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Apostila
Evangelismo
Discipulado
Professora: Genilda de Sousa Alves
Joao pessoa - 2019
SUMARIO
2
APOSTILA EVANGELISMO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................3
1. EVANGELISMO PESSOA.....................................................................................................................3
2. PERSPECTIVA HISTÓRICA DO EVANGELISMO..........................................................................10
3. O MUNDO PÓS-MODERNO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O EVANGELISMO .......................14
4. FUNDAMENTOS BIBLICO DO EVANGELISMO............................................................................15
5. O PLANO DA SALVAÇÃO: A MENSAGEM EVANGELÍSTICA BÍBLICA...................................29
6. A PRÁTICA DO EVANGELISMO PESSOAL ....................................................................................39
7. A VIDA PESSOAL DO CRISTÃO-EVANGELISTA ..........................................................................45
APOSTILA DISCIPULADO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................49
AUTO-AVALIAÇÃO..........................................................................................................................51
1. PRINCÍ PIO DO DISCIPULADO.......................................................................................................53
2. COMPONENTES ESSENCIAIS AO DISCIPULADO......................................................................55
3. JESUS E O DISCIPULADO...............................................................................................................56
4. O PADRÃO DO DISCIPULADO: EXCELÊNCIA...........................................................................56
5. A DINÂMICA DO DISCIPULADO..................................................................................................56
6. DISCIPULADO É PATERNIDADE RESPONSÁVEL.....................................................................57
7. ALVO DO DISCIPULADO................................................................................................................57
8. O DISCIPULADO E OS RELACIONAMENTOS.............................................................................57
9. REQUISITOS PARA SER UM DISCIPULADOR............................................................................58
10. CARACTERÍSTICAS DE UM DISCIPULADOR.............................................................................58
11. TESTE PARA O DISCIPULADOR...................................................................................................58
12. O DISCÍPULO E O MODELO...........................................................................................................58
13. COMO TREINAR OS DISCÍ PULOS...............................................................................................59
14. CUIDADOS NECESSÁRIOS COM OS DISCÍPULOS...................................................................59
15. RELACIONAMENTO COM O DISCÍPULO...................................................................................59
16. CUIDADOS DO DISCIPULADOR...................................................................................................61
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................................62
INTRODUÇÃO
3
EVANGELISMO PESSOAL
1) EVANGELIZAÇÃO: Agindo como Sal e Luz no Mundo
As metáforas do sal e da luz são duas ilustrações frequentemente usadas na Bíblia para explicar
como devem agir os cristãos. Em Mateus 5:13-16, encontramos a passagem mais famosa sobre o tema.
Ali, Jesus convoca seus discípulos a deixar brilhar sua luz e a tornar suas vidas ―salgadas‖. Os versículos
que precedem as palavras de Jesus sobre a luz e o sal são chamados de Bem-Aventuranças. Em 5:1-12,
Jesus olha para seus discípulos e diz: ―Quero explicar como vocês devem se portar e quais devem ser suas
atitudes na família de Deus‖. Então, Ele pronuncia as famosas palavras: ―Bem-aventurados os pobres de
espírito, porque deles é o reino dos céus‖. Em resumo, Jesus quer que sua família viva com humildade,
tendo plena consciência da necessidade da graça.
Pense nas palavras que Jesus disse a seguir a seus discípulos: ―Espero que vocês ajam com
pobreza de espírito uns com os outros. Espero que tenham a capacidade de chorar diante do pecado e da
tristeza. Espero que possam se unir nos momentos de dor e desespero na família. Espero que a gentileza
e a bondade se espalhem por toda a comunidade da fé. Espero que haja fome e sede de justiça no meio de
meu povo. Espero que haja pureza de coração. Espero que, na família, haja pacificadores que levem a
sério a conciliação. Espero que haja coragem para suportar provações e perseguições por minha causa‖.
Ele prossegue: ―meu povo deve se relacionar comigo e uns com os outros de um modo nitidamente
consagrado pelo Espírito. Há certas coisas que devem marcar os relacionamentos daqueles que fazem
parte de minha família‖.
Depois dessas palavras de encorajamento aos crentes, Jesus acrescenta: ―Ora, estou também
extremamente preocupado com as pessoas que estão fora da família. Pois me importo também com as
pessoas perdidas e me preocupa profundamente a forma como vocês devem se relacionar com elas‖. Pense
nisso.
Jesus diz que o argumento mais convincente e persuasivo a favor da salvação que Ele pode
apresentar a quem está do lado de fora é uma imagem nítida da vida transformada de alguém que esteja
dentro de sua família. Nada é tão convincente quanto uma vida genuinamente transformada. E é nesse
ponto que Ele apresenta as famosas metáforas: ―Meus filhos, todos vocês, sem exceção, devem enxergar-
se como sal e luz para as pessoas que estão fora da família‖.
Se os cristãos pretendem realmente ter um grau de potência elevado o bastante para influenciar os
outros com o evangelho, algumas qualidades específicas se mostram indispensáveis:
Confiança espiritual — A pessoa que exerce uma influência positiva em nome de Cristo é
geralmente dotada de confiança espiritual. Esse crente tem certeza de sua salvação. Se não souber dizer a
data e a hora exatas em que se tornou cristão, certamente saberá dar seu testemunho de como aconteceu.
Ele olha as pessoas nos olhos e diz: ―Eu estava perdido. Agora me encontrei. Era estrangeiro. Hoje sou
cidadão. Era um estranho. Hoje sou filho‖.
Parte dessa confiança baseia-se em um conhecimento bíblico suficiente para conferir força e
segurança à verdade da Palavra de Deus. Essas pessoas leram bastante e discutiram o suficiente sua fé
para ter confiança em sua capacidade de responder as perguntas difíceis que geralmente se fazem sobre o
cristianismo. Elas já se relacionam com Cristo há tempo bastante para saber que Ele é fiel, mesmo nas
depressões e nos caminhos tortuosos da vida.
Fé autêntica — Os cristãos que exercem influência máxima são espiritualmente autênticos.
Há neles o fator sinceridade. Eles parecem renovados. Seu relacionamento com Cristo é genuíno e pessoal.
Eles são humildes. Falam de seu relacionamento com Jesus como se falassem de uma amizade íntima.
Quando oram, você sabe que eles estão sendo sinceros. Admitem quando estão errados. Têm um espírito
receptivo. Ouvem sem julgar. Dizem
―eu não sei quando realmente não sabem. São ávidos por aprender e crescer. São contagiantes com sua
autenticidade.
Urgência com relação ao evangelho — Cristãos cuja luz brilha com clareza
transmitem um sentimento de urgência. Eles caminham com propósito no andar. Já sabem o que é mais e
menos importante na vida, e permanecem concentrados no que realmente importa. Demonstram real
interesse pelas pessoas, pois aprenderam que elas são importantes para Deus. Sintonizam com aquilo que
o Espírito Santo faz em suas vidas e no mundo e aceitam com seriedade e urgência a obediência à
orientação do Espírito.
Pessoas que têm urgência com relação ao evangelho encontram uma forma de se concentrar no
eterno, mesmo em meio às coisas temporais do mundo. Ficam com os ouvidos atentos aos céus e os olhos
abertos para a eternidade. Enquanto todos os demais lutam em suas rotinas diárias, elas tentam enxergar
o que Deus pode fazer com uma conversa ou relacionamento. Pensam seriamente na eternidade — no céu
e no inferno e no dia do juízo. Sentem uma urgência em relação ao desejo de influenciar os outros com
o tempo que ainda lhes resta. Todo dia e cada momento é precioso e importante.
2) CONCEITOS
a) Evangelho
O evangelho é a mensagem de boas novas, de que Cristo Jesus morreu por nossos pecados, foi levantado da morte
de acordo com as Escrituras, e que, como Senhor que reina, Ele agora oferece perdão dos pecados e dom libertador
do Espírito Santo a todo aquele que se arrepende e crê. O evangelho, dentro deste significado, é, pois, o próprio
Jesus, Suas obras e Seus ensinos, que visam integrar o homem perdido no plano eterno de salvação (Rm l:16-17).5
b) Evangelização
É a ação de evangelizar; é a anunciação do evangelho (Lc 4:8).
A palavra evangelizar ocorre 52 vezes no Novo Testamento, incluindo 25 vezes em Lucas e 21
vezes nos escritos de Paulo.
Em sua exaustiva pesquisa sobre ―evangelizar‖, David B. Barrett afirma: ―A palavra é usada pela
primeira vez em seu sentido tipicamente bíblico no Salmo 49:9 (Septuaginta, no Salmo 39:10), traduzido
como: ‗Eu tenho dito as alegres novas de livramento na grande congregação‘. No Salmo 92:2: ‗Falar da
sua salvação‘. Em Isaías 52:7, ‗publicar a salvação‘, e em Isaías 60:6, ‗proclamar o louvor do Senhor‘.
Esse uso judaico continuou nos tempos do Novo Testamento por Philo (20 a.C.—50 d.C.), o historiador
Josefo (37 d.C.—100) e outros.
O Novo Testamento emprega dois termos básicos para descrever a atividade da pregação do
evangelho:
―proclamar as boas novas‖ (Mc 1:14) e ―testemunhar‖ (At 1:8; I Jo 5:10). Marcos retrata Jesus como o
primeiro evangelista (1:l4ss). Os discípulos foram escolhidos e treinados por Ele para que fossem
―pescadores de homens‖ (Mt 4:l9ss). Tão logo se consumaram os atos redentores de sua vida e o
aprendizado dos discípulos, Jesus os declarou ―minhas testemunhas‖ (At 1:8); eles tinham visto e vivido
os acontecimentos salvíficos. Eles haviam-se sentado aos pés de Jesus. Suas mentes tinham sido abertas
para a compreensão das Escrituras (Lc 24:25). Eram capazes de explicar o significado da vida, da morte,
da ressurreição e da exaltação da vida de Cristo.
Outras definições devem ser mencionadas:
➢ ―Evangelizar é apresentar Cristo Jesus no poder do Espírito Santo, para que homens possam vir a
pôr sua confiança em Deus através dEle, e aceitá-Lo como seu salvador, e servi-Lo como Rei na
fraternidade de Sua igreja.‖11
➢ ―Evangelização é a proclamação do Evangelho do Cristo crucificado e ressurreto, o único redentor
do homem, de acordo com as Escrituras, com o propósito de persuadir pecadores condenados e
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perdidos a pôr sua confiança em Deus, recebendo e aceitando a Cristo como Senhor em todos os
aspectos da vida e na comunhão de sua Igreja, aguardando o dia de sua volta gloriosa.
➢ ―Evangelização é a proclamação das boas novas de salvação a homens e mulheres, tendo em vista
sua conversão a Cristo e filiação à sua Igreja.
➢ ―Evangelizar é divulgar as boas-novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou
dentre mortos, segundo as Escrituras, e que, como Senhor e Rei, Ele agora oferece perdão dos pecados
e o dom libertador do Espírito a todos os que se arrependem e crêem. Nossa presença cristã no mundo
é indispensável à evangelização, e assim é também o diálogo que tem por propósito ouvir
conscientemente, para melhor compreender. Mas a evangelização em si é a proclamação do Cristo
bíblico e histórico como Salvador e Senhor, com o propósito de persuadir as pessoas a se chegarem a
Ele individualmente e, assim, serem reconciliadas com Deus. Na proclamação do convite do
Evangelho não temos o direito de ocultar o preço do discipulado. Jesus continua a requerer de todos
que desejam segui-Lo que se neguem a si mesmos, tomem a sua cruz e identifiquem-se com sua nova
comunidade. Os resultados do evangelho incluem obediência a Cristo, união com sua Igreja e serviço
fidedigno no mundo.
➢ ―Evangelização é a difusão por todo e qualquer meio das boas novas de Jesus crucificado,
ressurreto e agora reinando. Inclui também o diálogo em que nos colocamos com humildade e
disposição em atitude de atenção, a fim de compreendermos o outro e sabermos como apresentar- lhe
Cristo significativamente. É a proposta, apoiada na obra de Jesus, de uma salvação que é tanto posse
presente como perspectiva futura; tanto libertação em face do eu como libertação para Deus e o
homem. Parte dele o apelo para uma resposta total de arrependimento e fé, denominada
―conversão‖, princípio de uma vida inteiramente nova em Cristo, na igreja e no mundo.
Portanto, a natureza da evangelização é a comunicação do evangelho. Seu propósito é dar aos
indivíduos e aos grupos uma oportunidade genuína de receber a Jesus Cristo como Salvador e Senhor.
Sua meta é persuadi-los a se tornarem discípulos do Senhor e a servi-lo na comunhão da Igreja.
➢ ―Evangelizar é apresentar Jesus Cristo no poder do Espírito, de tal maneira que os homens possam
conhecê-lo como Salvador e servi-lo como Senhor, na comunhão da Igreja e na vocação da vida
comum.
TESTEMUNHA = Pessoa que declara o que viu ou ouviu (Nm 35:30; Mt 18:16). Pessoa que fala de sua
experiência com Cristo e da verdade do evangelho (At 1:8). ―Dar testemunho envolve tudo quanto
somos e o que fazemos; vai muito além do que dizemos em certos momentos de inspiração.
c) Evangelismo
O evangelismo envolve o sistema ou conjunto de métodos, estratégias e técnicas que organizam a
evangelização para a conquista dos seus objetivos (At 20:20-21). Reúne os recursos e fornece as
ferramentas que a evangelização lança mão para realizar sua tarefa. Portanto, o evangelismo é a
metodologia da evangelização.
―Naturalmente, o evangelismo considera o evangelista, a mensagem e o pecador a ser alcançado
com o Evangelho. Nesse conjunto, o evangelismo trata da capacitação espiritual do evangelista e de todo
o seu preparo, bem assim, define a mensagem, sua estrutura e a maneira como deve ser codificada para
atingir o pecador. O objetivo da evangelização, que é levar o pecador a Cristo para salvação, é
devidamente esquematizado pelo evangelismo, que estrutura a verdadeira teologia da salvação, para que
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esta não descambe para outros objetivos. Finalmente, o evangelismo procura tratar de uma análise do
pecador, das influências que sofre no seu mundo interior, mergulhado que está neste contexto de pecado,
e identifica, pela sabedoria do Espírito Santo, a maneira como alcançar o pecador no seu ―status‖ e na sua
localização ou no seu contexto. Tudo isto pertence ao âmbito do evangelismo.
Damy Ferreira sugere a seguinte definição que mais se aproxima da realidade do termo:
“Evangelismo é o sistema baseado em princípios, métodos, estratégias e técnicas tirados do Novo
Testamento, pelos quais se comunica o evangelho de Cristo a todo pecador, sob a liderança e no poder
do Espírito Santo, visando persuadi-lo a aceitar a Cristo como seu salvador pessoal, de acordo com o
comissionamento de Jesus dado a todos os seus discípulos, levando, ao final, os que crerem, a se
integrarem à Igreja pelo batismo, preparando-os para a volta de Cristo.”
▪ Não é oferecer uma religião indulgente, para remoção de penas e concessão de perdão.
▪ Não é reformar almas. A salvação não vem por meio de um ato de levantar as mãos, ou deixar de
fumar, beber ou abandonar os vícios, pois o homem que procura purificar-se a si próprio logo se
defronta com o seu fracasso. Jesus veio criar um novo homem e não reformar o velho homem.
▪ Não é magnetizar as almas nem causar-lhes dependência. O evangelismo genuíno deixa a pessoa se
impressionar e depender exclusivamente do Cristo divino, bíblico, histórico.
▪ Não é condenar as almas. A própria consciência do pecador já o condena, portanto, não é preciso
acusá-lo. O pecador precisa ouvir falar de perdão, salvação e libertação dos seus pecados.
▪ Não é discussão estéril.
▪ Não é atrair membros de outras igrejas evangélicas já estabelecidas (proselitismo).
▪ Não é inscrever apressadamente mais nomes no rol de membros da igreja.
d) Evangelismo Pessoal
O evangelismo pessoal consiste de alguém falando a outra pessoa sobre a necessidade que esta tem
de Jesus, com a intenção de levá-la à decisão de receber o Salvador. Um crente pode conquistar almas
pessoalmente, visitando de casa em casa; mas também pode fazê-lo em uma fábrica, em sua própria
residência, ou em qualquer outro lugar na face da terra.
É aquele evangelismo de pessoa a pessoa, em que se pode estar perto do evangelizando, olhando
para sua face, para os seus olhos, notando as suas reações, as suas emoções e, ao mesmo tempo, pondo
diante do evangelizando a nossa vida cristã como luz do mundo e sal da terra.
➢ É instruir o homem de modo que conheça a verdade de Deus;
➢ É a tarefa de testemunhar de Cristo (Jo 1:41-46);
➢ É saber iniciar uma conversa agradável, promovendo uma situação favorável, chamando a pessoa
pelo nome, tendo uma conversa amigável;
➢ É levar as boas novas de salvação aos pecadores (Is 55:7);
➢ É cumprir a ordem de Jesus (Mt 28:19-20);
➢ É um instrumento de Deus para transportar vidas do reino das trevas para o reino do Filho do seu
amor (Cl 1:13). Deus considera formosos os pés dos que levam a Sua mensagem (Is 52:7).
f) Restaurar desviados;
g) Edificar crentes.
Há uma profundidade em Deus a ser alcançada por meio de ganhar almas para Cristo que nunca
pode ser experimentada no estudo bíblico ou na reunião de oração (...) Quando qualquer cristão fala a
uma alma perdida, leva-a a aceitar a Cristo e coloca um braço caloroso ao redor dos seus ombros ou agarra
firmemente a sua mão enquanto dirige aquela alma na oração do pecador — quer na frente da igreja, em
um banco do parque, em uma casa, num restaurante, ou na esquina de uma rua, aquele cristão fica mais
semelhante a Cristo do que teria a possibilidade de ficar em qualquer outra atividade espiritual.
“A obediência na evangelização é uma das condições de saúde espiritual. Ela é vital para
todos os crentes, individual e coletivamente. A evangelização acende uma faísca na vida cristã,
fazendo- a inflamar-se. Quando evangelizamos, oramos de modo definido, lançando-nos
sobre Deus para alcançarmos vitórias nas lutas espirituais que se travam na alma de uma
pessoa em quem temos interesse. Pedimos a Deus que a ilumine de modo especial, que a leve
ao Salvador e a uma vida nova, que use a nós ou qualquer outro meio de Sua escolha para
atingi-la. E ficamos à espera que Ele nos responda. Vemos baixar a indiferença ou
antagonismo e o interesse tomar vulto. Nesse ínterim a Bíblia torna-se sempre mais viva e
importante, ao vermos as pessoas respondendo às suas verdades. Passagens que antes
pareciam áridas e sem maior significado, parecem agora práticas e pertinentes. E é de notar
que, concentrando-nos em evangelizar, não nos sobra tempo de bisbilhotar a vida de outros
crentes, apontando-lhes as faltas. Unindo-nos todos fervorosamente na proclamação da
mensagem redentora do Senhor esquecemos fraquezas e irritações mesquinhas e os pecados
que mais nos preocupam são os nossos próprios.
avivamento mediante o cristianismo pessoal em ação. Portanto, não podem levar tal experiência para os
campos missionários. Nossos missionários não podem ser maiores que as igrejas de onde vieram.
Encontraram Jesus e trouxeram outros a Ele (Jo 1:40-45). Na comunhão diária com Jesus tornaram-
se seus seguidores, com o mesmo padrão: ―Basta ao discípulo ser igual a seu mestre‖.
O historiador Michael Green relaciona doze contrastes entre prioridades, atitudes e métodos
evangelísticos do cristianismo primitivo, em relação aos nossos.
1. A igreja primitiva fez da evangelização sua meta prioritária. Hoje essa preocupação aparece bem
lá embaixo na lista de prioridades. Existe ampla convicção de que um dos melhores relatórios já
lidos na Igreja Anglicana é o intitulado Towards the Conversion of England (Para a Conversão da
Inglaterra), dado a lume trinta anos atrás. É um primor de documento, mas o problema é que ele
nunca foi executado. Julga-se que a matéria não seja suficientemente importante. O mesmo podemos
dizer da maioria dos planos formulados em muitas denominações de numerosos países.
2. A igreja primitiva tinha profunda compaixão pelas pessoas sem Cristo. Muitos setores da igreja
moderna estão longe de se convencerem de que importa muito saber se alguém tem Cristo ou não.
―Outras religiões também são vias quase tão boas, ou tão boas, de chegar a Deus. Os humanistas
vivem uma vida irrepreensível. De qualquer maneira, tudo dará certo no fim, Deus é bom demais
para condenar alguém.
3. A igreja primitiva era muito flexível na prédica das Boas Novas, mas inteiramente oposta ao
sincretismo (a mistura de outros elementos com o Evangelho) de qualquer tipo. Diversas partes da
igreja moderna tendem a ser rígidas em suas categorias evangelísticas, porém se inclinam fortemente
para o sincretismo.
4. A igreja primitiva era muito aberta à liderança do Espírito Santo; em toda a expansão evangelística
registrada no livro de Atos, o Espírito é o elemento motivador e energizante. Na moderna igreja do
Ocidente, técnicas gerenciais, reuniões de comitê e discussões intermináveis são tidas como
11
c) A mensagem era definida — não havia nada de concessão, nada de sincretismo e sempre
demandava uma decisão de arrependimento, fé e batismo.
óvulo, não existe a menor dificuldade em supor que Ele possa modelar um corpo espiritual para os
cristãos no Céu; corpo que combine a continuidade do ego com uma nova e mais extraordinária
forma para sua expressão.
mundo ao qual ministra. A tarefa evangelística implica discernimento espiritual, que por sua vez implica
discernimento dos tempos. Precisamos compreender o contexto mundial a fim de lidarmos com ele, mas não
podemos permitir que ele distorça o evangelho.
O enorme desenvolvimento do conhecimento científico associado à produção tecnológica do século
XX e as abrangentes mudanças filosóficas, políticas e sociológicas têm afetado cada pequena fibra do tecido
social contemporâneo, especialmente nas últimas décadas. Esse impacto produzido pela modernidade, que é
uma cultura mundial emergente, nascida da industrialização com toda sua tecnologia, sua urbanização e sua
ordem econômica, vem trazendo para a nossa geração implicações consideráveis. Esses fatores se combinam
para criar um novo ambiente, o qual, significativamente, amolda nossa maneira de enxergar o mundo. Assim,
um conjunto de influências da sociedade pós-moderna configura a mentalidade do homem atual, podendo-
se observar as seguintes tendências:
4 – FUNDAMENTO BÍBLICO-TEOLÓGICO DA
EVANGELIZAÇÃO
A palavra ―Teologia‖ tem, neste caso, o sentido de procura bíblica pelos fundamentos da
evangelização, não uma teorização ou especulação que venha satisfazer o nosso intelecto. A profundidade
teológica está aliada ao conhecimento experimental de Deus em Cristo (Jr 9:24; Os 6:3; Mt 11:27; Jo
14:6,9; II Pd 3:18) e, como disse J. I. Packer, Conhecer a Deus é um relacionamento capaz de fazer
vibrar o coração do homem‖. Por isso, todo o esforço teológico visa um conhecimento maior de Deus,
conforme revelado em Sua Palavra; e este conhecimento está essencialmente ligado à santificação e à
piedade.
A reflexão teológica deve ser sempre um prefácio à ação, sob a influência modeladora do Espírito
que nos instrui pelo evangelho. ―Uma igreja que só reflete e não atua é semelhante ao exército que passa
o tempo fazendo manobras dentro do quartel.
O Senhor Jesus, na condição de nosso Substituto, tomou o nosso lugar na cruz e levou sobre si nossos
pecados e dores, reconciliando-nos com o Pai mediante o seu sangue remidor. Seu precioso
sacrifício, único e eterno, pôs fim a todos os sacrifícios pelo pecado que se faziam sob o regime da
lei de Moisés.
2. Mediador. Cristo Jesus, como o único “mediador entre Deus e os homens” (I Tm 2:5), reata o
relacionamento partido entre o ser humano e o Criador. Por causa do pecado tornamo-nos em
primeiro lugar inimigos de Deus, e depois, inimigos uns dos outros. Entretanto, ao sermos
reconciliados com o Pai, também nos reconciliamos uns com os outros.
Ao satisfazer na sua plenitude a justiça divina, que exigia a morte do pecador, o Senhor Jesus inaugurou
no seu próprio sangue inocente a nova aliança, segundo a qual Deus Pai nos perdoa e nos aceita
como filhos por adoção em Cristo.
3. Libertador. Na qualidade de nosso Libertador, Jesus nos livra do poder opressor do pecado e de
Satanás. Nesse sentido estritamente bíblico, a libertação é uma obra divina realizada no mais
profundo do nosso ser.
A Bíblia, ao referir-se ao nosso ser interior, à nossa personalidade e ao centro dos nossos pensamentos,
das nossas emoções e vontade, fala com freqüência do coração. Devemos orar como o salmista:
―Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro em mim um espírito reto‖ (SI 51.10). A
morte de Jesus possibilitou a resposta a essa oração.
4. Senhor e Mestre. Como o nosso Senhor e Mestre, Cristo é o caminho para a realização plena da
criatura humana. Recebendo-o não apenas como Salvador, mas também como Senhor supremo, o
cristão obedece-lhe em tudo, aceitando para o seu viver cotidiano a direção que ele lhe dá tanto na
sua Palavra escrita, a Bíblia, como mediante o Espírito Santo, o Consolador, que nos guia em toda
a verdade e faz de nosso corpo o seu templo.
DEUS ESPÍRITO SANTO — O Espírito foi derramado sobre a Igreja (At 1:8) e esta se tornou
testificante. O papel do Espírito Santo na evangelização é indispensável. Ele convence o homem do
pecado. A essa persuasão acrescenta-se a ação da consciência, de modo que o pecador fique de todo
consciente de sua culpa (Jo 16:8). Tal reconhecimento leva o homem ao arrependimento. O Espírito Santo
comunica a verdade sobre Jesus Cristo à alma (Jo 14:26). Ele exalta a Jesus de forma eloquente,
testemunhando de Sua Pessoa singular e de Sua obra como Salvador e Senhor (At 2:22-36).
O Espírito Santo chama os evangelistas para sua obra, capacita-os e guia-os em sua realização (At
13:2). O evangelismo não frutifica pela eficácia de sua pregação, mas pela ação do Espírito Santo nas
vidas. O Espírito Santo dá o sucesso em implantar o evangelho de modo eficaz (Rm 15:19; I Ts 1:5; Gl
3:3).
1) PRESSUPOSTOS DA EVANGELIZAÇÃO
Quando evangelizamos, levamos conosco, mesmo que ainda não tenhamos parado para analisar,
alguns pressupostos fundamentais, que norteiam o conteúdo de nossa proclamação e, mais do que isso,
direcionam o nosso ato proclamante, bem como as nossas expectativas no que se refere aos frutos da
evangelização. Alguns desses pressupostos são:
constituindo este registro na única fonte e norma de todo o conhecimento cristão (II Tm 3:16; II
Pd 1:20-21).
Devido ao fato de muitos cristãos terem negado de modo confessional, e/ou vivencial, a inspiração e
a inerrância das Escrituras, tem havido tantas heresias em toda a história do cristianismo. Este desvio
teológico, acerca destas doutrinas, tem contribuído de forma acentuada, para que os homens não mais
discirnam a Palavra de Deus e, por isso, não podem gozar da Sua operação eficaz levada a efeito pelo
Espírito (Cf. I Ts 2:13; Jo 17:17).
No ato evangelizador da Igreja, ela prega a Palavra de Deus, conforme a ordem divina expressa nas
Escrituras; fala da salvação eterna oferecida por Cristo, conforme as Escrituras; proclama as perfeições
de Deus, conforme as Escrituras... Ora, se a Igreja não tem certeza da fidedignidade do que ensina, como
então poderá testemunhar de forma honesta?
Uma Igreja que não aceite a inspiração e a inerrância bíblica, não poderá ser uma igreja missionária.
Como poderemos pregar a Palavra se não estivermos confiantes do sentido exato do que está sendo dito?
Como evangelizar se nós mesmos não temos certeza, se o que falamos procede da Palavra de Deus ou,
está embasado numa falácia?
Billy Graham afirmou corretamente: ―Se há uma coisa que a história da Igreja nos deveria
ensinar, é a importância de um evangelismo teológico derivado das Escrituras‖.40
Neste sentido, encontramos a convicção de Paulo, o grande missionário, de que a Palavra de Deus
é fiel; por isso, ele a ensinava com autoridade (I Tm 1:15; 4:9; II Tm 4:6-8).
A grandiosidade da pregação consiste basicamente, não nos recursos de retórica (os quais
certamente devem ser buscados), porém em sua pureza, em sua fidelidade à Palavra. Como bem disse
Charles H. Spurgeon (1834- 1892), ―Se o que pregarem não for a verdade, Deus não estará aí.‖
Quem não crer na inspiração e inerrância da Bíblia, certamente, poderá ter consciência da
biblicidade da sua pregação (basta que pregue o que está escrito), contudo, como poderá ter certeza da
veracidade daquilo que prega, visto que nesse caso, ser bíblico não é a mesma coisa que ser inerrante e
por isso verdadeiro? Se destruir os fundamentos, cai todo o edifício...
Satanás, objetivando esmorecer o ímpeto evangelístico da Igreja, tem usado deste artifício: minar
a doutrina da inspiração e inerrância das Escrituras, a fim de que a Igreja perca a compreensão de sua
própria natureza e, assim, substitua a pregação evangélica por discursos éticos, políticos e filosóficos. As
Escrituras sempre foram um dos alvos prediletos de satanás (Gn 3:1-5; Mt 4:3,6,8,9; II Co 4:3-4).
Entretanto, a Igreja é chamada a proclamar com firmeza o evangelho, conforme registrado na Bíblia e
preservado pelo Espírito através dos séculos (II Tm 4:2).
A Igreja prega o evangelho, consciente de que ele é o poder de Deus para a salvação do pecador
(Rm 1:16); por isso, recusar o evangelho significa rejeitar o próprio Deus que nos fala (I Ts 4:8). Calvino,
comentando Romanos 1:16, diz que aqueles que recusam ―a pregação, rejeitam deliberadamente o poder
de Deus, e distanciam de si mesmos sua mão poderosa estendida para libertá-los‖.41 A Igreja proclama a
Palavra, não as suas opiniões a respeito da Palavra, consciente que Deus age através das Escrituras,
produzindo frutos de vida eterna (Rm 10:8-17; I Co 1:21; I Co 15:11; Cl 1:3-6; I Ts 2:13-14). A Igreja
por si só não produz vida, todavia ela recebeu a vida
em Cristo (Jo 10:10), através da Sua Palavra vivificadora; desse modo, ela ensina a Palavra, para que
pelo Espírito de Cristo, que atua mediante as Escrituras, os homens creiam e recebam vida abundante e
eterna.
B) A UNIVERSALIDADE DO PECADO
Ao evangelizarmos, não saímos com uma ―lanterna acesa‖, procurando entre os homens aqueles
que sejam pecadores. Também não abordamos as pessoas perguntando: ―Você é pecador?‖ e no
caso de uma resposta negativa, pedimo-lhe desculpas e vamos embora, buscando outros homens com
―aparência‖ de pecador... Quando nos dirigimos aos homens apresentando a salvação por Cristo, estamos
na realidade pleiteando que eles se arrependam e creiam no evangelho. Ao assim procedermos, estamos,
de fato, pressupondo corretamente que todos os homens pecaram e necessitam da glória de Deus (Rm
3:23).
Todo o labor evangelístico se ampara neste pressuposto fundamental: todos os homens pecaram,
18
distanciando-se de Deus, o Seu Criador. O homem desde a Queda, encontra-se sob o domínio do pecado
e, por isso mesmo, é incapaz de responder positivamente ao chamado externo do evangelho. O pecado
corrompeu o intelecto, a vontade e a faculdade moral de toda a raça humana; por isso, o homem está
morto espiritualmente, sendo escravo do pecado (Gn 6:5; 8:21; Is. 59:2; Jo 8:34,43-44; Rm 3:23; Ef. 2:15;
Cl 1:13; 2:13) e nada pode fazer para retornar à comunhão perdida (Is 64:6; Jo 8:34; Rm 3:9-12, 23; 6:6).
A depravação total é justamente isto: a contaminação de todas as nossas faculdades pelo pecado. Ainda
que o homem não seja absolutamente mau — não é tão mau quando poderia — é extensivamente mau —
todo o seu ser está contaminado pelo pecado.
Mesmo depois de libertos por Cristo e feitos filhos de Deus, não nos livramos inteiramente do
insidioso poder da queda. Por essa razão o apóstolo Paulo afirma a respeito de si próprio e de todos os
crentes: ―De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a
carne, da lei do pecado‖ (Rm 7:25).
Cada pecado, além de demonstrar o nosso fracasso em amar a Deus de todo o nosso ser, é uma
quebra do que Jesus chamou de o primeiro e grande mandamento. É a recusa ativa de reconhecer a Deus
e obedecer-lhe como nosso Criador e Senhor. Rejeitamos a posição de dependência que implica o fato de
termos sido por Ele criados. Mas fazemos ainda pior; insistimos em proclamar nossa auto-independência,
nossa autonomia como que reivindicando a posição que somente Deus pode ocupar.42
Analisando o texto de Romanos 8:7: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus,
pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser”, John Stott afirma: ―O pecado não é um
lapso lamentável de padrões convencionais; a sua essência é a hostilidade para com Deus, manifesta em
rebeldia ativa contra Ele (...) é uma qualidade implicitamente agressiva, uma crueldade, um ferimento,
um afastamento de Deus e do restante da humanidade, uma alienação parcial, ou um ato de rebelião‖.
Na Bíblia, portanto, pecado é algo interno, que além de ter sua origem na desobediência à vontade
divina, é basicamente contra Deus e não contra o homem. Quando a Escritura afirma que ―todos pecaram‖
e que ―o salário do pecado é a morte‖ (Rm 3:23; 6:23), quer dizer exatamente isto: que esse terrível mal é
como chaga que contamina o ser humano dos pés à cabeça e o coloca sob a maldição eterna de Deus. O
aspecto social do pecado não é outra coisa senão a exteriorização do caráter depravado do coração ainda
insubmisso a Cristo.
Emil Brunner resume esse pensamento muito bem, ao dizer: ―Pecado é desafio, arrogância,
desejo de ser igual a Deus... Asserção da independência humana contra Deus... Constituição da razão
autônoma, moralidade e cultura.
considera as coisas falsas como verdadeiras, e as verdadeiras como falsas. “Não há quem faça o bem, não
há sequer um” (Sl 14:3). “Todo homem é mentira” (Sl 116:11).
.
A Bíblia ensina que o pecado enraizou-se na alma humana e manchou-a terrivelmente, como lepra
espiritual que se ramifica, amarrando e sufocando a alma. Como um déspota tirano, o pecado exige
obediência cega dos seus escravos, porque atrás dele está o próprio Satanás. As obras do pecado são as
mais horrendas que se podem imaginar: insegurança, doenças, inimizades, rixas, contendas, falta de paz
e toda uma grande e negra lista.
O apóstolo João declara que o amor do mundo e o amor do Pai são incompatíveis. ―Não ameis o
mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque
tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não
procede do Pai, mas procede do mundo‖ (I Jo 2:15-16).
Nesse contexto, mundo significa a raça humana sem Deus, incrédula e rebelde, sob a orientação do
diabo, que persegue a Igreja ou procura subvertê-la mediante influências sutis. A ―concupiscência da
carne‖ significa os apetites malignos e desordenados da nossa baixa natureza animal, não redimida. A
―concupiscência dos olhos‖ quer dizer o meio pelo qual as coisas externas do mundo nos inflamam — o
seu materialismo avarento e passageiro, o desejo exagerado de fama e beleza, de ajuntar tesouros na terra,
que quase sempre acaba levando a pessoa a afastar- se de Deus, a explorar o seu semelhante e a viver
uma vida infeliz. A ―soberba da vida‖ é a presunção arrogante, o pecado que causou a queda de Lúcifer.
A ―soberba da vida‖ forma o vínculo entre o mundo (que corresponde à concupiscência dos olhos) e o
diabo (concupiscência da carne).
À luz da Palavra de Deus, o pecador não regenerado e, portanto, desobediente à vontade divina,
não pode desfrutar a pureza e a santidade, mas experimentar contínua degeneração física, moral e
espiritual. Em vez de paz, conhece o desespero; em vez de felicidade, conhece a desgraça.
C) A SOBERANIA DE DEUS
A certeza de que Deus é o Senhor da salvação e, que a Ele pertence o poder para nos salvar
conforme Seu decreto eterno, deve nortear e direcionar todo o nosso pensar e agir evangélico. A salvação
é uma prerrogativa única e exclusiva de Deus: Ele tem poder e total liberdade para salvar a quem Ele
quiser; a Palavra diz que a salvação pertence a Deus (Hb 2:10; 5:9; Tg 4:12; Ap 7:10; 19:1). De fato, Deus
é quem salva, conforme o Seu propósito gracioso revelado nas Escrituras.43
Quando evangelizamos, estamos certos do poder soberano de Deus que age nos eleitos, criando
fé, através da Sua Palavra. Contudo, como crerão e invocarão o nome do Senhor, se não conhecerem o
Evangelho? (Rm 10:9-15). A soberania de Deus é uma determinante da evangelização.
A razão principal da ordem evangelizadora é teocêntrica: a ordem bíblica eleva Deus à Sua justa
posição de Senhor da seara (Lc 10:2).44 O Senhor envia os trabalhadores porque é Ele quem dá o
crescimento (I Co 3:6). Ele procura os frutos e tem autoridade para cortar a árvore (Lc 13:7).
Dr. Russell Shedd adverte: ―Assim como não se pode obter e tampouco transmitir benefício
espiritual algum sem a iniciativa divina, não se pode também alcançar nenhum objetivo espiritual por
conta própria. Afirmaremos por toda a eternidade: ―Deus o fez! O melhor que temos a fazer é reconhecer
a realidade que nos cerca aqui e agora. Assim, oraremos e esperaremos que Deus opere o milagre do novo
nascimento. Por outro lado, Deus optou por trabalhar em seus servos-evangelistas e por meio deles. Aqui,
o conhecimento e a obediência são de suprema importância. É preciso conhecer a Ele e aos seus propósitos
e estar desejoso de obedecer às suas ordens, ―porque de Deus somos cooperadores. (I Co 3:9)
58; Fl 4:13).
―A Bíblia não gera otimismo quanto ao número dos que ouvem e aceitam as boas novas da salvação.
Ela diz que ―muitos são chamados, mas poucos escolhidos‖ (Mt 20:16). Afirma também que são muitos os
que entram pela porta larga e poucos os que entram pela porta estreita, cujo caminho ―conduz para a vida‖
(Mt 7:13-14). Declara ainda que ―naquele dia‖, muitos hão de dizer a Jesus que fizeram isso e aquilo, mas
receberão um veemente ―nunca os conheci‖ da parte dele (Mt 7:22-23). A idéia realista que se tem depois
da leitura de todas as Escrituras é que apenas o resto do resto é que será salvo.
Quem converte o pecador que ouve a mensagem da salvação é Deus e não a argumentação do
evangelizador. De igual modo, quem anuncia a boa nova da salvação não é Deus nem os anjos — é o
homem e a mulher que já o conhecem.
D) A RESPONSABILIDADE HUMANA
O homem foi criado como um ser pessoal que tem consciência e determinação própria.
Diferentemente de todos os outros animais, faz a distinção entre o eu, o mundo e Deus; daí a capacidade
de se relacionar com Deus (Gn 3:8-14; Jr 29:13; Mt 11:28-30) e com o seu semelhante, podendo entender
(racionalmente) a vontade de Deus, fazer-se entender e avaliar todas as coisas (Gn 1:28-30;2:18-19).
Apesar do pecado ter comprometido, de forma gravíssima todas as suas faculdades originais, o
homem não deixou de ser a imagem e semelhança de Deus — visto que isso implicaria em deixar de ser
homem. Contudo, ele se tornou uma imagem desfigurada, desfocalizada, mais propriamente uma
―caricatura‖ do Seu Criador. Calvino (1509-1564), escrevendo sobre isso, disse: ―Quando de seu estado
(original) decaiu Adão, não há a mínima dúvida de que por esta defecção se haja alienado de Deus. Pelo
que, embora não tenha sido aniquilada e apagada totalmente a imagem de Deus, foi ela, todavia,
corrompida a tal ponto que, o que quer que resta, é horrenda deformidade.
A Bíblia apresenta o evangelho como uma mensagem que deve ser anunciada a todos os homens,
a fim de que eles possam entendê-la e crer nela. A fé é um dom de Deus (Ef 2:8) todavia, a proclamação
compete a nós; é uma responsabilidade inalienável e essencial da Igreja. Por certo, não compreendemos
exaustivamente a relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana; contudo, a Bíblia ensina
estas duas verdades: Deus é soberano e o homem é responsável diante de Deus por suas decisões (Rm
1:18—2:16).
Em nosso testemunho, procuramos anunciar o evangelho de forma inteligível, dirigindo-nos a seres
racionais a fim de que entendam a mensagem e creiam; por isso, ao mesmo tempo em que sabemos que é
Deus Quem converte o pecador, devemos usar os recursos de que dispomos — que não contrariem a
Palavra de Deus — para atingir a todos os homens. A nossa proclamação deve ser apaixonada, no sentido
de que queremos alertar os homens para a realidade do evangelho, ―persuadindo-os‖ pelo Espírito, a se
arrependerem de seus pecados e a se voltarem para Deus (Lc 5:10; Rm 11:13-14; I Co 9:19-23; II Co
5:11).
se baseia em fábulas e mitos por ela inventados (II Tm 4:3-4), mas sim, naquilo que Deus disse e realizou,
conforme registrado nas Escrituras.
R. B. Kuiper, observa que a declaração do Cristo ressurreto: Toda a autoridade me foi dada no céu
e na terra (Mt 28:18), prefacia o mandamento evangelístico. Isso torna a Grande Comissão uma
afirmação da soberania mediatária de Cristo.‖48 Aqui vemos estampada uma expressão da esfera do
domínio de Cristo. Ele manda a Igreja evangelizar todo o mundo, porque o mundo todo lhe pertence.
para a Bíblia, pois é através dela que Ele nos fala de Cristo.
O propósito principal de Deus ao nos dar a Bíblia era instruir-nos ―para a salvação pela fé em
Cristo Jesus‖ (II Tm 3:15). Dessa forma, a Bíblia conta a história de Jesus, predizendo-o e anunciando-o
no Antigo Testamento, descrevendo sua carreira terrena nos evangelhos, e desvendando, nas epístolas, a
plenitude de sua presença e obra. Mais que isso: as Escrituras não apenas nos apresentam Jesus como
nosso único e suficiente Salvador; elas nos exortam a recorrer a ele e nele colocar nossa confiança. E nos
prometem que, se o fizermos, vamos receber o perdão de nossos pecados e o dom libertador do Espírito
Santo. A Bíblia está cheia de promessas de salvação. Ela garante nova vida na nova comunidade para
aqueles que atendem ao chamado de Jesus Cristo.
Cristo cumpriu perfeitamente as exigências da Lei e adquiriu todas as bênçãos que envolvem a
salvação. A obrado Espírito consiste em aplicar os merecimentos de Cristo aos pecadores, capacitando-
os a receber a graça da salvação. Somente através do Espírito ―recebemos todos os bens e dons que nos
são dados em Jesus Cristo‖. É Ele quem derrama sobre nós, as bênçãos da graça, obtidas pela obra eficaz
de Cristo. Dessa forma, podemos dizer que o ministério soteriológico do Espírito se baseia nos feitos de
Cristo e que o ministério sacrificial de Cristo reclama a ação do Espírito (Jo 7:39; 14:26; 16:13-14). ―A
obra do Espírito na aplicação da redenção de Cristo é descrita como tão essencial como a própria
redenção.
A Palavra nos ensina que o Espírito Santo é o Espírito de Cristo (Gl 4:6; Fl 1:19); por isso, a
presença do Espírito em nós, é a presença do Filho (Rm 8:9). Quando evangelizamos, o fazemos
confiantes de que Deus, pelo Espírito, aplicará os méritos de Cristo no coração do Seu povo. Portanto, aí
está a nossa responsabilidade e o nosso conforto, conforme bem observou Billy Graham: ―O Espírito
Santo é o grande comunicador do evangelho, usando como instrumento pessoas comuns como nós. Mas
é dele a obra. Assim, quando o evangelho é fielmente proclamado, o Espírito Santo é quem o envia como
dardo flamejante aos corações dos que foram preparados.
A palavra traduzida neste texto por ―apressar‖ (speudõ), tem o sentido de diligenciar com zelo,
solicitude, urgência etc. Ela revela uma pressa prazerosa daquilo que terá de ocorrer. A Igreja mesmo sem
poder alterar o dia da vinda de Jesus — e devemos dar graças a Deus por isso — faz parte do cronograma
relativo ao regresso glorioso e triunfante de Cristo. Somos intimados a levar adiante os eventos que devem
ocorrer antes do dia de Deus. Neste sentido, a evangelização faz parte desse cronograma. A expansão
missionária, além da obediência à ordem de Cristo, deve refletir em cada coração o desejo de que Cristo
venha. Evangelizar é uma das formas práticas de dizer:
―Venha o teu reino‖ (Mt 28:19; Mt 24:14).
Anthony A. Hoekema, observou que: ―O período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo
é a era missionária por excelência. Este é o tempo da graça, um tempo em que Deus convida e insta com
todos os homens para serem salvos.
J) A DOUTRINA DA ELEIÇÃO
➢ A eleição é o ato eterno de Deus, por meio do qual Ele decretou — livre, soberana e
misericordiosamente — salvar em Cristo Jesus um determinado número de pessoas — dentre toda a
raça humana voluntariamente caída — aplicando, no decorrer da história a Sua graça redentora,
capacitando-os, pelo Espírito Santo, a responderem com fé à mensagem redentiva de Cristo, sendo
preservados assim até o fim.
Deus chama os Seus eleitos através da pregação da Palavra. R. B. Kuiper observa: ―Deus quer
que o evangelho seja proclamado ao mundo todo e em todo o tempo para que seja congregada a soma
total dos eleitos.‖ A Palavra de Deus é sempre um ato criador, através da qual Deus chama, convence,
transforma e edifica os Seus.
Cada um de nós que foi alcançado pela graça de Deus, tornou-se um instrumento de testemunho da
bendita salvação, a fim de que outros sejam salvos (Rm 10:14-17; At 18:9-11). A Igreja é chamada para
fora do mundo a fim de invadir o mundo com a pregação do evangelho (Mt 5:14-16; Mc 16:15-16; At
1:8; I Co 9:16). A eleição eterna de Deus inclui os fins e os meios. Nós somos o meio comum estabelecido
por Deus para que o mundo ouça a mensagem do evangelho. Jesus Cristo confiou à Igreja a tarefa
evangelística. A Igreja é ―o agente por excelência para a evangelização‖. Nenhum homem será salvo fora
de Cristo, porém para que isso aconteça ele tem que conhecer o evangelho da graça. Como crerão se não
houver quem pregue? (Rm 10:13-15). ―O evangelismo pelo qual Deus leva os Seus eleitos à fé é um elo
essencial na corrente dos propósitos divinos.
K) GLORIFICAR A DEUS
A Igreja de Deus, no seu ato essencial de proclamar as virtudes de Deus (I Pd 2:9-10), tem como
objetivo final a glória de Deus (Rm 11:36; I Co 10:31). A evangelização visa glorificar a Deus, através
do anúncio da natureza de Deus e de Sua obra eficaz, efetivada em Cristo Jesus. A evangelização tem
fundamentalmente como alvo final glorificar a Deus; e Deus é glorificado através da salvação de Seu
povo (Is 43:7; Jo 17:6-26; Ef 1:6; II Ts 1:10-12) e a conseqüente confissão de Sua soberania (Fl 2:5-11).
Quando evangelizamos estamos revelando o nosso amor a Deus e ao nosso próximo, glorificando a Deus,
sendo-Lhe obediente na vivência de nossa natureza de proclamação e serviço. ―Aquele que tem os meus
mandamentos e os guarda, esse é o que me ama‖ (Jo 14:21). Nós glorificamos a Deus sendo-Lhe obediente
(Jo 17:4).
2) AS REIVINDICAÇÕES DO EVANGELHO
O evangelho do reino — anunciado incondicional e imperativamente pela Igreja — é pela sua
própria natureza, reivindicatório; ele traz na sua própria essência o apelo ao homem para que se posicione
diante do que foi ouvido. Por isso é que a força da pregação da Igreja está na Palavra viva de Deus (Rm
1:16; 10:17; Tg 1:18; I Pd 1:23). Paulo escrevendo aos coríntios, declara: “De sorte que somos
embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo,
pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (II Co 5:20). A Igreja prega o evangelho, conclamando os
homens a aceitarem o reinado de Cristo em seus corações, mudando assim a sua relação com o Senhor.
24
A) ARREPENDIMENTO
Marcos relata que após a prisão de João Batista, Jesus foi para a Galiléia ―pregando o evangelho
de Deus, dizendo: o tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo: arrependei-vos e crede no
evangelho‖ (Mc l:14- 15; 6:12).
O evangelho conclama os homens a se arrependerem de seus pecados, passando — por obra do Espírito
—
por uma transformação total, que envolve uma mudança de mente e coração, que se manifesta
num novo caminhar em direção a Deus (II Co 7:9-10; II Tm 2:25).
B) FÉ EM JESUS CRISTO
A mensagem de Jesus era: “(...) arrependei-vos e crede no evangelho”. Antes de ser assunto aos
céus, ordenou aos Seus discípulos: ―Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.
Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado‖ (Mc 16:15-16).
O evangelho reivindica fé. A fé salvadora é um dom da graça de Deus, através do qual somos
habilitados a receber Jesus Cristo como nosso suficiente e único Salvador e a crer em todas as promessas
do Deus Triúno, conforme estão registradas nas Escrituras. ―A fé verdadeira é aquela que ouve a Palavra
de Deus e descansa em Sua promessa. (Rm 10:8, 14-15, 17; I Co 15:1-2; Cl 1:23; Hb 4:2).
O que qualifica a genuína fé não é simplesmente o ato de crer ou a sua intensidade, mas sim, o seu
foco — Jesus Cristo, o Senhor. Jesus Cristo é o conteúdo, o substantivo da Promessa; por isso, crer no
evangelho significa crer em Jesus Cristo (Mc 1:15; Rm 15:20; At 16:31).
C) CONVERSÃO A DEUS
Quando Paulo e Barnabé chegam em Listra e acontece a cura de um paralítico, eles são confundidos
com Mercúrio e Júpiter respectivamente; o povo idólatra quis adorá-los, ao que Paulo e Barnabé reagiram
firmemente, clamando: ―Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos
mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus
vivo.... (At 14:15).
O evangelho reivindica a conversão do homem, que deixa a ignorância, as trevas, e a idolatria e
volta-se para Deus (At 11:21; 26:18; I Ts 1:9; I Pd 2:25). A conversão é a junção executada do
arrependimento (mudança de mente e de coração) e da fé, uma confiança sem reservas, depositada
unicamente em Deus e nas Suas promessas.
D) RECEBER O EVANGELHO
O evangelho é para ser recebido como o ensino autoritativo de Deus. Esta recepção envolve o nosso
―andar‖; tem implicação em todas as áreas de nossa vida. Aqui de forma indireta, podemos ver a nossa
responsabilidade como pregadores. A mensagem que transmitimos exige uma postura responsável,
compatível com a sua gravidade e suas implicações (I Co 15:1; Cl 1:6; I Ts 2:13).
E) OBEDIÊNCIA
Paulo em duas ocasiões fala de forma recriminatória daqueles que não obedeceram ao evangelho.
Na primeira delas, ele está interpretando as palavras de lsaías. ―Mas, nem todos obedeceram ao
evangelho....” (Rm 10:16). Em outro momento, ele fala do regresso de Cristo, o qual manifestará Sua
justiça retributiva “contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” (II Ts 1:8). O
evangelho requer uma obediência ―voluntária‖ aos seus ensinamentos. Nós trabalhamos para que pelo
evangelho seja “levado cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (II Co 10:5). A obediência ao
evangelho revela a nossa fé. ―A fé somente é fé no ato da obediência.
25
F) PERSEVERANÇA
Paulo escreve aos coríntios: ―Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual
recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-
la preguei....‖ (I Co 15:1-2). (Gl 1:6-9; 5:7).
O evangelho desafia os homens a perseverarem em sua fé, permanecendo em Cristo e na Sua
Palavra (Jo 8:30-31), produzindo frutos de obediência, que evidenciem o evangelho. ―Aqui está a
perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus‖ (Ap 14:12).
Evangelizar envolve a instrução, o ensino necessário para que os homens não sejam enganados por
um
―evangelho‖ pervertido, destituído de Cristo (Gl 1:6-9; 5:7). Como Igreja, somos enviados a evangelizar
todas as nações, batizando os crentes, ensinando-os a guardar todos os ensinamentos de Cristo (Mt 28:19-
20), a fim de que os convertidos não sejam levados por todo vento de doutrina (Ef 4:14). A relação
entre o ―evangelizar‖ e o
―ensinar‖ é constante em diversos textos bíblicos, sendo uma das características da pregação de Jesus (Mt
4:23; 9:35; Lc 20:1; At 5:42; Mt 11:1; At 28:31; II Tm 4:2). Desse modo, a evangelização sempre terá
um caráter educativo.
3) OS FRUTOS DO EVANGELHO
O Espírito através do evangelho produz frutos de vida naqueles que o recebem pela fé (Cl 1:3-8; I
Ts 2:13- 14), sendo o próprio ato de atender ao evangelho o primeiro fruto de vida eterna (Rm 10:15-17).
A rejeição do evangelho implica na condenação eterna do homem (I Ts 1:8-10).
Estudando os relatos detalhados sobre o evangelismo pessoal como Jesus fazia e estudando a narrativa
dos evangelhos como um todo, emergem alguns princípios gerais de como Ele evangelizava: 63
TAREFA ABRANGENTE
A evangelização, a comunidade dos batizados e o serviço desta comunidade aos propósitos do Deus
Trino estão inter-relacionados. O verbo central da Grande Comissão é ―fazei discípulos‖ e tanto o ―ide‖,
que no original grego é um particípio, como os particípios ―batizando‖ e ―ensinando‖, qualificam esse verbo
central. O ide‖ não é uma ordem separada que tenha sentido em si mesma, mas dá um sentido de urgência
e determinação ao imperativo do discipulado, que visa ―trazer pessoas a Jesus, o Senhor, onde quer que
elas estejam‖. ―Batizando‖ e ensinando‖ não se constituem em passos dissociados do processo do
discipulado, mas fazem parte integral do mesmo e constituem o todo do nosso envio missionário ao
mundo. Qualquer segmentação entre evangelização, discipulado e serviço perde sentido. A tarefa de
fazer discípulos‖ abarca todas as dimensões da fé e dura a vida toda, expressando um estado
permanente de relacionamento de dependência e aprendizado com Jesus e com a comunidade de fé.
A tarefa de ―ensinar a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado‖ enfatiza que a nossa
evangelização deve estar a serviço de um evangelho que afeta a pessoa toda em todas as áreas da sua vida.
Isto quer dizer que o evangelho, embora seja pessoal, tem um forte colorido coletivo; é individual, mas
tem uma inerente dimensão social; é uma mensagem de conforto, mas pede um claro compromisso ético,
desencadeia uma espiritualidade terapêutica e leva a um inequívoco pacto com a justiça; produz igreja,
mas uma igreja que deve estar concretamente enraizada na comunidade geral dos seres humanos e na
busca desta por uma vida justa e digna. Quanto mais estivermos a serviço deste evangelho integral que
afeta todas as áreas da vida tanto mais estaremos a serviço do Deus Trino.
Que este estudo possa nos convocar a uma experiência renovada com a obediência evangelizadora
— uma obediência que tenha consciência da presença confortadora (―estou convosco todos os dias‖) e
autoritativa de Jesus (―toda a autoridade me foi dada no Céu e na Terra‖). O resultado desta consciência
é uma evangelização que leve a sério o ensino e o compromisso com todo o conselho de Deus.
Conclusão
O Dr. Russell Shedd conclui seu livro sobre evangelização com o seguinte argumento:
Se Jesus Cristo não é o único mediador entre Deus e o homem, a igreja pode justificar seu silêncio.
Se todas as religiões dizem a mesma coisa e conduzem os homens ao mesmo destino, então a
evangelização deve ser relegada ao compartimento de nossas vidas em que se lê ―sem importância‖.
28
A Escritura, porém, declara exatamente o oposto. Jesus Cristo é o único caminho, a única porta, o único
Salvador do mundo. À luz do destaque de Sua última ordem na Terra antes de subir para Seu trono divino,
a complacência e a indolência da Igreja são totalmente incompreensíveis.
Se a Igreja fosse impotente e o Espírito Santo não tivesse sido enviado para capacitar as pessoas a
testemunhar eficazmente, conforme relato no livro de Atos dos Apóstolos, faríamos bem em esconder a
cabeça na areia e negar a responsabilidade por cerca de dois bilhões de pessoas na Terra, totalmente
ignorantes das novas de salvação.
Se Deus não tivesse dado a Bíblia, a Espada do Espírito, ao seu povo, para combater a falsidade, o
diabo e suas hostes infernais, e se nossa ignorância sobre a verdade divina pudesse ser desculpada pelo
fato de a Bíblia estar disponível somente nas línguas originais, poderíamos, ao menos parcialmente, culpar
a Deus pelo grande número de pessoas que perecem sem conhecê-lo.
Se Deus não tivesse dito a Seus filhos que orassem ao Senhor da seara, para que Ele envie
trabalhadores para a seara, e se não tivesse prometido atender às suas súplicas, poderíamos tranquilamente
observar o grão de trigo maduro cair na terra e dizer: ―Não é culpa minha‖. Porém, visto que nada disso é
verdade, temos de admitir que somos indesculpáveis.
Se a Igreja fosse pequena e fraca, perseguida e encarcerada, sem recursos nem líderes, seria possível
argumentar que a tarefa a nós confiada ultrapassa as nossas forças. No entanto, certamente não é esse o
caso. O rádio, a televisão, a imprensa, os seminários e as escolas bíblicas, os auditórios suntuosos, as
conferências e os estudos bíblicos, todas essas coisas conspiram contra nossa tentativa de fugir à
responsabilidade.
Jesus disse tudo: ―Mas é necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações‖ (Mc
13:10),
―Então virá o fim‖ (Mt 24:14). Se o propósito básico de Deus na história depende da execução da
ordem de evangelização dada à Igreja na grande comissão, todo crente que não estiver envolvido em sua
execução precisa arrepender-se e pedir perdão a Deus. Se não, como interpretar as palavras do
Senhor: ―Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem o
realiza, receberá muitos açoites‖ (Lc 12:47). Possa Deus ajudar Seu povo a perseverar em sua meta com
alegria até o fim.
1) A IMPORTÂNCIA DE UMA
APRESENTAÇÃO PLANEJADA
O plano da salvação é a maneira organizada de expor o programa de Deus para o pecador. O
evangelista não precisa, necessariamente, seguir sempre uma única ordem lógica, mas não pode subtrair
nenhum dos pontos que são fundamentais à mensagem bíblica integral.
4. Com uma intenção clara, sem deixar dúvidas acerca dos passos necessários para o indivíduo
receber Cristo.
5. Positivo no seu conteúdo básico, refletindo a realidade de que o evangelho é ―Boas Novas‖.
6. Simples, em vez de complexo.
7. Atraente na forma, sendo uma composição literária de boa qualidade e bem organizada, no
caso de material impresso.
Ao comunicarmos a mensagem de Jesus Cristo, precisamos trazer as verdades essenciais do
Evangelho.
Portanto, quatro conteúdos principais não podem estar ausentes numa explanação evangelística:
1. O pecado.
2. As consequências do pecado, salientando-se a condição eterna.
3. A providência de Deus para o problema do pecado; o envio de Jesus para salvar o pecador.
4. O que o pecador precisa fazer para apropriar-se da salvação:
a) Arrepender-se
b) Crer
1. O dedo polegar lembra a verdade bíblica de que todos os homens, inclusive eu mesmo, são pecadores.
2. O dedo indicador lembra-me o ensino da Bíblia, em que ―o salário do pecado é a morte‖.
3. O dedo médio lembra-me que não existe capacidade para o homem se libertar do pecado. Sozinho
nenhuma pessoa se salvará!
4. Louvado seja Deus, o dedo anular lembra a verdade de que Jesus Cristo veio ―buscar e salvar o
perdido‖. Ele morreu para nos salvar e foi ressuscitado para nos justificar!
5. Finalmente, o dedo mínimo é acionado para apresentar a resposta do meu coração ao amor de Jesus:
Eu aceito Jesus como Salvador dos meus pecados e desejo ser perdoado para que seja liberto do
pecado e da condenação!
Como se pode perceber, trata-se de um diálogo que pode resolver o dramático problema de muitas
vidas.
Deus me tem abençoado de modo inconteste na aplicação desta mensagem.
ROTEIRO 3: A PONTE
A ilustração da ponte funciona bem porque pode ser traçada de forma simples e clara. Nessa
ilustração, há uma margem de um lado, um abismo no meio, e outra margem do outro lado. O pecado
separa a pessoa de Deus. O resultado de tentar chegar a Deus por conta própria é a morte, tanto tísica
quanto espiritual. Só há uma forma de cruzar o abismo do pecado: pela ponte. A cruz de Jesus cobre o
vão que nos separa de Deus Pai. Jesus Cristo é o único caminho até Deus. Quando confiamos em sua
morte na cruz, ficamos livres do poder do pecado e do julgamento da morte.
32
TERCEIRA LEI
Jesus Cristo é a única solução de Deus para o homem pecador.
Por meio dele você pode conhecer e experimentar o amor e o
plano de Deus para sua vida.
Ele morreu em nosso lugar : “Mas Deus prova o seu
próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido
por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Rm 5:8)
Ele ressuscitou dentre os mortos : “...Cristo morreu pelos
nossos pecados... foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia,
segundo as Escrituras. E apareceu a Cefas e, depois, aos
doze. Depois, foi visto por mais de quinhentos...” (I Co 15:3-
6)
Ele é o único caminho : “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o
caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser
por mim.” (Jo 14:6)
QUARTA LEI
Precisamos receber a Jesus Cristo como Salvador e Senhor, por meio
de um convite pessoal. Só então poderemos conhecer e experimentar
o amor e o plano de Deus para nossa vida.
Precisamos receber a Cristo: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem
feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome...” (Jo 1:12)
Recebemos a Cristo pela fé: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem
de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” (Ef 2:8-9)
Recebemos a Cristo por meio de um convite pessoal : Cristo afirma: “Eis que estou à porta e
bato. Se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei...” (Ap 3:20)
Receber a Cristo implica arrependimento, significa deixar de confiar em nossa capacidade para nos
salvar, crendo que Cristo é o único que pode perdoar os nossos pecados. Não é suficiente crer
intelectualmente que Jesus é o Filho de Deus e que morreu na cruz pelos nossos pecados ou ter uma
experiência emocional. Recebemos a Cristo pela fé, através de uma decisão pessoal.
Estes dois círculos representam dois tipos de vida:
34
VOCÊ PODE RECEBER A CRISTO AGORA MESMO EM ORAÇÃO (ORAR É FALAR COM
DEUS)
Deus conhece seu coração e está mais interessado na atitude do seu coração do que em suas palavras.
A oração seguinte serve como exemplo:
―Senhor Jesus, eu preciso de ti. Eu te agradeço por ter morrido na cruz pelos meus pecados. Abro a porta da minha
vida e te recebo como meu Salvador e Senhor. Obrigado por perdoar os meus pecados e me dar a vida eterna. Toma conta da
minha vida e me faz o tipo de pessoa que desejas que eu seja.
Esta oração expressa o desejo do seu coração? Se expressa, faça esta oração agora mesmo e Cristo
entrará em sua vida, como prometeu.
No momento em que você recebeu a Cristo pela fé, diversos fatos aconteceram, inclusive os seguintes:
Cristo entrou em sua vida (Cl 1:27; Ap 3:20).
Seus pecados foram perdoados (Cl 1:14; 2:13).
Você se tornou filho de Deus (Jo 1:12).
Você recebeu a vida eterna (Jo 5:24).
Você começa a viver a nova vida para a qual Deus o criou (Jo 10:10; II Co 5:17; I Ts 5:18).
Você poderia pensar em algo melhor que pudesse ter lhe acontecido do que receber a Cristo? Você
gostaria de agradecer a Deus agora mesmo, em oração, aquilo que Ele fez por você? O próprio ato de
agradecer a Deus revela fé.
Métodos
A palavra método vem do grego metá (rumo) e hodós (caminho). Daí, ―a
direção que se imprime aos próprios pensamentos a fim de investigar e
demonstrar a verdade‖.
Em termos práticos, método é o caminho que se usa para se chegar a um determinado objetivo; é a
maneira de se fazer algo. Assim, se quero atingir pessoas com a mensagem de Cristo, posso fazê-lo de
pessoa em pessoa, e então tenho evangelismo pessoal, ou posso fazê-lo a um grupo de uma só vez, e terei
evangelismo de massa.
Para fins didáticos, e para distinguir método de estratégia e de técnica, é melhor que nos fixemos
em dois métodos de evangelismo: evangelismo pessoal e evangelismo de massa. Em qualquer dos dois
métodos, podemos empregar duas formas de raciocínio para o trabalho de evangelização: a dedutiva e a
indutiva.
A forma dedutiva de abordagem evangelística é aquela que começa do geral para o particular. No
caso, o evangelista começa por falar do plano da salvação, para aplicá-lo ao problema particular que o
pecador está enfrentando. Exemplo: o pecador está deprimido e não tem paz. Neste caso, para argumentar
dedutivamente, o evangelista começará falando do plano da salvação. Se o pecador o aceitar, poderá
livrar-se da falta de paz, que deve ser conseqüência do pecado em sua vida.
Na argumentação indutiva, o evangelista começa pelo problema da pessoa até chegar ao plano da
salvação, que, uma vez aceito, pode ajudar a pessoa no seu problema. Um caso típico deste exemplo é o
diálogo de Jesus com a mulher samaritana. Ele começou com problemas daquela mulher: a sede, os
pecados que ela tinha, partiu para apresentar-lhe a água da vida (João 4).
Estratégia
Estratégia é uma expressão militar. Originalmente, trata da arte, organização e planejamento das
operações de guerra. Mas a idéia é usada em geral para qualquer plano de ação, buscando a maneira mais
adequada e melhor para se alcançar objetivos definidos.
A estratégia tem a ver, portanto, com o lado operacional do método. Em Lucas 9, Jesus envia seus
doze apóstolos a pregar. O método pode ter sido o de evangelismo pessoal e de massa ao mesmo tempo.
A estratégia foi o envio dos 12 ao mesmo tempo; foi uma campanha. Em João 4, lemos o episódio do
encontro de Jesus com a mulher samaritana. O método de evangelismo que Jesus usou foi o pessoal. A
estratégia foi o programa de passar por Samaria, ao ir a Jerusalém, e ficar ali parado perto do poço de
Jacó.
Em nossos dias, um culto ao ar livre é uma estratégia. O método do evangelismo será o de massa.
Um núcleo de estudos bíblicos nos lares ou uma série de conferências é uma estratégia.
Técnica
A técnica é o recurso material que usamos para executar o método. A maneira como abordo a
pessoa, como arranjo o plano da salvação; se uso o argumento dedutivo ou indutivo, tudo isto são técnicas.
Contar histórias em flanelógrafo para crianças é uma técnica. Usar slides para uma palestra evangelística
é uma técnica. Usar folhetos é uma técnica. Jesus começou a conversar com a mulher samaritana usando
a água: ―Dá-me de beber‖. Foi a técnica.
No entanto, para fins didáticos, apesar de estratégias e técnicas fazerem parte da execução do
método, em termos específicos, cada parte dessa execução tem seu próprio nome.
Damy Ferreira adverte: ―Ao trabalharmos nestas conceituações, temos que entender o espírito
no Novo Testamento sobre metodologia. Poderemos filtrar do NT várias amostras de métodos, estratégias
e técnicas. Mas vamos notar uma variação muito grande de caso para caso. Notamos que o Espírito Santo
usava uma grande variedade de recursos. Mas não podemos evitar a compreensão de que o Espírito Santo
usava os discípulos como seres humanos e não como seres celestiais‖.
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2) QUANDO E ONDE EVANGELIZAR
QUANDO EVANGELIZAR
➢ Todos os dias (At 5:42)
➢ Enquanto é dia (Jo 9:4)
➢ Aproveitando as oportunidades (II Tm 4:2) – É fácil fazer as suas próprias oportunidades se
de fato quer. Para dizer uma coisa, pode usar o telefone, chamando amigos e estranhos da
mesma forma para falar-lhes acerca de Jesus. Pode encontrar oportunidades nos jornais,
tomando os nomes e endereços das pessoas nas notícias. Outro meio é convidar amigos para
jantar em casa, e falar com eles a respeito de Cristo. Há possibilidades para escrever cartas
aos seus queridos, amigos, e até estranhos. Também se pode fazer oportunidades levando
pessoas para assistir reuniões evangélicas; então, depois, perguntar-lhes qual foi sua opinião
a respeito da mensagem. Pode-se distribuir folhetos de evangelismo, fazendo comentário
sobre o conteúdo.96
Pode fazer oportunidades visitando os doentes no hospital, tanto os conhecidos como os
desconhecidos. Pode visitar as pessoas que perderam seus entes queridos. Como irá encontrá-las
gratas por uma mensagem de esperança além do túmulo! Oportunidades podem ser feitas visitando
novos vizinhos, dando folhetos nos coletivos, nos trens e nas esquinas, indo de casa em casa, visitando.
Pode com calma e sem hesitação falar depois da bênção na igreja às almas que parecerem perturbadas
e não responderem publicamente ao apelo.
ONDE EVANGELIZAR
O campo do ganhador de almas é o mundo (Mt 13:38; Jo 4:35; Lc 8:4-15).
Disse Jesus: ―(...) e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria,
e até os confins da Terra‖ (At 1:8). Com base nesse texto bíblico, Valdir Bícego97 identifica e situa o
campo do ganhador de almas nos seguintes lugares:
ESTRATÉGIAS DIVERSAS
Inúmeras vezes surgem situações diante de nós que bem poderão ser aproveitadas para
evangelizar alguém. Um encontro de negócios, um pedido de informação, um acidente, uma notícia
pela TV — tudo pode ser transformado em oportunidade para evangelismo pessoal. Basta que o
evangelista esteja atento.
Além das técnicas de abordagem em evangelismo pessoal, que podem nos ajudar em diversas
situações, podemos trabalhar com algumas estratégias especiais.
É a evangelização feita através da amizade, sempre aproveitando as oportunidades para falar de Cristo
ao amigo.
2. Testemunhando
É mostrar pela vida o poder salvador e transformador do evangelho, identificando-se como testemunha
fiel do Senhor e Salvador Jesus Cristo. O testemunho poderá ser verbal ou não-verbal.
3. Em conduções coletivas
Num ônibus urbano em que se viaja, num trem, numa barca, pode-se falar à pessoa que está ao nosso
42
lado. A operação pode começar com a entrega de um folheto. Daí, o assunto pode surgir. Principalmente em
cidades em que o povo está sempre pronto a conversar, será sempre fácil iniciar uma conversa evangelística.
A mesma oportunidade surge numa viagem interestadual, de ônibus, ou de avião.
4. Na hora do almoço
5. Nos supermercados
Quanta oportunidade se tem de conversar dentro de um supermercado. Comentários, a inflação,
os preços altos e outros assuntos. Pode-se perfeitamente deixar o recado de Cristo numa oportunidade
assim.
Às vezes temos que passar bom tempo numa barbearia, num cabeleireiro ou num salão de beleza
Muitas vezes temos que suportar certos assuntos inconvenientes. Que tal criar um ambiente de
evangelismo e envolver algumas pessoas?
A VISITA EVANGELÍSTICA
A visitação pode ser programada, pode surgir naturalmente numa nova amizade ou pode surgir
do nosso próprio relacionamento profissional. Seja por qual motivo for, o evangelista precisa ser
sábio, ao introduzir-se no ambiente do lar. Em alguns casos, não poderá abordar, de imediato, o
assunto evangelístico. Muitas vezes temos que ganhar pessoas para nós, para depois tentar ganhá-las
para Cristo.
AO CHEGAR NA CASA
1. Sua conversa, do lado de fora, deve ser com naturalidade e sobre generalidades pois alguém
pode estar escutando.
2. As mulheres devem estar mais à vista e todos devem ser visíveis ao dono da casa.
3. A aparência pessoal dos membros da equipe deve ser modesta, apropriada e limpa.
4. A pessoa que conhece o visitado introduzirá a equipe. Se a visita não for marcada, pergunte se
podem conversar um pouco. Se disserem não, pergunte se poderiam marcar uma visita para a
próxima semana ou outra ocasião.
5. Se ninguém estiver em casa, deixe um convite da igreja e um folheto simples. Sendo assim, seu
esforço não terá sido em vão.
AO SENTAR-SE
1. Quem for apresentar o evangelho deve escolher o seu lugar primeiro, visando a boa comunicação.
a) Deixando, se possível, uma cadeira vazia para a ilustração da cadeira.
44
b) Respeitando o assento favorito do visitado.
2. Não se deve criar uma atmosfera de debate com três contra um e sim de uma conversa entre
quatro amigos. A forma de se assentar facilitará isto.
3. Na conversa, se você descobrir que o horário não é bom para os visitados ou se eles não
estiverem prestando muita atenção, pergunte se gostariam que vocês voltassem em outra
oportunidade. Peça que indiquem o melhor horário.
AO SAIR DA CASA
1. Tome cuidado para não fazer comentários sobre a visita, em voz alta, em frente da casa.
2. Não ore pela pessoa em frente da casa.
3. No caminho, a equipe deve conversar sobre as coisas boas e as falhas da apresentação. Não
perca esta oportunidade de aprendizagem.
45
Ter o senso de urgência — “Prega a palavra... Pois haverá tempo em que não
suportarão a sã doutrina” (II Tm 4:2-3). Hoje ainda temos ouvintes; mas, até quando? O senso
de urgência deve nos levar a falar como se aquela fosse a última vez. A mensagem cristã deve ter
sempre uma conotação de apelo ao homem para que assuma, pela graça de Deus, uma posição
favorável e submissa à Sua Palavra. Contudo, devemos nos lembrar de que ―o motivo da
urgência da evangelização jaz em Deus. Visto que Ele é quem é, insiste urgentemente com
os pecadores para que sejam convertidos a Ele.
digno de ser o Senhor absoluto até de nossa vida, e Ele exige sê-lo.
Portanto, é claramente contrário à evidência do Novo Testamento falar de verdadeira fé
salvífica sem arrependimento algum. Também vai contra o Novo Testamento falar da
possibilidade de aceitar Cristo ―como Salvador‖, mas não ―como Senhor‖, se isso significa
simplesmente depender dele no que tange à salvação mas não se comprometer a abandonar o
pecado e a ser-lhe obediente desse ponto em diante.
49
APOSTILA DISCIPULADO
INTRODUÇÃO
Sem dúvida, gostaria de passar algum tempo especial com seus amigos e parentes queridos.
Provavelmente pensaria também sobre como sua vida poderia ter um impacto maior dentro desse tempo
limitado.
O que você pararia de fazer? Se tivesse que parar de fazer quatro atividades, quais seriam?
1.
2.
3.
4.
O que começaria a fazer? Suas prioridades mudariam? Qual seria o enfoque principal de sua vida
para os próximos três anos?
Jesus tinha de considerar estas perguntas. Desde o começo de Seu ministério, Ele sabia que Seu
tempo aqui na terra seria limitado. E sendo limitado, Suas atividades também tinham que ser limitadas
(Lc 4.42-44; Jo 2.4). Pensemos por um momento sobre as coisas que Ele não fez, marcando as corretas:
Então, o que Jesus fez?!? Tinha um ministério público e um ministério particular. No público, ele
ensinava, pregava o evangelho do reino e curava toda sorte de doenças (Mt 4.23; 9.35). No ministério
particular, ele fazia discípulos. Para nós que queremos ser como Jesus, pode haver algumas limitações
quanto a fazer o ministério público que Ele fez. A maioria de nós não tem os dons e a graça para tal
ministério. Mas todos nós temos a possibilidade de desenvolver o ministério particular de Jesus: o fazer
discípulo.
50
Vamos estudar três alicerces quanto a visão de Cristo e a prática de fazer discípulos. Podemos
visualizar desta forma:
3. Como Discipular?
2. Porque Discipular?
1. O que é Discipulado?
O primeiro alicerce é entender bem o que é o discipulado. Muitas pessoas são tentadas a pular
este alicerce. Não gostam de definir bem as coisas e preferem ir diretamente para assuntos emocionantes,
como o segundo alicerce da visão. As pessoa que fazem isto muitas vezes se esforçam grandemente sem
ter o resultado de fazer discípulos. Trabalham muito. Pode ser que formem pessoas que os seguem,
pessoas leais à denominação, pessoas que aceitam tudo o que lhes for ensinado, ou pessoas que apareçam
todo dia na igreja. Mas pode ser que nunca cheguem a fazer discípulos. Quantas de nossas igrejas se
encontram nesta situação hoje? Faça um cálculo. Que porcentagem de igrejas se encontram nesta
situação?
O segundo alicerce é estabelecer a visão do discipulado: o por quê. Muitas pessoas também
querem pular esta fase, são ativistas que querem chegar diretamente às atividades e métodos de como fazer
discípulos. Mas estas pessoas não têm raízes profundas na visão de Cristo. Como na parábola do semeador
(Mt 13.1-23), quando surgem problemas e provas, estas pessoas não tem uma base suficientemente forte
para continuar persistindo no discipulado. Desistem ... Voltam para trás... Não entram no gozo pleno de
seu Senhor.
Responda a esta pergunta: Como cada terreno se aplica a nós e ao nosso estudo do discipulado
nestes dias?
1. A beira do caminho:
2. Solo rochoso:
3. Os espinhos:
4. Boa terra:
E você? Sendo honesto, nesta época de sua vida, com qual destes quatro tipos de terreno você mais
se identifica?
O terceiro tipo desenvolve os métodos de como fazer discípulos. Existem algumas pessoas que
têm uma boa idéia do que é um discípulo e procuram ser um bom discípulo. Pode ser que essas pessoas
até tenham uma visão quanto à grande importância de fazer discípulos. Mas ficam frustradas porque não
sabem como fazê-lo. Este estudo procura responder a essa frustração.
AUTO-AVALIAÇÃO
51
Esta folha reflete o esboço do seminário de treinamento para discipuladores. Os itens seguintes
não têm respostas "corretas". A única resposta correta é a que mais verdadeiramente descreve sua
habilidade atual. Use a seguinte escala:
3. Eu posso comunicar uma visão convincente quanto a fazer discípulos e dar pelo menos quatro razões
pelas quais é tão importante. ________
4. Eu posso indicar quem foi o discipulador mais importante do Novo Testamento depois de Cristo e
identificar-me com sua forma de discipular. ________
5. Eu posso indicar pelo menos cinco disciplinas bíblicas praticadas pela igreja primitiva que levam a
uma renovação contínua de minha visão. Estou praticando essas disciplinas, mantendo assim, minha
energia e visão. ________
6. Eu posso escolher as pessoas com quem vou estar comprometido no discipulado, usando pelo menos
três processos bíblicos e tendo critérios claros quanto a seleção. ________
7. Total: __________
Se sua média é três ou menos, você está no lugar certo! Num certo sentido quanto mais baixa sua
nota, melhor! Pessoas com notas baixas vão aproveitar mais o treinamento. Esperamos que no final, sua
nota média em cada um dos seis itens seja quatro.
Qual a maneira de um grão de trigo se multiplicar? Não é sendo saudado nem honrado, porém caindo no
solo para morrer (Jo. 12:24). Jesus era este grão de trigo: era-lhe necessário morrer para que a vida divina
no seu interior pudesse se multiplicar. Este é o princípio de vida para produzir e expandir a igreja. Se um
grão de trigo não cair na terra nem morrer, permanecerá um grão e nunca produzirá nada. Mas, se negar-
se a si mesmo e morrer, crescerá, e um único grão tornar-se-á muitos. Esses muitos grãos ou muito fruto
é a igreja. Esta tem de ser a maneira de trazer a igreja a existência e expansão.
Jesus morreu a fim de que seu elemento divino, sua vida divina, pudesse ser liberada de dentro de sua
envoltura de humanidade, para produzir muitos através da sua ressurreição (I Pe. 1:3). Em outro aspecto,
ele foi levantado no madeiro como Filho do Homem para atrair todos a si mesmo (Jo. 12: 32). O propósito
desta morte é: Produzir muitos grãos – atrair todos os homens a Ele (Jo. 12:32); Liberar o elemento divino
– a vida eterna (Jo. 12: 23,28); Julgar o mundo e expulsar seu dominador (Jo. 12: 31). Foi por sua morte
que o Senhor foi glorificado e glorificou a Deus Pai.
Através da sua morte e ressurreição o elemento divino é liberado e manifestado – e o Pai é glorificado
pela glorificação do filho. O elemento divino estava confinado em sua carne, assim como o elemento de
vida, como um grão de trigo está confinado dentro de sua casca. O grão tem de morrer para que o elemento
da vida, que está no seu interior, posa ser manifestado e glorificado – o mesmo ocorreu com o elemento
divino de Jesus. O elemento divino do Pai, que é a vida eterna, estava no Filho encarnado. A sua carne
tinha de ser partida para que a vida eterna pudesse ser liberada e manifestada em ressurreição. Essa foi a
glorificação de Deus Pai na glorificação do Filho. Se a semente cair na terra, morrer e crescer, toda a
beleza de seu interior será manifesta. Isso é a Glória.
O mundo é um sistema maligno, sistematizado por satanás. De modo que ele domina os setores da
humanidade a fim de prender pessoas e frustrá-las do propósito de Deus. A morte do Senhor na cruz,
julgou este sistema maligno, o reino das trevas, e o seu príncipe foi expulso. Na cruz o Senhor, como Filho
do Homem, foi levantado “em semelhança na carne pecaminosa” (Rm. 8:3). Satanás, “a antiga serpente”
(Ap. 12:9) corrompeu a carne do homem. Através da Sua morte na cruz “em semelhança da carne
pecaminosa”, o Senhor destruiu satanás que atua na carne do homem (Hb. 2:14). Dessa maneira, o mundo
que estava apoiado nele foi também julgado. Agora, por meio da morte de Jesus, somos redimidos, livres;
temos a vida eterna e vencemos o mundo. Baseados nesse princípio, se quisermos que a Igreja produza,
temos de morrer. É pela cruz que a Igreja vem a produzir; Deus é glorificado e satanás e o mundo são
julgados.
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Mas, como morremos? “Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la á
para a vida eterna” (Jo 12:25). A palavra “vida” neste versículo no grego significa alma ou vida (Mc. 8:34,35).
Isso significa que quando você negar e rejeitar a sua alma, a sua vida natural, o seu ego, a Igreja surgirá, Deus
será glorificado e satanás será julgado e expulso.
O Senhor, como um grão de trigo caindo na terra, perdeu sua vida de alma por meio da morte, a fim de que,
na ressurreição, liberasse a vida eterna para os “muitos grãos”. Nós, como os muitos grãos, precisamos perder
a nossa vida por meio da morte, a fim de podermos desfrutar a vida eterna em ressurreição. Isso significa
segui-lo e servi-lo, ou seja, ser um discípulo de Jesus Cristo.
1º - Morte de si mesmo
O chamado de Cristo para o discipulado é um chamado para a morte do eu, uma entrega absoluta a Deus.
Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, e, dia a dia, tome a sua cruz e siga-me”
(Lc. 9:23). “Segue-me” sempre tem sido uma ordem, nunca um convite (Jo. 1:43).
Ninguém pode interpretar, “Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos céus” (Mt. 4:17), como uma
súplica; Jesus ordenou a cada pessoa que renunciasse a seus próprios interesses, abandonasse seus pecados e
obedecesse completamente a Ele. “Se alguém me serve, siga-me” (Jo. 12:26). A obediência a ordem de Cristo
“Segue-me”, resulta na morte de si mesmo.
O cristianismo sem a morte de si mesmo é apenas uma filosofia abstrata. É um cristianismo sem Cristo.
Deus dá a salvação aos homens principalmente para trazer glória a Ele através de um povo que tem o caráter
de seu Filho (Ef. 1:12). A glória de Deus é mais importante do que o bem-estar do homem (Is. 43:7).
Cristo não pode ser o Senhor da minha vida se eu for o Senhor dela. Para que Cristo esteja no controle, eu
tenho de morrer.
Como, está auto renúncia determinada, se manifestaria em minha vida? “Porque eu, pela lei, estou morto para
a lei, para viver para Deus. Estou crucificado com Cristo, logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim”. (Gl. 2:19, 20). A ordem de Cristo “segue-me” é um mandado para participar de sua morte a fim de
experimentar nova vida. Você se torna um morto – vivo totalmente consagrado a Ele.
As qualificações de um “morto”
O morto já não se preocupa com os seus próprios direitos; (2) O morto não se preocupa com sua
independência; (3) O morto não se preocupa com as opiniões dos outros a seu respeito. Ao unir-se com Cristo
crucificado, as coisas que o mundo tanto almeja, riquezas, segurança e status, perdem o valor (Gl. 5:24).
A pessoa que toma a cruz, que está crucificada com Cristo, não fica ansiosa pelo amanhã porque o seu futuro
se encontra nas mãos de outro. O morto é liberto a fim de fazer todas as coisas para a glória de Deus (Rm.
8:10). Ele coloca tudo o que tem e tudo o que é a disposição permanente de Deus, sua submissão ao senhorio
de Cristo. A morte capacita a pessoa a agradar a Deus em cada decisão que toma, em cada palavra que diz, e
em cada pensamento que tem. O discípulo vê toda a sua vida e todo o seu ministério como adoração (I Co.
54
10:31).
Qualquer pessoa que não tenha experimentado a “morte do eu”, não pode se qualificar como elo legítimo no
processo de discipulado, porque é incapaz de reproduzir. Jesus ensinou: “Se o grão de trigo, caindo na terra,
não morrer, fica ele só; mas se morrer produz muito fruto” (Jo. 12:24). Sem reprodução não existe
discipulado.
2º - Reprodução
Jesus ordenou que seus discípulos reproduzissem em outros a plenitude de vida que encontraram nEle (Jo.
15:8). Ele avisou que “Todo ramo que estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa,
para produza mais fruto ainda” (Jo. 15:2). Um discípulo maduro tem de ensinar a outros crentes como viver
uma vida que agrade a Deus, equipando-os a treinar outros e assim por diante (II Tm. 2:2). Todo discípulo
faz parte de um processo, parte do método escolhido por Deus para expandir seu reino através da reprodução.
Jesus fez discípulos e ordenou a seus discípulos que fizessem discípulos (Mt. 28:19). O discipulado é o único
meio de se produzir tanto a quantidade como a qualidade de crentes que Deus deseja. O discipulador sabe que
a responsabilidade continua até que seu discípulo chegue à maturidade espiritual e a capacidade de reproduzir.
Discipulado é reprodução de qualidade que assegura que o processo da multiplicação espiritual continuará de
geração a geração.
A fé é um dos ingredientes mais importantes no discipulado (Hb. 11:1). O discípulo tem que ser uma pessoa
de fé, pois sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11:6). A fé é baseada em fatos, é agir sobre algo que se
sabe ser verdade. Isto contrasta com a esperança, onde se espera que algo aconteça. A fé crê que Deus fará
ou já terá feito alguma coisa, e não que ele apenas possa fazê-la.
Jesus Cristo comissionou seus servos a fazer discípulos de todas as nações, a pregar o evangelho a toda
criatura (Mt. 28:19; Mc. 16:15). Eles poderiam ter gasto o resto da vida debatendo a improbabilidade de
realizar a tarefa. Como atingiriam o mundo todo? Não tinham aviões ou ferrovias, nem mesmo carros. Como
atingiriam as massas sem televisão, rádio, plano de salvação impresso? Eles não tinham nem o Novo
Testamento. Mas, Cristo prometeu-lhes autoridade, o poder do Espírito Santo e sua presença contínua. Eles
criam nEle e agiram por fé na sua Palavra. É assim, a fé vem pela pregação, e a pregação pela Palavra de
Cristo (Rm 10:17). Ao estudar e aplicar a Palavra de Cristo aprendemos como que ela funciona! Aqui está a
parte mais importante da armadura do discípulo de Cristo - a Fé (Ef. 6:16).
“Visto que andamos por fé, e não pelo que vemos” (II Co. 5:7). A fé é imprescindível para uma vida de
excelência porque só ela capacita o discípulo a andar em confiança e maturidade. A fé permanece em
oposição completa a uma vida controlada por emoções. A fé olha além das circunstâncias para um Deus que
não muda – Aleluia!!!
O discipulado é o processo pelo qual somos formados e treinados para produzir Cristo. Na grande comissão,
55
Jesus deixou-nos a responsabilidade de ir e fazer discípulos de todas as nações (...) ensinando-os a guardar
todas as coisas (Mt. 28:19,20). Vejamos portanto, as características desse processo de discipulado.
Discípulos: Aluno de algum mestre: tal como os discípulos de João Batista (Mt. 9:24), ou de Jesus (Mt.
5:1). Os apóstolos de Jesus também foram discípulos, eles aprendiam vendo, ouvindo e imitando o Mestre.
Exemplo: os 70 enviados por Jesus.
Apóstolos: Quer dizer enviado. É a pessoa que foi comissionada e enviada com algum cargo. Aplica-se aos
doze discípulos escolhidos por Jesus para serem os seus companheiros e colaboradores (Mc. 3:13-19)
Os três mais próximos: Pedro, Tiago e João. Estavam sempre com Jesus nos momentos mais íntimos, com
quem o Senhor Jesus compartilhava suas angústias.
❖ Negar a si mesmo. Negar o egoísmo que é a patologia do eu. É a morte do eu, que significa uma
entrega absoluta a Deus (Lc. 9:23); Identificar-se com o mestre, que é a marca do verdadeiro
cristianismo. O morrer precisa ser diário (Gl. 2:19,20); Satanás sempre tenta nos tirar da cruz (Mt.
16:21,23);
❖ Deixar pai, mãe, irmãos, mulher, filho... Significa amar menos os familiares; Jesus deseja que nossa
lealdade e amor a Ele sejam superiores a todos (Lc. 14:25,26);
❖ Renunciar a tudo quanto tem. Não significa abandonar tudo quanto temos, mas que tudo quanto
temos deve ser colocado a serviço de Cristo e sob sua direção (Lc. 14:33);
❖ Ter disposição e disponibilidade. Não existe discípulo sem se ter tempo para estar junto;
❖ Conhecer a vontade do mestre e exercê-la (Lc. 10:1,3; 6:46).
No caso do discipulado ministerial além das características citadas anteriormente, agregamos: Deve ser um
chamado segundo a soberania divina ( Lc. 6:13); Deve-se buscar incessantemente a santificação (Jo. 17:17);
e Se despojar de tudo (Lc. 9:3,5).
Palavra: A maneira como se fala é um instrumento precioso para medir a saúde espiritual porque reflete o
caráter.
Conduta: O comportamento deve produzir respeito a Cristo que habita em nós. A excelência da conduta
deve começar em casa.
Amor: Resumo total da lei de Cristo. O cuidado que você tem pelos outros é a medida da sua grandeza.
Fé: No discipulado a pessoa tem que ter fé, pois sem fé é impossível agradar a Deus.
Pureza: Pureza é a separação da poluição e do pecado pelo poder purificador do sangue de Cristo. Três
elementos que dão poder para andar em pureza: Mente pura- encher sua mente da palavra de Deus; Corpo
cristão saudável; e, confessar voluntariamente sua impureza e aceitar perdão de Deus.
Para que se transforme a disposição em dar frutos no discipulado na a capacidade de reproduzir, o ambiente
tem de incluir diversos elementos. Esses elementos são a dinâmica do discipulado. Uma vez que se tornem
parte natural do discipulado, produzirão um caráter piedoso. Estaremos prontos para reproduzir, quando
entendemos esses elementos tão bem que possamos transmitir a outros. Vejamos quais são esses elementos:
Adoração: o principal propósito é honrar e glorificar a Deus. Adoração é a atitude que expressa amor, temor
e respeito por Deus. É bom ser espontâneo e ter liberdade na adoração. Deus não determinou nenhuma forma
rígida para se seguir. Pode ser feita através da leitura, citação e música, pode ser nas refeições, na oração, no
bater de palmas, no tocar de um instrumento ou simplesmente ao se inclinar a cabeça em humilde adoração.
A base para a correção; molda o caráter; facilita a adoração e a comunhão. Comece por memorizar um
ou dois versículos de cada vez.
Oração: a oração nos coloca na presença de Deus; produz paz, confiança e calma; ajuda a focalizar a mente
somente em Deus, que é a nossa força, e a não ficar somente pensando nos temores.
Comunhão: é a oportunidade para compartilhar os fardos e confessar os pecados um para o outro, e orarem
especificamente. É a oportunidade para se regozijar com as vitórias; para animar através das escrituras; para
pedir a Deus proteção, crescimento e sabedoria; para ministrar.
Ensino: ajuda a estimular o aprendizado de princípios, doutrinas, e outros ensinamentos bíblicos; ajuda a
estimular o raciocínio, o pensamento, a opinião (através de perguntas e respostas). É preciso, entretanto, estar
bem preparado e se deve ser criativo para se ter um bom resultado.
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Compromisso: é um fator muito importante no discipulado, bem como no Reino de Deus. Sem compromisso
não se demonstra uma paixão ardente por Jesus e o Reino.
No discipulado necessita-se, às vezes, desenvolver estratégias para se alcançar o alvo. As estratégias devem
ser específicas, claramente definidas e atingíveis. São três os elementos vitais que precisam ser incluí dos em
toda estratégia para eliminar a fraqueza (aumentar a perseverança): (1) estudo bíblico; (2) modelos positivos
- é possível obedecer a Deus na área de sua fraqueza; (3) aplicação prática - se envolver em atividades que
ajudem a corrigir a fraqueza.
O discipulado não pode ser separado da paternidade responsável. O pai espiritual, como o pai físico, é
responsável perante Deus pelo cuidado e pela alimentação do seu filho. A pessoa que faz discípulos sabe que
a responsabilidade continua até que seu discípulo chegue a maturidade espiritual, à capacidade de reproduzir.
A pessoa que faz discípulos só fica sabendo quão eficazmente ensinou seu aluno quando ele vê o aluno de
seu aluno ensinando a outros (Ex.: PAULO – TIMÓTEO – HOMENS FIÉIS – OUTROS).
Com os Discípulos: orar por eles (Jo. 17); não ser egoísta (Lc 9:27-33); Não ser o maior ou o melhor (Lc.
22:24-27; Mc. 10:41-45).
Com outros Grupos: não ser sectário ( Lc. 9:49-50); não julgar; não fazer acepção; honrar ministérios (Lc.
7:28); ser humilde.
Com os Incrédulos: ter amor, compaixão, solidariedade e misericórdia, paciência; interesse maior na
salvação; buscar a paz. (Lc. 10:25-36; 9:55-56; 10:5-6).
Com a família: ter tempo, prioridade é a família, pois, a multidão concorre com a família (Lc. 8:19); ter
equilíbrio; saber obedecer; proteger. (Jo. 19:26-27)
Embora Jesus chamasse a todos para serem discípulos, Ele testava-os, pois para ser discípulo-discipulador,
não basta começar bem aceitando o convite, mas também perseverando no chamado.
“Seja como eu sou” - Como Cristo, sua tarefa mais importante é oferecer um modelo de excelência ao seu
discípulo; por isso antes de reproduzir em alguém você tem que andar como Cristo andou.
Treinamento prático:
É o momento de “deixá-lo”. O seu relacionamento continua, mas o foco muda, assim como o relacionamento
de Cristo mudou com a sua ascensão. Estamos convencidos de que o treinamento de outros para que treinem
outros é uma das maiores alegrias que Cristo nos permite experimentar. Mas exige enorme esforço e grande
concentração de energia e de vontade.
1. Calor Humano: atitude de amor e bondade. O amor de um pelo outro é o indicador mais significativo do
amor a Cristo. O discípulo é um amigo, não um projeto espiritual, por isso: Escute as mágoas e tristezas,
conforte.
▪ Valorize seus interesses, alegrias e também preocupações. Sirva a ele com alegria.
▪ Seu amor a ele é baseado no compromisso. Anime-o e edifique-o
▪ Tenha perdão, paciência e compreensão.
▪ Diga que o ama. Você pode fazer através de atitudes, telefonemas, caronas, flores, cartão, presentes,
ou seja, atitudes materiais.
▪ Sua relação tem que se centrar em Cristo e não no eu. Ele tem de ter a segurança de que o seu amor
não será modificado pelas falhas que ele tem, ou por ele ser humano. Se você fala do amor
incondicional de Deus e mostra desprezo quando o discípulo admite algum pecado, os seus atos,
negam as suas palavras.
▪ Tenha percepção para dizer a coisa certa ou fazer sem magoar. Não ache que ele tem que ter mudança
rápida; tudo leva tempo.
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2. Lealdade
▪ Fique ao lado dele nos problemas e nas alegrias, enfrentem as crises juntos.
▪ Se ele falhar não expresse que foi falta de fé ou que há a possibilidade de o abandonar; neste caso
compartilhe do seu desapontamento somente com seus líderes.
3. Equanimidade = Imparcialidade
▪ Exige que sejamos imparciais, porque Deus não faz acepção de pessoas. As pessoas têm diversas
origens, capacidades intelectuais variadas, personalidades singulares e potenciais diferentes.
4. Maturidade
▪ Andar firme e fiel a Deus. Você tem que ser constantemente maduro. O discípulo aprenderá a servir,
a ser sensível e a ter responsabilidade através do seu exemplo.
▪ O discípulo também verificará se você vive aquilo que ensina ou não. Ele observará mesmo
5. Disponibilidade
▪ Se você for solteiro, você tem que ter uma resolução segura de manter o seu discípulo como
prioridade.
▪ Você e o discípulo precisam ter acesso máximo um ao outro. Deve haver: treinamento, estudo
bíblico, responsabilização, comunhão, troca de experiências e fazerem coisas juntos.
▪ Invista nele e desafie-o
▪ Gaste seu tempo com ele.
6. Paciência
Comunique-se: Compartilhe suas lutas, dores e desapontamentos, como também suas alegrias, vitórias,
sonhos, e realizações, logo seu discípulo fará o mesmo.
Atenção: Compartilhe de modo construtivo, não exagere na comunicação; nem ponha preocupações e
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dificuldades para que ele carregue. Seja sensível a direção de Deus com relação ao que e quando
compartilhar.
Escute: Quando ele falar com você preste atenção ao que ele tem a dizer. Sua atenção diz que você se
importa com ele. Demonstre através de afirmativa verbal que você o compreende. Faça perguntas que o
sondem e o animem a se abrir. Não o interrompa.
Esteja aberto as críticas: Permita que ele faça críticas. Escute atentamente.
8. Motivação:
Desejo que nos impele a ir ao encontro de nosso propósito.
A motivação estimula o seu discípulo a ser a pessoa de Deus a ministrar efetivamente e com alegria.
(1) Direção – é necessário que haja direção em sua própria vida para que você possa conduzir o seu discípulo.
Ex.: Se você estiver crescendo na palavra, e estiver aplicando-a nas suas decisões diárias, seu discípulo será
motivado a fazer o mesmo;
(2) Visão – anime regularmente a visão que seu discípulo tem do discipulado. Paulo deu treinamento aos
Tessalonicenses – resultado – o seu ministério se expandiu. Relembre a ele que fazer discípulos leva tempo e
energia, mas produz frutos permanentes. Ajude a ele a manter o alvo de fazer discípulos;
(3) Confiança – uma pessoa confiante é estável e inabalável sob pressão, porque descansa num Deus imutável
e coerente. Ajude o seu discípulo a encontrar confiança em Cristo;
(4) Urgência – A compaixão pelos outros e o conhecimento da volta eminente de Cristo exige que tenhamos
pressa. CUIDADO se este senso de urgência for grande demais, o seu discípulo pode desanimar por causa da
pressão.
BIBLIOGRAFIA
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SALINAS, Daniel & ESCOBAR, Samuel. Pós-Modernidade: novos desafios à fé cristã. ABU Editora, 1999.