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Direito
1
Conceito e problemas fundamentais do
Direito
Conceito de Direito
Castro Mendes define direito como “o sistema de normas de
conduta social, assistido de proteção coativa”
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Ubi homo, ibi societas
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Ubi societas, ibi ius
Com o fito de obstar à anarquia e ao caos, existe na vida em sociedade
uma autoridade social, que recebe o poder diretivo destinado a:
Estabelecer regras de conduta para todos os membros do grupo
(poder normativo);
Tomar decisões concretas em relação a cada problema do dia a dia
(poder decisório);
Impor, com autoridade, as regras de conduta e as decisões
concretas aos respetivos destinatários e, caso as não cumpram,
aplicar-lhes as correspondentes sanções (poder sancionatório).
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E como seria a vida dos homens em
sociedade sem uma autoridade social?
5
Jean-Jacques Rousseau
Para este autor, todos os homens nasciam livres e iguais,
vivendo em contacto com a natureza e segundo os ditames
desta.
O progresso material trouxe a civilização e com ela a corrupção.
O desenvolvimento das atividades económicas gera sentimentos
de conflitualidade e comportamentos agressivos como resposta
aos problemas de uma sociedade marcada pela desigualdade no
que respeita à posse da terra e à propriedade de outros bens.
No status naturalis, os homens tornam-se egoístas e a
insegurança insuportável.
Para restabelecer a felicidade perdida, havia que imaginar um
contrato social que oferecia um mínimo de segurança e bem-
estar. Para este autor, no contrato social, “os homens obrigaram-
se a submeterem-se à volonté générale que, traduzindo as suas
vontades, implica a sujeição de cada indivíduo à sua própria
vontade”.
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Thomas Hobbes
Para este autor, o homem, profundamente egoísta, procura obter
vantagens só para si à custa dos outros, lançando todos em
guerra contra todos, sedento do poder individual.
No status naturalis, os homens viviam em guerra contínua,
portando-se como lobos de si próprios (homo homini lupus).
Para por fim a este status, “os homens constituíram , através de
um pactum de sujeição, o Estado, ao qual cederam os seus
direitos para obterem a segurança e o fim da luta”. Com a
celebração do contrato social, cada homem renuncia à sua
liberdade e submete-se à autoridade absoluta do Estado em
troca de proteção. O vontade do Estado é o único critério de
justiça.
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John Locke
Para este autor, em cada homem há aspetos bons e aspetos
maus, tendências para a prática do bem e tendências para a
prática do mal, o que pode ser determinado pelo temperamento,
pela educação ou pelas circunstâncias da vida.
No status naturalis, a maioria respeita as leis da natureza, mas
há sempre uma minoria de indivíduos que são delinquentes. No
estado de natureza, todo o indivíduo tem dois direitos
fundamentais: o direito de preservar tudo o que lhe pertence e o
direito de julgar os outros e de puni-los.
Por isso, os homens compreendem que não lhes é útil continuar
a viver em estado de natureza, apesar das suas vantagens, e
decidem passar ao estado de sociedade, mediante a celebração
de um contrato social e a consequente criação de uma
autoridade social com poder de governar a comunidade. No
entanto, este contrato limita a intervenção da sociedade política à
garantia da liberdade individual e da propriedade privada e
impõe-lhe o respeito pela vida privada, económica ou familiar.
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Outros sentidos do termo
Direito objetivo e direito subjetivo
Conjunto de normas jurídicas de Vantagens, faculdades, poderes
conduta social com proteção coativa; que, por aplicação das regras de
conjunto de regras de conduta que se direito objetivo, são atribuídos a
impõem a todos os homens, pessoas determinadas, uma vez
estabelecidas objetivamente e a que verificados certos eventos previstos
todos devem obediência. naquelas mesmas regras.
V.g., Direito Civil V.g., direito de propriedade
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Direito e Estado
Estado (Estado-sociedade)
Povo (conjunto de pessoas submetidas à ordem jurídica
estatal)
Território (elemento material, espacial ou físico do Estado,
marcado por fronteiras, que podem ser naturais ou
Elementos artificiais, e que compreende a superfície do solo que o
Estado ocupa, o espaço fluvial, marítimo, lacustre e aéreo)
Poder político (organização necessária ao exercício do
poder político)
Função política – definição e prossecução pelos órgãos do poder político
dos interesses essenciais da coletividade
Função legislativa – prática de atos legislativos pelos órgãos
constitucionalmente competentes
Funções Função jurisdicional – julgamento de litígios suscitados por conflitos entre
interesses privados e públicos e privados
Função administrativa – satisfação das necessidades coletivas que, por
virtude de prévia opção política ou legislativa, se entende que incumbe ao
Estado prosseguir
Relação Estado-Direito
O Estado só pode ser de Direito.
Direito supra-estadual e infra-estadual 10
O direito entre as ordens normativas
Norma jurídica Norma da natureza ou lei física
Dirigem-se com caráter imperativo à vontade do Referem-se explicativamente aos fenómenos naturais,
homem, podendo ser violadas não tendo sentido falar-se em obediência
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Direito Natural e Direito Positivo
Direito Positivo é o o ius civitate positum, isto é, o direito "posto na
sociedade", nela inserido com algo tangível. Assim, o conjunto de
normas jurídicas reguladoras da convivência humana que neste
momento estão em vigor em Portugal ou que alguma vez vigoraram
numa comunidade, expressas nos códigos e em leis avulsas, formam o
Direito Positivo. O Direito Positivo é obra humana e é contingente, é
tangível e varia de época para época e de país para país.
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Jusnaturalismo e Positivismo Jurídico
Direito Natural existe, e é superior Direito Natural não é direito porque:
ao Direito Positivo, condicionando- não pode ter origem divina, já que Deus
o. não existe;
Doutrina jurídica dominante desde não é promulgado por nenhuma
o séc. V a.C. até ao séc. XVI d.C. autoridade social legitimada e
reconhecida para o fazer;
Séc. XVII várias correntes de o seu conteúdo é desconhecido e não há
pensamento contestaram a qualquer consenso;
existência do Direito Natural,
chamando a atenção para o ponto não é uma lei eterna e universal, válida e
imutável em todas as épocas e em todos
fraco de um Direito Natural eterno os lugares, uma vez que a experiência
e universal mostra que as leis e os costumes variam
Contestação nos séculos XIX e de época para época e de lugar para
XX, com o movimento filosófico do lugar;
positivismo jurídico a violação das suas regras não acarreta a
imposição de quaisquer sanções
Justiça
Segurança
Declarações dos
Direitos
Humanos
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Os fins do Direito
Justiça
Primeiro e principal fim do Direito
Deve ser, “para o Direito, uma bússola e um farol”
Iustitia est constans et perpetua voluntas ius suum cuique tribuere
Noção: a justiça é um conjunto de valores que se impõem quer ao
Estado, quer aos cidadãos no sentido de dar a cada um o que lhe é
devido, e o critério geral acerca do que, em nome da justiça, é ou não
devido a cada um, deve ser definido em função da dignidade da pessoa
humana
Comutativa – visa corrigir os desequilíbrios que se
Modalidades: verifiquem nas relações contratuais e nos atos
involuntários ilícitos interpessoais
Equidade Distributiva – rege a repartição dos bens comuns
pelos membros da sociedade, segundo o critério de
Forma de solução de igualdade proporcional que atende à finalidade da
conflitos jurídicos que distribuição.
assenta na aplicação Geral ou legal – rege a participação dos membros
da Justiça conforme as da sociedade nos encargos comuns, segundo
circunstâncias critérios de igualdade proporcional
específicas de cada
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caso. Ver art. 4.º CC
Os fins do Direito
Segurança
A segurança internacional, sem a qual não haverá paz entre os povos;
Exemplos
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Os fins do Direito
Declarações dos Direitos Humanos
Ideia jusnaturalista que se vem afirmando desde o séc. XVIII:
declaração dos direitos subjectivos que devem ser reconhecidos
em toda a parte a todo o homem, por derivarem da natureza
deste
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Elementos do conceito de Direito
1. Sistema;
2. Norma;
3. Proteção coativa.
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O Direito como sistema
O Direito é um sistema normativo, ou seja, é um conjunto articulado e
coerente de normas jurídicas ditadas por princípios e orientadas para
certos fins.
Porque
1. o conjunto de regras ou normas se encontra articulado em termos de
coerência, em torno de uma ideia central – a ideia de Direito
2. as suas regras objetivas têm de ser interpretadas de acordo com certos
critérios lógicos e técnicos, em harmonia com a sua função num dado
conjunto
3. os casos omissos têm de ser resolvidos de harmonia com determinados
métodos integradores, que em última análise se reconduzam à descoberta
e aplicação do “espírito do sistema” (art. 10.º, n.º 3, do CC).
4. o conjunto das normas que o compõem está organizado, enquadrado e
enformado por princípios gerais
5. preocupa-se em assegurar, tanto quanto possível, “uma interpretação e
aplicação uniformes do direito” (art. 8.º, n.º3, do CC), estando previstos
diversos modos de garantir a uniformização da jurisprudência
6. nele vigora o princípio da plenitude da ordem jurídica (arts. 10.º e 8.º, n.º 1,
do CC e 20.º da CRP),
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Carateres e aspetos do sistema jurídico
Coercibilidade
O direito atua:
a)Ao impor condutas
Âmbito de aplicação (positivas ou negativas)
b)Ao permitir (autonomia da
Equidade vontade)
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Conceito e estrutura da norma jurídica em
sentido estrito
Noção: em sentido estrito, a norma é um elemento do conceito de
Direito e traduz-se na “ligação de uma estatuição à previsão de um
evento ou situação”.
Estrutura:
a) Previsão – tal como refere Eduardo Norte Santos Silva, a previsão é "o desenho
abstracto de uma situação futura e incerta, à qual, se, e quando, vier a concretizar-
se (a passar do campo da hipótese possível, para o campo do realmente
acontecido) há-de ser aplicado um comando determinando uma conduta, um
comportamento, ou um resultado jurídico“, ou seja, é a representação da vida social
que se pretende regular;
c) Sanção – nas palavras do mesmo autor, "é o resultado onerativo para o agente
destinatário da norma que lhe advém de ter tido um comportamento diverso daquele
que se contém na estatuição, daquele que é imposto pelo comando normativo“, ou
seja, é a consequência da violação da estatuição.
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Carateres da norma jurídica em sentido
estrito
1. Hipoticidade: os efeitos jurídicos que estatui só se
produzem se se verificarem os factos previstos.
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Classificação da norma jurídica lato sensu
Normas éticas Normas técnicas
Em face de determinada Dada uma determinada previsão, a
conduta é um meio de realizar certo
situação deve seguir-se uma fim.
certa conduta. Não se trata de um dever mas de um
Existe um dever. ónus.
O acto contrário é ilícito e O acto contrário não é ilícito mas
acarreta apenas uma sanção em
implica uma sanção. sentido impróprio do termo (uma
Ex.: art. 483º CC. desvantagem)
Ex.: art. 413º CC.
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Normas de diretas Normas indiretas
São aquelas cujos destinatários
são aqueles que pretendem
São aquelas cujos destinatários aplicar normas jurídicas e
são intervenientes na vida resolver problemas de direito.
social. Ex. art. 939º CC.
Ex. art. 406º do CC.
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Normas autónomas Normas não autónomas
Podem produzir efeitos só por si Para produzir efeitos jurídicos,
e contêm em si valoração têm que se ligar a outras
jurídica, imperativa ou normas.
permissiva.
Ex.: normas interpretativas,
Ex.: art. 1323º CC. normas remissivas.
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Outras classificações da norma lato sensu
Normas universais, normas regionais e normas
locais são as que se aplicam apenas
são as que se aplicam
apenas a uma certa
são aquelas que se a uma certa fracção do
fracção do território do
aplicam a todo o território território do Estado, em certa
Estado, em certa
de um Estado região
localidade
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Proteção repressiva: a sanção
A sanção é, tal como define Oliveira Ascensão,
uma consequência desfavorável normativamente
prevista para o caso de violação de uma regra, e
pela qual se reforça a imperatividade desta
Espécies
a) sanções materiais – o aspecto mais relevante é a
alteração da situação da vida social
b) sanções jurídicas – o aspecto mais relevante é a
consequência imposta pela ordem jurídica; projeta-se
sempre primariamente no plano jurídico
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Sanções materiais
a) Sanções compulsórias
Sanção pecuniária compulsória (art. 829.º-A)
Direito de retenção (arts.754.º e ss.)
Cumprimento coativo (art. 828.º)
d) Sanções punitivas
Criminais
Civis
Disciplinares
Contraordenacionais
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Sanções jurídicas
a) Inexistência jurídica: ocorre quando nem sequer
aparentemente se verifica qualquer materialidade de certo ato
jurídico e neste caso nem sequer produz quaisquer efeitos,
não havendo sequer necessidade de um reconhecimento da
sua invalidade.
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Meios de tutela jurídica: justiça pública e
justiça privada
Consoante a qualidade do seu agente protetor, a proteção coativa ou a
tutela dos direitos pode ser:
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Justiça Privada, Autotutela ou Tutela
Privada do Direito (cfr. art. 1º, 2ª parte, do CPC)
a) Ação direta (art. 336.º do CC)
A ação direta é legítima quando ocorrerem os seguintes pressupostos:
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b) Legítima defesa (art. 337.º do CC)
A defesa é legítima quando concorrem os seguintes pressupostos:
1. Agressão ilegal, injusta ou ilícita - é a ilegalidade desta que justifica
que o agredido, defendendo-se, agrida por sua vez, com o fim de obstar
a que o mal se consume;
2. Em execução ou iminente/atualidade - se é agressão passada, não se
justifica a reação; se é futura, poderá recorrer-se aos meios coercitivos;
não há agressão apenas nos casos em que o agente ameaça de
qualquer forma a integridade física do ofendido;
3. Contra a pessoa ou património do agente ou de terceiro - a agressão
pode-se dirigir contra a pessoa ou o património do defendente ou de
terceiro;
4. Impossível recorrer à força pública - só é admitida quando não for
possível recorrer à autoridade pública;
5. Existir racionalidade dos meios empregues - o prejuízo causado pelo
ato não deve ser manifestamente superior ao que resultar da agressão
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c) Erro acerca dos respetivos pressupostos (art. 338.º do
CC)
d) Estado de necessidade (art. 339.º do CC)
Caraterística do estado de necessidade é a reação sobre a esfera jurídica
de outrem por quem está ameaçado por um perigo que não resulta de
agressão alheia. Com isso se distingue da legítima defesa, que é
necessariamente a reacção contra a agressão alheia, atual e iminente.
O estado de necessidade difere da ação direta porque esta visa a
conservação prática de um direito, enquanto naquele se procura evitar a
consumação ou ampliação de um dano.
e) Consentimento do lesado (art. 340.º do CC)
f) Direito de resistência (art. 21.º da CRP)
g) Defesa da posse (art. 1277.º do CC)
h) Defesa da propriedade (art. 1314.º do CC)
i) Direitos reais (art. 1315.º do CC)
j) Tribunais arbitrais (art. 209.º, n.º2, da CRP)
l) Segurança Privada
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Fontes do direito
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Sentidos da expressão “fonte do direito”
Sentido filosófico – é empregue como significando o
fundamento da obrigatoriedade das normas jurídicas.
Sentido sociológico – atende ao factor que determinou
o aparecimento da norma e condicionou o seu
conteúdo.
Sentido político ou orgânico – traduz os órgãos
encarregados de emanar ou produzir as normas
jurídicas.
Sentido instrumental – significa a sede material, o
texto ou diploma legislativo que contem normas
jurídicas.
Sentido técnico-jurídico ou formal – fontes do direito
são os modos de formação e de revelação das normas
jurídicas.
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Em sentido técnico-jurídico, as fontes do direito
podem ser:
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Lei
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Costume
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Jurisprudência
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Doutrina
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Lei: aspeto estático
V. art. 1.º, n.º1, do CC
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Lei: aspeto estático (cont.)
O que caracteriza a lei como fonte de Direito Positivo?
1. Origem: a lei deriva direta e unilateralmente – é um ato jurídico unilateral
– do Estado, é a sua criação, emanação dos órgãos estatais / poder
legislativo
2. Fim: destina-se a produzir Direito; é uma fonte voluntária, consciente,
refletida; é um ato intencionalmente dirigido a esse objetivo
3. Forma escrita
4. Forma solene
CRP
Leis e Decretos-Leis
Decretos Regulamentares
Portarias
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Lei: aspeto dinâmico
O processo legislativo, ou seja, o processo de elaboração de leis
comporta diversas fases ou momentos fundamentais:
1. Elaboração (art. 167.º CRP)
4. Publicação (art. 119.º CRP; art. 5.º, n.º 2, CC e art. 1.º Lei
n.º74/98, de 11 de novembro)
Apreciação preliminar
Debate na generalidade
Votação
Debate na especialidade
Votação
(Eventual) Veto do PR
Promulgação Votação final global
Reapreciação pela AR
Redação do
Referenda ministerial Decreto da AR
Elemento material ou
uso
Requisitos do costume
Elemento Psicológico
ou convicção de
obrigatoriedade
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Classificações do costume
Costume secundum legem
Costume praeter legem
Costume contra legem
Assentos
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Jurisprudência
Os “acórdãos com força obrigatória geral” (art. 119º, n.º1, al. g), da
CRP)
a) A cargo do Tribunal Constitucional:
Pronúncia de inconstitucionalidade com força obrigatória geral, em processos
de fiscalização abstracta preventiva (v. arts. 278.º, 279.º, da CRP);
Declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral, em processos
de fiscalização abstracta sucessiva (v. art. 281, n.º1, al. a), da CRP);
Declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral, de qualquer
norma que tenha sido julgada inconstitucional, pelo próprio Tribunal
Constitucional, em pelo menos três casos concretos (art. 281.º, n.º3, da CRP);
Declaração de ilegalidade, com força obrigatória geral, em processos de
fiscalização abstracta sucessiva da legalidade de normas (v. arts. 281.º, n.º1,
als. b), c) e d);
Declaração de ilegalidade, com força obrigatória geral, de qualquer norma que
tenha sido julgada inconstitucional, pelo próprio Tribunal Constitucional, em
pelo menos três casos concretos (art. 281.º, n.º3, da CRP).
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Doutrina
Noção: “conjunto das noções, teorias e opiniões, formuladas por
escrito pelos teóricos da Ciência do Direito (“jusperitos”, que são
os professores de Direito, que ensinam, os escritores de Direito,
que investigam e publicam os resultados do seu estudo, e os
jurisconsultos, que em pareceres técnicos se pronunciam sobre a
aplicação do Direito aos casos concretos da vida real), que dão a
conhecer aos juristas práticos (designadamente, os técnicos
jurídicos da Administração Pública, os profissionais do foro, os
notários, conservadores, juristas de empresas, solicitadores, etc.),
aos estudantes e aos cidadãos comuns o conteúdo e significado
de um certo ordenamento jurídico (neste caso, a doutrina
“transmite e informa” sobre o Direito vigente), e influenciam os
Poderes legislativo (doutrina é ouvida na maior parte das
reformas legislativas) e judicial (doutrina pronuncia-se sobre a
melhor forma de aplicar o Direito aos casos concretos) no
exercício das respectivas funções”
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Doutrina
É fonte iuris cognoscendi. No entanto, Freitas do Amaral aponta
três situações em que a doutrina funciona como fonte iuris
essendi:
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Relação jurídica
é toda a relação da vida social disciplinada pelo direito e que consiste na atribuição a
um sujeito de um direito subjetivo e na adstrição de outro sujeito a uma vinculação
jurídica
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Alcance da Direito subjetivo propriamente dito traduz-se no poder de
alternativa – exigir ou pretender de outrem um determinado comportamento
obrigações positivo ou negativo. Contrapõe-se-lhe um dever jurídico da
naturais
contraparte, de facere ou non facere.
Direitos de crédito – o dever jurídico impende
sobre pessoas determinadas – daí que lhes
chamem direitos relativos
Direito
subjetivo em Direitos reais e direitos de personalidade –
sentido contrapõe-se-lhes uma obrigação passiva
amplo universal ou dever geral de abstenção que recai
sobre todas as outras pessoas – daí que se
denominem direitos absolutos
Depende unicamente
Direitos potestativos são os poderes jurídicos de por um ato
da vontade do titular de livre vontade, só de per si ou integrado numa decisão
desse direito judicial, produzir efeitos jurídicos que se impõem
Não são direitos necessariamente à outra parte. Corresponde-lhe a sujeição,
subjetivos os a situação em que está a contraparte de ver produzir-se
poderes-deveres ou
poderes funcionais,
necessariamente uma consequência na sua esfera jurídica
nem as faculdades em virtude do mero exercício de um direito pelo seu titular.
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Ramos do Direito
Direito Internacional - é o direito que regula as relações inter-estaduais,
isto é, entre Estados e/ou outras entidades equiparadas a Estados
Direito objetivo
Direito interno - é o direito que regula as relações intraestaduais, isto
é, dentro de um Estado.
Direito Constitucional
Direito Administrativo
Público Direito Financeiro
Direito Fiscal
Direito Penal
Direito interno Direito Processual
Direito das Obrigações
Comum - Direito Civil Direito das Coisas
Direito da Família
Privado Direito das Sucessões
Direito Comercial
Especial
Direito do Trabalho
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Direito Público e Direito Privado
(Genericamente)
Respeita às relações estabelecidas entre Respeita às relações entre particulares,
os particulares e o Estado ou outros entes fundadas na igualdade jurídica, na
públicos, sendo igualmente o direito interno liberdade ou autonomia.
do Estado, da sua orgânica, em que são
dominantes os interesses públicos, e que
se fundam em relações de autoridade, de
disparidade e de heteronomia.
Critérios distintivos
1. Critério ou teoria dos interesses
Serão normas de Direito Público as normas Serão normas de Direito Privado aquelas
que tutelam ou prosseguem um interesse que visam tutelar ou satisfazer interesses
público. individuais.
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Direito Público e Direito Privado (cont.)
2. Critério da posição de supraordenação (supremacia) e infraordenação
(subordinação) ou da natureza do sujeito da relação jurídica
Direito Público disciplinaria as relações entre Direito Privado regularia as relações entre
entidades que estão numa posição de entidades numa posição relativa de
supremacia e subordinação, ou seja, tratar- igualdade ou equivalência, ou seja, as
se-ia das normas dirigidas ao Estado ou a normas que visassem os particulares.
outras pessoas a ele equiparadas.
Crítica: por vezes, o Direito Público regula relações entre entidades numa relação de
equivalência ou igualdade; por outra via, o Direito Privado regula situações onde
existem posições relativas de supraordenação e infraordenação.
Em determinadas situações, determina as vias judiciais a que o particular lesado pelo Estado
deve recorrer ou vice-versa, isto é, determina o tribunal competente, em razão da matéria,
para apreciar a lide (tribunais judiciais/tribunais administrativos).
Por outro lado, a responsabilidade civil decorrente de uma atividade de órgãos, agentes ou
representantes do Estado está sujeita a um regime diverso, consoante os danos sejam
causados no exercício de uma atividade de gestão pública ou de uma atividade de gestão
privada. Se os danos resultam de uma atividade de gestão pública, os pedidos de
indemnização são apreciados por um tribunal administrativo e o regime de responsabilidade
está previsto em lei especial (Lei n.º 67/2007, de 31 de Dezembro). Se os danos resultarem
de uma atividade de gestão privada, será o pedido apresentado nos tribunais judiciais e o
regime está previsto nos arts. 501.º e 500.º do CC.
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Interpretação da lei
Noção - é a investigação intelectual para determinação ou fixação do exato sentido
e alcance da lei, com vista à sua aplicação (art. 9.º do CC).
Classificações da interpretação
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Interpretação da lei (Cont.)
Classificação quanto aos elementos da interpretação
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Interpretação da lei (Cont.)
Classificação quanto aos resultados
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Interpretação da lei (Cont.)
Outras classificações
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Integração de Lacunas da lei (art. 10.º do CC)
a) Analogia - “há analogia sempre que no caso omisso procedam as
razões justificativas da regulamentação do caso previsto na lei” (art.
10º, n.º3, CC), ou seja, sempre que a razão de decidir no caso
omisso e no caso previsto seja a mesma.
A analogia da lei (analogia legis) e a analogia do direito (analogia iuris)
Extensão analógica e interpretação extensiva (art. 11.º CC)
Lacunas rebeldes à analogia – a norma que regule caso contemplado, semelhante
ao omisso, não poderá ser tipificada como norma de direito excecional, ou norma
de direito penal incriminadora (art. 11.º CC, art. 29.º CRP e art. 1.º, n.º3, CP)
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Aplicação da lei
I. Aplicação da lei no tempo
É possível suceder que duas ou mais leis concorram na sua aplicabilidade a um caso
concreto (uma lei encontrava-se em vigor no momento em que o caso acontece,
no tempo em que o fato foi praticado, e foi entretanto revogada ou caducou;
outra lei está em vigor no instante em que o julgador decide), pelo que se coloca
a questão de saber qual das leis deverá ser aplicada.
a) Por vezes, o legislador prescreve expressamente as regras que vão regular a
aplicação temporal da nova lei (direito ou disposições transitórias).
b) Podem igualmente aplicar-se regras gerais que constituem critérios
próprios de certos ramos do direito (v.g. direito processual e direito penal)
c) Art. 12.º, n.º1, CC – a “lei nova só dispõe para o futuro; ainda que lhe seja
atribuída eficácia retroactiva, presume-se que ficam ressalvados os efeitos já
produzidos pelos factos que a lei se destine regular” - Princípio da não
retroatividade da lei
d) Art. 12.º, n.º2, CC
i. A lei que se destina a regular as condições de validade substancial ou formal de
quaisquer fatos ou sobre os seus efeitos só se aplica aos novos fatos, ou seja, aos fatos
que venham a ocorrer após a sua entrada em vigor.
ii. A lei que se refere diretamente ao conteúdo de certas relações jurídicas, isto é,
reguladora de direitos e deveres de que são titulares os respetivos sujeitos aplica-se não
só às relações jurídicas que depois se constituam, mas também às relações já
constituídas.