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Módulo 3
de Apoio
Serralharia de Bancada
Disciplina
Práticas Oficinais
MÓDULO 3
Curso Profissional de Manutenção Industrial
- Serralharia de Bancada -
Índice Programático
1. Desbaste e corte
2. Furação e roscagem
5. Forjagem
6. Tratamentos térmicos
INTRODUÇÃO
Este módulo visa desenvolver as capacidades do aluno na realização do trabalho em bancada com recurso a
ferramentas manuais ou a equipamentos mecânicos, eléctricos ou pneumáticos ligeiros.
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Curso Profissional de Manutenção Industrial
O aluno adquirirá princípios de organização de trabalho, devendo interpretar correctamente um desenho,
seleccionar o método de execução mais adequado e utilizar eficientemente as ferramentas e/ou o equipamento.
Vamos fazer uma descrição sucinta das principais ferramentas de bancada. Pretende-se proporcionar ao
aluno, através dessa descrição e de uma ilustração, um primeiro contacto com as ferramentas que ele vai aprender
a manusear nas aulas práticas.
Com guilhotina
Corte sem levantamento de apara
Com tesoura manual
Serragem
Aplainamento manual
Aplainamento Mecânico
Operações de corte
Furação
Corte com levantamento de apara
Roscagem
Torneamento
Fresagem
Rectificação
1. DESBASTE E CORTE
LIMAGEM
É uma operação de corte com levantamento de apara e destina-se a retirar material nas peças metálicas,
utilizando ferramentas chamadas de limas.
Lima paralela
Lima triangular
Lima de meia-cana
Quanto à sua forma
Limatão redondo
Limatão quadrado
Bastardas
4” ou 100 mm
6” ou 150 mm
8” ou 200 mm
Quanto à sua dimensão
10” ou 250 mm
12” ou 300 mm
A acção de limar
Basicamente há três formas de trabalhar com a lima:
Limagem recta: movimento de vaivém longitudinal. A lima é empurrada sobre a peça directamente para a
frente ou ligeiramente na diagonal.
Translimagem: com as mãos segura-se as extremidades, a lima é empurrada e puxada sobre a peça.
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Limagem em torno: a lima é movimentada contra a peça, que gira num torno. Para peças que possam ser
danificadas devido à pressão no torno, devem ser colocados mordentes de zinco, cobre ou alumínio entre elas e as
garras do torno.
O modo de segurar
O cabo deve ficar acomodado na palma da mão, mais próximo da base do dedo mínimo. O polegar deve
segurar o cabo em posição paralela ao comprimento deste. Na outra mão, a ponta da lima deve ficar presa entre o
polegar e os dedos indicador e médio. Se o movimento não exigir muita pressão, o polegar da mão que segura a
ponta pode ficar num ângulo recto em relação ao comprimento da lima.
Para limar peças que não estão presas a um torno ou a uma morsa, geralmente o dedo indicador é colocado
sobre o cabo, em linha com a lima
A movimentação da lima
Para uma limagem plana, os movimentos devem ser para frente, numa linha praticamente recta. O curso
deve ser modificado apenas o suficiente para evitar sulcos na peça. Deve-se evitar o movimento de vaivém, pois
este produzirá superfícies arredondadas. O movimento para trás deve ser leve, para não prejudicar a estrutura dos
dentes da lima.
A aplicação excessiva ou insuficiente de pressão na lima durante o trabalho reduz rapidamente sua vida útil.
Cada material necessita de uma pressão diferente. E isso se obtém com a utilização da lima correcta. É inútil e
contraproducente tentar alcançar um desbaste maior com excesso de pressão, por exemplo. Para isso, deve ser
utilizada uma lima mais resistente.
SERRAGEM MANUAL
E uma ferramenta de corte, constituída por uma armação com pega e por uma lâmina, também designada
por folha.
As lâminas são substituíveis. Normalmente, as armações são ajustáveis, permitindo a montagem de lâminas
de diferentes comprimentos.
As lâminas são feitas de aço ao carbono ou aço rápido, podendo ser toda temperada ou somente temperada
na zona dos dentes. Estes têm um passo variável de 0,8 a 1,8 mm, sendo os passos finos uti lizados para o corte
de chapas finas e tubos e os passos grossos para o corte de varão ou outros perfis de cobre, latão ou ferro As
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lâminas são feitas de aço ao carbono ou aço rápido, podendo ser toda temperada ou somente temperada na zona
dos dentes. Estes têm um passo variável de 0,8 a 1,8 mm, sendo os passos finos uti lizados para o corte de chapas
finas e tubos e os passos grossos para o corte de varão ou outros perfis de cobre, latão ou ferro.
SERROTE MANUAL
ESCOPRO E BURIL
TESOURA MANUAL
TESOURA GUILHOTINA
2. FURAÇÃO E ROSCAGEM
FURAÇÃO COM O BERBEQUIM ELÉCTRICO
3 - No modelo eletrónico, você pode regular o número de rotações do berbequim conforme a pressão
que exercer sobre o botão A. Deste modo, se precisar de um arranque suave e controlado exerça uma
pequena pressão sobre o interruptor, conforme for aumentando a pressão o número de rotações
também aumentará.
4 - Antes de iniciar a furação em qualquer tipo de superfície, escolha a broca adequada e encaixe-a na
bucha. Em seguida, aperte os três orifícios da peça utilizando a chave da bucha que acompanha o
berbequim. Não se esqueça de colocar óculos de segurança, luvas e protectores de ouvido no caso da
realização de um trabalho de maior duração.
5 - Para furar alvenaria você deve utilizar brocas para concreto com ponta de metal duro (wídia). Escolha
o diâmetro da broca de acordo com o diâmetro da bucha utilizada. Marque o ponto a ser furado e
proteja-o com fita crepe. Utilize a posição com impacto.
6 - Quando for furar azulejos, tome cuidado com os locais onde passam fios, tubulações de água e gás.
Utilize o mesmo tipo de broca indicada para furar alvenaria (com ponta de metal duro - wídia ) e proceda
da mesma forma indicada no item 5, mas não se esqueça de colocar o berbequim na posição sem
impacto. Após a perfuração do azulejo, continue a furação na posição com impacto.
7 - Para furar madeira utilize a broca de aço carbono, preferencialmente, a broca com 3 pontas. Tome os
mesmos cuidados descritos nos casos anteriores. No caso da broca com 3 pontas, antes de ligar a máquina,
crave a broca na madeira, em seguida ligue-a e comece a furar. Utilize a posição sem impacto.
8 - Para furar metais (aço, alumínio, etc.) e madeira dura utilize brocas de aço rápido. Proceda da mesma
forma descrita nos outros casos (alvenaria e madeira) e utilize a posição sem
impacto.
10 - Também no caso do berbequim electrónico para desatarraxar parafusos ou porcas você pode alterar a rotação
do motor do berbequim (função reversão). Basta posicionar a alavanca de reversão de rotação em L (esquerda). A
posição R correspondente ao sentido da direita (só altere o sentido da rotação quando a máquina estiver parada).
MACHO DE ROSCAR
E uma ferramenta que permite roscar interiormente furos previamente abertos com broca.
PORTA-MACHOS
Ferramenta em forma de barra que tem no centro uma
CASSONETE DE ROSCAR
É uma ferramenta que permite abrir roscas externas em veios ou tubos. É
uma peça com forma circular, de aço-ferramenta temperado, com uma rosca
interior interrompida por três ou quatro sulcos longitudinais, onde se formam
as arestas de corte. A execução de uma rosca exige mais do que uma passagem.
As caçonetes são partidas e têm parafusos que permitem reduzir o diâmetro
entre cada massagem até que a correcta profundidade da rosca seja obtida. CASSONETE DE ROSCA
TARRACHA
É uma ferramenta que consiste numa barra comprida, dotada de
um centro largo, no qual se montam as caçonetes para abertura de roscados
exteriores, manualmente.
MANDRIL
- Quinagem
É uma operação que normalmente
sucede ao corte e consiste em obter
objectos ou formas determinadas a partir de
chapa onde se formam duas ou mais planos
separados por ângulos vivos, sem alterar a
sua espessura inicial.
Fig. - Quinadeira
- Curvar (Calandrar)
Curvar uma chapa é dar-lhe forma de superfície curva, planificável, entendendo-se como tal, o ser possível
estendê-la sobre uma superfície plana sem sofrer deformação.
- Estampagem
A obtenção de peças feitas de chapas de pequena espessura, com um determinado
perfil, era conseguida através de operações manuais que davam a forma pretendida aos
metais. As operações de martelagem manual de chapas, permitiam obter peças, como:
pratos, lâmpadas, etc. Hoje em dia, um determinado perfil é produzido a partir de um
esboço cortado de uma chapa, por extensão e contracção das dimensões iniciais, feito com
recurso a equipamentos accionados mecânica ou hidraulicamente. Nas prensas de
accionamento mecânico, a energia é armazenada num volante e posteriormente
transferida, através do êmbolo e da ferramenta, para a peça a deformar. As prensas Fig.- Conjunto punção
mecânicas actuam rapidamente e por pancada de curta duração. As prensas hidráulicas matriz
actuam mais lentamente, através da aplicação, progressiva e de maior duração, da força. As prensas utilizam
punções e matrizes, para a deformação das peças. O punção é a ferramenta convexa que actua sobre o material a
deformar, de modo a forçá-lo a adaptar -se à matriz, a ferramenta côncava.
Normalmente é o punção a peça móvel, mantendo-se a matriz fixa. Para garantir o alinhamento perfeito
entre o punção e a matriz, as duas ferramentas têm guias.
- Dobragem
A dobragem, transforma elementos rectos de chapa ou placas metálicas
em elementos curvos. Pode fazer-se a dobragem de um elemento metálico, para
que esse elemento adquira uma determinada forma, que é a forma final da peça.
Mas em outros processos de deformação, a dobragem pode ocorrer,
sendo responsável por uma parte da deformação sofrida pela peça. Numa tira de
chapa metálica com largura b e espessura h, podemos traçar uma linha
imaginária, linha neutra, a todo o comprimento da peça e a meio da sua
espessura. Na dobragem, alinha neutra, a partir de determinado ponto, vai sofrer
uma mudança de direcção. O ângulo , formado pelas direcções dos dois tramos
da linha, é chamado
ângulo da dobragem.
O raio R da dobragem,
é o raio de curvatura
da superfície côncava
da peça dobrada.
f T 0 h / 2
K
0 Tf h / 2
- Cunhagem
A cunhagem é um processo de deformação plástica dos materiais, a frio, no qual uma porção de material a
trabalhar é colocada numa matriz e depois forçada, por uma pressão elevada aplicada a um cunho, a adquirir a
forma da matriz e do cunho. É o processo usado para a obtenção de moedas, medalhas e jóias. A matriz e o cunho
têm os relevos pretendidos para as superfícies da peça cunhada. As operações de cunhagem são efectuadas em
máquinas semelhantes às usadas em forjamento em matriz. Na cunhagem o esboço de material utilizado, tem
dimensões muito próximas das dimensões da peça final. Quando as tolerâncias das dimensões da peça são muito
apertadas, é frequente fazer-se a cunhagem sobre um esboço sobredimensionado e numa etapa final fazer o corte
da rebarba. A cunhagem, em geral, limita-se a alterar as superfícies do esboço, não provocando grandes alterações
na espessura do material.
- Embutissagem
Repuxagem
A repuxagem é utilizada para obter peças profundas de revolução. A
repuxagem é feita, geralmente, num torno. O disco metálico é fixado pelo
seu centro, sobre um bloco de modelação girando a alta velocidade. São,
depois, aplicadas forças que empurram progressivamente a chapa contra o
bloco, por meio de ferramenta manual ou por roletes.
As ferramentas usadas têm as pontas arredondadas e actuam com
lubrificação. A espessura das chapas a repuxar, pode chegar a 6 mm,
podendo ser trabalhados materiais como aço macio, bronze, alumínio e
cobre no fabrico de vasos, recipientes, bases de candeeiros, reservatórios,
reflectores e utensílios de cozinha. Fig. - Repuxagem
5. FORJAGEM
A principal vantagem do forjamento, como processo de trabalho, consiste na sua economia, juntamente
com uma melhoria das características mecânicas.
Comparação entre os diferentes processos de obtenção de peças e o forjamento:
- No processo de arrombamento ou arranque de apara há, como o próprio nome do processo diz, arranque
de material, o que é um grande desperdício para além das peças não ficarem tão resistentes, uma vez que há corte
das fibras. Isto não acontece no forjamento uma vez que as peças, neste caso, ficam com uma espécie de
continuidade fibrosa. As peças de grande responsabilidade são fabricadas por forjamento (cambotas dos motores,
bie1as, etc.).
- O forjamento relativamente à fundição tem a vantagem de dar peças de melhor acabamento uma maior
economia de mão-de-obra, uma vez que o forjamento é normalmente feito à máquina, e em determinados casos
ser praticamente impossível ou de difícil realização, como é o caso da execução de fios, tubos, perfilados, chapas,
O coeficiente de forjamento ou de laminagem é a relação entre as áreas das secções primitivas e finais,
antes e depois da operação.
Quando o coeficiente de forjamento for da ordem dos 4 ou 5, somente se verifica uma certa orientação dos
núcleos dos cristais ou grãos, que irão constituir as fibras. Se for superior a 50, a estrutura do aço apresenta-se já
nitidamente fibrosa.
O coeficiente de forjamento pode atingir valores da ordem de 100 e mesmo superior.
Temperatura de forjamento
A grande maioria das peças obtidas por forjamento é obtida a quente. A temperatura de forjamento, para
cada material, depende da sua composição e não deve ser excedida nem diminuída.
Para se determinar a temperatura a que está um determinado material tem de se ter aparelhos especiais -
os pirómetros. Para os aços vulgares e alguns de liga, podemos avaliar a temperatura pela cor que apresentam:
Fig - Processos de
compressão indirecta
Quando as forças aplicadas tracionam o material de maneira a que ele se deforme adquirindo a forma da
matriz, como no caso do estiramento, tem-se um processo de tracção.
Quando se aplicam momentos flectores ao material a deformar, trata-se de um processo de dobragem,
exemplificado pela dobragem ou quinagem.
Se as forças aplicadas ao material são forças de corte, tem-se um processo de corte.
Cristais recuperados
após deformação
Forjamento universal
O forjamento universal é um processo de obtenção de peças metálicas através da deformação plástica e
com ferramentas animadas de movimento de translação, agindo por choque ou por pressão em matriz plana
aberta ou matriz de forma muito simples. Habitualmente é usado para fabricar peças grandes ou em número muito
pequeno. Tem uma grande aplicação para a preparação da forma da peça, que será posteriormente trabalhada em
matriz fechada. Pode ser classificado em pesado, médio e ligeiro, em função do peso das peças a fabricar. As peças
fabricadas uma a uma, são executadas por uma sucessão de operações elementares.
Fig. – Estiramento
É muito usado no fabrico de peças com grandes raios de curvatura,
nomeadamente peças para a indústria aeronáutica, mobiliário e fabrico de cabines. Um exemplo de peças
fabricadas por estiramento são os fundos hemisféricos de chapa. Apenas pode ser aplicado a materiais muito
dúcteis. Não ocorrem, no estiramento, os fenômenos de retorno elástico do material deformado, porque as
tensões de deformação são uniformemente distribuídas.
- Nervurar
Nesta operação delimitam-se zonas de secções diferentes na peça e
fazem-se as concordâncias entre elas.
Fig. - Estiramento
- Encalcar
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É uma operação destinada a aumentar a secção na parte central de uma peça, através da aplicação de forças
nos topos. Devido ao atrito a peça deforma-se menos nos topos, em contacto com as matrizes. Se a peça tiver uma
forma cilíndrica no início, tomará a forma de barril após o encalcamento.
- Fechar tubos
É uma operação corrente na fabricação de reservatórios de alta pressão.
Consiste no arredondamento do topo de um tubo, com recurso a matrizes abertas com
a forma pretendida.
- Forjamento em matriz
O forjamento em matriz é um processo de transformação dos metais, por
prensagem ou martelagem a quente, com o objectivo de lhes dar uma determinada
forma. Fig. - Fechar tubos
O projecto de uma peça a forjar em matriz fechada, inclui os seguintes passos, para determinar:
- o volume e peso da peça a forjar
- o número de fases e as formas a obter em cada fase de pré-configuração
Equipamentos de forjar
- Martelos de queda livre são compostos por
uma prancha, a que se encontra ligada a
matriz superior e a massa que constitui o
martelo, que é accionada por dois rolos de
atrito. Os rolos, quando comprimidos contra
a prancha, elevam a prancha levando consigo
a massa e a matriz. Quando é atingido o
ponto superior, os rolos são afastados e a
prancha cai por acção da gravidade. Este ciclo
Fig. - Martelo a vapor
é repetido a cadências entre 60 e] 50
pancadas por minuto. A energia fornecida em cada
Fig. - Martelo de queda livre com
prancha pancada é igual à energia potencial e depende da massa e da altura da queda.
- Prensas mecânicas
As prensas mecânicas podem ter accionamento mecânico ou hidráulico, sendo classificadas
em função da força desenvolvida no final do curso.
A prensa mecânica utiliza uma manivela, que transforma o movimento de rotação em
movimento linear alternativo da haste da prensa. O curso destas prensas é menor do que o
dos martelos ou das prensas hidráulicas. O máximo valor da força, é obtido quando amassa
se encontra próxima da posição média do percurso. Podem fornecer de 300 a 12 000
toneladas. A aplicação da força é feita de modo progressivo e não por impacto. As
matrizes de forjamento, podem ser de menores dimensões e têm maior durabilidade,
quando comparadas com as matrizes de forjamento para martelos.
- Prensas hidráulicas
As prensas hidráulicas, permitem variação da velocidade de aplicação da força. O tempo
de aplicação da força é grande, o que permite obter reduzidas tolerâncias dimensionais.
Podem fornecer forças de 500 a 18 000 toneladas.
6. TRATAMENTO TÉRMICOS
INTRODUÇÃO
Os tratamentos dos materiais são um assunto cujo estudo faz parte do programa da disciplina de
"Tecnologias" e no qual os aspectos teóricos são abordados com relativa profundidade, essencialmente no que diz
Tratamentos são processos a que os materiais são submetidos com a finalidade de melhorar determinadas
propriedades, essencialmente as propriedades mecânicas.
Em muitos manuais, o estudo dos tratamentos é restringido aos aços. Na verdade, de todos os materiais
metálicos, são as ligas ferro-carbónicas, e mais concretamente os aços, que mais podem melhorar as suas
propriedades, quando submetidos a tratamentos. No entanto, noutros materiais, como por exemplo nas ligas de
alumínio e nos bronzes, é também possível melhorar certas propriedades pela aplicação de tratamentos.
Os tratamentos, conforme as técnicas de execução, classificam-se do seguinte modo:
TRATAMENTOS
A frio
Mecânicos
A quente
Têmpera
Térmicos Revenido
Recozido
Cementação
Nitruração
Termoquímicos
Carbonitruração
Sulfunização
Electrodeposição
Laminagem
Superficiais
Imerção
Metalização
TRATAMENTOS MECÂNICOS
São tratamentos em que os materiais são submetidos à acção de forças exteriores que lhes provocam
deformações e, simultaneamente, uma melhoria das suas propriedades mecânicas. Na realidade, na maior parte
dos casos, estes tratamentos mecânicos são uma consequência dos processos de deformação a que são
submetidos os materiais quando se pretende modificar a sua forma.
Assim, as operações de forjagem, tais como a laminagem, a estampagem, o estiramento, etc, além de
modificarem a forma dos materiais, têm a grande vantagem de lhes comunicar uma melhoria das suas
características mecânicas. A operação de compressão é a única excepção, pois é realizada com o fim de aumentar a
homogeneidade do material, provocar a aproximação das suas moléculas e, consequentemente, melhorar a sua
dureza e resistência. Estes materiais são, depois, destinados ao fabrico de peças de grande responsabilidade, como
as utilizadas na indústria aeronáutica.
Os tratamentos mecânicos são característicos dos aços pois, como sabemos, estes materiais são os que
melhores resultados dão quando submetidos a operações de forjagem. Na realidade, os constituintes dos aços à
temperatura ambiente transformam-se em austenite quando aquecidos à temperatura de forjamento. E a
austenite, por ser plástica, confere ao aço essa forjabilidade. O mesmo já não se passa com os ferros fundidos,
devido à presença da cementite.
Para realizar estas operações, os materiais são sempre aquecidos, pois isso torna a deformação mais fácil e
exige máquinas menos potentes. No entanto, é costume distinguir dois tipos de tratamentos mecânicos:
- Tratamentos mecânicos a frio;
TRATAMENTOS TÉRMICOS
São processos térmicos a que se submetem os materiais e que consistem num aquecimento, num estágio e
num arrefecimento, p ro cu ra n d o, deste modo, modificar a sua estrutura para melhorar as suas características
mecânicas, sem, contudo, alterar a sua composição química,
O que caracteriza um tratamento térmico é a temperatura a que se faz o aquecimento, a temperatura e a
duração do estágio e a velocidade com que se faz o arrefecimento. Variando estes factores podem realizar--se os
seguintes tratamentos térmicos:
- Têmpera;
- Revenido;
- Recozido.
TÊMPERA
É um tratamento térmico característico dos aços e que consiste num aquecimento até à temperatura de
têmpera, estágio a essa temperatura, seguido de um arrefecimento rápido. De um modo simplificado, podemos di-
zer que o que se passa numa têmpera é a transformação da austenite do aço em martensite, devido ao
arrefecimento rápido. Este novo constituinte, que não é mais do que uma solução sólida intersti cial
sobressaturada de carbono em ferro alfa, é o responsável pelo aumento de dureza do aço, após o tratamento.
Vamos, seguidamente, estudar as três fases deste tratamento.
1. Efectuar um aquecimento lento e, se possível, por degraus. Quanto menor for a condu ti b ilid ade
do aço, maior é o perigo de aparecimento de tensões devido à diferença de temperaturas entre o
exterior e o núcleo da peça.
2. Utilizar fornos com atmosfera neutra ou banhos de sais para evitar a descarburação das peças ou a
sua oxidação.
3. Respeitar com rigor a temperatura de têmpera indicada pelo fornecedor do aço, caso contrário
pode suceder uma de duas situações:
- se a temperatura de aquecimento ficar abaixo da temperatura de têmpera, não se atinge a
zona da austenite e o tratamento não vai produzir os efeitos desejados;
- se a temperatura de aquecimento ultrapassar a temperatura de têmpera, o aço queima, isto
é, a sua estrutura torna-se grosseira e frágil devido à fusão das impurezas que rodeiam os
grãos.
2ª FASE - ESTÁGIO
3ª FASE - ARREFECIMENTO
Quando se inicia esta fase, o aço deve ter uma estrutura austenítica. Com o arrefecimento pretende-se,
como já dissemos, transformar este constituinte num outro mais duro, a martensite. No entanto, na prática, esta
operação é bastante mais complexa. Por um lado, nem sempre se pretende que a estrutura final seja tão dura. Por
outro lado, o arrefecimento, mais do que o aquecimento, provoca o aparecimento de tensões térmicas que, em
Meios de arrefecimento
TÊMPERA SUPERFICIAL
É um tipo de têmpera muito utilizado em peças onde se pretende obter um endurecimento superficial sem
alterar as características do núcleo. São exemplo de peças onde se utiliza este tratamento as rodas dentadas, os
veios e vários tipos de ferramentas.
Para o aquecimento das peças, pode-se recorrer a um dos seguintes processos:
- Aquecimento por chama directa: utilizando a chama oxiacetilénica (maçarico);
- Aquecimento por indução: utilizando correntes de alta frequência induzidas na peça;
- Aquecimento por imersão: mergulhando a peça num banho de sais a alta temperatura durante um
curto prazo de tempo.
A escolha do tipo de aquecimento depende da profundidade de têmpera pretendida e da forma e
dimensões da peça.
REVENIDO
O revenido é um tratamento térmico complementar da têmpera que tem por finalidade eliminar as tensões
internas provocadas pelo arrefecimento. Deve ser efectuado imediatamente a seguir à têmpera para impedir o
aparecimento de defeitos nas peças.
Resulta também, deste tratamento, uma diminuição da dureza conseguida com a têmpera, o que, em
muitos casos, até é benéfico, pois, associada a essa redução da dureza, surge um aumento da tenacidade.
Este tratamento térmico executa-se do seguinte modo:
Aquece-se a peça a uma temperatura variável em função dos resultados pretendidos, mas sempre inferior
a A1 (temperatura do termo da recristalização - cerca dos 723 °C). Mantém-se em estágio a essa temperatura
durante um certo tempo, conforme o tipo de aço e a espessura da peça e, finalmente, procede-se a um
arrefecimento, geralmente ao ar.
Resumidamente, podemos explicar o efeito do revenido do seguinte modo:
A estrutura das peças temperadas é uma estrutura forçada devido à presença da martensite que, como já
dissemos, é uma solução sólida sobressaturada de carbono em ferro alfa. O calor do revenido e o estágio a uma
temperatura elevada vai permitir uma libertação progressiva de átomos de carbono, a sua mobilidade e,
consequentemente, uma diminuição do estado de tensão.
O aquecimento pode ser/feito dos seguintes modos:
- Num forno com circulação de ar quente;
- Num banho de óleo;
- Num banho de sais de baixo ponto de fusão.
Para se tirar o máximo proveito do revenido, é necessário que o controlo da temperatura seja rigoroso. Para
isso deve-se uti lizar um pirómetro para efectuar a sua medição. No entanto, na prática, é vulgar recorrer-se às
cores do revenido para controlar a temperatura do tratamento. Esse controlo exige da parte do operador muita
prática, pois a cor do revenido depende não só da temperatura mas também da duração do aquecimento.
RECOZIDO
RECOZIDO DE DIFUSÃO
Objectivo - permitir uma distribuição mais regular dos componentes solúveis dos aços, o que
conduz a uma estrutura mais homogénea.
Modo de execução - o aquecimento é feito a uma temperatura entre os 1050 e os 1200 °C e a
duração do estágio é muito variável, podendo prolongar-se de 2 a 45 horas, dependendo do grau
de homogeneização pretendido, das dimensões da peça e da composição química do aço. O
arrefecimento é lento.
RECOZIDO DE NORMALIZAÇÃO
Objectivo - possibilita a redução do tamanho do grão e permite criar uma estrutura favorável à
realização da têmpera.
Modo de execução - o aquecimento é feito a uma temperatura cerca de 30 a 50 °C acima da linha
GSE; o estágio prolonga-se só o tempo necessário para haver uma uniformização da temperatura
na peça (cerca de 20 a 60 minutos); o arrefecimento é rápido e, normalmente, é feito ao ar.
RECOZIDO DE AMACIAMENTO
Objectivo - tem por fim transformar a estrutura lamelar da perlite numa estrutura globular,
conferindo, deste modo, uma maior maquinabilidade aos aços.
Modo de execução - o aquecimento, para os aços com percentagem de carbono entre 0,5% e
0,86%, faz-se a uma temperatura entre os 680 e os 700 °C e para os aços hipereutectóides faz-se a
uma temperatura de cerca de 740 °C, seguido de um arrefecimento lento até à temperatura de 680
°C. O tempo de estágio varia com a composição química do aço, mas, em média, é de cerca de duas
horas. O arrefecimento é inicialmente lento, até uma temperatura de 550 °C, e depo is rápido,
normalmente ao ar.
Para os aços, com percentagem de carbono inferior a 0,5%, este tratamento ou não produz efeito ou os
efeitos que produz são negativos, pelo que não devem ser submetidos a este recozido.
RECOZIDO DE DISTENSÃO
TRATAMENTOS TERMOQUÍMICOS
São tratamentos térmicos que têm por objectivo alterar a composição química superficial das peças,
conseguindo-se, deste modo, uma melhoria das propriedades de dureza e resistência ao desgaste.
As designações dos tratamentos termoquímicos estão relacionadas com o elemento químico utilizado e a
sua aplicação depende dos objectivos pretendidos, da qualidade do aço e do tipo de peças.
É um tratamento termoquímico que se aplica aos aços hipoeutectóides com uma percentagem de carbono
inferior a 0,25%.
Consiste em criar as condições para aumentar a percentagem de carbono numa camada superficial das
peças, cuja profundidade varia com a temperatura e o tempo de duração do tratamento, mas que por norma não
ultrapassa os 2 mm. Para se realizar o tratamento, as peças devem ser limpas de óxidos, gorduras e humidades.
São, em seguida, postas em contacto com as substâncias carburantes e aquecidas a uma temperatura entre
os 850 e os 930 °C.
Durante este estágio, dá-se uma transferência de átomos de carbono para a peça, libertados pelas
substâncias carburantes, seguindo-se uma difusão desses átomos da periferia para o núcleo da peça.
As substâncias carburantes podem ser sólidas, líquidas ou gasosas.
Vamos descrever, em seguida, as vantagens e inconvenientes de cada um destes tipos de cementação.
CEMENTAÇÃO SÓLIDA
Neste tipo de cementação, as peças são colocadas em caixas de aço resistentes ao calor e em presença dos
elementos carburantes. Estes elementos são produtos industriais constituídos por misturas em percentagens
variadas de carvão vegetal, carbonato de sódio e carbonato de bário.
Vantagens:
- É possível proteger as zonas das peças onde se pretende que não haja cementação.
Inconvenientes:
- É o processo de cementação mais lento e que exige frequentes manutenções.
CEMENTAÇÃO LÍQUIDA
É o processo mais utilizado para a cementação de peças de pequena dimensão. Estas são mergulhadas nos
elementos carburantes líquidos constituídos por banhos de sais fundidos, basicamente de cianeto de sódio,
carbonato de sódio e cloretos de sódio e bário.
Vantagens:
- Velocidade do tratamento é cerca de quatro vezes superior à da cementação sólida;
- Aquecimento mais regular, resultando daí uma maior uniformidade na profundidade de penetração
da cementação;
- Facilidade de trabalho e de controlo do processo;
- Investimento inicial relativamente reduzido.
CEMENTAÇÃO GASOSA
É o processo de cementação especialmente indicado para o tratamento de peças em grande serie. Como
exemplo de elementos carburantes gasosos podemos referir o monóxido de carbono, o metano e o etano.
Vantagens:
- É um processo mais limpo e rápido que a cementação em meio sólido;
- É fácil o controlo da profundidade e do teor de carbono na camada cementada;
- É o processo indicado para a cementação de peças delicadas.
Inconvenientes:
NITRURAÇÃO
É um tratamento termoquímico que consiste numa difusão de azoto na camada superficial das peças de
aço. Este é o tratamento indicado quando se pretende obter o máximo de dureza superficial ou o máximo de
resistência ao desgaste. Além disso, produz um aumento da resistência à fadiga e da resistência à corrosão. No
entanto, a nitruração só dá bons resultados se o aço for ligado e, na sua composição química, existirem elementos
que, combinados com o azoto, formem nitretos de elevada dureza. São exemplos desses elementos o alumínio, o
crómio, o tungsténio, o vanádio, etc.
Para a execução deste tratamento pode--se utilizar um meio líquido ou gasoso.
NITRURAÇÃO LÍQUIDA
Neste processo, o meio líquido é constituído por um banho de sais fundido que contenha cianetos. A
temperatura do banho deve situar-se entre os 530 e os 580 °C, pois é dentro destas temperaturas que melhor se dá
a difusão do azoto.
Relativamente à nitruração gasosa, este processo é muito mais rápido, podendo o seu tempo de execução
variar entre 10 e 180 minutos, conseguindo-se profundidades da camada nitrurada que variam entre os 0,2 e 0,7
mm.
NITRURAÇÃO GASOSA
Este processo realiza-se a uma temperatura ligeiramente inferior à da nitruração líquida, entre os 500 e 520
°C. As peças são introduzidas num forno, quase sempre eléctrico e com regulação automática de temperatura,
onde se vai criar uma atmosfera rica em azoto. Esta atmosfera é conseguida injectando amoníaco (NH3) no interior
do forno que, devido à temperatura elevada, se decompõe libertando azoto. Após execução do tratamento, cuja
duração é muito prolongada (20 a 60 horas), as peças são arrefecidas no próprio forno, evitando-se deste modo o
contacto com o ar.
Além da duração elevada, este processo tem ainda a desvantagem de exigir a limpeza, decapagem e
descarbonização da superfície das peças.
CARBONiTRURAÇÃO
Este tratamento termoquímico, como o próprio nome sugere, é uma combinação dos dois tratamentos
anteriores, isto é, uma cementação e uma nitruração. Tal como eles, possibilita um aumento da dureza superficial
das peças tratadas.
Estas são colocadas num meio líquido ou gasoso, rico em carbono e azoto, a temperaturas que podem variar
entre os 650 e os 850 °C.
Os resultados da carbonitruração dependem muito da composição do meio e da temperatura a que se
realiza o tratamento.
CARBONITRURAÇÃO LÍQUIDA
Neste processo, o meio é constituído por banhos de cianetos. A temperatura de realização do tratamento
deve situar-se entre os 760 e os 850 °C e a duração varia entre meia e uma hora. Este processo tem a vantagem do
custo inicial da instalação ser bastante baixo, mas requer uma grande vigilância nas condições de trabalho devido
ao facto dos gases libertados pelos cianetos serem venenosos.
Para a realização, em meio gasoso, cria--se uma atmosfera rica em carbono e azoto, utilizando, para tal,
hidrocarbonetos e amoníaco.
O tratamento executa-se dentro de uma gama de temperaturas que varia entre os 650 e os 850 °C. Verifica-
se que, a baixas temperaturas, há uma maior absorção do azoto e uma menor absorção do carbono; para as
temperaturas mais elevadas, a situação é inversa. Uma grande vantagem deste processo reside no facto de
permitir tratar peças delicadas, de pequena espessura, por se poder realizar a baixas temperaturas. A duração do
tratamento é muito variável, pois os resultados finais dependem de vários parâmetros, tais como a temperatura, a
composição do gás, a qualidade do aço, etc.
SULFUNIZAÇÃO
É um tratamento termoquímico que consiste na incorporação de enxofre na película superficial das peças.
Realiza-se em meio líquido, num banho de sais em cuja composição deve existir sulfuretos, nitretos e carbonetos. A
temperatura de realização do tratamento varia entre os 560 e os 580 °C e a duração é de I a 3 horas. Com este
tratamento conseguem-se os seguintes resultados:
- Incorporação de enxofre até uma profundidade de 0,3 mm;
- Aumento da resistência ao desgaste por diminuição do coeficiente de atrito (o enxofre tem efeitos
auto lubrificantes);
- Deformação reduzida.
Em conclusão, podemos dizer que este tratamento se aplica a todas as peças que, trabalhando a
temperaturas inferiores a 500 °C, necessitam melhorar a sua resistência ao desgaste e diminuir a sua resistência ao
atrito.
TRATAMENTOS SUPERFICIAIS
São tratamentos que têm por finalidade aumentar a resistência ao desgaste e à corrosão das peças.
Consistem em depositar uma camada metálica sobre a superfície a tratar, depósito esse que não vai provocar
alteração na composição química da peça. A deposição dessa camada pode realizar-se por vários processos. Vamos
fazer uma breve descrição dos processos mais utilizados.
ELECTRODEPOSIÇÃO
É um processo que permite a deposição por electrólise de uma fina camada de um metal sobre outro.
A zincagem ou galvanização, a cromagem e a niquelagem são exemplos de tratamentos superficiais
realizados por electrodeposição.
LAMINAGEM
Processo que consiste na aplicação, por laminagem a quente, de camadas superficiais finas de metais sobre
outros.
Módulo 3 – Serralharia de Bancada ----------------------- -28-
Curso Profissional de Manutenção Industrial
IMERSÃO
METALIZAÇÃO
É um processo muito utilizado e que consiste em pulverizar um metal fundido sobre a superfície de uma
peça, previamente decapada. Para a sua execução utiliza-se um pulverizador designado, correntemente, por
pistola de metalização,
A fi nalidade deste tratamento varia com o metal pulverizado. A título de exemplo indicamos algumas
metalizações:
- Metalização com alumínio, para efectuar uma protecção contra a corrosão e a oxidação;
- Metalização com prata, para aumentar a condutibilidade eléctrica;
- Metalização com o próprio metal da peça a tratar, quando se pretende restaurar peças