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1. Introdução
2. Boa-Fé na Constituição
boa-fé não constitui um imperativo ético abstrato, mas sim uma norma que
condiciona e legitima toda a experiência jurídica, desde a interpretação dos
mandamentos legais e das cláusulas contratuais até as suas últimas
consequências.
Daí a necessidade de ser ela analisada como conditio sine qua non da
realização da justiça ao longo da aplicação dos dispositivos emanados das
fontes do direito, legislativa, consuetudinária, jurisdicional e negocial O
sentido jurídico da boa-fé para Francesco Carnelutti23 é a vontade
conforme ao direito, ou, em termos mais sintéticos, vontade do direito e
não apenas, portanto, opinio iuris. Assim se explica que não constitua boa-
fé a convicção de direito devida a uma vontade deficiente, de onde
procede a conhecida equiparação de má-fé com culpa grave.
Boa-fé no direito civil Flávio Tartuce afirma que os citados artigos do Código Civil
apresentam três funções importantes para a boa-fé, que deve constar em todas as
fases dos negócios jurídicos em geral 27:
o novo Código Civil, em três dos seus dispositivos, apresenta funções importantes
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.
26 Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como
Antes ainda da previsão no Código Civil de 2002, mas já sob a égide da Constituição
Democrática de 1988, o equilíbrio e a igualdade material como demonstrações do
dever de agir de boa-fé foram expressos na legislação infraconstitucional do Código
de Defesa do Consumidor, arts. 4°, inciso III28, e 51, inciso IV29.
A respeito da boa-fé nas relações de consumo, Cláudia Lima Marques 30 faz referência
a um
patamar geral de atuação, do homem médio, do bom pai de família que agiria de
maneira normal e razoável naquela situação estudada. Boa-fé objetiva significa uma
28 Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção
de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem
econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas
relações entre consumidores e fornecedores;
29 Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
das relações contratuais. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. p.181-2
obrigacionais, mas um princípio geral do direito, aplicável ao direito das coisas, no
processo civil e também no direito público 31.
Com efeito, no âmbito tributário não poderia ser diferente. Afinal, é vedado a Lei
tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas
de direito privado32.
Hugo de Brito Machado 33, representante da parte majoritária da doutrina nacional que
31
jurídico e especialmente das relações jurídicas especiais. Em razão disso, o princípio (da boa-
fé) não é limitado às relações jurídicas obrigacionais, mas que se efetiva segundo
entendimento hoje pacífico, como um princípio geral do direito, aplicável sempre onde exista ou
esteja preparada na relação jurídica especial. Diante desses requisitos, assim, também no
-fé e
utoria de: Heleno Taveira Torres.
Disponível em http://www.conjur.com.br/2013-abr-24/consultor-tributario-boa-fe-confianca-sao-
elementares-direito-tributario Acesso em 23.07.2017.
32 Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos,
p. 165
14.08.2007, DJ 23.08.2007; REsp 623.335/PR, Rel. Ministra Denise
Arruda, Primeira Turma, julgado em 07.08.2007, DJ 10.09.2007; REsp
246.134/MG, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma,
julgado em 06.12.2005, DJ 13.03.2006; REsp 556.850/MG, Rel. Ministra
Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.04.2005, DJ 23.05.2005;
REsp 176.270/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado
em 27.03.2001, DJ 04.06.2001; REsp 112.313/SP, Rel. Ministro Francisco
Peçanha Martins, Segunda Turma, julgado em 16.11.1999, DJ 17.12.1999;
REsp 196.581/MG, Rel. Ministro Garcia Vieira, Primeira Turma, julgado em
04.03.1999, DJ 03.05.1999; e REsp 89.706/SP, Rel. Ministro Ari
Pargendler, Segunda Turma, julgado em 24.03.1998, DJ 06.04.1998).
2. A responsabilidade do adquirente de boa-fé reside na exigência, no
momento da celebração do negócio jurídico, da documentação pertinente à
assunção da regularidade do alienante, cuja verificação de idoneidade
incumbe ao Fisco, razão pela qual não incide, à espécie, o artigo 136, do
CTN, segundo o qual "salvo disposição de lei em contrário, a
responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da
intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e
extensão dos efeitos do ato" (norma aplicável, in casu, ao alienante).
3. In casu, o Tribunal de origem consignou que: "(...)os demais atos de
declaração de inidoneidade foram publicados após a realização das
operações (f. 272/282), sendo que as notas fiscais declaradas inidôneas
têm aparência de regularidade, havendo o destaque do ICMS devido,
tendo sido escrituradas no livro de registro de entradas (f. 35/162). No que
toca à prova do pagamento, há, nos autos, comprovantes de pagamento
às empresas cujas notas fiscais foram declaradas inidôneas (f. 163, 182,
183, 191, 204), sendo a matéria incontroversa, como admite o fisco e
entende o Conselho de Contribuintes." 4. A boa-fé do adquirente em
relação às notas fiscais declaradas inidôneas após a celebração do
negócio jurídico (o qual fora efetivamente realizado), uma vez
caracterizada, legitima o aproveitamento dos créditos de ICMS.
5. O óbice da Súmula 7/STJ não incide à espécie, uma vez que a
insurgência especial fazendária reside na tese de que o reconhecimento,
na seara administrativa, da inidoneidade das notas fiscais opera efeitos ex
tunc, o que afastaria a boa-fé do terceiro adquirente, máxime tendo em
vista o teor do artigo 136, do CTN.
6. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo
543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.
(REsp 1148444/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 14/04/2010, DJe 27/04/2010)
5. Boa-fé e o CARF
6. Conclusão
O sistema jurídico constitucional brasileiro tem como pilar a boa-fé nas relações
interpessoais e dos indivíduos com a administração pública.