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Resenha: A economia moral da multidão inglesa no século XVIII (Eward Thompson)

No texto em questão Edward Thompson aborda a mobilização das camadas pobres da


população inglesa no século XVIII, contra o aumento do preço do trigo nos momentos de carestia e
maior escassez desse importante componente da base alimentar do povo (os chamados “motins da
fome”), evidenciando uma tradição de rebeldia e protesto com o objetivo de “fixar o preço justo”
da farinha de trigo branca e do pão, demonstrando com isso a existência de movimentos populares
recorrentes ao longo do século XVIII, num tipo de fenômeno que o autor chamou de “economia
moral da multidão”, e que ele utiliza para refutar a ideia de que as classes populares inglesas não
exerceram papel de protagonistas históricos antes do advento da Revolução Francesa.

Thompson demonstra que essas mobilizações populares tinham como alvo imediato de sua
ira os representantes típicos do nascente liberalismo econômico, do capitalismo liberal e do laissez
faire, os intermediários, os atravessadores e os açambarcadores, que iam até as fazendas e
compravam toda a produção, com o objetivo de vendê-los na entressafra para auferir lucros.

É significativo que, segundo Thompson, as mulheres tinham um papel muito ativo nesses
“motins” que, em momentos de escassez, forçavam os fazendeiros, os moleiros e os atravessadores
a praticarem um “preço moral” e “justo”, conforme as suas condições. Nesse sentido, torna-se
evidente que esses “motins” eram uma reação popular à lógica capitalista que se insinuava
paulatinamente.

Ainda segundo o autor, esses homens e mulheres, que viviam num modelo de sociedade
mais integrada, acreditavam estarem defendendo os seus direitos tradicionais de acordo com uma
lógica que concebia o fazendeiro e o moleiro como funções que prestavam serviço à comunidade e
considerava imoral e inconcebível que em momentos de escassez lucrassem explorando as
necessidades dos mais pobres. Nesse sentido, defendiam uma lógica de que o mercado deveria se
submeter às necessidades da população, contrariamente ao modelo preconizado pelo laissez faire e
defendido por Adam Smith. Deve-se destacar que, segundo o autor, esses motins “não tinham
caráter político e ao mesmo tempo tinha”, no sentido de que eram movimentos pré-políticos e que
somente sofreriam influências jacobinas a partir do início do século XIX.

Por fim, ainda segundo o autor, a partir da segunda metade do século XVIII as graduais
transformações ocorridas na sociedade, o avanço da Revolução Industrial e os esforços das
autoridades em combater esses motins fizeram triunfar a Nova Economia Política, baseada no não
intervencionismo e no laissez faire, provocando gradualmente o desaparecimento desse modelo de
“economia moral” que, para se articular dependia de um conjunto particular de relações pessoais
próprios às condições históricas.

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