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UFPE – CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
FILOSOFIA DA NATUREZA. Professor: Thiago Aquino
Resumo: Este texto pretende tratar do problema "como é possível uma ciência pura da
natureza?", tendo como horizonte teórico a obra de Immanuel Kant: "Prolegômenos a toda
Metafísica Futura - que queira apresentar-se como ciência" entre outras obras do filósofo. Neste
contexto, haverá uma elucidação do contexto histórico - no sentindo de uma fomentação do
problema dentro do contexto da filosofia moderna vivido na época - , bibliográfico - no
sentindo de buscar outras obras de Kant para temperar a discussão - e Biográfica - no sentido
de contar um pouco a história de Kant, sua visão privilegiada dos problemas filosóficos em sua
época crítica e seus objetivos - do filósofo enquanto expomos partes de sua obra "prolegômena"
para a fundamentação teórica do assunto abordado - o problema da possibilidade de uma
ciência pura da Natureza - . A análise do discurso (hermenêutica) será o método escolhido para
abordar o desenvolver do problema dentro das obras kantianas apresentadas no texto e chegar
à resposta dada pelo filósofo alemão a esta questão.
Palavras-chave: Filosofia, Natureza, Kant, Prolegômenos.
INTRODUÇÃO
Porém, ainda em sua passagem do período pre-crítico para o crítico, Kant já tinha uma
preocupação que aparece mais notoriamente em sua Crítica da Razão Pura. “Será que a
Metafísica é possível como ciência?”. O filósofo alemão compara a Metafísica com as Ciências
(matemática, aritmética, geometria e a física) percebendo que enquanto as ciências formulavam
um problema e as respondiam de forma objetiva gerando duas características do avanço das
ciências (1) a resolução objetiva que nos remete ao avanço das ciências e (2) a concordância
destes cientistas nas formulações e conclusões de suas teses. Na Metafísica (ou a filosofia em
geral) se formula um problema e as escolas de filosofia ao invés de resolvê-los de maneira
objetiva assim como nas ciências, eles se divergem entre si sobre este mesmo problema e não
avançam, tomando como parâmetro o fato de que pensadores metafísicos da Idade Antiga e
Média permanecem com os mesmos problemas (Deus, O Infinito, A Alma) sem nenhuma
resolução concordável entre si. Para Kant enquanto uma escola afirma o problema sobre um
resultado positivo (o que Kant vai chamar de Dogmatismo). Outra escola, nega o resultado
deste problema. E outra escola ainda afirma que o problema não tem o menor sentido (os
Céticos, ou o Ceticismo). Sendo assim, Kant encontra-se em uma briga entre Céticos e
Dogmáticos. E daí objetiva que a Filosofia, ela mesma, possa a ser uma ciência e ser tratada
como tal. Entretanto, antes de fazer uma “Filosofia Científica”, não seria necessário saber se a
Metafísica é possível enquanto ciência?
Para que a Metafísica possa ser científica, ela deve poder funcionar de modo igual
funcionam as ciências. As ciências por sua vez, se formam através do que Kant vai chamar de
Juízos (ou proposições) e expõe em sua obra que existem dois tipos de juízos. Os Juízos
Analíticos e Juízos Sintéticos:
[...] Ora, seja qual for a origem dos juízos ou a natureza da
sua forma lógica, existe neles, quanto ao conteúdo, uma
diferença em virtude da qual são ou simplesmente
explicativos, sem nada acrescentar ao conteúdo do
conhecimento, ou extensivos, aumentando o conhecimento
dado; os primeiros podem chamar-se juízos analíticos, e os
segundos, sintéticos.
Kant, Prolegômenos a toda Metafísica futura. 2003 (Título
original: Prolegomena zu einer jeden kiinftigen Metaphysik © Edições 70
Tradução de Artur Morão Capa de Jorge Machado Dias Todos os direitos
reservados para a língua português por Edições 70, Lda., Lisboa —
PORTUGAL pag 24 )
Sendo assim, os Juízos Analíticos são aqueles cujo o que se diz no predicado sobre o
sujeito já estava contido no significado do sujeito (ex: Todo corpo tem extensão), o que faz
com que não precisemos nos fundamentar na experiência empírica para validar ou não tal
proposição. Daí o enunciado que afirma que os juízos analíticos de nada acrescenta de novo ao
significado do sujeito pois o que se diz sobre ele já é sabido de antemão. No caso dos Juízos
Sintéticos, o que se diz sobre o sujeito no predicado não está contido no conceito do sujeito
(ex: O quadro é Branco). Pois não está contido no conceito de “quadro” o conceito de “branco”.
Desta forma, a problematização sobre estes juízos nos leva a consequências. os Juízos
Analíticos são “a priori” pois o que se fala sobre o sujeito no predicado já está contido de
antemão no significado do sujeito. E os Juízos Sintéticos são “a posteriori” pois o que se diz
do sujeito no predicado não estava contigo nele de antemão e necessita do auxílio da
experiência para validar ou não tal juízo (Ex: convocar a experiência empírica dos meus
sentidos – de preferência a visão - para confirmar se de fato “o quadro é realmente branco”).
Kant nos revela que os juízos que realmente ampliam o nosso conhecimento são os
Juízos Sintéticos, pois eles adicionam ao nosso conhecimento informações que não estavam
presentes “a priori”, adicionando novas informações sobre o objeto:
Porém, Kant nos apresenta enunciados científicos que são Juízos Empíricos que por
definição são sempre sintéticos que estão presentes nos objetos “a priori”, pois fazem parte da
constituição do objeto em si em todas as suas aparições dentro da nossa sensibilidade. Estas
seriam proposições fundamentais da Aritmética, da Física e da Geometria. Por exemplo: “Todo
Corpo é Pesado” (crítica da razão pura, Immanuel Kant, tradução de Manuela Pinto dos Santos
e Alexandre Fradique Morujão, Introdução e Notas de Alexandre Fradique Morujão 5ºedição
2001, A4). Vemos um enunciado que anuncia uma descoberta da física (ou seja, uma
descoberta sintética que não estava presente no significado de corpo) mas que serve para todo
e qualquer corpo que já tenhamos encontrado, que existe ou que ainda vão existir no futuro.
Ou seja, é a priori que todo corpo encontrado em nossa experiência sensível seja pesado. Com
isso, Kant nos chama a atenção para o que ele vai chamar de Juízos Sintéticos a priori, pois
estes não estão contidos no conceito do sujeito, mas estarão “a priori” presente neste sujeito
em qualquer circunstância espaço-temporal. E assim, Kant nos mostra que as ciências avançam
com seus Juízos Sintéticos “A Priori” portanto, a filosofia (e a metafísica) também devem
poder avançar em suas discussões (geralmente dogmáticas ou céticas) através de proposições
sintéticas a priori.
Para responder a tal questão, primeiramente Kant se ver sob o problema “Como são
Possíveis Proposições Sintéticas a priori”? Quais são as condições de possibilidade de uma
proposição como por exemplo “Todo corpo é pesado”? Para responder tal pergunta, (1) é
necessário ter em mente, representações do “todo”, “corpo” e do “é (verbo ser)” em conjunto
com (2) representações sensíveis de eu poder “ver” um corpo e poder medir ou de alguma
forma “sentir” o seu peso. Então, a partir daí, Kant chega à conclusão de que o conteúdo de
uma proposição é ao mesmo tempo Intelectual e Sensível e a relação entre as Representações
Intelectuais e as Relações Sensíveis devem poder ser conectadas através de princípios “puro da
razão”. Ou seja, deve haver um princípio que me faz conectar o objeto corpo ao conceito de
corpo e o conceito de peso ao objeto pesado, desta forma temos proposições sintéticas com
sentido racional.
Isso também serve de base para fundamentar seu pensamento fenomenológico
possivelmente herdado de David Hume. Kant vai defender ao distingüir Noumena (Coisa-em-
sim) do Pheanomena (aparência) a afirmação que só se podemos conhecer a aparência das
coisas e não sua essência. A coisa-em-si só se mostra pelo entendimento:
[...] No entanto, quando denominamos certos objetos,
enquanto fenômenos, seres dos sentidos (phaenomena),
distinguindo a maneira pela qual os intuímos, da sua
natureza em si, já na nossa mente contrapormos a estes
seres dos sentidos, quer os mesmos objetos, considerados na
sua natureza em si, embora não os intuamos nela, quer
outras coisas possíveis, que não são objetos dos nossos
sentidos (enquanto objetos pensados simplesmente pelo
entendimento) e designamo-los por seres do entendimento
(noumena)
A Metafísica, quando formula suas perguntas sobre Deus, da Alma, do Infinito não
consegue que seus conceitos possam ter referência objetiva com objetos dados ou construídos
pela sensibilidade pois o conceito de Infinito não se refere a nenhum objeto dado espaço-
temporalmente. O mesmo para o conceito de Deus e de Alma, portanto, o resultado da crítica
da razão pura, é que a metafísica não é possível como ciência. Além de desenvolver um método
de análise do “a priori” do conhecimento, a filosofia transcendental e usá-la como analise toda
filosofia.
No entanto, a Crítica da Razão Pura não foi aceita de braços abertos por todos os
pensadores da época como Kant objetivou primeiramente. Um dos motivos foi o fato de muitos
não terem avaliado como convém a própria problemática a qual a crítica nos chama a refletir
(já que muitos pensadores não de outras áreas do saber, mas que conseguiram seu sucesso
intelectual através da Metafísica, teria que colocá-la em “xeque” para analisá-la criticamente).
Houveram muitos apontamentos críticos a sua obra e alguns deles foram sobre sua
popularidade ou a escrita atraente (como a dos ingleses) e acabaram influenciando o filósofo
Alemão para a produção de uma nova obra:
[...] Não será avaliada como convém, porque não se compreende; não será
compreendida porque tem, sem dúvida, de se folhear o livro, mas sem prazer
em o repensar; e não se quererá dispender esse esforço porque a obra é árida,
obscura, contrária a todos os conceitos habituais e, além disso, extensa.
Confesso, no entanto, que não esperava ouvir da parte de um filósofo queixas
por causa da falta de popularidade, entretenimento e agrado, quando se trata
da existência de um conhecimento conceituado, indispensável à humanidade,
e que não pode estabelecer-se senão de acordo com as regras mais severas
da exactidão escolástica; poder-se-á, sem dúvida, vulgarizar com o tempo,
mas não desde o início. Só no tocante a uma certa obscuridade que, em parte,
provém da extensão do plano, na qual não se podem abranger os pontos
principais a que se chega neste estudo, é justificada a queixa e a isso queria
eu obviar com os presentes Prolegómenos.
Bem, já expus que a Modernidade vive um cabo de guerra sobre a verdade sobre o
Conhecimento. Vimos que Imannuel Kant nasce como uma síntese desta guerra entre grandes
pensadores Modernos e tivemos um pouco de ideia sobre seu projeto para uma Filosofia
Científica. Lemos que para Kant, a ciência se desenvolve através de Juízos Sintéticos a priori
e, portanto, a filosofia também deveria seguir tal via. Expomos um sistema desenvolvido por
Kant de Investigação Crítica que não é cético e nem dogmático e que com o nome de Filosofia
Crítica, Filosofia Transcendental ou Filosofia Kantiana se dá através de uma investigação dos
princípios “a priori” do conhecimento. E vimos como, em parte, nasce a necessidade de uma
elucidação dos conhecimentos expostos na Crítica da Razão Pura e o nascimento dos
Prolegômenos.
Agora nos Prolegômenos, o filósofo alemão reproduz sua crítica sobre a possibilidade
de uma metafísica já presente na Crítica da Razão Pura com novos cortes. Em sua introdução
ele nos remete as críticas de Locke e Hume e nos conta como Hume o acordou de seu sonho
dogmático (pre-crítico). Exemplificando seu projeto anterior na Crítica da Razão Pura, Kant
escolhe a matemática para tematizar o problema “Como é Possível um conhecimento Científico
(em principal o matemático). E usar esta condição de possibilidade para fomentar que a
metafísica não é possível como ciência pois um conceito sem representação não pode ser
verificado e nem validado objetivamente. Porém, há nesta problemática da possibilidade do
conhecimento matemático chaves para o entendimento da possibilidade de uma ciência pura
da natureza a qual a filosofia possa refletir sobre.
O conhecimento matemático se dar através da Intuição Pura, pois este princípio a priori
da experiência subjetiva se conecta de alguma forma com a matemática:
[...] Chamo puras (no sentido transcendental) todas as
representações em que nada se encontra que pertença à sensação. Por
conseqüência, deverá encontrar-se absolutamente a priori no espírito a forma
pura das intuições sensíveis em geral, na qual todo o diverso dos fenômenos
se intui em determinadas condições. Essa forma pura da sensibilidade
chamar-se-á também intuição pura. Assim, quando separo da representação
de um corpo o que o entendimento pensa dele, como seja substância, força,
divisibilidade, etc., e igualmente o que pertence à sensação, como seja
impenetrabilidade, dureza, cor, etc., algo me resta ainda dessa intuição
empírica: a extensão e a figura. Estas pertencem à intuição pura, que se
verifica a priori no espírito, mesmo independentemente de um objeto real dos
sentidos ou da sensação, como simples forma da sensibilidade.
Sendo a Sensibilidade uma Intuição de pura receptividade, que recebe suas informações
constantemente e de maneira intuitiva de forma a sermos afetados pelo objeto que são
ressignificados pelo Entendimento ou um sistema de Conceitos que é espontâneo e
determinante às informações, seria correto inferir de ambas as obras kantianas que todo
conhecimento matemático se apoia numa intuição que não é empírica, mas pura a priori. Seus
juízos são intuitivos. Pela intuição pura a matemática representa in concreto seus conceitos a
priori, construindo-os. O juízo sintético a priori, encontra-se na intuição pura anterior à
experiência ou percepção particular.
O problema das percepções aparece novamente aqui. Se nossas intuições (sentidos) têm
acesso apenas aos fenômenos e não a “coisa-em-si" e este se apresenta para o Entendimento
em forma de conceitos se faz necessária uma análise transcendental do Entendimento. O
entendimento não pode fornecer a priori nenhuma regra das coisas em si. A experiência ensina
o que existe e como existe, pois, a natureza é a existência das coisas como leis universais
determinantes. Porém, a posteriori a experiência nunca mostra como a coisa deve ser
necessariamente e não de outra forma. Portanto, não se pode ensinar a natureza das coisas em
si.
A natureza é a existência das coisas enquanto esta é
determinada segundo leis universais. Se a natureza houvesse de
designar a existência das coisas em si, nunca poderíamos conhecê-
la nem a priori nem a posteriori.
Sendo assim, sem conhecimentos a priori ou a posteriori também não haveriam juízos
sobre tais objetos fundamentados ou não em conceitos. O conhecimento puro da Natureza só é
possível através das categorias do entendimento, porém devem ser fundamentados também em
sua base empírica.
"Sem sensibilidade nenhum objeto nos seria dado, e sem
entendimento nenhum seria pensado. Pensamentos sem conteúdo
são vazios, intuições sem conceitos são cegas” Immanuel Kant
Importante também deixar mais claro o sentido de “Natureza” neste contexto e neste
caso em especial o sentido de Natureza pode seguir duas bases:
A estrutura Subjetiva do ser humano dar condições de possibilidade de o sujeito
conhecer o objeto. É possível sim, a partir de Kant, se pensar em uma Ciência Pura da Natureza.
O formal da natureza é a regularidade dos objetos da experiência a priori. As leis subjetivas
valem para as coisas como objetos de uma experiência material. Não se pode estudar a priori
a natureza, sem investigar as condições e as leis universais. Pretende-se mostrar como as
condições a priori são as fontes da possibilidade da experiência de onde derivam todas as leis
universais da natureza. Para Kant, as condições de possibilidade da experiência é a mesma
condição de possibilidade dos objetos da experiência. A experiência é legisladora do
conhecimento. A coisa-em-si não pode ser conhecida por mim. Mas há algo nela que me afeta,
que afeta a minha sensibilidade. Eis um elemento formal na natureza.
Bibliografia:
Vida e Obra de Kant (https://www.todamateria.com.br/immanuel-kant/) acesso em 04/06/2019.
A Crítica da Razão Pura, Immanuel Kant, tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre
Fradique Morujão, Introdução e Notas de Alexandre Fradique Morujão 5ºedição 2001.
Kant, Immanuel, Prolegômenos a toda Metafísica futura. 2003 (Título original: Prolegomena zu einer
jeden kiinftigen Metaphysik © Edições 70 Tradução de Artur Morão Capa de Jorge Machado Dias
Todos os direitos reservados para a língua português por Edições 70, Lda., Lisboa — PORTUGAL
Cassirer, Ernst. El Problema del Conocimiento em la Filosofia y em la Ciencia Modernas, traduccion
direta de W. Roces, FONDO DE CULTURA ECONOMICA 1953.