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VI Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Argamassas

I International Symposium on Mortars Technology


Florianópolis, 23 a 25 de maio de 2005

INFLUÊNCIA DA CURA NO DESEMPENHO DE


REVESTIMENTOS COM ARGAMASSAS INORGÂNICAS.

PEREIRA, Paulo César (1); CARASEK, Helena (2); FRANCINETE JR., Paulo (3)

(1) Mestre em Engenharia Civil. Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de


Goiás, CEFET-GO. Rua 75 n. 46 Centro, Goiânia - GO. CEP - 74055-110. E-mail:
pcesarp@cefetgo.br
(2) Doutora em Engenharia Civil. Professora da Escola de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Goiás, EEC-UFG. Rua 75 n. 46 Centro, Goiânia-GO. CEP-
74055-110. E-mail: hcarasek@cultura.com.br
(3) Mestre em Engenharia Civil. Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás,
CEFET-GO. Universidade Estadual de Goiás, UEG. Rua 75 n. 46 Centro, Goiânia-GO.
CEP – 74055-110. E-mail: pfsj@cefetgo.br

RESUMO

O presente trabalho trata-se de uma pesquisa eminentemente experimental, com


objetivo de avaliar a influência da cura (ao ar, úmida por 3 dias e úmida por 7 dias) no
desempenho de revestimentos produzidos com argamassas inorgânicas.
Nessa pesquisa foram utilizou-se quatro diferentes tipos de argamassas, aplicadas em
dois diferentes tipos de substratos. Foram utilizadas uma argamassa mista, duas
industrializadas e uma argamassa com adição de vermiculita; aplicadas em 36 painéis,
construídos com blocos cerâmicos e de concreto, cada painel com área de 2,25m2.
Os revestimentos foram avaliados quanto à resistência de aderência, permeabilidade e
absorção de água, espessura da frente de carbonatação e resistência superficial à tração
(método proposto pelos autores), nas idades de 2 meses e 4 meses.
Como principais resultados foi constatado que, de um modo geral, a cura úmida
melhora o desempenho dos revestimentos. Ao mesmo tempo contribuiu para o aumento
da resistência de aderência, reduziu significativamente a permeabilidade e a capacidade
de absorção de água (redução de até 85% da absorção final do revestimento), bem como
aumentando a resistência superficial à tração de todos os revestimentos avaliados,
atingindo aumentos da ordem de 140%.

ABSTRACT
The present paper investigates the influence of curing in the performance of coatings
produced with five different types of inorganic mortars (a mixed, two industrialized, one
with vermiculite addition and another of cement and sand with active silica, fibers and
admixtures added). This is essentially an experimental investigation with the primary
purpose of evaluating the influence of the type of cure and its period of execution on the
improvement of the coating’s mechanical properties.

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The coatings were evaluated as to their bonding strength, permeability and water
absorption, thickness of the carbonation front and surface tensile strength, at 28 days,
two months and four months of age.
The main results confirmed that the wet cure is contributing to an improved performance
of the coatings. While this type of cure contributed to an increase in bonding strength, it
substantially improved the surface characteristics of the coatings, significantly reducing
permeability and water absorption (up to 85% final coating absorption in the test
conducted by the pipe method), besides increasing surface tensile strength of all the
tested coatings, with increments of up to 140% in some circumstances.

Palavras-chave: cura, revestimentos, argamassas.

Keywords: curing, coatings, mortars.

INTRODUÇÃO
Conhecer os materiais, saber avaliar as propriedades dos substratos, argamassas e
revestimentos, e principalmente ter capacidade para bem avaliar a interação estabelecida
entre a argamassa e o substrato são preceitos básicos para se construir revestimentos
eficientes e duráveis. Quesitos estes que nem sempre despertam o interesse e a
preocupação dos construtores, talvez pelo fato de grande parte das obras não
apresentarem em seus balancetes o verdadeiro custo dos revestimentos e muito menos o
custo dos reparos, recuperações e repercussões de um revestimento mal executado.
Mesmo com este diagnóstico, a crescente necessidade da construção civil de introduzir
novos métodos construtivos, controle de procedimentos e materiais alternativos, visando
a melhoria da qualidade e a redução dos custos das edificações, tem estimulado a busca
de novas tecnologias. Essa realidade tem imputado uma maior importância ao estudo
das argamassas de assentamento e revestimento.
O estudo comparativo da influência da cura no desempenho de revestimentos
produzidos com argamassas inorgânicas apresenta a sua importância não só pela
constatação da escassez de bibliografias nacionais e até mesmo internacionais sobre o
assunto, como também pela necessidade latente de se conhecer melhor a qualidade e
comportamento desses revestimentos, bem como as possibilidades de melhoramento de
seus desempenhos.

REVISÃO DO ESTADO DA ARTE


Sendo de conhecimento público que a região mais externa do concreto é muito
influenciada pela realização da cura, é natural que se deduza que, no caso de
revestimentos, a redução da perda de água da argamassa pode interferir sensivelmente
no desempenho dos revestimentos, impedir a perda de resistência de aderência, mas
também evitar a retração na argamassa no estado fresco, uma maior permeabilidade e a
redução da resistência superficial.
ISBERNER (1964), citado por CARASEK (1996), realizou um estudo experimental
onde uma das variáveis estudadas foi a condição de cura dos corpos-de-prova de
alvenaria de blocos cerâmicos. Nesse trabalho ele comparou o efeito de três tipos de

- 478 -
cura: (1) cura úmida, com umedecimento contínuo das juntas de assentamento; (2)
película de cura desenvolvida mediante a pulverização de produto impermeabilizante
sobre a argamassa ainda fresca, com aplicação em uma e duas camadas; e (3) cura ao ar.
Neste estudo, o umedecimento constante da argamassa de assentamento (cura úmida)
produziu resistências de aderência consideravelmente maiores em relação à cura ao ar
em todas as idades avaliadas. No entanto, a película de cura, tanto em uma, como em
duas camadas, mostrou apenas um modesto acréscimo de resistência em relação à cura
ao ar.
LAMANA, DELFIN e BULLEMORE (1970), estudando nove diferentes traços de
argamassa e ainda, especificamente, a influência da cura em três desses nove traços
(1:0:3, 1:0,25:3,75 e 1:0,5:4,5 - cimento:cal:areia), constataram que, dentre inúmeros
fatores analisados a condição de cura foi a variável que exerceu maior influência na
resistência de aderência. As quatro condições de cura por eles testadas foram: cura em
câmara úmida durante 28 dias; cura sob sacos úmidos; cura ao ar com molhagem das
juntas duas vezes ao dia, durante uma semana; e cura ao ar. Os resultados mostraram
acréscimos de aproximadamente 230%, 135% e 35% nas resistências de aderência,
respectivamente, para os corpos-de-prova curados em câmara úmida, sob sacos úmidos
e os umedecidos duas vezes ao dia por uma semana, em relação aos corpos-de-prova
curados ao ambiente.
CEBECI et al. (1989) desenvolveram estudos para a avaliação das resistências à
compressão e flexão, bem como para a avaliação da retração por secagem de
argamassas de cimento e cal expostas a diferentes temperaturas e condições de umidade
por vários períodos, até um ano. Os resultados obtidos demonstraram que as argamassas
de cimento se comportaram de maneira muito similar ao concreto, ou seja, meios
úmidos e temperaturas elevadas aceleraram o desenvolvimento inicial da resistência em
detrimento ao menor crescimento da resistência em idades mais avançadas. Tanto as
resistências iniciais quanto as resistências finais das argamassas com alto teor de cal
foram aumentadas com o aumento da temperatura, independentemente da umidade
relativa e do período de cura. Com relação à retração por secagem, observou-se que
aumentando a temperatura elevou-se a retração inicial, mas reduziu-se a retração final
acumulada para os três tipos de argamassas.
Ainda com relação à influência da cura no desempenho dos revestimentos, podemos
destacar um trabalho anterior a este, onde o presente autor, juntamente com outros
pesquisadores (PEREIRA et al.,1999), estudaram ainda o efeito do umedecimento do
substrato e da cura úmida na resistência de aderência do revestimento ao bloco
cerâmico. A conclusão a que chegaram os autores foi que existe grande e benéfica
influência da cura na resistência de aderência das argamassas ensaiadas. Quando
curados, os corpos-de-prova apresentaram resistências de aderência de até 3,5 vezes
maiores do que os não curados.
COLLANTES (1998) também realizou uma bateria de ensaios com objetivo de verificar
principalmente a influência da cura na resistência de aderência dos revestimentos. Nesta
investigação, as duas argamassas ensaiadas (1:2:8 - cimento:cal:areia e industrializada)
foram aplicadas sobre substratos de estrutura de concreto preparados com chapisco
rolado (em uma e três demãos). Os revestimentos receberam cura úmida durante 22 dias
consecutivos, contados a partir do seu endurecimento. Os ensaios de aderência foram
realizados aos 28 dias de idade e os seus resultados apontaram para um significativo
aumento na resistência de aderência com a realização da cura úmida, em relação aos
painéis similares que foram submetidos à cura ao ambiente, a saber: 53% para a
argamassa mista e 127% para a argamassa industrializada aplicada sobre a base com
três demãos de chapisco rolado.

- 479 -
MATERIAIS E MÉTODOS
Os revestimentos de argamassas em estudo foram aplicados sobre alvenarias de blocos
de concreto e cerâmicos, sem chapisco. Na construção dos painéis os blocos foram
assentados com argamassa mista de cimento, cal e areia, no traço 1:1:6 (em volume) e
chapiscados (quando programado) com argamassa de cimento e areia média, no traço
1:3 (em volume). As paredes foram construídas com juntas de assentamento de
aproximadamente 15mm para os blocos cerâmicos e 20mm para os blocos de concreto.
Aguardou-se no mínimo 14 dias entre a conclusão das alvenarias e a aplicação do chapisco e o
mínimo de 7 dias entre a aplicação do chapisco e a aplicação de argamassa de revestimento.
A proposta de estudo da influência da cura no desempenho dos revestimentos
produzidos com argamassas inorgânicas exigiu inicialmente a definição de quais os
tipos e traços de argamassas a estudar. Em função não somente da sua consagração pelo
uso, mas também do conhecimento técnico de seu desempenho, definiu-se como
referência um traço de argamassa mista (cimento, cal e areia). No estudo experimental
foram empregadas 04 (quatro) argamassas de revestimento, sendo 02 (duas)
industrializadas produzidas pela Cimento Tupi S/A1 e as outras 03 (três) com traços
definidos em laboratório. Os traços dessas argamassas são mostrados na Tabela 1.

Tabela 1 - Identificação das argamassas pesquisadas, traços e materiais constituintes.


ARGAMASSA Argamassa Industrializada T8
TRAÇO (pacote) 1 Saco de 50 kg de massa pronta: 8 litros de água
TRAÇO (massa) 1: 0,33: 0,67: 2,33: 1,33: 1: 1,07
MATERIAIS Cimento:Areia Grossa:Areia Média:Areia Fina: Escória: Calcário: Água
ARGAMASSA Argamassa Industrializada T9
TRAÇO (pacote) 1 Saco de 50 kg de massa pronta: 7,5 litros de água
TRAÇO (massa) 1: 0,33: 0,67: 3,50: 1,17: 1,00
MATERIAIS Cimento: Areia Grossa: Areia Média: Areia Fina: Calcário: Água
ARGAMASSA ARGAMASSA MISTA MT
TRAÇO (volume) 1: 2: 4,5: 4,5: 3,80 (areia úmida)
TRAÇO (massa) 1: 0,97: 4,93: 5,07: 2,81
MATERIAIS Cimento: Cal: Areia Muito Fina: Areia Média: Água
ARGAMASSA Argamassa Mista com Adição de Vermiculita VM
TRAÇO (volume) 1: 2: 4,5: 3,7: 5,40 (areia úmida)
TRAÇO (massa) 1: 0,97: 4,93: 0,60: 4,00
MATERIAIS Cimento: Areia Muito Fina: Vermiculita: Água
Obs.: Quando não indicado no traço, areia é considerada seca.

Para o preparo das argamassas dosadas em laboratório, foram usados Cimento Portland
CP II F - 32, marca Goiás; Cal hidratada CH - I, marca Supercal; Areia natural de
quartzo de granulometria muito fina; Areia natural de quartzo de granulometria média;
Vermiculita expandida de granulometria média, marca Mamoré.
A Tabela 2 apresenta os resultados de caracterização das argamassas no estado plástico.

1
As argamassas industrializadas foram produzidas pela Cimento Tupi S/A - Fábrica de Volta Redonda -
RJ.

- 480 -
Tabela 2 - Caracterização das argamassas no estado plástico.
ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO T8 T9 MT VM
CONSISTÊNCIA (MESA) - NBR 7215 (mm) 187,5 214,0 219,0 231,0
CONSISTÊNCIA (CONE) - ASTM C 780 (mm) 51 63 47 62
RETENÇÃO DE ÁGUA - NBR 13277 (%) 98,6 97,7 98,2 97,3
DENSIDADE DE MASSA - NBR 13278 (g/cm3) 1,55 1,56 1,99 1,65
TEOR DE AR (GRAVIMÉTRICO) - NBR 13278 (%) 30,4 30,3 1,3 5,7
TEOR DE AR (PRESSOMÉTRICO) - NBR 11686 (%) 25,0 30,0 7,0 5,3

Durante a mistura, cada argamassa apresentou consistência própria mais adequada à sua
aplicação, porém é importante destacar que razoáveis faixas de variação nessa
característica não impedem e às vezes nem comprometem a trabalhabilidade dessas
argamassas.
O conhecimento do teor de ar incorporado e/ ou aprisionado, bem como o conhecimento
das massas específicas dos materiais permitiram, a partir dos traços em massa de cada
mistura, calcular o consumo e o teor de aglomerantes das respectivas argamassas, que
são apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 - Consumo e teor de aglomerantes das argamassas aplicadas na pesquisa.


CÓDIGO CONSUMO DE AGLOMERANTE TEOR DE AGLOMERANTE NO
POR m3 DE ARGAMASSA (kg) VOLUME DE ARGAMASSA2 (%)
CIMENTO CAL SÍLICA TOTAL CIMENTO TOTAL
T8 202 ∗∗∗ ∗∗∗ 202 6,6 6,6
T9 199 ∗∗∗ ∗∗∗ 199 6,5 6,5
MT 131 127 ∗∗∗ 258 4,3 9,2
VM 134 130 ∗∗∗ 264 4,4 9,4
AD 183 ∗∗∗ 14 197 6,0 6,6

Além da caracterização definida pelos resultados apresentados na Tabela 2, as


argamassas no estado plástico, passaram por avaliações visual e tátil de suas
trabalhabilidades, onde foram observadas a plasticidade, coesão, adesão inicial e bem
como a verificação das facilidades de execução dos serviços de acabamento.
Para a caracterização das argamassas no estado endurecido foram moldados corpos-de-
prova cilíndricos com 5cm de diâmetro e 10cm de altura, conforme orientação da NBR
13279 (ABNT, 1995). Estes CPs foram curados em câmara úmida durante 28 dia.
As caracterizações das argamassas quanto à resistência à compressão, resistência à
tração por compressão diametral e módulo de elasticidade são apresentadas na Tabela 4.

Tabela 4 - Resultados dos ensaios de caracterização das argamassas no estado


endurecido (28 dias de idade).
ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO T8 T9 MT VM
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) NBR 13279 4,1 3,9 2,5 0,9
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO (MPa) NBR 7222 0,59 0,61 0,34 0,21

2
Para efeito de análise de comportamento das argamassas, os teores de aglomerantes devem ser, e nesta pesquisa
foram, calculados a partir do seu volume absoluto em relação ao volume de argamassa, e não a partir da sua massa,
uma vez que o uso de agregados leves podem falsear a análise e levar o pesquisador a conclusões equivocadas.

- 481 -
MÓDULO DE ELASTICIDADE (MPa) NBR 8522 6840 7338 6698 1433

O preparo de todas as argamassas foi feito em betoneira estacionária com capacidade


para 140 dm3. As argamassas intermediárias (contendo areia e cal hidratada) utilizadas
na produção da argamassa mista e da argamassa com adição de vermiculita foram
preparadas no dia anterior ao dia da sua aplicação, sendo adicionada nessa preparação
parte da água de amassamento. Tal argamassa permaneceu em repouso durante 24 horas
e a partir deste período as argamassas foram finalmente preparadas para aplicação, com
a adição de cimento e complemento da quantidade de água, até que se conseguisse a
consistência desejada para a aplicação. As demais argamassas (argamassas
industrializadas e argamassa com adição de sílica ativa, fibras e aditivos) foram
preparadas de uma única vez para aplicação nos respectivos painéis.
Na avaliação do desempenho dos revestimentos foram realizados os ensaios de
determinação da resistência de aderência à tração - NBR 13528 (ABNT, 1995);
determinação da permeabilidade/absorção de água pelo método do cachimbo e
determinação da resistência superficial à tração (método proposto pelos autores).

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados dos ensaios de determinação da resistência de aderência à tração,
avaliados em duas diferentes idades (2 e 4 meses), estão ilustradas nas Figuras 1 e 2.

0,40
0,35
aderência (MPa)

0,30
Resistência de

0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
T8 - T8- T9 T9- MT - MT - VM - VM -
2meses 4meses 2meses 4meses 2meses 4meses 2meses 4meses
ao ar 0,14 0,21 0,29 0,24 0,33 0,34 0,12 0,15
úmida 3 dias 0,21 0,21 0,33 0,29 0,28 0,34 0,22 0,20
úmida 7 dias 0,21 0,26 0,40 0,28 0,29 0,35 0,23 0,27

Figura 1 - Resultados médios de resistência de aderência à tração dos revestimentos


aplicados sobre alvenaria de blocos de concreto sem chapisco.

- 482 -
0,20

0,15

aderência (MPa)
Resistência de
0,10

0,05

0,00 T8 - T8- T9 - T9 - MT - MT - VM - VM -
2meses 4meses 2meses 4meses 2meses 4meses 2meses 4meses
ao ar 0,06 0,07 0,06 0,12 0,07 0,14 0,09 0,08
úmida 3 dias 0,00 0,05 0,08 0,09 0,10 0,09 0,09 0,11
úmida 7 dias 0,01 0,08 0,14 0,07 0,19 0,18 0,14 0,11

Figura 2 - Resultados médios de resistência de aderência à tração dos revestimentos


aplicados sobre alvenaria de blocos cerâmicos sem chapisco.

De uma maneira geral, apesar de algumas variações, o que se observa pelos resultados
apresentados é a tendência de aceleração e aumento da resistência de aderência, quando
os painéis revestidos são submetidos à cura úmida. Outro fato que merece destaque é
que o prolongamento do período da cura úmida de 3 para 7 dias contribuiu, em alguns
casos, ainda mais para o ganho de resistência de aderência à tração dos revestimentos
aqui pesquisados. Nos painéis construídos com blocos de concreto sem chapisco nota-se
que, enquanto as resistências de aderência dos revestimentos produzidos com argamassa
mista (MT) apresentaram valores muito próximos entre si para os diferentes tipos e
períodos de cura, as argamassas industrializada T8, industrializada T9 e principalmente
a argamassa com adição de vermiculita (VM), mostraram uma tendência de aumento
dessa resistência quando os painéis foram submetidos à cura úmida.
Quando aplicados sobre a base de blocos de cerâmicos sem chapisco, os revestimentos
produzidos pela argamassa com vermiculita (VM) continuaram confirmando a melhoria
do seu desempenho de aderência ao serem submetidos à cura úmida com valores
individuais atingindo 92% de crescimento em relação à cura ao ar. Porém, para esse tipo
de base, o aumento de resistência, em função da cura úmida tornou-se bem mais
significativo para os revestimentos produzidos com a argamassa mista (MT), chegando
a valores de crescimento de 171% em relação à cura ao ar.
Observe que a argamassa mista (MT) quando aplicada sobre blocos de concreto sem
chapisco, apresentou-se aparentemente indiferente em relação à cura úmida.
Curiosamente, quando aplicados sobre blocos cerâmicos sem chapisco produziu
revestimentos que submetidos à essa mesma cura úmida apresentaram os maiores
crescimentos de resistência de aderência à tração. Há de se considerar para este fato que,
os resultados de resistência de aderência aos blocos de concreto atingiram patamares
muito elevados.
Ainda analisando os painéis construídos com blocos cerâmicos sem chapisco, os
revestimentos produzidos pelas argamassas industrializadas T8 e T9, não apresentaram,
com a realização da cura úmida, resultados que confirmassem a melhoria de suas
resistências de aderência. Independentemente da cura ter ou não favorecido ao
crescimento da resistência de aderência à tração, o que se deve destacar nesta análise é o
baixo desempenho de todos os revestimentos, no que se refere à citada resistência,
quando aplicados sobre a base de blocos cerâmicos sem chapisco, apresentando

- 483 -
resultados em patamares bem inferiores aos limites mínimos especificados pela
NBR13749 (ABNT, 1996).
Considerando que a aplicação dos revestimentos em bases sem chapisco e a cura ao ar
são práticas bastante comuns nos canteiros-de-obras é importante ressaltar que, no que
se refere à aderência à tração (Ra), as argamassas industrializadas T8 e T9, aplicadas
sobre blocos de concreto, atenderam aos limites mínimos de resistência para emboço e
camada única de revestimentos de paredes e tetos, aplicados internamente, com
acabamento em pintura; sendo que apenas a argamassa com vermiculita (VM), para esse
tipo de base e condição de cura, ficou abaixo desses limites. Em contrapartida, para
essas mesmas condições, a argamassa mista (MT), superou a todos os valores definidos
pela NBR13749 (ABNT, 1996).
Ao contrário dos revestimentos aplicados sobre blocos de concreto, os revestimentos
aplicados sobre blocos cerâmicos submetidos a cura ao ar, mesmo nas avaliações aos 04
(quatro) meses de idade, apresentaram resultados para todas as argamassas, muito
abaixo dos limites mínimos definidos pela NBR13749 (ABNT, 1996).
A permeabilidade e capacidade de absorção de água dos revestimentos foi medida pelo
método do cachimbo, avaliando-se os resultados dos 36 painéis a partir de, no mínimo,
três pontos de ensaio para cada situação.
A Figura 3 caracteriza a tendência de todos os resultados obtidos nas diferentes
situações definidas pela pesquisa.

3,00
Permeabidade e
Absorção (cm )

2,50
3

2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (min)
cura úmida 7 dias cura úmida 3 dias cura ao ar
Figura 3 - Avaliação da influência da cura na permeabilidade e absorção de água dos
revestimentos produzidos com a argamassa industrializada T9, aplicada sobre base de
blocos de concreto sem chapisco, aos 2 meses de idade.

A manutenção do revestimento umedecido por qualquer procedimento de cura úmida,


até que os espaços reservados à pasta de cimento, inicialmente preenchidos com água,
sejam preenchidos pelos produtos de hidratação do cimento é fator determinante na
redução da retração, na redução da porosidade e conseqüente permeabilidade e
capacidade de absorção do revestimento. Entendendo que porosidade, permeabilidade e
capacidade de absorção são características intimamente ligadas à maior ou menor
vulnerabilidade à carbonatação dos revestimentos, pode-se esperar a evidente influência
desse procedimento (cura úmida) na redução da espessura de carbonatação.
A influência da cura sobre a resistência superficial à tração dos revestimentos pode ser
avaliada pela análise da Figura 4.

- 484 -
1,00

0,80

Resistência Superficial
0,60

0,40

(MPa) 0,20

0,00
T8 T9 MT VM
Tipo de argamassa
ao ar úmida 3 dias úmida 7 dias

Figura 4 - Avaliação da influência da cura na resistência superficial à tração dos


revestimentos de argamassa aplicados sobre blocos cerâmicos sem chapisco, aos 4
meses de idade.

Analisando inicialmente a influência da cura úmida, observou-se a sua evidente


interferência no aumento da resistência superficial à tração de todos os revestimentos
estudados. Notou-se ainda que, o prolongamento do período de cura confirmou essa
tendência de crescimento da referida resistência.
Um fato que merece atenção, relaciona-se à interferência da cura úmida na resistência
superficial à tração dos revestimentos produzidos com argamassa de vermiculita (VM).
Talvez a influência da cura úmida no aumento da permeabilidade e capacidade de
absorção desses revestimentos, analisada anteriormente, tenha contribuído para que não
houvesse aumento significativo nessa resistência. Ou melhor, talvez tenha ocorrido uma
cura úmida do revestimento, provocada pela elevada absorção de água de amassamento
por parte da vermiculita, melhorando as condições de hidratação da argamassa, e
compensado a não realização da cura úmida dos revestimentos produzidos com a
argamassa de vermiculita (VM).

CONCLUSÕES
Quanto à resistência de aderência à tração
Os resultados, de uma maneira geral, apontam para o aumento dessa resistência quando
os painéis revestidos são submetidos à cura úmida.
A cura úmida proporcionou diferentes aumentos de resistências de aderência à tração,
em função dos diferentes tipos de argamassas aplicadas. Em média os revestimentos aos
4 meses de idade, apresentaram resistências de aderência superiores a 10% e 25%,
respectivamente para cura úmida aos 3 dias e 7 dias, em relação à cura ao ar.
Ainda no que tange à resistência de aderência à tração, os revestimentos aplicados sobre
a base de blocos de concreto apresentaram, em média, mais do dobro da resistência dos
revestimentos aplicados sobre a base de blocos cerâmicos.
Quanto à permeabilidade e capacidade de absorção de água
Em todas as argamassas pesquisadas notou-se indiscutívelmente, a redução da
permeabilidade e capacidade de absorção dos revestimentos, à medida em que se
aplicou e se aumentou o período de cura úmida dos revestimentos.
Quanto à resistência superficial à tração

- 485 -
A cura úmida, bem como o prolongamento do seu período apresentou evidente
influência no aumento da resistência superficial à tração de todos os revestimentos
estudados.
É notória a superioridade dos valores de resistências superficiais à tração dos
revestimentos, aplicados sobre a base em blocos de concreto, em relação às resistências
alcançadas quando aplicados sobre a base de blocos cerâmicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARASEK, H. Aderência de argamassas à base de cimento Portland a substratos
porosos: Avaliação dos fatores intervenientes e contribuição ao estudo do
mecanismo da ligação. São Paulo, 1996. 285p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo.
CEBECI, O. Z.; AL-NOURY, S. I.; MIRZA, W. H. Strength and drying shrinkage of
masonry mortars in various temperature-humidity enviroments. Cement and concrete
research. Vol. 19, pp. 53 - 62. Printed in the USA, 1989.
COLLANTES, C. M. Contribuição ao estudo das técnicas de preparo da base no
desempenho dos revestimentos de argamassa. São Paulo, 1998. 198p. Tese
(Doutorado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
LAMANA, A.; DELFIN, F.; BULLEMORE, M. Adherencia entre mortero y bloques de
hormigon: influencia de diferentes variables. Revista del IDIEM, v.9, n.2, sept. 1970,
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PEREIRA, P. C.; IKEDA, J. A..;IKEDA N. A..; CAMPOS, C. O.;TEIXEIRA, L. M. e
CARASEK, H. Teor de cimento ou a/c: quem exerce maior influência na resistência de
aderência. In: III SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS
ARGAMASSAS. Anais. PPGEC/ANTAC. Vitória, 1999.

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