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Mateus 4:1-11
“1 Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.
3 E, chegando-se a ele o tentador, disse: Desde que és filho de Deus, manda que estas
pedras se tornem em pães.
4 Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas
de toda a palavra que sai da boca de Deus.
6 E disse-lhe: és o Desde que és filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está
escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para
que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra.
7 Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
10 Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus
adorarás, e só a ele servirás.
INTRODUÇÃO
Outra questão é: que chance a criatura teria contra o seu criador, sejam eles anjos,
sejam homens? satanás é uma criatura de Deus. Então, de que tipo de guerra estamos
falando? Uma guerra jurídica, uma guerra por legitimidade, uma guerra pelas almas dos
homens. Na segunda vinda de Cristo não se vê uma guerra se vê um massacre. Cristo
volta e simplesmente esmaga seus inimigos. Agora, na primeira vinda temos uma
guerra pra valer onde o nosso Cristo sangra até a morte.
A ideia é de um teste que ele teria que passar antes de iniciar o ministério propriamente
dito. Do contrário o seu ministério não teria respaldo, seria um trabalho iniciado sem
autorização, sem autoridade, sem legitimidade. O tentador está esperando por ele. O
satanás parece ter feito uma reinvindicação de forma legal, exigindo de Deus o direito
de testá-lo.
Faço essa interpretação a partir de uma leitura mais ampla da ação de satanás nas
Escrituras, onde ele age sempre sob a autorização divina. O caso que podemos usar
como exemplo é o de Jó. O inimigo impõe sobre Jó alguns flagelos com o intuito de
testar sua fé, mas, sempre respeitando os limites impostos por Deus. O que abre
caminho para as tentações é a afirmação de Deus de que Jó é justo. No caso de Jesus,
foi o fato de Deus ter afirmado: “Este é o meu filho amado em quem me compazo”.
V. 1 – “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo
diabo.”
Esse local tem sido, desde tempos imemoriais o refugio dos que desejam se isolar do
mundo, e também um lugar onde Deus sempre preparou e provou seu povo. Nesse
sentido, podemos entender o deserto como uma escola. O mesmo Espírito que gerou
Jesus (1:20) e que reconheceu sua filiação pelo Pai (3:16-17), agora, leva-o ao deserto
para ser tentado pelo diabo. E ele quem capacita Jesus. Esse é o deserto da Judeia,
onde Davi teve um encontro memorável com Saul, na caverna de En-Gedi. Era também
o local onde João Batista pregava. É o que se cre.
Tanto Mateus quanto Marcos parecem fazer uma ligação direta entre o batismo de
Jesus e a tentação no deserto, fazendo um paralelo com a passagem de Israel pelo
mar e sua peregrinação pelo deserto. O evangelista Lucas inclui a passagem sobre a
genealogia de Jesus, que Lucas leva até Adão, entre o batismo e a tentação,
comparando a tentação de Jesus com a tentação que levou à queda do primeiro
homem.
A atestação de Jesus como Filho abre espaço para os testes – a atestação de Jó como
justo é que abriu a brecha para que satanás o testasse até o limite
Outro ponto a ser notado é que o próprio Espírito é quem conduz Jesus. Estava
marcado, Jesus tinha uma agenda para cumprir.
Enquanto Israel caminhava pelo deserto a vida do povo era reclamar de Deus.
Reclamava do caminho, reclamava principalmente da comida. Por tudo isso Jesus
precisava refazer o mesmo caminho de Israel mas agora com prefeição.
V. 2 – “E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, no fim teve fome;”
Jesus teve que enfrentar satanás quando era fisicamente mais fraco do que jamais
seria, quarenta dias sem comida. Os paralelos com a jornada de Israel no deserto são
evidentes – Israel passou quarenta anos no deserto onde foi duramente testado na sua
confiança na palavra de Deus. Foi testado depois de ter passado pelo “batismo” na
travessia do Mar Vermelho para provar sua obediência e lealdade na preparação para a
obra designada para eles – Jesus foi testado logo após seu batismo - mas onde Israel
falhou, Jesus precisava triunfar.
O satanás não seria tão atrevido ao ponto de colocar em dúvida a filiação divina de
Jesus. Naquele momento ele já sabia quem Jesus era. Ele também ouviu a voz dos
céus. Nos evangelhos Sinóticos os demonios se prostam diante de Jesus e dizem: “nós
sabemos quem tú és Jesus, Filho de Deus.” Por isso a tradução por “desde que”, uma
vez que o termo também tem esse sentido. O seu objetivo não é levantar dúvidas, é
exatamente o contrário, é levar Jesus a um uso indevido do seu status de Filho de
Deus. O que ele está propondo para Jesus é: como Filho do Deus Vivo, você tem o
poder e o direito de satisfazer as suas necessidades. Um filho de Deus não pode
passar por privações, não pode aceitar passar por necessidades físicas. Não foi isso o
que ele propôs para Eva quando ela disse que Deus havia proibido de comer o fruto da
árvore que estava no meio do jardim? Depois de perceber que ela não dominava bem a
palavra da verdade, ele embaraça os sentidos usando a lógica – que Deus é esse, que
te coloca em um jardim cheio de delícias e depois diz que você não pode nem tocar em
nada? Um filho de Deus tem sim o direito de desfrutar de tudo o que Deus criou.
Eu gostaria de analisar à luz dessa reflexão, tudo o que está acontecendo no nosso
cenário religioso – hoje é um tal de “eu determino”, “eu não aceito”, “eu repreendo”, eu
isso, eu aquilo. Essa doutrina se chama confissão positiva e é uma doutrina satânica.
A resposta de Jesus baseia-se apenas na Escritura: “Está escrito”.- Jesus não parte
para argumentar com satanás como Eva fez ao aceitar dialogar com o inimigo. Pensa
bem, você agora querer argumentar com alguém com pelo menos 6 mil anos de
experiência e que conhece a palavra como nenhum de nós a conhece.
Eu sempre brinco na faculdade que se o diabo estudasse lá, tiraria sempre as melhores
notas. Faria com certeza, as melhores monografias.
Jesus cita em sua resposta Deuteronômio 8:3 – Aqui nós temos uma aula com o próprio
Jesus de como interpretar a Escritura – Ele cita o texto dentro de um contexto – por
isso, precisamos ler toda a passagem para entender o que Jesus está falando.
Jesus diz a satanás que o filho de Deus pode sim passar necessidades, ele pode sim
passar falta das coisas por que isso já havia acontecido antes – a fome de Israel tinha o
propósito de mostrar a eles que ouvir a palavra de Deus e obedecer a ela são as coisas
mais importantes da vida – para Jesus, a obediência à palavra de Deus era mais
necessária que o pão (João 4:34) – o alimento de Jesus era fazer a vontade do Pai que
o enviara. Essa foi uma tentação para Jesus usar a sua filiação à revelia de sua missão
ordenada por Deus.
V. 7 – “Disse-lhe Jesus: ‘Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus’.”
Aqui podemos mais uma vez ver como Jesus lidava com a Escrituras, o “também
mostra que Jesus não permitiria nenhuma interpretação que gerasse conflito com outra
passagem. Mais uma vez, Jesus cita Deuteronômio agora o capítulo 6:16, que nos
remete a Êxodo 17:2-7 e a Números 20:1-13 – Depois de ler essas passagens
podemos entender que as promessas que estão descritas no Salmo 91 não autorizam o
filho de Deus a provocar a Deus, nem nenhuma outra promessa – Jesus diz a satanás
que, não é porque Deus promete nos livrar que nós deveríamos nos colocar em risco,
pois isso equivale a tentar a Deus.
Vamos contextualizar – Eu pego me carro e ando com meu carro acima da velocidade
permitida confiando que Deus vai me guardar, isso é o mesmo que tentar a Deus.
Eu compro fiado – cartão de crédito, cheque, carnê – e depois oro para que Deus me
ajude a pagar – não tem problema nenhum comprar a crédito desde que o pagamento
seja por sua conta. Não adianta orar na hora de quitar a dívida pois isso equivaleria a
tentar a Deus.
Você vai se casar e escolhe um ímpio, uma ímpia – e depois, na hora que o casamento
desanda, fica reclamando com Deus – isso é pecado e também equivale a tentar a
Deus.
Nunca fazer algo irresponsável com a intenção de obrigar Deus a fazer um milagre para
salvá-lo das consequencias – isso é pecado, isso é tentar a Deus.
Difícil esse texto. A terra é uma esfera, então esse é um evento sobrenatural. O diabo é,
sem dúvida ardiloso, mas também muito poderoso. E um ser que alia poder e ardil sem
paralelo na humanidade.
Satanás agora tira a máscara e se apresenta na sua forma real, exatamente como ele é
– Como ele viu que na palavra não conseguiria nada com Jesus ele aposta todas as
suas fichas no seu poder de convencimento.
Ele oferece os reinos do mundo e o esplendor deles sem falar dos seus pecados. E
Jesus veio não só para conquistar autoridade, mas principalmente, para acabar com o
pecado. O interessante é que Jesus veio para conquistar autoridade para implantar nos
reinos da terra o Reinado de Deus.
Satanás tinha mesmo toda essa autoridade? Jesus não confronta satanás por essa
afirmação, e em várias outras passagens dos evangelhos, satanás aparece como o
príncipe desse mundo, o dominador dessa era – então, ele parece ter realmente essa
autoridade – mas se ele tem quem deu? Quem concede autoridade é Deus. Mas,
porque Deus daria autoridade a um ser como esse?
V. 10 – “Então disse-lhe Jesus: Para trás de mim, Satanás, porque está escrito:
Ao Senhor teu Deus adorarás, e somente a ele prestarás culto.”
“Para trás de mim” tem o sentido de “saia da minha frente, voce não pode me impedir”.
Jesus responde a satanás com a palavra, sempre repetindo: “Está escrito” – É o que eu
sempre tenho dito aqui, o que você tem ouvido está escrito?
Jesus diz a satanás: “o Senhor teu Deus”, indicando que ele estava invertendo a ordem
da adoração, afinal, Deus é Deus inclusive de satanás. E satanás que tem que se
dobrar perante Jesus. Percebem a ousadia dele?
Jesus poderia ter dado essa ordem para satanás logo de saída mas o venceu fazendo
uso unicamente da palavra, para nos dar o exemplo.
Jesus acabou de amarrar o valente, como ele diz em Mateus 12.28-29. A primeira
batalha está vencida. Outras viriam até a batalha definitiva na cruz onde a guerra é
vencida.
O caminho da tentação segue uma sequência: primeiro ele passa por deixar de confiar
na palavra de Deus e transformar pedras em pães, ou seja, agir por conta própria. Isso
equivale ser como Deus. O passo seguinte é colocar Deus a prova. E, por fim, o último
estágio é se prostrar a satanás.
A igreja de Jesus Cristo precisa saber que chegará um tempo em que a Bíblia não será
mais considerada como verdade, ela será desacreditada de todas as formas, pela
ciência, pela filosofia, pelas ciências humanas, pelo liberalismo teológico. Nesse tempo
a fé será mais rara do que o ouro puro de Ofir – As pessoas nessa terra não mais se
lembrarão mais de nada disso que nós estamos tratando aqui quando o Filho do
Homem se manisfestar em glória.
Está chegando a hora igreja, em que sua fé será colocada á prova, voce será tentada
com toda força na sua carne, na cobiça em possuir, a verdade será relativizada e será
lançada por terra. O povo de Deus será perseguido e morto. Por isso Jesus disse:
“aquele que perseverar até o fim”, “aquele que vencer”, “quem perder sua vida por amor
de mim a ganhará”, ele falou isso.
Quantos em nossos dias têm aceitado essas propostas de satanás que Jesus recusou?