Sei sulla pagina 1di 46

CENTRO DE TEOLOGIA APLICADA INTEGRADA – CETAI

FACULDADE JOÃO CALVINO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA

IVAN LUIZ RODRIGUES SANTOS

VILMA CARNEIRO MOREIRA

ACONSELHAMENTO PASTORAL

Barreiras/BA

2011
IVAN LUIZ RODRIGUES SANTOS

VILMA CARNEIRO MOREIRA

ACONSELHAMENTO PASTORAL

Monografia apresentada a banca examinadora do Curso de Bacharel em Teologia da


Faculdade João Calvino como pré-requisito para
obtenção do título de Bacharel em Teologia.

Orientador: Profº Esp. Francino Ronaldo G. de Souza

Barreiras/BA

2011
IVAN LUIZ RODRIGUES SANTOS

VILMA CARNEIRO MOREIRA

ACONSELHAMENTO PASTORAL

Monografia apresentada à banca examinadora do Curso de Graduação em Teologia da


Faculdade João Calvino como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Teologia.

Aprovada em _____/ ______/______

BANCA EXAMINADORA

Profº Esp. Francino Ronaldo G. de Souza


Orientador

_________________________________________________________________________

Parecerista

Parecerista
AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Deus por mais uma oportunidade que nós é concedida em aprimorar

nossos conhecimentos acerca de sua Palavra.

À nossa família pelo apoio e compreensão nos momentos de dificuldades e ausências.

Aos professores e professoras que se deram em favor do nosso aprimoramento.

Aos colegas pelo convívio durante essa jornada.

A todos que contribuíram para a conclusão deste momento, nosso muito obrigado.
RESUMO

Este trabalho visa abordar a importância do trabalho do Aconselhamento Pastoral e


a relação do pastor ou conselheiro na vida das pessoas que o procuram a fim de
lhes ajudar nas mais variadas questões, já que em se tratando de pastor, as
pessoas de sua comunidade já vêm nele um líder espiritual o que contribui
decisivamente para um aconselhamento pautado na confiança e consequentemente
sem as reservas que o aconselhado dispensaria a outro conselheiro recém
conhecido. Todo processo de cuidado pastoral é uma ação ou realização continuada
e prolongada de alguma atividade que vise, ao final, o bem-estar daquele que
necessita de cuidados. Porém, trilhar esse caminho de auxílio ao outro exige uma
análise critica dos fatores que envolvem a vida da pessoa em questão. Isso pode
revelar as diversas origens do problema e, também, direcionar para os melhores
caminhos a fim de solucioná-los. Através da pesquisa exploratória com busca
bibliográfica a partir de livros, sites, jornais e revistas dos últimos dez anos, pode-se
fazer uma avaliação de como as igrejas tem abordado e inserido este tema como um
dos serviços sociais oferecidos pela igreja. Percebe-se que ainda existe a
necessidade de uma prática mais efetiva nessa área, treinamentos dos líderes
conselheiros bem como abordagem dos mesmos diante dos problemas
apresentados na igreja.

Palavras-chave: ​Aconselhamento pastoral. Líder espiritual. Família. Compartilhar.


ABSTRACT

This work aims at to approach the importance of the work of the Consultable Pastoral and
the relation of the shepherd or council member in the life of the people look who it in
order to help them in the most varied questions, since in if treating to shepherd, the
people of its community already come in it a leader spiritual what she contributes
decisively for a consultable pouted in the confidence and consequentially without the
reserves that the advised one would excuse to another council member just known.
All process of pastoral care is an action or continued and drawn out accomplishment
of some activity that it aims at, to the end, well-being that needs cares. However, to
tread this way of aid to the other demands an analysis criticizes of the factors that
involve the life of the person in question. This can disclose the diverse origins of the
problem and, also, direct for the best ways in order to solve them. Through the
exploratory research with bibliographical search from books, sites, periodicals and
magazines of last the ten years, an evaluation can be made of as the churches have
boarded and inserted this subject as one of the social services offered by the church.
It is perceived that still the practical necessity of one more effective in this area
exists, training of the advising leaders as well as boarding of the same ones ahead of
the problems presented in the church.

Key-words:​ Consultable Pastoral. Leader spiritual. Family. To share.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO 2: ACONSELHAMENTO PASTORAL 17


2.1 Definição 17
2.2 Objetivos 19
2.3 Fundamentos bíblicos e teológicos do aconselhamento pastoral 20
2.4 Aconselhamento pastoral como um processo comunicativo 22
2.5 Os sujeitos do aconselhamento pastoral 23

CAPÍTULO 3: ACONSELHAMENTO PASTORAL PARA FAMÍLIAS 25


3.1 A ausência de recursos espirituais 25
3.2 A recuperação dos recursos espirituais no aconselhamento pastoral familiar 25
3.3 Iniciativa pastoral 27
3.4 Aconselhamento pastoral, ecumenismo e interdisciplinaridade 27
3.4.1 Aspectos religiosos no aconselhamento pastoral 28
3.4.2 Interdisciplinaridade 28
3.5 Dimensões social, política, econômica e cultural do aconselhamento pastoral 29

CAPÍTULO 4: ACONSELHAMENTO PASTORAL POR TELEFONE/VIRTUAL:


POSSIBILIDADES E LIMITES 31
4.1 Possibilidades do uso do telefone e internet no aconselhamento pastoral 31
4.2 Características específicas da comunicação por telefone ou internet 32
4.2.1 Uma comunicação instantânea que dispensa locomoção física 33
4.2.2 Anonimato 34
4.2.3 Baixo custo financeiro 35
4.2.4 Ponte para o estabelecimento de contato face a face 36
4.3 Recursos humanos 36
4.3.2 Admissão, preparo e aperfeiçoamento de aconselhantes 37
4.4 A importância do aconselhamento pelo telefone para a poimênica 38
4.4.1 Modalidade de aconselhamento nova e atual 38
4.4.2 Abrange maior número de pessoas 39
4.4.3 Nova forma da Igreja de fazer presente na sociedade 39

5. CONCLUSÃO 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43
INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Monografia constitui-se como exigência do processo


de formação profissional para obtenção do título de Bacharel em Teologia com
dimensão elucidativa, fruto da pesquisa e estudos apurados dentro da disciplina.
Através do presente trabalho pretendemos abordar a importância do trabalho do
Aconselhamento Pastoral e a relação do pastor ou conselheiro na vida das pessoas
que o procuram a fim de lhes ajudar nas mais variadas questões, já que em se
tratando de pastor, as pessoas de sua comunidade já vêm nele um líder espiritual o
que contribui decisivamente para um aconselhamento pautado na confiança e
consequentemente sem as reservas que o aconselhado dispensaria a um outro
conselheiro recém conhecido.

Durante a pesquisa, foi possível analisar os mais variados conceitos sobre o


tema e ao mesmo tempo relacioná-lo ao dia-a-dia das pessoas que vivem os mais
variados conflitos inclusive dentro das comunidades religiosas. A partir daí o
presente trabalho desenvolverá elencando os mais variados tipos de
aconselhamento enfocando seus métodos, suas formas e nuances, seus objetivos,
as dimensões sociais possíveis de alcançar; os recursos necessários que são
bastante relevantes e sobretudo a eficiência e eficácia que se deve perseguir através
do Aconselhamento Pastoral.

O Aconselhamento Pastoral será tratado com a relevância que lhe é próprio


nos dias atuais onde se percebe tranquilamente que na maioria das igrejas
evangélicas as pessoas são carentes de conversar com o pastor e a necessidade de
o pastor conhecer os fiéis de sua igreja.

A necessidade dos fiéis muitas vezes perpassa apenas a necessidade de


conversar com o pastor como um religioso e o que se vê é que os pastores agem
muitas vezes como mediador de conflitos internos e externos precisando este de
muito preparo para não adentrar em áreas desconhecidas da psicologia e
psicanálise clínica e ao invés de auxiliar a pessoa, acabar lhe trazendo seqüelas
emocionais.
O presente trabalho justifica-se diante do cenário de muita carência tanto para
indivíduos que necessitam de aconselhamento quanto para refutar práticas
grotescas que têm sido utilizadas no aconselhamento por pessoas despreparadas
moral e teologicamente o que tem levado muitas pessoas a cometerem verdadeiros
desatinos e sublevado alguns a um fanatismo religioso que pode ser prejudicial tanto
para o aconselhado como também para a sua família e a própria sociedade onde
vive.

O que se observa no cenário da população brasileira, principalmente a


religiosa, é uma prática de muitos líderes religiosos visando a alienação desses
indivíduos ao invés de lhes ajudarem a descobrir seus próprios caminhos através de
uma autonomia de pensamento e de expressão.
CAPÍTULO 1: O ACONSELHAMENTO

1.1 Definição

Aconselhamento, segundo o Dicionário Aurélio, é uma “forma de assistência


psicológica destinada à solução de leves desajustamentos de conduta”. Se usarmos
esta definição para aconselhamento, poderíamos definir aconselhamento cristão
como uma forma de assistência espiritual, física e psicológica destinada à solução
de todos os desajustamentos de conduta (leia-se Pecado) e os desajustamentos de
motivação. Portanto, aconselhamento cristão não é dizer a uma pessoa: “você está
em pecado e deve mudar de atitude, porque a Bíblia diz. Caso contrário, você
queimará no fogo do inferno”. Aconselhamento cristão não é dizer a uma pessoa:
“você está agindo assim, porque no passado você não experimentou algo. Não se
preocupe a culpa não é sua, mas de outras pessoas e das circunstâncias do
passado”.

No primeiro exemplo temos um legalismo frio que supervaloriza a culpa e


anula a graça. No segundo exemplo, temos uma espécie de determinismo
psicanalítico, que nega a culpa real do ser humano diante de Deus e destrói o
evangelho de Cristo. Infelizmente, tem sido assim, que muitos pastores e líderes têm
encarado o aconselhamento cristão.

No aconselhamento, o indivíduo tem um valor em si, independentemente do


que pode realizar. Muitas vezes, a pessoa não é consciente ou ignora seu potencial
de desenvolvimento. O aconselhamento visa ajudá-la a desenvolver sua
singularidade e a acentuar sua individualidade. Mais que uma filosofia que poderia
ser interpretada, à primeira vista, como uma forma de individualismo selvagem,
todos os grandes textos do aconselhamento fazem referência à responsabilidade da
pessoa diante dela mesma, do outro e do mundo em torno dela. O individuo não é
nem bom, nem ruim por natureza ou por hereditariedade. Ele possui um potencial de
evolução e de mudança. O aconselhador deve considerar o sentido e os valores que
o cliente atribui à vida, às suas próprias atitudes e comportamentos porque quando
uma mudança se impõe no contexto de vida, isto pode se chocar com as opções
filosóficas da pessoa em questão e ser en si uma causa de dificuldade.
Segundo Catherine Tourette-Turgis:

O princípio de coerência do aconselhamento reside


fundamentalmente no fato de que muitas situações da vida são,
elas mesmas, causas de sofrimentos psicológicos e sociais,
necessitando uma conceitualização e que dispositivos de apoio
sejam colocados à disposição das pessoas que as vivem.

​ aconselhamento é uma forma de psicologia situacionista, isto é, a


Para ela​, o
situação é causa do sintoma e não o inverso. Neste sentido, o aconselhamento,
forma de acompanhamento psicológico e social, designa uma situação na qual duas
pessoas estabelecem uma relação, uma fazendo explicitamente apelo à outra
através de um pedido (verbalizado) com objetivo de tratar, resolver, assumir um ou
mais problemas que lhe dizem respeito. A expressão acompanhamento psicológico
“seria insuficiente na medida em que os campos de aplicação do
aconselhamento…designam muitas vezes realidades sociais produtoras em si
mesmas de um conjunto de distúrbios ou de dificuldades para os indivíduos".

O aconselhamento tem uma função importante desde ao relacionamento mais


simples de estudantes até à família e aos ambientes de trabalho o que estabelece
uma rede de comunicação entre diversas pessoas de classes sociais as mais
diversas possíveis. Já é conhecido o ditado de que “quem não ouve conselho, ouve
coitado” entre outros ditados que já se tornaram comuns e apenas para ilustrar a
importância do aconselhamento, ele acontece de forma muitas vezes empírica e vai
aos poucos se solidificando em nossa mente e no próprio grupo em que convivemos
como algo necessário já que os seres humanos não são independentes e foram
feitos para viver em sociedade.

Para Clinebel (1987), o aconselhamento pode ser um importante veículo de


educação, exercendo um papel didático muito importante já que a pessoa a ser
aconselhada quando ela mesma procura o aconselhador, permanece numa posição
reflexiva enquanto o outro exerce um papel de educador-conselheiro, principalmente
quando esse aconselhamento é diretivo o que leva a pessoa aconselhada a
aprender com as reflexões do conselheiro e consequentemente se torna uma
espécie de aluno ou aluna.

Além desse benefício didático, o aconselhamento oferece ao aconselhado a


oportunidade de reproduzir o aprendizado e levá-lo à sua família ou amigos que por
sua vez se reproduzirão em grande escala com os descendentes da família ou
mesmo os amigos, e da mesma maneira que cada um de nós lembramos dos
conselhos emitidos pelos pais ou ascendentes mais velhos, todas as pessoas
aconselhadas terão uma grande probabilidade de levar as lições aprendidas por toda
vida.

No aconselhamento, o ajudador eficaz procura ver e entender o problema do


ponto de vista do ajudando. "Por que está tão perturbado? poderíamos perguntar.
"Como é que ele vê a situação?" "Se eu fosse ele, como me sentiria?" Como
ajuda-dores, precisamos conservar intatos os nossos próprios pontos de vista
objetivos, mas também devemos reconhecer que podemos ser da máxima ajuda se,
além disto, conseguimos ver o problema do ponto de vista do ajudando e deixá-lo
saber que entendemos como ele se sente e como vê a sua situação. O ajudando,
por sua vez, precisa reconhecer que alguém realmente está procurando entendê-lo.
Este mútuo entendimento desenvolve o máximo de harmonia entre o ajudador e o
ajudando.

O calor é quase um sinônimo de importar-se com alguém. É uma amabilidade


e consideração que se revelam na expressão do rosto, no tom da voz, nos gestos,
na postura, no contato com os olhos, e qualquer outro comportamento não-verbal tal
como cuidar do conforto do ajudando. O calor diz: "importo-me com você e com o
seu bem-estar". Aqui, como em tantos aspectos do comportamento humano, as
ações falam mais alto do que as palavras. O ajudador que realmente se importa com
as pessoas não precisará anunciar verbalmente sua solicitude, todos poderão
percebê-la.
A autenticidade significa que as palavras do ajudador são consistentes com
as suas ações. Procura ser honesto com o auxiliado, e evita qualquer declaração ou
comportamento que possa ser considerado falso ou insincero. Segundo certo
escritor' a pessoa verdadeiramente genuína é espontânea mas não impulsiva nem
desrespeitosa, é consistente quanto aos seus valores e atitudes, não está na
defensiva, tem consciência das suas próprias emoções, e está disposta a
compartilhar a sua própria pessoa e sentimentos.

Jesus revelava empatia, calor e autenticidade, e o ajudador cristão


bem-sucedido deve fazer o mesmo. É possível, no entanto que cada um destes
possa ser exagerado. Podemos demonstrar tanta empatia que perdemos a nossa
objetividade, tanto calor que o auxiliado se sente sufocado, e tanta autenticidade que
o ajudador perde de vista as necessidades do auxiliado. O ajudador, portanto, deve
freqüentemente examinar seus próprios motivos para ajudar. É possível que, como
ajudadores, as nossas próprias necessidades venham a ser satisfeitas no
relacionamento do auxílio, mas a nossa tarefa primária é ajudar aos outros com seus
problemas e lutas.

1.2 Aconselhamento Diretivo e não diretivo

Há dois métodos de aconselhamento: Diretivo e Não Diretivo. No primeiro o


aconselhador assume a maior responsabilidade devido ao acanhamento ou
dificuldade de expressão do entrevistado, enquanto no segundo, o entrevistador
apenas analisa as colocações do entrevistado e vai lhe facilitando a compreensão
das diversas situações expressadas por ele.

No aconselhamento diretivo o aconselhador precisa desenvolver uma técnica


mais apurada já que ele não terá inicialmente a participação do entrevistado ou
mesmo terá uma participação de forma inibida. É justamente nesse momento que o
conselheiro toma a iniciativa da entrevista e conduz a pessoa a se situar em seu
“mundo” objetivando uma comunicação eficaz e conseqüente compreensão de seu
contexto social ou histórico.
Nesse tipo de aconselhamento também os fatos e as soluções ficam mais
claros desde que o aconselhado se mostre passivo durante toda a entrevista.
Acontece às vezes de o conselheiro iniciar a entrevista com um método e no meio
da mesma perceber que o entrevistado assumiu o controle da situação. É importante
que o conselheiro tenha o discernimento necessário e a sensibilidade em se
posicionar de acordo com o momento do aconselhado.

Já o método não diretivo o aconselhado procura o conselheiro, tenta passar a


responsabilidade ao conselheiro (que o devolve). O aconselhado aceita a
responsabilidade de solver o problema ou foge à situação. Se aceitar, o conselheiro
explica-lhe que a situação do aconselhamento lhe dá oportunidade de resolver o
problema com assistência. Normalmente nesse método, o conselheiro exerce mais o
papel de ouvinte e possibilita ao aconselhado uma auto-relfexão e a busca pelas
soluções contidas dentro de si mesmo mas que não foram afloradas enquanto o
mesmo vive em estado de tensão.

Para Kemp (2008), a capacidade de ser um bom ouvinte é sem dúvida


alguma, fundamental para o conselheiro para se conseguir atingir o âmago da
emoção de uma pessoa, já que no momento em que uma pessoa fala a quem confia
sobre os seus problemas, está se abrindo totalmente e promovendo uma entrega
que não deverá ser interrompida a não ser para facilitar o diálogo.

Infelizmente, o ato de ouvir tem sido negligenciado por muitas pessoas que
muitas vezes ao iniciar a audição com o seu interlocutor, já está ocupado em sua
mente sobre o que vai falar e com isso demonstra a quem está falando uma certa
desatenção e somenos com a sua fala, gerando ainda mais angústia em quem está
sendo entrevistado.

Em seu livro, Jesus o maior psicólogo que já existiu, o autor Mark W. Baker
descreve a história de um homem que se refugiou num mosteiro, mas se sentia
superior a muita gente ali, e mesmo tendo encontrado um ex-colega que era
professor, ao participar de uma palestra, foi lhe dado oportunidade de falar depois de
um outro albergado e o professor lhe pede que fale a respeito da fala de seu
companheiro antecessor; o que muito lhe desapontou porque estava totalmente
focado no que ia falar ao invés de prestar atenção no colega.

É assim que normalmente acontece. As pessoas estão muito preocupadas em


falar e menos em ouvir. A nossa fala pode ser fruto de uma audição bem feita o que
vai sem dúvida possibilitar uma comunicação eficaz e contextualizada.

Talvez essa ânsia por falar esteja associada justamente ao mundo moderno
onde as pessoas acham que “tempo é dinheiro” e não querem gastar sem que tenha
certeza de retorno em curto prazo; e assim neste mundo de negócios, até o ouvir
tem sido considerado um bem patrimonial e lucrativo onde para falarmos com
alguém temos que esperar horas numa central de telefone, ou mesmo nas filas
intermináveis dos bancos e de outras instituições em nosso país.

Escutar. Trata-se de dar a nossa atenção total ao auxiliado, e de demonstrar


esta atenção mediante o contato através dos olhos, da postura e o uso de
declarações animadoras (e.g., "isto faz sentido", "entendo o que você quer dizer"),
uma resposta ocasional para perscrutar (e.g., "continue", "conte-me mais," "e
depois?"), e uma repetição periódica daquilo que o auxiliado disse, para ter certeza
de que entendemos.

A indisposição para ouvir pode muitas vezes ser um grande obstáculo à


ajuda. Este fato é verdadeiro na evangelização, e não somente no aconselhamento.
Se o cristão está sempre falando, não pode responder aos problemas ou
necessidades individuais da pessoa com quem fala. Às vezes, aquela pessoa tem
uma pergunta a fazer, ou algum problema para discutir antes de poder dedicar a
sua vida a Cristo ou crescer mais como crente. Se não lhe dermos uma
oportunidade para expressar-se, estamos em perigo de subverter nossas próprias
tentativas de ajuda.
Jesus, apesar de ter conhecimento perfeito da personalidade íntima das
pessoas e dos problemas delas (João 2:25), escutava com paciência (Lc 24:13-24).
Ao fazer assim, é possível que estivesse demonstrando que há um valor terapêutico
em deixar o indivíduo colocar em palavras as suas dificuldades, para compartilhá-las
com outra pessoa (Tg 5:16). Ao escutar, nós que somos ajudadores não devemos
ficar zangados, mas devemos demonstrar, por nossa atitude atenciosa que
realmente queremos levar as cargas do auxiliado juntamente com ele (Tg 1:19; Gl
6:2).

No caso do aconselhamento pastoral o ouvir implica em aceitar o desabafo de


uma pessoa que sofreu com algum problema na igreja ou na família ou até mesmo
sente um conflito entre a sua fé e outras religiões que são apresentadas no mundo.

Nesse contexto, o método de aconselhamento não diretivo, tem um papel


importante o entrevistador em se comportar a contento, visando um comportamento
mais de ouvir do que de falar e além de ouvir, se mostrar estar ouvindo e assim
poder envolver o entrevistado através dessa “arte da comunicação” e fazê-lo sentir
bem e à vontade para externar suas dúvidas e conflitos.

1.3 A linha tênue entre aconselhamento pastoral e comportamento


psicológico

O aconselhamento pastoral passa por muitas discussões no campo de vista


do comportamento humano. Mas sem dúvida o confronto entre o aconselhamento
pastoral e a necessidade de um acompanhamento por parte de um profissional de
psicologia, vem sendo debatido e questionado devido a pessoas que se tornam
“pastores” ou “pastoras”, passarem a ter um acesso muito íntimo à mente das
pessoas que lhes confiam seus dramas e conflitos e sem saber entram numa
arapuca de conflitos já que nem sempre o conselheiro está preparado para
compreender que o aconselhado necessita de um facilitador e não de alguém que
tome a decisão por ele como se estivesse em seu lugar; e mais ainda: o conselheiro
deve respeitar a história de vida do indivíduo, permitindo que o mesmo encontre em
seu próprio nível de compreensão da história pessoal uma melhor decisão a tomar.

Os traumas vividos por diversas pessoas que freqüentam as igrejas ou


mesmo que procuram uma conversa com um pastor são desafiantes: rancor, mágoa,
depressão, incapacidade, fraqueza, remorso, entre outros; e enquanto recebe toda
essa carga de traumas o pastor necessita estar preparado pra situar a pessoa de
onde ela está, onde pretende chegar e estabelecer limites para o aconselhamento
pastoral.

O rancor, por exemplo, é um sentimento que mais se observa nos gabinetes


pastorais já que as pessoas tem uma certa dificuldade de perdoar de verdade os
excessos de outras conta ela o que gera a cada dia um “abismo” maior porque
existem casos por exemplo em meu ministério de pessoas que não se relacionavam
com o neto por causa do avô e somente depois de convertido de verdade, conseguiu
a cura para o seu problema de mágoa.

Nesse cenário, muitos pastores (atores) se comportam como protagonistas


quando deveriam ser meros coadjuvantes ou figurantes no palco da história de vida
do aconselhado e deixar que ele protagonize a sua cena e eleve a sua desenvoltura
no palco da vida e assim encontre pela sua performance o melhor caminho para
tomas suas próprias decisões de continuar encenando ou não.

A perspicácia ou discernimento do conselheiro é fundamental para se evitar


seqüelas no aconselhado e o respeito à ética da profissão no que diz respeito a não
entrar em uma área de outro profissional ferindo-lhe também a ética deve ser tarefa
do pastor ou conselheiro que deve sempre prezar pelo bem estar das pessoas
CAPÍTULO 2: ACONSELHAMENTO PASTORAL

2.1 Definição

Curar alma ou potencializar o seu crescimento é uma tarefa essencial no


ministério pastoral. Para Richard Baxter “o pastor não deve ser somente um
pregador público, mas deve ser conhecido também como conselheiro de almas,
assim como médico o é para o corpo”. Eugene Peterson defende uma “reforma
vocacional genuína entre os pastores”, ou seja, é uma redescoberta do serviço
pastoral da cura de almas.

Afinal de contas, o que é trabalhar como médico da alma? Peterson responde


da seguinte forma “A cura de almas é então o cuidado dirigido para Escrituras,
cuidado em forma de oração por uma única pessoa ou por grupos, num cenário
sagrado ou profano. É uma determinação de trabalhar no centro das coisas, de
concentrar-se no essencial”.

O pastor deve resgatar, através da cura, os sonhos e as utopias possíveis,


que foram perdidas durante a caminhada existencial. Fica claro que a cura é
possível. Os relacionamentos são possíveis. É possível viver de forma plena e bela
como fora objetivado por Deus. Tudo isso é realizável por meio da graça e com
graça. A encarnação do verbo é a maior demonstração dessa possibilidade. O
exemplo nós já temos. É importante que, como pastores, aqueles que são, e aqueles
que agem como pastores sejam inundados pela graça, para agirem por meio dela,
exercendo um papel importante no processo de cura.

Os pastores precisam compreender mais do que nunca, que em tempos de


vazio existencial, conflitos e transtornos emocionais têm levado pessoas até mesmo
ao suicídio. A cura de almas não deve ser pontual, mas constante e urgente.
Quando o Senhor Jesus Cristo disse que Pedro deveria apascentar suas ovelhas
está implícito o cuidado integral.
A busca pelo cuidado do ser humano observando-lhe o universo completo é
tarefa pouco compreendida por muitos cristãos e conselheiros. A terapia
ocupacional, a análise psicológica, a inserção em programas sociais e na área
educacional tem sido de grande valia para os que estão engajados. Diante disso, é
imprescindível que o olhar do conselheiro seja holístico do mundo para a pessoa e
da pessoa para o mundo.

Aconselhamento pastoral é uma dimensão da “poimênica” que utiliza uma variedade de métodos
terapêuticos e espirituais de cura para ajudar as pessoas a lidar com suas
crises, conflitos e problemas numa forma que conduz ao crescimento e a
experimentar a cura do seu estado de fraqueza, abatimento, sem energia.
Para o autor, o aconselhamento pastoral tem uma função reparadora
quando o crescimento das pessoas é prejudicado ou bloqueado devido a
crises (CLINEBELL, 1976, p.25)

O apostolo Paulo nos ensina deixarmos as coisas de menino. Podendo


significar a vivência heteronômica para uma autonomia estética, emocional e
espiritual. Nesse processo o homem ou a mulher pode se perder no labirinto da
existência espaço-temporal com os outros ou seu próprio interior. Aqui, caberá ao
pastor ajudá-los a encontrar a saída desse labirinto para uma vida abundante em
Cristo Jesus. Para tanto, poderá fazer uso de recursos psicológicos associados ao
amor, a graça e a misericórdia de Deus.

Paul Hoff em “O pastor como conselheiro”, declara que a assistência pastoral


além de enriquecer o ministério pastoral proporciona oportunidade de se levar almas
angustiadas aos pés de Cristo. Logo, o pastor deve ser bem preparado pelos
seminários. Mas segundo Merval Rosa, por séculos se preocuparam mais com
discussões teológicas do que preparar os pastores para o enfrentamento dos
conflitos humanos que são tão reais quanto os conceitos teológicos.

Imagens, histórias e metáforas bíblicas vivas são formas de comunicar


verdades profundas sobre a vida fazendo uso do "cérebro direito". Elas são um
poder sustentador na vida de muitas pessoas socialmente desprovidas de poder que
amam a Bíblia.
A Bíblia está consciente de que nossa alienação de nós mesmos e das outras
pessoas está de alguma forma, enraizada em nossa alienação do amor de Deus,
amor este que dá vida. As maneiras engenhosas pelas quais as pessoas bloqueiam
sua própria cura e crescimento, foram chamadas resistência por Freud. “Quer a
chamemos de resistência, quer de pecado, lidar com essa realidade recalcitrante é
crucial em toda poimênica e em todo aconselhamento pastoral eficazes.” Poimênica
é, portanto, o ministério de ajuda da igreja cristã para seus membros e outras
pessoas que buscam ajuda espiritual, emocional, relacional e de saúde.

Assim sendo, o aconselhamento pastoral não é apenas uma conversa com


um líder religioso, mas uma forma de dialogar com o ministro, abrindo os tesouros
da sua mente e coração a fim de que o mesmo lhe ajude a aplicá-los da melhor
forma objetivando uma saúde espiritual, enriquecendo-se cada dia mais e
beneficiando outras pessoas pelas pérolas encontradas por ele mesmo dentro de
sua própria casa, dentro de sua própria vida.

2.2 Objetivos

O que se deseja é mostrar que o conhecimento da psicologia quando bem


utilizado estará a serviço do pastor na medida em que não se distancia dos
propósitos de Deus em relação à função pastoral. Conhecer os fatores psicológicos
no processo de desenvolvimento humano ajudará ao pastor compreender o
comportamento dos aconselhados inclusive compreender que homens e mulheres,
devido a sua estrutura bio-psico-social, reagem de forma diferente às situações.

Para Wolberg, as psicoterapias são métodos de tratamentos, que podem se


utilizados pelo pastor, para solução de problemas de natureza emocional. Uma
pessoa (pastor) bem treinada, mediante a utilização de meios psicológicos (e
teológicos) estabelece uma relação colaborativa com a pessoa que busca ajuda do
pastor, visando remover ou modificar sintomas existentes, corrigir padrões
disfuncionais de relação interpessoal e promover o desenvolvimento da
personalidade.
O objetivo de um processo psicoterapêutico é dar condições para que a
pessoa se desenvolva aprendendo sobre ela mesma através de seus sintomas e das
trocas estabelecidas neste processo. há situações que fogem ao seu controle
cabendo-lhe indicar um profissional especializado ciente que este não lhe é uma
ameaça no tocante a sua função e autoridade frente à igreja.

2.3 Fundamentos bíblicos e teológicos do aconselhamento pastoral

Embora a sociedade acadêmica não admita, é cada vez mais flagrante a


transformação que a igreja evangélica promove através da evangelização e
aconselhamento de pessoas que antes tinham uma vida desregrada vivendo à
margem da sociedade e se tornaram em cidadãos de bem sem custar um centavo
para o governo e cofres públicos.

Com o advento das abordagens psicológicas modernas, a partir de Sigmund


Freud ao final dos anos 1800, em pouco tempo a base bíblica da Criação, Queda e
Redenção do homem sofreu grande ataque por abordagens seculares de saúde e
doença mentais.

Por conta disso, muitos estudiosos entenderam ter encontrado um meio de


retirar o Deus pessoal de suas interpretações a respeito do mundo e do homem.
Pecado, salvação, vida eterna deixaram de existir ou, no mínimo, relegados à
condição de idéias repressoras dos legítimos desejos humanos. Novas práticas
psicoterapeuticas prometiam a resolução de problemas pessoas e/ou interpessoais
através do trabalho psicoterapeutico ao alcance do homem.

Por outro lado, a Igreja, em boa parte, adaptou-se a essas propostas. No


começo do Século 20, as Escrituras continuaram a ser pregadas, mas passaram a
um segundo plano como fonte de aconselhamento por muitos, criando uma
minimização da mensagem Redentiva das Escrituras.

No entanto, se lermos cuidadosamente e sem assombros a Bíblia notaremos


que ela se expressa como verdadeira conselheira: diagnostica doenças emocionais,
“A esperança que se retarda deixa o coração doente, mas o anseio satisfeito é
árvore de vida” (PROVÉRBIOS 13:12), explica comportamentos e emoções, “O
Senhor deu aos seres humanos inteligência e consciência; ninguém pode se
esconder de si mesmo” (PROVÉRBIOS, 20:27), interpretação de sofrimentos e
influências externas, definições de situações funcionais (Efésios 5-6), caráter do
conselheiro (Gálatas 6:1-10), alvos do processo de aconselhamento, (Filipenses 4)
etc., ou seja, toda instrução necessária tanto para o conselheiro como para o
aconselhado está à sua disposição no texto Bíblico.

Em meados do Século 20, a percepção da comunidade científica começou a


mudar como resultado da própria evolução científica. O advento dos processos
médicos de ressuscitação nas UTI’s hospitalares, por exemplo, confrontou a ciência
com a descrição de eventos transcendentais pelos pacientes que experimentaram a
proximidade da morte. Estudos sobre a oração, particularmente a meditação
provaram a realidade de percepções desconhecidas da ciência até então. Isso
trouxe à cena, mais uma vez, o interesse pelas Escrituras como fonte de informação
e compreensão desses fenômenos.Mais uma vez na história, as Escrituras são
confirmadas como fundação para todo pensamento adequado, diagnose e cuidado
para as pessoas e seus problemas.

A Igreja tem sido desafiada a repensar suas crenças a respeito do por que e
do para que as pessoas lutam e como ajudá-las quando procuram o cuidado
pastoral. Sem abrir mão de nossa convicção de fé nas Escrituras e de uma visão
centrada em Deus, como incluir o que legitimamente pode ser aprendido da
psicologia moderna sem contudo desprezar os conhecimentos adquiridos ao longo
dos anos de vivência no meio cristão.
No final do século 20 ficou claro que a geração atual de conselheiros bíblicos
beneficiou-se das forças de seus predecessores assim como aprenderam de suas
fraquezas. Tem surgido uma geração de conselheiros com uma sensibilidade
aumentada ao sofrimento humano, à dinâmica das motivações, à centralidade do
evangelho na vida diária do cristão, à importância do corpo de Cristo, ao mesmo
tempo em que praticam um engajamento mais articulado com a cultura secular.

2.4 Aconselhamento pastoral como um processo comunicativo

A comunicação é um fator preponderante nas relações sociais. Sendo assim,


qualquer diálogo está intrinsecamente ligado a arte de se comunicar a fim de ser
entendido e receber o ​feedback​ do seu interlocutor.

O pastor é um indivíduo que desenvolve a característica da comunicação de


uma maneira centrada e ordenada porque é através da fala que ele consegue
questionar o entrevistado e ao mesmo tempo é através dela que o aconselhado
externar o que se passa em seu mundo de fantasias e desilusões ou mesmo um
simples conflito de ideias ou de relacionamento familiar ou social.

O diálogo é um ingrediente básico da comunicação pois tanto o falar como o


ouvir – verbal e não verbalmente estão envolvidos e são essenciais ao processo.
Hulme diz que o aconselhamento pastoral é dialógico em sua estrutura: há ouvir e
falar, dar e receber. Aconselhamento sem diálogo é impossível.

O diálogo afirma que o processo de comunicação é uma via de duas mãos de


partilhar significados verbais e não-verbais, caracterizados mais por simultaneidade
do que por momentos específicos de trânsito, sendo fundamental que nessa vida de
duas mãos os sujeitos sejam ativos interagindo tanto por palavras quanto por gestos,
tons e até mesmo por expressões que caracterizem um estado do aconselhado a fim
de propiciar ao entrevistador uma idéia de seu estado emocional ou comportamental,
o que levará o aconselhador a definir exatamente sobre o que fazer: se aconselhar
como pastor ou encaminhar para um profissional da área de psicologia.
Howe em seu clássico “o milagre do diálogo” enxerga o diálogo como um
processo interacional e afirma a necessidade da interação mútua:

Diálogo é aquele processo de falar e responder entre duas pessoas no qual há um fluxo de
significado entre eles, apesar de todos os obstáculos que normalmente
bloqueiam o relacionamento. É a interação entre pessoas na qual uma
procura dar-se à outra assim como é, e procura conhecer a outra assim
como ela é. Significa que não tentará impor a sua própria vontade... Tal é o
relacionamento que caracteriza o diálogo e é precondição para a
comunicação dialógica.

A comunicação, portanto é condição básica e necessária para que haja uma


compreensão e essa compreensão seja bilateral objetivando estabelecer um diálogo
produtivo entre o aconselhador e o aconselhado.

2.5 Os sujeitos do aconselhamento pastoral

O pastor é uma figura ativa no aconselhamento e deve ter em mente como


colocará o aconselhado em condições de igualdade no momento em que o diálogo
se desenvolver. Os mais variados tipos de aconselhamento que vêm ao gabinete
como noivos que querem casar-se, homens e mulheres querendo se separar,
pessoas que precisam descobrir sua vocação ou mesmo para intermediar conflitos.

O aconselhamento visa de um modo geral a adaptação do sujeito à situação


em que vive, fazendo-o refletir sobre suas ações diante da sua realidade existente e
ao mesmo tempo lhe propiciar condições de enfrentá-las a partir da sua própria
realidade.

O primeiro sujeito da situação é realmente o aconselhado; porque esse é


quem procura um aconselhador a fim de desabafar e descarregar os seus
problemas. Algumas dessas pessoas se colocam e se posicionam de forma passiva,
abrindo0se somente a parte esperando que o conselheiro seja uma espécie de
vidente que descobrirá sozinho a causa e o efeito da sua situação de vida.
Sendo assim, o aconselhado é o sujeito que deve iniciar o processo de
comunicação relatando para o conselheiro exatamente uma radiografia de sua vida
social ou familiar, facilitando assim a compreensão do conselheiro que lhe ajudará a
partir das suas próprias revelações cotidianas e sinceras estabelecendo com o
conselheiro um papel ativo de comunicação.

Já o conselheiro precisa ser em preparado a fim de compreender os conflitos


do aconselhado sem se intrometer nos fatos, mas analisá-los em conjunto com o
mesmo visando uma ajuda de intervenção nas causas que se fazem necessárias de
intervenção assistida.
CAPÍTULO 3: ACONSELHAMENTO PASTORAL PARA FAMÍLIAS

3.1 A ausência de recursos espirituais

No aconselhamento pastoral é de fundamental importância que o


aconselhador, no caso o pastor; tenha um preparo e uma visão espiritual além de
dispor de recursos de inspiração divina ou mesmo intelectuais.

Nesse sentido é importante destacar que a Bíblia a Palavra de Deus


estabelece o ponto de equilíbrio da vida e do preparo espiritual destacando a graça e
o conhecimento como fieis da balança na vida espiritual do ser humano que precisa
além de compreender, estabelecer como estilo de vida o equilíbrio espiritual a fim de
conseguir transmitir também a outros uma atitude de busca das experiências
sobrenaturais sem, contudo desprezar o conhecimento teológico que é necessário
ao que trabalha ou deseja trabalhar no ministério de aconselhamento.

Os recursos espirituais são também muito importantes na vida do conselheiro


porque desenvolve um espírito de perseverança no mesmo o que lhe proporcionará
um aconselhamento com base em verdades vividas e não apenas estudadas;
exatamente o que as pessoas buscam no aconselhamento empírico: uma pessoa
experiente. Se essa pessoa experiente está de posse da teoria, facilitará com que o
aconselhado se sinta muito mais seguro em relação aos conselhos recebidos.

3.2 A recuperação dos recursos espirituais no aconselhamento pastoral


familiar

É impossível exercer o ministério pastoral sem "ser um médico de almas". O


médico em caráter de emergência pode atender na rua, em casa, no trabalho, porém
há um lugar onde ele faz as consultas de uma forma mais criteriosa, cuidadosa,
minuciosa etc. Não é diferente o trabalho do pastor no exercício do seu ministério. O
Gabinete Pastoral é o lugar onde o ministro pode ouvir, analisar, perguntar,
responder e confrontar as pessoas com mais tempo. Sabemos que o trabalho de
assistência, apoio, aconselhamento às pessoas, sempre existiu no ministério
pastoral desde à muito tempo, porém, há uma preocupação hoje de fazer o que
sempre foi feito de uma forma mais organizada. Se Jesus ou o apóstolo Paulo
exercessem o ministério pastoral em nossos dias, com certeza eles fariam uso de
toda ferramenta disponível para tornar seu trabalho ainda mais eficiente.

Os recursos espirituais são importantíssimos para o pastor no momento do


aconselhamento já que o mesmo deve estar preparado para receber todo o tipo de
problema familiar, espiritual ou mesmo questões de ordem social na vida dos
membros de sua igreja.

Dentre esses, os problemas espirituais sem dúvida são os que exigem mais
do conselheiro porque está no mundo das potestades e como classifica o Apóstolo
Paulo escrevendo aos Coríntios, essas potestades devem ser enfrentadas e
encaradas com armas espirituais e não apenas analisando as questões
comportamentais da pessoa aconselhada como se fosse resolver ou ajudar a
resolver seus problemas apenas lhe apontando uma solução prática e definitiva.

As pessoas que vêm a um gabinete pastoral nem sempre estão com


problemas em nível de comportamento. Muitas vezes são trazidas até por parentes e
amigos com uma carga espiritual muito grande por parte das entidades do
sincretismo religioso e esses espíritos precisam ser expulsos; depois de serem
expulsos é necessário orientar o liberto a fim de o seu segundo estado não ser pior
do que o primeiro.

Em relação à recuperação dos recursos espirituais na vida de um conselheiro


pastor; este sem dúvida precisará conhecer os ensinamentos do Senhor Jesus e dos
apóstolos, além de estudar as práticas e rituais do sincretismo religioso que vem
dotado de espíritos enganadores e que objetivam ridicularizar o pastor, como fizeram
aos filhos de Ceva, se este não estiver preparado espiritualmente para esse
embate.
3.3 Iniciativa Pastoral

Apesar de o Gabinete Pastoral ser um lugar de preparação, planejamento e


de grandes decisões administrativas, todo pastor que prioriza investimentos na
saúde da igreja, precisa ver esse espaço como o lugar ideal para ministrar cura
integral na vida das pessoas. É no Gabinete que o pastor pode ajudar as pessoas
em três pontos básicos: a se relacionarem melhor com Deus, consigo mesmas e
com o próximo. Isso tem a ver com vida abundante aqui e vida eterna no futuro.
Quando esse trabalho é feito de forma criteriosa e organizada, fica mais fácil o
ministro atender um número maior de pessoas e com mais eficiência. Quanto maior
a igreja, mais pastores envolvidos com esse ministério é necessário, pelo contrário
haverá uma sobrecarga para um só. Um exemplo disso é o que estava acontecendo
com Moisés: "Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse:
Que é isto, que tu fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé
diante de ti, desde a manhã até à tarde?" (Ex 18:14) Jetro, disse ao "pastor" Moisés,
não é bom o que fazes, você vai chegar à exaustão e não só você, mas o povo
também ficará prejudicado com isso. Havia a necessidade de colocar mais pessoas
para atender ao povo: "E tu dentre todo o povo procura homens capazes, tementes
a Deus, homens de verdade, que odeiem a avareza; e põe-nos sobre eles por
maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinqüenta, e maiorais de dez; Para
que julguem este povo em todo o tempo; e seja que todo o negócio grave tragam a
ti, mas todo o negócio pequeno eles o julguem; assim a ti mesmo te aliviarás da
carga, e eles a levarão contigo. Se isto fizeres, e Deus to mandar, poderás então
subsistir; assim também todo este povo em paz irá ao seu lugar". (Ex 18:21-23).
3.4 Aconselhamento pastoral, ecumenismo e interdisciplinaridade

No ambiente do aconselhamento pastoral deve se buscar o bem estar do


indivíduo a ser aconselhado. Assim sendo, sem sempre a pessoa que buscará o
conselho será necessariamente um paroquiano do rebanho do próprio pastor. Este
deve estar preparado para atender àquele que dele precisar sem lhe observar a
questão de ordem religiosa, objetivando sempre o coração e o intelecto da pessoa
humana sem nenhum tipo de preconceito e mesmo que não aceite a religião do
aconselhado, deve sempre lhe dispensar um aconselhamento direcionado ao seu
bem estar.

A interdisciplinaridade é importantíssima no aconselhamento pastoral.


Existem muitas igrejas onde o pastor além de pastor é psicólogo, psicanalista,
assistente social ou terapeuta e isso lhe permite identificar questões de ordem
psíquica ou social, mas apesar disso o pastor deve identificar a necessidade de
trabalhar com uma equipe de profissionais que o ajudarão a diagnosticar o problema
do aconselhado.

Há muitas igrejas onde os pastores contam com uma equipe de profissionais


que trabalham em harmonia cada um na sua área de ação e no todo se completam
para promover o bem das pessoas que lhe procuram.

3.4.1 Aspectos religiosos no aconselhamento pastoral

A religião ou a religiosidade poderá se constituir sem dúvida em um obstáculo


ao aconselhamento pastoral se a pessoa ou as pessoas que vêm ao
aconselhamento tiverem bitolados em sua religião. Como o pastor se utiliza da
principal regra de fé, a Bíblia Sagrada, será um entrave muito grande se alguém
questioná-lo sobre temas que confrontam com a sua própria religião e pedir-lhe que
lhe oriente a partir delas.
Entretanto, o conselheiro pastor deve primar pela orientação e mesmo que a
pessoa aconselhada se mostre uma religiosa em extremo, o aconselhamento deve
ser no mesmo nível de compreensão da mesma, já que no aconselhamento pastoral
os sujeitos precisam relacionar e se entenderem.

3.4.2 Interdisciplinaridade

O processo de integração recíproca entre diversas disciplinas tem um papel


muito importante quando se trata de aconselhamento pastoral. O ser humano que é
formado de corpo, alma e espírito segundo a tricotomia, necessita não apenas de
orientação para o seu comportamento humano na sociedade e sim uma ajuda no
sentido de encontrar a direção para todos os níveis de sua vida o que lhe
proporcionará uma maior estabilidade e segurança no momento em que se
aconselhar.

Além disso, o aconselhador deve ter exatamente o discernimento do seu


limite de competência no processo e desenvolvimento do aconselhamento e que
precisa de outros profissionais a fim de atingir o objetivo de aconselhar plenamente o
seu cliente.

Neste início do século XXI, especialmente, no contexto da América Latina, a


Teologia Prática, subárea da Teologia, tende a desenvolver a teoria de uma “prática
interdisciplinar” de aconselhamento pastoral que analise a sua relação com as
ciências humanas como a psicologia, psicoterapia, teoria da comunicação,
sociologia, antropologia, pedagogia, bem como com as diferentes dimensões da vida
em comunidade.

Na interdisciplinaridade, os profissionais trabalham socializando as


informações e estabelecendo uma análise da situação psicológica, social, patológica
e espiritual a fim de estabelecer um diagnóstico embasado em dados reais em cada
área da vida do sujeito entrevistado.
3.5 Dimensões sociais, políticas, econômicas e culturais do aconselhamento
pastoral

As dimensões sociais do aconselhamento pastoral são inegáveis na


sociedade porque em conjunto com as ações sociais da igreja no sentido de
recuperar o indivíduo sem ônus nenhum ao Estado, tira o mesmo das regiões de
confrontos causando uma diminuição no submundo do crime e reduzindo
consideravelmente o número de amontoados nas cadeias do Brasil.

A revista Veja (edição 1861, 7 de julho de 2004) destacou a ação social dos
evangélicos no Brasil. De acordo com a matéria – intitulada “A fé de resultados” –,
“os templos evangélicos promovem a redução de vários índices negativos na
vizinhança, começando pelo total de alcoólatras e terminando no número de
ocorrências criminais”. O sociólogo Rubem César Fernandes, diretor executivo do
movimento Viva Rio e pesquisador do Instituto de Estudos da Religião, disse à
revista que “quando uma igreja evangélica entra numa comunidade pobre, contribui
para elevar a auto-estima dos moradores e gera um efeito disciplinador”.

A reportagem de Veja também enfatizou a redução de homicídios em algumas


favelas do Rio – à medida que vários templos evangélicos foram sendo instalados
nos locais. Segundo informações da revista, o trabalho social dos evangélicos é
reconhecido até mesmo pela polícia.

A rapidez com que agem os evangélicos e os resultados obtidos foram


lembrados pela matéria que destacou o trabalho realizado pela Igreja Batista da
Lagoinha, em Belo Horizonte. A igreja mantém um centro de recuperação para
dependentes químicos e 40% destes dependentes são recuperados. Índice que, de
acordo com a reportagem, é oito vezes melhor do que o considerado razoável pela
Organização Mundial de Saúde.

Quanto a questões relacionadas à cultura, Schneider- Harpprecht constata


que no contexto da América Latina o aconselhamento pastoral precisa se
conscientizar da diversidade cultural e religiosa de quem oferece e procura ajuda.
Existem muitas dificuldades de comunicação devido a diferentes sistemas de
educação, de valores, credos, posturas e linguagens corporais.

Essa situação, portanto, requer do/a aconselhante pastoral uma “sensibilidade


cultural” e que ele/a assuma uma postura de interpatia. Para o autor, A sensibilidade
cultural é descrita por Schneider- Harprecht em três aspectos: a) identificar a própria
cultura,ou seja, aprofundar e conhecer a cultura do/a aconselhante e perceber quais
os preconceitos que este/a tem em relação a outras culturas; b) conhecer a cultura
do/a outro/a; c) desenvolver a capacidade técnica de intervenção do/a aconselhante
após o conhecimento da sua e da cultura do outro.
CAPÍTULO 4: ACONSELHAMENTO PASTORAL POR
TELEFONE/VIRTUAL: POSSIBILIDADES E LIMITES

O aconselhamento pastoral além de obedecer a modelos convencionais como


é o caso do uso do gabinete pastoral onde a pessoa aconselhada está diante do
aconselhador, oferecendo ao mesmo condições de enxergá-lo e sentir as suas
emoções, respiração e outras formas de comunicação, está também passível de ser
realizada através de meios eletrônicos encontrados nos séculos XX e XXI como é o
caso do telefone e a rede mundial de computadores também chamada de internet.

4.1 Possibilidades do uso do telefone e internet no aconselhamento pastoral

É perfeitamente possível a utilização do telefone como um meio de levar um


aconselhamento a outrem que por uma distância geográfica não tem possibilidades
de comparecer a um gabinete de forma presencial.

O telefone que é um canal de comunicação que possibilita um diálogo em


tempo real além de permitir outras formas de expressão que faz parte da
comunicação, tem se constituído em um meio bastante explorado até mesmo por
pessoas que praticam o aconselhamento como profissão ou com intenção de ganhar
dinheiro explorando o estado de vulnerabilidade das pessoas que normalmente
preferem ficar ao telefone a tentarem dormir porque se vêem totalmente sem
condições de relaxarem devido a tantas dúvidas e incertezas na sua vida diante das
decisões que precisam ser tomadas e diante mesmo das decisões tomadas e que
lhe causaram algum embaraço.

Após o desenvolvimento do telégrafo, surgiu um dos meios de comunicação


mais utilizados até os dias atuais e considerado um dos mais importantes avanços
do século XIX: o telefone. A palavra telefone provém do grego “​tele”​, “distante”, e
“​phone”,​ o telefone é um aparelho que transmite instantaneamente o som, tornando
possível que pessoas se falem estando distantes geograficamente, em qualquer
lugar do planeta. A partir de 1889 o telefone público também já havia sido inventado,
o que permitiu que pessoas com pouca renda ou em circulação também pudessem
telefonar.

A grande revolução no mundo da telefonia veio, porém, com os aparelhos


celulares que foram desenvolvidos por volta da década de 1970. O seu uso
comercial veio a acontecer a partir do ano de 1983, na cidade de Chicago, Estados
Unidos. Em terras brasileiras a comunicação via telefone celular teve seu início na
década de 1990. Conforme Sciarreta, editor de economia da Folha On-Line, na fase
inicial da telefonia móvel, os aparelhos que “pesavam quase um quilo e chegavam a
custar até US$ 5 mil no câmbio negro” eram “símbolo de status e ostentação de
riqueza”, mas com a privatização da Telebrás no ano de 1988 e a venda gradual de
licenças para outras operadoras de telefonia fixa e móvel, tanto os aparelhos como
as tarifas telefônicas obtiveram redução nos custos. Contudo, o “fim da era dos
monopólios na telefonia brasileira” aconteceu no ano de 2003, quando houve uma
abertura para a concorrência entre diferentes companhias telefônicas.

4.2 Características específicas da comunicação por telefone ou internet

Conforme Martinez, por meio do desenvolvimento tecnológico, nos dias atuais


os aparelhos celulares, além da transmissão de voz, oferecem a possibilidade da
transmissão de dados, imagens, músicas e de vídeos. E o custo de um aparelho
celular básico que inicialmente ia até cinco mil dólares foi reduzido para
aproximadamente cinqüenta dólares, tornando-se um meio de comunicação cada
vez mais popular.

Nos últimos anos, além da telefonia fixa e dos telefones celulares, a telefonia
via Internet, conhecida por “Voz sobre IP ou simplesmente VOIP” tem invadido o
mercado brasileiro.
Programas como, por exemplo, o Skype (americano) e o Voxfone (brasileiro)
permitem que duas pessoas que tenham computador se falem e vejam em tempo
real via Internet com custo de tarifa zero, de qualquer lugar do mundo. Essas
empresas oferecem ainda a Voice Line, que permite ligações para qualquer lugar do
mundo, com tarifa cobrada por minuto, que tem o valor de uma tarifa local e não
muda, independente do lugar que se liga. A Voice Line, um aparelho móvel e que
funciona em qualquer lugar do mundo, é uma caixinha que, ligada a um aparelho de
telefone comum de um lado e à internet de banda larga de outro, transforma o
aparelho num telefone de internet com um número próprio que faz e recebe ligações
para qualquer tipo de aparelho. O computador acaba se tornando dispensável.

Desde o seu surgimento e de forma acentuada nos últimos tempos, o telefone


passou a fazer parte da civilização de modo que é praticamente impossível viver
sem esse instrumento no mundo atual. Através da telefonia se eliminou fronteiras,
reduziu custos, e se trouxe comodidade e economia de tempo.

Nesse sentido, também Martinez constata que especialmente a telefonia


móvel tem se convertido numa “ferramenta primordial” de trabalho, lazer,
relacionamentos, negócios e tem contribuído para que as pessoas se sintam mais
seguras e se tornem mais ágeis e produtivas.

4.2.1 Uma comunicação instantânea que dispensa locomoção física

Através da utilização da telefonia se modifica a idéia de tempo e espaço. Se


para a locomoção física, de um local para o outro, uma pessoa necessita de uma
hora, um dia, várias semanas, por meio do telefone essa mesma pessoa pode se
fazer presente por meio de sua voz em qualquer lugar em poucos segundos,
independente dela estar a um ou vários quilômetros de distância deste local.

O telefone é um aparelho que torna possível que os ouvidos e a voz de uma


pessoa sejam transportados, sem, porém mudar o seu corpo de lugar. Através dele,
pessoas podem se comunicar sem estar no mesmo espaço físico ou geográfico.
Nesse sentido, pessoas idosas ou com dificuldades de locomoção, bem como
aquelas que tem urgência em falar com alguém, facilmente podem se comunicar por
meio do telefone e ter acesso ao aconselhamento pastoral quando dele
necessitarem.

Conforme Habenicht:

O telefone permite uma ‘forma paradoxal’ de proximidade, justamente uma proximidade na distância.
O telefone estabelece artificialmente proximidade e distância, é nesse
sentido ambivalente’(...) Dessa forma, por exemplo, o medo da proximidade
e ao mesmo tempo o desejo por proximidade podem se realizar por meio do
contato telefônico, que de um lado estabelece uma forte intimidade e por
outro lado, tal ​medium​ preserva uma grande distância.

Através do telefone torna-se possível contatar pessoas que estejam em


qualquer lugar ou, do contrário, um local, no caso uma entidade que ofereça
aconselhamento pastoral, pode ser contatado por diferentes pessoas independente
de onde elas se localizem. Além da distância geográfica, também fronteiras sociais
ou barreiras de classe podem ser vencidas com muito mais facilidade por meio de
um telefonema do que por uma visita pessoal. O telefone permite entradas em
portas e locais que em outras circunstâncias, como no caso de uma visita pessoal,
provavelmente estariam fechados ou as pessoas teriam receio de bater e entrar.

No exemplo de um centro de aconselhamento pastoral como o SICA, que


pretende ser uma “casa de portas abertas”, estará oferecendo uma possibilidade a
mais ao disponibilizar os seus serviços por meio do telefone. Qualquer pessoa,
independente de sua posição social, religião, estado civil, credo político, ideologia
social, situação econômica ou localização geográfica, pode telefonar e prontamente
ser atendida sem discriminação de qualquer espécie.

Habenicht também afirma que a comunicação por telefone acontece “em


canal de uma via” (​einkanalig)​ , pois o ver, o tocar e o cheirar são excluídos. O autor
afirma que “o telefone oferece a chance de não ter que se comunicar de forma
extensa”, mas em compensação, o “canal oral-auditivo” é fortemente acentuado.
Aspectos, como por exemplo, o tom e o volume da voz, respirações pesadas e o
choro podem facilmente ser detectados numa conversa telefônica.

4.2.2 Anonimato

Essa é sem dúvida uma outra característica importante do aconselhamento


por telefone. Apenas as pessoas que se conhecem identificarão pela voz quem está
falando do outro lado da linha. Conforme Habenicht, o fato de uma pessoa poder
ligar para um aconselhante pastoral sem precisar se identificar ou poder fazer uso de
um pseudônimo permite-lhe um sentimento de liberdade, que lhe oferece uma maior
chance de abertura e revelação de si mesma durante o diálogo. Ao saber que o
aconselhante não a conhece, a pessoa que busca ajuda irá ter menos receio de
externar seus sentimentos, seus conflitos e crises e terá a oportunidade de falar
sobre vivências que jamais teve coragem de relatar para alguém que lhe fosse
conhecido.

De acordo com Hoch, o fator do anonimato protege e reduz a vergonha de


quem busca aconselhamento. Hoch afirma que a decisão de abrir-se, de expor a sua
intimidade com alguém exige “uma boa dose de superação”, pois ajuda, pois permite
que a pessoa não tenha medo de perder a auto-imagem e o respeito perante o/a
aconselhante que irá ouvi-la.

4.2.3 Baixo custo financeiro

Em diferentes países, como por exemplo, na Alemanha, o aconselhamento


por telefone é mantido pelas Igrejas Evangélica e Católica e é uma oferta livre de
taxas. O custo das ligações telefônicas para o aconselhamento pastoral é assumido
pelas companhias telefônicas.
No Brasil, as pessoas que telefonam para o Serviço Interconfessional de
Aconselhamento não pagam taxas pelo atendimento, pois este é prestado
gratuitamente. O fato do Serviço Interconfessional de Aconselhamento receber apoio
financeiro das quatro igrejas mantenedoras e de um grupo de “Amigos do SICA” e
os/as aconselhantes e recepcionistas prestarem serviços voluntários, permite um
atendimento sem ônus para quem busca ajuda.

Quem, porém, procura aconselhamento pastoral por meio do telefone, precisa


arcar com os custos da tarifa telefônica do aparelho que utilizou para efetuar a
ligação, pois o SICA ainda não dispõe da isenção de tarifas telefônicas (0800). O
custo de uma ligação telefônica, porém, raramente excede o valor de gastos que se
teria com passagens de ônibus, trem ou táxi, bem como despesas com combustível
e estacionamento para carro.

4.2.4 Ponte para o estabelecimento de contato face a face

Embora o aconselhamento pastoral possa acontecer através do telefone a


curto, médio e até longo prazo, de acordo com a necessidade e desejo estipulados
pela própria pessoa que busca ajuda, o contato telefônico também pode se constituir
numa ponte para estabelecer o contato face-a-face. O SICA, por exemplo, oferece a
possibilidade da pessoa ir até a entidade e receber um atendimento pessoal,
participar do “Grupo de Auto-aceitação” ou de ser encaminhada para profissionais ou
grupos específicos.

Conforme Stange, o aconselhante que presta ajuda pelo telefone deve


encorajar a pessoa que liga a vencer o medo de se identificar, especialmente em
situações em que esta precisa ser encaminhada para grupos ou profissionais de
ajuda. Também Hoch afirma que nem todas as pessoas que buscam
aconselhamento telefonam “no pico da crise” e que nesses casos o aconselhante
dispõe de mais tempo para “aprofundar questões”, esclarecer o problema, “refletir
com a pessoa sobre possíveis alternativas de ação, animá-la a voltar a ligar” ou
então “encontrar-se pessoalmente com ela”.

4.3 Recursos humanos

O serviço de aconselhamento é geralmente realizado por um grupo de


pessoas que voluntariamente desenvolvem este trabalho. O conselheiro é
normalmente um abnegado e trabalha no aconselhamento como um complemento
ou associação à sua função principal como é o caso do pastor ou padre ou mesmo
um líder religioso. Ele está sempre disposto a conversar, tirar dúvidas e até mesmo
encaminhar o aconselhado a uma rede de atendimentos.

Conforme Wieners, pessoas voluntárias e leigas geralmente trazem grande


entusiasmo, uma forte e ativa motivação para o serviço que realizam. Elas
costumam ter mais paciência, também em relação com pessoas difíceis. Por outro
lado, o risco de pessoas leigas voluntárias se transformarem em “doadores de
conselho” é maior do que para profissionais. Segundo o autor, pessoas voluntárias
também estão mais propícias a se envolver demasiadamente com os problemas e
se identificar com quem busca aconselhamento e perder a distância mínima
necessária que se requer numa relação de ajuda.

4.3.2 Admissão, preparo e aperfeiçoamento de aconselhantes

É muito importante que as pessoas que estão do outro lado da linha para um
aconselhamento sejam pessoas preparadas para tal. Apenas o voluntariado e a boa
vontade de ouvir não são suficientes para que o aconselhado seja orientado da
melhor maneira e sem perigo de uma direcionamento errado devido a um
despreparo de quem está aconselhando.

Quando se trata de conversar com alguém que não se sabe quem é e nem se
conhece a sua história de vida, é preciso haver do outro lado um aconselhador com
um bom nível de equilíbrio emocional e espiritualmente preparado para lidar com
cargas que não se pode prevê ou mesmo reações estranhas.

No aconselhamento pode-se ouvir por exemplo uma história que está


relacionada a um momento vivido pelo aconselhador; pode surgir uma situação de
alguém que seja seu conhecido ou mesmo parente, e nesse caso o conselheiro não
deve se envolver emocionalmente, quebrar o sigilo ou orientar a pessoa
aconselhada de forma a direcionar à sua conveniência.

O preparo para o aconselhamento pastoral por telefone acontece através de


um processo de aprendizado pessoal e estudos específicos que se estende durante
todo o tempo, em forma de aperfeiçoamento, em que o/a aconselhante estiver
atuando. Os pontos centrais da formação são trabalhar a própria pessoa da
aconselhante, condução de um diálogo de ajuda, informações como questões
relacionadas ao funcionamento prático, organização e objetivos do serviço de
aconselhamento.

4.4 A importância do aconselhamento pelo telefone para a poimênica

No ministério pastoral a prática do aconselhamento pastoral é fundamental


para que o mesmo possa conhecer as pessoas que fazem parte de sua
congregação, conhecer seu problemas e orientar-lhes a uma busca de solução mais
direcionada.

O ministro que não conhece os problemas das pessoas de sua congregação


corre o risco de viver em um universo sul-real achando que as coisas vão bem
quando não vão ou achando que vão mal quando estão bem.

Essa prática de aconselhamento do pastor para com a membresia lhe dará


muito mais segurança em realizar o seu trabalho e fará com que as pessoas lhe
conheçam também e compreender que é um homem passível de erros e que num
dado momento pode até necessitar de um conselho do próprio aconselhado. Enfim,
contribui para a humanização das relações entre pastor e ovelha.

Em relação ao aconselhamento por telefone, o envolvimento do pastor


facilitará em muitos casos a desenvoltura do aconselhado por se tratar de uma
pessoa com quem o outro já mantém um vínculo de respeito e mesmo que não o
conheça pessoalmente já o conhece através da televisão, rádio ou outros meios de
comunicação virtual.

4.4.1 Modalidade de aconselhamento nova e atual

O aconselhamento pastoral através do telefone é uma nova forma de


poimênica porque difere de outras práticas oferecidas no contexto da Igreja. Ele tem
características próprias, como anonimato, presença constante, especialmente
durante a noite, a ponto de ser chamado de “o rosto noturno da Igreja” pelo teólogo
Jörns. Além disso, essa modalidade de aconselhamento oferece uma intervenção na
crise de forma instantânea, é um serviço ecumênico, conta com a colaboração de
pessoas leigas e voluntárias.

Antigamente o indivíduo estava imerso numa rede social compacta. Esta rede
tinha um elevado potencial de autoajuda. Havia figuras que tinham papéis
específicos de orientação; ritos; tradições. No interior mesmo da comunidade se
resolviam os problemas. O problema individual era um problema da comunidade
toda. A família tinha função relativa não participando das decisões diretas.

Na fase moderna, no entanto, “a teia social passou a perder a sua coesão”


devido à aglomeração massiva de pessoas em centros urbanos. Conforme Hoch
(1999), perdeu-se as homogeneidades sociais, culturais, étnicas e religiosas e
diferentes tradições e classes sociais começaram a conviver num mesmo espaço.
Tornou-se impossível “participar do todo” e a família tornou-se o “lugar de pertença
principal”. Instituições como Igreja, clube social, o próprio Estado, ainda promoviam
uma certa segurança e sustento.
4.4.2 Abrange maior número de pessoas

O alcance do aconselhamento pastoral por telefone é inegável e é capaz de


atender a demanda sem que a pessoa venha se deslocar de sua casa o que sem
dúvida possibilitará o acesso a outra pessoa logo em seguida e daí por diante.

Em alguns casos possibilita pessoas que fazem parte de outros grupos


religiosos ouvirem mais de uma opinião a respeito de um problema e isso em tempo
real o que não lhe prejudicará em uma tomada de decisão em curto prazo.

Com o advento dos aparelhos celulares essa comunicação ficou ainda mais
fácil e mais ágil no instante em que uma pessoa que estiver numa fila para tomar
uma decisão, poderá mesmo assim se aconselhar com o pastor ou conselheiro e
poder tomar sua decisão ou não de forma mais segura e rápida.

4.4.3 Nova forma da Igreja de fazer presente na sociedade

Quando se trata de vida ou problemas espirituais a sociedade normalmente


tenta esconder suas mazelas. Assim como Nicodemos que foi conversar com Jesus
à noite com medo dos Judeus, muitas pessoas preferem ficar no anonimato e não
socializam suas dúvidas, provocando assim uma falta de acesso a muitos
aconselhamentos.

Através da oferta do aconselhamento por telefone, qualquer pessoa pode ligar


e ser prontamente atendida por um aconselhante pastoral que está preparado/a para
ouvi-la, sem correr o risco de ser vista por outras pessoas e passar por algum tipo de
constrangimento. Dessa forma, portanto, as igrejas se fazem presente na vida de
pessoas que em outras circunstâncias não procurariam ajuda ou não seriam
alcançadas pela poimênica. Essa modalidade de aconselhamento,
consequentemente, é uma oportunidade das igrejas estenderem seus ouvidos para
além das atividades e possibilidades oferecidas dentro das comunidades, tanto para
membros como para não-membros.
O aconselhamento pastoral por telefone propicia também ao aconselhado
uma melhoria da qualidade de vida social para o seu dia e por extensão àqueles que
fazem parte do seu convívio diário que serão beneficiados por uma pessoa que se
estiver de bem com a vida proporcionará um ambiente muito mais prazeroso aos
colegas e amigos d convívio diário.
5. CONCLUSÃO

Quando resolvem fazer uso da comunicação intermediada pelo telefone, as


igrejas e os pastores abrem um leque de possibilidades de ajuda dentro do contexto
das comunidades eclesiais e para a sociedade como um todo. Através deste meio
de comunicação, torna-se viável estabelecer contatos imediatos, acompanhar
pessoas em situações difíceis, intervir em casos de crise.

Ao reunirem uma equipe ecumênica e interdisciplinar de aconselhantes


voluntários/as em um centro de aconselhamento pastoral e disponibilizar esse
serviço por meio do telefone, as igrejas históricas criam a oportunidade de se fazer
presentes e atuantes na vida quotidiana de quem vive em centros urbanos.

A comunicação telefônica permite que o aconselhamento pastoral seja


realizado com economia de tempo e baixo custo financeiro. Ainda torna possível o
estabelecimento de um contato imediato e democrático entre as pessoas que
oferecem e procuram ajuda, com a opção de permanência ou não no anonimato.

Os limites enfrentados por essa modalidade de aconselhamento são ausência


física, a falta da expressão corporal ou a linguagem não-verbal e o anonimato.

Através desse trabalho, foi possível constatar-se que através de revolução


tecnológica nos meios de comunicação ocorrida nos últimos tempos, as igrejas
dispõem de novos meios de comunicação como o telégrafo, o rádio, a televisão, os
jornais, o telefone e a rede mundial de computadores, para se fazer presente na vida
das pessoas e irao encontro daquelas que se encontram em situações de crise.
Especialmente o telefone pode ser muito útil para situações de aconselhamento
pastoral dentro do contexto das comunidades eclesiais e para a sociedade como um
todo.

A partir da comunicação telefônica que permite economia de tempo, baixo


custo financeiro, contato imediato e democrático, possibilidade de se permanecer no
anonimato, o aconselhamento pastoral pode estender-se para um número maior de
pessoas e fazer-se presente na sua vida quotidiana de quem vive em cidades.
Concluiu-se que o aconselhamento pastoral por telefone estabelecido de
forma formal em centros de aconselhamento é uma oportunidade das igrejas
reunirem forças e prestarem esse serviço através de uma equipe ecumênica e
interdisciplinar composta por pessoas voluntárias capacitadas. Também foi possível
concluir que a dimensão pastoral do aconselhamento por telefone é uma
contribuição específica por parte das igrejas, ou seja, um diferencial em relação às
outras formas de aconselhamento. Ao incluírem a espiritualidade no
Aconselhamento as igrejas reconhecem que existem outras possibilidades para
solucionar problemas humanos que vão além daquelas oferecidas pelas ciências
humanas. Quando as habilidades humanas não mais encontrarem caminhos viáveis
para aliviar a angústia humana a fé pode ser fonte de sentido, esperança, compaixão
e esperança.
REFERÊNCIAS

KEMP, Jaime. ​Saber Falar e Saber ouvir​. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2008.

Psicologia da Religião. Disponível em


http://blogs.abril.com.br/homota2/2010/04/psicologia-religiao-16.html​, arquivo
consultado em 19/08/2011.
Disponível em
http://oconselheirobiblico.blogspot.com/2009/12/em-artigo-anterior-publicado-no-blog
-do_23.html​, arquivo consultado em 17/08/2011.

FRIESEN, Albert. ​Cuidando do ser: ​treinamento em aconselhamento pastoral.


Curitiba: Editora Esperança, 2000.

JAGNOW, Dieter Joel. ​O diálogo pastoral: princípios de comunicação, Concórdia


Editora Ltda,2003. Disponível em
http://www3.est.edu.br/biblioteca/btd/Textos/Mestre/Krause_r_tm135.pdf​, arquivo
consultado em 08/08/2011.

Aconselhamento pastoral. Disponível em: ​http://www.mluther.org.br/sica/sica.htm​,


arquivo consultado em 09/08/2011.

Aconselhamento Pastoral Disponível em:


http://acervomonografico.blogspot.com/2009​ - arquivo consultado em 07/08/2011.

Potrebbero piacerti anche