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CAPÍTULO 02

GENERALIDADES DO ARMAMENTO LEVE

1. FORÇAS PRODUZIDAS NO INTERIOR DA ARMA

À medida que a pólvora da carga de projeção vai sendo queimada, é convertida em gases os
quais exercem pressão contra as paredes do cano, com força igual em todas as direções. Esta força
obriga o projetil a se mover dentro do cano e os gases a acompanharem o projetil empurrando-o no
sentido contrário da culatra. A pressão exercida sobre a parte anterior da culatra dá origem ao
retrocesso da arma durante o tiro. O recuo da arma começa no exato momento em que o projetil
começa a se mover dentro do cano, porque ele é produzido pela mesma força que movimenta o
projetil e os gases. O recuo da arma durante o tiro constitui uma excelente demonstração do
princípio básico de que a toda ação corresponde uma reação igual e contrária. Com efeito seria
impossível impelir o projetil numa determinada direção sem simultaneamente projetar na direção
oposta aos gases, o mecanismo da culatra, o cano, ou algum outro objeto. Os gases em expansão
procurarão qualquer passagem ao longo do cano para sair. Vantagem pode ser tirada dessa
compressão dos gases obrigando-os a passar por um evento existente no cano e operar um
mecanismo por meio de um êmbolo.

2. CONSIDERAÇÕES TÁTICAS E REPAROS

A flexibilidade em transportar uma arma é de primeira importância. Uma arma só tem


emprego se ela puder ser conservada em ação contra um inimigo no tempo e no lugar desejado. Esta
exigência se prende particularmente ao peso da arma. As armas leves e especialmente as armas de
porte que devem acompanhar sempre o seu detentor, devem ser leves e desenhadas para permitir um
transporte fácil e tanto quanto possível evitar a fadiga do soldado. A medida que aumenta o tamanho
e a potência da arma torna-se necessário transformar seu equipamento em fardo para fins de
transporte. Por exemplo: a metralhadora pode empregar um reparo tripé, e a responsabilidade de
carregar estas duas unidades é distribuída por dois soldados. Com o rápido automatismo das armas
de uso moderno, cada soldado leva consigo pequena quantidade de munição exigida. Em razão
disso o suprimento de munição em campanha exige o emprego da mesma por vários tipos de armas,
de forma a simplificar o problema de suprimento de munição.

3. ESTABILIDADE DOS REPAROS

A estabilidade é problema de conservar uma arma apontada para um objetivo durante o tiro, a
despeito dos choques e deslocamentos produzidos por este. Embora a pressão do gás dure apenas
alguns milésimos de segundo, ela exerce vários milhares de libras de pressão. A aplicação desta
grande força tende a levantar a arma e a chocar a coronha com o ombro do atirador. Por esta razão o
fuzil estaria em melhores condições de ficar apontado para o objetivo se a coronha fosse construída
mais próxima e no alinhamento do cano. Infelizmente, devido a anatomia do ser humano, elevando-
se a coronha ter-se-ia que elevar a vista uma distância correspondente. O movimento da arma
durante o tiro é conhecido como retrocesso. Qualquer alteração na direção do cano da arma entre o
instante que o gatilho é acionado e o instante em que o projetil deixa a arma resultará numa
alteração da pontaria e mudança da direção em que é lançado o projetil resultando disso imprecisão
do tiro.
As mesmas condições existem para o caso da arma montada em tripé. As condições de
fabricação consideradas desejáveis para permitir o retrocesso menor possível são obtidas fazendo-se
a perna anterior do tripé bem pequena e a da retaguarda tão comprida quanto possível, bem como na
colocação da arma mais próxima do chão.
Estas mesmas considerações são aplicáveis na construção dos reparos das armas automáticas.
Neste caso, o efeito repetido do tiro um após outro pode ser suficiente para deslocar o reparo e
produzir um disparo impreciso ou levantar a parte anterior do reparo.
Na alta velocidade com que as armas automáticas funcionam, as forças produzidas dentro
delas pela operação do mecanismo são muito grandes e podem causar o deslocamento do reparo.
Por isso, comumente costuma-se usar adaptadores ou amortecedor do recuo entre a arma e o reparo.
Para pequenas velocidades do projetil, pequena cadência de tiro e pouco peso da arma pode-se
assegurar que a principal força de retração é a da pólvora em combustão. Neste caso tem-se achado
possível montar a arma sobre uma mola fraca ou um adaptador leve, de modo que possa deslizar
sob a ação das forças. Este método reduz a grandeza das forças no reparo, mas usualmente requer
uma longa distância de recuo e resulta no disparo da arma sem firmeza sobre a roda. Enquanto está
atirando, o reparo está constantemente sendo forçado na direção do recuo, mas as forças são
grandemente reduzidas. Neste tipo de adaptador, a força da mola é da mesma grandeza do peso da
arma e o mecanismo deve constantemente incluir algumas adaptações para fazer a ação de absorção
do recuo operar o mesmo em todos os ângulos de elevação, a despeito do peso aumentado da arma.
Dificuldades podem ser encontradas na alimentação da arma, por causa do grande intervalo de
movimento da arma durante o tiro. A Mtr 7,62 M971 “MAG” possui um reparo, exemplo de
emprego de amortecedor.
À medida que a cadência de tiro e o peso da arma aumentam, é desejável o emprego de um
amortecedor com mola bastante forte ou um adaptador resistente. Este tipo se torna necessário por
causa da importância crescente das forças de retração produzidas pelo próprio mecanismo da arma.
Este tipo de adaptador produzirá, em regra, forças maiores no reparo do que o tipo previamente
descrito, mas ele abrandará as forças transmitidas ao reparo, de modo que a arma ficará apontada na
direção original e fará o tiro preciso.

4. CURVA DE PRESSÃO

Após o propelente ter sido inflamado pela cápsula, são formados gases da pólvora
incandescente e a pressão dentro do cartucho cresce muito rapidamente. Num período muito
pequeno de tempo, a pressão interna é grande, bastante para empurrar o projetil para a frente. No
início deste movimento, o projetil atinge o começo do raiamento e deve ser forçado neste raiamento
antes de passar no cano. Este forçamento requer alguma energia e, por isso, há um pequeno retardo
no movimento do projetil enquanto este está sendo engrazado.
O engrazamento se realiza a uma pressão relativamente baixa, mas a pressão dos gases
continua a crescer à medida que mais pólvora se queima e fornece mais gases para empurrar o
projetil dentro do cano.
À medida que a pólvora continua a queimar, a pressão continua a subir. Este aumento torna-se
mais rápido com o acréscimo da pressão e temperatura em torno do propelente incandescente.
Quando o projetil se move no cano, o espaço dentro do qual estão confinados os gases aumenta e a
pressão tenderia a cair se não fosse pelo fato de que com pólvoras progressivas a proporção do
aumento da pressão sobrepõe esta tendência. Após o trajeto de algumas polegadas, é atingido o
ponto de pressão máxima, e a pressão começa a cair, como é mostrado na figura.
Se todos os grãos do propelente queimassem uniformemente, a pólvora já estaria
completamente queimada pouco depois de ter sido passado o ponto de pressão máxima e o restante
do movimento do projetil no cano seria causado pela expansão dos gases.
Enquanto a pólvora está queimando, a temperatura no cano poderá atingir 2500 ou 3000 ºF e a
pressão máxima ser de até 60.000 lb/pol2. Esta pressão e temperatura vão caindo, de modo que, na
ocasião em que o projetil atinge a boca, a pressão é de somente 5.000 ou 10.000 lb/pol2 e a
temperatura dos gases caiu bastante.
É possível converter-se cerca de 30% da energia da pólvora, para o movimento do projetil.
Uma larga proporção dos 70% remanescentes está contida na energia dos gases quentes e outra
grande porção está na quantidade de pólvora não queimada lançada fora da boca. Cerca de 30% é
perdida no aquecimento do cano.

5. PRINCÍPIOS MOTORES

Consideradas do ponto de vista dos princípios motores, ou de funcionamento, as armas


automáticas podem ser classificadas nestes cinco grupos:
5.1 - ARMAS QUE FUNCIONAM PELA UTILIZAÇÃO DO RECUO;
5.2 - ARMAS QUE FUNCIONAM POR TOMADA DE GASES;
5.3 - ARMAS QUE FUNCIONAM POR FORÇAMENTO DO PROJETIL NO CANO;
5.4 - ARMAS QUE FUNCIONAM POR INÉRCIA DE UMA PEÇA DO MECANISMO;
5.5 - ARMAS MISTAS, isto é, armas cujo funcionamento é determinado pela combinação de
dois princípios diferentes.
5.1. ARMAS QUE FUNCIONAM PELA UTILIZAÇÃO DO RECUO

As armas que funcionam pela utilização do recuo compreendem duas categorias:


- armas de culatra desaferrolhada, nas quais o cano é fixo e somente a culatra recua; e
- armas de culatra aferrolhada, nas quais o cano e a culatra recuam conjuntamente.

5.1.1 Armas de culatra desaferrolhada (cano fixo)


5.1.1.1 Organização – Nestas armas o cano A é fixo; e a culatra móvel C, ao invés de estar,
como nas armas ordinárias, fixada à caixa do mecanismo (M) ou ao cano A, por um processo
qualquer de ligação, fica simplesmente encostada à parte posterior do cano, por efeito da distensão
da mola recuperadora R, que, pela sua parte, tem o seu ponto de apoio fixo na caixa do mecanismo
M.
OBS.: O cano A fica ligeiramente afastado da culatra C.
5.1.1.2 Funcionamento
– 1º tempo – Uma vez realizado o disparo, a força do recuo, aplicada à culatra, impele esta
peça para a retaguarda, produzindo-se, então, em conseqüência desse movimento, as seguintes
operações: a abertura da arma, a extração, a ejeção do estojo, a montagem do dispositivo de
percussão e a compressão da mola recuperadora.
_ 2º tempo – a distensão da mola recuperadora impele a culatra para a frente, resultando daí: a
introdução de um cartucho na câmara, o fechamento, e, se a arma estiver organizada para o tiro
contínuo, a percussão.

5.1.1.3 Vantagens e inconvenientes – As armas de cano fixo e culatra desaferrolhada


apresentam uma grande vantagem: a simplicidade de organização. Mas têm, também, os seus
inconvenientes, mais ou menos sérios.
Em primeiro lugar, entendendo que a culatra, justamente por ser desaferrolhada ou livre,
começa a recuar no mesmo instante em que se produz o disparo, é de temer que antes de o projetil
haver transposto a boca do cano, já o estojo tenha desocupado a câmara, resultando daí,
necessariamente, um jato de gases para trás, perigoso para o atirador, e uma perda de velocidade
inicial, capaz de diminuir a tensão e o alcance da trajetória.
Verdade seja que, no estabelecimento de uma arma desta categoria, poder-se-á remediar o
inconveniente pré-mencionado, reduzindo o mais possível a velocidade de recuo da culatra. E de
como se pode operar essa redução é o que vamos ver.
A velocidade de recuo da culatra varia na razão inversa do peso dessa mesma peça, da força
da mola recuperadora, da aderência do estojo às paredes da câmara e da resistência que as peças
possam opor à extração, à ejeção, à montagem do dispositivo de percussão, etc. Ora, não se pode
modificar a aderência do estojo às paredes da câmara, nem tão pouco aumentar a dificuldade de
movimentação das peças. Consequentemente, para que semelhante redução se opere, basta que se
aumentem a massa da culatra e a força da mola recuperadora.
Mas, mesmo assim, ter-se-á resolvido completa e definitivamente o assunto? Queremos crer
que não. Mesmo com toda essa precaução de se reduzir ao máximo a velocidade de recuo da
culatra, é bem possível que, de quando em quando, por motivos especialmente de defeitos de
fabricação, volte a aparecer o inconveniente que assinalamos.
Devemos advertir, também, que nem a todas as espécies de armas se pode aplicar a solução
que consiste no aumento da massa da culatra. Estão neste caso os fuzis-metralhadores e os
automáticos. Se se aplicasse a estas armas a solução em apreço, elas deixariam logo, de satisfazer as
condições que se exige para seu emprego. Com as metralhadoras pesadas e as pistolas não sucede o
mesmo, porque aquelas podem ter o peso aumentado, sem grave inconveniente, e estas empregam
cartuchos de pequena carga e têm o cano curto.
O sistema da culatra desaferrolhada só pode ser aplicado aos fuzis-metralhadores e aos
automáticos, sem lhes aumentar grandemente o peso, no caso de se munirem estas mesmas armas
de um dispositivo gênero Blish, sobre os quais, aliás, ainda é cedo para que se expanda juízo
definitivo.
O dispositivo que o comandante da marinha americana Blish realizou em 1915, aplicando-o a
uma culatra desaferrolhada, para lhe retardar a abertura, e cuja utilização já se pode encontrar, por
exemplo, na pistola-metralhadora e no fuzil-metralhador americano Thompson, tem por fundamento
o princípio de mecânica em virtude do qual “o coeficiente de atrito aumenta com a pressão”.

É, mais ou menos, na aplicação deste mesmo princípio que repousava, pela sua parte, a arma
que o oficial italiano Revelli imaginou em 1905, em decênio, portanto, antes do invento do
comandante Blish.

Outro inconveniente das armas de culatra desaferrolhada está em exigirem elas o emprego de
munição que satisfaça a determinadas condições especiais de organização. O estojo, por exemplo,
deve ser particularmente resistente, e, ademais, não pode ser senão de forma cilíndrica. É necessário
que ele seja particularmente resistente (sobretudo no culote) porque desde o primeiro tempo do
recuo, isto é, num momento em que as pressões em seu interior são ainda fortes, já a parte posterior
de seu corpo cilíndrico entra a perder o contato com as paredes da câmara, durante o seu movimento
retrógrado. Se o estojo apresentasse a forma troncônica, desprender-se-ia imediatamente das
paredes da câmara, e isto ocasionaria a fuga de gases para a retaguarda.

Encarado, finalmente, o assunto do ponto de vista balístico, este modo de funcionamento


apresenta ainda um inconveniente: o de modificar o regime de desenvolvimento das pressões na
arma. Com efeito, se o estojo começa a recuar assim que se produz o disparo, o espaço aberto aos
gases para a sua expansão aumenta, e, portanto, a pressão máxima tende ser muito mais fraca do
que em uma arma idêntica, cuja peça de fechamento fosse absolutamente imóvel.
5.1. 2 - Armas de culatra aferrolhada (cano móvel)
Constituindo a rapidez de separação da culatra do cano, conforme vimos no Nr 1, dificuldade
não pequena para o bom funcionamento das armas automáticas pertencentes ao grupo das que
funcionam pela utilização do recuo, procuraram, então, os inventores, retardar o momento dessa
separação, obrigando o cano a acompanhar a culatra durante parte ou durante a totalidade de seu
movimento retrógrado.
Daí as duas variedades de armas de culatra aferrolhada:
- ARMAS DE CURTO RECUO DO CANO; e
- ARMAS DE LONGO RECUO DO CANO.
Na primeira, o cano acompanha a culatra em parte apenas do trajeto desta; e na segunda, em
todo o seu trajeto.

5.1. 2 .1 – Armas de curto recuo do cano


ORGANIZAÇÃO – A culatra C está aferrolhada no cano A. Em cada uma destas duas peças
pode atuar uma mola recuperadora especial (R para a culatra e P para o cano), tendo o seu ponto de
apoio fixo na caixa do mecanismo M.
O cano é provido de um batente B, que, ao chocar-se no batente b da caixa do mecanismo,
detém o recuo do cano. A arma, aliás, é organizada de maneira tal, que a abertura da câmara se
realize antes mesmo de haver o choque.

FUNCIONAMENTO:
1º tempo – O cano e a culatra, que lhe está aferrolhada, recuam conjuntamente, comprimindo,
aquele, a sua mola recuperadora P, chamada também mola de recuo, e, essa, a sua mola
recuperadora R, denominada igualmente de mola de fechamento. Em seguida, produz-se o
destrancamento e o cano é detido pelo encontro dos batentes B e b.
2º tempo – Impelido pela mola de recuo P, o cano volta à posição normal, enquanto a culatra
continua a recuar sozinha, em virtude da velocidade adquirida e das pressões que se exercem ainda
no interior do estojo, acabando de comprimir a mola recuperadora R. Durante esse tempo, operam-
se a extração, a ejeção e a montagem do dispositivo de percussão.
3º tempo – Impelida pela sua mola recuperadora R, a culatra avança, até tomar contato com a
parte posterior do cano, dando-se, então, a introdução de um cartucho na câmara, o fechamento, e,
se a arma estiver organizada para o tiro contínuo, a percussão. É escusado advertir que o
funcionamento das duas peças, cano e culatra, pode efetuar-se de maneira diferente da que aí fica
estabelecida. Armas há, por exemplo, que não dispõem da mola de recuo P. Nestas armas, é a
própria culatra que reconduz o cano à posição normal, quando é levada à frente, pela sua mola
recuperadora R. Está neste caso a pistola Parabellum.
5.1. 2 .2 – Armas de longo recuo do cano
Estas armas nada mais são do que simples aperfeiçoamento das armas de curto recuo do cano.
A diferença que há entre umas e outras consiste apenas em se fazer a obturação; nas de curto recuo
em piores condições que nas de longo recuo, e isto porque , nestas, o cano fica ligado à culatra até o
fim do movimento retrógrado desta mesma peça.
ORGANIZAÇÃO – O cano A está aferrolhado à culatra G. Em cada uma destas duas peças
pode atuar uma mola recuperadora especial (R para a culatra e P para o cano), tendo o seu ponto de
apoio fixo na caixa do mecanismo M.
A culatra tem um entalhe de disparo K que, quando essa peça se encontra à retaguarda, pode
prender-se ao dente do gatilho T. A retenção da culatra e o abaixamento do dente do gatilho são
regulados pelo ressalto S, do cano, por meio de uma combinação de alavancas e de molas.

FUNCIONAMENTO:
1º tempo – O cano e a culatra, que lhe está aferrolhada, recuam conjuntamente, comprimindo
cada uma a sua mola recuperadora. Por outro lado, o dente do gatilho T levanta-se e a culatra vem
prender-se a ele, pelo entalho de disparo K.
2º tempo – O cano desprende-se da culatra e, impelido pela mola de recuo P, avança,
realizando-se no curso desse movimento a extração e ejeção e a abertura da arma. Ao chegar à
posição inicial, o ressalto S do cano atua no jogo de alavancas, e, fazendo com que se abaixe o
dente do gatilho, liberta a culatra.
3º tempo – Impelida pela sua mola R, a culatra é levada para a frente, até tomar contato com a
parte posterior do cano, efetuando-se nesse movimento a introdução de um cartucho na câmara, o
fechamento, o trancamento, e, se a arma estiver organizada para o tiro contínuo, a percussão.

5.1. 2 .2.1 – Vantagens e inconvenientes das armas de culatra aferrolhada – Uma das
vantagens que, para logo, nos deparam as armas de culatra aferrolhada (de curto recuo, e de longo
recuo do cano), cotejadas com as de culatra desaferrolhada, está na maior segurança de sua
obturação. E a causa precípua dessa maior segurança de obturação é óbvia. É que, enquanto em
semelhantes armas, poder-se-á , por cálculo e por experiências sucessivas, regular a abertura da
culatra, de maneira tal que esta se não separe do cano senão quando o projetil já o tenha
abandonado completamente, outro tanto já se não dá com as de culatra desaferrolhada.
Mas uma vantagem que se observa nas armas da categoria em apreço, resultante ainda da
demora de separação do cano e da culatra, está em permanecer constante, nelas, o regime de
desenvolvimento das pressões do cano, pois daí resulta, não só grande regularidade de
funcionamento, como também integral aproveitamento das qualidades balísticas destas mesmas
armas.
Há ainda uma vantagem das armas de culatra aferrolhada em relação às de culatra
desaferrolhada. E esta vantagem está em ser muito superior a destas, a massa que dispõem para
vencer, durante o funcionamento, as resistências passivas suplementares, tais como as decorrentes
de má conservação da arma. Efetivamente, enquanto as armas de culatra desaferrolhada não
constam, para vencer estas resistências, senão com a própria culatra, dispõem as primeiras, para o
mesmo fim, da massa relativamente importante formada pelo conjunto cano-culatra, se se trata de
armas de curto recuo, ou culatra-caixeta-cano, em se tratando de armas de longo recuo do cano.
Das razões precedentemente expostas, deduzimos também, sem dificuldades alguma, a
superioridade das armas de longo recuo, em relação às de curto recuo do cano, quando consideradas
as duas variedades do ponto de vista da maior facilidade de uma e de outras em vencer as
resistências passivas suplementares, e, portanto, do ponto de vista da regularidade de
funcionamento.
Agora, os inconvenientes:
Um dos que, desde logo, nos apresentam as armas de culatra aferrolhada, de longo ou de curto
recuo do cano, está na possibilidade de se aquecerem consideravelmente, durante o tiro, caso não
tenham sido lubrificadas como devem ser, ou caso não se lhes possam refrigerar o cano na ocasião
devida. Esta foi, aliás, uma dificuldade que, em particular, muito perturbou os alemães, no emprego
das metralhadoras leves Maxim 06-15.
Outro inconveniente: limitação da velocidade de funcionamento, atendendo a que o conjunto
móvel é tanto mais moroso, quanto maior é a massa desse conjunto. Assim é que, com o fuzil
metralhador francês modelo 1915, que pertence à variedade das armas de longo recuo do cano, a
velocidade de funcionamento é limitada a 240 disparos por minuto, ao passo que nas armas
organizadas conforme princípios motores diferentes, esta velocidade pode ir a mais de 600 disparos
por minuto.

5.2 – ARMAS QUE FUNCIONAM POR TOMADAS DE GASES


As armas que funcionam por tomadas de gases compreendem três categorias:
- armas que funcionam por tomadas de gases em um ponto do cano;
- armas que funcionam por tomadas de gases na boca do cano; e
- armas que funcionam por tomadas de gases na câmara.

De todas elas, as mais numerosas são as da primeira categoria; e, em todas elas, o cano é fixo.

5.2.1 – Armas que funcionam por tomada de gases em um ponto do cano


5.2.1.1 - ORGANIZAÇÃO – O cano A é atravessado em um dos seus pontos, geralmente na
geratriz inferior, por um evento e, que o comunica com um cilindro B, denominado cilindro de
gases, no interior do qual trabalha um êmbolo P, que se liga a culatra móvel C, pela extremidade
posterior, e cuja cabeça fica atrás do evento. A mola recuperadora R, cujo ponto de apoio fixo está
na caixa do mecanismo M e o de apoio móvel na parte posterior do êmbolo P, obriga
constantemente o êmbolo a procurar a posição avante.

(A cabeça do êmbolo pode achar-se igualmente adiante do evento; e, neste caso, o ponto de
apoio fixo e o sentido da distensão da mola recuperadora são outros).
5.2.1.2 FUNCIONAMENTO:
1º tempo – Uma vez realizado o disparo, a culatra, que está ligada ao cano, não se pode
deslocar imediatamente. Mas, logo que o projetil tenha ultrapassado o evento, uma parte dos gases,
atravessando-o, penetra no cilindro de gases e, atuando na cabeça do êmbolo, este se projeta
vivamente para a retaguarda, produzindo o destrancamento da culatra e levando-a consigo até o fim
do seu retrocesso. Durante esse movimento, realizam-se a extração, a ejeção, a montagem do
dispositivo de percussão e a compressão da mola recuperadora. (Quando a cabeça do êmbolo é
colocada adiante do evento, o movimento do êmbolo efetua-se em sentido contrário ao que fica
exposto).
2º tempo – Repelido pela mola recuperadora, o êmbolo avança (ou recua, se a cabeça é
adiante do evento), produzindo-se, então, a entrada de um cartucho na câmara, o trancamento e , se
a arma estiver organizada para o tiro contínuo, a percussão.

5.2.1.3 – VANTAGENS E INCONVENIENTES – Uma das primeiras vantagens que nos


apresenta as armas que funcionam por tomada de gases em um ponto do cano consiste na grande
segurança de sua obturação, e isso graças a posição do evento, pois claro é que, estando este situado
perto da boca do cano, quando a culatra móvel se puser em movimento, já o projetil não estará na
arma.
Outra vantagem que nos apresentam as referidas armas, e esta quando as confrontamos com
as que funcionam pela utilização do recuo, é a seguinte: em uma arma destas, o construtor é
obrigado a empregar toda a força do recuo; para lhe determinar o funcionamento automático, ele
não pode aumentar ou diminuir, à vontade, esta mesma força. Nas armas que funcionam por tomada
de gases em um ponto do cano, pelo contrário, pode-se regular a força destinada a atuar no êmbolo
por três processos diversos: o primeiro consiste em aumentar ou diminuir a câmara de gases; o
segundo, em situar o evento em um ponto mais próximo da culatra, isto é, em um ponto onde as
pressões são mais elevadas; o terceiro, finalmente, em aumentar o diâmetro do evento, de modo que
se torne maior a quantidade de gases recebida pela respectiva câmara.
Importa, entretanto, que se não conclua do que disse acima que o diâmetro e a posição do
evento ficam inteiramente à vontade do construtor. O evento deve ser aberto no fundo de uma das
raias, e de sorte que não toque os cheios. Se o evento interceptasse o cheio, criaria neste um ângulo
vivo, que poderia ocasionar, em cada passagem do projetil, o arrancamento de um pedaço de metal
do projetil, resultando daí, afinal, a obstrução do evento; a não ser que se tomasse o cuidado de
adoçar essas arestas, o que poderia ser trabalho de difícil execução, por se tratar de serviço no
interior do cano. O diâmetro, portanto, que se pode dar ao evento, é determinado pela largura da
raia; e quanto às posições que este pode ocupar, são obrigatoriamente separadas uma das outras
pelos passos da raia em que vai ser aberto.
Agora , os inconvenientes.
Entre os que, para logo, nos depara a tomada de gases em um ponto do cano, está a
possibilidade de encravamento do êmbolo e o entupimento do evento, problemas estes que tornam o
princípio mais ou menos inaplicável às pequenas armas, tais como as pistolas atualmente em uso. O
evento destas deveria, com efeito, ter um diâmetro muito reduzido, o que tornaria a limpeza
extremamente difícil, e, por conseguinte, o funcionamento automático da arma assaz precário.
Outro inconveniente e, quiçá, o mais sério dos que nos apresentam as armas da categoria em
apreço, e inconveniente tanto mais notável, quanto mais próximo da boca do cano se encontrar o
evento, atendendo a que, neste caso, mais limitado, mais reduzido ainda será o tempo de atuação
dos gases no êmbolo, é a brutalidade de funcionamento delas. Neste particular, são-lhe muito
superiores as armas pertencentes ao grupo das que funcionam pela utilização do recuo; e isto, por
um lado, porque a força motora atua na culatra durante todo o percurso do projetil no interior do
cano, e, por outro lado, porque a força viva devida ao recuo é, mais ou menos, absorvida pela
energia do importante conjunto das peças que se movimentam.
Quanto à diminuição de velocidade, e, conseguintemente, de alcance da trajetória que resulta
do enfraquecimento das pressões que atuam no projetil ao termo de seu percurso no cano,
enfraquecimento este proveniente da captação de gases pelo evento, entendemos que não
necessitamos relacioná-lo entre os inconvenientes das armas de que nos ocupamos, dada a sua
extrema insignificância. Basta dizer que na metralhadora francesa modelo 1907, ou de Saintetienne,
essa perda de velocidade inicial decorrente da tomada de gases é apenas de seis metros,
aproximadamente.

5.2.2 – Armas que funcionam por tomada de gases na boca do cano


5.2.2.1 – Quando o projetil sai do cano – e isto todos nós sabemos – a pressão dos gases tem
ainda um valor muito apreciável. Não é, portanto, de admirar que inventores e construtores, na ânsia
de apresentarem novos tipos de armas, também imaginassem, como efetivamente imaginaram,
aproveitar desta pressão de gases para determinar o funcionamento automático dessas mesmas
armas.
Infelizmente, no domínio prático não corresponderam tais armas, absolutamente, às
esperanças que nelas depositavam os seus criadores, pois muitos são os inconvenientes que
apresentam, conforme havemos de ver adiante, depois que lhes tivermos examinado a organização e
o funcionamento.
5.2.2.2.– ORGANIZAÇÃO – Na extremidade anterior do cano A, encontra-se a luva móvel
H, provida, na parte dianteira, da copela G, a qual é dotada de um orifício, que dá passagem ao
projetil. A luva está ligada à haste rígida FB, cuja parte traseira desliza na caixa do mecanismo; e
esta haste, pela sua parte, está ligada à culatra móvel pela alavanca BC, que pode girar em torno do
ponto fixo D.

5.2.2.3 – FUNCIONAMENTO:
1º tempo – Uma vez realizado o disparo, e assim que o projetil transpõe a boca do cano, os
gases invadem a copela G e projetam-na para a frente, resultando daí, em virtude do giro da
alavanca BC, em torno do ponto D, a abertura da culatra, e, ao mesmo tempo, a compressão da
mola recuperadora R
2º tempo – A distensão da mola recuperadora R reconduz todas as peças aos seus lugares.
(As operações realizadas durante cada tempo destes são idênticas às que se realizam nos
tempos correspondentes da metralhadora modelo 1907, ou de Saintetienne).

5.2.2.4 – VANTAGENS E INCONVENIENTES – A única vantagem das armas que


funcionam por tomada de gases na boca, é a absoluta segurança de sua obturação, pois claro é que o
funcionamento automático da arma não começa senão quando o projetil já saiu do cano.
Quanto ao aumento do valor balístico que costumam alguns escritores apontar por vantagem
das armas da categoria, aumento este decorrente do fato de continuarem os gases a atuar no projetil,
quando este sai do cano, por não poderem eles espalhar-se imediatamente na atmosfera, creio que o
não devemos tomar em considerações, tão insignificante é. Quando, por exemplo, se atira com a
metralhadora modelo 1905, ou de Pateaux, empregando o cartucho francês modelo 1886 M, se se
não faz o aproveitamento dos gases pela copela, obtêm-se, a 25 metros da boca, uma velocidade de
615 m/s e, em se aproveitando os gases, esta mesma velocidade é de 622 m/s.
Agora os inconvenientes.
O primeiro deles consiste na violência das trepidações, extremamente prejudiciais ao tiro, que
os constantes deslocamentos da luva imprimem ao cano e ao conjunto da arma.
O segundo decorre, por igual da existência, na arma, da referida luva. Porque a verdade é que
esta, ao invés de concorrer para resfriar o cano, muito contribui para superaquecer, com o isolar,
como de feito o isola, do ar ambiente, resultando daí elevar-se com tanta rapidez a pressão dos
gases, que o atirador é obrigado, no decorrer do tiro, a regulá-la com a maior freqüência. (Na
metralhadora modelo 1905, ou de Pateaux, para se regular a pressão dos gases no interior da copela,
aumenta-se ou diminui-se o diâmetro do orifício destinado à passagem do projetil, para isto,
afastam-se ou aproximam-se, por meio de chave especial, as quatro laminazinhas que formam o
diafragma).
Da posição da luva, também decorre este grave inconveniente: os construtores são obrigados a
afastar a massa de mira da boca do cano, ou seja a aproximá-la da alça, e, por conseguinte, a
diminuir, com o comprimento da linha de mira, a precisão do tiro.
Há ainda um inconveniente resultante da luva, em se tratando de fuzil automático: a
impossibilidade em que se fica de armar baioneta.
5..2.3 – Armas que funcionam por tomada de gases na câmara
Além de o poder ser na boca ou em determinado ponto do cano, como vimos, ainda se pode
utilizar a força expansiva dos gases à altura da câmara, atrás do cartucho. Este princípio, porém, é
muito pouco prático. E, por isso mesmo, não foi empregado até hoje, senão em uma arma – a pistola
Roth, construída pelo armeiro austríaco que lhe deu o nome.
5.2.3.1 – ORGANIZAÇÃO – O cano A é fixo e a culatra C lhe está ligada por um dispositivo
especial de trancamento. O estojo do cartucho B é dotado de um alojamento de cápsula muito
extenso, no fundo do qual se encontra a cápsula D.

5.2.3.2 – FUNCIONAMENTO:
1º tempo – Uma vez realizado o disparo, uma parte dos gases, passando pelo evento, vem
atuar na cápsula, e a projeta para a retaguarda; a cápsula comunica este movimento ao percursor,
que, pela sua parte, recuando, provoca o destrancamento da culatra e a sua propulsão para trás,
cabendo a este, então, a realização das diferentes funções da arma.
2º tempo – A mola recuperadora R, que fora comprimida durante o primeiro tempo, distende-
se no segundo, efetuando o fechamento da culatra.
5..2.3.3 – VANTAGENS E INCONVENIENTES: As armas que funcionam por tomada de
gases na câmara, não podem apresentar a menor vantagem, senão os mais sérios inconvenientes.
Em primeiro lugar, não se compreende que se provoque ou que se procure a fuga de gases
para a retaguarda, quando em todas as armas conhecidas há o maior cuidado em se evitar esta
mesma fuga, pois é ela, com freqüência, a causa de acidentes graves.
Outrossim, como a cápsula, em virtude de não ser
mantida por uma peça fixa, é posta em movimento pelos gases, cujas pressões se exercem de modo
mais ou menos regular sobre os seus diversos pontos, ela pode girar, e ocasionar, assim, fugas de
gases para trás, fugas estas tanto mais perigosas quanto é certo que se produziriam com extrema
violência. Para que a cápsula não girasse, mister seria que tivesse muita espessura, de forma que se
pudesse comportar em seu alojamento, tal qual um êmbolo em um corpo de bomba.
Ainda mais, a quantidade de gases que deve atuar na cápsula é regulada pelas dimensões do
evento. Ora, estas são excessivamente pequenas; por conseqüência, qualquer defeito de fabricação
toma, para logo, uma importância sobremaneira considerável.
Atendendo, finalmente, a que a onda explosiva dos gases, no culote de um estojo, não se
propaga com a regularidade que se faz mister para que a um êmbolo de reduzida superfície, como é
a de uma cápsula, se imprimam velocidades de deslocamentos sempre comparáveis, torna-se, por
isso, muito aleatório o funcionamento de uma arma deste gênero.

5.3 – ARMAS QUE FUNCIONAM POR FORÇAMENTO DO PROJETIL NO CANO


Ainda que constituam o recuo e a tomada de gases os únicos princípios motores cujos
resultados práticos são absolutamente satisfatórios, os inventores recorreram ainda a uma força que
se manifesta da arma – o forçamento do projetil no cano, forçamento este que exerce uma tração no
sentido retaguarda frente. E de como se fez a utilização do forçamento para o automatismo, é o que
vamos ver, depois de examinarmos a organização geral das armas pertencentes ao grupo de que nos
estamos ocupado.

5.3.1 – ORGANIZAÇÃO – Nas armas que funcionam por forçamento do projetil no cano, a
culatra é substituída por uma peça de fechamento fixa C, que faz corpo com a caixa do mecanismo
M. O cano A, que é móvel, mantém-se em contato com a peça de fechamento, graças à pressão da
mola recuperadora R, que tem o seu ponto de apoio fixo em P, da caixa do mecanismo.

5.3.2 – FUNCIONAMENTO:
1º tempo – Quando o projetil começa a progressão, arrasta o cano em seu movimento para a
frente, fazendo com que se comprima a mola recuperadora R. O estojo, que fica retido pela garra do
extrator de encontro à peça de fechamento C, é extraído e ejetado.
2º tempo – A distensão da mola recuperadora R reconduz o cano à sua posição normal, isto é,
para a retaguarda, vindo a câmara encamisar ou cobrir o novo cartucho transportado pelo
mecanismo de alimentação, e fechar-se, em seguida, de encontro à peça fixa C.
5.3.3 – VANTAGENS E INCONVENIENTES – As armas que funcionam por forçamento da
munição no cano apresentam esta grande vantagem: supressão quase completa da culatra, que é
reduzida a um bloco fixo de fechamento e, como corolário, diminuição do comprimento total da
arma, que fica sendo sempre inferior ao de qualquer outra arma que funcione segundos outros
princípios.
Oferecem, além desta, a vantagem de grande segurança para o atirador, que não pode temer a
projeção da culatra para trás, pois a peça de fechamento é fixa.

Agora, os inconvenientes.
Em primeiro lugar, a ejeção, nas armas pertencentes ao grupo a que nos estamos referindo,
deve ser organizada de maneira toda especial.
A introdução do cartucho na câmara, levando em conta que o cartucho é que fica fixo e a
câmara é que o vem cobrir, funciona com grande irregularidade.
Finalmente, encontram-se nelas todos os inconvenientes particulares às armas de culatra
desaferrolhada.

5.4. – ARMAS QUE FUNCIONAM POR INÉRCIA DE UMA PEÇA DO MECANISMO


Não obstante ainda com a aplicação dos princípios até então conhecidos, o engenheiro sueco
Sjoegren experimentou aplicar, em um fuzil de caça e em um fuzil de guerra, a inércia de uma peça
do mecanismo, para lhes determinar o automatismo.

5.4.1 – ORGANIZAÇÃO – O cano A é fixo, e a culatra C lhe está ligada por um dispositivo
especial de trancamento. Sobre a culatra encontra-se a luva BD, susceptível de se deslocar
horizontalmente, deslizando nas corrediças, ou ranhuras-guias XY, abertas na caixa do mecanismo
M. A mola P, que se apoia no respaldo F, da caixa do mecanismo, mantém a luva em uma posição
determinada.

5.4.2 – FUNCIONAMENTO:
1º tempo – Uma vez realizado o disparo, toda a arma recua, excetuando a luva, que se mantém
em seu lugar, por inércia, comprimindo a mola P, de encontro ao respaldo F.
2º tempo – A mola P arremessa a luva para a retaguarda, e esta, vencendo as restantes peças
em velocidade, em seu comum movimento de recuo, destranca a culatra e a arrasta consigo,
determinando a extração, a ejeção e a compressão da mola R, até o momento em que se choca no
batente H.
3º tempo – A mola R, distendendo-se, reconduz todas as peças aos seus lugares.

5.4. VANTAGENS E INCONVENIENTES – Não se faz preciso que contrapesemos aqui as


vantagens e inconvenientes que apresentam as armas que funcionam por inércia de uma das peças
do mecanismo, pois claro está que, para evidenciar a absoluta predominância destes basta o fato de
nenhuma aceitação terem tido estas mesmas armas, posto que curiosas e interessantes.
5.5 – ARMAS MISTAS
Denominam-se armas mistas, aquelas cujo funcionamento automático é determinado pelo
emprego simultâneo de dois princípios diferentes.
As armas mistas repartem-se em duas categorias: na primeira, ficam compreendidas aquelas
em que, à intervenção de cada princípio motor, correspondem operações particulares do
funcionamento; na segunda, aquelas em que ambos os princípios motores são empregados
simultaneamente, e participam de todo o funcionamento automático da arma.
6. DEFINIÇÕES
6.1 –DEFINIÇÕES DE ARMAMENTO LEVE
Antes de iniciar o estudo do armamento leve, necessário se torna que expliquemos o que seja
uma arma leve.
Compreende-se por armas leves, aquelas que, possuem peso e volumes relativamente
reduzidos, podendo ser transportadas, geralmente, por um homem, ou em fardos, por mais de um,
além de possuírem calibre até 0,50 pol. Daí chamar-se de armas leves todas as armas de fogo,
inclusive as automáticas, que possuem calibre até 50/100 da polegada, inclusive. Por ser variado e
complexo o material bélico de um exército, existem armas que não se enquadram perfeitamente
dentro da definição, a qual tem por objetivo generalizar e não particularizar. Em conseqüência,
existem as exceções, contando-se entre essas, os L Rj 2.36 e 3.5 pol, que são classificados como
armas leves apesar de possuírem calibre superior a 0.50 pol (12,7 mm).
O limite do calibre tem sido trocado de período em período e tem sido sempre matéria
ventilada por decisões administrativas, donde se conclui ser elástico o critério adotado para tal
classificação.
Durante o estudo do armamento usaremos certos termos técnicos pelo que aqui vai a definição
e explicação do significado de cada um deles, segundo padronização adotada nesta escola.
6.2 – CALIBRE – É a medida do diâmetro entre dois cheios.
6.3 – RAIAS – São sulcos helicoidais paralelos abertos na alma.
6.4 – CHEIOS – São nervuras entre as raias.
6.5 – VELOCIDADE TEÓRICA DE TIRO – É o número de disparo que pode ser feito por
uma arma em um minuto, não se levando em conta o tempo gasto na alimentação, na resolução de
incidentes de tiro, etc; isto é, supõe-se que a arma é dotada de um carregador de capacidade infinita,
bem como que não haja incidentes de tiro, não seja feita a pontaria, etc.
6.6 – VELOCIDADE PRÁTICA DE TIRO – É o número de disparos que pode ser feito por
uma arma em um minuto, levando-se em consideração o tempo gasto para a feitura da pontaria, etc,
isto é, tudo aquilo que se faz realmente quando se utiliza a arma.
6.7 – ALCANCE MÁXIMO – É o maior alcance que se pode obter com a arma.
6.8 – ALCANCE ÚTIL OU DE UTILIZAÇÃO – É aquele em que se utiliza a arma
aproveitando-se a primeira parte da trajetória da munição, onde apresenta melhores qualidades
balísticas, isto é, tensão na trajetória, menor dispersão, etc.
6.9 – ALCANCE DE ALÇA – É o maior alcance que pode ser registrado na alça de mira.
6.10 – CADÊNCIA DE TIRO – É assim chamado o tipo de tiro que a arma pode fazer, isto é,
semi-automático ou intermitente e automático ou contínuo.

7. CLASSIFICAÇÃO
Para fins de estudo, o armamento leve é classificado, segundo suas características principais,
em diferentes grupos. Assim temos que:
7.1 – QUANTO AO TIPO
O armamento pode ser:
7.1.1 – De porte: quando pelo seu pouco peso e dimensões reduzidas pode ser conduzido em
um coldre.
7.1.2 – Portátil: quando apesar de possuir um peso relativo, pode ser conduzido por um só
homem, sendo, para facilidade e comodidade de transporte, dotado de uma bandoleira.
7.1.3 – Não portátil: quando, por seu grande volume e peso, só pode ser conduzido em
viaturas ou dividido em fardos, para serem transportados por vários homens.
7.2 – QUANTO AO EMPREGO:
Pode ser:
7.2.1 – Individual: quando se destina à proteção daquele que o conduz.
7.2.2 – Coletivo: quando se destina a ser utilizado em benefício de um grupo de homens ou
fração de tropa.
7.3 – QUANTO AO FUNCIONAMENTO
7.3.1 - De repetição: são aquelas em que o princípio motor é a força muscular do atirador,
decorrendo daí a necessidade de se repetir a ação para cada disparo.
7.3.2 – Semi-automática: são aquelas que realizam automaticamente todas as operações de
funcionamento com exceção do desengatilhamento, disparo e percussão.
7.3.3 – Automática: são aquelas que realizam automaticamente todas as operações de
funcionamento.
7.4 – QUANTO AO PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO
7.4. 1 – Armas que utilizam a força muscular do atirador.
7.4.2 – Armas que utilizam as pressões dos gases resultantes da queima da carga de projeção.
7.4.2.1 – Ação dos gases sobre o êmbolo;
7.4.2.2 – Ação dos gases sobre o ferrolho;
7.4.2.3 – Recuo do cano;
7.4.2.3.1- Longo recuo
7.4.2.3.2 - Curto recuo
7.4.3 – armas que utilizam a ação muscular do atirador, combinada com a ação de uma
corrente elétrica sobre uma estopilha.

7.5 – QUANTO À REFRIGERAÇÃO


7.5.1 – Refrigeradas à ar: quando é o próprio ar atmosférico que a resfria.
7.5.2 –Refrigerada à água: quando possui um tubo chamado camisa d’água, que envolve o
cano e é cheio d’água. Essa água tem por finalidade refrigerar o cano. Ex: Mtr .30 M917 A1.
7.5.3 – Refrigerada à ar e água: quando o cano está em contato com o ar atmosférico, mas
que, de quando em quando, recebe jatos d’água para ajudar seu resfriamento. Ex: Mtr 7 M945.
7.6 – QUANTO AO SENTIDO DA ALIMENTAÇÃO
7.6. 1 – Da direita para a esquerda;
7.6.2 – Da esquerda para a direita;
7.6.3 – De cima para baixo;
7.6. 4 – De baixo para cima;
7.6.5 – De trás para frente.
7.7 – QUANTO À ALIMENTAÇÃO
7.7.1 – Manual
7.7. 2 – com carregador
7.7.3 - De pano(tipo fita);
7.7.4 – Metálico
7.7.5 - Tipo lâmina
7.7.6 - Tipo cofre
7.7.7 – Tipo fita (de elos)
7.7.8 - Tipo especial
7.8 – QUANTO AO RAIAMENTO
7.8.1 – Alma raiada
7.8.1.1 – Da esquerda para a direita;
7.8.1.2 – Da direita para a esquerda
7.8.2 – Alma lisa
7.9 – QUANTO AO CALIBRE: O armamento será de:
7.9.1 – 0.30 pol ou 7,62mm
7.9.2 – 9mm
7.9.3 – 0.45 pol ou 11,43mm
7.9.4 – 0.50 pol ou 12,7mm
7.9.5 – 2.36 pol ou 60mm
7.9.6 – 3.5 pol ou 89mm
7.9.7 - 0.223 pol ou 5,56 mm ,etc.

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