculos a ser vencido durante a preparação do


concurseiro é um sentimento interior tão forte que vem impedido muitas
pessoas de realizar seus sonhos.

Eu coloquei como meta da minha vida não sucumbir à preguiça. Crio uma
força interior contra esse demônio da alma. Entendo que a preguiça é o
meu ego dizendo que as coisas estão ótimas do jeito que estão. O meu ego
não quer minha evolução intelectual, financeira, espiritual.

Luto diariamente e confesso que nem sempre venço. Mas a cada vitória,
sinto-me poderoso.

Como vencer esse fantasma? Como vencer a si mesmo?

Não é fácil, mas só você poderá fazê-lo. Aí vão algumas dicas:

1 – mantenha uma rotina de exercícios físicos. Vale qualquer coisa.


Caminhada, academia, pedalar. Tente se exercitar, pelo menos, três vezes
por semana por uma hora. Isso vai deixar seu corpo alerta e vai ajudar a
regular o seu sono;
133
2 – procure dormir o suficiente para descansar o corpo e a mente. Não lute
contra o sono e não se deixe vencer pela insônia. Ela é uma doença. Se
necessário, procure ajuda médica;

3 – cuide da nutrição. Prefira os sucos naturais, frutas, sementes


desidratadas. Coma a quantidade exata de carboidratos e proteínas. Evite
ingerir muita carne vermelha e outros alimentos de difícil digestão. Fuja dos
snacks, refrigerentes, energéticos etc.

4- elabore metas alcançáveis. Pequenos passos. Não se sente para estudar


por oito horas. Programe seu estudo em tempos menores. Vá aumentando
aos poucos. Não se programe para estudar um livro inteiro, mas um
capítulo ou menos que isso. Avance aos poucos e sempre. Como diz os
americanos: Don´t bite more than you can chew.

5- organize-se! Eu prefiro estabelecer uma agenda semanal. Gaste um


tempo de seu domingo elaborando um plano para a semana. Saibam quais
serão suas atividades a cada dia (exercícios, estudos, trabalho, família,
namorada (o), descanso etc.). Organização é tudo para a pessoa eficaz.

6- pense nos prejuízos que a preguiça lhe traz. Pense no que pode ser
melhor ou pior na sua vida. Eu, por exemplo, decidi vencer a preguiça de
me exercitar. Dois meses depois, já perdi cinco quilos e consigo correr
diariamente 3 km. Parece pouco? Não interessa! É a meta que estabeleci
pra mim.

7- divida suas atividades com outras pessoas. Um companheiro de estudo


pode estimular outro. Faça competições de conhecimento.

8- nunca diga: “ai que preguiça!” Quando pensar isso, respire fundo,
mentalize e diga: “que disposição!” “Que vontade de estudar, trabalhar,
134
malhar!” Não aceite sua mente te dominar. Domine sua mente!

9- tenha momentos de ócio. Mas, saiba quando ele começa e quando


termina na sua semana. Por exemplo, eu não faço qualquer atividade
intelectual no sábado. Sempre saio para almoçar com minha família, vou ao
shopping etc. O Sábado é o dia do meu ócio e respeito ele sagradamente.

10 - coloque a luta contra a preguiça como uma meta de vida. Acorde todos
os dias com isso em mente. Escreva e cole no seu armário: “A preguiça não
me impedirá de ser uma pessoa extraordinária em tudo que eu quiser fazer
na vida!” Repita essa frase como um mantra, uma oração. O grande lance é
que um modelo mental vitorioso não sucumbe à preguiça.

11- Se a preguiça está te vencendo, muito provavelmente o seu modelo


mental é derrotista. Só você pode mudar isso!

12 - Busque a excelência. A preguiça é seu único empecilho!

No mais é com você! Boa sorte!

135
Lidando com Problemas Pessoais

Eu não sou nenhum guru da autoajuda e nem pretendo ser. Mas, durante
todo esse tempo no qual venho trabalhando com alunos que se preparam
para concursos me fizeram perceber que muito do meu trabalho tem mais
relação com o aspecto psicológico do que didático.

Os problemas tomam nossos corações e afetam enormemente a


autoconfiança e concentração. Isso é trágico para os estudos. Por isso,
reservei este espaço para conversar um pouco com você sobre isso.

O primeiro ponto que você deve entender é que todos temos problemas.
Todos, sem exceção. Então, não se sinta sozinho. Aprenda que a vida é
uma sequência de problemas, maiores e menores.

Aqui vão algumas dicas, mas não deixe de procurar um profissional


habilitado para te ajudar, se for preciso.

Problemas menores

Eu considero problemas pequenos aqueles ligados ao dia-a-dia, como a


falta de dinheiro momentânea, uma discussão com um familiar ou cônjuge,
problemas de relacionamento em geral, discussões de trânsito, um
empregado que não realizou o serviço determinado, o carro que quebrou
etc. São, enfim, as pequenas chateações da vida.

A melhor coisa é tratar essas coisas como elas devem ser tratadas: como
coisas pequenas. Existem pessoas que potencializam esses problemas.
Levam as coisas às últimas consequências. Tente evitar esse tipo de
comportamento e leve uma vida mais leve.
136
Eu tenho um amigo que, certa vez, discutiu com um gerente de mercado
porque a fila estava grande. Vejam só que besteira. Ficou chateado e
perdeu o dia com essa pequeneza.

Grandes Problemas

Existem problemas os quais a gente não pode simplesmente deixar pra lá.
Doenças pessoais e na família, problemas financeiros que afetam a própria
existência digna, rompimentos amorosos etc.

A força para passar por esses problemas tem a ver com a força de caráter
que dispomos para enfrentá-los.

Existe uma história muita antiga que conta que um rei recebeu um livro do
maior sábio do reino. O livro possuía apenas duas páginas. Segundo as
orientações do sábio, o rei deveria ler o primeiro capítulo no dia mais feliz
da sua vida, e o segundo no dia mais triste. Alguns anos depois, o rei teve
um filho em época muito próspera. Aquele seria o seu sucessor, e o rei
ficou muito feliz. Então, ele resolveu abrir o livro no primeiro capítulo. Existia
apenas uma frase que dizia: "isso vai passar". Alguns anos depois, houve
uma grande praga no reino e muitas pessoas morreram, inclusive o seu
próprio filho. Então, o rei abriu o livro no segundo capítulo, que dizia: "isso
também vai passar".

Acho que a ideia é essa mesmo: tudo passa. Se o problema é não


solucionável, não há o que fazer a não ser esperar a tormenta passar, pois
"tudo passa".

Pressão da Família e "só estudar"

Outra situação que preciso comentar relaciona-se com a pressão da família,


em geral dos pais e cônjuges, para que o aluno "passe logo". Na cabeça de
algumas pessoas, estudar não é uma ocupação, já que não
137
gera renda. Por isso, é natural que durante um período a gente tenha que
contar com o apoio financeiro dessas pessoas.

Eu considero que esses "perrengues" forçam o aluno a estudar com mais


afinco. Por isso, não acho isso uma coisa totalmente ruim. Quando a gente
está desconfortável com uma situação como essa, a motivação é maior. O
conforto geral desânimo. O desconforto gera movimento.

Por óbvio, estar sem dinheiro não é desejável. Naturalmente, você quer se
divertir, comer e se vestir bem etc. Então, a dica que eu dou é a seguinte:
use essa pressão da sua família como um estímulo. Coloque como meta
sair da mediocridade e use os estudos pra isso. Nunca se desanime e
nunca se desespere.

Nunca se desespere

Certa vez eu ouvi essa frase do já falecido político José de Alencar, que foi
vice-presidente da República no governo Lula durante o tratamento do
câncer que acabou por tirar sua vida. Alencar estava sempre sorrindo aos
jornalistas, e isso fez com que um deles perguntasse: vice-presidente, qual
o segredo de manter essa confiança? Alencar respondeu: - nunca se
desespere. Assim como vocês (jornalistas) eu também não sei o que é a
morte. Então, eu não tenho medo da morte. Tenho medo da desonra.

138
Sobre o Autor

QUEM É LÚCIO VALENTE?

Eu sou um exemplo de como a mudança de atitude gera bons resultados.


Isso porque eu estudei em uma faculdade bem mediana aqui em Brasília.
Mesmo assim, era um dos piores alunos da sala. Não queria nada com os
estudos. Gostava muito da noite e de passar o fim de semana tomando
aquela gelada. Ou seja, era um sujeito farrista (risos).

Em um determinado dia, resolvi mudar de vida. Restringi minhas saídas (mas


nunca acabei com elas, risos) e estabeleci uma meta de vida: ocuparia em
pouco tempo uma função de respeito na sociedade. Passei a organizar meu
tempo e me dedicar mais à faculdade. Nesse tempo, conheci uma galera que
estudava para concursos e passei a frequentar bibliotecas. Quando vi, já
“tava” no ritmo.

Depois de bater muito a cabeça sem saber como estudar, o que estudar e
para o quê estudar, acabei “pegando a mão”. As coisas fluíram e o resultado
foi a aprovação. No ano de 2006 prestei meu primeiro e único concurso
público. Foi uma mudança de uns dois anos, que mudou toda a minha vida.

Por mim já passaram milhares histórias de sucesso e você será o


protagonista de mais uma delas. Para isso, preciso que você siga as
minhas orientações de estudo e realize todas as tarefas propostas.

Estou contigo nessa caminhada. Só não se esqueça de me convidar

para churrasco da aprovação!

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Sou Delegado de Polícia da PCDF e ministro as matérias: Direito Penal,
Criminologia, Processo Penal e Legislação Penal Especial nos principais
cursos de Brasília. Atualmente, coordeno o programa Vou Ser Delegado.
Visite o meu site: www.vouserdelegado.com.br.
Siga minhas redes sociais: @vouserdelegado

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O Programa Meta Vou Ser Delegado

O QUE É?

O PROGRAMA DE METAS VOU SER DELEGADO é uma sequência


programada de estudos, voltada a concursos para Delegados de Polícia,
com avaliações individuais, cobrindo todas as fases do certame.
As METAS são, essencialmente, descrições dos pontos a serem estudados
durante cada quinzena, incluindo as questões objetivas, subjetivas e peças
práticas. Em resumo, é um PROGRAMA DE ESTUDOS.

POR QUANTO TEMPO DURA?

O aluno recebe uma meta a cada 15 dias. Portanto, o programa dura cerca
de cinco meses, considerando o tempo que o aluno deve ter para realizar
as tarefas.

TRATA-SE DE UM TRABALHO DE COACHING?

NÃO. Em geral, o trabalho de coaching se resume à programação semanal


das disciplinas e a auxílios motivacionais.

O programa META é mais do que isso, uma vez que envolve ferramentas
verdadeiramente úteis no processo de preparação (questões comentadas,
correções individuais etc.). As metas são uniformizadas, considerando-se
os tópicos mais importantes dos editais de concursos para Delegado.

Além disso, um acompanhamento de coaching pode lhe custar até DEZ


VEZES MAIS, com a metade dos benefícios.

COMO POSSO SABER SE O PROGRAMA REALMENTE FUNCIONA?

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Não existe fórmula mágica, você tem que estudar e ponto final. O diferencial
do método é que fazemos um estudo minucioso das provas anteriores para
descobrirmos quais assuntos são mais cobrados e montamos uma
estatística bastante simples. Com isso, direcionamos os estudos e
estabelecemos metas.

Você vai perceber que não seguimos os capítulos dos livros na sequência
numérica. Estudamos dando preferência no que cai mais, mas buscamos
fechar o edital.

A ideia é simples e provada. Se o candidato esvazia sua cabeça de


preocupações outras que não seja o próprio estudo, sua energia é
naturalmente concentrada. Com isso, a preparação se torna menos pesada
e mais fluída.

COMO SABER SE É UM BOM INVESTIMENTO?

Este é um excelente investimento porque:


• Retira do aluno o peso psicológico de saber o que, quando e como estudar;
• O aluno cria uma sensação de “obrigação” com os estudos, ao ter prazos
para cumprir;
• Trabalha com questões atualizadas e direcionadas;
• Funciona como um motivador externo, pois o aluno recebe feedback direto
do professor a cada correção, mantendo um vínculo de responsabilidade;
• etc.

O PAGAMENTO É SEGURO?

Sim. Trabalhamos com o sistema PAGSEGURO, da UOL. O cancelamento


pode ser feito diretamente pelo sistema, NOS PRIMEIROS 15 DIAS, sem
qualquer contato com o professor.

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O QUE OS ALUNOS ACHAM DO PROGRAMA?

O programa é um sucesso entre eles. Siga o Instagram @vouserdelegado e


verifique o entusiasmo dos participantes em relação ao programa.

COMO FUNCIONA A CORREÇÃO INDIVIDUAL?

O aluno realiza, de forma manuscrita, as provas discursivas, bem como a


peça prática proposta, e, em seguida, encaminha-nos uma foto, utilizando,
de preferência, o aplicativo para smartphones CAMSCANNER. Em seguida,
os Professores fazem uma avaliação detalhada, com considerações
doutrinárias e jurisprudenciais.

COMO FUNCIONA O CURSO DE PEÇAS?

Você terá dez aulas em PDF com explicações detalhadas (recebidas


quinzenalmente), além de diretrizes claras e objetivas para começar a
produzir suas próprias peças imediatamente. Após enviar ao Professor,
você receberá a correção individual com orientações para a evolução
contínua. Em pouco tempo, suas peças estarão em nível profissional, o que
o habilitará para qualquer prova que exigir essa atividade.

COMO FUNCIONA A CONSULTORIA COM DIAGNÓSTICO VIA SKYPE?

Trata-se do diagnóstico completo da vida do aluno, considerando todos os


aspectos relacionados aos seus estudos (organização do tempo,
bibliografia, procrastinação, técnicas de leitura, revisões, resumos etc.).

Além disso, aluno terá a oportunidade de estudar um trecho doutrinário com


o professor, oportunidade em que verá na prática as técnicas ensinadas.
Em seguida, recebe um relatório completo para correção de rumos e
otimização dos estudos.

COMO SÃO COMPOSTOS OS PROGRAMAS?

Temos três programas, conforme a seguir detalhados:

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PREMIUM

• 10 Metas;
• Curso completo de Direito Penal em PDF - Geral e Especial;
• 720 questões objetivas anotadas;
• 40 questões discursivas com espelho COM CORREÇÃO INDIVIDUAL;
• 10 Peças Práticas de Delegado de Polícia COM CORREÇÃO INDIVIDUAL;

• UMA CONSULTORIA COM DIAGNÓSTICO VIA SKYPE;

GOLD

• 10 Metas;
• Curso completo de Direito Penal em PDF - Geral e Especial;
• 720 questões objetivas anotadas;
• 40 questões discursivas com espelho com CORREÇÃO INDIVIDUAL;
• 10 Peças Práticas de Delegado de Polícia com CORREÇÃO INDIVIDUAL;
• Consultoria com Diagnóstico POR ESCRITO;

ISOLADA DE PEÇAS PRÁTICAS DE DELEGADO DE POLÍCIA

• Curso completo de Peças Práticas de Delegado de Polícia: 10 ou 05


peças com correção individual.

Solicite a Meta Demonstrativa: vsdelegado.meta@gmail.com

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