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A MODELAÇÃO
DO JOGO E M FUTSAL
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1
Rui Amaral
Setembro de 2004
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1
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Universidade do Porto
Faculdade de Ciências do
Desporto e de Educação Física
Agradecimentos i
índice geral ii
índice de figuras iv
índice de quadros v
Resumo viii
Abstract ix
Résumé x
Lista de abreviaturas xi
1. Introdução 1
1.1. Âmbito e pertinência do estudo 1
1.2. Objectivos e Hipóteses 5
1.3. Estrutura do trabalho 6
2. Enquadramento conceptual 7
2.1. O Futsal no universo dos JDC 7
2.2. O Futsal de formação 17
2.3. Dimensões da performance em Futsal 25
2.3.1. Dimensão estratégico-táctica 25
2.3.2. Dimensão técnica 32
2.4. Processo ofensivo, processo defensivo 35
e suas relações com o 1x1 no jogo de Futsal
2.5. Análise ao 1x1 no jogo de Futsal 46
2.6. A importância da análise do jogo 54
2.7. A metodologia observacional 60
2.7.1. A análise sequencial 64
2.7.2. A análise pela técnica de coordenadas polares 67
3. Metodologia 69
3.1. Construção do instrumento de observação 69
H
3.1.1. Definição base: processo ofensivo 71
3.1.2. Definição de categorias 71
3.1.2.1. Pormenorização das categorias inerentes ao 1x1 75
3.2. Amostra 79
3.3. Material 80
3.4. Procedimentos de observação 80
3.5. Procedimentos de interpretação 83
3.5.1. Qualidade dos dados 83
3.5.2. Processamento de dados 84
5. Conclusões 156
9. Anexos 179
índice de Figuras
IV
índice de Quadros
v
Quadro 27. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 na zona 3 (D3).
Quadro 28. Análise prospectiva e retrospectiva tendo o 1x1 na zona 3 (D3) como conduta
critério.
Quadro 29. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 na zona 4 (D4).
Quadro 30. Análise prospectiva tendo o 1x1 na zona 4 (D4) como conduta critério.
Quadro 31. Análise retrospectiva tendo o 1x1 na zona 4 (D4) como conduta critério.
Quadro 32. Resultados da aplicação da análise pela técnica de coordenadas polares ao 1x1
nas diferentes zonas do terreno de jogo.
Quadro 33. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 do tipo drible de
progressão (DPROG).
Quadro 34. Análise prospectiva ao drible de progressão (DPROG).
Quadro 35. Análise retrospectiva ao drible de progressão (DPROG).
Quadro 36. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 do tipo drible de
protecção (DPRT).
Quadro 37. Análise prospectiva e retrospectiva ao drible de protecção (DPRT).
Quadro 38. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 do tipo drible para
passe (DPSS).
Quadro 39. Análise prospectiva e retrospectiva ao drible para passe (DPSS).
Quadro 40. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 do tipo drible para
remate (DREM).
Quadro 41. Análise prospectiva e retrospectiva ao drible para remate (DREM).
Quadro 42. Resultados da aplicação da análise pela técnica de coordenadas polares aos
diferentes tipos de 1x1.
Quadro 43. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 sem apoios
(DSA).
Quadro 44. Análise prospectiva e retrospectiva ao 1x1 sem apoios (DSA).
Quadro 45. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 com um apoio
(DUA).
Quadro 46. Análise prospectiva ao 1x1 com um apoio (DUA).
Quadro 47. Análise retrospectiva ao 1x1 com um apoio (DUA).
Quadro 48. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 com vários apoios
(DVA).
Quadro 49. Análise prospectiva ao 1x1 com vários apoios (DVA).
Quadro 50. Análise retrospectiva ao 1x1 com vários apoios (DVA).
Quadro 51. Resultados da aplicação da análise pela técnica de coordenadas polares aos
diferentes contextos de cooperação considerados na análise do 1x1.
Quadro 52. Ideias centrais das hipóteses, síntese de resultados e confirmação ou rejeição
dessas mesmas hipóteses.
Quadro 53. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao duelo (DUEL).
vi
Quadro 54. Análise prospectiva ao duelo (DUEL).
Quadro 55. Análise retrospectiva ao duelo (DUEL)
Quadro 56. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao remate (REM).
Quadro 57. Análise prospectiva ao remate (REM).
Quadro 58. Análise retrospectiva ao remate (REM).
Quadro 59. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao golo.
Quadro 60. Análise retrospectiva ao golo.
VII
Resumo
VIII
Abstract
The classics questions of team sports, what, when, who and why do it, have a vital
importance in Futsal 1 on 1 situations, due to the specific characteristics of this sport.
In this study we tried to: (1) conceptually integrate Futsal in the universe of CSG, and
characterise it as a sport with its own specificity; (2) elaborate an ad hoc observational
instrument (system categories type), that enables the analysis of the Futsal offensive process,
having the 1 on 1 as a standard conduct; (3) identify tactical-technique actions that active or are
activated by 1 on 1; (4) describe the characteristics of 1 on 1 situations that more often promote
the rupture of opponent defensive organization; (5) provide, based on the results, some
practical orientations for 1 on 1 training during players formation process.
The sample was constituted by 853 sequences and 8559 conducts, registered from the
observation of five matches of the National First League. In methodological terms we used
observational methodology, more specifically, the sequential analysis and polar coordinates
technique. For the register and treatment of data we utilize the SDIS-GSEQ software.
From the results we conclude that: prospectively the 1 on 1 seems to encourage
opponent defensive rupture, since it activates fouls and shots at goal situations; retrospectively
1 on 1 seems to be activated by ball conduction, tactical combination with progression in the
field and ball recovery; the probability of an opponent defensive rupture is bigger if the 1 on 1
situation take place in a more offensive zone of the field; dribble of progression and dribble for
shot at goal, are the dribble types that most foment the defensive rupture; in respect to the
cooperation context, the 1 on 1 with various supports presents a bigger probability of originating
a shot at a goal.
The great contextual relevance of 1 on 1 situation in the offensive process makes it
development fundamental in every phase/stage of the teaching or training process. One should,
however, respect the cognitive, physiological and psychological characteristics of the young
players in every stage of their development.
IX
Résumé
Les interrogations classiques des jeux sportifs collectifs, quoi, quand, comment et
pourquoi faire ont, dans la situation du un contre un (1x1) en Futsal, une très grande
importance à cause des caractéristiques spécifiques de cette modalité.
Dans cette étude, nous avons cherché à: (1) encadrer, de manière conceptuelle, le
Futsal dans l'univers des jeux sportifs collectifs et le caractériser comme une modalité avec
spécificité propre; (2) élaborer un instrument d'observation ad hoc, du type système de
catégories, qui permet l'analyse du processus offensif dans le Futsal, en prenant le 1x1 comme
conduit critérium; (3) identifier les actions tactiques et techniques qui sont induites (activées)
par le 1x1, et celles qui vont induire (activer) la situation du 1x1; (4) décrire les caractéristiques
des situations de 1x1 qui induisent, le plus fréquemment, le déséquilibre défensif de
l'adversaire; (5) fournir, à partir des résultats obtenus, quelques orientations pratiques pour
l'entraînement du 1x1, dans le cadre de la formation déjeunes.
L'échantillon de cette étude a été constitué par cinq matches du Championnat National
de Première Division. Nous avons recensé 853 séquences et 8559 actions. En ce qui concerne
la méthodologie employée, nous avons utilisé la méthodologie d'observation, plus précisément,
l'analyse séquentielle et la technique des coordonnées polaires. Nous avons utilisé le logiciel
SDIS-GSEG pour l'enregistrement et le traitement des données.
A partir des résultats obtenus, ont a conclu que: prospectivement, le 1x1 semble
provoquer le déséquilibre défensif de l'adversaire, une fois qu'il active les situations de fautes et
de tirs; rétrospectivement, le 1x1 semble être activé par des conduites de ballon, combinaisons
tactiques avec progression et récupération de ballon. Lorsque le 1x1 est réalisé dans une zone
plus offensive du terrain, il nous semble qu'il augmente la probabilité de causer un déséquilibre
dans la structure défensive adversaire; les dribbles de progression et de tirs sont les types de
dribbles du 1x1 qui provoquent avec plus fréquence le déséquilibre défensif de l'adversaire;
dans un contexte de coopération, le 1x1, avec plusieurs appuis, est celui qui présente la plus
forte probabilité de provoquer situation de tirs.
L'importance contextuelle du 1x1 au niveau du processus offensif, rend incontournable
son développement dans toutes les phases/étapes de l'enseignement du Futsal. Cependant,
nous devons respecter les caractéristiques cognitives, physiologiques et psychiques propres de
chaque étape du développement de l'enfant ou du jeune.
x
Lista de Abreviaturas
XI
DPROG Drible de progressão
DPRT Drible de protecção
DPSS Drible para passe
DREM Drible para remate
DSA 1x1 sem apoios
DUA 1x1 com um apoio
DVA 1x1 com vários apoios
1. Introdução
1
se cada vez mais da modalidade que lhe deu origem, conquistando um espaço
próprio no universo dos jogos desportivos colectivos (JDC).
Em termos futuros, o Futsal poderá ver aumentada a sua importância no
panorama desportivo, devido a factores como a espectacularidade e emoção
resultantes do elevado número de golos e situações de finalização, a incerteza
no resultado, a velocidade com que as acções de jogo se sucedem, e a grande
margem de progressão desta modalidade em termos táctico-técnicos e físicos
(Nuccorini, 1999). Por outro lado, a prática em recintos cobertos confere-lhe
uma certa independência relativamente às condições climatéricas, e
proporciona um maior conforto a praticantes e espectadores, bem como um
menor custo económico para os clubes, comparativamente com o Futebol.
Outros argumentos a favor do Futsal, prendem-se com a possibilidade de
desenvolvimento a nível escolar, as características técnicas, físicas e
regulamentares que o tornam atractivo para o género feminino, o seu potencial
formativo para o Futebol (Oliveira, 1998; Pacheco, 2001), e a proliferação de
instalações desportivas de indoor soccer que permitem que as populações em
geral possam aceder à sua prática.
Não obstante o claro desenvolvimento, a investigação nesta modalidade
é ainda limitada. Como podemos verificar no quadro 1, os trabalhos realizados
têm incidido fundamentalmente sobre os aspectos táctico-técnicos e
energético-funcionais, constatando-se um aumento recente do interesse pelos
primeiros.
2
A importância da situação de jogo 5x5 para a formação e treino em Futebol
Allen et al., 1998; Bezerra, 1999; Platt et al., 2001; Hoff et al., 2002
3
O conhecimento sobre a relevância do 1x1 no jogo de Futsal assume-se
também como essencial no universo do treino com crianças e jovens,
permitindo que os técnicos possam enquadrar a abordagem deste conteúdo de
acordo com a importância que ele assumirá ao longo da carreira desportiva do
praticante.
4
1.2. Objectivos e hipóteses
5
1.3. Estrutura do trabalho
6
2. Enquadramento conceptual
7
{score-dependent), como é o caso do Voleibol (Franks e
McGarry, 1996).
8
carregar um adversário mesmo com o ombro e de efectuar um tacle deslizante
quando a bola está ou vai ser jogada pelo adversário.
Ao nível da relação com bola o Futsal coloca problemas particulares. O
facto de ser jogado fundamentalmente com os membros inferiores, fazendo
apelo à coordenação óculo-pedal (tal como o Futebol), e numa área de jogo
reduzida (tal como o Andebol ou o Basquetebol), coloca maiores dificuldades
em termos de precisão e tempo na execução dos gestos técnicos, uma vez que
os membros inferiores têm simultaneamente funções de deslocamento e
equilíbrio corporal, e os adversários estão normalmente muito próximos. Por
outro lado, o facto do jogo se desenrolar predominantemente ao nível do solo
coloca dificuldades na libertação da visão da bola, o que consequentemente
dificulta a análise do envolvimento (Garganta e Pinto, 1995).
No que respeita às dimensões do terreno de jogo e número de
jogadores, e considerando as dimensões adoptadas pela FIFA para
competições internacionais, temos uma área de jogo de 40 metros de
comprimento por 20 de largura (800 m2), onde os dez jogadores se podem
deslocar livremente, não existindo zonas restritivas como por exemplo a área
de baliza no Andebol, o que representa uma área proporcional de 80 m2 por
jogador. O que significa que o Futsal, comparativamente com o Futebol (área
proporcional entre 291 m2 e 375 m2 por jogador), apresenta uma maior
densidade de jogadores, verificando-se por isso maior restrição de espaço, e
consequentemente de tempo para agir (Garganta, 1997; Queiroz, 2003).
A relação entre a área de jogo e o número de jogadores, e o facto de ser
jogado com os pés, confere ao Futsal características específicas, como por
exemplo (Chaves e Amor, 2002): rápidas transições defesa-ataque, e ataque-
defesa; perdas e recuperações de bola frequentes; o 1x1 como jogada de
ataque mais recorrente, na tentativa de dar resposta à falta de espaço; e menor
número de ajudas defensivas em virtude do menor número de jogadores, o que
favorece o desequilíbrio defensivo.
A proximidade dos adversários leva a que as acções se tenham de
realizar de forma rápida e inesperada, implicando uma forte solicitação dos
processos cognitivos (Menichelli, 2003), pelo que os automatismos e
9
estratégias se assumem como aspectos fundamentais no rendimento da
equipa (Alvarez et ai., 2002). Para Menichelli (2003), esta crise de espaço e
tempo que caracteriza o jogo é responsável pelo elevado nível de capacidade
técnica e velocidade do jogador de Futsal.
A estrutura do jogo obriga a que o jogador seja veloz do ponto de vista
da execução propriamente dita, mas também nos aspectos relacionados com o
processamento da informação e a tomada de decisão (Garganta, 1999a;
Sannicardo, 2000), exigindo o Futsal velocidade de realização ao jogador, e
velocidade de jogo à equipa (Garganta, 1999a).
O menor espaço de jogo e número de efectivos por equipa,
comparativamente com o Futebol, reflecte-se numa maior distância realizada
através de deslocamentos de alta intensidade (sprinte), num maior número de
movimentos laterais, num valor significativamente mais elevado de contactos
com a bola, e na reduzida utilização do jogo de cabeça, do passe longo e do
remate de média ou longa distância (Allen et ai., 1998). Esta elevada
frequência de contactos com a bola pode ser uma possível explicação para a
elevada capacidade técnica que é reconhecida aos jogadores com formação no
Futsal.
Todavia, devemos ter presente que a área de jogo por jogador é em
termos práticos facilmente alterada por determinadas particularidades da
modalidade tais como: as acções do guarda-redes na maioria das situações
estão limitadas à sua área de baliza; os regulamentos das provas nacionais
permitem a utilização de campos de jogo com dimensões inferiores ou
superiores a 800 m2; e as opções estratégico-tácticas dos treinadores que
procuram precisamente obter benefícios da alteração da área de jogo por
jogador, por exemplo, as estratégias de defesa em meio ou um quarto do
campo.
Por outro lado, e comparativamente com o Futebol, o menor número de
jogadores significa também, menor complexidade na percepção das situações,
e consequentemente «leitura do jogo» facilitada (Garganta e Pinto, 1995).
O jogo de Futsal tem uma duração de 40 minutos cronometrados (tempo
efectivo) divididos em duas partes de 20 minutos. Contudo, o tempo absoluto
10
de jogo pode oscilar entre os 75 e os 85 minutos, podendo mesmo em alguns
casos ultrapassar os 90 minutos (Alvarez et ai., 2002). Prisco e Palumbo cit.
por Júnior (1998), constataram que nos jogos da Copa Brasileira de Verão 97 a
duração média foi de 68 minutos.
A duração absoluta do jogo de Futsal leva a que o esforço que é
solicitado aos jogadores seja fundamentalmente de carácter aeróbio (Moreno,
2001). Todavia, as acções determinantes para o resultado final do jogo (dribles,
acelerações, travagens, mudanças de direcção, remates), são suportadas pelo
metabolismo anaeróbio aláctico. Devendo o jogador ser capaz de realizar
acções alicerçadas neste metabolismo durante toda a partida, o que faz
emergir a importância de uma capacidade motora combinada - a resistência de
velocidade (Alvarez et ai., 2002).
O terreno de jogo caracteriza-se por não possuir irregularidades e pela
sua relativa imunidade face às condições climatéricas.
O tamanho, peso e pressão da bola, conjuntamente com as dimensões
do espaço de jogo e número de jogadores, são também responsáveis por
gestos técnicos específicos desta modalidade. Como exemplos temos: a
utilização da região plantar do pé para recepcionar, conduzir e passar a bola; o
uso da zona anterior do pé para rematar ou passar a bola; o lançamento de
baliza; e a trajectória de passe em hipérbole ou parabólica.
Relativamente à percentagem de êxito nas acções de ataque, em
modalidades como o Basquetebol, o Andebol e o Voleibol ela é de 50%,
enquanto que no Futebol é de 1 a 2% (Dufour, 1989; Garganta e Pinto, 1995).
No Futsal, embora pouco estudada, a percentagem de êxito das acções
ofensivas parece rondar os 4% (Silva Matos, 2002).
Esta percentagem de êxito do processo ofensivo, associada à menor
precisão dos gestos técnicos realizados com os pés, que aumentam a
incerteza destas acções do jogo, facilitando a ocorrência de passes errados e
intercepções, parecem colocar o Futsal, comparativamente com outras
modalidades, num ponto intermédio em termos de «aleatoriedade» do jogo.
Sendo mais aleatório que o Basquetebol, o Andebol e o Voleibol, mas menos
do que o Futebol. O que significa que a probabilidade de uma equipa mais
11
fraca vencer uma mais forte, é maior no Futsal que nas restantes modalidades
de pavilhão anteriormente referidas, mas menor do que no Futebol (Souza,
2002).
A colocação dos alvos (balizas) na vertical, como no Andebol ou Futebol,
e diferente do Basquetebol e Voleibol, faz com que a sua largura aparente varie
em função da posição (ângulo) em que é visualizada pelo jogador (Garganta e
Pinto, 1995).
Relativamente à finalização, e comparativamente com o Futebol, a
obtenção de golo no Futsal implica remates mais precisos (baliza de menores
dimensões) (Menichelli, 2003), e que geralmente acontecem mais perto do
alvo.
O pedido de tempo é uma regra que permite ao técnico ter um minuto
para dialogar com os seus jogadores, e tentar alterar o rumo do jogo em favor
da sua equipa. Podendo ser utilizado com o objectivo de (Filho, 2000): alterar a
forma de jogar da equipa; relembrar a forma de marcação de um «lance de
bola parada»; permitir o descanso dos jogadores em situações de pressão por
parte do adversário; e parar o jogo após momentos críticos como golo contra
ou a favor.
O número ilimitado de substituições para além de possibilitar ao técnico
estar constantemente a interferir no jogo, permite que a intensidade e ritmo de
jogo se mantenham sempre elevados (Alvarez et ai., 2002). Esta segunda ideia
parece ser suportada pelo facto de não se verificar uma diminuição da distância
total percorrida pelos jogadores durante a segunda parte (Oliveira, 1998), ao
contrário do que acontece no Futebol (Van Gool et ai., 1988; Bangsbo, et ai.,
1991).
O facto das substituições poderem ser volantes, isto é, realizarem-se
com a bola em jogo, conduz a que estas possam ser utilizadas em estratégias
para as fases fixas do jogo, nomeadamente ao nível das saídas de pressão
(Fernandes, 2004).
A regra das faltas acumulativas confere ao jogo de Futsal
particularidades de ordem estratégica, táctica e técnica. Esta regra diz-nos que
a partir da quinta falta em cada meio tempo punível com livre directo, a equipa
12
passa a ser penalizada com um livre sem barreira no local da falta ou por um
pontapé da segunda marca de grande penalidade (10 metros). Tal facto,
significa que a partir deste número de faltas todas as infracções puníveis com
livre directo passam a representar uma situação de grande perigo para a baliza
da equipa infractora.
Esta regra condiciona por motivos óbvios a actuação de defesas e
atacantes, por exemplo em situações de 1x1 ou duelo. Existindo por parte dos
defesas um cuidado especial em não cometer faltas (menor agressividade
defensiva), e por parte dos atacantes uma intenção clara de as provocar (maior
agressividade ofensiva).
A inferioridade numérica temporária é outra das características desta
modalidade, quando um jogador é expulso (cartão vermelho), a sua equipa vê-
se reduzida a menos um elemento durante dois minutos ou até ao momento
em que o adversário consiga um golo. Esta característica regulamentar leva a
que as equipas possuam sistemas e modelos de jogo ofensivos e defensivos
específicos para situações desta natureza. Proporciona ainda a existência de
jogadores especializados nestas situações.
A impossibilidade de devolver a bola ao guarda-redes depois de este a
ter passado, sem que antes esta tenha sido tocada por um adversário ou
ultrapassado a linha de meio campo, coloca dificuldades à equipa atacante no
que respeita à manutenção da posse da bola, uma vez que o guarda-redes,
que é um jogador sem marcação directa, deixa de ser uma linha de passe de
apoio.
A reposição da bola em jogo após esta ter saído pela linha de baliza
efectua-se através de um lançamento de baliza realizado pelo guarda-redes.
Este facto permite que a reposição da bola em jogo possa representar o início
de um lance perigoso para a equipa adversária, através de uma acção de
contra ataque ou ataque rápido (Abella, 2001). A reposição da bola com a mão
aliada às reduzidas dimensões da área de jogo, permite que o primeiro passe
possa ser efectuado com grande precisão para uma zona próxima da baliza
adversária, o que obviamente propicia o desequilíbrio da equipa defensora. A
capacidade de passe com a mão é uma característica importante dos guarda-
13
redes de Futsal, e como tal deve ser um conteúdo a trabalhar no treino quer de
formação, quer de rendimento.
A inexistência da lei do fora de jogo leva a que defesa no Futsal não
possa praticar uma das estratégias mais utilizadas pelas defesas no Futebol, a
colocação dos atacantes em situação de fora de jogo. Esta situação conduz a
que os atacantes no Futsal se possam movimentar para além do último
defensor sem qualquer tipo de limitação regulamentar, facilitando desta forma a
profundidade do ataque (Osimani, 2003a).
Por seu lado, a regra dos quatro segundos diz-nos que na execução de
lançamentos de baliza, pontapés livres, de canto, ou de linha lateral, o jogador
executante dispõem de quatro segundos para os efectuar. Caso contrário, a
posse da bola será atribuída à equipa adversária.
Esta regra coloca pressão de tempo no jogador executante, e
responsabiliza os seus companheiros sem bola pela criação de soluções de
jogo.
Pensámos ainda que o treinador deve levar em consideração esta regra
quando treina os esquemas tácticos para as fases fixas do jogo (lances de bola
parada).
A regra dos quatro segundos diz-nos ainda que o guarda-redes não
poder ter a posse da bola durante mais de quatro segundos no seu meio
campo, facto que limita o tempo que este dispõem para analisar o envolvimento
e efectuar o passe para um dos colegas.
Por fim, devemos salientar a impossibilidade de carregar um adversário
mesmo com o ombro, e de efectuar um tacle deslizante quando a bola está ou
vai ser jogada pelo adversário. Estas particularidades das leis do jogo de Futsal
condicionam em larga medida a actuação dos defensores nos confrontos
individuais, mais concretamente, nos duelos e nas situações de 1x1, sendo
estas últimas o núcleo central do presente trabalho.
No quadro 2 pode-se observar a comparação do Futsal com outros JDC
em diferentes indicadores.
14
Quadro 2. Comparação do Futsal com outros JDC, considerando diferentes indicadores.
Hóquei em
Indicadores Futsal Futebol Basquetebol Andebol
Patins
Máximo: Máximo:
110x75m 44x22m
40x20m (8250m ) 2
28x15m ( 968m2) 40x20m
Área de jogo
(800m2) Mínimo: (420m2) Mínimo: (800m2)
100x64m 34x17m
(6400m ) 2
( 578m2)
Area de jogo Máximo:375m2 Máximo:97m2
80m2 42m2 57m2
por jogador Mínimo:291m2 Mínimo:58m2
40' (2x20'
Tempo de 40' (2x20* 40'(4x10'
90' (2x45') cronometrados) 60' (2x30')
jogo cronometrados) cronometrados)
(2)
Qualquer Qualquer Qualquer
superfície superfície superfície
Formas de corporal com corporal com Somente com as Somente com o corporal com
jogar a bola excepção dos excepção dos mãos stick excepção da
membros membros perna e do
superiores (1) superiores (1) pé.
Condicionada
Mobilidade Sem Condicionada -
Sem restrições Sem restrições - drible e 3
com bola restrições drible e 2 passos
passos
Área restritiva e lei
Áreas Sem áreas Lei do fora de Linha de anti- Área de
do regresso da bola
restritivas restritivas jogo jogo baliza
à zona de defesa
Número de
5x5 11x11 5x5 5x5 7x7
jogadores
3
substituições,
sendo que o Sem
Substituições Sem restrições Sem restrições Sem restrições
jogador que restrições
sai não pode
voltar a entrar
15
Limite de 5 faltas
por jogador, sendo
Limite de 5
este excluído à 5a
faltas por
falta. Limite de 4
equipa em
faltas por equipa
cada parte,
em cada período,
Faltas sendo esta Sem limites Sem limites Sem limites
sendo esta
penalizada com
penalizada com 2
livre directo
lançamentos livres
sem barreira à
a partir da 5a falta,
6 a falta.
independentemente
do carácter da falta.
Exclusões por
Inferioridade um período de Exclusões
numérica por 2' ou até a Definitiva até por um
Não se verifica Não se verifica
sanção equipa final do jogo período de 2'
disciplinar infractora sofrer ou definitiva.
um golo.
Dimensões 7,32x2,44m 170x105cm 3x2m
3x2m (6m2) 2
45cm de diâmetro 2
do alvo (17,86m ) (1,78m ) (6m2)
(1) Com excepção do guarda-redes, que dentro da área de baliza pode jogar a bola com
qualquer superfície corporal.
(2) Em competições nacionais o tempo de jogo é de 50 minutos (2x25').
16
2.2. O Futsal de formação
17
A obtenção de elevados níveis de rendimento por parte do jogador no
auge da sua carreira desportiva, passa necessariamente, pela realização de
um trabalho a longo prazo - processo de formação desportiva (Mesquita, 1997;
Gomes e Machado, 2001).
Progressivamente, o acesso ao mais alto nível competitivo de Futsal
começa a ficar limitado aos jogadores que realizaram o seu processo de
formação desportiva nesta modalidade (Verzaro, 1999).
Logo, o trabalho desenvolvido pelos treinadores nos escalões de
formação é um dos factores determinantes para a capacidade de rendimento
futuro do jogador (Mesquita, 1997).
No Futsal, tal como na maioria dos JDC, o planeamento é influenciado
pela prestação e resultado do último jogo. Embora esta seja a filosofia correcta
para quem tem como objectivo a vitória na próxima competição e o rendimento
máximo imediato (equipas de alto rendimento), não nos parece a mais
adequada para os escalões de formação. Nestes casos, os objectivos devem
ser de longo prazo, devendo o treinador procurar que o jogador, mais do que
maximizar os seus recursos, desenvolva novos argumentos que lhe possam
ser úteis no futuro (Tejada e Penas, 2003).
Orientar o processo de formação por imperativos de rendimento imediato
pode comprometer toda a evolução futura do jovem praticante (Mesquita,
1997).
Assim, as etapas de iniciação (aprendizagem) e rendimento
(aperfeiçoamento) devem ter objectivos diferenciados (quadro 3).
18
fundamentos
Preocupação com resultados a curto prazo Preocupação com a formação (motora,
(títulos) intelectual, social e desportiva)
Classificação dos jogadores do grupo (titulares
Participação de todos os jogadores
e reservas)
Exigência de resultados por parte de técnicos
Orientação
e dirigentes
19
essenciais, noção de cooperação e oposição, comunicação motora e
interpretação do espaço).
A segunda fase denominada por iniciação persegue objectivos como o
conhecimento e a compreensão do minifutsal, o desenvolvimento das
capacidades perceptivas e decisionais, a aprendizagem dos modelos de
execução técnica, o desenvolvimento da cooperação e oposição, e o incentivo
do jogo livre e da criatividade. Esta etapa deve caracterizar-se por
regulamentos adaptados ao minifutsal (bola, tempo e espaço de jogo), pela
adopção do contra-ataque como sistema de jogo, pela defesa individual em
todo o espaço de jogo, e pelo desenvolvimento da condição física através do
próprio jogo.
Por seu lado, a terceira fase (desenvolvimento ou aprendizagem) tem
como objectivos a interpretação e compreensão do Futsal enquanto
modalidade própria, a aprendizagem da técnica enquanto processo e produto,
a aquisição de conceitos de táctica individual e de grupo em termos de ataque,
a defesa individual ao jogador com e sem bola, o jogo colectivo de ataque e
defesa, a aprendizagem de esquemas de jogo simples, e o trabalho específico
para o posto de guarda-redes. Esta fase de aprendizagem deve caracterizar-se
pela utilização das regras específicas do Futsal, pela defesa individual em todo
o campo com aplicação da ajuda defensiva, pelo equilíbrio defensivo, e pelo
desenvolvimento das capacidade físicas.
Relativamente à fase de aperfeiçoamento, esta deve visar o
conhecimento aprofundado das regras de jogo para que delas o jogador possa
tirar o máximo proveito, a aprendizagem de diferentes sistemas de jogo de
ataque e de defesa, o enriquecimento técnico-táctico, e a utilização de
estratégias previamente preparadas. Esta fase deve caracterizar-se ainda pela
aquisição de experiência de competição, pelo aperfeiçoamento das qualidades
físicas gerais e específicas, e pela preparação de cada partida.
Um dos parâmetros que melhor distingue cada uma destas etapas é a
relação percentual entre treino geral e específico (quadro 4).
Tejadas e Penas (2003), consideram ainda a existência de uma quinta
etapa denominada por manutenção, na qual se incluem os jogadores seniores
20
de alto rendimento. Esta etapa deverá ser a de maior duração na vida
desportiva do jogador, e em que a evolução se deve ao aumento da
experiência de jogo, graças a uma prática sistemática e ao melhor
conhecimento de todos os factores do jogo, o que permite ao jogador um maior
controlo desses mesmos factores.
Quadro 4. Relação entre o treino geral e específico nos diferentes escalões de formação
(adaptado de Sampedro, 1993).
Etapa Treino Geral (%) Treino Específico (%)
Inicial 100 0
Iniciação 75 25
Desenvolvimento 50 50
Aperfeiçoamento 20 80
21
em contacto com a ela, por isso é uma óptima fase para o
desenvolvimento da relação com bola;
- No escalão de juniores D ou infantis (dez-onze anos) devemos
começar a tentar fazer pensar o jovem jogador, de forma a que este
consiga analisar a acção que acaba de realizar. Algumas crianças
começam a ser capazes de identificar diferentes opções, o que
significa que a capacidade de decisão começa a desenvolver-se. Os
exercícios para a execução técnica devem apresentar um grau de
dificuldade superior à etapa anterior.
- No escalão de juniores C ou iniciados (doze-treze anos) o jogador
entra na fase do pensamento táctico, uma vez que é capaz de actuar
em função do decidido. A sua capacidade cognitiva permite-lhe 1er o
jogo enquanto realiza as acções técnicas, o que torna as decisões
mais rápidas. É uma fase ideal para trabalhar a táctica individual, isto
é, a realização das acções técnicas no contexto do jogo;
- No escalão de juniores B ou juvenis (catorze-quinze anos) a
capacidade de processamento de informação aumenta
exponencialmente, necessitando o jovem jogador da ajuda do
treinador para conseguir melhorar a capacidade de observação e
decisão. É nesta fase que o jovem passa a ser capaz de conhecer
um sistema de jogo, uma vez que é capaz de dividir a sua atenção
entre a execução técnica e a observação do movimento de
companheiros e adversários;
- No escalão de juniores A ou juniores (dezasseis-dezoito anos) o
jogador continua a aumentar a velocidade de processamento de
informação, o que lhe permite evoluir em termos de táctica colectiva
e sistemas de jogo. A técnica deve ser exercitada em patamares de
dificuldade cada vez mais elevados;
- No escalão de seniores (treino de rendimento), o jogador atinge o
seu nível mais elevado de processamento de informação, sendo
capaz de percepcionar, decidir e executar (Mahlo, 1969)
rapidamente. Nesta fase deve ser exigida a máxima atenção aos
22
jogadores durante os treinos, de forma a que estes consigam
melhorar a sua «inteligência de jogo».
23
responsabilidades, e regras higiénico-sanitárias e de
segurança);
(8) A motivação e o gosto pela modalidade devem ser
fomentados, uma vez que de nada serve tentar ensinar os
melhores gestos técnicos e conceitos tácticos a um jogador
que não está interessado em apreendê-los, por maiores
potencialidades que ele possa ter;
(9) A especialização precoce em Futsal pode não ser o melhor
caminho para os êxitos desportivos na idade adulta.
24
2.3. Dimensões da performance em Futsal
25
Nos JDC as competências dos jogadores devem estar muito para além
do domínio de um conjunto de habilidades técnicas e capacidades motoras.
Devendo-se alicerçar em princípios e regras de acção, regras de gestão da
organização do jogo, e habilidades perceptivas e decisionais (Gréhaigne e
Guillon, 1992).
Logo, ao contrário do que acontece em modalidades de dominante
energética (por exemplo ciclismo), ou de carácter técnico-combinado (por
exemplo Ginástica), nos JDC a performance é fundamentalmente condicionada
pela componente táctica (Konzag, 1983; Pinto, 1996). Uma vez que é a
organização estratégico-táctica das equipas que confere coerência ao
comportamento dos jogadores (Garganta, 1998b), estes não jogam por jogar, a
sua actuação deve ser em função das características do contexto momentâneo
do jogo, procurando sempre o benefício da sua equipa e o prejuízo da equipa
adversária (Paulis e Mendo, 2002a).
Neste tipo de desportos as acções dos jogadores visam a resolução de
situações do jogo, com diferentes possibilidades de solução, e em que estes
procuram optar pela mais adequada no menor tempo possível (Tavares, 1999).
Esta concepção alicerçada na primazia da dimensão estratégico-táctica,
não pretende eclipsar a importância das demais dimensões da performance
(técnica, energético-funcional e psicológica). Mas sim salientar a necessidade
de enquadramento destas, em função da especificidade do jogo desportivo
colectivo em questão (Garganta, 1997), neste caso o Futsal.
Frequentemente, estratégia e táctica são analisadas numa perspectiva
«dicotómica» ou «hemiplégica». Sendo a estratégia identificada como planos e
intenções que são estabelecidos colateralmente ao jogo e circunscritos às
competências do treinador. E a táctica entendida como a colocação dos
jogadores no terreno de jogo e as suas movimentações padronizadas
(Garganta e Oliveira, 1996; Garganta, 2000).
Na perspectiva de Garganta e Oliveira (1996) e Garganta (2000),
estratégia e táctica estão intimamente ligadas, podendo ser consideradas
«duas faces da mesma moeda», uma vez que concorrem para o mesmo fim e
fundem-se na prestação desportiva.
26
Relativamente à estratégia Riera (1995a) considera que esta se
caracteriza por: (1) tentar alcançar o objectivo principal; (2) planificar a
actuação a curto, médio e longo prazo; (3) abordar a globalidade dos aspectos
que intervêm no rendimento desportivo.
Embora nos JDC a estratégia para atingir a vitória seja sempre colectiva
(estratégia colectiva), este facto não invalida que um jogador não estabeleça a
sua própria estratégia (estratégia individual), por exemplo, planificando a sua
actuação de forma a não ser sancionado, não se lesionar ou não se fatigar
demasiado (Riera, 1995a). Como consideram Garganta e Oliveira (1996, p. 20),
«cada jogador deve ser um estratego capacitado para integrar as suas
soluções tácticas individuais no projecto colectivo e vice-versa».
Com base em Riera (1995a), podemos referir algumas acções
estratégicas aplicáveis ao jogo de Futsal: substituir os jogadores durante o jogo
em função do resultado ou das características dos jogadores adversários em
campo; modificar a posição e as funções dos jogadores durante a partida;
adoptar o modelo de jogo da equipa sénior como referência para o processo de
formação nos escalões jovens; estudar as características do adversário com
quem provavelmente mais situações de 1x1 vamos ter no jogo; e treinar em
piso igual aquele que vamos encontrar na próxima competição.
Por seu lado, a táctica pode ser caracterizada (Riera, 1995a): (1) pelo
atingir de objectivos parciais (por exemplo driblar e evitar ser driblado, marcar e
procurar não deixar marcar golo); (2) pelo confronto, que é a essência da
táctica, e em que as decisões têm de ser tomadas com base na análise de um
envolvimento em constante e rápida mutação, o que conduz a que na táctica a
improvisação supere a planificação; (3) pela relação de oposição, o que
significa que a actuação táctica de um jogador ou equipa é fortemente
condicionada pela actuação dos seus adversários.
A táctica pode ter uma vertente (Bauer e Ueberle, 1988; Greco e
Chagas, 1992; Pinto, 1996; Castelo et ai. 1998; Bota e Colibaba-Evulet, 2001):
individual, quando diz respeito a um jogador (por exemplo driblar o adversário
numa situação de 1x1); de grupo, quando estão envolvidos dois ou mais
jogadores (por exemplo «tabela»); ou de equipa, quando envolve toda a equipa
27
(por exemplo defesa zonal). Podemos ainda diferenciar a táctica em ofensiva e
defensiva (Riera, 1995a).
Como exemplos de acções tácticas podemos referir (Riera, 1995a):
simular uma acção (por exemplo remate) e realizar uma outra (por exemplo
passe para finalização); driblar o marcador directo (1x1); ou bloquear o
defensor directo do nosso companheiro portador da bola (bloqueio directo).
Em síntese, podemos considerar que a estratégia corresponde a um
plano de acção, e a táctica à aplicação da estratégia às condições específicas
do jogo (Garganta, 2000).
O complexo sistema de referência que existe nos JDC (campo de jogo,
regras, bola, balizas, colegas e adversários), coloca grandes exigências às
funções cognitivas do jogador, constituindo-se estas como pré-requisito do
desempenho na modalidade (Tavares, 1995).
Nos JDC, são essencialmente as informações visuais que sustentam a
formação de um pensamento táctico, exigindo-se por isso ao jogador que seja
capaz de efectuar um processamento deste tipo de informações, por forma a
identificar e resolver os problemas que lhe são colocados (Tavares, 1995).
Relativamente ao acto ou comportamento táctico no jogo podemos
considerar a existência de três fases sucessivas e interdependentes (Mahlo,
1969): (1) a percepção e análise da situação, que visa a identificação do
problema que é colocado, utilizando-se para isso os órgãos sensoriais e todos
os mecanismos perceptuais (fundamentalmente a visão), bem como as
experiências prévias do jogador (memória); (2) a solução mental do problema,
que consiste na elaboração de uma resposta com base no confronto da
informação recolhida durante a fase de percepção e análise da situação (fase
1) com os conhecimentos anteriormente adquiridos pelo jogador (memória); (3)
a solução motora, que corresponde à execução motora propriamente dita
(execução técnica), realizada por acção dos mecanismos efectores que têm
como suporte os sistemas nervoso e muscular.
Devemos ainda salientar que a execução motora vai ser avaliada em
função da sua eficiência (resultado positivo ou negativo), sendo esta
informação enviada à memória por contra-reacção passando pelo receptor do
28
efeito, encontrando-se este em ligação com a solução motora seleccionada
(Mahlo, 1969). Este mecanismo, que permite a tomada de consciência sobre o
resultado da acção motora, proporciona a melhoria da qualidade do
comportamento táctico em futuras situações.
No Futsal, e relativamente ao processo ofensivo, Souza e Greco (s/d)
dividem a percepção em geral e específica.
A geral consiste em percepcionar sinais como: sistema defensivo
utilizado pelo adversário; comportamento dos defensores dentro do sistema
defensivo; estado físico e psicológico do adversário; comportamento defensivo
dos jogadores já advertidos verbalmente ou com cartão amarelo, ou cuja
equipa já atingiu as cinco faltas; e atitude dos adversários quando se joga em
superioridade ou inferioridade numérica no ataque (inferioridade numérica
temporária).
A específica consiste na percepção durante a realização de uma
determinada habilidade técnica ou acção de jogo, por exemplo, o 1x1, onde o
jogador deve atender: ao local da área de jogo onde vai realizar a acção; ao
contexto de cooperação de que dispõem; ao posicionamento e características
do adversário; ao posicionamento dos restantes jogadores adversários
(possibilidade de dobra ou compensação); à situação do adversário em termos
disciplinares (advertência com cartão amarelo), e da equipa em termos de
faltas (possibilidade de livre directo sem barreira).
A grande dificuldade do Futsal de alto nível advém da necessidade de
actuar de forma eficiente com os pés, em situação de tempo e espaço
reduzidos. O que obriga a que as capacidades de percepção, decisão e
execução devam ser o mais eficientes e eficazes possíveis. Isto só é possível
se o jogador for capaz de antecipar as acções de comunicação e
contracomunicação motoras, e colocar-se adequadamente para actuar. A
melhoria destes aspectos é fundamental para que se consiga formar um
jogador «inteligente» (Tejada e Penas, 2003). Sendo o termo «inteligente»
sinónimo, não de uma inteligência abstracta e estática, mas sim de uma
inteligência do comportamento motor («inteligência de jogo»), capaz de permitir
29
ao jogador actuar com qualidade no jogo (Garganta, 1999a; Williams e Reilly,
2000).
Devido à velocidade com que é jogado, o Futsal exige ao praticante um
reajustamento constante e preciso do seu posicionamento. Este reajustamento
deve surgir como resposta a modificações da posição da bola, do adversário
directo quando em situação de defesa, ou dos companheiros quando em
situação de ataque. Relativamente à precisão, uma diferença de meio metro
pode significar não chegar a tempo a uma dobra e sofrer um golo, ou
interceptar um passe e iniciar rapidamente um contra-ataque que pode levar a
uma situação de golo a favor (Sampedro, 1997).
A velocidade com que é processada a informação depende de factores
como a complexidade da tarefa ou o nível do praticante, sendo que esta é mais
lenta perante tarefas mais complexas, ou quando executada por jogadores
principiantes (Tavares, 1995).
Para Bellis (1999), os jogadores de Futsal de nível mais elevado são
aqueles que processam a informação essencial no menor tempo possível, e
que surpreendem o adversário com a sua acção.
Mas as diferenças ao nível do processamento da informação visual entre
jogadores principiantes e experientes, ultrapassam o factor velocidade com que
este processamento é efectuado, como podemos constatar no quadro 5.
De acordo com Rink et ai. (1996), a investigação científica tem permitido
identificar um conjunto de factores perceptuais e cognitivos que caracterizam
os desportistas de excelência: superior conhecimento declarativo e processual,
para além de mais organizado e estruturado; maior eficiência nos processos de
detecção e selecção das informações visuais; maior rapidez e precisão no
reconhecimento de padrões e na tomada de decisão; superior capacidade de
anticipação dos eventos do jogo e das acções dos oponentes; maior
conhecimento sobre as probabilidades situacionais; superior auto-
monitorização das tácticas; maior capacidade de planear as acções
antecipadamente; e especialização ao nível da busca e extracção de
informação a partir do envolvimento do jogo e da memória de longo-termo.
30
Quadro 5. Diferenças no processamento da informação visual entre jogadores principiantes e
experientes (retirado de Ripoll, 1987 cit. por Tavares, 1995).
Jogadores Principiantes Jogadores Experientes
1. a informação visual é pontual e 1. a informação visual é inter-relacional.
corresponde a um conjunto de Ela relaciona os diferentes
acontecimentos; acontecimentos;
2. a informação é tratada sobretudo em 2. a informação implica
visão central; complementarmente a visão central e
periférica;
3. a "leitura" dos diferentes 3. a "leitura" é muitas vezes antecipada.
acontecimentos é feita em ordem O atleta coloca o seu olhar na
cronológica das suas aparições; direcção precisa onde vai aparecer o
acontecimento;
4. um número importante de 4. só os acontecimentos mais pertinentes
acontecimentos é analisado; são analisados. 0 seu número é
restrito;
5. o tempo destinado a consultar cada 5. o tempo destinado a consultar cada
um dos elementos é curto. A acontecimento é longo. A informação
informação é incompleta; é completa;
6. o tempo total de análise é elevado 6. o tempo total de análise é reduzido;
7. apresentam um longo período de 7. a resposta é desencadeada durante a
tempo entre a recepção da informação análise da situação;
e o desencadeamento da resposta;
8. as respostas motoras são muitas 8. as respostas motoras são apropriadas.
vezes inadequadas.
31
2.3.2. Dimensão técnica
32
concreta de jogo (Moreno, 2001). As acções técnicas devem visar o benefício
da equipa e não o «brilho» do jogador executante (Abella, 2001).
A natureza das acções técnicas implica um processo de percepção e
análise da situação, uma solução mental e motora, a participação da
consciência e um pensamento produtor (Castelo, 1999).
As situações de jogo não se repetem e cada lance é distinto do anterior.
O que nos leva a concluir que as tarefas do treino devem preparar o jogador
para que este se consiga adaptar a esta diversidade (Gutierrez e Lozano Cid,
2002), procurando-se no fundo desenvolver a capacidade de adaptabilidade do
praticante. Sendo esta adquirida através da variabilidade da prática e da
exercitação em contextos variáveis (Rink, 1993).
A realização das habilidades técnicas nos JDC pressupõem
frequentemente a concretização de uma "dupla tarefa", isto é, a repartição da
atenção entre a tarefa motora (por exemplo a condução de bola) e a tarefa
cognitiva (por exemplo analisar os deslocamentos dos colegas e dos
adversários) (Temprado, 1997).
Esta concepção da "dupla tarefa" permite-nos deduzir que se o jogador
for portador de uma boa técnica, isso permite-lhe libertar a sua atenção para a
análise do envolvimento (leitura do jogo) (Teunissen, 1997; Mesquita, 2000).
Segundo Rink et ai. (1996), os desportistas de excelência apresentam
características particulares no domínio da execução técnica, como: obtenção
de altas pontuações nos testes técnicos; elevadas percentagens de sucesso
para as execuções técnicas durante os jogos; execução técnica dos gestos de
forma mais automatizada e com menor esforço; maior consistência e
adaptabilidade nos padrões de movimento; e superior auto-monitorização,
detecção e correcção de erros da execução técnica.
Em conclusão podemos considerar que também no Futsal, «a estratégia,
a táctica e a técnica não implicam três acções diferentes, mas sim três formas
diferentes de contemplar a mesma acção» (Riera, 1995a, p. 56).
Relativamente ao núcleo do nosso trabalho, as acções de 1x1, podemos
considerar que estas são concretizadas do ponto de vista ofensivo por factores
ou comportamentos táctico-técnicos como: técnicas de drible, finta e simulação;
33
!
35
No Futsal, Chaves e Amor (2002), consideram que é possível distinguir
três fases no processo de ataque: (1) abertura, que corresponde à fase inicial
do ataque, onde se pretende criar um desequilíbrio na defesa e a progressão
do jogo de ataque. Esta fase materializa-se através de um passe, uma situação
de 1x1, uma saída de pressão, uma rotação de ataque ou um remate à baliza;
(2) desenvolvimento ou continuação, que consiste na exploração do
desequilíbrio defensivo provocado pela fase de abertura; (3) finalização ou
culminação, que se caracteriza pela tentativa de atingir o golo através de uma
acção de finalização.
36
Quadro 6. Momentos do processo ofensivo considerados no presente trabalho
(macrocategorias), e condutas (categorias) que se incluem em cada um desses momentos.
Momento do Processo Ofensivo Acontecimentos
(Macrocategorias) (Categorias)
Pontapé de saída; Lançamento de baliza;
Macrocateaoria 1 Pontapé de linha lateral; Recuperação directa
Início do Processo Ofensivo por intercepção, desarme ou duelo;
Recuperação de bola indirecta; Bola ao Solo
1x1; Condução de bola; Combinação táctica
sem progressão, com progressão, com
movimento da bola contrário ao sentido de
Macrocateaoria 2
ataque ou directa; Tentativa de passe;
Construção e Desenvolvimento
Pontapé de linha lateral ou de canto; Falta;
do Processo Ofensivo
Cruzamento; Intervenção do adversário ou do
guarda-redes adversário; Remate interceptado
pela defesa; Remate enquadrado; Duelo.
Macrocateaoria 3 Perda de bola directa ou indirecta; remate não
Finalização do Processo Ofensivo enquadrado; Golo
37
outras palavras, obrigar a defesa a actuar num maior espaço de jogo efectivo, o
que diminui a concentração defensiva e consequentemente dificulta as acções
de cobertura defensiva, compensação e dobra, aumentando desta forma a
probabilidade de uma acção de 1x1 bem sucedida provocar um desequilíbrio
significativo na estrutura defensiva.
Por seu lado, a defesa apresenta como princípios específicos (Queiroz,
1983): a contenção, a cobertura defensiva, o equilíbrio e a concentração.
Encontrando-se também estes bem evidentes na acção de 1x1.
Assim, o 1x1 só acontece porque um dos defensores efectua uma
marcação directa ao atacante portador da bola (contenção), fechando-lhe a
linha de remate ou progressão para a baliza (Garganta e Pinto, 1995). Sendo a
acção do atacante (tipo de drible) directamente influenciada pela a atitude do
defesa (mais ou menos pressionante).
Por outro lado, o segundo princípio da defesa (cobertura defensiva) visa
precisamente influenciar o comportamento dos jogadores envolvidos na
situação de 1x1, dando maior confiança ao defesa, e retirando ambição ao
atacante, mostrando-lhe que o 1x1 mesmo que bem sucedido não vai provocar
um desequilíbrio determinante na defesa, uma vez que a acção de dobra se
encontra preparada.
O terceiro princípio da defesa (equilíbrio), embora esteja mais associado
às acções ofensivas que acontecem fora da bola (cobertura de espaços e
jogadores livres) (Queiroz, 1983), assume importância ao nível do contexto de
cooperação no 1x1, uma vez que a ausência de linhas passe pode ser uma
característica contextual indutora da opção pelo 1x1.
Por fim, temos o quarto princípio da defesa (concentração), que visa
precisamente diminuir o impacto negativo no equilíbrio defensivo que podem
ter determinadas acções do ataque, entre elas o 1x1. O cumprimento deste
princípio torna a defesa menos susceptível aos desequilíbrios que possam ser
criados por acções de 1x1 bem sucedidas, uma vez que facilita as acções de
cobertura defensiva, dobra e compensação.
38
De acordo com Tejadas e Penas (2003), o jogo posicionai, na
perspectiva do ataque ou da defesa, é aquele que mais vezes se verifica
durante uma partida.
No Futsal e relativamente ao ataque posicionai podemos considerar a
existência de três sistemas de jogo padrão (Lozano Cid, 1995): o 2:2; o 3:1; e o
4:0. Para além destes, a literatura refere outros que são variações dos
anteriores (Mutti, 1994; Valdericeda, 1994; Filho, 2000; Lozano Cid et ai.,
2002): 2:1:1, 1:2:1, 1:3.
O sistema 2:2 caracteriza-se pela utilização de dois jogadores mais
recuados (defesas), e dois mais avançados (avançados), sendo principalmente
utilizado por equipas dos escalões de formação, ou que dispõem de pouco
tempo para treino (Mutti, 1994; Filho, 2000).
Actualmente no alto rendimento, o sistema 2:2 é fundamentalmente
utilizado (Lozano Cid et ai., 2002): em situações de desvantagem no marcador
e em que o tempo para recuperar começa a escassear; contra defesas muito
recuadas e fechadas; em saídas de pressão; quando queremos promover
situações de 1x1; e em situações de superioridade numérica por exclusão
temporária.
Quando se pretende fomentar situações de 1x1, o 2:2 é o sistema que
mais se adequa a esta intenção estratégica, uma vez que maximiza o espaço
de ataque aumentando a distância entre os defensores e dificultando por isso
as acções de cobertura defensiva, dobras e compensações.
O sistema 3-1 caracteriza-se pela colocação na zona defensiva central
de um jogador (fixo), um ala em cada corredor lateral (ala direito e ala
esquerdo), e um jogador na zona central ofensiva (avançado ou pivô). Na sua
essência este sistema procura que a equipa consiga atacar e defender sempre
com três jogadores, sendo este número assegurado pela acção dos alas (Mutti,
1994; Filho, 2000). Devendo a evolução ser no sentido de todos os jogadores
participarem no ataque e na defesa, movimentando-se por toda a área de jogo.
Este sistema em virtude da sua estrutura e dinâmica promove inúmeras
situações de 1x1 entre o pivô atacante e o fixo defensor, podendo o pivô utilizar
diferentes tipos de drible consoante o objectivo pretendido: drible de
39
progressão, quando pretende ultrapassar o último defensor e progredir para a
baliza adversária; drible para remate, quando se encontra próximo da área de
grande penalidade e pretende unicamente ganhar linha de remate para
finalizar; drible de protecção, quando após a recepção procura manter a posse
da bola perante a oposição do defesa, esperando a desmarcação de um
companheiro com quem possa combinar; e drible para passe, quando após
recepção de bola no corredor lateral joga o 1x1 com o objectivo de criar uma
linha de passe para um colega que se desmarca em direcção à baliza
adversária.
O sistema 4:0 ou quatro em linha caracteriza-se pela colocação dos
jogadores quase em linha, sendo que os extremos (direito e esquerdo) se
colocam ligeiramente mais adiantados que os jogadores centrais (centro direita
e centro esquerda). É um sistema fundamentalmente utilizado por equipas de
alto nível.
Neste sistema as acções de 1x1 na zona de elaboração das jogadas
tornam-se muito arriscadas, como consequência da ausência de coberturas
ofensivas (posicionamento em linha). Paradoxalmente, do ponto de vista
ofensivo e perante uma defesa individual, o 1x1 pode proporcionar um
desequilíbrio defensivo importante, devido ao espaço livre existente nas costas
dos defensores e à dificuldade destes na realização de dobras (posicionamento
em linha e acções de aclaramento por parte dos atacantes).
No que respeita ao processo defensivo os diferentes tipos de defesa são
classificados em função do tipo de marcação (Lozano Cid et ai., 2002):
individual, zona, mista ou alternada.
Contudo, ao nível do processo defensivo devemos considerar ainda
duas variáveis fundamentais (Sampedro, 1997; Lozano Cid et ai., 2002): a
dimensão do espaço em que se organiza a defesa (todo, três quartos, meio ou
um quarto de campo), e a intensidade defensiva, isto é, o nível de pressão que
os defesas exercem sobre o portador da bola, possíveis receptores e linhas de
passe.
A defesa individual caracteriza-se pelo facto de cada defensor ser
responsável pela marcação a um atacante.
40
No que respeita à estrutura de jogo 1x1, a defesa individual é o tipo de
marcação que mais fomenta o seu aparecimento. O posicionamento dos
jogadores em função do seu atacante directo leva ao constante aparecimento
de situações de 1x1 com e sem bola. Para além do atrás referido, devemos ter
em consideração que a dificuldade de realização de ajudas defensivas, leva a
que os atacantes sintam que uma acção de 1x1 bem sucedida pode conduzir a
um desequilíbrio definitivo na estrutura defensiva, o que obviamente torna a
relação risco/benefício mais favorável.
A defesa zona caracteriza-se pelo facto de cada defensor ser
responsável por uma zona, devendo marcar o atacante com ou sem bola que
se encontra ou passa na sua zona de responsabilidade (Lozano Cid et ai.,
2002). No que respeita ao posicionamento dos jogadores podemos considerar
dois grandes sistemas: o 1:2:1 ou defesa em losango, e o 2:2 ou defesa em
quadrado.
Ao nível do 1x1 é o tipo de defesa que mais dificulta o sucesso deste
tipo de acções, se considerar-mos o desequilíbrio defensivo como o objectivo
fulcral desta acção de jogo. Assim, princípios de acção como a concentração
de jogadores em função da posição da bola, as coberturas defensivas, as
dobras e as compensações, conduzem a que uma acção de 1x1 mesmo que
bem sucedida em termos de ultrapassagem do defesa em contenção, acabe
por não conseguir criar um desequilíbrio definitivo na estrutura defensiva.
A defesa mista consiste no facto de uma equipa utilizar simultaneamente
marcações individuais e zonais. Como exemplos de estratégias defensivas que
implicam este tipo de marcação temos: defesa zonal com marcação individual a
um jogador da equipa adversária de qualidade superior (Sampedro, 1997;
Lozano Cid et ai., 2002), ou defesa individual com marcação zonal por parte do
fixo (Tejadas e Penas, 2003).
Este tipo de defesa pode ter uma relação muito particular com as acções
de 1x1, por exemplo, no caso de uma equipa que opta por defesa zonal com
uma marcação individual, esta normalmente é exercida sobre o jogador de
maior qualidade ou mais influente na manobra de ataque do adversário, que
em muitos casos é também eficaz em acções de 1x1. Logo, o tipo de defesa
41
referido não é mais do que uma adaptação a um ataque que dispõem de um
elemento capaz de numa acção de 1x1 desequilibrar a estrutura defensiva.
Também numa defesa individual com marcação zona por parte do fixo, uma
das principais funções deste é precisamente realizar a cobertura defensiva, e
se necessário, dobrar um colega que tenha sido ultrapassado em drible pelo
seu atacante directo.
A defesa alternada consiste em uma equipa ir alternando ao longo do
jogo o seu tipo de defesa (individual/zonal). Procurando por este processo
surpreender e colocar dificuldades de adaptação ao ataque (Lozano Cid et ai.,
2002). A relação deste tipo de defesa com a acção de 1x1 vai-se modificando
consoante a defesa é individual ou zonal.
Em termos de relação do 1x1 com as variáveis espaço e intensidade da
marcação, o que podemos referir é que quanto maior o espaço em que a
defesa procura actuar, menor a concentração de defensores numa
determinada zona, logo, as acções de dobra como resposta a situações de
drible de progressão bem sucedidas vêm-se dificultadas. Pelo contrário uma
defesa muito próxima da baliza (dez-doze metros), embora muito concentrada,
e por isso facilitadora de coberturas defensivas e dobras, corre riscos de ser
batida pelos remate exteriores, fomentando por isso situações de 1x1 do tipo
drible para remate (Sampedro, 1997).
No que se refere à intensidade da marcação, uma defesa com pressão
sobre o portador da bola limita o tempo e o espaço para o atacante actuar,
procurando por esta forma desarmá-lo ou precipitar as suas acções levando-o
a perder a bola. Contudo, um jogador eficaz em situações de 1x1 pode
aproveitar esta atitude mais pressionante do defesa para o tentar driblar,
procurando ultrapassá-lo ou simplesmente ganhar uma falta. Por outro lado, os
jogadores mais limitados do ponto de vista técnico podem recorrer com maior
insistência a situações de 1x1 do tipo drible de protecção.
Relativamente à escolha do sistema de jogo Filho (2000, p. 52),
considera que «os esquemas e padrões de jogo têm que ser adaptados ao
potencial que os atletas possuem», por outras palavras isto significa, que o
sistema deve estar de acordo com as características dos jogadores que
42
constituem a equipa (Teunissen, 1997; Pasini, 1999; Aranda, 2001). Queiroz
(2003), vai mais longe ao considerar que para além das características
individuais dos futebolistas, a escolha do sistema deve ter em consideração a
conjugação das características dos jogadores, bem como os objectivos da
equipa na competição.
Contudo, isto não invalida que uma equipa deva dominar mais do que
um sistema de jogo, porque a mudança de sistema táctico durante o jogo pode
provocar desequilíbrios na defesa adversária (Filho, 2000; Lozano Cid et ai.,
2002).
Júnior (1998) alerta para o facto dos sistemas de jogo (posicionamento
dos jogadores em campo - fixo, alas e pivô), serem meras representações
teóricas, uma vez que as movimentações que caracterizam o padrão de jogo
da equipa, obrigam a que os jogadores ocupem diferentes posições e
consequentemente funções distintas. Actualmente, e de acordo com Apolo
(2004), os jogadores mais do que ocupar posições estabelecidas devem
cumprir funções.
A mobilidade de um ataque posicionai no Futsal é determinada em larga
medida pela sua tipologia. Podendo o ataque ser (Chaves e Amor, 2002):
posicionai estático, posicionai dinâmico ou rotacional. Sendo este último sem
dúvida aquele que implica maior mobilidade e polivalência dos jogadores.
Osimani (2001b; 2001c), considera que o jogador no Futsal actual deve
ser versátil, sendo capaz de ocupar as várias posições e interpretar diferentes
situações de jogo. Para este autor, esta ideia estende-se ao guarda-redes,
devendo o jogador que ocupa este posto específico ser «uma quinta solução
táctica na organização defensiva e ofensiva» (Osimani, 2001b, p.134).
Para Sampedro (1997), o contra-ataque é o método de jogo ofensivo
mais utilizado. Para este autor a eficácia deste método de jogo é influenciada
por factores como: características da organização defensiva utilizada; rapidez
com que os jogadores da equipa mudam o seu papel de defensores para
atacantes; acções técnicas e combinações tácticas precisas e realizadas em
velocidade; rapidez na percepção das situações e na tomada de decisão;
disciplina e organização; e eficácia nas acções de 1x1.
43
Para Chaves e Amor (2002), o contra-ataque pode também denominar-
se por transição defesa-ataque não estruturada. Podendo esta ser de
superioridade numérica, quando assenta em estruturas do tipo 3x1, 3x2, 2x1,
2x0 e 1x0, ou igualdade numérica, quando se caracteriza pelas estruturas 3x3,
2x2 e 1x1. No caso da transição não estruturada em igualdade numérica, o 1x1
pode ser um meio para conseguir desequilibrar a defesa, e assim criar
superioridade numérica para o ataque.
Devido ao binómio velocidade-precisão com que as acções devem ser
realizadas, o risco de perda da bola numa situação de contra-ataque é mais
elevado, o que aumenta a frequência de situações de contra-contra-ataque
(Osimani e Zanchi, 2001a).
No Futsal os esquemas tácticos para as fases fixas do jogo assumem
uma grande importância, uma vez que é através deles que são conseguidos
uma percentagem significativa de golos (Sampedro, 1997; Osimani, 2003b). Os
mesmos autores consideram que cada vez mais os jogos importantes são
resolvidos em jogadas de «bola parada».
Como fases fixas do jogo podemos considerar a marcação de pontapés
livres directos e indirectos, pontapés de canto, pontapés de linha lateral,
lançamentos de baliza e pontapés de saída.
Relativamente às tendências evolutivas do jogo, Osimani (2003b) numa
análise ao Campeonato da Europa realizado em 2003, considera que se
verifica uma supremacia da fase defensiva sobre a ofensiva, em virtude dos
sistemas defensivos serem cada vez mais pressionantes. Para o autor, este
facto deve conduzir a um maior investimento por parte dos técnicos ao nível do
treino da fase ofensiva, no que respeita por exemplo, à melhoria de aspectos
técnicos como o drible, o passe e o remate.
Para além do atrás referido, Osimani (2003c), considera que são
necessárias alterações regulamentares que estimulem as equipas a adoptar
estilos de jogo mais ofensivos, de forma a aumentar a espectacularidade do
jogo.
44
espectacularidade e emoção das acções de jogo que provocam. No ponto
seguinte vamo-nos debruçar sobre esta estrutura do jogo, que constitui o
núcleo central do nosso trabalho, e que Chaves e Amor (2002), consideram ser
a essência do Futsal, uma vez que coloca em jogo todas as habilidades
técnicas, todas as dimensões da condição física e o engano, isto é, o mascarar
das verdadeiras intenções.
45
2.5. Análise ao 1x1 no jogo de Futsal
46
As acções de 1x1 aparecem vulgarmente denominadas na literatura
como drible. Para Mutti (2003, p. 44), « o drible é uma acção individual com
bola que consiste numa combinação de recursos variados, como equilíbrio,
velocidade de arranque, descontração muscular, ritmo, sentido de
improvisação etc., com o objectivo de ultrapassar um adversário mantendo o
domínio da bola »
Embora sejam habitualmente designadas por acções individuais, as
situações de 1x1 não devem ser entendidas como acções à margem da
realidade do jogo. Mas sim como uma consequência da acção de toda equipa
levada à prática por apenas um jogador (Gutierrez e Lozano Cid, 2002).
Para Garganta (1999b) podemos identificar dois estatutos nesta situação
de jogo, portador e não portador da bola, cabendo a cada um dos quais tarefas
diferenciadas. O possuidor da bola terá como tarefas a manutenção da posse
da bola ou a criação de desequilíbrios na estrutura defensiva adversária. Por
outro lado, os jogadores não possuidores da bola desempenharam tarefas
como desmarcações de apoio ou ruptura, fixação dos defensores ou
obstaculização (cortinas e bloqueios).
O 1x1 pode ter como objectivo criar desequilíbrios na defesa contrária de
forma a criar superioridade numérica na fase de ataque, ou simplesmente
conservar a posse da bola (Gomes e Machado, 2001).
Osimani (2004) vai um pouco mais longe, ao considerar que o 1x1 pode
ser utilizado para criar uma superioridade numérica ou posicionai, uma linha de
passe, uma linha de remate ou simplesmente conservar a posse da bola. A
perspectiva deste autor é idêntica à que vai presidir à elaboração do
instrumento de observação deste estudo no que respeita aos tipos de drible.
Assim, no presente trabalho vamos considerar as subcategorias drible de
progressão, drible de protecção, drible para passe e drible para remate.
O 1x1 deve pelo acima referido ser encarado como um dos meios à
disposição da equipa durante o processo ofensivo com vista à obtenção do
golo (Gutierrez e Lozano Cid, 2002), ou à manutenção da posse da bola
(Gomes e Machado, 2001), e não como um fim em si mesmo.
47
Segundo Uriondo (1997), o drible é um meio táctico-técnico que tem
vindo a ganhar importância nos sistemas actuais do Futebol, uma vez que em
muitas situações permite iniciar o desequilíbrio defensivo do adversário,
valorizando-se cada vez mais os jogadores capazes de o realizar sem abusar
dele, no momento certo, e criando uma superioridade ofensiva que pode ser
decisiva. Na mesma linha de pensamento, Castelo (1993) considera que nesta
mesma modalidade as acções de marcação e a falta de espaços têm
conduzido a um aumento da importância do drible.
Talvez por este motivo se verifique que as melhores equipas possuem
vários jogadores capazes de superar os seus adversários directos através do
drible (Hughes, 1994).
No caso específico do Futsal, Facchin et ai. (1999), consideram que
cerca de 30% dos golos são obtidos logo após uma acção de drible.
O 1x1 levanta as seguintes exigências do ponto de vista táctico, técnico,
físico e psicológico (Gomes e Machado, 2001; Santana, 2001; Lozano Cid et
ai., 2002; Tejadas e Penas, 2003): (1) pensamento táctico (avaliação da
situação, sentido de oportunidade no que respeita ao momento e local da sua
execução, e emissão de uma hipótese de actuação); (2) procura do melhor
deslocamento para iniciar o 1x1 (finta ou movimento de simulação); (3)
aguardar e analisar a resposta do defensor directo; (4) capacidade técnica para
realizar e finalizar as acções através da condução de bola e do remate; (5)
solicitação da velocidade de reacção, execução e deslocamento, e da força; (6)
confiança nas suas capacidades e coragem para assumir os riscos de jogar o
1x1.
48
também nesta acção do jogo. Para Ros (1991), o 1x1 é uma das situações
mais representativas da táctica individual, funcionando como uma espécie de
«célula matriz» desta vertente da táctica.
Talvez por este motivo, Sampedro (1993) considere que a situação de
1x1 é acima de tudo um jogo de inteligência entre o atacante e o defensor.
Outros aspectos como a qualidade dos jogadores envolvidos no 1x1
(atacante e defesa) ou a pressão do público, influenciam também o resultado
final desta acção do jogo (Hughes, 1994).
Para Garganta (1999b) o 1x1 no Futebol e na perspectiva do ataque
deve ser privilegiado sempre que exista uma situação de equilíbrio entre
atacantes e defesas, quando não se criem linhas de passe, ou o defensor
directo cometa um erro defensivo.
De acordo com o mesmo autor, o atacante deve orientar o seu
comportamento por regras de acção como: receber a bola e enquadrar-se com
a baliza; fixar o defensor adoptando uma atitude de tripla ameaça
(possibilidade de passar, conduzir ou rematar); e arrancar rápido em direcção à
baliza adversária.
Por seu lado, Castelo (1996) considera que o jogador de Futebol deve
arriscar o 1x1 quando este se bem sucedido lhe permita: ganhar espaços vitais
de jogo ou tempo suficiente para desequilibrar a organização defensiva
adversária; e na proximidade da área de grande penalidade eliminar o último
defesa e finalizar.
Para Pasini (1999), o jogador de Futsal apenas deve arriscar o drible
quando dispõem de cobertura ofensiva.
Em virtude da ausência de estudos sobre a situação de 1x1 no Futsal,
vamos alicerçar a nossa revisão em estudos realizados em outras
modalidades, nomeadamente no Futebol e no Basquetebol.
Relativamente à importância das situações de 1x1 no jogo de Futebol
podemos salientar os resultados obtidos por diferentes estudos:
- Durante o Campeonato do Mundo de 1982 24% dos golos resultaram
de um slalom ou de uma «penetração individual» (Dufour, 1989);
49
- No Campeonato do Mundo de 1998 o jogo individual foi o factor
decisivo em 20% dos golos obtidos (Grant et ai., 1999 cit. por
Caldeira, 2001);
- Dos 97 golos obtidos no Mundial da Coreia-Japão, 19% (18 golos)
caracterizaram-se pelo facto do marcador ter efectuado previamente
um drible ou uma finta. Este valor sobe percentualmente para 50%,
se considerarmos que apenas 36 dos golos não foram obtidos ao
primeiro toque (Caballero, 2003).
50
procura induzir em erro e desequilibrar o defensor directo, por forma a
aumentar a eficácia do drible.
A utilização deste recurso assume enorme importância no Futsal em
função do reduzido espaço de jogo e da proximidade dos adversários,
proporcionando em muitos casos uma pequena vantagem temporal e espacial
que pode ser suficiente para ultrapassar o defesa, ou simplesmente criar uma
linha de passe ou remate (Abella, 2001).
De acordo com Facchin et ai. (1999), podemos considerar três grandes
categorias de fintas: as fintas de corpo, as fintas com a bola, e as fintas com o
olhar.
Okonek (1988) cit. por Grosgeorge (1996), realizou um estudo sobre as
fintas no Basquetebol utilizando como amostra jogos do Campeonato da
Europa de 1985. No estudo em questão verificou-se que: os jogadores com
melhor performance utilizam uma gama restrita de fintas; os jogadores de
maior estatura realizam menos fintas; a finta tem tendência a perturbar o
lançamento quando estas duas acções são encadeadas; próximo do cesto uma
única finta é suficiente para se ser eficaz; em 25% dos casos a finta conduz a
uma falta pessoal; em 20% dos casos a finta origina um passe decisivo; a finta
de passe é a mais utilizada (um terço dos casos); não existe uma relação
estatística entre a finta e a acção seguinte; e relativamente ao encadeamento
de duas acções, mostrou-se mais difícil simular lançamento e a seguir executar
outra qualquer acção (lançamento, passe ou outra), do que por exemplo
simular drible e a seguir lançar.
Por seu lado, Grosgeorge (1996) estabeleceu algumas regras de acção
para o jogador de Basquetebol que deseja utilizar a finta na situação de 1x1: a
finta deve assemelhar-se a uma acção de jogo autêntica; a finta supõe que o
jogador seja capaz de variar as suas escolhas pelas suas múltiplas
possibilidades de acção; e o jogador deve ser capaz de planificar
antecipadamente um tempo de pausa óptimo entre a finta e a acção que
efectivamente pretende realizar, de forma a atrasar a resposta do adversário.
51
Com base em diversos autores podemos propor algumas «regras de
ouro» para o jogador atacante em situação de 1x1 (Hughes, 1994; Garganta,
1999b; Caldeira, 2001; Gomes e Machado, 2001; Santana, 2001):
- é um comportamento táctico-técnico que deve ser utilizado
preferencialmente no meio campo ofensivo, de forma a que o potencial
de risco seja diminuído e o de benefício aumentado;
- o 1x1 não deve comprometer a fluidez e continuidade do jogo da equipa;
- deve ser privilegiado quando não existe nenhum companheiro em
melhor posição para atacar a baliza;
- o drible de progressão pode ser o mais indicado quando se pretende a
criação imediata de uma situação de finalização;
- o drible de protecção pode ser o mais adequado nas situações em que
só através do 1x1 a equipa poderá manter a posse da bola;
- o jogador em 1x1 deve ter cobertura ofensiva de forma a tornar mais
favorável a relação entre risco e benefício. A cobertura ofensiva permite
temporizar o contra-ataque adversário em caso de perda da bola, ou a
existência de uma linha de passe no caso do jogador de posse da bola
desistir da acção de 1x1 ;
- o drible curto é mais eficaz no Futsal devido às reduzidas dimensões do
terreno de jogo;
- é uma acção que deve ser executada em velocidade;
- deve ser encarado como uma opção e não uma prioridade.
52
Na opinião de Gomes e Machado (2001), para a aprendizagem do drible o
jogador deve possuir os seguintes pré-requisitos: auto-confiança, boa
coordenação, domínio de outros gestos técnicos individuais (por exemplo a
condução de bola em velocidade), agilidade, percepção espacial, velocidade de
movimentos e deslocamento, e capacidade de raciocínio rápido.
Ainda ao nível da formação, Santana (2001) considera que o técnico deve
criar condições para que o jovem praticante adquira a capacidade de:
- não ter receio de jogar o 1x1, acreditando na sua capacidade criativa;
- driblar em velocidade;
- driblar curto, uma vez que as dimensões do espaço de jogo e a
proximidade dos adversários tornam o drible longo menos eficaz;
- não tentar o drible sem cobertura.
53
2.6. A importância da análise do jogo
54
- Promover o desenvolvimento de métodos de treino que garantam uma
maior especificidade, e por isso, superior transferibilidade para o jogo;
- Indiciar tendências evolutivas das diferentes modalidades desportivas.
55
De acordo com Riera (1995b), a observação faz parte da actividade
diária dos treinadores, mas para que possa ser considerada uma técnica
precisa e válida necessita de:
uma definição precisa dos indicadores a observar e dos critérios
de avaliação;
um observador especialista e conhecedor do desporto em
causa;
um sistema de registo da observação.
56
(Tenga e Larsen, 1998; Garganta, 1999c; Paulis e Mendo, 2002b); e a
complexidade dos dados e das formas de apresentação escolhidas (Gerisch e
Reichelt, 1993).
Os estudos que analisam unicamente a frequência de acontecimentos
não levam em consideração os factores ordem e tempo (Paulis e Mendo,
2002b), isto é, a sequência e momento do jogo em que esses acontecimentos
ocorrem. Sendo contudo esta informação de extrema relevância para os
treinadores e investigadores, uma vez que ela permite uma melhor
compreensão do jogo e modelação do processo de treino.
O presente trabalho para além de procurar contribuir para os primeiros
passos da análise do jogo em Futsal, vai também de encontro aquilo que
Garganta (1997, 1998a) considera ser o desejável sentido de evolução da
investigação em JDC: a incidência nos jogadores enquanto produtores do jogo,
ou no jogo enquanto produto da actividade dos jogadores; a não
subvalorização do contexto táctico em que as acções decorrem, uma vez que é
este que dá sentido ao comportamento dos jogadores; a análise de sequências
em detrimento dos dados avulsos; as características dos processos
(sequências) que conduzem a diferentes produtos (por exemplo, 1x1,
finalização), ou que tipo de condutas imergem como consequência de
determinados comportamentos; os comportamentos que perturbam ou causam
rupturas no equilíbrio defensivo de uma equipa; e a utilização de instrumentos
que permitam um permanente aperfeiçoamento e adequação à modalidade e
conteúdos que pretendemos estudar.
A metodologia observacional parece ocupar uma posição privilegiada na
adequação para estudo de padrões de conduta motora: espontâneos (acções
do jogo), em contexto natural (competição), em sistemas de alta complexidade
(por exemplo jogo de Futsal), ou que não podem ser estudados por outras
metodologias que exigem alto controlo e manipulação das variáveis (Espigares
et ai., 2002).
Esta metodologia parece responder, pelo menos em parte, às
necessidades actuais da investigação no âmbito dos JDC, uma vez que
permite: elaborar instrumentos de observação ad hoc adaptados à realidade
57
que pretendemos estudar, com base na realidade empírica e no suporte teórico
(sistema de categorias), ou no caso de realidades que se caracterizam por alta
complexidade e falta de consistência teórica, optar por um sistema aberto,
preparado para codificações múltiplas e autorregulável (formato de campo); a
análise de sequências de comportamentos levados a cabo pelos jogadores e
pelas equipas através da análise sequencial, o que possibilita detectar padrões
de conduta individuais e colectivos, sequências de acções que conduzem a
diferentes produtos (por exemplo perda da bola, finalização ou golo), e relações
de dependência entre determinados comportamentos; e a constatação de
relações de activação e inibição entre condutas, quer prospectivamente, quer
retrospectivamente, através da análise pela técnica de coordenadas polares.
58
A evolução da análise notacional vai provavelmente acompanhar a
evolução tecnológica dos sistemas informáticos e de vídeo. Devendo-se
destacar duas prováveis vias de desenvolvimento (Hughes e Franks, 1997): o
desenvolvimento de software genérico; e a entrada de dados através da voz.
59
2.7. A metodologia observacional
60
Por fim, temos a quarta fase que corresponde à interpretação dos
resultados. Devendo estes ser relacionados com o problema levantado
inicialmente. A conclusão obtida é em muitos casos o ponto de partida para
uma intervenção, tomadas de decisões ou nova investigação.
Com vista a prevenir futuros erros no estudo durante a preparação da
observação três questões devem ser levadas em consideração (Anguera et ai.,
2000): a observação exploratória, os requisitos idóneos e a redução dos
desvios.
A realização da observação exploratória permite: delimitar correctamente
o problema, diminuir ou anular os possíveis desvios provocados pela
reactividade dos sujeitos observados, treinar o observador, e recolher
informações importantes para futuras observações.
Os requisitos idóneos consistem: na manutenção da homogeneidade
inter e intra-sessões; no estabelecimento de critérios para as possíveis
interrupções na observação (sujeito fora do campo de observação ou falhas
técnicas); na especificação das unidades comportamentais, sendo estas
definidas como a mínima informação capaz de ser identificada, denominada e
que possui significado próprio; na elaboração de um cronograma com as
tarefas e o momento em que estas devem ser realizadas; e na identificação da
sessão de observação (actividade realizada, envolvimento físico e informações
de carácter institucional e organizativo).
Como causas para possíveis desvios, temos: deficiências ao nível da
percepção e interpretação dos comportamentos; conhecimento prévio sobre os
comportamentos a observar, por defeito (falta de informação básica sobre as
condutas a observar) ou por excesso (seguimento «cego» de uma teoria
científica, o que não possibilita ao observador o necessário espírito crítico
imparcial); alteração da natureza espontânea do comportamento dos sujeitos
quando sentem que estão a ser observados (reactividade); modificação da
atitude do observador ao verificar que o sujeito observado não está a actuar de
forma espontânea, o que implica a não utilização do registo (reactividade
recíproca); as expectativas do observador, que se reflectem na previsão ou
antecipação de condutas, quer por conhecimento prévio excessivo, quer por
61
desejo de obtenção de determinados resultados; violação da regra de não
interferência do observador; e falhas no planeamento do estudo, na elaboração
dos instrumentos de observação ou nos procedimentos técnicos.
A diversidade das situações susceptíveis de serem sistematicamente
observadas no âmbito da investigação na área da actividade física e do
desporto, obriga à elaboração de instrumentos de observação ad hoc
adaptados à realidade que pretendemos estudar, em detrimento dos
instrumentos standard (Anguera et ai., 2000).
Como instrumento básico da metodologia observacional existe o sistema
de categorias, ao qual foi posteriormente adicionado o formato de campo. O
sistema de categorias é elaborado pelo observador com base na realidade
empírica e no suporte teórico, caracterizando-se por ser um sistema fechado,
de codificação única, e não autorregulável.
O formato de campo é um instrumento especialmente adequado para
situações de alta complexidade e falta de consistência teórica, caracterizando-
se por ser um sistema aberto, preparado para codificações múltiplas, e
autorregulável (Suárez e Anguera, 1999; Anguera et ai., 2000).
O registo é obviamente uma das tarefas da metodologia observacional,
podendo ser definido como uma transcrição da representação da realidade por
parte do observador, mediante a utilização de determinados códigos, e que se
materializa num suporte físico que garanta a sua prevalência (Anguera et ai.,
1993 cit. por Anguera et ai., 2000).
Como modalidades de registo temos os (Anguera et ai., 2000):
narrativos, descritivos, semi-sistematizados e sistematizados.
O registo narrativo geralmente toma corpo sobre a forma de texto onde
são relatadas as ocorrências observadas. É próprio das fases iniciais da
observação (observação exploratória), e caracteriza-se pela falta de
estruturação, uso de uma terminologia não especializada, selecção intencional
de informação e registo não sequencial.
O registo descritivo evidencia uma evolução relativamente aos
narrativos, em virtude da maior estruturação e frequente utilização de meios
automáticos de gravação. Apesar do seu estilo textual, esta modalidade de
62
registo caracteriza-se por: uso de uma terminologia especializada, selecção
cuidadosa da informação a partir de critérios pré-estabelecidos e registo
sequencial.
O registo semi-sistematizado é um ponto intermédio na evolução para o
registo sistematizado. Procura expressar a informação recolhida da observação
de forma estruturada, de maneira a que não aconteçam perdas de informação.
Embora pouco utilizado este tipo de registo tem um grande potencial na
formação de observadores.
O registo sistematizado é o objectivo final de todas as modalidades
anteriormente referidas. Permite que a informação recolhida, após tratamento,
possa dar lugar a resultados precisos.
Apesar do carácter fundamentalmente qualitativo dos registos
observacionais, a verdade é que é necessária não só a codificação, mas
também a transformação destes dados de forma que sejam susceptíveis de um
tratamento quantitativo. Para tal é necessário a obtenção de medidas como: a
frequência (número de ocorrências de determinada categoria ou código de
formato de campo durante um período de tempo previamente fixado); a ordem
(que facilita o posterior estudo da sequencialidade da conduta, oferecendo
novas perspectivas de análise); e a duração (devendo a unidade temporal
escolhida ser menor ou igual à duração do comportamento mais curto).
Os dados são classificados mediante a sua ocorrência (sequencial ou
concorrente), e critério base (evento ou tempo) (Anguera et ai., 2000).
Os dados de tipo I são sequenciais e têm como critério base o evento
(ESD - Event Sequential Data). O observador regista a ordem dos eventos
mas não a sua duração (por exemplo A, B, C), sendo o registo activado pelos
eventos. Estes são o tipo de dados com que vamos trabalhar.
63
2.7.1. A análise sequencial
64
transições. Este método permite identificar quais as condutas que mantém
relações excitatórias ou inibitórias a uma distância de x transições.
A análise pode ter um carácter prospectivo (análise da sequência das
condutas que se seguem à conduta critério: 1, 2, ...), ou retrospectivo (análise
da sequência de condutas que antecederam a conduta critério: - 1 , -2, ...)
(Paulis e Mendo, 2002b).
A utilização da análise prospectiva, retrospectiva ou ambas, é
obviamente condicionada pelos objectivos do trabalho (Paulis e Mendo,
2002b). Por exemplo, se pretendemos identificar os comportamentos que
conduzem à obtenção de situações de finalização, provavelmente vamos
privilegiar a análise retrospectiva. Por outro lado, se pretendemos estudar as
consequências das fases fixas do jogo (lances de bola parada) que ocorrem no
sector ofensivo, provavelmente iremos dar preferência à análise prospectiva.
No presente trabalho (estudo do 1x1), pretendemos utilizar as duas
perspectivas de análise.
65
2002; Ribeiro, 2002); Voleibol (Mendo, 2000); e Hóquei em Patins (Mendo e
Anguera, 2000).
Em termos de desportos individuais o Squash (McGarry e Franks, 1994)
e o Ténis (Egana, 2000) foram também estudados por este processo.
O estudo dos JDC de invasão (Futsal, Futebol, Basquetebol, Andebol)
por esta técnica apresenta-se problemático devido à sua estrutura mais flexível
(McGarry e Franks, 1994). E dentro deste universo de jogos, Penas et ai.
(2002), consideram que o Basquetebol, o Andebol e o Futebol constituem três
categorias de complexidade crescente.
66
2.7.2. A análise pela técnica de coordenadas polares
67
diferentes retardos. E r corresponde ao número de retardos considerados, que
no caso do nosso estudo serão cinco.
Após a obtenção de um Zsum prospectivo (x) e um Zsum retrospectivo
(y) é imediatamente possível identificar o quadrante do gráfico de coordenadas
onde se encontra o vector representativo da relação entre a CO considerada e
a CC. Assim temos que:
- no Quadrante 1, dos 0o aos 90°, a CC é activada retrospectivamente
pela CO, e activa-a prospectivamente (relação de mútua activação);
- no Quadrante 2, dos 90° aos 180°, a CC é activada
retrospectivamente pela CO, mas inibe-a prospectivamente;
- no Quadrante 3, dos 180° aos 270°, a CC é inibida
(retrospectivamente) pela CO, e inibi-a prospectivamente (relação de
mútua inibição);
- no Quadrante 4, dos 270° aos 360°, a CC activa prospectivamente a
CO, embora seja inibida por esta retrospectivamente.
68
3. Metodologia
69
substituição da conduta drible para cruzamento por drible para passe);
alteração da definição da categoria condução de bola, em virtude da
inadaptação dessa definição à especificidade do Futsal; e divisão da área de
jogo em quatro zonas, de acordo com as dimensões do campo e diferente
relação risco/benefício que cada uma dessas zonas apresenta relativamente à
situação de 1x1 do ponto de vista ofensivo.
O sistema de categorias a utilizar encontra-se estruturado da seguinte
forma:
- três macrocategorias (início do processo ofensivo, construção e
desenvolvimento do processo ofensivo, finalização do processo
ofensivo);
- cada uma destas macrocategorias encontra-se organizada em
categorias que permitam anotar os comportamentos ocorridos, por
exemplo, o 1x1 é uma categoria da macrocategoria construção e
desenvolvimento do processo ofensivo;
- o 1x1 é ainda subcategorizado relativamente ao tipo, espacialização e
contexto de cooperação.
70
3.1.1 Definição base: processo ofensivo
71
RDI4 por intercepção de uma bola que não se encontra na
posse de nenhuma das equipas, como resultado, por
exemplo, de um duelo, ou através de situações em
que uma falha técnica do portador da bola, por
exemplo má recepção, permita que o adversário a
intercepte. Inclui-se nesta categoria as defesas do GR
em que este fica na posse da bola. É assinalada a
zona onde acontece a recuperação.
Recuperação directa por RDD1 Corresponde ao PO iniciado através de uma
desarme RDD2 recuperação de bola por desarme a uma situação de
RDD3 1x1, a uma condução de bola, ou a uma situação de
RDD4 posse de bola por parte do adversário. É
pormenorizada a zona onde sucede.
Recuperação de bola RBI1 Corresponde ao PO iniciado através de uma
indirecta RBI2 recuperação de bola de forma indirecta, isto é, por
RBI3 infracção às leis do jogo por parte do adversário. É
RBI4 pormenorizada a zona onde sucede.
Recuperação directa por RDDU1 Corresponde ao PO iniciado através de uma
duelo RDDU2 recuperação de bola num duelo. É pormenorizada a
RDDU3 zona onde sucede.
RDDU4
Bola ao solo BS Corresponde ao PO iniciado através de uma situação
de bola ao solo
72
CTS3 bola, sem que exista progressão no sentido do
CTS4 ataque. É assinalada a zona onde se inicia.
Combinação táctica CTP1 Sequência de passe e recepção, curto, médio ou
com progressão CTP2 longo entre dois jogadores da equipa em posse da
CTP3 bola, com progressão no sentido do ataque. É
CTP4 assinalada a zona onde se inicia.
Combinação táctica com CTR1 Sequência de passe e recepção, curto, médio ou
movimento da bola CTR2 longo entre dois jogadores da equipa em posse da
contrário ao sentido de CTR3 bola, em que se verifica um movimento da bola
ataque CTR4 contrário ao sentido de ataque. É assinalada a zona
onde se inicia.
Combinação táctica CTD1 Sequência de passe e recepção vulgarmente
directa CTD2 conhecidas como "1-2" ou "tabela", em que se
CTD3 verifica progressão no sentido do ataque. É
CTD4 assinalada a zona onde se inicia.
Tentativa de passe TP1 Inciuem-se nesta categoria todos os passes que não
TP2 são recepcionados por um colega de equipa.
TP3 Podendo estes ser interceptados pelos defesas ou
TP4 realizados directamente para fora. É assinalada a
zona onde é efectuado.
Pontapé de linha lateral PLL1 0 PO sofre uma interrupção ocasional, devido a um
PLL2 corte do adversário que envia a bola pela linha
PLL3 lateral, dando origem a um pontapé de linha lateral.
PLL4 É assinalada a zona em que acontece.
Pontapé de canto PC 0 PO sofre uma interrupção ocasional, devido a um
corte do adversário que envia a bola pela linha final,
dando origem a um pontapé de canto.
Cruzamento CRUZ Situação em que o jogador estando colocado na
zona ofensiva e num dos corredores laterais, envia a
bola para o corredor central, independentemente da
bola ser recebida ou não por um colega de equipa.
Intervenção do IAD1 0 PO sofre uma interrupção ocasional, mas a acção
adversário IAD2 sobre a bola por parte do adversário não é suficiente
IAD3 para interromper a continuidade da manutenção da
IAD4 posse da bola, e do PO.
Intervenção do guarda IGR 0 PO sofre uma interrupção ocasional, por acção do
redes adversário guarda-redes adversário.
Condução de bola CB1 Condução de bola sem oposição. Este tipo de acção
73
ou auto-passe CB2 apenas é registada quando o jogador de posse da
CB3 bola efectua um ou mais contactos sucessivos com
CB4 esta, modificando a sua posição no terreno, e sem
efectuar nenhuma outra acção táctico-técnica como:
passe, recepção, intercepção, cruzamento, drible ou
remate. Todavia, incluem-se nesta categoria as
acções em que o jogador realiza um ou mais
contactos sucessivos com a bola, em que o primeiro
consiste numa recepção que provoca o
deslocamento imediato da bola em qualquer
direcção/sentido. Diverge do drible, na medida em
que o portador da bola não sofre oposição directa de
um adversário. É pormenorizada a zona onde se
inicia.
Duelo DUEL1 Acção em que um jogador da equipa de posse da
DUEL2 bola, disputa com o adversário a continuidade do
DUEL3 PO, num lance em que a bola não se encontra
DUEL4 controlada por nenhum dos jogadores. É
pormenorizada a zona onde ocorre.
Remate interceptado RH Consideram-se todos os remates que são
pela defesa RI2 interceptados pelos defesas ou atacantes, e em que
RI3 a bola não toma a direcção da baliza, nem existe
RI4 intervenção do guarda redes.
Remate enquadrado RE1 Consideram-se todos os remates que são
RE2 defendidos pelo guarda redes, ou que embatem nos
RE3 postes ou na trave, desde que, no caso destes
RE4 últimos a bola regresse para o interior do terreno de
jogo.
Falta FAL1 0 PO é interrompido por uma falta do adversário,
FAL2 sendo assinalada a zona onde acontece. 0 processo
FAL3 ofensivo é retomado com a marcação de: um livre
FAL4 directo ou indirecto onde é permitida a formação de
barreira; um pontapé da segunda marca de grande
penalidade, um livre directo sem barreira no local da
falta, ou um pontapé da marca de grande
penalidade.
Quadro 9. Categorias, códigos e respectivas descrições, que se incluem na macrocategoria 3.
Macrocategoria 3: Finalização do PO
Categorias Código Descrição
Perda de bola directa PBD1 0 PO termina por perda directa da posse da bola, isto
PBD2 é, por falha técnica do atacante, toque involuntário,
PBD3 intercepção, desarme, duelo, ou por erro de passe
PBD4 (direccionado para fora). Inclui-se nesta categoria as
situações em que o jogador de posse de bola opta por
colocá-la fora do campo, ou entregá-la
voluntariamente à equipa adversária. É assinalada a
zona onde sucede.
Perda de bola indirecta PBI1 0 PO termina por perda indirecta da posse da bola,
PBI2 isto é, por infracção às leis do jogo (falta atacante),
PBI3 por sinal sonoro de final da primeira parte ou do jogo,
PBI4 ou por interrupção da partida por parte do árbitro. É
assinalada a zona onde sucede.
Remate não enquadrado RNE1 Consideram-se todos os remates que vão
RNE2 directamente para fora, ou levam a que a bola saia
RNE3 do terreno de jogo após embater nos postes ou na
RNE4 trave.
Golo GOLO 0 PO termina com a obtenção de um golo
devidamente validado pelo árbitro.
75
Quadro 10. Categorias, códigos e respectivas descrições da espacialização do 1x1.
Dimensão A - Espacialização do 1x1
Categorias Código Descrição
Acções de 1x1 que ocorrem
Zona 1: Zona defensiva na zona 1, segundo o
campograma abaixo indicado.
Acções de 1x1 que ocorrem
Zona 2: Zona intermédia
na zona 2, segundo o
defensiva
campograma abaixo indicado.
Acções de 1x1 que ocorrem
Zona 3: Zona intermédia
na zona 3, segundo o
ofensiva
campograma abaixo indicado.
Acções de 1x1 que ocorrem
Zona 4: Zona ofensiva na zona 3, segundo o
campograma abaixo indicado.
Sentido do Ataque
76
desta, protegendo-a do seu adversário, enquanto este procura
efectuar o desarme.
0 jogador em posse da bola entra em situação de 1x1
procurando criar o espaço suficiente para efectuar o remate,
Drible para remate R
não necessitando para isso de ultrapassar o seu adversário
directo.
0 jogador em posse da bola entra em situação de 1x1
procurando criar o espaço suficiente para efectuar o passe,
Drible para passe S
não necessitando para isso de ultrapassar o seu adversário
directo.
77
Zona 1, Passe, Vários apoios D1SV Zona 3, Passe, Vários apoios D3SV
Zona 1, Remate, Sem apoios D1RS Zona 3, Remate, Sem apoios D3RS
Zona 1, Remate, Um apoio D1RU Zona 3, Remate, Um apoio D3RU
Zona 1, Remate, Vários apoios D1RV Zona 3, Remate, Vários apoios D3RV
Zona 2, Progressão, Sem apoios D2PS Zona 4, Progressão, Sem apoios D4PS
Zona 2, Progressão, Um apoio D2PU Zona 4, Progressão, Um apoio D4PU
Zona 2, Progressão, Vários apoios D2PV Zona 4, Progressão, Vários apoios D4PV
Zona 2, Protecção, Sem apoios D2TS Zona 4, Protecção, Sem apoios D4TS
Zona 2, Protecção, Um apoio D2TU Zona 4, Protecção, Um apoio D4TU
Zona 2, Protecção, Vários apoios D2TV Zona 4, Protecção, Vários apoios D4TV
Zona 2, Passe, Sem apoios D2SS Zona 4, Passe, Sem apoios D4SS
Zona 2, Passe, Um apoio D2SU Zona 4, Passe, Um apoio D4SU
Zona 2, Passe, Vários apoios D2SV Zona 4, Passe, Vários apoios D4SV
Zona 2, Remate, Sem apoios D2RS Zona 4, Remate, Sem apoios D4RS
Zona 2, Remate, Um apoio D2RU Zona 4, Remate, Um apoio D4RU
Zona 2, Remate, Vários apoios D2RV Zona 4, Remate, Vários apoios D4RV
3.2. Amostra
79
3.3. Material
80
Esta forma de registo implicou que cada sequência corresponde-se a uma
sessão na linguagem do software SDIS-GSEQ, de modo a que os dados de
determinada sequência ofensiva não pudessem ser contabilizados nas
sequências adjacentes.
O registo seguiu ainda as seguintes orientações:
- Registo dos acontecimentos segundo a ordem cronológica do seu
aparecimento no jogo;
- A análise da segunda parte de um jogo só se iniciou após o registo de
todos os dados relativos à primeira parte;
- Só após o registo de todos os dados referentes a um jogo se passou
para a análise do seguinte.
Quadro 14. Registo no programa SDIS-GSEQ de algumas das sequências ofensivas que
terminaram em golo.
JOGO SEQUENCIA
RDI3 CB3 D4SU CRUZ RE4 GOLO;
Freixieiro - Benfica
RPLL1 CTS1 CTP1 RE4 RE4 GOLO;
RPLL4 CTR4 D4RV RE4 GOLO;
Boavista - Fundação J. A.
RDDU1 CB1 RE3 GOLO;
RDI2 CB3 RE3 GOLO;
Benfica - Famalicense
RDI1 CTP1 CTR3 D3PU CB3 CTP3 CB4 FAL4 RE4 GOLO;
RDI4 RE4 GOLO;
Benfica - Sporting RDI1 CB1 D3PS RE4 PLL4 CTR4 CTP3 CB4 D4TS D4SS
CRUZ IGR RE4 GOLO;
RDI2 CB2 D2PU CTP2 CB3 D3RV RE3 GOLO;
Freixieiro - Sporting
RDD2 CTR2 CTP2 RE4 RE4 GOLO;
81
registada como uma conduta de desenvolvimento do processo ofensivo. Este
procedimento foi levado a cabo nas situações em que a equipa de posse da
bola ganhou um lançamento de baliza, podendo assim dar continuidade ao
processo ofensivo que já havia iniciado. Este facto não altera em nada o
significado desta conduta no contexto do jogo, apenas leva a que uma ou outra
sequência ofensiva tenha ficado mais longa em termos de registo. Aliás, esta
estratégia de notação permite que posteriormente esta conduta possa ser
submetida à análise pela técnica de coordenas polares, uma vez que ela não é
unicamente uma conduta de início de processo ofensivo.
82
3.5. Procedimentos de interpretação
83
3.5.2. Processamento de dados
Os ciados obtidos nos cinco jogos foram colocados num único ficheiro
com extensão sds - "Amostra.sds". Posteriormente estes dados foram
analisados pelo SDIS (Norma para o intercâmbio de dados sequenciais), que
verifica se estes seguem as regras SDIS, isto é, se não contêm erros que
possam prejudicar o seu futuro tratamento. Se o ficheiro segue as regras SDIS
o software transforma os dados numa versão modificada {"Amostra.mds"), o
que vai facilitar a sua análise posterior através do GSEQ (Analisador
sequencial de carácter geral) (Bakeman e Quera, 1996).
Obtido o ficheiro de dados com extensão mds, foram criados tantos
ficheiros GSEQ quantos os necessários para realizar a análise sequencial
desejada.
No que respeita à análise pela técnica de coordenadas polares, o
módulo e o ângulo do vector foram obtidos a partir do lançamento dos valores
Zsum prospectivo (x) e retrospectivo (y) numa folha de cálculo do Microsoft
Excel, onde obviamente se encontram as fórmulas necessárias aos cálculos,
já anteriormente indicadas.
84
4. Apresentação e discussão de resultados
A amostra do presente estudo foi constituída por cinco jogos, com base
nos quais se registaram 853 sequências e 8559 condutas. Estes valores
comparados com os obtidos por Caldeira (2001) no Futebol (970 sequências e
7883 condutas ofensivas), também em cinco jogos, parecem evidenciar que as
sequências ofensivas no Futsal embora em menor número caracterizam-se por
agregarem mais condutas.
Estes valores não constituem para nós surpresa, uma vez que o ataque
posicionai no Futsal caracteriza-se em muitas situações por tempos de posse
de bola prolongados, devido à utilização de sistemas de ataque rotacionais.
As frequências absolutas e relativas das condutas pertencentes ao
sistema de categorias são abaixo indicadas (quadro 15).
Quadro 15. Frequências absolutas (FA) e relativas (FR) das condutas pertencentes ao sistema
de categorias obtidas no estudo.
Código FA FR Código FA FR Código FA FR
PS 12 0.14% D3PV 55 0.64% PLL2 33 0.39%
LB 137 1.6% D3TS 15 0.18% PLL3 59 0.69%
RPLL1 92 1.07% D3TU 23 0.27% PLL4 96 1.12%
RPLL2 69 0.81% D3TV 29 0.34% PC 91 1.06%
RPLL3 56 0.65% D3RS 3 0.04% CRUZ 72 0.84%
RPLL4 24 0.28% D3RU 8 0.09% IAD1 14 0.16%
RDI1 205 2.4% D3RV 39 0.46% IAD2 42 0.49%
RDI2 104 1.22% D3SS 11 0.13% IAD3 64 0.75%
RDI3 33 0.39% D3SU 7 0.08% IAD4 68 0.79%
RDI4 9 0.11% D3SV 21 0.25% IGR 12 0.14%
RDD1 22 0.26% D4PS 33 0.39% CB1 346 4.04%
RDD2 34 0.40% D4PU 13 0.15% CB2 604 7.06%
RDD3 16 0.19% D4PV 9 0.11% CB3 497 5.81%
RDD4 5 0.06% D4TS 22 0.26% CB4 93 1.09%
RBI1 2 0.02% D4TU 14 0.16% DUEL1 7 0.08%
RBI2 3 0.04% D4TV 6 0.07% DUEL2 26 0.30%
RBI3 3 0.04% D4RS 8 0.09% DUEL3 29 0.34%
RBI4 2 0.02% D4RU 13 0.15% DUEL4 45 0.53%
RDDU1 7 0.08% D4RV 12 0.14% RH 1 0.01%
85
RDDU2 10 0.12% D4SS 14 0.16% RI2 1 0.01%
RDDU3 4 0.05% D4SU 16 0.19% RI3 38 0.44%
RDDU4 1 0.01% D4SV 4 0.05% RI4 64 0.75%
BS 1 0.01% CTS1 63 0.74% RE1 1 0.01%
DIPS 8 0.09% CTS2 57 0.67% RE2 1 0.01%
D1PU 6 0.07% CTS3 35 0.41% RE3 39 0.46%
D1PV 17 0.20% CTS4 11 0.13% RE4 118 1.38%
D1TS 8 0.09% CTP1 536 6.26% FAL1 6 0.07%
D1TU 13 0.15% CTP2 547 6.39% FAL2 23 0.27%
D1TV 10 0.12% CTP3 371 4.33% FAL3 18 0.21%
DISS 3 0.04% CTP4 50 0.58% FAL4 20 0.23%
D1SU 12 0.14% CTR1 172 2.01% PBD1 36 0.42%
D1SV 19 0.22% CTR2 453 5.29% PBD2 105 1.23%
D2PS 22 0.26% CTR3 418 4.88% PBD3 211 2.47%
D2PU 30 0.35% CTR4 259 3.03% PBD4 350 4.09%
D2PV 48 0.56% CTD1 6 0.07% PBI1 4 0.05%
D2TS 5 0.06% CTD2 24 0.28% PBI2 4 0.05%
D2TU 19 0.22% CTD3 14 0.16% PBI3 4 0.05%
D2TV 14 0.16% CTD4 4 0.05% PBI4 6 0.07%
D2SS 2 0.02% TP1 179 2.09% RNE1 1 0.01%
D2SU 6 0.07% TP2 153 1.79% RNE2 1 0.01%
D2SV 13 0.15% TP3 140 1.64% RNE3 37 0.43%
D3PS 53 0.62% TP4 85 0.99% RNE4 65 0.76%
D3PU 47 0.55% PLL1 19 0.22% GOLO 30 0.35%
1/0.01%
PC * 91/100% 91/1.06%
86
CRUZ - - - 72/100% 72/0.84%
IGR 12/100% 12/0.14%
GOLO - - - 30/100% 30/0.35%
RPLL 92/38.17% 69/28.63% 56 / 23,24% 24 / 9.96% 241/2.82%
RDI 205 / 58.40% 104/29.63% 33 / 9.40% 9/2.56% 351/4.10%
RDD 22/28.57% 34/44.16% 16/20.78% 5/6.49% 77/0.90%
RBI 2 / 20.00% 3 / 30.00% 3 / 30.00% 2 / 20.00% 10/0.12%
RDDU 7/35.00% 10/45.46% 4/18.18% 1/4.55% 22 / 0.26%
1X1 96/13.15% 159/21.78% 311/42.60% 164/22.47% 730 / 8.53%
CTS 63 / 37.95% 57/34.34% 35/21.08% 11/6.63% 166/1.94%
CTP 536/35.64% 547/36.37% 371/24.67% 50/3.32% 1504/17.57%
CTR 172/13.21% 453/34.79% 418/32.10% 259/19.89% 1302/15.21%
CTD 6/12.50% 24 / 50.00% 14/29.17% 4/8.33% 48/0.56%
TP 179/32.14% 153/27.47% 140/25.13% 85/15.26% 557/6.51%
PLL 19/9.18% 33/15.94% 59/28.50% 96/46.38% 207/2.42%
IAD 14/7.45% 42 / 22.34% 64/34.04% 68/36.17% 188/2.20%
CB 346/22.47% 604 / 39.22% 497/32.27% 93/6.04% 1540/17.99%
DUEL 7/6.54% 26 / 24.30% 29/27.10% 45/42.06% 107/1.25%
REM 3 / 0.82% 3/0.82% 114/31.06% 247 / 67.30% 367/4.29%
FAL 6/8.96% 23 / 34.33% 18/26.87% 20 / 29.85% 67 / 0.78%
PBD 36/5.13% 105/14.96% 211/30.06% 350/49.86% 702 / 8.20%
PBI 4/22.22% 4/22.22% 4/22.22% 6 / 3.33% 18/0.21%
TOTAL (ZONA) 1964/22.95% 2465/28.80% 2397/28.00% 1732/20.24% 8559/100%
87
nesta zona que o ataque mais procura criar desequilíbrios na estrutura
defensiva adversária através das acções de 1x1. Estes resultados contrariam
em parte a hipótese 1 por nós estabelecida, que considerava que «as situações
de 1x1 ocorrem com maior frequência na zona 4 (zona ofensiva do campo)».
A menor ocorrência de situações de 1x1 na zona 1 vai de encontro aos
resultados obtidos por Caldeira (2001) no Futebol, que também verificou menor
incidência do 1x1 na zona mais recuada.
Tendo ainda como referência a consciencialização da relação
risco/benefício de uma determinada acção de jogo, em função da zona do
campo onde é levada a cabo, verifica-se que a maior parte das condutas
registadas ocorreram nas zonas 2 e 3, representando um total de 56,80%.
Estes valores parecem indicar um maior volume de jogo nas zonas mais
centrais do terreno. A explicação para este facto pode estar no desejo das
equipas em evitar jogar perto da sua baliza, devido ao perigo que isso
representa, e da dificuldade em jogar nos últimos dez metros do campo, devido
às dificuldades que são criadas pela defesa adversária.
Dos valores acima indicados devemos ainda destacar a elevada
frequência de perdas de bola directas (PBD) e tentativas de passe (TP), que
apresentam frequências relativas de 8,20% e 6,51% respectivamente. A
elevada percentagem de perdas de bola directas parece indicar uma grande
alternância entre as fases de ataque e defesa, acentuando a importância do
jogo de transição nesta modalidade. Por seu lado, o valor elevado de tentativas
de passe faz emergir a ideia de que em muitas situações o passe no jogo de
Futsal fica-se pela tentativa, uma vez que não chega ao seu destino, o que
coloca em relevo a elevada exigência de precisão do passe nesta modalidade.
Quadro 17. Frequência absoluta das situações de 1x1, atendendo à zona, tipo e contexto de
cooperação.
ZONA1 ZONA 2 ZONA 3 ZONA 4
96 159 311 164
S U V S U V S U V S U V TOTAL
PROG 8 6 17 22 30 48 53 47 55 33 13 9 341
PROT 8 13 10 5 19 14 15 23 29 22 14 6 178
REM 3 8 39 8 13 12 83
88
PAS 3 12 19 2 6 13 11 7 21 14 16 4 128
TOTAL 19 31 46 29 55 75 82 85 144 77 56 31 730
Quadro 18. Frequência relativa das situações de 1x1, atendendo à zona, tipo e contexto de
cooperação.
ZONA1 ZONA 2 ZONA 3 ZONA 4
13.2% 21.8% 42.6% 22.5%
S U V S U V S U V S U V TOTAL
PROG 1.10 0.82 2.33 3.01 4.11 6.58 7.26 6.44 7.53 4.52 1.78 1.23 46.71%
PROT 1.10 1.78 1.37 0.68 2.60 1.92 2.05 3.15 3.97 3.01 1.92 0.82 24.38%
REM - - - - - - 0.41 1.10 5.34 1.10 1.78 1.64 11.37%
PAS 0.41 1.64 2.60 0.03 0.82 1.78 1.51 0.96 2.88 1.92 2.19 0.55 17.53%
TOTAL 2.60 4.25 6.30 3.97 7.53 10.27 11.23 11.64 19.73 10.55 7.53 4.25 100%
89
«as situações de 1x1 eram estimuladas por contextos de cooperação em que o
portador da bola, no momento em que optava pelo 1x1, não dispunha de linhas
de passe». Assim, somos obrigados a concluir que a ausência de linhas de
passe não é um factor determinante para os jogadores optarem por jogar o
1x1. Aliás, a opção por jogar o 1x1 parece precisamente surgir quando o
portador da bola possui mais linhas de passe, e por este motivo, a acção de
1x1 parece menos provável.
Comparando o presente estudo com o levado a cabo por Caldeira
(2001), verifica-se que ao nível dos tipos drible de progressão e drible de
protecção os resultados apontam no mesmo sentido, isto é, o drible de
progressão é o mais utilizado com 56,7%, seguido pelo de protecção com
32,9%. A diferença está na magnitude das frequências relativas obtidas nestas
duas categorias, que são mais elevadas no estudo de Caldeira (2001). Tal
facto, deve-se provavelmente à reduzida incidência dos restantes tipos de
drible, 7,3% para o drible para cruzamento e 3,1% para o drible para remate.
No nosso estudo, as categorias drible para passe e drible para remate
apresentam frequências relativas mais elevadas comparativamente com o
estudo levado a cabo no Futebol. A explicação para os resultados por nós
obtidos no caso do drible para remate deve estar nas dimensões do terreno,
uma vez que a área de jogo a partir da qual é possível tentar finalizar com
sucesso é proporcionalmente bem mais elevada no Futsal que no Futebol, o
que torna a acção de drible para remate lógica numa boa parte da área de
jogo, e por este motivo mais utilizada pelos jogadores. Por outro lado, a
categoria drible para passe por nós utilizada é mais abrangente que a categoria
drible para cruzamento utilizada por Caldeira (2001), atendendo a que o drible
para passe pode ser utilizado em qualquer zona do terreno, contrariamente ao
drible para cruzamento que apenas é utilizado na zona ofensiva, logo torna-se
lógico que tenhamos obtido uma frequência mais elevada para a nossa
categoria.
90
não dispunha de linhas de passe, e apenas 14,4% das acções quando este
dispunha de dois ou mais apoios, no nosso trabalho os resultados apontaram
precisamente no sentido inverso, as acções de 1x1 ocorrem fundamentalmente
quando o portador da bola dispões de vários apoios, e ocorrem menos vezes
quando este não dispõem de apoios.
91
4.2. Análise sequencial
Quadro 19. condutas critério (CC) e as condutas objecto (CO) utilizadas na análise sequencial
prospectiva e retrospectiva.
Condutas Objecto Condutas Objecto
Condutas Critério
^ir\S I f V * K4 l r U ^ 7 V I I L v 1 1 Vy
(análise retrospectiva) (análise prospectiva)
PS PS
LB LB
BS BS
PC PC
CRUZ CRUZ
IGR 1x1 (todas as subcategorias IGR
GOLO agrupadas) GOLO
RPLL D1 RPLL
RDI D2 RDI
RDD D3 RDD
RBI D4 RBI
RDDU DPROG RDDU
1X1 DPRT 1X1
CTS DPSS CTS
CTP DREM CTP
CTR DSA CTR
CTD DUA CTD
TP DVA TP
PLL DUEL PLL
IAD REM IAD
CB GOLO CB
DUEL DUEL
REM REM
FAL FAL
PBD PBD
PBI PBI
92
4.2.1. Análise sequencial ao 1x1
93
Dos valores obtidos prospectivamente elevemos destacar a elevada
frequência apresentada pelas condutas de perda de bola directa (PBD) e
remate (REM). O que parece indicar que o 1x1 em termos de processo
ofensivo proporciona-nos o melhor e o pior, isto é, por vezes permite-nos atingir
rapidamente uma situação de finalização, mas em outras acaba por resultar
numa perda da posse da bola.
As elevadas frequências também obtidas pelas condutas de condução
de bola (CB) e combinação táctica com retrocesso (CTR) podem ser
explicadas: pelo facto do jogador utilizar a condução de bola como um meio
para sair do drible e progredir no terreno; e pela necessidade que por vezes o
jogador a seguir ao 1x1 sente de optar por uma estratégia que vise manter a
posse da bola (combinação táctica com retrocesso), isto acontece quando ele
verifica que o 1x1 não conduziu a um desequilíbrio defensivo significativo.
Retrospectivamente destacam-se as elevadas frequências obtidas pelas
condutas de combinação táctica com progressão (CTP), combinação táctica
com retrocesso (CTR) e condução de bola (CB).
Estes resultados parecem estar perfeitamente de acordo com a lógica do
jogo, uma vez que a condução de bola (CB) e a combinação táctica com
progressão (CTP) são condutas que implicam a progressão da bola no terreno
de jogo, a esta progressão a defesa deve naturalmente responder com uma
maior oposição, materializada por exemplo, com uma contenção defensiva
mais agressiva, a qual o portador da bola pode perfeitamente tentar ultrapassar
através de uma acção de 1x1.
Por outro lado, a frequência de combinações tácticas com retrocesso
(CTR) nos retardos anteriores ao 1x1, pode ter a ver com situações de pressão
defensiva ao portador da bola, muito comuns no Futsal, mesmo quando este se
encontra no seu meio campo defensivo. Para além disso, temos as situações
de pontapés de canto e pontapés de linha lateral na zona ofensiva, que apesar
de serem marcados através de uma combinação táctica com retrocesso, não
deixam de representar uma situação perigosa para a defesa, uma vez que
devido à proximidade da baliza o atacante pode tentar promover o desequilíbrio
defensivo através de uma acção de 1x1.
94
Em seguida vamos realizar a análise dos resíduos ajustados (z), que nos
irá mostrar condutas, que embora não possuam uma frequência relativa muito
elevada, podem apresentar uma probabilidade de ocorrência acima dos valores
que seriam de esperar fruto do acaso. E que por esse motivo podem activar ou
ser activadas pela conduta critério, neste caso o 1x1.
Todas as condutas objecto que obtiveram um resíduo ajustado (z)
superior a 1,96 num determinado retardo são indicadas no quadro 21. Quanto
maior o valor z num determinado retardo, maior a diferença entre o valor
esperado para a conduta e o obtido no retardo em causa.
Quadro 21. Análise sequencial prospectiva até ao retardo 5 tendo o 1x1 como conduta critério
cc 1 2 3 A 5
FAL (12.42)
REM (10.82)
PBD (9.79)
IAD (9.88)
PC (4.54)
PLL (5.87) PC (3.32)
PLL (4.31)
PBD (5.07) CRUZ (2.58) IGR (3.02) PC (2.89)
IAD (3.22)
TP (4.99) PBD (2.06)
1X1 DUEL (2.59)
CRUZ (3.71)
REM (2.53)
DUEL (2.28)
LB (2.00)
X = 594.9714 X = 214.9048 % = 44.9616 X2 = 24.8588 X = 28.9888
GL=18 GL=18 GL=18 Gl.= 18 GL=18
p = 0.0000 p = 0.0000 p = 0.000446 p = ns p = 0.048405
95
Devemos salientar que os valores obtidos ao nível da transição 4 não
são analisados em virtude do p obtido para esta transição não ser significativo,
uma vez que apresenta um valor superior a 0.05. No presente trabalho o
cálculo do nível de significância foi realizado através da estatística chi
quadrado de Person.
Os resultados acima indicados mostram-nos que as acções de 1x1
influenciam de forma determinante o desenvolvimento do jogo de Futsal.
Assim, verifica-se que as situações de falta apresentam uma elevada
probabilidade de ocorrer logo após uma acção de 1x1, o que no Futsal em
virtude das regras de acumulação de faltas e dos livres directos sem barreira,
assume uma enorme importância.
Existe igualmente uma elevada probabilidade de ocorrência de uma
situação de remate após uma acção de 1x1, o que significa que muitas vezes
esta acção só por si permite ao ataque chegar à sua última fase: a finalização.
Saliente-se ainda que existe também a probabilidade, embora menor que na
transição 1, de após uma acção de 1x1 suceder um remate ao nível da
transição 2.
Após o 1x1 verificámos ainda uma elevada probabilidade de ocorrência
de uma intervenção do adversário, embora sem que este consiga recuperar a
bola com essa primeira intervenção.
Um dos aspectos mais salientes desta análise é que existe uma grande
probabilidade das situações de 1x1 promoverem a ruptura do jogo, isto é, a
saída da bola do terreno (PLL, LB, PC). Esta probabilidade é grande ao nível
de todas as transições analisadas, com excepção da transição 4 pelos motivos
anteriormente referidos.
Como já havia sido detectado na análise anterior, o risco de perda da
bola é também uma probabilidade a ser considerada quando o jogador de
Futsal opta por uma situação de 1x1. Colocando-se esta possibilidade
fundamentalmente ao nível das três primeiras transições, e com especial
incidência na segunda.
Após o 1x1 é também muito provável que o jogador tente imediatamente
efectuar um passe que não chegue ao receptor (TP).
96
Os cruzamentos e os duelos apresentam igualmente uma probabilidade
de ocorrência superior ao que seria de esperar após uma acção 1x1.
Assim, perante os dados obtidos podemos aceitar a hipótese 2 por nós
estabelecida, que considera que «as acções de 1x1 prospectivamente induzem
situações de finalização (remate), pré-finalização (cruzamentos, pontapés de
canto e pontapés livres), saídas da bola da área de jogo (pontapés de linha
lateral, pontapés de canto e lançamentos de baliza), e perdas da posse da
bola».
Comparando os nossos resultados com os de Caldeira (2001) no
Futebol, podemos considerar que em praticamente todas as transições do
nosso estudo, o 1x1 activa prospectivamente um maior número de condutas
com um valor z significativo. Salientando-se contudo, a semelhança de em
ambos os trabalhos o 1x1 activar condutas de falta, finalização, pré-finalização
e perdas da posse da bola.
Quadro 22. Análise sequencial retrospectiva até ao retardo -5 tendo o 1x1 como conduta
critério.
-5 -f- -2 -1 cc
RDI (2.79) RDI (7.74)
CTR (2.16) CB (15.28)
FAL (2.35) FDI (2.39) CTP (3.44)
REM (2.13) CTP (8.39)
PS (2.01) RDD(1.96)
1X1
X = 32.8319 yf = 26.0858 yf = 26.-5556 %= 119.3191 X2 = 448.6454
GL = 21 Gl. = 21 GL = 21 GL = 21 GL = 22
p = 0.048023 p = ns P = ns p = 0.000000 p = 0.000000
97
falta (FAL) e pontapé de saída (PS) no retardo - 5 , apresentam uma
probabilidade acima do que seria explicável pelo acaso, de antecederem o 1x1
nos referidos retardos.
Os resultados obtidos para a condução de bola e para a combinação
táctica com progressão vão de encontro à análise de frequências já
anteriormente efectuada.
Por outro lado, o facto do 1x1 ter sido activado a duas transições de
distância por acções de recuperação de bola, quer por intercepção (RDI), quer
por desarme (RDD), e por combinações tácticas com progressão (CTP), parece
indicar que o 1x1 foi um meio muito utilizado pelos jogadores em situações de
rápida transição defesa-ataque ou contra-ataque, uma vez que esta acção foi
estimulada retrospectivamente por acções de recuperação da bola (RDI e
RDD), de jogo mais directo e objectivo (CTP), e de condução da bola (CB).
Os resultados obtidos por Caldeira (2001) no Futebol são muito
semelhantes, uma vez que no seu trabalho o 1x1 ao nível dos dois primeiros
retardos foi também activado retrospectivamente por combinações tácticas com
progressão, combinações tácticas directas (ver mapa de coordenadas polares),
conduções e recuperações da bola. Devemos todavia salientar, que no trabalho
citado, o 1x1 foi também activado por situações de combinação táctica sem
progressão, o que não aconteceu no nosso estudo.
Após analisarmos os dados pela técnica de retardos, vamos agora
submete-los à análise pela técnica de coordenadas polares, através da qual
podemos verificar o tipo de relação (activação ou inibição) que o 1x1 enquanto
conduta critério estabelece com as restantes condutas do sistema de
observação (figura 1).
A análise do mapa de coordenadas polares permite-nos verificar que as
acções de 1x1 activam e são activadas pela conduta intervenção do adversário
(IAD), isto porque, o vector representativo desta conduta se encontra no
quadrante 1.
98
Figura 1. Mapa de coordenadas polares tendo o 1x1 como conduta critério.
99
Por fim no quadrante 4, encontram-se representados os vectores das
condutas que prospectivamente são activadas pelo 1x1, mas que
retrospectivamente o inibem. Na presente análise é neste quadrante que se
encontram o maior número de condutas, são elas o remate (REM), a falta
(FAL), o pontapé de linha lateral (PLL), a tentativa de passe (TP), o cruzamento
(CRUZ), o pontapé de canto (PC), o lançamento de baliza (LB), a intervenção
do guarda-redes (IGR) e o duelo (DUEL).
Como já referimos anteriormente, no ponto destinado à apresentação
desta técnica, o tamanho do vector representa a «intensidade» da relação,
logo, devemos salientar o facto do 1x1 ser fortemente activado
retrospectivamente pelas condutas de condução da bola (CB) e de combinação
táctica com progressão (CTP), mas de inibir prospectivamente essas mesmas
condutas. Por outro lado, o 1x1 estimula fortemente o aparecimento da conduta
de remate (REM) prospectivamente, mas não é activado retrospectivamente
por esta conduta.
Deve-se salientar que esta técnica não permite observar a relação do
1x1 com as condutas que apenas surgem no início ou fim do processo ofensivo
(PS, RPLL, RDI, RDD, RBI, RDD, BS, PBD, PBI, GOLO), uma vez que estas
apenas podem surgir retrospectivamente ou prospectivamente relativamente ao
1x1.
100
4.2.1.1. Análise sequencial à espacialização do 1x1
Quadro 23. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 na zona 1 (D1).
CO CTP TP CB PBD
p P = ns
A P = ns
P = ns
2 0.146 0.061 0.134 0.293
1 0.156 0.260 0.135 0.146
CC D1
-1 0.000 0.115 0.208 0.146 0.302
-2 0.025 0.177 0.165 0.253 0.152
-3 0.146 0.127 0.146 0.200 0.146
J, P = ns
_r p = ns
CO RPLL RDI CTP CTR CB
101
As acções de combinação táctica com progressão, condução de bola ou
tentativa de passe, demonstram uma clara intenção de fazer a bola progredir
no terreno, o que parece demonstrar que o 1x1 é levado a cabo na zona 1
fundamentalmente com o objectivo de dar continuidade ao processo ofensivo,
visto que se trata de um zona ainda afastada da baliza adversária. Por outro
lado, é de salientar a elevada probabilidade que o 1x1 nesta zona apresenta de
conduzir a situações de perda da posse da bola nos dois primeiros retardos.
Esta constatação é de extrema importância prática, pois provavelmente tratam-
se de perdas de bola numa zona muito perto da própria baliza, e que por isso
podem significar um desequilíbrio defensivo significativo.
Retrospectivamente o 1x1 na presente zona parece surgir na sequência
de situações de combinação táctica com progressão ou retrocesso (CTP,
CTR), condução de bola (CB) e recuperação directa por intercepção (RDI).
Estes resultados vão de encontro aos que foram obtidos para o 1x1 com todas
as categorias agrupadas.
Em seguida vamos analisar os valores z obtidos através da análise
sequencial para o 1x1 na zona 1 (quadro 24). Procurando por este processo
condutas que tenham sucedido ou antecedido o 1x1 com uma frequência
acima do que seria explicável pelo acaso. E que por este motivo possam ter
com a conduta critério uma relação excitatória ou inibitória
Quadro 24. Análise prospectiva e retrospectiva tendo o 1x1 na zona 1 (D1) como conduta
critério.
_K -3 -2 -1 cc 1 2 ~
CTS (4.90)
RPLL (4.20)
RDI (5.31) RDD (4.17) TP (7.16) PBD (5.83)
LB (3.74)
D1 (4.22) D1 (3.52) D1 (3.52) D1 (4.22)
RDI (2.64)
LB (3.57) RDI (3.26) LB (3.41) LB (3.49)
RDDU (2.00)
CB (2.52) D1
103
- 1 , às quais de juntam as condutas de combinação táctica com retrocesso
(CTR) e recuperação directa por intercepção (RDI) nos retardos - 2 e - 5 .
Em termos prospectivos o 1x1 na zona 2 (D2) é na maioria das
situações sucedido pela acção de condução de bola (CB), combinação táctica
com progressão (CTP), perda de bola directa (PBD), intervenção do adversário
(IAD) e combinação táctica com retrocesso (CTR).
Quadro 25. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 na zona 2 (D2).
CO CTP CTR IAD CB PBD
r P - ns
/ p = ns
c p = ns
7. p = ns
1 0.145 0.101 0.107 0.157 0.145
CC D2
-1 0.044 0.340 0.069 0.390
-2 0.167 0.207 0.213 0.173
_C p = ns
-/ P = ns
-5 0.103 0.282 0.180 0.180
CO RDI CTP CTR CB
104
Quadro 26. Análise prospectiva e retrospectiva tendo o 1x1 na zona (D2) como conduta
critério.
-5 -A .3 -2 -1 cc 1 2 C /
FAL (9.16)
IAD (6.82)
IGR(3.16) CB (6.06)
RDI (6.75) D2 (4.35)
FAL (2.90) CTP (4.64)
RDD (2.60) DUEL (3.28)
RDI (2.24) D2 (4.35)
D2 LB (2.52)
PBD (2.37)
105
Relativamente à análise sequencial ao 1x1 na zona 3 (quadros 27 e 28)
não obtivemos um p significativo para as transições 3, 4 e 5 (análise
prospectiva), e - 3 , -4 e - 5 (análise retrospectiva).
Quadro 27. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 na zona 3 (D3).
CO CTP CTR CB REM PBD
r p = ns
A p = ns
C P = ns
2 0.099 0.162 0.107 0.079 0.210
1 0.077 0.100 0.113 0.183 0.154
CC D3
-1 0.010 0.267 0.080 0.540
-2 0.095 0.327 0.177 0.183
puÍ* p = ns
-f< p = ns
_p p = ns
CO RDI CTP CTR CB
106
falta (FAL), intervenção do adversário (IAD), pontapés de linha lateral (PLL) e
perdas de bola directas (PBD). Ao nível da transição 2 activa condutas como a
perda de bola directa (PBD), pontapé de canto (PC), cruzamento (CRUZ),
duelo (DUEL) e pontapé de linha lateral (PLL).
Quadro 28. Análise prospectiva e retrospectiva tendo o 1x1 na zona 3 (D3) como conduta
critério.
r.
r. -A -2 -1 cc 1 2 A
•J
107
perda de bola directa (D4). Estes resultados parecem evidenciar que é nesta
zona do terreno que o 1x1 mais conduz a situações de finalização.
Quadro 29. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 na zona 4 (D4).
CO 1x1 CTP CTR TP PLL IAD CB REM PBD
5 0.100 0.171 0.114 0.043 0.086 0.014 0.129 0.114 0.057
/, p = ns
3 0.021 0.064 0.255 0.011 0.064 0.043 0.085 0.106 0.075
2 0.007 0.044 0.133 0.052 0.096 0.104 0.037 0.119 0.237
1 0.000 0.049 0.079 0.165 0.073 0.049 0.024 0.266 0.116
CC D4
-1 0.031 0.433 0.085 0.268
-?. p = ns
-3 0.034 0.184 0.184 0.245
-4 0.022 0.226 0.226 0.204
-5 0.101 0.101 0.194 0.202
CO 1x1 CTP CTR CB
Quadro 30. Análise prospectiva tendo o 1x1 na zona 4 (D4) como conduta critério.
CC 1 2 3 5
REM (10.82) PC (5.85)
CRUZ (6.70)
CRUZ (6.95) IAD (5.48)
LB (2.99) GOLO (2.81)
FAL (4.74) PBD (5.34)
PC (2.47) PLL (2.66)
TP (4.62) PLL (4.64)
CTR (2.44) D4 (2.20)
D4(4.11) REM (3.48)
D4 REM (2.18) REM (2.10)
PLL (3.71) GOLO (3.17)
IGR(2.15)
IAD (2.05) D4 (2.18)
X2 = 306.2823 X= 189.4312 X = 108.5467 1l = 35.5411
GL= 19 GL=19 GL=19 p = ns GL= 19
p = 0.0000 p = 0.0000 p = 0.0000 p = 0.0000
108
A análise ao valores z prospectivos permitiu constatar que o 1x1 na zona
4 (D4) parece activar condutas como o remate (REM) nos retardos 1, 2, 3 e 5,
pontapé de linha lateral (PLL) e novo 1x1 na zona 4 (D4) nos retardos 1, 2 e 5,
cruzamento (CRUZ) nos retardos 1 e 3, intervenção do adversário (IAD) nos
retardos 1 e 2, pontapé de canto (PC) nos retardos 2 e 3, golo (GOLO) nos
retardos 2 e 5, falta (FAL) e tentativa de passe (TP) no retardo 1, perda de bola
directa (PBD) no retardo 2, e combinação táctica com retrocesso (CTR) e
intervenção do guarda-redes (IGR) no retardo 3.
Dos resultados obtidos devemos salientar o facto do 1x1 na zona 4
aumentar a probabilidade de ocorrência, nas transições seguintes, de condutas
como 1x1 na mesma zona, remate, cruzamento, tentativa de passe e golo. Por
outras palavras, isto significa, que o 1x1 nesta zona tem elevada probabilidade
de conduzir a novo 1x1, a acções de pré-finalização, a situações de finalização
e à obtenção de golo.
Podemos assim considerar que o 1x1 na zona 4 tem uma elevada
probabilidade de provocar um acentuado desequilíbrio na estrutura defensiva,
uma vez que activa situações de remate e golo.
Estes resultados permitem-nos confirmar em parte a nossa terceira
hipótese, onde admitíamos que «uma das características das situações de 1x1
que mais provocava o desequilíbrio defensivo do adversário era a sua
ocorrência na zona ofensiva do campo (zona 4)».
Quadro 31. Análise retrospectiva tendo o 1x1 na zona 4 (D4) como conduta critério.
-5 -4 -3 -1 cc
PC (2.55) CTP (7.77)
RDD (2.22) REM (3.95) D4(4.11)
D4 (2.20) PC (2.29) PC (3.81) CRUZ (2.84)
1X1 (2.20) DUEL (2.05) CB (2.22)
D4
CTD(1.98)
X = 40.2214 X2 = 40.1868 % = 37.3039 X2 = 133.4596
GL = 22 GL = 22 GL = 22 p = ns GL = 23
p = 0.010251 p = 0.010346 p = 0.021928 p = 0.0000
109
Através da análise sequencial retrospectiva ao 1x1 na zona 4 (D4),
podemos verificar que este parece ser induzido pelas condutas de combinação
táctica com progressão (CTP), cruzamento (CRUZ), condução de bola (CB) e
combinação táctica directa (CTD) no retardo - 1 , 1x1 na zona 4 (D4) nos
retardos - 1 e - 5 , pontapé de canto nos retardos - 3 , -4 e - 5 , remate (REM) e
duelo (DUEL) no retardo - 4 , e recuperação directa por desarme (RDD) e 1x1
numa outra zona que não a zona 4 no retardo -5.
A partir da análise retrospectiva ao 1x1 na zona 4 podemos deduzir que
o aparecimento destas situações parece ser estimulado por combinações
tácticas com progressão, e por acções de 1x1 nessa mesma zona. Devemos
ainda salientar o facto da conduta pontapé de canto apresentar um valor z
significativo ao nível das transições - 3 , -4 e - 5 .
A análise efectuada ao 1x1 levando em consideração a zona do terreno
onde esta acção foi levada a cabo, permitiu verificar que à medida que este era
realizado numa zona mais ofensiva, aumentava a probabilidade de originar um
desequilíbrio na estrutura defensiva adversária.
Assim, verificámos que o 1x1 na zona 1 activa fundamentalmente
condutas de continuidade do processo ofensivo, de tentativa de o fazer ou de
perda da bola, na zona 2 a tendência da zona anterior mantêm-se, embora o
1x1 induza fortemente situações de falta logo ao nível da conduta subsequente,
na zona 3 mantém-se a tendência do 1x1 para conduzir a faltas, e observa-se o
aparecimento do remate como uma conduta muito comum logo após o 1x1, na
zona 4 o 1x1 apresenta elevada probabilidade de estimular condutas de
finalização (remate), pré-finalização (cruzamento) e golo.
Estes resultados parecem ir de encontro aos obtidos por Caldeira (2001)
no Futebol, onde se verificou que só o 1x1 no terço ofensivo do campo possui
potencial para conduzir o processo ofensivo até à fase de finalização.
Permitindo o 1x1 no sector intermédio a continuidade do processo ofensivo.
É também importante referir que este tipo de análise permitiu-nos
verificar que nas zonas 1, 2 e 4 o 1x1 apresenta uma probabilidade acima do
que seria de esperar de ser antecedido ou seguido de uma acção de 1x1 na
110
mesma zona, esta realidade não era possível de observar na análise
anteriormente realizada (análise às frequências relativas em cada retardo).
Retrospectivamente, constatou-se que, à medida que avançamos no
terreno de jogo, diminui a probabilidade do 1x1 ser activado por recuperações
de bola de vários tipos, e aumenta a probabilidade de este ser activado por
combinações tácticas com progressão.
Os resultados acima indicados são perfeitamente congruentes com a
lógica do jogo, visto que é nas zonas mais recuadas que se verificam mais
recuperações de bola de vários tipos. As combinações tácticas com progressão
permitem que a bola chegue às zonas mais avançadas, onde a pressão
defensiva é mais acentuada, podendo o 1x1 ser uma solução táctica para
vencer a oposição do defensor em contenção.
Com o objectivo de constatar a relação que o 1x1 levado a cabo em
diferentes zonas tem com outras condutas do sistema de categorias, aplicámos
a técnica de coordenadas polares aos dados anteriormente apresentados. Os
resultados são expostos no quadro 32.
No referido quadro podemos observar o Zsum prospectivo (x) e
retrospectivo (y), o módulo ou raio do vector representativo da relação entre a
conduta objecto e a conduta critério (M/R), o ângulo do vector (A) e o
quadrante (Q) onde este se encontra representado. Este último indicador, o
quadrante, fornece-nos imediatamente o tipo de relação que a conduta objecto
tem com a conduta critério.
Os resultados obtidos permitem-nos verificar que o 1x1 na zona 1 (D1) é
activado retrospectivamente e activa prospectivamente as condutas de 1x1 na
zona 1 (D1) e de lançamento de baliza (LB). Por outro lado, o 1x1 na zona 1
(D1) apresenta uma relação de mútua inibição com as condutas de 1x1 numa
outra qualquer zona que não a 1 (1x1), cruzamento (CRUZ), intervenção do
guarda-redes (IGR), combinação táctica directa (CTD), combinação táctica com
progressão (CTP), condução de bola (CB), duelo (DUEL) e remate (REM).
As condutas combinação táctica sem progressão (CTS) e combinação
táctica com retrocesso (CTR) activam retrospectivamente o 1x1 na zona 1, mas
são inibidas por este prospectivamente.
m
Por fim, temos que as condutas pontapé de canto (PC), tentativa de
passe (TP), pontapé de linha lateral (PLL), intervenção do adversário (IAD) e
falta (FAL), são activadas prospectivamente pelo o 1x1 na zona 1, mas
retrospectivamente inibem a sua ocorrência.
Relativamente ao 1x1 na zona 2 (D2) verificámos que este apresenta
uma relação de mútua activação com as condutas de 1x1 na mesma zona
(D2), intervenção do guarda-redes (IGR), intervenção do adversário (IAD),
condução de bola (CB) e falta (FAL). Pelo contrário, a nossa conduta critério
tem uma relação de mútua inibição com as condutas de 1x1 numa outra
qualquer zona que não a 1 (1x1), cruzamento (CRUZ), combinação táctica com
progressão (CTP), combinação táctica directa (CTD), tentativa de passe (TP),
pontapé de linha lateral (PLL) e remate (REM).
Uma relação menos linear com a conduta critério considerada têm as
condutas de combinação táctica com e sem progressão (CTP e CTS), que
retrospectivamente activam o 1x1 na zona 2 (D2), mas prospectivamente são
inibidas por este. E as condutas de lançamento de baliza (LB), pontapé de
canto (PC) e duelo (DUEL), que retrospectivamente inibem o 1x1 na zona 2
(D2), mas prospectivamente são activadas por esta conduta.
No que respeita ao 1x1 na zona 3 (D3), constatámos que este tem uma
relação de activação recíproca apenas com a conduta de intervenção do
adversário (IAD). Por outro lado, apresenta uma relação de inibição mútua com
as condutas de 1x1, mesmo as que ocorrem na zona 3 (D3), lançamento de
baliza (LB), combinação táctica sem progressão (CTS) e tentativa de passe
(TP).
O 1x1 na zona 3 (D3), embora inibido retrospectivamente pelas condutas
pontapé de canto (PC), cruzamento (CRUZ), intervenção do guarda-redes
(IGR), combinação táctica com retrocesso (CTR), pontapé de linha lateral
(PLL), duelo (DUEL), remate (REM) e falta (FAL), estimula-as
prospectivamente.
112
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Por outro lado, as condutas de combinação táctica com progressão
(CTP), combinação táctica directa (CTD) e condução de bola (CB) activam
retrospectivamente o 1x1 na zona 3 (D3), mas são inibidas por este
prospectivamente.
Por fim, temos que o 1x1 na zona 4 (D4) apresenta uma relação de
mútua activação com as condutas de 1x1 na mesma zona (D4), pontapé de
canto (PC), cruzamento (CRUZ), intervenção do guarda-redes (IGR), tentativa
de passe (TP), pontapé de linha lateral (PLL), intervenção do adversário (IAD)
e remate (REM). Contrariamente ao atrás referido, o 1x1 na zona 4 (D4),
apresenta uma relação de mútua inibição com as condutas de 1x1 numa outra
qualquer zona que não a 4 (1x1), combinação táctica sem progressão (CTS) e
combinação táctica com retrocesso (CTR).
Por outro lado, o 1x1 na zona mais ofensiva da área de jogo, é inibido
retrospectivamente e activa prospectivamente as condutas de lançamento de
baliza (LB) e falta (FAL). Pelo contrário, as condutas de combinação táctica
com progressão (CTP), combinação táctica directa (CTD), condução de bola
(CB) e duelo (DUEL), são retrospectivamente activadoras do 1x1 e
prospectivamente inibidas por este.
Dos resultados obtidos devemos destacar os seguintes aspectos:
- O 1x1 nas diferentes zonas do campo mantém uma relação de mútua
activação com o mesmo tipo de conduta nessa mesma zona, excepção
feita ao 1x1 na zona 3;
- O 1x1 em outras zonas do campo que não a que está a ser considerada,
tem uma relação de inibição mútua com o 1x1 na zona considerada;
- As acções de 1x1, com excepção das que ocorrem na zona 4, activam
prospectivamente a conduta de pontapé de canto, mas são inibidas
retrospectivamente por ela. Na zona de excepção verifica-se uma
relação de activação mútua;
- A falta é uma conduta que retrospectivamente inibe e prospectivamente
é activada pelo 1x1 nas zonas 1, 3 e 4. Enquanto que na zona 2 verifica-
se que o 1x1 tem com a conduta de falta uma relação de mútua
activação;
114
- A conduta de combinação táctica com progressão apresenta uma
relação de inibição mútua com o 1x1 na zona 1. Nas restantes zonas o
1x1 inibe prospectivamente esta conduta, mas é activado por ela
retrospectivamente;
- A combinação táctica directa tem uma relação de mútua inibição com o
1x1 no meio campo defensivo. Por outro lado, no meio campo ofensivo
esta conduta activa retrospectivamente o 1x1, mas é inibida
prospectivamente por ele;
- A conduta de remate apresenta uma relação de activação mútua com o
1x1 na zona 4, inibição recíproca com esta conduta nas zonas 1 e 2, e
inibição retrospectiva e activação prospectiva na zona 3.
115
4.2.1.2. Análise sequencial ao tipo de 1x1
Quadro 33. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 do tipo drible de
progressão (DPROG).
CO CTP CTR PLL IAD CB REM PBD
r- p = ns
/. P = ns
3 0.099 0.139 0.045 0.040 0.188 0.104 0.235
2 0.100 0.247 0.035 0.031 0.085 0.100 0.189
1 0.038 0.024 0.109 0.126 0.135 0.038 0.129
CC DPROG
1 0.026 0.282 0.079 0.458
2 0.151 0.289 0.166 0.160
J£, p = ns
■ / P = ns
5 0.092 0.196 0.217 0.190
CO RDI CTP CTR CB
Em primeiro lugar devemos referir que não foi possível obter um valor p
estatisticamente significativo para as transições 4 e 5 (prospectivamente), e 3
e 4 (retrospectivamente).
Em seguida podemos salientar que as probabilidades condicionais das
condutas que surgem prospectivamente ao drible de progressão (DPROG),
variam conforme o retardo que estamos a considerar. Assim, verificámos que o
drible de progressão (DPROG) apresenta uma forte probabilidade de ser
imediatamente seguido por acções como condução de bola (CB), perda de bola
directa (PBD), intervenção do adversário (IAD) e pontapé de linha lateral (PLL).
116
Ao nível da segunda e terceira transição as coisas alteram-se um pouco, uma
vez que a frequência de perdas de bola directas (PBD), combinações tácticas
com progressão (CTP) e combinações tácticas com retrocesso (CTR)
aumentam significativamente. Por fim, não podemos deixar de salientar a
elevada probabilidade que o drible de progressão (DPROG) encerra de
conduzir, ao nível dos retardos 2 e 3, a uma situação de finalização (REM).
Na vertente retrospectiva o drible de progressão (DPROG) é
fundamentalmente antecedido pelas condutas que já em análises anteriores
precediam o 1x1, a combinação táctica com progressão (CTP) e a condução de
bola (CB). Nos restantes retardos com um p significativo, somam-se às
condutas anteriormente referidas as de recuperação directa por intercepção
(RDI) e combinação táctica com retrocesso (CTR).
117
Pela análise dos resultados somos levados a concluir que o 1x1
materializado através do drible de progressão, aumenta a probabilidade de
ocorrência de condutas com um carácter crítico para o jogo. Apenas ao nível
da transição 2 verificámos o aparecimento da conduta combinação táctica com
retrocesso. Todas as outras condutas que obtiveram resultados significativos
indicam saída da bola do terreno e/ou paragem do jogo (PLL, PC, FAL),
intervenção do adversário sobre a bola (IAD), 1x1 em que nenhum dos
jogadores se encontra de posse da bola (DUEL), perda da bola por parte do
ataque (PBD) e situações de finalização (REM).
A probabilidade de ocorrência de situações de falta e remate acima do
que seria de esperar fruto do acaso, parece vir confirmar uma parte da hipótese
3, em que se considerava que «os tipos drible de progressão e drible para
remate são os tipos de 1x1 que mais provocam o desequilíbrio defensivo do
adversário».
118
Os resultados obtidos parecem indicar que o 1x1 em que o portador da
bola recorre ao drible de progressão é fundamentalmente activado pela
progressão da bola no terreno de jogo, uma vez que este é antecedido por
acções de condução da bola e combinação táctica com progressão.
O primeiro aspecto a salientar a partir da análise sequencial ao drible de
protecção (quadros 36 e 37), é o facto de não termos obtido um valor p
estatisticamente significativo para as transições 2, 4 e 5 prospectivamente, e - 3
e -4 retrospectivamente.
Quadro 36. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 do tipo drible de
protecção (DPRT).
CO 1X1 CTP CTR TP CB PBD
p p lio
A P = ns
3 0.052 0.133 0.096 0.126 0.200 0.193
7. P = ns
1 0.096 0.067 0.270 0.084 0.169 0.124
CC DPRT
-1 0.449 0.045 0.343
-2 0.250 0.202 0.196
P = ns
-f> P = ns
-5 0.217 0.170 0.189
CO CTP CTR CB
119
conduta seguinte seja um passe para uma zona mais segura no que respeita
ao objectivo de manutenção da posse da bola (CTR).
FAL (4.45)
PS (3.50)
RDD (3.79) CTP (8.66) CTR (3.63) PBD (3.35)
DUEL (2.60)
RDI (2.08) CB (4.82) IAD (2.78) TP (2.43)
PC (2.22)
LB (2.34)
DPRT
X2 = 36.0240 1= 36.1050 1= 143.2630 X2 = 76.5464 X2 = 32.5245
r_ S'- I'-
GL = 22 GL = 22 GL = 23 GL=19 GL=19 ll
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G. G. Q.
p = 0.030178 p = 0.029582 p = 0.0000 p = 0.0000 p = 0.027257
120
Em termos retrospectivos, verificámos uma probabilidade acima do
esperado do 1x1 de protecção (DPRT) ser antecedido ao nível do retardo - 1
pelas condutas de condução de bola (CB) ou combinação táctica com
progressão (CTP).
No retardo - 2 verifica-se uma situação idêntica para as acções de
recuperação directa por intercepção (RDI) e recuperação directa por desarme
(RDD). Assim, podemos considerar que existe uma elevada probabilidade do
1x1 de protecção ser antecedido por situações de recuperação de bola por
intercepção ou desarme, seguidas por acções de condução de bola ou
combinação táctica com progressão, que posteriormente evoluem para
condutas de 1x1 de protecção.
Estes resultados parecem indiciar que o drible de protecção surge
frequentemente na fase inicial da transição defesa-ataque, podendo ser uma
estratégia utilizada pelos jogadores quando verificam que a transição não é
possível de realizar rapidamente devido à acção da defesa, e preferem manter
a posse da bola com vista à realização de um ataque rápido ou posicionai.
Devemos ainda salientar que ao nível do retardo - 5 verificamos uma
probabilidade significativa de ocorrência de acções como pontapé de saída
(PS), duelo (DUEL) e pontapé de canto (PC).
O primeiro aspecto a salientar da análise sequencial ao tipo drible para
passe (DPSS), é facto do valor p não ser estatisticamente significativo para os
retardos prospectivos 3, 4 e 5, e retrospectivos - 2 , -3, -4 e - 5 (quadros 38 e
39).
Prospectivamente existe uma elevada probabilidade do drible para
passe (DPSS) ser seguido de um passe que não chega ao seu destino (TP), de
um cruzamento (CRUZ) ou de uma combinação táctica com progressão (CTP).
Estes resultados parecem indicar que o passe efectuado após uma situação de
1x1 em que o portador da bola procura apenas ganhar uma linha de passe, e
para atingir esse objectivo não ultrapassa o seu adversário directo, conduz num
elevado número de ocorrências a um passe que não chega ao possível
receptor, esta situação pode ser explicada pela dificuldade de execução do
121
passe após uma situação de 1x1, e/ou oposição exercida pelo defensor em
contenção.
Quadro 38. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 do tipo drible para
passe (DPSS).
CO CRUZ CTP TP IAD CB PBD
r p - ns
/í p = ns
P = ns
2 0.032 0.024 0.016 0.111 0.175 0.341
1 0.094 0.344 0.453 0.023 0.008 0.016
CC DPSS
-1 0.141 0.266 0.117 0.344
-?. \J 1 IO
m~S
p = ns
-/, p = RS
_r p = ns
CO 1x1 CTP CTR CB
Deve-se também salientar o facto deste tipo de 1x1 ser muito utilizado
com o objectivo de na zona ofensiva efectuar um passe dum corredor lateral
para o central (cruzamento), o que significa que é uma acção que contribui
para o desequilíbrio da defesa, uma vez que conduz a situações de pré-
finalização.
A combinação táctica com progressão (CTP) é também uma acção que
frequentemente se segue ao drible para passe (DPSS), o que parece indicar
que este tipo de 1x1 é utilizado como estratégia para fazer progredir a bola
perante a oposição directa de um adversário.
No retardo 2 devemos destacar o elevado valor da probabilidade
condicional da conduta de perda de bola directa (PBD), o que parece significar,
que embora este tipo de drible não apresente uma elevada probabilidade de
conduzir à perda de bola no retardo 1, no retardo 2 essa probabilidade é
elevada. A explicação para esta constatação pode estar nas intercepções de
bola realizadas pela defesa, na sequência de tentativas de passe e
cruzamentos.
122
Em termos retrospectivos devemos destacar o facto do drible para passe
(DPSS) ser em muitas sequências ofensivas antecedido por uma acção de 1x1,
em que é utilizado outro tipo de drible que não aquele que estamos a
considerar como conduta critério. Pelas características de ambos, pensámos
que o drible para passe pode em algumas situações de jogo ser antecedido por
um drible de protecção.
PBD (9.08)
CTS (4.45) IAD (5.80)
TP (16.78)
CB(4.11) DPSS (3.18)
CRUZ (10.01)
1X1 (2.66) PLL(2.81)
CTP (4.28)
CTP (2.03) DPSS LB (2.70)
CRUZ (2.43)
2
% = 79.2065 % = 446.7396 X2= 183.2226
ir, ir, ir, ir, ir, ir,
r.:
II
GL = 23 GL=19 GL= 19 II II II
li li II
c c C.
p = 0.0000 p = 0.0000 p = 0.0000
Q
123
utilização de um tipo de drible diferente daquele que está a ser considerado
conduta critério (1x1) e combinação táctica com progressão (CTS), apresentam
um valor z significativo. Sendo por isso condutas que provavelmente fomentam
o aparecimento do drible para passe (DPSS).
Quadro 40. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 do tipo drible para
remate (DREM).
CO PC CTR PLL REM PBD
r p = ns
/ p = ns
3 0.000 0.649 0.000 0.000 0.027
2 0.227 0.015 0.182 0.030 0.349
1 0.000 0.000 0.000 0.964 0.000
CC DREM
-1 0.217 0.169 0.506
-?. p = ns
P = ns
-t> P = ns
_r P = ns
CO CTP CTR CB
124
explicável pelo facto desta normalmente se seguir aos pontapés de canto (PC)
e de linha lateral (PLL).
Retrospectivamente, podemos apenas analisar o retardo - 1 , onde
verificámos que o 1x1 para remate (REM) apresenta um padrão retrospectivo
semelhante aos outros tipos de drible, com especial incidência para as
condutas de condução de bola (CB), combinação táctica com progressão
(CTP) e combinação táctica com retrocesso (CTR).
125
Não podemos deixar de salientar que o 1x1 para remate, provavelmente
em virtude da acção de remate que se lhe segue, apresenta uma probabilidade
acima do esperado de provocar situações de interrupção temporária ou
definitiva do processo ofensivo, conduzindo muitas vezes ao nível da transição
2 a situações de pontapé de canto, pontapé de linha lateral, perda de bola
directa e perda de bola indirecta.
Na transição 3 podemos verificar uma probabilidade significativa da
ocorrência das condutas combinação táctica com retrocesso (CTR),
cruzamento (CRUZ) e lançamento de baliza (LB). Na nossa opinião, condutas
como a combinação táctica com retrocesso e o cruzamento, surgem na
sequência de condutas anteriores como os pontapés de canto e de linha
lateral.
Retrospectivamente constatámos um valor acima do que seria de
esperar para a conduta de condução de bola (CB).
Em seguida, e à semelhança do que foi realizado para a zona do 1x1,
submetemos os dados sobre os tipos de drible à análise pela técnica de
coordenadas polares, os resultados são apresentados no quadro 42.
A análise pela técnica de coordenadas polares permite-nos verificar que
a conduta drible de progressão (DPROG) apresenta uma relação de activação
recíproca, isto é, é activada retrospectivamente e activa prospectivamente, as
condutas de duelo (DUEL) e intervenção do adversário (IAD). Pelo contrário, a
conduta critério considerada, apresenta uma relação de inibição mútua, isto é,
é inibida retrospectivamente e inibe prospectivamente, as condutas de 1x1 do
mesmo ou de qualquer outro tipo (DPROG e 1x1), lançamento de baliza (LB),
combinação táctica sem progressão (CTS), combinação táctica com retrocesso
(CTR) e tentativa de passe (TP).
O drible de progressão (DPROG) é retrospectivamente activado pelas
condutas de condução de bola (CB), combinação táctica com progressão
(CTP) e combinação táctica directa (CTD). Embora iniba prospectivamente o
aparecimento das condutas atrás referidas.
126
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o LU
Por outro lado, condutas como remate (REM), falta (FAL), cruzamento
(CRUZ), pontapé de canto (PC), intervenção do guarda-redes (IGR) e pontapé
de linha lateral (PLL), inibem retrospectivamente o drible de progressão
(DPRO), mas são prospectivamente activadas por ele.
O drible de protecção (DPRT), por seu lado, apresenta uma relação de
activação mútua apenas com a conduta de intervenção do adversário (IAD).
Este resultado não é surpreendente, uma vez que é perfeitamente lógico que a
intervenção de um defensor sobre a bola conduza a um situação crítica
relativamente à posse da mesma, e que na conduta seguinte a equipa atacante
procure a manutenção da posse da bola, sendo o 1x1 de protecção uma acção
adequada a este objectivo.
Contrariamente, a conduta critério acima considerada apresenta uma
relação de inibição mútua com as condutas de drible de protecção (DPRT),
cruzamento (CRUZ), combinação táctica sem progressão (CTS) e remate
(REM).
Relação menos linear com a conduta critério têm as condutas de
pontapé de canto (PC), combinação táctica com progressão (CTP),
combinação táctica directa (CTD), condução de bola (CB) e duelo (DUEL), que
retrospectivamente activam a conduta critério, mas prospectivamente são
inibidas por ela. Pelo contrário, as condutas de 1x1 de outro qualquer tipo que
não o drible de protecção (1x1), lançamento de baliza (LB), intervenção do
guarda-redes (IGR), combinação táctica com retrocesso (CTR), tentativa de
passe (TP), pontapé de linha lateral (PLL) e falta (FAL), são retrospectivamente
inibitórias do drible de protecção (DPRT), mas prospectivamente activadas por
ele.
Relativamente ao drible para passe (DPSS) enquanto conduta critério
verificámos que este apresenta uma relação de activação mútua com as
condutas de drible para passe (DPSS), lançamento de baliza (LB), intervenção
do guarda-redes (IGR) e intervenção do adversário (IAD). Por outro lado,
apresenta uma relação de inibição mútua com as condutas de combinação
táctica directa (CTD) e duelo (DUEL).
128
As condutas de 1x1 que implicam outro tipo de drible que não o drible
para passe (1x1), pontapé de canto (PC), todos os tipos de combinação táctica
com excepção da combinação táctica directa (CTS, CTP, CTR) e condução de
bola (CB), retrospectivamente activam o drible para passe (DPSS), mas
prospectivamente são inibidas por esta conduta.
Por seu lado, as condutas de cruzamento (CRUZ), tentativa de passe
(TP), pontapé de linha lateral (PLL), remate (REM) e falta (FAL), inibem em
termos retrospectivos o drible para passe, mas são prospectivamente activadas
por ele.
Por fim, o drible para remate (DREM) apresenta uma relação de
activação mútua com as condutas de remate (REM), pontapé de canto (PC),
pontapé de linha lateral (PLL) e cruzamento (CRUZ). Pelo contrário, apresenta
uma relação de inibição mútua com as condutas de drible para remate (DREM),
1x1 em que é utilizado outro tipo de drible que não o drible para remate (1x1),
combinação táctica sem progressão (CTS), combinação táctica com
progressão (CTP), combinação táctica directa (CTD), tentativa de passe (TP),
intervenção do adversário (IAD) e falta (FAL).
As condutas de intervenção do guarda-redes (IGR), combinação táctica
com retrocesso (CTR) e condução de bola (CB), são retrospectivamente
activadoras do drible para remate (DREM), embora prospectivamente sejam
inibidas por ela. Por seu lado, as condutas de lançamento de baliza (LB) e
duelo (DUEL) são em termos retrospectivos inibidoras do aparecimento do 1x1
para remate (DREM), embora sejam activadas prospectivamente por esta
conduta.
Dos resultados obtidos devemos destacar os seguintes aspectos:
- O 1x1 dos diferentes tipos mantém uma relação de mútua inibição com o
mesmo tipo de 1x1, excepção feita ao tipo drible para passe que
apresenta uma relação de mútua activação com o mesmo tipo de
conduta;
- A combinação táctica com progressão activa retrospectivamente os
diferentes tipos de 1x1, com excepção do drible para remate com o qual
tem uma relação de mútua inibição;
129
- A condução de bola activa retrospectivamente todos os tipos de drible,
mas é inibida por eles prospectivamente;
- O remate apresenta uma relação de inibição mútua com o drible de
protecção, activação mútua com o drible para remate, e inibição
retrospectiva e activação prospectiva com os tipos drible de progressão
e drible para passe.
- A conduta de falta inibe retrospectivamente e é activada
prospectivamente por todos os tipos de drible, com excepção do drible
para remate que apresenta uma relação de inibição mútua com a falta.
130
4.2.1.3. Análise sequencial ao contexto de cooperação
Quadro 43. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 sem apoios
(DSA).
CO CTP CTR TP CB PBD
r p = HG
/ p = ns
c P = ns
2 0.096 0.073 0.039 0.096 0.212
1 0.044 0.192 0.111 0.082 0.232
CC DSA
-1 0.024 0.367 0.019 0.372
-2 0.111 0.303 0.136 0.192
*f* p = ns
./ P = ns
_n p = ns
CO RDI CTP CTR CB
131
Retrospectivamente verificámos que o 1x1 sem apoios (DSA), à
semelhança de outras análises anteriormente efectuadas, é fundamentalmente
precedido nos dois primeiros retardos por acções de combinação táctica com
progressão (CTP) e condução de bola (CB).
PBD(7.14)
FAL (6.98)
PLL (5.42) PBD (4.67)
RDI (4.11)
CTP (6.33) CRUZ (5.17) PLL (3.07)
CTD (3.30)
CB (6.28) IAD (5.00) LB (2.36)
CTP (3.07)
DSA REM (2.69) PC (2.30)
TP(2.19)
LB(2.12)
132
todos os contextos de cooperação agrupados. Assim, verificámos que o 1x1
sem apoios (DSA) parece ser activado por situações de combinação táctica
com progressão (CTP) ao nível dos retardos - 1 e - 2 , condução de bola (CB)
no retardo - 1 , e recuperação directa por intercepção (RDI) e combinação
táctica directa (CTD) no retardo - 2 .
Embora os resultados da análise ao 1x1 sem apoios não se afastem
muito dos obtidos por outras análises anteriormente realizadas, devemos
salientar, a elevada probabilidade que este contexto de cooperação apresenta
de activar uma perda de bola directa logo no retardo 1. Esta situação talvez se
deva ao facto de num contexto em que o portador da bola não dispõem de
linhas de passe, o 1x1 ser uma acção previsível, e por isso, o defesa esteja
mais preparado para efectuar o desarme
Quadro 45. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 com um apoio
(DUA).
CO CTP CTR TP CB PBD
133
condutas de condução de bola (CB) e combinação táctica com progressão
(CTP) destacam-se ao nível do retardo 5.
Em termos retrospectivos mantêm-se a forte tendência do 1x1 ser
antecedido pelas condutas de condução de bola (CB) e combinação táctica
com progressão (CTP).
134
probabilidade significativa com um maior número de condutas prospectivas e
menos com condutas retrospectivas. Apesar de já termos constatado esta
situação em análises anteriores, na presente tornou-se particularmente
evidente.
Quadro 48. Principais probabilidades condicionais obtidas na análise ao 1x1 com vários apoios
(DVA).
CO CTP CTR TP CB REM PBD
n P = ns
4 0.157 0.182 0.069 0.164 0.063 0.126
3 0.125 0.167 0.083 0.182 0.057 0.146
2 0.092 0.150 0.062 0.104 0.077 0.231
1 0.112 0.091 0.125 0.122 0.189 0.078
CC DVA
-1 0.220 0.149 0.493
-2 0.264 0.268 0.150
-3 0.153 0.219 0.252
-/ P = ns
135
-H p = ns
CO CTP CTR CB
136
Comparativamente com o 1x1 com outros contextos de cooperação
anteriormente analisados, o 1x1 com vários apoios parece conduzir com mais
probabilidade o ataque à conduta de remate.
Contrariamente, Caldeira (2001) verificou que as situações de 1x1 em
contextos de cooperação com uma ou nenhuma linha de passe, eram aquelas
que apresentavam maior potencial ofensivo.
Devemos ainda salientar o facto desta conduta critério provavelmente
não provocar uma perda de bola imediata, contudo, a probabilidade dessa
perda de bola ocorrer na segunda transição é mais elevada que nos contextos
de cooperação anteriormente analisados.
Da análise representada no quadro 37 devemos ainda referir que o 1x1
com vários apoios parece também activar as condutas de tentativa de passe
(TP) na transição 1, cruzamento (CRUZ) na transição 3, pontapé de linha
lateral (PLL) e duelo (DUEL) nas transições 1 e 2, e pontapé de canto (PC) nas
transições 2 e 3.
137
apresentam uma probabilidade acima do esperado de anteceder o 1x1 com
vários apoios (DVA). O que significa que provavelmente estas condutas
activam retrospectivamente a conduta critério.
Dos valores acima referidos devemos salientar o facto de apenas a
conduta condução de bola apresentar uma probabilidade considerada
significativa de anteceder no retardo - 1 a conduta critério. Esta constatação
revela alguma diferença do contexto de cooperação em causa relativamente
aos outros, para além disso, mesmo em comparação com outras dimensões
analisadas, zona de ocorrência ou tipo de drible, este resultado só tem
paralelismo com o obtido na análise ao drible para remate. Embora neste caso
o valor do resíduo ajustado da condução de bola não seja tão elevado.
Perante os resultado obtidos, somos levados a supor que o portador da
bola em muitas situações dispõem de tempo, período em que realiza a
condução de bola, para percepcionar o envolvimento, e apesar de ter mais do
que uma linha de passe opta por jogar o 1x1, procurando provavelmente uma
vantagem numérica e/ou posicionai que a combinação táctica naquele instante
não lhe permite obter.
Quadro 51. Resultados da aplicação da análise pela técnica de coordenadas polares aos
diferentes contextos de cooperação considerados na análise do 1x1.
1x1 com sem apoios 1x1 com um apoio 1x1 com vários apoios
X y M/R A Q X y M/R A Q X y M/R A Q
DS/U/V 0.44 0.44 0.62 45° 1 2.29 2.29 3.24 45° 1 -1.38 -1.38 1.95 225° 3
1X1 -2.07 -0.63 2.16 197° 3 -2.07 -1.87 2.79 222» 3 -1.97 -3.48 4.00 240° 3
LB 1.58 0.28 1,60 10° 1 1.43 -0.61 1.55 337° 4 -0.97 -2.54 2.71 249° 3
PC 1.19 -2.70 2,95 294° 4 1.38 -0.24 1.40 350° 4 3.15 1.00 3.30 18° 1
CRUZ 4.16 -1.83 4,54 336° 4 0.92 0.03 0.92 2o 1 2.69 -1.24 2.96 335° 4
IGR 0.81 1.31 1,54 58° 1 0.38 -0.74 0.87 297° 4 2.07 -0.18 2.08 355° 4
CTS -1.23 -0.81 1,47 213° 3 -1.94 -0.72 2.07 200° 3 -1.59 0.15 1.60 175° 2
CTP -4.24 3.73 5.65 139° 2 -3.21 3.09 4.46 136° 2 -4.27 -0.45 4.29 186° 3
CTR 1.44 -2.83 3.18 297" 4 -2.90 -1.10 3.10 201° 3 -1.31 1.61 2.08 129° 2
CTD -2.21 0.96 2.41 157° 2 -1.10 0.90 1.42 141° 2 -1.11 -1.12 1.58 225° 3
TP -1.21 -2.28 2.58 242° 3 2.41 -2.56 3.52 313° 4 1.02 -3.18 3.34 288° 4
PLL 4.95 -2.22 5.43 336° 4 2.48 -1.97 3.17 322° 4 1.83 -0.65 1.94 340° 4
IAD 2.94 0.97 3.10 18° 1 4.20 0.58 4.24 8o 1 3.26 -0.15 3.26 357° 4
CB -4.24 1.78 4.60 157° 2 -3.26 1.20 3.47 160° 2 -4.18 5.64 7.02 127° 2
DUEL -0.32 0.20 0.38 148° 2 0.21 -0.30 0.37 305° 4 1.91 -0.36 1.94 349° 4
REM 3.55 -2.23 4.19 328° 4 2.03 -3.03 3.65 304° 4 6.58 -1.26 6.70 349° 4
138
FAL 1.87 -1.39 2.33 323° 4 5.43 -0.04 5.43 360° 4 2.80 -0.25 2.81 355° 4
139
de cooperação (DVA), 1x1 sem ou com um único apoio (1x1), lançamento de
baliza (LB), combinação táctica com progressão (CTP) e combinação táctica
directa (CTD).
As condutas de combinação táctica sem progressão (CTS), combinação
táctica com retrocesso (CTR) e condução de bola (CB), activam
retrospectivamente o 1x1 com vários apoios (DVA), mas prospectivamente são
inibidas por ele. Pelo contrário, as condutas de cruzamento (CRUZ),
intervenção do guarda-redes (IGR), tentativa de passe (TP), pontapé de linha
lateral (PLL), intervenção do adversário (IAD), duelo (DUEL), remate (REM) e
falta (FAL), inibem retrospectivamente o 1x1 sem apoios, mas
prospectivamente são activadas por ele.
Dos resultados obtidos através da análise pela técnica de coordenadas
polares devemos destacar as seguintes ideias:
- o 1x1 com vários apoios tem uma relação de inibição mútua com as
condutas de 1x1 com o mesmo contexto de cooperação. Pelo contrário,
as situações de 1x1 sem apoios ou com uma única linha de passe têm
uma relação de activação mútua com as condutas do mesmo tipo;
- Em todos os contextos de cooperação considerados o 1x1 tem uma
relação de inibição mútua com as condutas de 1x1 que tenham um
contexto de cooperação diferente daquele que está elevado a conduta
critério;
- As condutas de remate e falta são activadas prospectivamente pelo 1x1
qualquer que seja o contexto de cooperação, e inibem
retrospectivamente o aparecimento desta conduta;
- A condução de bola activa retrospectivamente o 1x1 qualquer que seja o
contexto de cooperação deste, e é prospectivamente inibida por ele;
- A conduta de duelo activa retrospectivamente o 1x1 sem apoios, e é
inibida prospectivamente por esta conduta. Contrariamente, quando o
1x1 é levado a cabo num contexto com um ou mais apoios ele activa
prospectivamente as situações de duelo, embora estas o inibam
retrospectivamente;
140
- Ao contrário do que acontece com os restantes contextos de cooperação
que são activados retrospectivamente pela combinação táctica com
retrocesso e a inibem prospectivamente, o 1x1 com vários apoios tem
uma relação de mútua inibição com esta conduta.
Quadro 52. Ideias centrais das hipóteses, síntese de resultados e confirmação ou rejeição
dessas mesmas hipóteses.
Confirmação
Ideias Centrais Resultados da Análise
/ Rejeição
• Maior Frequência das A maior parte das situações de 1x1 acontece
situações de 1x1 em precisamente em contextos de cooperação que se
T"
contextos de ausência de caracterizam pela ausência de linhas de passe.
0)
IA linhas de passe e em DSA - 28% DUA - 31 % DVA - 41 %
Rejeitada
*-•
0>
•O contextos de posse da bola
O.
X na zona ofensiva do campo A maior parte das situações de 1x1 acontece na zona
(zona 4) intermédia ofensiva (Zona 3).
Z1-13% 22-22% Z3-42.5% Z4-22.5%
• 0 1x1 prospectivamente, Análise sequencial
induz situações de finalização Transição 1- FAL (12.42); REM (10.82); IAD (9.88);
(remate), de pré-finalização PLL (5.87); PBD (5.07); TP (4.99); CRUZ (3.71);
(passes para finalização e DUEL (2.28); LB (2.00)
pontapés livres), saldas da Transição 2 - PBD (9.79); PC (4.54); PLL (4.31); IAD
CM
0> bola da área de jogo (3.22); DUEL (2.59); REM (2.53)
(A
0) Confirmada
*~t (pontapés de linha lateral ou Transição 3 - PC (3.32); CRUZ (2.58); PBD (2.06)
O
Q.
I de canto), e perdas da posse Transição 5 - PC (2.89)
da bola Coordenadas Polares
Quadrante 1 (activação mútua) - IAD
Quadrante 4 (activação prospectiva) - REM; PLL;
FAL; CRUZ; TP; LB; PC; DUEL; IGR
141
• As características das Análise Sequencial ao D4
situações de 1x1 que mais Transição 1 - R E M (10.82)
provocam o desequilíbrio Transição 2 - REM (3.48); GOLO (3.17)
defensivo do adversário são: Transição3-REM (2.18)
a sua ocorrência na zona Transição5-GOLO (2.81); REM (2.10)
ofensiva do campo Análise Sequencial ao DPROG
(espacialização); e os tipos Transição 2 - REM (3.35)
tu
drible de progressão e drible Transição 3 - REM (3.08)
«1
0> para remate (tipo de 1x1) Análise Sequencial ao DREM Confirmada
*-•
•O
Q. Transição 1 - R E M (39.41)
X
Transição 2 - GOLO (5.08)
Coordenas Polares com D4 como CC
Quadrante 1 (activação mútua) - REM
Coordenas Polares com DPROG como CC
Quadrante 4 (activação prospectiva) - REM
Coordenas Polares com DREM como CC
Quadrante 1 (activação mútua) - REM
142
4.2.2. Análises Complementares
143
-5 0.038 0.225 0.250 0.013 0.000 0.150
144
probabilidade que a sua continuidade decorra a partir de novas situações de
duelo.
145
sem progressão (CTS), combinação táctica com progressão (CTP),
combinação táctica com retrocesso (CTR) e lançamento de baliza (LB).
146
Por outro lado, condutas como o pontapé de linha lateral (PLL) e a falta
(FAL), são retrospectivamente inibidoras do duelo, mas prospectivamente
activadoras deste.
147
4.2.2.2. Análise ao Remate
148
ofensivo. Também as condutas de combinação táctica com progressão (CTP),
condução de bola (CB) e combinação táctica com retrocesso (CTR),
apresentam frequências muito significativas.
149
Quadro 55. Análise retrospectiva ao remate (REM).
_n -4 -3 -2 -1 cc
REM (3.06) PC (5.32) 1X1 (10.82)
CTD (2.59)
PC (2.88) FAL (3.81) FAL (9.11)
REM (2.01)
CB (2.39) 1X1 (2.53) CTD (7.96)
RDI (1.96)
CRUZ (2.03) CTD (2.45) CRUZ (7.55) REM
2
X = 42.9950 X = 52.3564 X = 86.0691 X = 392.4740
p = HE GL = 21 GL = 21 GL = 21 GL = 22
p = 0.003210 p = 0.000183 p = 0.0000 p = 0.0000
150
tácticas directas são utilizadas como uma das principais estratégias para a
criação de situações de ruptura nas defesas. Na mesma linha actuação, a
utilização de jogadores especialistas neste tipo de tarefa no posto específico de
pivot, é outra das estratégias utilizadas para a criação deste tipo de
combinação.
151
sem progressão (CTS), tentativa de passe (TP) e intervenção do adversário
(IAD), o remate (REM) tem uma relação de inibição mútua.
As condutas de 1x1, intervenção do guarda-redes (IGR), combinação
táctica com progressão (CTP), combinação táctica directa (CTD), condução de
bola (CB) e falta (FAL), activam retrospectivamente o remate (REM), mas são
prospectivamente inibidas por ele.
Contrariamente, as condutas de lançamento de baliza (LB), combinação
táctica com retrocesso (CTR), pontapé de linha lateral (PLL) e duelo (DUEL),
inibem retrospectivamente o remate (REM), mas são activadas
prospectivamente por esta conduta.
152
4.2.2.3. Análise ao Golo
153
Como seria de esperar o golo (GOLO) foi antecedido em todas as suas
ocorrências pela conduta de remate ao nível do retardo - 1 . Por outro lado, ao
nível do retardo - 2 é possível verificar que as condutas que apresentam
valores z mais significativos são o cruzamento (CRUZ) e a falta (FAL). Estes
resultados fazem emergir duas ideias, que as acções de cruzamento podem
criar acentuados desequilíbrios na estrutura defensiva, e a importância das
situações de falta no Futsal. Relativamente a estas devemos salientar que em
muitos casos trataram-se de livres sem barreira, e por isso, situações de
remate privilegiadas no que respeita à probabilidade de obtenção de golo.
No retardo - 2 salientam-se ainda as condutas de intervenção do guarda-
redes (IGR), combinação táctica directa (CTD) e remate (REM), que se
destacaram por serem acções com uma ocorrência (frequências observadas)
acima do que seria de esperar (frequências esperadas) para o retardo em
causa.
Por fim, ao nível do retardo - 3 salientam-se as condutas de recuperação
de bola indirecta (RBI), recuperação directa por duelo (RDDU) e cruzamento
(CRUZ). Contudo, estes resultados devem ser analisados com prudência,
porque cada uma destas condutas ocorreu apenas uma vez no retardo - 3
tendo o golo como conduta critério, apesar disso o programa informático
considerou a sua probabilidade de ocorrência superior ao que seria de esperar
fruto do acaso.
O primeiro aspecto a salientar da presente análise é o não aparecimento
do 1x1 como uma das condutas mais prováveis de anteceder a situação de
golo ao nível do retardo -2. Contudo, isto acontece devido ao facto da
frequência de situações de 1x1 no total da amostra ser muito elevada, e o
número de condutas de 1x1 no retardo - 2 da análise retrospectiva ao golo ser
reduzido, isto porque, o número total de golos é também ele reduzido. Como
tal, o programa informático interpreta que o número de ocorrências de
situações de 1x1 não é muito superior aquilo que seria esperado, dada a sua
frequência no total da amostra. Apesar disso, devemos referir que em 30 golos
registados, quatro foram antecedidos por situações de 1x1 ao nível do retardo
-2.
154
Através da análise das condutas que antecedem o golo é interessante
verificar que nelas não se incluem as situações de pontapé de canto ou
pontapé de linha lateral, o que demonstra que na nossa amostra estas
situações não foram determinantes para a obtenção de golos.
155
5. Conclusões
156
probabilidade de uma acção de 1x1 ser seguida por outra acção de 1x1
numa outra zona do terreno é reduzida;
- Os tipos drible de progressão e drible para remate são os tipos de 1x1
que mais provocam o desequilíbrio defensivo do adversário;
- Ao nível do contexto de cooperação, o 1x1 com vários apoios é aquele
que apresenta maior probabilidade de conduzir a uma situação de
remate;
- As condutas de remate e falta são activadas prospectivamente pelo 1x1
qualquer que seja o contexto de cooperação, e inibem
retrospectivamente o aparecimento desta conduta.
157
6. Indicações para o treino do 1x1 durante o processo de formação
no Futsal.
158
conduzem naturalmente a diferentes produtos (drible para remate, drible
para passe ou drible de protecção);
- A existência de linhas de passe não pode ser só por si desencorajadora
da realização do 1x1, devendo o jogador ser instruído na capacidade de
realizar a «leitura do jogo», e a partir daí tomar a decisão que considera
mais adequada. O 1x1 permite em muitos contextos situacionais ganhar
uma vantagem numérica ou posicionai que não é possível através de
uma combinação táctica;
- Compreensão por parte do jogador sobre a relação risco/benefício que a
situação de 1x1 implica, devendo este optar por esta conduta de jogo
sempre que o potencial de benefício for superior ao de risco. Assim, o
1x1 deve fundamentalmente ser utilizado no meio-campo ofensivo, onde
ele apresenta uma probabilidade mais elevada de conduzir a um
desequilíbrio defensivo. Por outro lado, deve ser evitado no meio-campo
defensivo, uma vez que é uma acção de jogo que implica sempre um
certo risco de perda da bola;
- O 1x1 no jogo surge incluído em sequências de comportamentos, como
tal, pensámos que o treino deve procurar reproduzir esta realidade,
criando-se exercícios em que o 1x1 é antecedido e sucedido por outras
condutas;
- O facto do 1x1 no jogo apresentar uma elevada probabilidade de ser
antecedido ou seguido por outra conduta de 1x1 na mesma zona do
campo, indica-nos que o jogador é em muitos casos obrigado a realizar
pelo menos duas acções de 1x1 num espaço reduzido, situação para a
qual deve ser preparado através do treino;
- Relação do 1x1 com os meios tácticos de grupo ofensivos (aclaramento,
bloqueio, cortina), e defensivos (cobertura defensiva, dobra, 2x1);
- Instrução sobre o enquadramento do 1x1 em diferentes sistemas de
ataque (3:1, 4:0 e 2:2), métodos de jogo ofensivo (contra-ataque, ataque
rápido e ataque posicionai) e tipos de defesa (individual, zona e mista);
- Encorajamento dos jogadores que têm receio de assumir o risco de
jogar o 1x1, e fazer entender aos que abusam do drible que este é um
159
meio e não um fim em si mesmo. «Não se joga para driblar, dribla-se
para jogar melhor»;
- As acções de marcação de falta, combinação táctica directa, pontapé de
canto e cruzamento, devem também merecer uma especial atenção por
parte dos técnicos, uma vez que apresentam uma probabilidade
significativa de conduzirem a situações de finalização;
- Na perspectiva defensiva, os técnicos devem desde de cedo ensinar e
aperfeiçoar conteúdos que permitam diminuir o sucesso das acções de
1x1, por exemplo, contenção defensiva, cobertura defensiva, e conceitos
de lado forte e lado da ajuda.
160
7. Direcções futuras da investigação
161
A análise sequencial revelou-se uma metodologia bastante interessante
para a análise do jogo de Futsal. Por este motivo, pensámos que no futuro esta
metodologia pode ser utilizada para o estudo de outras variáveis importantes
para o jogo. A título de exemplo deixámos ficar algumas ideias para futuros
estudos:
- Análise retrospectiva das acções de jogo que mais conduzem ao
aparecimento de situações de finalização;
- Análise prospectiva aos frutos das fases fixas do jogo (pontapés livres,
de canto, de linha lateral e lançamentos de baliza).
162
8. Referências Bibliográficas
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178
9. Anexos
179
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