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ORALIDADE E ESCRITA

ENSINO TRADICIONAL E LINGÜÍSTICA APLICADA

Gleiciane Rosa Vinote (UBM)

INTRODUÇÃO

Atualmente, nas escolas, o ensino tradicional de gramática não tem sido suficiente para
desenvolver a produção textual do aluno. Por outro lado, os estudos da Lingüística
Aplicada vêm sendo abordados como capazes de exercer essa tarefa. Uma das sugestões
desta ciência é o trabalho com a oralidade. Surge com isso a necessidade de se
investigar como o ensino tradicional trabalha o texto e se realmente há diferenças entre
esse ensino e as novas práticas propostas pela Lingüística Aplicada, no que diz respeito
especificamente no trabalho com a oralidade.

Sendo assim, os objetivos deste trabalho são: comparar as propostas do ensino


tradicional com as propostas da Lingüística Aplicada, em relação ao trabalho com a
oralidade na sala de aula e propor algumas atividades para serem realizadas em sala de
aula.

Muito se discute a respeito do ensino de língua materna na sala de aula. Os professores


têm conhecimento de que o ensino tradicional deve ser mudado e que as abordagens da
Lingüística Aplicada não podem ser desconsideradas. Porém, os professores não
conseguem colocar em prática esse conhecimento. Portanto, é importantes a
apresentação de propostas de trabalhos com a oralidade na sala de aula, utilizando tanto
a produção como a recepção de textos.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Ensino do texto segundo a Gramática Tradicional

Um trabalho mais corrente e mais antigo com a Língua Portuguesa baseia-se na idéia de
que estão na gramática tradicional as regras estabelecidas por aqueles que conhecem
melhor a língua, com o objetivo de levar os indivíduos a escreverem corretamente. Essa
intenção pode ser observada na última edição da gramática, para sala de aula,
apresentada por Bechara:

“Entregamos aos colegas de magistério, aos alunos e ao público estudioso de língua


portuguesa esta edição, revista, ampliada e atualizada, levado que estamos pelos
mesmos propósitos que nos fizeram, em 1961, trazer à luz a Moderna Gramática
Portuguesa” (BECHARA,1999: 19).

As propostas da gramática tradicional estão centradas no padrão culto da língua escrita,


sendo as outras modalidades consideradas desvios. Dessa forma, os alunos que não
utilizam a variante culta, na escola e na sociedade, sofrem preconceitos, uma vez que
norma culta é sinônimo de língua portuguesa exemplar. Observa-se, então, que há um
descaso da escola com as demais variedades, pois não leva em conta que a criança
aprende sua língua quando começa a falar.

A gramática tradicional, como considera Marcos Bagno (2004), só analisa frases,


todavia ninguém fala por meio de frases soltas, o que as pessoas produzem são textos.
As frases soltas, segundo o lingüista, são analisadas, sem levar em consideração o
contexto em que estão inseridas, ou seja, a comunicação. Por isso, o investimento
exclusivo no ensino da gramática tradicional não tem sido suficiente para criar uma total
autonomia dos alunos no que se refere à produção textual, já que eles não sabem aplicar
no texto as regras que aprendem.

O ensino do texto segundo a Lingüística Aplicada

Para Moura Neves (2002), a escola deve levar o aluno a atingir o desenvolvimento
lingüístico, entretanto os professores fragmentam o ensino quando o dividem em leitura
e compreensão, estudo da evolução da literatura, gramática e produção textual. A
segmentação não permite aos alunos refletirem e operarem sobre a linguagem, o que
eles fazem inicialmente é ler/interpretar, e, posteriormente, analisar a língua, ou seja,
fazem atividades realizadas em momentos distintos que não os levam ao
desenvolvimento da capacidade lingüística.

Segundo Moura Neves (2002), um ensino gramatical, com sentido e eficácia, deve
basear-se nos conteúdos apresentados por textos dos próprios alunos e de outros autores,
trata-se de ensino de língua e não só de gramática. Assim, o papel dos professores de
Língua Portuguesa não é fazer com que os alunos adquiram somente uma variante da
língua, mas levá-los a ampliarem seus conhecimentos com variantes regionais e outros
níveis de formalidade de uso dessa língua.

Para Marcos Bagno (2004), esse ensino deve partir da valorização da língua falada, já
que é a modalidade de língua que os indivíduos aprendem naturalmente desde a infância
e que está em constante transformação. Para ele, não é possível desconsiderar as
evoluções lingüísticas na sala de aula e viver na concepção milenar da gramática
tradicional sob o domínio da língua escrita. A língua falada possui suas especificidades
as quais precisam ser trabalhadas.

Já os estudos gramaticais precisam ser desenvolvidos de forma a ampliar a capacidade


comunicativa do aluno. Sendo assim, o professor deve partir da produção e recepção de
textos de diferentes variedades lingüísticas, mostrando sua aplicação de acordo com o
contexto. Neste caso, a gramática aparece como uma prática textual-discursiva e de uso,
porque a língua é manifestada em textos por meio da interação, conforme mostram os
PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998).

Os PCN (1998) enfocam que o ensino gramatical não deve ser desarticulado das
práticas de reflexão da linguagem, da leitura e da produção de textos, uma vez que por
configuram uma totalidade. Quando for preciso fazer recortes para facilitar o estudo,
eles devem estar relacionados com outros elementos pertencentes ao processo. Por isso,
as unidades de ensino, texto, gramática e produção de textos, sempre devem estar
articuladas.
A oralidade na sala de aula

Muitos alunos têm dificuldade de escrever pelo fato de o fazerem como falam. Por isso, a escola deve
trabalhar a oralidade, mostrando as diferenças e semelhanças entre estas duas modalidades lingüísticas, fala e
escrita.

O educando precisa saber que para a língua falada, não existe uma gramática pronta e que há
diferenças léxicas na constituição de textos falados e de textos escritos, uma vez que a escrita possui palavras
mais longas, um vocabulário mais variado e mais adjetivos atributivos.

Além disso, segundo Fávero (1999), professor deve reforçar a noção de que a interação da fala é face a
face e da escrita é à distância, por isso a fala não é previamente planejada e a escrita sim. A escrita pode ser
revisada e a fala não admite apagamento, ao se escrever podem ser feitas consultas e ao falar não. A fala
mostra seu processo de criação e a escrita mostra o resultado.

SUGESTÕES PARA O TRABALHO COM A ORALIDADE EM SALA DE AULA

É importante ressaltar que os estudos gramaticais não devem ser abandonados. Pelo
contrário, precisam ser trabalhados de forma a ampliar a capacidade comunicativa do
aluno. Para isso, o professor deve partir da produção e da recepção de textos, porque é
no texto que as palavras ganham sentido. O texto dá ao aluno um panorama geral da
língua em funcionamento e não um panorama fragmentado.

As sugestões de atividades que seguem privilegiam o trabalho com textos, embora não se deva
esquecer de que o trabalho com a gramática teórica, segundo Travaglia (2001), deve ser utilizado como um
recurso a mais no desenvolvimento da capacidade comunicativa do aluno. Para o autor, o conhecimento da
gramática teórica é importante, já que permite ao aluno conhecer a língua como uma instituição social.

A visão corrente em relação à concordância verbal é que quem não a domina, não domina o padrão
culto da língua. Porém, até pessoas cultas, ao falarem, deixam de empregar, por vezes, regras de concordância
de verbal. Como já foi dito, o aluno precisa reconhecer que há diferença entre a fala e a escrita e que a falta de
concordância verbal nem sempre é aceita, principalmente na escrita.

1) Reflita a respeito da música “Inútil” interpretada pela banda “Ultraje a rigor”, respondendo às
questões abaixo:

Inútil

A gente não sabemos escolher presidente


A gente não sabemos tomar conta da gente
A gente não sabemos nem escovar os dente
Tem gringo pensando que nóis é indigente

(Refrão)

Inútil
A gente somos inútil

A gente faz carro e não sabe guiar


A gente faz trilho e não tem trem pra botar
A gente faz filho e não consegue criar
A gente pede grana e não consegue pagar

(Refrão)

A gente faz música e não consegue gravar


A gente escreve livro e não consegue publicar
A gente escreve peça e não consegue encenar
A gente joga bola e não consegue ganhar

a) Há nessa música alguma ocorrência inadequada em relação ao padrão culto da língua? Justifique:
b) Há nessa música particularidades em relação à concordância do verbo. Qual a intenção do autor ao
utilizar esse recurso?

c) A música “Inútil” se aproxima da língua falada. Justifique essa afirmação.

d) Reescreva essa letra, transformando-a no padrão culto da língua.

e) Ao realizar a transformação, a mensagem da música perdeu seu significado? Justifique.

2) O texto que segue se refere a sujeitos no plural, reescreva-os fazendo referência ao sujeito no
singular. Faça as alterações necessárias.

Ônibus de torcedores, vindos principalmente do Rio de Janeiro, serão fiscalizados pela Polícia
Militar e poderão ser apreendidos se forem encontrados fogos de artifício, armas, bebida alcoólica,
drogas, paus ou bambus. Os integrantes das caravanas serão levados para a 93ª DP e impedidos de
assistirem ao Fla-Flu de hoje à noite, no Estádio da Cidadania.

Pelo critério armado pela PM, os primeiros ônibus a deixarem a cidade serão os alugados pela
torcida que sair vencedora do clássico. Meia hora depois partem os ônibus dos perdedores.

(Diário do Vale, 21/09/2005).

3) O texto que segue é a reprodução da língua falada. A fala coloquial, por vezes, apresenta a não
concordância verbal. Observe no texto abaixo as inadequações no que se refere a esse aspecto e faça as
devidas correções.

Tava tendo um baile na pracinha


Daí veio dois homens de carro
E chegou uma moto e bateu no carro
Os cara da moto caiu e teve fratura
Daí levaram os homens pro médico

Após esses exercícios, o professor deverá explicar que os indivíduos no uso da fala coloquial, tendem a
não fazer a concordância do verbo. Entretanto, um texto escrito na modalidade formal não admite esse
fenômeno.

Os erros de pontuação são bastante freqüentes e acarretam problemas de compreensão do texto. O


papel do professor é levar o aluno a entender que o uso inadequado da pontuação pode prejudicar o sentido do
texto. Na fala, a pontuação é representada pela pausa na respiração e entonação da voz.

1) Leia o texto “Noites do Bogart”, de Luis Fernando Veríssimo, e responda às questões seguintes:

Noites do Bogart

– Ana Paula...

– Jorge Alberto!

– Escuta, eu...

– Jorge Alberto, este é o serge, meu namorado. Serge, Jorge Alberto, meu ex-marido.

– Prazer, Sérgio. Ana, eu...

– Serge.

– Hein?

– O nome dele não é Sérgio, é Serge.

– Ah. Escuta, eu posso sentar?

– Claro!

– Você Parece ótima.

– Eu estou ótima. Nunca estive tão bem.

– Pois é, Ana. Sei lá. Você não devia estar assim, tão bem. Desculpa, viu, Sere? Ele fala
português?
– Ele é de Canoas.

– Ah. Desculpa, viu, Serge. Não tem nada a ver com você, mas puxa. Ana! Nós nos separamos
há, o quê? Três semanas? E você está aí, radiante.

– Você queria que eu estivesse o quê? Arrasada?

– Não, podia estar bem. Mas na assim, em público, pô.

– Ah, você acha que eu não devia sair de casa?

– Olha, depois que meu pai morreu, minha mãe levou dois anos para parecer na janela.
Entendeu? Não sair de casa: aparecer na janela.

– Mas Jorge Alberto, você não morreu. Eu na sou viúva. Nós só nos separamos. A vida continua,
meu querido! Serge, não repare.

– Mas aqui, Ana? Logo aqui? Lembrada última vez que nós dançamos juntos? Foi aqui.

– Lembro muito bem. Aliás, foi na noite em que nós nos decidimos nos separar.

– Pois então. Isso não significa nada para você? Eu não quero bancar o antigão e tal, Ana. Mas
algumas coisas devem ser respeitadas. Alguns valores ainda resistem, pombas!

– Mas vem cá: Você também não está aqui?

– Sim, mas olha a minha cara. Eu pareço radiante? Vim aqui curtir fossa. Estou sozinho. Não
estou me divertindo. Homem pode sofrer em bar. Mulher não.

– Mas eu não estou sofrendo, estou ótima.

– Exatamente. E está pegando mal pra burro. Você Não podia fazer isso comigo, Aninha.

– Eu não acredito...

– Deixa eu perguntar pro Serge aqui...

– Deixa o Serge fora disto.

– Não, o Serge é homem e vai me dar razão. Serge, suponhamos o seguinte...

a) O texto reproduz características da fala. Exemplifique essas características com trechos do texto.

b) Em certas partes do texto observa-se maior apego às regras da escrita do que às da fala, dando a
entender que o que está escrito não representa o que deveria ser dito. Justifique e exemplifique essa afirmação
com trechos do texto.

c) Observe a pontuação das duas primeiras frases do texto e diferencie o estado de espírito de Ana
Paula e Jorge Alberto.

d) Explique o papel das reticências nesse texto e explique por que elas são mais presentes na fala de
Jorge Alberto.

e) Diferencie o efeito de sentido do ponto de exclamação empregado nas falas de Ana Paula e de Jorge
Alberto.

f) Explique o significado do constante uso da interrogação.

3) selecionar uma notícia de jornal e a copiar sem usar sinais de pontuação. Trocar as notícias com seus
colegas, ou seja, pontuar a notícia do outro. Em seguida, comparar o texto redigido com o original e observar
as diferenças e os motivos pelos quais utilizaram ou não determinado sinal de pontuação.

Os erros mais freqüentes de ortografia são os de identificação entre fonemas e letras; os decorrentes da
influência do aluno (subjetivo) e os decorrentes do modo de pronunciar as palavras. A ortografia faz parte de
uma convenção, os países que falam o mesmo idioma se reúnem e decidem como serão grafadas as palavras
por meio e uma convenção ortográfica. Na elaboração de um texto, que tem objetivo de seguir a norma culta, a
não observação da ortografia correta diminui a credibilidade do redator. Sendo assim, é importante que o
trabalho com a língua portuguesa também vislumbre tarefas que colaborem para a sedimentação das regras
ortográficas em benefício da boa comunicação.

1) Reescreva o texto que segue, eliminando a grafia inadequada de acordo com a modalidade culta da
língua.
Era uma vez um robo que se chamava pinoque.

Um dia um homem comesou a tamformar um pinoqueo que seria seu filho


querido. ia da uma dedicasão para ele ele foi a escola estuda.

E seus amigos comesou a ri dele cassou dois amigo na rua e covidou ele para
ir para um cinema. Seu pai falou com ele nais ele não obedeseu falou netira
seus nariz queceu.

Ele nunca mais falou netirar virou uma pessoa e seu amigo comesou a gosta
dele.

Embora saibamos que, de acordo com Koch e Travaglia (2002), a coesão não garante a coerência, esse
também constitui um aspecto importante para o processamento adequado do texto, ou seja, para que ele seja
compreendido. Isso se deve ao fato de a coesão estar relacionada à clareza das idéias. Sendo assim, é
relevante que se trabalhem atividades que levem os alunos a refletirem sobre os conceitos de coesão e de
coerência e a evitarem alguns erros comuns na redação de textos, como a existência de orações incompletas e
sem conexão; escolha inadequada de elementos de ligação; ambigüidade de referência anafórica. Observemos
a sugestão que segue:

1) Reescreva o texto abaixo com a finalidade de torná-lo mais objetivo. Para isso, elimine as
redundâncias, pontue-o e reordene-o, se necessário.

Observação: caso existam erros ortográficos, eles poderão também ser corrigidos.

Pinóquio 3000

Era uma vez um senhor de idade que se chamava Gipeco ele era muito inteligente até que
construiu um pingüim chamado Senhor Estubou com o passar do tempo Gipeco construiu um robô
com o nome de Pinóquio e nesse robô também colocou inteligência tecnológica 3000 Gipeco todo
feliz já foi logo ensinando a Pinóquio as coisas ruins e boas da vida dizendo que existia um homem
muito ruim que era o prefeito ele era muito rico e com sua riqueza construiu um parque só para as
crianças humanas.

Gipeco com tanta felicidade colocou Pinóquio na escola. Pinóquio todo feliz
partiu pra lá e conheceu uma menina muito severa até mesmo cruel, esta
menina dizia para o Pinóquio que ele não poderia estudar por ele ser robô então
Pinóquio já foi logo dizendo para ela – posso estudar sim sou criança feito você
então eu tenho direito a estudar.

Pinóquio então entrou no colégio e lá conheceu pessoas boas e ruins como a


filha do prefeito.

CONCLUSÃO

Diante do que foi apresentado, pode-se concluir que o ensino tradicional tende a
trabalhar apenas com a modalidade culta escrita da língua, não considerando a língua
falada. Para isso, utiliza frases soltas, desconsiderando a situação comunicativa. Já a
Lingüística Aplicada valoriza o trabalho com o texto e com as diversas variedades
lingüísticas, tornando o estudo gramatical uma prática textual-discursiva, o que facilita
a compreensão e a utilização adequada da língua.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAGNO, Marcos. Português ou brasileiro? um convite à pesquisa. 4ª ed. São Paulo:


Parábola, 2004.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Lucema,
1999.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares de Língua


Portuguesa – 3º e 4º ciclos. Brasília: MEC/SEF, 1998.

FÁVERO, Leonor Lopes; ANDRADE, Maria Lúcia C.C.O.; AQUINO, Zilda G.O.
Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua materna. São Paulo: Cortez,
1999.

KOCH, Ingedore Grunfiled Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coesão textual. 13a.
ed. São Paulo: Contexto, 2002.

NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática na escola. 5ª ed. São Paulo: Contexto,
2001.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de


gramática no 1º e 2º graus. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

http://www.filologia.org.br/viiifelin/35.htm

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