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Rachel Jardim Martini

APLICAÇÃO DO GROUND PENETRATING RADAR EM


ESTUDOS PARA DISPOSIÇÃO DE REJEITOS DE
MINÉRIO DE FERRO

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada ao Programa de Pós


Graduação em Engenharia Civil do CEFET-MG
como requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Engenharia Civil

Orientador: Profa. Hersília de Andrade e Santos

Co-orientador: Prof. Paulo Roberto Antunes Aranha

Belo Horizonte, março de 2014


Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do
trabalho sem a autorização da Instituição, do autor e do orientador.

Rachel Jardim Martini

Possui graduação em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade


Católica de Minas Gerais (2011). Técnico em Edificações - CEFET-MG
(2006). Participou do PET - Programa de Educação Tutorial de Curso de
Engenharia Civil da PUC - Minas (2008 a 2011). Mestranda na área de
Engenharia Civil.

ii
Rachel Jardim Martini

Aplicação do Ground Penetrating Radar em estudos


para disposição de rejeitos de minério de ferro

Dissertação apresentada ao Programa de Pós


Graduação em Engenharia Civil do CEFET-MG
como requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Engenharia Civil

Profa. Hersília de Andrade e Santos


Orientador
Departamento de Engenharia Civil, CEFET-MG

Prof. Paulo Roberto Antunes Aranha


Co-Orientador
Departamento de Geologia, UFMG

Belo Horizonte, março de 2014

iii
iv
Agradecimentos

À professora Hersília de Andrade, pelo voto de confiança em mim depositado e


por sua orientação, sempre com paciência e atenção;

Ao professor Paulo Aranha (IGC-UFMG), pela total disponibilidade e por


compartilhar comigo sua experiência e conhecimento;

Aos colegas do CEFET-MG, pelo apoio constante e amizade;

Aos professores do Programa de Pós-Graduação de Engenharia Civil, meu


reconhecimento;

Aos colegas Fernanda, Tathiana, Lucas e Charles, pela essencial ajuda nas
atividades de campo;

Ao Itamar, pelo auxílio nas preparações das atividades de campo;

Ao CEFET-MG, pela infraestrutura oferecida;

À equipe da VALE, por confiar na pesquisa;

À FAPEMIG e CAPES, pelo apoio financeiro;

Aos meus pais, Márcia e Rogério, e meus irmãos, Renata e Júnior, pela motivação
sempre constante;

Ao Lucas, pelo carinho e amor que nunca me faltaram.

v
Resumo

Os rejeitos, gerados pela mineração de ferro no Brasil, existem em grande


quantidade e aumentam com enorme velocidade. Estes podem ser dispostos em
estruturas conhecidas como barragens e pilhas de rejeitos, que muitas vezes
demandam amplas áreas dentro dos complexos minerários. A limitação dos
recursos naturais e dos espaços disponíveis para armazenamento destes materiais
tem levado a uma mudança de paradigma. Estudos de reutilização dos rejeitos
minerários vêm crescendo nas últimas décadas e análises dos padrões de
deposição dos mesmos nas estruturas já existentes tem se tornado necessidade.
Desta forma, o presente estudo teve como objetivo empregar uma técnica
geofísica, conhecida como Ground Penetrating Radar (GPR), para definição da
existência de padrões de sedimentação na subsuperfície da Barragem do Diogo e
da Pilha do Monjolo, em Rio Piracicaba (Minas Gerais). Esta técnica consiste na
emissão e captação de ondas eletromagnéticas na subsuperfície através de antenas.
No presente trabalho utilizou-se de duas antenas, de 100 e 200 MHz, e
desenvolveu uma metodologia de aplicação GPR em reservatórios. A partir do
levantamento de perfis de levantamentos geofísicos, obtidos com uso da técnica
de reflexão simples, foi possível verificar diferentes texturas no solo submerso do
reservatório. Os perfis de GPR representam imagens claras do leito da barragem e
estruturas sedimentares internas puderam ser reconhecidas. A contribuição dessas
imagens para as operações da pilha e da barragem, no complexo de mineração de
ferro, é o conhecimento da existência dessas linhas de deposição, que podem
indicar os pontos de concentração e tendências críticas de movimentação desses
rejeitos.

Palavras-chave: GPR, rejeitos, sustentabilidade.

vi
Abstract

The tailings generated by iron mining in Brazil are already in big quantities and
increase in a huge speed. These are arranged in known structures such as
embankment or piles, which demands mostly large areas inside the mine complex.
The limitations of natural source as well as new areas for waste disposal have
leaded a paradigm change. Studies about tailing reuse have been increased in the
last decades and deposition pattern in already built structures became a necessity.
Therefore, this study aimed the application of a geophysical technique known as
Ground Penetrating Radar (GPR) in order to define the existence of sedimentation
patterns in the subsurface of the Diogo’s embankment and the Monjolo’s tailing
piles in Rio Piracicaba (Minas Gerais). This technique consists in the emission
and reception of electromagnetic waves in the subsurface via antennas. This work
used the antenna of 100 and 200 MHz and a methodology for GPR application in
reservoirs was developed. Different textures in submerged soil reservoir were
observed from the survey of geophysical data, obtained using the technique of
single reflection profiles. The GPR profiles presented clear images of the reservoir
bed and the internal sedimentary structures could be recognized. The main
contribution of the GPR images for the piles and embankment operations in the
iron mining’s complex is the knowledge of deposition lines, which might indicate
the concentration points and critical trends handling these wastes.

Keywords : GPR , waste , sustainability .

vii
Sumário

1. Introdução ................................................................................................................... 1
1.1 Objetivos ............................................................................................................... 3
1.2 Caracterização da Dissertação................................................................................ 4
2. Revisão Bibliográfica: ................................................................................................. 5
2.1 Histórico da mineração no Brasil e em Minas Gerais ............................................. 5
2.2 Etapas e processos gerais de uma mineração de ferro ............................................. 6
2.3 Principais características dos rejeitos de mineração de ferro ................................... 7
2.4 Métodos para disposição de rejeitos em mineração ................................................ 9
2.5 Estruturas de disposição de rejeitos em complexo minerário de ferro ..................... 9
2.5.1 Barragens de contenção ...................................................................................... 9
2.5.2 Pilha de rejeitos ................................................................................................ 13
2.6 Principais impactos ambientais decorrentes da mineração .................................... 13
2.7 Métodos para investigação geotécnica ................................................................. 15
2.7.1 Métodos Diretos para investigação geotécnica .................................................. 15
2.7.2 Métodos Indiretos para investigação geotécnica ................................................ 16
2.7.3 Método sísmico ................................................................................................ 17
2.7.4 Métodos geoelétricos ........................................................................................ 19
2.7.4.1 Método da Eletroresistividade ........................................................................ 20
2.7.4.2 Método da polarização induzida ..................................................................... 20
2.7.4.3 Método potencial espontâneo ......................................................................... 20
2.7.5 Método GPR – Ground Penetrating Radar ....................................................... 20
2.7.5.1 Técnicas de aquisição .................................................................................... 25
2.8 Comportamento típico do sinal no radargrama ..................................................... 28
2.9 Comparativo entre GPR e método sísmico (ou sismográfico) ............................... 32
3. Metodologia .............................................................................................................. 34
3.1 Locais de estudo .................................................................................................. 34
3.2 Método de investigação geofísica empregado - GPR ............................................ 39
3.3 Procedimento de Montagem ................................................................................ 39
3.3.1 Antenas ............................................................................................................ 39

viii
3.3.2 GPR SIR 3000 .................................................................................................. 40
3.4 Procedimentos para utilização do GPR ................................................................ 41
3.5 Processamento dos dados ..................................................................................... 42
3.6 Definição dos procedimentos de uso do GPR em barragens ................................. 45
3.7 Caracterização das amostras ................................................................................ 46
3.7.1 Condutividade Elétrica ..................................................................................... 47
3.7.2 Análise Mineralógica ........................................................................................ 47
3.7.3 Determinação da massa específica dos grãos ..................................................... 48
3.7.4 DRX/Fluorescência .......................................................................................... 48
3.7.5 Determinação do teor de umidade de solos ........................................................ 51
3.7.6 Análise Granulométrica .................................................................................... 51
4. Aplicação do GPR nas estruturas minerárias .............................................................. 53
4.1 Utilização do GPR no complexo minerário .......................................................... 53
4.2 Pilha do Monjolo ................................................................................................. 53
4.3 Barragem do Diogo ............................................................................................. 58
4.4 Batimetria............................................................................................................ 66
5. Resultados ................................................................................................................. 68
5.1 Caracterização das amostras ................................................................................ 68
5.1.1 Condutividade Elétrica ..................................................................................... 68
5.1.2 Análise Mineralógica ........................................................................................ 69
5.1.3 Determinação da massa específica .................................................................... 69
5.1.4 DRX/Fluorescência .......................................................................................... 70
5.1.5 Determinação do teor de umidade de solos ........................................................ 72
5.1.6 Análise Granulométrica .................................................................................... 72
5.2 Perfis GPR .......................................................................................................... 73
5.2.1 Barragem de Três Marias .................................................................................. 73
5.2.2 Barragem do Diogo .......................................................................................... 77
5.2.2.1 SETOR 01 ..................................................................................................... 77
5.2.2.2 SETOR 02 ..................................................................................................... 84
5.2.2.3 SETOR 03 ..................................................................................................... 88
5.2.3 Pilha do Monjolo .............................................................................................. 94
6. Discussão ................................................................................................................ 101
7. Conclusão ............................................................................................................... 105
8. Trabalhos Futuros ................................................................................................... 106

ix
9. Referências bibliográficas ....................................................................................... 107
ANEXO A .................................................................................................................. 115
ANEXO B .................................................................................................................. 117
ANEXO C .................................................................................................................. 125

x
Lista de figuras

Figura 1 - Quantidade total de rejeitos gerados nos últimos 5 anos. ................................ 2


Figura 2 - Rejeitos nos últimos 5 anos. ............................................................................ 2
Figura 3 - Fluxograma típico de tratamento de minério, com recirculação de água. ......... 6
Figura 4 - Rejeitos da Mina de Água Limpa: (a) jigue e (b) rejeito espiral. ........................ 9
Figura 5 - Detalhe dos canhões de deposição. ............................................................... 12
Figura 6 - Degradação visual da paisagem. .................................................................... 14
Figura 7 - Exemplo de radargrama obtido por GPR na Barragem do Diogo. ................... 15
Figura 8 - Esquema representativo de um levantamento de refração sísmica. ............... 19
Figura 9 - Esquema representativo do Método de reflexão sísmica. .............................. 19
Figura 10 - GPR a) monoestático e b) biestático. ........................................................... 22
Figura 11 - Modo de operação de reflexão simples. ...................................................... 25
Figura 12 - Traços de GPR e o comportamento da onda em subsuperfície. .................... 26
Figura 13 - Modos de operação do radar: Técnica CMP. ................................................ 26
Figura 14 - Modos de operação do radar: Técnica WARR............................................... 26
Figura 15 - Modos de operação do radar: transiluminação. ........................................... 27
Figura 16 - Perfil GPR obtido com antenas de 25 MHz, Mina de Bom Futuro, Rondônia. 28
Figura 17 - Perfil GPR obtido com as antenas de 250 MHz, sítio controlado do IAG/USP.
..................................................................................................................................... 28
Figura 18 - Radargrama de GPR, de 100 MHz. ............................................................... 29
Figura 19 - Esquema da geração das reflexões múltiplas. .............................................. 29
Figura 20 - Perfil GPR obtido com as antenas de 50 MHz, Mina de Santa Bárbara,
província estanífera de Rondônia. ................................................................................. 30
Figura 21 - Perfil GPR obtido com as antenas de 50 MHz, Serra do Espinhaço Meridional.
..................................................................................................................................... 31
Figura 22 - Identificação de paleocanal. ........................................................................ 31
Figura 23 - Identificação de reflexão lateral (detalhe em verde). ................................... 32
Figura 24 - Complexo minerário de Água Limpa (MG).................................................... 35
Figura 25 - Fluxograma de operação da Mina de Água Limpa. ....................................... 36
Figura 26 – Vista da pilha do Monjolo. .......................................................................... 37
Figura 27 – Vista da barragem do Diogo. ....................................................................... 37
Figura 28 - Vista geral da execução do teste e conjunto GPR-Barco. .............................. 38
Figura 29 - Usina Hidrelétrica de Três Marias. ............................................................... 38

xi
Figura 30 - Survey Wheel e o cabo para movimentação com antena (a) de 200 MHz e (b)
de 100 MHz. .................................................................................................................. 40
Figura 31 - GPR SIR 3000 com equipamento de sustentação e quebra-sol instalados. .... 40
Figura 32 - Painel de Controle (a) e Portas de comunicação de periféricos (b). .............. 40
Figura 33 - Survey Wheel com detalhe para o encoder acoplado.................................... 42
Figura 34 - Perfil 134 – Tempo de 45ns referente à subsuperfície. ................................. 44
Figura 35 - Sequência de acomodação da antena de 200 MHz. ...................................... 45
Figura 36 - Utilização de colete salva-vidas. ................................................................... 46
Figura 37 - Ensaio de determinação de condutividade elétrica. ..................................... 47
Figura 38 - Equipamento de espectrometria de fluorescência de raios-X. ...................... 48
Figura 39 - Equipamento para difração de raios-X. ........................................................ 49
Figura 40 - Introdução e compactação das amostras na porta-amostra. ........................ 49
Figura 41 - Material P1, (a) antes e (b) depois da moagem. ........................................... 50
Figura 42 - Material B1, (a) antes e (b) depois da moagem. ........................................... 50
Figura 43 - Moinho Planetário utilizado, (a) aberto e (b) fechado. ................................. 50
Figura 44 - Material antes da secagem em estufa, (a) P1 e (b) B1. ................................. 51
Figura 45 - Ensaio de peneiramento – agitador mecânico. ............................................. 52
Figura 46 - Veículo adequado para acesso. .................................................................... 53
Figura 47 - Utilização do GPR na Pilha do Monjolo. ....................................................... 54
Figura 48 - Visão completa da Pilha do Monjolo (a) e indicação de posição dos perfis (b).
..................................................................................................................................... 55
Figura 49 - Utilização dos dados do GPS, em planilha Excel, para localização das
interseções dos perfis na Pilha do Monjolo (malha). ...................................................... 56
Figura 50 - Utilização dos dados do GPS, em planilha Excel, para localização das
interseções dos perfis na Pilha do Monjolo (perfis paralelos)......................................... 57
Figura 51 - Fixação e instalação da antena no bote. ....................................................... 58
Figura 52 - Bote perpendicular ao barco e posicionamento do GPS. .............................. 59
Figura 53 - Instalação da antena de GPS na margem. .................................................... 59
Figura 54 - Acesso e interferências: Barragem do Diogo. ............................................... 59
Figura 55 - Vista da barragem, setor norte e sul (pontilhados vermelhos representam os
perfis). .......................................................................................................................... 59
Figura 56 - Barragem do Diogo – identificação dos setores pesquisados. ....................... 61
Figura 57 - Aspecto visual da lama depositada na barragem do Diogo ........................... 61
Figura 58 - Concentração de material. ........................................................................... 62
Figura 59 - Utilização dos dados do GPS, em planilha Excel, para localização das
interseções dos perfis para o setor 01. .......................................................................... 63

xii
Figura 60 - Utilização dos dados do GPS, em planilha Excel, para localização das
interseções dos perfis para o setor 02. .......................................................................... 64
Figura 61 - Utilização dos dados do GPS, em planilha Excel, para localização das
interseções dos perfis para o setor 03. .......................................................................... 65
Figura 62 - Superposição da batimetria com a localização dos perfis. ............................ 67
Figura 63 - Fotografia tirada com Lupa Eletrônica do material P1 (Zoom 120x) .............. 69
Figura 64 - Resultados de DRX para (a) amostras E1, (b) amostras B1 e (c) amostras P1. 71
Figura 65 - Curva granulométrica dos materiais P1, B1 e E1........................................... 72
Figura 66 - Radargrama de GPR, de 100 MHz, com detalhe da posição da aquisição pelo
GPS – seção 90 (Amplificação vertical ≈ 11) ................................................................... 74
Figura 67 - Radargrama de GPR, de 200 MHz, com detalhe da posição da aquisição pelo
GPS – seção 94 (Amplificação vertical ≈ 3) ..................................................................... 75
Figura 68 - Radargrama do GPR de 200 MHz – seção 60 (Amplificação vertical ≈ 13) ..... 76
Figura 69 - Barragem do Diogo – identificação dos setores pesquisados. ....................... 77
Figura 70 - Seção 123 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com
interpretação (Amplificação vertical ≈ 11) ..................................................................... 79
Figura 71 - Seção 124 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com
interpretação (Amplificação vertical ≈ 11) ..................................................................... 79
Figura 72 - Seção 125 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com
interpretação (Amplificação vertical ≈ 11) ..................................................................... 80
Figura 73 - Seção 126 – Direção Oeste-Leste, (a) sem interpretação e (b) com
interpretação (Amplificação vertical ≈ 11) ..................................................................... 80
Figura 74 - Seção 127 – Direção Norte-Sul, com interpretação (Amplificação vertical ≈
11) ................................................................................................................................ 81
Figura 75 - Seção 134 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com
interpretação (Amplificação vertical ≈ 11) ..................................................................... 83
Figura 76 - Seção 135 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com
interpretação (Amplificação vertical ≈ 11) ..................................................................... 83
Figura 77 - Seção 115 – Direção Sul-Norte, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 3) ............................................................................................. 85
Figura 78 - Seção 117 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 4) ............................................................................................. 85
Figura 79 - Seção 118 – Direção Sul-Norte, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 4) ............................................................................................. 86
Figura 80 - Seção 119 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com
interpretação (Amplificação vertical ≈ 4) ....................................................................... 86
Figura 81 - Seção 120 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com
interpretação (Amplificação vertical ≈ 4) ....................................................................... 87

xiii
Figura 82 - Seção 121 – Direção Sul-Norte, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 5) ............................................................................................. 87
Figura 83 - Seção 128 – Direção Sul-Norte, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 5) ............................................................................................. 89
Figura 84 - Seção 129 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 5) ............................................................................................. 89
Figura 85 - Seção 130 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 5) ............................................................................................. 90
Figura 86 - Seção 131 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 5) ............................................................................................. 92
Figura 87 - Seção 132 – Direção Sul-Norte, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 5) ............................................................................................. 92
Figura 88 - Seção 133 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 5) ............................................................................................. 93
Figura 89 - Pilha do Monjolo - posição dos perfis. .......................................................... 94
Figura 90 - Pilha do Monjolo – perfis verticais, (a) sem interpretação e (b) com
interpretação (Amplificação vertical ≈ 2) ....................................................................... 96
Figura 91 - Pilha do Monjolo – perfis horizontais, (a) com interpretação (b) e sem
interpretação (Amplificação vertical ≈ 2) ....................................................................... 97
Figura 92 - Seção 107 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 5) ............................................................................................. 98
Figura 93 - Seção 108 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 5) ............................................................................................. 98
Figura 94 - Seção 109 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 5) ............................................................................................. 99
Figura 95 - Seção 110 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação
(Amplificação vertical ≈ 5) ............................................................................................. 99
Figura 96 - Seção 111-112 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com
interpretação (Amplificação vertical ≈ 5) ..................................................................... 100

xiv
Lista de Tabelas

Tabela 1: Métodos construtivos de barragens de contenção de rejeitos. .......................... 10


Tabela 2: Frequência central da antena e sua respectiva capacidade de exploração em
profundidade. ................................................................................................................ 23
Tabela 3: Profundidade alcançada em função do material e da frequência utilizada. ....... 24
Tabela 4: Valores típicos das constantes dielétricas, condutividades elétricas, velocidades
e atenuações. ................................................................................................................. 24
Tabela 5: Características das barragens. ......................................................................... 38
Tabela 6: Parâmetros sugeridos pelo fabricante. ............................................................ 41
Tabela 7: Parâmetros utilizados para a aquisição: .......................................................... 42
Tabela 8: Dados dos perfis obtidos na pilha. .................................................................. 54
Tabela 9: Dados dos perfis obtidos na barragem. ........................................................... 60
Tabela 10: Condutividade elétrica das amostras B1 e P1. ............................................... 68
Tabela 11: Massa Específica das amostras B1 e P1. ....................................................... 70
Tabela 12: Substâncias encontradas após análise de fluorescência de raios-X: ............... 70
Tabela 13: Teor de umidade das amostras E1, B1 e P1. ................................................. 72

xv
Lista de Abreviaturas
ANA - Agência Nacional de Águas

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

CEFET-MG - Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos

CMP - Common Mid Point

CPT - Cone Penetration Test

DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral

DRX - Difratômetro de Raios-X

EM - eletromagnético

FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais

FEAM - Fundação Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais

GPR - Ground Penetrating Radar

GSSI - Geophysical Survey Systems, Inc.

GPS - Global Positioning System

IGC - Instituto de Geociências

IP - Polarização Induzida

NRM - Normas Reguladoras de Mineração

ROM - Run of mine

SUPRAMLM - Superintendência Regional de Regularização Ambiental do Leste


Mineiro

SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente

SPT - Standard Penetration Test

UTM - Universal Transversa de Mercator

UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

WARR - Wide Angle Reflection/Refraction

xvi
“Minas são muitas. Porém, poucos são
aqueles que conhecem as mil faces das Gerais”

João Guimarães Rosa

xvii
1. Introdução

A História do Brasil é intimamente ligada à evolução da mineração de ferro. O


ferro é o mineral de maior valor na indústria de mineração brasileira,
representando 78% das exportações totais de minério. Os principais estados
produtores de ferro do Brasil são Minas Gerais, com 71% da produção e Pará com
26% (GLOBAL BUSINESS REPORTS, 2011).

A atividade de mineração gera grande impacto no meio ambiente, devido à sua


interferência nos ecossistemas e nas comunidades. São de extrema importância a
criação e aplicação de ferramentas para minimizar esses impactos. Atualmente as
empresas de mineração vêm adquirindo consciência quanto aos novos conceitos
de reuso, reaproveitamento e otimização operacional. Com isso, passaram a
desenvolver a necessidade de investimentos adicionais para ajuste do seu processo
de exploração e beneficiamento, de forma a garantir serviços e produtos mais
sustentáveis ambientalmente (LOZANO, 2006).

Em 2009 ocorreu uma retração econômica no Brasil devido à crise econômica


mundial, e a partir de 2010 houve uma recuperação econômica do setor. Entre
2009 e 2012 a quantidade de rejeito total da mineração Água Limpa quadruplicou
(Fig. 1). Percebe-se que a produção de rejeitos está diretamente relacionada ao
crescimento econômico do setor, como exemplo da mineração de Água Limpa
(Minas Gerais). Estes rejeitos são provenientes da planta de beneficiamento da
usina, e são separados em três tipos citados a seguir.

Na Fig. 2 tem-se um gráfico que representa a produção de rejeitos, sendo eles a


lama, o rejeito espiral e o jigue. Estes rejeitos serão conceituados e detalhados no
capítulo 2, a seguir. Após análise deste gráfico, pode-se perceber que o volume do
rejeito espiral possui uma quantidade muito maior quando comparado aos outros,
em torno de 82% de toda a produção. Isso conduz a um maior interesse na
compreensão do destino final e caracterização deste material.

1
Quantidade Total de Rejeitos gerados nos
últimos 5 anos

2012
2011
Anos
2010
2009
2008

Milhões

Toneladas

Figura 1 - Quantidade total de rejeitos gerados nos últimos 5 anos.


Fonte: FONSECA, A. M. (antonio.fonseca@vale.com). [mensagem pessoal]. Mensagem
recebida por racheljmartini@gmail.com em 21 jan. 2013.

Rejeitos das barragens nos últimos 5


anos
5.000.000

4.000.000

3.000.000 Rejeito Espiral


Rejeito Jigue
2.000.000
Lama
1.000.000

-
2008 2009 2010 2011 2012

Figura 2 - Rejeitos nos últimos 5 anos.


Fonte: FONSECA, A. M. (antonio.fonseca@vale.com). [mensagem pessoal]. Mensagem
recebida por racheljmartini@gmail.com em 21 jan. 2013.

Por outro lado, a gestão da água, consumida e liberada, durante a mineração está
diretamente relacionada à questão dos sedimentos, por ser o principal meio de
transporte destes sedimentos até o local provisório ou definitivo de estocagem.
Esta é a principal motivação para o desenvolvimento deste projeto, que tem como
objetivo analisar por meio da técnica de GPR (Ground Penetrating Radar) as
características de deposição de rejeitos gerados por uma mineração de ferro.

2
No presente trabalho, a metodologia foi aplicada à Mina de Água Limpa
localizada no Município de Rio Piracicaba (Minas Gerais), cuja área se encontra
no Quadrilátero Ferrífero. Dentro do complexo minerário, foi realizado um
diagnóstico das condições atuais da barragem do Diogo e do empilhamento do
Monjolo.

O GPR é um método que utiliza a técnica indireta para investigação das estruturas
de subsuperfície. Esta tecnologia é caracterizada como método não-invasivo, o
qual permite extrair informações ao longo do perfil de solo sem perfurar, sondar
ou escavar. O equipamento emite e recebe ondas EM (eletromagnéticas), por meio
das antenas posicionadas na superfície, e gera perfis denominados radargramas,
que representam a subsuperfície ao longo do terreno amostrado.

Através da necessidade de desenvolver métodos, mais rápidos e operacionais, de


avaliação das características físicas dos solos, com o objetivo de substituir ou
auxiliar os métodos já existentes, utilizou-se esta técnica como uma possível
ferramenta para auxiliar o estudo dos solos em subsuperfície.

O emprego do GPR como ferramenta de gestão ambiental pode permitir, por


exemplo, a avaliação do volume de acúmulo e taxa de sedimentação em uma
determinada área, assim como o padrão de deposição destes rejeitos. Entretanto,
torna-se importante também avaliar a utilização desta técnica em ambientes de
mineração, observando os aspectos das suas potencialidades, limitações e
precisão. A possibilidade de se obter dados detalhados das camadas de rejeito de
forma indireta (sem a coleta de amostras pontuais) pode trazer grande auxílio para
a proposição de mecanismos de monitoramento e de controle da disposição deste
material, melhorando as metodologias existentes e subsidiando novos estudos de
reutilização dos mesmos.

1.1 Objetivos

O objetivo geral deste trabalho é a caracterização da disposição, por meio de


investigações geofísicas GPR, do rejeito do Complexo da mina de Água Limpa –
MG.

3
Os objetivos específicos são:

 Definir a linha de tempo de deposição das camadas dos rejeitos, tanto na


Barragem do Diogo quanto na Pilha do Monjolo.
 Definir quais os níveis de interferência do rejeito de minério de ferro no
sinal do GPR.
 Avaliar uma metodologia de utilização do GPR em estruturas de
disposição de rejeitos de minério de ferro.

1.2 Caracterização da Dissertação

Neste primeiro capítulo foi apresentada a introdução do trabalho, assim como sua
justificativa e objetivos, geral e específicos. No capítulo 2 será discutido um breve
histórico da mineração no Brasil, e mais especificamente em Minas Gerais, e seus
principais processos e etapas. Serão conceituadas as principais estruturas do
Complexo minerário, sendo estas: Barragem de rejeitos, Pilhas de rejeitos e a
Usina de Beneficiamento. As principais características dos rejeitos específicos da
mineração de ferro e métodos de disposição dos rejeitos mais utilizados pelas
mineradoras também serão apresentados. Os principais problemas ambientais
relacionados com esta disposição de rejeitos também serão detalhados. Ao final,
os principais métodos de investigação geotécnica serão abordados (diretos e
indiretos), enfatizando a utilização do equipamento GPR, que foi a técnica
empregada.

No capítulo 3, será analisada a metodologia utilizada com uma descrição dos


locais de estudo. Para esta metodologia, será detalhado o equipamento e sua
montagem, assim como os procedimentos adotados para utilização do GPR em
cada estrutura. Também será descrito as técnicas utilizadas para a caracterização
de cada material analisado.

No capítulo 4, serão abordados os resultados referentes à caracterização dos


materiais coletados em campo e apresentados os perfis de GPR obtidos em cada
estrutura. Nos capítulos seguintes apresenta-se a discussão, conclusão e trabalhos
futuros.

4
2. Revisão Bibliográfica:

2.1 Histórico da mineração no Brasil e em Minas Gerais

A importância dos recursos minerais está vinculada ao progresso da sociedade,


pois são estes recursos que contribuem para o bem estar e melhor qualidade de
vida de todas as gerações. O processo de mineração de ferro é intimamente ligado
à História do estado de Minas Gerais, pois esta teve seu desenvolvimento baseado
nesta atividade econômica.

O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de minérios e detém um dos


maiores patrimônios minerais. A mineração de ferro representa a mais importante
atividade mineral do país por conta do seu efeito multiplicador e pela quantidade
de recursos financeiros envolvidos, desde a prospecção mineral para definir os
jazimentos minerais até a comercialização dos produtos. Esta atividade é
responsável por desenvolver a infra-estututura para escoamento do minério, tais
como estradas, ferrovias e portos. Estima-se que em 2012 o Brasil possuía 217
minas de exploração, que representam 40 substâncias minerais, sendo 87 delas
concentradas em Minas Gerais (MINÉRIOS E MINERALES, 2012).

A demanda por desenvolvimento de novos produtos e equipamentos imprime um


aumento na produção mundial de minério de ferro, que em 2011 teve um aumento
de 8,1% em comparação com 2010, produzindo cerca de 2,8 bilhões de toneladas.
A produção brasileira representou 14,2% da produção mundial (DNPM, 2012).

Com relação à geração de empregos, este setor se destaca no Brasil. Estima-se


que a indústria de mineração do ferro absorve 13% do pessoal ocupado
diretamente na indústria extrativa mineral, com um contingente de 13.000
pessoas, e detém 296 concessões de lavra das 6.017 existentes no País
(MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2009).

5
2.2 Etapas e processos gerais de uma mineração de ferro

Luz e Lins (2010) descrevem que, em geral, o beneficiamento do minério de ferro


compreende operações que visam modificar a granulometria, a concentração
relativa das espécies minerais presentes ou a forma, sem modificar a identidade
química ou física dos minerais. O minério bruto, procedente da etapa de lavra de
uma mina, é processado conforme Fig. 3.

Estéril

Rejeito Espiral e Jigue

Figura 3 - Fluxograma típico de tratamento de minério, com recirculação de água.


Fonte: Adaptado de LUZ e LINS, 2010.

6
De acordo com Espósito (2000), os processos existentes em uma mineração de
ferro têm a finalidade de regularizar o tamanho dos fragmentos, remover minerais
associados sem valor econômico e aumentar a qualidade, pureza ou teor do
produto final. Estes procedimentos são muito variados, pois basicamente
dependem do tipo e da qualidade do minério a ser extraído. Os tratamentos mais
comumente utilizados são: britagem, moagem, peneiramento, lavagem, secagem,
calcinação e concentração. Entre os processos de concentração, têm-se como os
mais comuns a concentração por densidade (espirais), separação magnética,
separação eletrostática, ciclonagem, aglomeração, flotação e pirólise (ESPÓSITO,
2000).

2.3 Principais características dos rejeitos de mineração de ferro

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, lei nº 12.305, de 2 de


agosto de 2010, são considerados resíduos de mineração aqueles gerados na
atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios.

Existem dois tipos de resíduos produzidos pelas atividades mineradoras, os


estéreis e os rejeitos (SUPRAMLM, 2008). A norma ABNT NBR 13029:2006
conceitua estéril de mina como “todo e qualquer material não aproveitável
economicamente, cuja remoção se torna necessária para a lavra do minério”. O
rejeito é definido pela ABNT NBR 13028:2006 como “todo e qualquer material
não aproveitável economicamente, gerado durante o processo de beneficiamento
de minérios”.

Segundo a Resolução nº 29 de 11 de dezembro de 2002 Artigo 1º, do Conselho


Nacional de Recursos Hídricos, estéril é qualquer material não aproveitável como
minério e descartado pela operação de lavra antes do beneficiamento, em caráter
definitivo ou temporário; e rejeito é qualquer material descartado proveniente de
plantas de beneficiamento de minério (CNRH, 2002).

Os estéreis são produzidos no decapeamento da jazida e não possuem valor


econômico/comercial; estes são dispostos, geralmente, em pilhas e utilizados
algumas vezes no próprio sistema de extração do minério (LOZANO, 2006). O

7
estéril pode ser utilizado para o reaterro de áreas já mineradas e de tanques de
decantação que retenham os sedimentos finos na própria área (SILVA, 2007). De
acordo com Espósito (2000), quando essas pilhas são projetadas e executadas de
acordo com os conceitos geotécnicos, podem ser consideradas como projetos
otimizados e conseguem se incorporar ao meio ambiente, compondo a paisagem.

Os rejeitos são provenientes do processo de extração dos elementos de interesse


econômico da mineração, classificados como resíduos inertes. De acordo com a
ABNT NBR 10.004, os rejeitos podem ser classificados em inertes e não-inertes.
Os materiais não-inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água. Os materiais inertes são quaisquer
resíduos que quando em contato com água, à temperatura ambiente, não
apresentem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores
aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza
e sabor. Ou seja, não provoquem reações indesejáveis ao meio no qual está
inserido.

O rejeito é caracterizado pela presença de uma fração líquida e sólida, com


concentração de 30% a 50% em peso. Caracteriza-se por serem materiais de baixa
densidade, muito compressíveis e com baixa capacidade de suporte (ARAUJO,
2006; LOZANO, 2006).

Dependendo da granulometria do rejeito, este pode receber diferentes nomes,


sendo jigue e rejeito espiral (Fig. 4). A composição granulométrica do jigue é
semelhante a uma areia média grossa. Este material é muito utilizado para
construir drenos filtrantes (SUPRAMLM, 2008).

A quantidade de rejeitos gerada nos processos de beneficiamento de minério


normalmente é alta, e a disposição é feita, dependendo dos objetivos econômicos
da mineradora, em superfície, ou é vinculada no processo de extração do minério,
de forma subterrânea ou a céu aberto (LOZANO, 2006).

8
(a) (b)
Figura 4 - Rejeitos da Mina de Água Limpa: (a) jigue e (b) rejeito espiral.

2.4 Métodos para disposição de rejeitos em mineração

O transporte dos rejeitos gerados pela atividade de mineração pode ser feito por
meio de caminhões ou correias transportadoras, ou na forma de polpa (mistura de
água e sólidos), transportada por meio de tubulações através da utilização de
sistemas de bombeamento ou por gravidade (DUARTE, 2008).

Quanto aos locais de disposição, estes podem ser em minas subterrâneas, em


cavas exauridas de minas, em pilhas ou em barragens de contenção de rejeitos
(DUARTE, 2008).

Para a disposição final de rejeitos em pilhas, deve-se atentar para que esses
depósitos não fiquem muito volumosos, pois se tornam instáveis e sujeitos a
escorregamentos localizados. Além do volume oriundo do material, também
devem ser consideradas as quantidades da área das jazidas e o material produzido
pela decomposição das rochas e erosão do solo do entorno (SILVA, 2007).

2.5 Estruturas de disposição de rejeitos em complexo minerário de


ferro

2.5.1 Barragens de contenção

As barragens de contenção de rejeitos são estruturas construídas com a finalidade


de reter os rejeitos produzidos pelo processo de beneficiamento (LOZANO,

9
2006). Podem ser construídas através de 03 diferentes metodologias: método de
montante, método de jusante e método linha de centro (Tab. 1).

Tabela 1: Métodos construtivos de barragens de contenção de rejeitos.


Método de montante Método de jusante Método linha de centro

Características - Método mais antigo, sendo


- Construção de dique inicial
gerais o mais empregado na
impermeável e barragem de
atualidade;
pé;
- Lançamento a partir da
- Separação dos rejeitos na
crista por “spigots” (as - Variação do método de
crista do dique por meio de
frações grossas se depositam jusante.
hidrociclones;
junto ao corpo da
barragem); - Barragem com dreno
interno e impermeabilização
- Também podem ser usados
a montante.
hidrociclones.

Vantagens - Menor custo; - Maior segurança;


- Variação do volume de
“underflow” em relação
- Maior velocidade de - Compactação de todo o
ao método de jusante.
alteamento. corpo da barragem.

Desvantagens - Maior probabilidade de


instabilidade devido à - Necessidade de grandes
presença de finos não quantidades de “underflow”
- Pode ser necessária a
adensados junto ao corpo da (problemas nas 1as etapas);
extensão dos trabalhos de
barragem;
compactação a montante
- Deslocamento do talude de
do eixo da barragem.
- Baixa compacidade do jusante (proteção superficial
material, possibilidade de só no final da construção).
liquefação.

Fonte: SOARES, 2001.

O lançamento do material se faz de uma maneira contínua e natural (sem mudança


na sua consistência) numa grande área confinada pelas barragens. O local de
lançamento depende em geral da textura dos rejeitos. A fração mais grosseira é
depositada próxima à crista da barragem, sendo, inclusive, utilizada como material
de construção de seus alteamentos. Já a fração fina (lama) é lançada diretamente
no reservatório formando o lago. No reservatório, esta lama passa basicamente por
dois fenômenos físicos: a sedimentação e o adensamento por peso próprio. Em
ambos os processos ocorre a separação da água do material sólido e esta pode ser
drenada por estruturas de superfície (como por exemplo vertedores) ou por
estruturas de fundo (filtros drenantes) (NORMAN e RAFORTH, 1998).

10
Uma barragem de rejeitos tem sua vida útil definida e suas fases podem ser
divididas em: a procura do local, o projeto da instalação, a construção, a operação
e o fechamento definitivo. O processo de seleção dos locais aptos consta por sua
vez de duas partes. Na primeira fase realiza-se uma avaliação em grande escala,
baseada em fatores gerais, que descarta áreas impróprias e obtêm-se uma
classificação preliminar das zonas aceitáveis. Áreas com aspectos legais
impeditivos também são eliminadas nesta fase, como por exemplo, áreas de
proteção ambiental e de patrimônio histórico. Na segunda fase utilizam-se fatores
mais específicos de escolha (LOZANO, 2006).

Essas barragens são executadas em estágios, na medida em que esses rejeitos são
gerados, diluindo, assim, os custos da construção e da operação. Essas barragens
podem representar fontes de poluição reconhecidas por gerarem um impacto
ambiental significante. Portanto sua construção, desde a escolha da localização até
o fechamento, deve seguir normas ambientais e critérios econômicos, geotécnicos,
estruturais, sociais e de segurança e de risco (ESPÓSITO e DUARTE, 2010;
LIMA, 2006).

No Brasil existem inúmeros barramentos, de diversas dimensões e destinados a


diferentes usos, tais como barragens de infra-estrutura para acumulação de água,
geração de energia, aterros ou diques para retenção de resíduos industriais,
barragens de contenção de rejeitos de mineração, entre outros. A diversidade de
tamanhos e usos das barragens e aterros reflete, também, nas condições de
manutenção dessas estruturas. Algumas são impecavelmente mantidas, atendendo
normas de segurança compatíveis com os padrões internacionais mais exigentes,
enquanto outras se apresentam com sérios riscos de serem ultrapassados os limites
de segurança, podendo inclusive, resultar no rompimento da estrutura
(ESPÓSITO e DUARTE, 2010).

A legislação mais recente para disposição de resíduos sólidos no Brasil é a


Política Nacional de Resíduos Sólidos de 2010. Nela os resíduos sólidos ou
rejeitos de mineração são os únicos que podem ser lançados in natura a céu aberto
nas bacias de decantação dos mesmos. Como exemplo tem-se as barragens de
rejeitos, estas não são consideradas corpos hídricos quando devidamente

11
impermeabilizadas e licenciadas pelo órgão competente do SISNAMA - Sistema
Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 2010a).

Já a Política Nacional de Segurança de Barragens define que segurança de


barragem é uma condição que mantenha a integridade estrutural e operacional e a
preservação da vida, da saúde, da propriedade e do meio ambiente. Para que isso
ocorra, foi definida a utilização de diversos mecanismos, sendo eles: plano de
segurança, revisão periódica, inspeções, assim como o Plano de Ações
Emergenciais (BRASIL, 2010b).

O COPAM (Conselho Estadual de Política Ambiental) também apresenta alguns


critérios de classificação de barragens de contenção de rejeitos, tanto em
empreendimentos industriais quanto de mineração, através da Deliberação
Normativa nº 62 (MINAS GERAIS, 2002).

Uma técnica bastante utilizada, e preferida pelas mineradoras, para construção de


barragens de rejeito granulares é o aterro hidráulico. Neste, o material é lançado
hidraulicamente e o transporte realizado por meio de tubulações. O descarte dos
rejeitos pode ser feito em pasta, realizado através de caminhões ou correias
transportadoras, ou polpa, por meio de tubulações. Este transporte pode ser por
bombeamento ou gravidade, realizado com a utilização de canhões (Fig. 5) ou
hidrociclones, que proporcionam a separação da fração fina (“overflow”) da
grossa (“underflow”) (ARAUJO, 2006; ESPÓSITO, 2000).

Figura 5 - Detalhe dos canhões de deposição.

A técnica de aterro hidráulico quando utiliza o próprio rejeito para conformação


do barramento, permite que a barragem seja construída de uma forma mais
econômica, pois os alteamentos ocorrem concomitantemente à geração do rejeito

12
na planta, além de permitir a construção do maciço em várias etapas, amortecendo
também os investimentos a longo prazo (FIGUEIREDO, 2007).

2.5.2 Pilha de rejeitos

As pilhas de rejeito são construídas através do lançamento e espalhamento do


rejeito, sendo compactadas pelo tráfego. Para garantir a estabilidade geotécnica da
mesma, torna-se necessário implantar estruturas de condução das águas de
nascentes e superficiais. Assim, é essencial para garantir a segurança geotécnica,
que as nascentes sobre as quais a pilha será implantada sejam drenadas
(SUPRAMLM, 2008).

As pilhas ocupam os vales de montante de pequenas drenagens, pois um fator


determinante para estabilidade é a linha freática ao longo do maciço da pilha. As
cabeceiras, por apresentarem vazões reduzidas nos talvegues, tornam-se
alternativas naturais para a disposição dos rejeitos (SUPRAMLM, 2008).

Para atender a NRM-21 (DNPM, 2001), atualmente as pilhas devem ser


revegetadas nos taludes e nas bermas, com gramíneas e leguminosas, além de
serem implantados dispositivos de drenagem superficial (SUPRAMLM, 2011).

2.6 Principais impactos ambientais decorrentes da mineração

A atividade de mineração provoca impactos no meio ambiente tanto na


exploração de áreas naturais quanto na geração de resíduos. Os principais
problemas causados pela mineração, no Brasil, podem ser enquadrados em quatro
categorias: poluição da água, poluição do ar, poluição sonora, e subsidência do
terreno. O impacto mais característico causado pela atividade mineraria é a
degradação visual da paisagem (Fig. 6).

De acordo com a NRM-21, a área minerada é toda área utilizada pela atividade
mineira, seja a área da própria mina, as áreas de estocagem de estéril, minérios e
rejeitos, de vias de acesso e demais áreas de servidão. A adequação paisagística é
a harmonização da paisagem das áreas mineradas com o objetivo de minimizar o
impacto visual.

13
Figura 6 - Degradação visual da paisagem.

O desmonte dos maciços rochoso, feito através de explosivos, resulta em ruídos


quase sempre prejudiciais à tranquilidade pública. Um método para suavizar os
impactos causados pela detonação e evitar ruídos decorrentes dos equipamentos
de beneficiamento, consiste em obter uma descontinuidade física com os
obstáculos naturais ou então criar barreiras artificiais, através do posicionamento
do estoque de material beneficiado, ou a ser tratado, entre as instalações e as áreas
a proteger (SILVA, 2007).

Já o tráfego intenso de veículos pesados na região, contendo minério, causa vários


transtornos à comunidade, como: poeira, emissão de ruídos e deterioração do
sistema viário local (SILVA, 2007).

Quanto à poluição do ar, as atividades minerárias se destacam por emissão de


poeira. A poluição por gases não é expressiva, e se restringe à emissão das
máquinas e veículos usados na lavra e beneficiamento do minério (SILVA, 2007).

Finalmente à poluição hídrica provocada pela mineração, esta relacionada ao


transporte de partículas de áreas decapeadas (retirada da camada superficial do
solo) por água pluvial; deposição de estéril em cursos de água; lançamentos de
rejeito; deposição de resíduos sólidos não inertes; bombeamento de água com
sólido proveniente do rebaixamento do nível freático em cavas de minas;
lançamento de esgotos e efluentes oleosos de oficinas (ANA, 2006).

Para conter esses problemas é necessário um sistema de gerenciamento de


recursos hídricos que estabelece as metas da qualidade de água e os critérios para
sua utilização, que visa o uso sustentável desse recurso. No processo de
beneficiamento do minério, que não são utilizados produtos químicos, não existe

14
a presença de contaminantes. O controle requerido é a simples decantação, pois os
minerais que formam as rochas locais são quimicamente inertes e não interfere na
qualidade da água (ANA, 2006).

2.7 Métodos para investigação geotécnica

Os métodos para investigação geotécnica se baseiam na identificação das


variações existentes nas propriedades físicas da subsuperfície. A superfície que
separa estas propriedades é chamada de interface (FERNANDES, 1984).

Para compreensão deste trabalho, é importante destacar o que será considerado


como superfície, interface e subsuperfície (Fig. 7), em função do objetivo a ser
alcançado. No presente caso, a interface é o limite entre a coluna de água e os
sedimentos depositados no leito.

SUPERFÍCIE

INTERFACE

SUBSUPERFÍCIE

Figura 7 - Exemplo de radargrama obtido por GPR na Barragem do Diogo.

2.7.1 Métodos Diretos para investigação geotécnica

Os métodos diretos para investigação geotécnica permitem a observação direta do


subsolo, através de amostras coletadas ao longo de uma perfuração ou a medição
direta de propriedades in situ. Estas amostras podem ser deformadas ou
indeformadas, e são utilizadas para a determinação das características do material
e suas propriedades de engenharia, em laboratório. As amostras deformadas são
usualmente obtidas através de sondagens a trado (manual ou mecânica) ou quando
superficiais, com pá e picareta. As amostras indeformadas podem ser coletadas
através dos amostradores Shelby. Estes são feitos de latão ou alumínio, de parede
fina, e são utilizados para solos de baixa consistência. Neste tipo de amostragem,

15
o material é usualmente sensível, qualquer perturbação externa pode alterar a
amostra (QUARESMA et al., 1998).

A sondagem a percussão SPT (Standard Penetration Test) é o ensaio mais


executado na maioria dos países, e também no Brasil. O SPT é capaz de amostrar
o subsolo e medir a resistência do solo ao longo da profundidade perfurada.
Consiste basicamente na cravação de um amostrador padrão no solo, através da
queda livre de um martelo de 65 kg de uma altura de 75 cm, conforme NBR 6484
(QUARESMA et al., 1998).

Além dos métodos citados, tem-se também: o SPT-T, que complementa o SPT
com medidas de torque; o CPT, que é o ensaio de penetração de cone; o CPT-U,
que oferece a medida das pressões neutras; dentre outros (QUARESMA et al.,
1998).

2.7.2 Métodos Indiretos para investigação geotécnica

A Geofísica é o estudo da Terra por meio de medidas físicas obtidas na superfície,


que não é possível através de observações diretas. Este estudo é feito através das
medições de propriedades físicas com instrumentos sofisticados e apropriados,
geralmente colocados na superfície. De forma geral, a Geofísica fornece as
ferramentas para o estudo da estrutura e composição do interior da Terra (SBGf,
2014).

Como as interfaces localizadas em subsuperfícies são expressões de um contraste


entre parâmetros físicos, a prospecção geotécnica indireta não oferece qualquer
informação a respeito do tipo de solo ou rocha (FERNANDES, 1984).

Esses métodos se dividem em duas categorias: potenciais e ativos. Os métodos


potenciais são aqueles que medem uma propriedade sem precisar emitir qualquer
sinal. Os métodos ativos são baseados na emissão de alguma forma de energia e
na leitura de sua modificação pela interação com o subsolo. Neste caso, a margem
de erro está intimamente ligada à fonte utilizada – fontes com maior energia
tendem a cometer erros menores, pois estão menos sujeitas a interferências
externas (SOARES, 2009).

16
Os métodos para investigação geofísica podem ser realizados diretamente na
superfície a ser estudada ou em downhole: aberturas na subsuperfície, através de
furos de sondagem, aonde são introduzidos os equipamentos para as respectivas
medições (SOARES, 2009).

São exemplos de métodos indiretos:

• Métodos geoelétricos: eletrorresistividade; polarização induzida; potencial


espontâneo; EM (GPR - Ground Penetrating Radar);

• Métodos sísmicos: refração; reflexão; crosshole e tomografia; perfilagem


sísmica contínua, sonografia e ecobatimetria.

• Métodos potenciais: magnetometria e gravimetria.

Para escolha do método a ser utilizado, deve-se conhecer quais as propriedades


físicas da subsuperfície que possuem variações suficientes para definição da
interface, e qual método utiliza este parâmetro físico. Sendo assim, tem-se
(FERNANDES, 1984):

 Método Sísmico: distingue solos e rochas pelas diferentes velocidades


com que propagam um impulso elástico (perturbações mecânicas do meio
que se propagam sem deslocamento de material);
 Método Geoelétrico: distingue pelas diferentes condutividades elétricas;
 Método Gravimétrico: distingue pelas variações de massa específica ou
densidade,
 Método Magnético: distingue pelas diferenças de susceptibilidade
magnética;
 Método EM: distingue diferentes propriedades dielétricas.

2.7.3 Método sísmico

Os métodos sísmicos se baseiam na geração de ondas elásticas, que são


perturbações mecânicas do meio que se propagam sem deslocamento de material,
(apenas energia). Em seguida é realizada a medição do tempo requerido para que
estas ondas se propaguem da fonte de emissão, viagem pela subsuperficie,

17
reflitam/refratam e alcancem um conjunto de sensores dispostos em superfície ao
longo do perfil. A partir de sua geração, as ondas elásticas podem sofrer refrações
ou reflexões nas interfaces de separação entre dois meios em subsuperfície, sendo
que os tempos de trânsito e as velocidades de propagação das ondas nesses meios
estão relacionados à densidade, porosidade, composição mineralógica e às
propriedades elásticas dos materiais. O sismógrafo, equipamento de registro de
dados, capta os sinais recebidos pelos sensores e os armazena em formato digital
para posterior processamento e apresentação (GEOSCIENCE, 2012).

A resolução e a penetração do método estão diretamente relacionadas com a


frequência central da onda e potência da fonte utilizada. As frequências mais altas,
que correspondem a comprimentos de ondas menores, permitem identificação de
camadas menos espessas, mas sofrem maior efeito de atenuação pelos meios
geológicos e por isso não alcançam grandes profundidades.

Um sistema de aquisição sísmica é constituído, basicamente, de quatro partes:


fontes, receptores, equipamentos de controle e de gravação de dados. A fonte é o
dispositivo responsável por gerar a perturbação que dá origem à onda sísmica. As
fontes de energia mais comumente utilizadas são as fontes explosivas e a fonte
vibratória. O receptor é o sensor que identifica as deformações sofridas pelo meio
na passagem da onda mecânica. Existem sensores que funcionam acoplados ao
solo (geofones) e aqueles desenvolvidos especialmente para operar sobre a lâmina
d’água (hidrofones) (XAVIER, 2006).

O método sísmico se divide em dois tipos: sísmica de refração e sísmica de


reflexão. A sísmica de refração (Fig. 8) consiste em registrar o tempo de chegada
das ondas direta e refratada, a partir de um disparo, a um conjunto de detectores
distribuídos sobre a superfície (FERNANDES, 1984).

Quando existem várias camadas sob a superfície da terra, estas proporcionam


reflexões em sismogramas (Fig. 9). Dados de reflexões sísmicas são mais
complexos do que dados de refração e as últimas ondas captadas, devido ao tempo
de reflexão, é que fornecem informações sobre as camadas mais profundas
(FERREIRA, 2002).

18
Figura 8 - Esquema representativo de um levantamento de refração sísmica.

Figura 9 - Esquema representativo do Método de reflexão sísmica.

2.7.4 Métodos geoelétricos

Os métodos geofísicos são definidos a partir de determinadas propriedades físicas


que são características para cada tipo de materiais geológicos. Portanto, método
geoelétrico é aquele que, através do parâmetro físico obtido por determinado
equipamento, possibilita uma caracterização e identificação dos diferentes
materiais geológicos, para atingir determinados objetivos de pesquisa (BRAGA,
2007).

Os diferentes tipos de materiais existentes no ambiente geológico apresentam,


como uma de suas propriedades fundamentais, o parâmetro físico resistividade
elétrica. Este reflete algumas características que possibilitam a determinação dos
estados do material, em termos de alteração de fraturamento, saturação e até
identificá-los litologicamente, sem necessidades de escavações físicas (BRAGA,
2007).

19
2.7.4.1 Método da Eletroresistividade

O princípio deste método está baseado na determinação da resistividade elétrica


dos materiais que, juntamente com a constante dielétrica e a permeabilidade
magnética, expressam as propriedades eletromagnéticas dos solos e rochas
(BRAGA, 2007).

O uso deste método é fundamentado na capacidade do equipamento introduzir


uma corrente elétrica no subsolo a diferentes profundidades de investigação, e
calcular as resistividades dos materiais geológicos nestas profundidades
(BRAGA, 2007).

2.7.4.2 Método da polarização induzida

Para descrever o fenômeno da polarização induzida, pode-se fazer a seguinte


analogia: considere o solo contendo pequenos condensadores, que se carregam
durante a emissão de corrente e descarregam após o corte (BRAGA, 2007).

A resposta da polarização induzida é uma medida tal com uma variação de tensão
em função do tempo ou frequência, denominados respectivamente, de IP-Domínio
do Tempo e IP-Domínio da Frequência (BRAGA, 2007).

2.7.4.3 Método potencial espontâneo

O potencial espontâneo é causado pela atividade eletroquímica ou mecânica da


água. Este método tem sua principal aplicação, em casos ambientais ou de
engenharia, no estudo dos movimentos d’água em subsuperfıcie, pois detecta a
diferença de pressão nos fluidos de subsuperfıcie. As anomalias são geradas pelo
fluxo de fluidos, de calor ou de íons no subsolo, e seu estudo tem sido útil para
localizar e delinear estes fluxos e as fontes associadas (GALLAS, 2005).

2.7.5 Método GPR – Ground Penetrating Radar

Dentre os métodos EM de prospecção geofísica, o GPR destaca-se por sua


eficiente capacidade de obter imagens da subsuperfície e por sua fácil
aplicabilidade às mais diversas situações (ANNAN, 2001). O GPR é um método
que pode fornecer imagens que permitem identificar as condições geomecânicas
do terreno, ou da superfície em estudo, assim como densidade de fraturas

20
existentes e seu grau de fraturamento. Pode determinar o topo do maciço rochoso
e a presença de descontinuidades, assim como a espessura do pacote de
sedimentos, textura e nível d’água (DAVIS e ANNAN, 1989).

A comprovação dos resultados obtidos com o radar demonstra o poder e utilidade


do método como uma ajuda para a interpolação e extrapolação das informações
obtidas com métodos de perfuração convencionais (DAVIS e ANNAN, 1989).

O GPR é uma técnica de imageamento de subsuperfície que consiste na geração


de pulsos elétricos, emitidos por uma fonte na superfície, na qual ondas EM de
altas frequências (10 a 3.000 MHz) são refletidas nas descontinuidades do subsolo
(camadas, rochas, estruturas) e detectadas por uma antena receptora posicionada
também na superfície. Então esse sinal é amplificado, digitalizado e armazenado,
ficando assim disponível para as etapas posteriores de processamento (DAVIS e
ANNAN, 1989). O GPR pode ser monoestático ou biestático (Fig. 10).

A maioria dos sistemas de GPR utiliza antenas separadas para transmissão e


recepção (comumente referido como biestático), embora as antenas possam ser
alojadas num único módulo, sem meios de separação. A capacidade de variar a
distância da antena auxilia para um tipo específico de aquisição, o CMP (Common
Mid Point), que será detalhado a seguir. Para maximizar o acoplamento alvo, as
antenas devem ser espaçadas de tal forma que o pico de refração centrada no
transmissor e os padrões das antenas receptoras apontem para a profundidade
comum a ser investigada (ANNAN, 2001).

A onda transmitida penetra no subsolo e é refletida nas interfaces entre as


estruturas que apresentam diferentes propriedades elétricas, devido às mudanças
de constituição dos materiais. Através da detecção e interpretação dos pulsos
refletidos nas descontinuidades das interfaces, obtêm-se os subsídios necessários
para o diagnóstico a respeito da estrutura em subsuperfície (CASPER e KUNG,
1996; KOPPE et al., 2001).

Este equipamento possui as mais variadas aplicações. Este trabalho visa uma nova
potencialidade, a utilização do GPR em ambiente de mineração.

21
(a)

(b)
Figura 10 - GPR a) monoestático e b) biestático.
Fonte: BORGES, 2002.

A propagação do sinal do GPR em subsuperfície é dependente da frequência de


emissão e das propriedades elétricas do subsolo, principalmente da condutividade
elétrica e da permissividade dielétrica. Ao atingir uma interface, onde ocorrem
mudanças nas propriedades elétricas (mais especificamente nas constantes
dielétricas ou permissividades relativas), parte da energia do pulso é refletida de
volta à superfície (DAVIS e ANNAN, 1989).

De acordo com Davis e Annan (1989), constante dielétrica é o termo utilizado


para descrever as propriedades elétricas do material em altas frequências, desde
que nessas frequências as propriedades de polarização predominem sobre a
condutividade nos materiais geológicos.

22
O radar opera em frequências onde as propriedades capacitivas dominam as
propriedades condutivas, e dessa forma a atenuação da onda EM permanece
essencialmente constante para diferentes valores de condutividade (POPINI,
2001).

Entre muitos fatores que afetam o sinal de radar destacam-se: condições locais de
utilização do radar (são exemplos: interferências externas e perfil adequado da
superfície para deslocamento do equipamento), limitações do modelo de GPR
utilizado, a atenuação da onda EM no subsolo e as propriedades de reflexão das
interfaces onde ocorrem variações nas propriedades elétricas (POPINI, 2001).

Em áreas onde se tem pouca ou nenhuma informação geológica a priori, é


possível fazer uso de uma tabela guia (Tab. 2), obtida através de experimentos
práticos desenvolvidos por algumas empresas (RAMAC/MALA, Sensores e
Software, GSSI).

É importante salientar que a profundidade em que o radar de sondagem fornece


informações úteis, tendo em conta a atenuação da onda EM normalmente
encontrada e a natureza dos refletores de interesse, varia de acordo com o tipo de
material analisado e a frequência utilizada na aquisição (Tab. 3).

Tabela 2: Frequência central da antena e sua respectiva capacidade de exploração


em profundidade.
Frequência Central (MHz) Profundidade (m)
1.000 0,5
500 1,0
200 2,0
100 7,0
50 10,0
25 30,0
10 50,0
Fonte: ANNAN, 2001.

As características do material analisado, como constantes dielétricas e


condutividades elétricas (Tab. 4), são as principais limitações na utilização do
GPR, que define a profundidade que o radar conseguirá alcançar. A condutividade
elétrica (Ϭ) é a medida da habilidade de um material em conduzir corrente

23
elétrica, a constante dielétrica (K) é também conhecida como permissividade
dielétrica relativa do material. A velocidade (V) e a atenuação (α) são fatores
importantes que governam a propagação da onda EM num determinado meio
(ANNAN, 2001).

Tabela 3: Profundidade alcançada em função do material e da frequência


utilizada.
Frequência máx. aprox. em
Típica profundidade de
Material que a operação pode ser
penetração desejada (m)
utilmente realizada

Água potável 100 100 MHz


Areia (deserto) 5 1 GHz
Solo arenoso 3 1 GHz
Solo argiloso 2 100 MHz
Rochas 20 50 MHz
Paredes 0,3 10GHz
Fonte: Adaptado de DANIELS et al., 1988.

Tabela 4: Valores típicos das constantes dielétricas, condutividades elétricas,


velocidades e atenuações.
Material K Ϭ (mS/m) V (m/ns) α (dB/m)
Ar 1 0 0,30 0
Água destilada 80 0,01 0,033 2 x 10-3
Água potável 80 0,5 0,033 0,1
Água do mar 80 3 x 104 0,01 103
Areia seca 3-5 0,01 0,15 0,01
Areia saturada 20-30 0,1-1 0,06 0,03-0,3
Rocha calcárea 4-8 0,5-2 0,12 0,4-1
Xistos 5-15 1-100 0,09 1-100
Siltes 5-30 1-100 0,07 1-100
Argilas 5-40 2-1000 0,06 1-300
Granito 4-6 0,01-1 0,13 0,01-1
Sal seco 5-6 0,01-1 0,13 0,01-1
Gelo 3-4 0,01 0,16 0,01
Fonte: Adaptado de ANNAN, 2001.

24
2.7.5.1 Técnicas de aquisição

Os sistemas de GPR podem ser operados através de três modos básicos: reflexão
simples, sondagens de velocidade (CMP e WARR) e transiluminação (ou
tomografia) (DAVIS e ANNAN, 1989).

O modo mais comum de operação é o de reflexão simples: utilizam-se duas


antenas, uma transmissora e outra receptora, separadas por uma distância
constante, transportadas ao longo do perfil a intervalos fixos e repetitivos, para
imagear as reflexões ocasionadas pelas mudanças nas propriedades elétricas do
subsolo (Fig. 11).

Figura 11 - Modo de operação de reflexão simples.


Fonte: BORGES, 2002.

Obtém-se como resultado um perfil (radargrama), cujos eixos horizontal e vertical


correspondem, respectivamente, às distâncias (posição das antenas) e ao tempo
duplo de reflexão do sinal de GPR (DAVIS e ANNAN, 1989). Na Fig. 12, tem-se
06 traços de GPR esquemáticos que mostram a chegada da onda aérea, da onda
direta no solo e da onda refletida no objeto em subsuperfície.

Já as técnicas CMP (Common Mid Point) e WARR (Wide Angle Reflection and
Refraction) correspondem às chamadas sondagens de velocidades. Na técnica
CMP, ambas as antenas são deslocadas para lados opostos de um mesmo ponto
central (Fig. 13). Já na técnica WARR, uma antena é mantida fixa enquanto a
outra é deslocada lateralmente (Fig. 14) (DAVIS e ANNAN, 1989).

25
Figura 12 - Traços de GPR e o comportamento da onda em subsuperfície.
Fonte: Modificado de DAVIS e ANNAN, 1989.

Figura 13 - Modos de operação do radar: Técnica CMP.


Fonte: BORGES, 2002.

Figura 14 - Modos de operação do radar: Técnica WARR.


Fonte: BORGES, 2002.

26
A técnica de transiluminação ou tomografia consiste em colocar a antena
transmissora e receptora em poços verticais lateralmente contíguos (Fig. 15). Por
se tratar de uma técnica operacional mais complexa, não é utilizada com
frequência (POPINI, 2001).

Figura 15 - Modos de operação do radar: transiluminação.

Uma vez caracterizada a viabilidade da utilização do GPR e escolhida a melhor


geometria de aquisição a fim de atingir os objetivos propostos, é necessário definir
e ajustar os parâmetros a serem utilizados na coleta de dados (POPINI, 2001):

a) Frequência da antena: a profundidade de penetração e a resolução são


dependentes da frequência, resoluções verticais maiores são obtidas
quando se utilizam antenas com frequências mais altas, enquanto que
frequências mais baixas permitem maiores profundidades de penetração;
b) Espaçamento entre as antenas: na prática, costuma-se utilizar um
espaçamento igual ao comprimento das antenas;
c) Orientação do perfil: a orientação do perfil de aquisição pode ser
perpendicular ou paralelo às estruturas de subsuperfície, depende do que se
deseja rastrear;
d) Orientação das antenas: costuma-se realizar os levantamentos de radar
com ambas as antenas perpendiculares à direção do perfil, pois dessa
forma o pulso é irradiado com o campo elétrico transversal à direção do
perfil, o que maximiza o acoplamento das antenas com o alvo de
superfície;

27
2.8 Comportamento típico do sinal no radargrama

Após análise dos perfis das bibliografias existentes, pode-se atentar para alguns
comportamentos típicos das reflexões, normalmente encontrados nos radargramas
obtidos em campo. Entre os comportamentos identificados ressaltam-se:

a. Hipérboles:

A identificação de hipérboles, em radargramas obtidos com GPR, representa um


tipo de reflexão do sinal da onda EM devido à existência de estruturas localizadas
na subsuperfície, sendo o radargrama perpendicular a principal dimensão desta
estrutura.

Segundo PORSANI et al. (2004, 2006), o aparecimento de hipérboles nos perfis


GPR refere-se à existência de raízes de árvores (Fig. 16) e infra-estrutura
enterrada, como por exemplo tubulação (Fig 17).

Figura 16 - Perfil GPR obtido com antenas de 25 MHz, Mina de Bom Futuro, Rondônia.
Fonte: PORSANI et al., 2004.

Figura 17 - Perfil GPR obtido com as antenas de 250 MHz, sítio controlado do
IAG/USP.
Fonte: PORSANI et al., 2006.

28
b. Reflexão Múltipla:

É um tipo indesejado de interferência de ondas, na qual a energia eletromagnética


é refletida diversas vezes entre o topo e a base de uma mesma camada, ou diversas
camadas, antes de ser registrada (Fig. 18). Normalmente, as seções do GPR
adquiridas sobre lâmina d’água apresentam estas feições que ocorrem pela
presença da camada de água que funciona como um guia de ondas, aprisionando a
energia eletromagnética entre interfaces com grandes contrastes de condutividade
elétrica e de permissividade dielétrica (ar-água, água-sedimentos). A reverberação
das ondas EM entre topo e base da camada de água é muito proeminente por causa
desses contrastes (Fig. 19). A presença deste tipo de evento na seção GPR pode
dificultar, ou até impossibilitar, a identificação das reflexões primárias que
possam estar relacionadas com as feições geológicas (MOUTINHO et al., 2005).

Reflexão 1ª Reflexão
Primária Múltipla

2ª Reflexão
Múltipla

Figura 18 - Radargrama de GPR, de 100 MHz.

Figura 19 - Esquema da geração das reflexões múltiplas.


Fonte: MOUTINHO et al., 2005.

29
c. Linhas contínuas:

Podem-se caracterizar como linhas contínuas refletores identificados com um


comportamento constante, tanto em intensidade quanto em forma, da reflexão do
sinal do GPR ao longo do perfil apresentado.

Na Fig. 20 pode-se identificar um refletor ligeiramente inclinado entre as posições


de 200 e 320 m de distância, e em torno de 6 metros de profundidade (seta verde).
Nesta situação, este refletor contínuo está relacionado com a profundidade do
topo do nível freático (PORSANI et al., 2004).

Figura 20 - Perfil GPR obtido com as antenas de 50 MHz, Mina de Santa Bárbara,
província estanífera de Rondônia.
Fonte: PORSANI et al., 2004.

d. Refletores inclinados:

Os refletores inclinados são reflexões do sinal do GPR que são identificadas nos
radargramas com inclinação em relação ao eixo de início do perfil. Estes
refletores inclinados, normalmente, aparecessem em conjunto, o que pode
representar a presença de alguma estrutura diferenciada do meio investigado.

Na Fig. 21, entre as distâncias de 30 e 37m, é possível a identificação de um


padrão de reflexão diferente da região anterior, refletores com inclinação contrária
e alguns refletores com direção aleatória, indicando a presença do dique

30
(retângulo verde). Na profundidade de 90m existe uma suave gradação no padrão
das reflexões, possivelmente esta gradação está ligada com a frente de
intemperismo do dique (ARANHA e HORN, 2000).

Figura 21 - Perfil GPR obtido com as antenas de 50 MHz, Serra do Espinhaço


Meridional.
Fonte: ARANHA e HORN, 2000.

e. Paleocanal:

Um paleocanal é uma estrutura geomorfológica que pode ter sido um canal de


passagem de água, mas que atualmente está abandonada. A identificação da
estrutura de paleocanal em perfis GPR é caracterizada através da geometria dos
refletores. Na Fig. 22 é possível identificar um aprofundamento do canal, bem
marcado pelos refletores com estrutura côncava.

Figura 22 - Identificação de paleocanal.


Fonte: RODRIGUES, 2009.

31
f. Reflexão lateral:

Considera-se como reflexão lateral a identificação de reflexões que não estão


relacionadas diretamente com a localização do perfil, são estruturas existentes em
paralelo à localização dos perfis executados. A identificação da reflexão lateral
em perfis GPR é caracterizada por refletores descontínuos na parte superior de
refletores contínuos. Não são consideradas múltiplas, pois não apresentam a
mesma geometria do evento inferior (mais profundo). Estas reflexões podem
identificar obstáculos (estruturas existentes) que existem paralelos às trajetórias de
aquisição dos perfis realizadas. São hipérboles ou refletores inclinados que
aparecem sem ligação com os eventos identificados (Fig. 23)

Figura 23 - Identificação de reflexão lateral (detalhe em verde).

2.9 Comparativo entre GPR e método sísmico (ou sismográfico)

A Sísmica e o GPR têm como principal semelhança os princípios de formação da


imagem e aos seus aspectos cinemáticos. Tanto o pulso de radar quanto o pulso
acústico propagam-se com velocidades definidas que dependem diretamente das
propriedades do meio. Entretanto, do ponto de vista dinâmico, onde são levados
em conta os aspectos de propagação de energia, o GPR e a Sísmica diferem pela
qualidade do imageamento (XAVIER, 2006).

Existem diferenças importantes entre o método sísmico e o GPR, sendo a


principal delas relativa aos efeitos de atenuação e de dispersão em que as ondas
eletromagnéticas e elásticas estão sujeitas ao se propagarem no meio geológico.

32
No caso do GPR, que utiliza emissão de ondas EM, esses efeitos são mais fortes,
ou seja, as ondas EM são mais sensíveis (XAVIER, 2006).

Os resultados obtidos com GPR, em ambientes altamente resistivos eletricamente,


podem ser utilizados sem nenhum tipo de processamento mais elaborado, uma vez
que a alta resolução e a qualidade do imageamento atendem aos objetivos dos
estudos e os alvos podem ser razoavelmente bem identificados (OLHOEFT,
2000). Porém, essa facilidade depende diretamente da existência de atributos
elétricos favoráveis no solo, como a existência de meios onde ocorre baixa perda
de energia eletromagnética, favorecendo a propagação do sinal e permitindo um
imageamento satisfatório (XAVIER, 2006).

Diferentemente do método sísmico, o GPR quando utilizado em solos de clima


temperado, que possuem maior conteúdo de argila mais lixiviada, resultam no
aumento da condutividade e consequentemente no aumento da atenuação e da
dispersão para as ondas EM. Nestas condições desfavoráveis, os dados de GPR
necessitam ser submetidos a um processamento digital adequado, a fim de que os
efeitos indesejáveis sejam corrigidos, e se obtenha uma qualidade de imageamento
satisfatória (XAVIER, 2006).

33
3. Metodologia

O objetivo do presente estudo é um complexo minerário da região do Quadrilátero


Ferrífero em Minas Gerais. Por esta inserida no projeto de pesquisa FAPEMIG,
esta dissertação teve o seu local de estudo definido através de ampla discussão
com os financiadores do projeto, que indicaram o Complexo da Mina de Água
Limpa como foco do estudo. Ressalta-se, entretanto, que foram necessários testes
preliminares com o equipamento GPR tanto no CEFET-MG como em um
reservatório de fácil acesso. Para isto foi selecionado o reservatório da barragem
de Três Marias localizado em Minas Gerais.

3.1 Locais de estudo

Localizado nos municípios de Rio Piracicaba e Santa Bárbara, o foco do presente


estudo (Fig. 24) possui uma área equivalente a 4.329ha, que contempla as cavas,
pilhas, barragens e a usina de tratamento do minério, além das unidades de apoio
como oficinas, posto de combustível, pátio de resíduos, almoxarifado, restaurante,
escritório, estradas e viveiros. Segundo a SUPRAMLM (2011), o complexo da
mina de Água Limpa emprega cerca de 440 funcionários diretos e 160
terceirizados, trabalhando no regime operacional de 03 turnos, durante 24 horas
por dia.

Na mina de Água Limpa, os rejeitos da mineração são dispostos conforme


demonstra o fluxograma da Fig. 25, sendo o estéril deixado na própria cava da
mina, o jigue colocado em uma pilha, o rejeito espiral depositado diretamente na
Pilha do Monjolo e a lama drenada diretamente para as barragens.

34
Figura 24 - Complexo minerário de Água Limpa (MG)

35
Figura 25 - Fluxograma de operação da Mina de Água Limpa.

A mina de Água Limpa é considerada de grande porte, pois possui uma produção
de ROM (run of mine) superior a 3.000.000 t/ano. O ROM é a produção bruta de
minério, obtido diretamente da mina, sem sofrer qualquer tipo de beneficiamento.
A sua produção em 2011 foi de 9.578.544 t, e ocupa a posição de 21º no ranking
geral por produção anual (DNPM, 2005; MINÉRIOS & MINERALES, 2012).

Estima-se que a usina de beneficiamento do complexo da mina de Água Limpa,


possua uma recuperação média de 51% do minério bruto. Assim, para cada 100
toneladas alimentadas na usina, 51 t transformam-se em produtos e 49 t em rejeito
arenoso e lama, com destinação diferenciada (OLIVEIRA, 2010).

O rejeito arenoso é disposto em forma de pilha pelo método de lançamento


hidráulico para montante, sendo neste estudo a Pilha do Monjolo (Fig. 26). A
lama oriunda do beneficiamento, composta de siltes e argilas, é disposta em
reservatórios formados por barramento convencional de curso d’água. No
complexo de Água Limpa, a barragem do Diogo (Fig. 27) recebe a lama através
de dutos (OLIVEIRA, 2010).

36
Figura 26 – Vista da pilha do Monjolo.

Figura 27 – Vista da barragem do Diogo.

A barragem do Diogo até 2007 tinha como função o armazenamento de água.


Entretanto, a partir deste ano, a mesma foi licenciada para receber o rejeito do
processo de beneficiamento (SUPRAMLM, 2011). Foi então realizada uma obra
de alteamento do barramento com a finalidade de aumentar a capacidade do
reservatório, elevando a parede da barragem de 25 para 35 metros de altura
(CÂMARA MUNICIPAL DE RIO PIRACICABA, 2013).

Com relação à classificação de risco da FEAM (Fundação Estadual de Meio


Ambiente de Minas Gerais), tanto a barragem do Diogo como a pilha do Monjolo
(Tab. 5) possuem alto potencial de dano ambiental (Risco 3).

Para definição dos procedimentos a serem adotados na barragem do Diogo, foi


realizado em abril de 2013 um teste no reservatório da usina hidroelétrica de Três
Marias - Minas Gerais (Fig. 28). Visando testar a viabilidade da utilização do
GPR em água, optou-se por esta localidade devido à facilidade de acesso e
mobilização/desmobilização.

37
Tabela 5: Características das barragens.
Características Barragem do Diogo Barragem do Monjolo

Altura atual (m) 25 19

Volume do aterro (m³) 65.000 52.500

Volume do reservatório (m³) 2.400.000 400.000

Classe de Risco III – alto potencial de dano ambiental

Fonte: FEAM, 2013.

A usina hidrelétrica de Três Marias (Fig. 29) está situada no alto São Francisco,
em Minas Gerais, e possui uma área alagada de 1.110,54 km². Teve o início de
sua construção em 1957 e seu início de operação em 1962. A barragem possui um
comprimento de 2.700m e sua altura máxima é de 75m (CEMIG, 2013; ANEEL,
2013).

Figura 28 - Vista geral da execução do teste e conjunto GPR-Barco.

Figura 29 - Usina Hidrelétrica de Três Marias.


Fonte: CEMIG (2013).

38
3.2 Método de investigação geo física empregado - GPR

Os parâmetros considerados para a escolha e aquisição do equipamento GPR


foram definidos baseado no objetivo da pesquisa, em termos de resolução e
penetração, e nas condições do meio a ser pesquisado. O GPR utilizado é da
marca GSSI, modelo TerraSIR. Para minimizar a influência dos rejeitos sobre o
sinal do GPR, deve-se atentar para a escolha da frequência de operação. Baseado
nessas considerações definiu-se pelas antenas de 100 e 200 MHz, sendo
monoestáticas. Estas são antenas blindadas, o que ajuda a impedir as
interferências do meio externo. Para aquisição e processamento dos dados serão
utilizados os softwares Gradix Interpex, Reflex 2D data-analysis e Radan® 7.

Em geral, os rejeitos de mineração de ferro proporcionam anomalias condutivas,


tanto no solo como nas águas subterrâneas. O GPR pode ser empregado para a
detecção desse tipo de contaminação, devido à atenuação do sinal provocada pela
alta condutividade dos rejeitos (CETESB, 1999).

Os sedimentos superficiais não consolidados, representados pelas areias,


cascalhos, seixos, e os materiais intemperizados, apresentam maior resistividade e
menor teor de argila em relação aos materiais mais compactados. Assim, esse tipo
de meio favorece a aplicação dos métodos GPR, na investigação de contaminantes
de alta condutividade (CETESB, 1999).

3.3 Procedimento de Montagem

3.3.1 Antenas

As antenas utilizadas neste trabalho possuem frequência de 100 MHz e de 200


MHz (Fig. 30), sendo ambas blindadas e monoestáticas. Acoplado às antenas será
utilizada a Survey Wheel, que é uma roda utilizada para auxiliar na captação dos
perfis em solo, fornecendo os dados de distância.

39
(a) (b)
Figura 30 - Survey Wheel e o cabo para movimentação com antena (a) de 200 MHz e (b)
de 100 MHz.

3.3.2 GPR SIR 3000

O equipamento GPR SIR 3000 (Fig. 31) é composto por uma unidade de controle
portátil com visor de cristal líquido de alta resolução, cabos, antenas de 100 (par)
e 200 MHz e Survey Wheel.

Figura 31 - GPR SIR 3000 com equipamento de sustentação e quebra-sol instalados.

Em comparação com outras marcas de equipamento GPR, este é mais resistente e


robusto, tanto o painel quanto os cabos e conexões, resistem mais aos trabalhos de
campo que podem oferecer situações adversas (Fig. 32). Este equipamento
também possui mais entradas de comunicação (SOUZA, 2008).

(a) (b)
Figura 32 - Painel de Controle (a) e Portas de comunicação de periféricos (b).
Fonte: GEOPHYSICAL SURVEY SYSTEMS, INC., 2011.

40
3.4 Procedimentos para utilização do GPR

O levantamento a ser feito com o equipamento GPR deve seguir um trajeto pré-
estabelecido, composto de perfis horizontais e verticais, para cada estrutura a ser
estudada, com uma velocidade padrão.

Para o correto funcionamento dos equipamentos, o GEOPHYSICAL SURVEY


SYSTEMS, INC., 2011, sugere os seguintes parâmetros (Tab. 6):

Tabela 6: Parâmetros sugeridos pelo fabricante.


Antena 100 MHz 200 MHz

Janela de tempo (ns) 300-500 70-300

Emissão de ondas/segundo - -

Amostras 512-1024 512-1024

Os parâmetros citados na tabela serão descritos abaixo:

 Amostras: Cada curva de digitalização é constituída por um determinado


número de pontos de dados individuais, designadas amostras. Quanto
maior o número de amostras coletadas, mais suave ficará a curva de
digitalização.
 Janela de tempo (ns): é a janela de tempo em nanossegundos (ns) que o
SIR-3000 irá gravar os sinais de resposta. O intervalo de tempo é
proporcional à profundidade visto que um maior alcance permitirá mais
tempo para a energia ir mais profundamente.
 Emissão de ondas/m: emissão de ondas por unidade de distância
horizontal. Este parâmetro é o espaçamento de varredura quando se utiliza
a Survey Wheel.
 Emissão de ondas/segundo: emissão de ondas por unidade de tempo. Este
parâmetro é o espaçamento de varredura quando não se utiliza a Survey
Wheel.

A partir da análise dos perfis obtidos, adotaram-se os parâmetros que obtiveram


os melhores desempenhos (Tab. 7):

41
Tabela 7: Parâmetros utilizados para a aquisição:
Antena 100 MHz 200 MHz

Janela de tempo (ns) 500/400 300

Emissão de ondas/segundo* 16 64

Amostras 1.024 1.024

*Após utilização na Barragem de Três Marias;

Na barragem do Diogo, foram realizados trajetos retos, com comprimentos pré-


estabelecidos para que possa ser feita a correção do comprimento do radargrama.

Já na pilha do Monjolo, a utilização do GPR exige a consideração de uma


constante dielétrica diferente, por se tratar de um solo. Para aplicação nesta
estrutura, o equipamento foi deslizado ao longo do perfil, de acordo com o
método de reflexão simples. A medição do comprimento dos perfis foi feita
através da Survey Wheel, que possui um encoder acoplado (Fig. 33) para
realização desta medição.

Figura 33 - Survey Wheel com detalhe para o encoder acoplado.

3.5 Processamento dos dados

Os perfis foram processados nos softwares Gradix Interpex, Reflexw 2D data-


analysis e Radan® 7. As etapas de processamento de dados GPR utilizados, tanto
para os perfis da barragem do Diogo quanto da pilha do Monjolo, foram:

 Pré-processamento: verificação da qualidade do radargrama,


através da presença de ruídos provenientes de fontes de
interferência (redes elétricas, corpos metálicos na superfície,
construções, cercas metálicas, postes, redes de alta-tensão, antenas
42
de rádio, árvores de grande porte, tubulação metálica) ou mesmo
falhas durante a aquisição dos dados, para determinação dos filtros
a serem aplicados. É possível corrigir erros de cabeçalho, mudar a
polaridade dos traços, reverter a direção do perfil e acrescentar
informações da topografia;
 Declip: reconstituição das amplitudes por meio de interpolação;
 Análise do espectro de frequências: definição das frequências
presentes no radargrama;
 Filtragem dewow: remoção de componentes de frequências muito
baixas, associadas à saturação eletrônica do receptor, devido à alta
energia das ondas aérea e terrestre.
 Set time zero: correção do tempo zero através da definição da
referência (traço) inicial do perfil, o que permite sincronizar os
traços através da chegada da Onda-Ar;
 Window traces: definição da área do perfil que não será utilizada e
eliminá-la;
 Remove background: remoção dos ruídos de fundo;
 Filtragem: remoção das frequências espúrias do sinal, valores
estimados através da análise espectral e com o intuito de reduzir
quer o conteúdo em baixa frequência ainda existente bem como o
ruído proveniente das altas frequências.
 Aplicação de ganhos: realce das amplitudes correspondentes aos
refletores posicionados a profundidades mais elevadas.

Nos perfis obtidos foram identificadas diversas hipérboles cujas velocidades de


propagação das ondas foram obtidas através dos softwares. Com este valor foi
feita a correção da profundidade, através da conversão tempo/profundidade dos
perfis.

Para os perfis referentes à barragem do Diogo, o valor da velocidade foi


confirmado, também, por outra metodologia. No local foi possível medir a altura
da lâmina d’água igual a 75 cm, nos radargramas, esta profundidade corresponde
a 45ns (Fig. 34), sendo a eq. 1:

43
(1)

Onde: a velocidade de propagação da onda, a profundidade da subsuperfície


multiplicada por dois, considerando o tempo duplo de retorno da onda, e o
tempo (ns), logo:

Figura 34 - Perfil 134 – Tempo de 45ns referente à subsuperfície.

O roteiro de processamento específico para os perfis da barragem foi:

 Análise de velocidades: feita através do ajuste das hipérboles,


sendo a velocidade encontrada da ordem de 0,033 m/ns.
 Conversão tempo/profundidade: baseada num modelo de
velocidades uniforme tendo sido utilizada a velocidade encontrada
no passo anterior do processamento;
 Correção do comprimento dos perfis através dos dados obtidos
com o GPS.

44
Para os perfis feitos na pilha de rejeito, o roteiro foi:

 Análise de velocidades: feita com a velocidade de 0,075 m/ns.


 Conversão tempo/profundidade: com a velocidade encontrada no
passo anterior do processamento;
 Migração: posicionar corretamente os refletores quanto à sua
posição, mergulho e profundidade. Para isso, é necessário conhecer
a velocidade de propagação da onda de radar no subsolo.

3.6 Definição dos procedimentos de uso do GPR em barragens

Durante os testes em água, a antena do GPR foi transportada em um bote inflável


(Fig. 35) acoplado ao barco de alumínio motorizado. A opção pelo bote de
plástico deu-se devido à interferência que o material alumínio poderia causar na
emissão das ondas EM.

Todo o equipamento e acessórios, incluindo a unidade de controle do GPR e o


sistema de posicionamento global (GPS - Global Positioning System), utilizado
para demarcar o posicionamento espacial das seções, foram acomodados no
interior do barco. As medidas de segurança tomadas foram: utilização de colete
salva-vidas para os três ocupantes (Fig. 36), fixação de bóia ao equipamento GPS
e utilização do equipamento GPR em uma caixa flutuante.

Figura 35 - Sequência de acomodação da antena de 200 MHz.

45
Figura 36 - Utilização de colete salva-vidas.

Para a realização deste trabalho foram levados os seguintes materiais:

 Equipamento GPR;  Caixa de ferramentas;


 Carregador de bateria do  Haste GPS;
GPR;  Cabos GPS - serial;
 Mochila/suporte para carregar  Garrafa de água;
GPR;  Bote inflável;
 Antena de 100 MHz com  Bomba elétrica para inflar;
suporte de PVC;  Lona;
 Antena de 200 MHz com  Cordas;
suporte de PVC;  Barco e carretinha;
 Cabo azul;  Motor;
 Cabo pequeno preto;  Colete salva-vidas;
 Roda;  Bóia;
 02 puxadores pretos;  Bateria de carro;
 Pen-drive + notebook +  Conversor de bateria para a
carregador; corrente continua;
 Caderninho de anotações +  Capa de chuva;
caneta;  Botas;
 Caixa GPS amarela;  Sacos;
 Caixa GPS papelão;  Boca-de-lobo;
 Carregador de baterias GPS;  Pás;
 Trena de 10 m;  Máquina fotográfica;
 Trena a laser;

3.7 Caracterização das amostras

Foram coletadas algumas amostras do material depositado tanto na barragem


como na pilha. Estas amostras foram retiradas de locais próximos aonde foram
realizados os perfis do GPR e tiveram como objetivo determinar algumas
propriedades deste material que poderiam ser interessantes para compreensão dos
46
resultados do GPR. Desta forma, estas amostras foram submetidas a ensaios de
condutividade elétrica, análise mineralógica, determinação da massa específica,
curva granulométrica e DRX (Difratômetro de Raios-X), que serão descritos
abaixo.

A amostra “B1” e “P1” correspondem ao material coletado no fundo da barragem


do Diogo e o rejeito espiral da pilha do Monjolo foi indicado pela sigla “E1”.
Após o quarteamento das amostras, que é o processo de redução da amostra a
pequenas porções representativas da amostra inicial, obteve-se as amostras
independentes A, B e C para a determinação da massa específica e 1, 2 e 3 para o
ensaio de DRX.

3.7.1 Condutividade Elétrica

Para determinação dos valores de condutividade elétrica do material coletado foi


utilizado o equipamento condutivímetro da marca Digimed do Laboratório de
Química da PUC-Minas (Fig. 37). Todas as amostras foram misturadas com água
destilada e, em seguida, feita a leitura no equipamento.

Figura 37 - Ensaio de determinação de condutividade elétrica.

3.7.2 Análise Mineralógica

Este procedimento consiste na análise visual, por meio de uma Lupa Eletrônica
(modelo Trinocular com adaptador para foto digital – marca Callmex), com

47
iluminação refletida, feito no Laboratório de Geologia do IGC (Instituto de
Geociências) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

A preparação das amostras foi feita da seguinte forma: secagem em estufa, por
24h, na temperatura 105ºC a 110ºC, destorroamento e homogeneização da
amostra.

3.7.3 Determinação da massa específica dos grãos

Este ensaio foi baseado na norma NBR 6508 – Grãos de solos que passam na
peneira de 4,5 mm – Determinação da massa específica (ABNT, 1984). Toda a
aparelhagem utilizada pertence ao Laboratório de Solos do CEFET-MG Campus
II. Foram realizados três ensaios para cada tipo de amostra.

3.7.4 DRX/Fluorescência

As amostras P1, B1 e E1 foram submetidas ao ensaio de fluorescência de raios-X


no Departamento de Materiais no Campus I - CEFET-MG. O equipamento é da
marca Shimadzu e o modelo é o EDX-720 (Fig. 38). Para melhor uniformidade na
análise, o material analisado foi previamente peneirado usando uma peneira de
malha 0,075mm.

Figura 38 - Equipamento de espectrometria de fluorescência de raios-X.

A amostra é então introduzida (dentro da cápsula) na máquina, onde é feita a


análise, apresentando-se o resultado em gráficos.

Em seguida, as amostras foram submetidas à difratometria de raios-X no


Departamento de Engenharia Civil no Campus II do CEFET-MG. O equipamento
também é da marca Shimadzu e o modelo é o XRD – 7000 (Fig. 39).

48
Figura 39 - Equipamento para difração de raios-X.

Foram utilizadas para análise as amostras com tamanho de partículas inferiores a


75µm, sendo compactadas na porta-amostra (Fig. 40) e submetidas ao ensaios de
DRX que trabalha com fonte de radiação de cobre. O varrimento se deu entre os
ângulos 5º ≤ 2ɵ ≤ 80º com a velocidade de 1º/min. O software utilizado para
identificação das fases presentes foi o Match.

Figura 40 - Introdução e compactação das amostras na porta-amostra.

Para a análise do DRX a preparação da amostra passou por um processo diferente.


O material que seria analisado foi moído (Fig. 41 e 42), com o auxílio do moinho
planetário (Fig. 43), para melhor precisão das informações que seriam coletadas.

49
(a) (b)
Figura 41 - Material P1, (a) antes e (b) depois da moagem.

(a) (b)
Figura 42 - Material B1, (a) antes e (b) depois da moagem.

(a) (b)
Figura 43 - Moinho Planetário utilizado, (a) aberto e (b) fechado.

50
3.7.5 Determinação do teor de umidade de solos

Este ensaio foi baseado na norma NBR 6457 – Anexo – Determinação do teor de
umidade de solos (ABNT, 1986). A estufa utilizada foi a MedClave Modelo 5,
pertencente ao Laboratório de Materiais de Construção do CEFET-MG Campus
II. O material é pesado antes da secagem (Fig. 44) e após a secagem.

(a) (b)
Figura 44 - Material antes da secagem em estufa, (a) P1 e (b) B1.

3.7.6 Análise Granulométrica

Este ensaio foi feito em três etapas. Segundo a norma NBR 7181 – Solo – Análise
Granulométrica (ABNT, 1984), o peneiramento grosso é feito com o material
retido na peneira 2,0mm, para o peneiramento fino utiliza-se o material retido na
peneira 0,075mm e com o material passado na peneira de 2,0mm é feito o método
da sedimentação. O resultado final é apresentado graficamente, onde no eixo das
abscissas são dispostos os diâmetros das partículas, em escala logarítmica, e no
eixo das ordenadas as porcentagens das partículas menores do que os diâmetros
considerados, em escala aritmética. A aparelhagem utilizada pertence ao
Laboratório de Materiais de Construção do CEFET-MG Campus II, assim como o
agitador mecânico de peneiras (Fig. 45).

51
Figura 45 - Ensaio de peneiramento – agitador mecânico.

52
4. Aplicação do GPR nas estruturas minerárias

4.1 Utilização do GPR no complexo minerário

Nos dias 02, 03 e 04 de julho de 2013, uma equipe de 6 pessoas do CEFET-MG


realizou a utilização do equipamento GPR na barragem do Diogo e na pilha do
Monjolo. No primeiro dia foi realizado o curso de ambientação de 8h. A partir do
segundo dia os trabalhos de campo foram iniciados.

Inicialmente, foi necessária a adequação do veículo para autorização do acesso a


Mina de Água Limpa (Fig.46), incluso instalação de giroflex e bandeirola, faixas
refletivas e tags com o código CFT-3401.

Foram feitos 14 perfis com a antena de 200 MHz na estrutura da Pilha do Monjolo
e 25 perfis na Barragem do Diogo, sendo 18 perfis com antena de 200 MHz e 07
perfis com antena de 100 MHz.

Figura 46 - Veículo adequado para acesso.

4.2 Pilha do Monjolo

Na Pilha do Monjolo, foi feita a sondagem através do equipamento GPR com a


antena de 200 MHz (Fig. 47). A pilha possui um aspecto de duna (compactações
diferentes) e bermas com alturas aproximadas de 10m. Uma das dificuldades foi o
posicionamento da malha, pois o local é irregular e possui muitos desníveis.

Ao GPR foi adaptado um GPS diferencial, para serem feitas captações


simultâneas, que acompanhou todo o trajeto. O GPS possui duas antenas: uma foi
instalada no ponto mais alto da pilha e a outra acoplada ao computador do GPR.
53
Na Tab. 8 têm-se as distâncias percorridas e o tempo gasto dos perfis localizados
de acordo com a Fig. 48. A velocidade média dessa aquisição foi de 1,42 km/h e a
distância total percorrida foi de aproximadamente 304,7 m.

Figura 47 - Utilização do GPR na Pilha do Monjolo.

Tabela 8: Dados dos perfis obtidos na pilha.


Perfil Distância Tempo
GPR (m) (s)
99 19,30 55
100 18,40 34
101 20,40 55
102 21,20 50
103 21,60 55
104 9,00 48
105 10,80 27
106 11,40 58
107 56,70 135
108 21,50 50
109 23,00 64
110 36,40 67
111 10,70 26
112 24,50 49

Em um ponto, selecionado de forma aleatória, foi feita a coleta do rejeito espiral


para análise. A coleta foi feita com uma pá, desprezando-se os 10 cm inicias por
haver impurezas. Esta amostra não pode ser considerada representativa, pois não
foi feita a amostragem da pilha.

54
(a)

99-100-101-102-103

104
110 105

112 106

111 107

109

108

(b)
Figura 48 - Visão completa da Pilha do Monjolo (a) e indicação de posição dos perfis
(b).

A utilização do GPR na pilha do Monjolo constitui-se de duas partes. Na primeira


(Fig. 49), foi feita uma malha para melhor visualização das linhas de deposição
identificadas, sendo 03 perfis horizontais (104, 105 e 106) e 05 perfis verticais (99
até 103). Todos os perfis obtidos na pilha foram feitos com a antena de 200 MHz.
Na segunda parte (Fig. 50) da prospecção foram feitas aquisições paralelas nas
bermas (superior e inferior) para tentar identificar alguma variação no
comportamento das linhas de deposição levando-se em consideração uma possível
diferença de compactação dos rejeitos, sendo elas 107 até 112.

55
Localização Perfis GPR - Pilha Monjolo
685934

685932

685930

685928

685926

99
Coordenadas UTM

685924 100
101
102
103
685922
104
105
106
685920

685918

685916

685914

685912
7792980 7792982 7792984 7792986 7792988 7792990 7792992 7792994 7792996 7792998 7793000 7793002 7793004 7793006 7793008
Coordenadas UTM

Figura 49 - Utilização dos dados do GPS, em planilha Excel, para localização das interseções dos perfis na Pilha do Monjolo (malha).

56
Localização Perfis GPR - Pilha Monjolo
685880

685878

685876

685874

685872

685870

685868

685866

685864
Coordenadas UTM

685862
107
108
685860
109
110
685858
111

685856 112

685854

685852

685850

685848

685846

685844

685842

685840
7792905 7792910 7792915 7792920 7792925 7792930 7792935 7792940 7792945 7792950 7792955 7792960 7792965 7792970 7792975 7792980 7792985 7792990 7792995 7793000 7793005
Coordenadas UTM

Figura 50 - Utilização dos dados do GPS, em planilha Excel, para localização das interseções dos perfis na Pilha do Monjolo (perfis paralelos).

57
4.3 Barragem do Diogo

Na Barragem do Diogo foram coletados 20 radargramas do fundo da barragem,


tanto com a antena de 100 MHz quanto com a antena de 200 MHz, assim como
um grande registro fotográfico das estruturas analisadas. Foram feitas aquisições
transversais e radiais, sendo 115 até 130 com a antena de 200 Mhz e 131 até 135
com a antena de 100 MHz.

A instalação e fixação da antena (tanto de 100 MHz quanto a de 200 MHz) no


bote, assim como o acoplamento do bote ao barco foram feitas por meio da
amarração de cordas (Fig. 51). O bote possui três câmaras de ar, o que significa
menor risco de furar. A antena foi embalada em uma lona impermeável para
proteção do equipamento.

Figura 51 - Fixação e instalação da antena no bote.

A movimentação do conjunto bote-GPR foi feito de forma que a antena se


mantivesse perpendicular ao barco, conforme Fig. 52.

Ao GPR também foi adaptado o GPS que possui duas antenas: uma foi instalada
na margem da barragem e a outra junto ao barco, acoplado ao computador do
GPR (Fig. 53).

O acesso à barragem foi muito difícil, pois o terreno estava muito escorregadio.
As possíveis interferências identificadas próximas ao local da aquisição foram: a
casa de bombas e a antena de transmissão (Fig. 54).

A Barragem é dividida em duas pequenas barragens (Fig. 55), pois possui uma
“praia de rejeitos” no meio, isto impossibilita o acesso ao norte, por isso os perfis
foram feitos na área Sul.

58
Figura 52 - Bote perpendicular ao barco e posicionamento do GPS.

Figura 53 - Instalação da antena de GPS na margem.

Figura 54 - Acesso e interferências: Barragem do Diogo.

Figura 55 - Vista da barragem, setor norte e sul (pontilhados vermelhos representam os


perfis).

59
Na Tab. 9 têm-se as distâncias percorridas e o tempo gasto, a velocidade média foi
de 4,47 km/h e a distância total percorrida foi de aproximadamente 1,41 km.

Tabela 9: Dados dos perfis obtidos na barragem.


Perfil Distância Tempo
GPR (m) (s)
115 18,70 18
116 21,40 16
117 23,50 18
118 25,80 16
119 25,20 21
120 27,50 27
121 48,30 40
123 151,20 73
124 135,20 83
125 139,30 87
126 132,80 185
127 164,80 87
128 30,10 26
129 29,90 25
130 47,50 36
131 37,40 32
132 46,10 61
133 24,60 27
134 139,40 136
135 134,00 139

Foram identificados três setores diferentes na barragem para investigação com o


GPR (Fig. 56):

 Setor 01: Área com acúmulo de rejeito e com baixa profundidade. Foram
feitas aquisições paralelas para identificação das linhas de deposição dos
rejeitos. Neste setor foi feita uma coleta do fundo da barragem para análise
do material e suas propriedades (Fig. 57). Esta amostra não pode ser
considerada representativa, pois não foi feita a amostragem do local.

 Setor 02: Área próxima ao vertedouro, neste foram feitas aquisições


radiais para visualização da diferença de profundidade por conta do
sentido margem-centro.

60
 Setor 03: Área com concentração de sedimento com características visuais
semelhantes ao minério de ferro, profundidade baixa (Fig. 58). Foram
feitas aquisições paralelas para tentar identificar diferença de
comportamento do material. Neste setor foi feita uma coleta do sedimento
para análise do material e suas propriedades. Esta amostra não pode ser
considerada representativa, pois não foi feita a amostragem do local.

SETOR 01
127

125
134
126 124

135
123

SETOR 03 SETOR 02
132 118
129-131
115-116-117
133 121
128 119
120
130

Figura 56 - Barragem do Diogo – identificação dos setores pesquisados.

Figura 57 - Aspecto visual da lama depositada na barragem do Diogo

61
Assim como para a pilha de rejeitos do Monjolo, para os perfis da barragem
também foram feitos gráficos com as coordenadas UTM do GPS, seguindo a
subdivisão dos setores, sendo Setor 01 (Fig. 59); setor 02 (Fig. 60) e setor 03 (Fig.
61).

Figura 58 - Concentração de material.

62
Barragem do Diogo - Setor 01
688.750.000

688.700.000

688.650.000
122
Coordenadas UTM

123
124
125
126
127
688.600.000 134
135

688.550.000

688.500.000
7.795.300.000 7.795.350.000 7.795.400.000 7.795.450.000 7.795.500.000 7.795.550.000 7.795.600.000 7.795.650.000 7.795.700.000
Coordenadas UTM

Figura 59 - Utilização dos dados do GPS, em planilha Excel, para localização das interseções dos perfis para o setor 01.

63
Barragem do Diogo - Setor 02
688.740.000

688.720.000

688.700.000

688.680.000

115
Coordenadas UTM

116
688.660.000 117
118
119
120
121
688.640.000

688.620.000

688.600.000

688.580.000
7.795.120.000 7.795.140.000 7.795.160.000 7.795.180.000 7.795.200.000 7.795.220.000 7.795.240.000
Coordenadas UTM

Figura 60 - Utilização dos dados do GPS, em planilha Excel, para localização das interseções dos perfis para o setor 02.

64
Barragem do Diogo - Setor 03
688.265.000

688.260.000

688.255.000

688.250.000
Coordenadas UTM

128
129
688.245.000
130
131
132
133
688.240.000

688.235.000

688.230.000

688.225.000
7.795.140.000 7.795.145.000 7.795.150.000 7.795.155.000 7.795.160.000 7.795.165.000 7.795.170.000 7.795.175.000 7.795.180.000 7.795.185.000 7.795.190.000 7.795.195.000 7.795.200.000 7.795.205.000 7.795.210.000 7.795.215.000 7.795.220.000 7.795.225.000 7.795.230.000 7.795.235.000 7.795.240.000
Coordenadas UTM

Figura 61 - Utilização dos dados do GPS, em planilha Excel, para localização das interseções dos perfis para o setor 03.

65
4.4 Batimetria

Através da análise do perfil de batimetria é possível conferir as profundidades


obtidas com o método GPR e comparar com este método convencional. É
importante ressaltar que a batimetria apresentada é de Setembro/2012, ou seja,
este perfil pode ter sofrido mudanças até no dia da aquisição dos dados.

Devido a problemas de acesso e logística, não foi possível a realização de uma


nova batimetria no dia da aquisição dos dados GPR. Mas levando-se em
consideração que tenham ocorridas pequenas variações, é possível constatar que
as profundidades identificadas pelo GPR alcançaram valores próximos à
batimetria apresentada (Fig. 62). O mapa da batimetria está no Anexo A.

66
Figura 62 - Superposição da batimetria com a localização dos perfis.

67
5. Resultados

5.1 Caracterização das amostras

A amostra coletada na Pilha do Monjolo foi denominada de E1 e seu ponto de


coleta foi na crista da estrutura. A amostra retirada da Barragem do Diogo foi
denominada de B1 e foi coletada no centro do setor 01, nesta mesma estrutura
também foi feita a coleta da amostra P1, localizada na margem esquerda do setor
3.

5.1.1 Condutividade Elétrica

Os resultados da propriedade elétrica (Tab. 10) indicou que os maiores valores de


condutividade elétrica estavam correlacionados ao material em condições de
umidade natural. E, após secagem na estufa, os valores referentes à condutividade
foram reduzidos, 45% para B1 e 54% para P1, quando comparados com as
amostras úmidas. Observou-se também que o material P1 é mais condutor do que
o material B1. Ressalta-se que o material P1 é uma lama lançada em grande
quantidade na margem esquerda da Barragem do Diogo.

Tabela 10: Condutividade elétrica das amostras B1 e P1.


Amostra Condutividade elétrica (S/cm)

E1 seco em estufa 7,2

B1 úmido 59,8

B1 seco em estufa 26,9

P1 úmido 113,9

P1 seco em estufa 63,2

68
5.1.2 Análise Mineralógica

Através da análise mineralógica realizada nas amostras P1 e B1, foi possível


identificar:

 Amostra P1 (Fig. 63): Predomínio de pequenas plaquetas de hematita


seguido de grãos de quartzo angulares e arredondado. Grãos de quartzo
atingem no máximo 1 mm, enquanto os grãos de hematita não passam de
0,3 mm. Proporção aproximada: 60% de hematita e 40% de quartzo.
Pontos brancos foram identificados como quartzo e os pontos pretos como
hematita.

 Amostra B1: Granulometria muito fina com fração argila-silte. Raramente


ocorrem grãos de quartzo e hematita possíveis de serem identificados.

Figura 63 - Fotografia tirada com Lupa Eletrônica do material P1 (Zoom 120x)

5.1.3 Determinação da massa específica

Na Tab. 11 são mostrados os valores de massa específica conseguidos com os


ensaios realizados com o material E1, B1 e P1. Para o material E1 a média foi de
3,211 g/cm³, para B1 foi de 2,864 g/cm3 e para P1 foi de 3,154g/cm3.

69
Tabela 11: Massa Específica das amostras B1 e P1.
Massa Específica (g/cm³)
Amostra
A B C

E1 3,126 3,215 3,292

B1 2,822 2,928 2,843

P1 3,103 3,023 3,335

5.1.4 DRX/Fluorescência

Para a determinação dos argilominerais presente nas amostras de solo foi


empregada a técnica do DRX. Após análise dos resultados é possível afirmar a
presença de quartzo (Q) e hematita (H) identificados pelos picos destacados (Fig.
64), informação que corrobora os resultados da análise mineralógica.

Os resultados de cada análise estão no Anexo B. Ressalta-se que os resultados


referem-se somente à análise qualitativa dos minerais, não tendo sido trabalhada
sua quantificação.

Com relação aos resultados de Fluorescência para as amostras E1, B1 e P1,


percebe-se uma predominância de óxidos ferrosos e de sílica na amostra,
correspondendo a quase totalidade da composição química (Tab. 12).

Tabela 12: Substâncias encontradas após análise de fluorescência de raios-X:


Óxidos principais (%)
Rejeitos
Fe2O3 SiO2 Al2O3

E1 78,82 20,08 x

B1 55,83 20,88 17,69

P1 60,59 37,70 x

70
E1-1
E1-2
E1-3
HH H
H H
H

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
2 Theta

(a)

B1-1
B1-2
B1-3
H
H H H H
Q Q

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
2 Theta

(b)

P1-1
P1-2
P1-3

H
H H

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
2 Theta

(c)
Figura 64 - Resultados de DRX para (a) amostras E1, (b) amostras B1 e (c) amostras P1.

71
5.1.5 Determinação do teor de umidade de solos

Os resultados de teor de umidade (Tab. 13) mostrou que, entre as amostras dos
rejeitos obtidas na barragem, o material B1 possui maior porcentagem de
umidade. O material retirado da pilha apresentou considerável umidade (cerca de
5%), uma vez que foi retirado próximo à superfície da mesma.

Tabela 13: Teor de umidade das amostras E1, B1 e P1.


Amostra Umidade

E1 4,64%

B1 53,31%

P1 15,76%

5.1.6 Análise Granulométrica

Através dos ensaios de análise granulométrica foram definidas as curvas


granulométricas das amostras E1, B1 e P1 (Fig. 65). Os resultados separados de
cada material encontram-se no Anexo C.

100
90
80
70
% Passando

60
50 B1
40 E1
P1
30
20
10 Curva Granulométrica

0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000

Diâmetro das partículas (mm)

Figura 65 - Curva granulométrica dos materiais P1, B1 e E1.

72
5.2 Perfis GPR

5.2.1 Barragem de Três Marias

Foram coletados 58 perfis ao longo da Barragem da Usina Hidroelétrica de Três


Marias, sendo 34 perfis com a antena de 100 MHz, 21 perfis com a antena de 200
MHz e 03 perfis do solo da margem da barragem com a antena de 200 MHz.

Na Fig. 66, o perfil de GPR apresenta a batimetria da barragem, e se inicia com a


profundidade de 1,30m, considerando que o perfil pode ser captado até a
profundidade de 12m. Este aumento da profundidade é justificado pelo trajeto
feito na aquisição, pois de acordo com a posição do GPS, o trajeto é em direção à
margem.

A Fig. 67 também apresenta a batimetria do canal, bem como informações abaixo


deste nível. Foram captadas imagens do solo iniciando em 1,40m de profundidade
(a partir da superfície da água) até 7,50 m. Para este perfil o trajeto considerado
foi em direção contrária à margem.

Na região próxima a margem (Fig. 68), pode-se verificar diferença na textura do


perfil, indicando a possibilidade de uma composição diferente de solo. A partir de
1,80m de profundidade pode-se destacar a existência de possíveis pedregulhos,
que foram constatados visualmente na visita em campo, por conta das várias
formas hiperbólicas presentes nesta fase.

Vale ressaltar que após análise dos resultados obtidos em Três Marias, foram
determinados os parâmetros de utilização do GPR na Barragem do Diogo da Mina
de Água Limpa, sendo eles: velocidade de passagem do barco, definição de
trajetos retilíneos e com comprimentos conhecidos, posicionamento do bote
acoplado ao barco e parâmetros definidos no sistema GPR.

73
Figura 66 - Radargrama de GPR, de 100 MHz, com detalhe da posição da aquisição pelo
GPS – seção 90 (Amplificação vertical ≈ 11)

74
Figura 67 - Radargrama de GPR, de 200 MHz, com detalhe da posição da aquisição pelo GPS – seção 94 (Amplificação vertical ≈ 3)

75
Figura 68 - Radargrama do GPR de 200 MHz – seção 60 (Amplificação vertical ≈ 13)

76
5.2.2 Barragem do Diogo

Conforme já descrito no item 3.10, as aquisições feitas na Barragem do Diogo


foram divididas em três setores para facilitar a interpretação dos resultados, sendo
eles: setor 01, setor 02 e setor 03, conforme Fig. 69. No setor 01 e setor 03 foram
utilizadas as antenas de 200 Mhz e 100 Mhz. Para o setor 02 foi utilizada apenas a
antena de 200 Mhz.

SETOR 01
127

125
134
126 124

135
123

SETOR 03 SETOR 02
132 118
129-131
115-116-117
133 121
128 119
120
130

Figura 69 - Barragem do Diogo – identificação dos setores pesquisados.

5.2.2.1 SETOR 01

a. ANTENA: 200 MHz

Os perfis referentes às seções 123 até 127 (Fig. 70 a 74) foram adquiridos
próximos ao ponto mais raso, no meio da barragem, onde se encontra um acúmulo
de rejeitos. Em todos eles pode-se identificar o fenômeno das reflexões múltiplas,
(destacado em laranja), e a batimetria da barragem (destacado em rosa).

77
Nos perfis 123 e 124 (Fig. 70 e 71) é possível identificar, além das informações
citadas acima, as linhas de deposição variáveis, conforme as linhas destacadas em
verde. No perfil 123 (Fig. 70) é destacada em amarelo um refletor curvo
raso/estrutura côncavo que pode estar relacionado com uma feição geológica, a
estrutura de paleocanal. No perfil 124 (Fig. 71) é possível identificar um
comportamento diferenciado no fundo da barragem (destacado em azul).

Nos perfis 125 e 126 (Fig. 72 e 73) tem-se o fenômeno das reflexões múltiplas
(destacado em laranja) e um comportamento diferenciado das demais áreas
(destacado em azul), que pode estar relacionado a diferente composição deste
rejeito.

O perfil 127 (Fig. 74) é transversal aos perfis citados acima e intercepta-os. Neste,
é possível identificar refletores horizontalizados (destacados em verde) o que pode
representar um indicativo de mudança do sistema deposicional. A partir da
distância 100,00m até o final do perfil, pode-se destacar, em verde, duas linhas
contínuas de deposição. Estas acompanham o sentido de deposição dos rejeitos
(Norte – Sul) e a inclinação da batimetria da barragem, e podem estar relacionadas
às linhas de corrente do escoamento que ocorre dentro do reservatório.

Pode-se também identificar pontos de mudança no padrão de reflexão (na


representação do material) que aparece no fundo da barragem. Também estão
destacados os pontos de interseção deste perfil transversal com os demais, sendo
eles: 134, 126, 125, 124, 135 e 123.

78
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 70 - Seção 123 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 11)
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 71 - Seção 124 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 11)

79
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 72 - Seção 125 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 11)
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 73 - Seção 126 – Direção Oeste-Leste, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 11)

80
Figura 74 - Seção 127 – Direção Norte-Sul, com interpretação (Amplificação vertical ≈ 11)

81
b. ANTENA: 100 MHz

Com a utilização da antena de 100 MHz foram feitos dois perfis: 134 e 135 (Fig.
75 e 76), paralelos com os perfis de 123 a 126 (Fig. 70 a 73). Na seção 134 (Fig.
75) é possível identificar a batimetria da barragem (destacada em uma linha
contínua rosa). Além disso, neste perfil foi identificado um refletor inclinado que
pode indicar uma linha de deposição de material diferenciado (destacado em linha
verde).

Na seção 135 (Fig. 76) também se pode identificar linhas de deposição do


material (destacado em linha verde), a batimetria da barragem (destacada em uma
linha contínua rosa) e o fenômeno das reflexões múltiplas (destacado em laranja).

A utilização de uma antena com frequência central menor é justificada para um


alcance maior de profundidade, mas com perda na qualidade do detalhamento das
estruturas encontradas. Quando comparados os perfis obtidos com a antena de 100
MHz com os perfis da antena de 200 MHz, pode-se concluir que o detalhe de
informações obtidas com a de 200 MHz é maior e com melhor qualidade.
Ressalta-se que com a antena de 100 MHz não foi alcançado uma maior
profundidade de investigação, fato este que pode ser justificado pela
condutividade do material estudado, o que não permite maior penetração da onda
EM no meio investigado.

82
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 75 - Seção 134 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 11)
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 76 - Seção 135 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 11)

83
5.2.2.2 SETOR 02

a. ANTENA: 200 MHz

Os perfis 115, 117 e 118 (Fig. 77, 78 e 79) foram adquiridos de forma radial,
próximos à margem, com o intuito de identificar a variação topográfica do fundo
da barragem (sentido margem-centro, e vice-versa). Os perfis 117 e 118 (Fig. 78 e
79) são paralelos, o comprimento destes perfis alcançou pouco mais de 22 m. Nos
perfis 115 e 117 (Fig. 77 e 78) é possível identificar o início da batimetria da
barragem (destacado em rosa). O perfil 118 (Fig. 79) apresenta reflexões com
características de um evento lateral (destacado em roxo).

Os perfis 119 e 120 (Fig. 80 e 81) são paralelos, enquanto o perfil 121 (Fig.82) é
transversal, interceptando os demais. Em todos os perfis é possível identificar
reflexões laterais (destacadas em roxo) e a batimetria da barragem (destacada em
rosa).

84
Distância (m)
Distância (m)

(a) (b)
Figura 77 - Seção 115 – Direção Sul-Norte, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 3)
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 78 - Seção 117 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 4)

85
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 79 - Seção 118 – Direção Sul-Norte, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 4)

Distância (m)
Distância (m)

(a) (b)
Figura 80 - Seção 119 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 4)

86
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 81 - Seção 120 – Direção Leste-Oeste, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 4)

Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 82 - Seção 121 – Direção Sul-Norte, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 5)

87
5.2.2.3 SETOR 03

a. ANTENA: 200 MHz

Os perfis 128, 129 e 130 (Fig. 83, 84 e 85) foram adquiridos próximos à área com
concentração de sedimento mais escuro. Nos três perfis é possível identificar as
linhas de deposição do material (destacado em verde) e o comportamento
diferenciado das reflexões, o que indica mudança de material (destacado em azul).
Também é possível destacar um refletor horizontal (destacado em amarelo), que
ainda deve ter sua causa investigada.

Devido à sua localização, todos estes perfis estão relacionados com a amostra P1.
Ainda no perfil 130 (Fig. 85), pode-se afirmar que a barragem possui
profundidade superior a 4,50 m. Enquanto o perfil 128 (Fig. 83) identifica o fundo
da barragem com profundidade de até 2,60 m.

Vale ressaltar que no perfil 128 (Fig. 83) foi identificada a presença de ruídos na
água (destacado em vermelho) ilustrada por reflexões com comportamento
diferenciado do restante da imagem do radargrama, são um conjunto de reflexões
lineares.

88
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 83 - Seção 128 – Direção Sul-Norte, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 5)
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 84 - Seção 129 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 5)

89
Distância (m)
Distância (m)

(a) (b)
Figura 85 - Seção 130 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 5)

90
b. ANTENA: 100 MHz

Nos perfis 131, 132 e 133 (Fig. 86, 87 e 88) podem-se identificar a batimetria da
barragem (destacado em rosa), linhas de deposição do material (destacado em
verde) e uma variação do tipo de material devido à atenuação do sinal (destacado
em azul). No perfil 132 (Fig. 87), podem-se identificar algumas hipérboles
(destacadas em amarelo). No perfil 133 (Fig. 88) foram identificadas algumas
perturbações na imagem, como descontinuidades, (destaque nas linhas verticais
em roxo) que podem indicar alguns erros na aquisição dos perfis, sendo eles:
alteração na direção da aquisição do perfil, mudança de velocidade, interferência
de árvores de grande porte ou presença de antenas de transmissão nas
proximidades da coleta.

91
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 86 - Seção 131 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 5)

Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 87 - Seção 132 – Direção Sul-Norte, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 5)

92
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 88 - Seção 133 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 5)

93
5.2.3 Pilha do Monjolo

As aquisições feitas na pilha do Monjolo foram feitas apenas com a antena de 200
MHz. Conforme descrito no item 3.9, a utilização do GPR na pilha do Monjolo
constitui-se de duas partes: na primeira, foram feitas aquisições paralelas nas
bermas e na segunda parte da prospecção foi feita uma malha, sendo 03 perfis
horizontais e 05 perfis verticais (Fig. 89).

99-100-101-102-103
104
105
110
106
107

112
111

109

108

Figura 89 - Pilha do Monjolo - posição dos perfis.

a. ANTENA: 200 MHz

Os perfis 99 até 106 (Fig. 90 e 91) foram feitos na Pilha do Monjolo, mas com
uma geometria diferenciada. Com estes foi montada uma malha, sendo 03 perfis
(106, 105 e 104) no sentido vertical e 04 perfis (103, 101, 100 e 99) no sentido
horizontal. Todos alcançam a mesma profundidade, mas com comprimentos

94
variados. Com as setas pretas verticais está marcada a posição de interseção entre
os perfis. Destacado em linhas pretas pode-se interpretar algumas possíveis linhas
de deposição, visíveis em todos os perfis. Entre os perfis 103 e 106 (Fig. 90) está
destacado (em preto) uma reflexão curva para cima coincidente, no mesmo
comprimento, para os dois perfis. No perfil 101 (Fig. 91) é possível identificar um
material não-condutor (destacado em branco).

Durante a visita ao complexo minerário, o Sr. Antônio Magalhães da Fonseca


(funcionário da empresa mineradora) informou verbalmente que os rejeitos são
transportados até a Pilha do Monjolo através de caminhões, estes depositam o
material na estrutura e fazem uma compactação prévia com o próprio peso dos
veículos. Em todos os perfis da malha pode-se constatar um padrão irregular de
deposição através das linhas pretas destacadas, (concordância com as informações
obtidas verbalmente), assim como reflexões com amplitudes diferentes que pode
representar uma atenuação do sinal por conta de presença de água ou materiais
diferentes (destacado em azul).

Os perfis 107, 108 e 109 (Fig. 92, 93 e 94) são paralelos uns aos outros e foram
obtidos nas bermas superiores (crista), determinadas, aparentemente, como não-
compactadas, uma vez que foram as última bermas formadas por lançamento de
rejeito por via de transporte por veículos. Estes perfis possuem um comprimento
total aproximado de 20,50 m e alcançam a mesma profundidade dos demais.
Nestes foram identificadas muitas hipérboles, sem um padrão de regularidade para
esse comportamento. Na seção 108 (Fig. 93) foi identificada uma reflexão em
curva para cima (destacada em amarelo).

Os perfis 110 e 111-112 (Fig. 95 e 96) foram amostrados paralelamente e obtidos


nas bermas inferiores, determinadas, aparentemente, como compactadas. Estes
possuem um comprimento total aproximado de 36 m e alcançam a profundidade
de 4,00m.

95
(a)

(b)

Figura 90 - Pilha do Monjolo – perfis verticais, (a) sem interpretação e (b) com
interpretação (Amplificação vertical ≈ 2)

96
(b)

(a)

Figura 91 - Pilha do Monjolo – perfis horizontais, (a) com interpretação (b) e sem interpretação (Amplificação vertical ≈ 2)

97
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 92 - Seção 107 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 5)

Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 93 - Seção 108 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 5)

98
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 94 - Seção 109 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 5)
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 95 - Seção 110 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 5)

99
Distância (m) Distância (m)

(a) (b)
Figura 96 - Seção 111-112 – Direção Norte-Sul, (a) sem interpretação e (b) com interpretação (Amplificação vertical ≈ 5)

100
6. Discussão

A utilização da técnica de GPR aplicada a estudos de engenharia é relativamente


recente no Brasil. O presente trabalho demonstrou a possibilidade de utilização
desta metodologia em monitoramento de disposição de rejeitos de minério de
ferro.

Através dos testes iniciais, realizados na barragem da usina hidroelétrica de Três


Marias, a técnica do GPR se mostrou viável para obtenção dos objetivos do
trabalho. Os testes ofereceram as condições necessárias para o alcance de perfis
com boa qualidade de análise através do método de aquisição utilizado.

Com relação aos resultados obtidos na Mina de Água Limpa, o rejeito P1


apresentou maior concentração de hematita através dos resultados do DRX.
Quando analisados os perfis obtidos com GPR na área de depósito do rejeito P1,
verificou-se um aspecto diferenciado (atenuação da amplitude da onda EM devido
à reflexão do material condutor) em alguns pontos ao longo dos perfis. Acredita-
se que este padrão possa ser referente às elevadas concentração de hematita do
rejeito P1.

Já o rejeito E1 apresentou baixa umidade, mas pelas análises dos perfis, pode-se
destacar a concentração de água em alguns pontos devido à atenuação do sinal.
Em contrapartida, o rejeito B1 analisado possui as menores taxas de
condutividade elétrica e a maior concentração de umidade. Após análise dos perfis
obtidos deste material, pode-se contatar que a presença de água não atenuou a
propagação do sinal de GPR, tendo alguns perfis alcançados profundidades de até
4,50m. Oliveira Jr. e Medeiros (2008) analisaram a influência da água, da
granulometria e de minerais pesados em radargramas obtidos em rejeitos
arenosos, e obtiveram uma constatação diferente. Eles alegam que o aumento do

101
conteúdo de água em sedimentos arenosos causa aumento em sua constante
dielétrica e diminuição na velocidade de propagação do sinal de GPR. Também
notaram que com o aumento do teor de minerais pesados nas areias secas, o
coeficiente de reflexão aumenta discretamente. Mas alguns pontos devem ser
destacados: as antenas utilizadas por eles foram de 400 e 900 MHz e o material
analisado era arenoso. Para este projeto foram utilizadas antenas de 100 e 200
MHz e o material é argiloso, conforme apresentam os resultados da granulometria.
Entretanto, as análises feitas por Oliveira Jr. e Medeiros (2008) foram qualitativas,
pois os experimentos foram feitos em modelos reduzidos.

Com relação às análises granulométricas, não foi possível estabelecer uma relação
entre a intensidade das reflexões e o tamanho dos grãos. Ressalta-se que Oliveira
Jr. e Medeiros (2008) afirmam que a granulometria pode influenciar no
coeficiente de reflexão, de maneira indireta, pelo fato de alterar o grau de
adsorção da água.

Vários trabalhos utilizando o GPR para o estudo de subsuperfícies abaixo da


lâmina d’água têm sido reportados nos últimos anos com resultados relevantes
(MELLETT, 1995; SPICER et al., 1997; CARVALHO, 2002; MOUTINHO et
al., 2005; FRAZÃO, 2008; PARIZZI et al., 2011).

Os perfis de GPR, apresentados neste trabalho, mostram imagens claras do leito


da barragem e da batimetria onde as estruturas sedimentares internas podem ser
reconhecidas. Isso é possível, pois com a presença da água e da argila há um
aumento da condutividade do meio que produz reflexões com ondas de maior
amplitude, o que permite mapear a batimetria da barragem, em grandes extensões,
de maneira rápida, conforme Carvalho (2002) e Marcelino et al. (2005).

Este trabalho mostrou que a espessura da lâmina d’água, com mais de 4 m nas
áreas investigadas, não foi obstáculo para a propagação do sinal EM emitido pelas
antenas do GPR, sendo este um procedimento perfeitamente viável. Esta
constatação corrobora Carvalho (2002), ao avaliar a bacia do Ribeirão Serra Azul,
e Moutinho et al. (2005), ao analisar perfis obtidos no rio Taquari.

Segundo Parizzi et al. (2011), o radargrama permite a interpretação e visualização


das estruturas de subsuperfície, e essa interpretação é feita através da análise dos

102
padrões das ondas que geram texturas diferentes no gráfico. Essa variação se dá
por conta das diferentes propriedades dielétricas da subsuperfície. Dessa forma é
possível distinguir duas fases: a água e o sedimento, assim como a profundidade
dos meios identificados e a estimativa das espessuras. Já Cordeiro et al. (2007)
afirma que a inclinação, forma e frequência das superfícies de reflexão, podem
estar relacionadas à interferência sofrida pela onda emitida ao incidir sobre planos
de foliação ou famílias de fraturas com direções diferentes.

Considerando estes parâmetros de interpretação, foi possível identificar a


batimetria da barragem, concentração de materiais em alguns pontos, linhas de
deposição variáveis e presença de refletores. Também foi possível a localização
de um paleocanal devido à visualização de um refletor curvo côncavo, segundo a
descrição de Carvalho (2002), Porsani et al. (2004) e Rodrigues (2009).

De forma geral, as diferenças mais perceptíveis nos radargramas mostraram-se


relacionadas com a presença ou com a ausência de refletores fortes e a espessura
dos sedimentos variou ao longo do perfil transversal. Carvalho (2002) e Porsani et
al. (2004) afirmam que a presença destes refletores observados podem ter
significados geológicos desde que comparados com perfis de sondagens
executados na área pesquisada.

As linhas de deposição identificadas referem-se ao histórico de deposição dos


rejeitos na pilha e na barragem ao longo dos anos, sendo possível identificar sua
direção. Informações mais específicas como porosidade, densidade do material e
espessura das camadas, tanto da pilha quanto da barragem, não foram possíveis de
serem identificadas com a técnica do GPR utilizada. Entretanto, as imagens de
GPR apresentaram diferenças que podem estar relacionadas à composição
material (presença hematita, argila ou areia) e ao seu teor de umidade.

A principal contribuição dessas imagens do GPR para as operações da pilha e da


barragem no complexo de mineração de ferro é o conhecimento da existência
dessas linhas de deposição, que podem indicar os pontos de maior concentração
de material, e tendências críticas de movimentação desses rejeitos.

Os resultados sugerem a utilização desta técnica em estruturas de rejeito de


mineração de ferro, pois apontou que as interferências ocorridas nos radargramas

103
por conta da composição do material (meios altamente condutivos) não foram
suficientes para inviabilizar a utilização do GPR. Entretanto a interpretação dos
resultados deve ser cautelosa, podendo ser auxiliado por outras técnicas de
prospecção para investigação geotécnica. Popini (2001) também afirma que
possuir informações prévias sobre a geologia e as feições estruturais da área
estudada pode facilitar o trabalho de interpretação dos perfis.

Portanto, a viabilidade do uso do GPR em estudos de rejeito de minério ferro,


verificada neste trabalho, demonstra a possibilidade de aplicação do mesmo na
área da engenharia. Percebeu-se que na literatura existem estudos de GPR em
investigação de contaminação do subsolo (NUNES L. P. M e LUIZ J. G., 2006);
avaliações arqueológicas (RODRIGUES S. I., 2009) e em aplicação de ciências
forenses (ALVES, et al., 2013). Entretanto, alguns poucos trabalhos relatam a
aplicação do GPR em estudos de engenharia. Neste aspecto ressaltam se os
trabalhos na investigação de estruturas de concreto (MECATTI et al., 2003;
KING et al., 2003; TARECO et al., 2009), de pavimentação urbana (FARIA,
2010 e PORSANI et al., 2012) de exploração da mineração (SOUZA, 2008) e de
estratigrafia do solo (UCHA et al., 2002)

Acredita-se que uma possível razão para os limitados estudos em engenharia, seja
a complexa interpretação das imagens do GPR. Com o intuito de auxiliar esta
interpretação alguns pesquisadores desenvolveram sítios para melhor
compreender estes resultados oferecidos pelo GPR. Borges & Porsani (2003)
publicaram os resultados obtidos a partir de medições realizadas no Sítio
Controlado de Geofísica Rasa construído no IAG/USP (Instituto de Astronomia e
Geofísica da Universidade de São Paulo). Nesta área, vários alvos, com
propriedades físicas distintas, foram enterrados em diferentes profundidades,
visando estudos geotécnicos, ambientais e arqueológicos. Aranha et al. (2011)
também desenvolveram um Pseudo-sítio arqueológico no IGC/UFMG (Instituto
de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais), no qual diferentes
alvos cerâmicos foram utilizados para realização de análises dos comportamentos
das reflexões dos radargramas. No entanto, em relação à presença de materiais
ferruginosos, como hematita e outros minerais de ferro, nas jazidas exploradas por
mineração ou em depósitos de rejeitos destas, os estudos sobre o comportamento
da reflexão da onda EM do GPR não foram, até o momento, encontrados.

104
7. Conclusão

A utilização do método GPR como metodologia de investigação de linha de


tempo de deposição das camadas dos rejeitos, tanto na Barragem do Diogo quanto
na Pilha do Monjolo, demonstrou-se uma técnica viável. Os níveis de interferência
do rejeito de minério de ferro identificados no sinal do GPR não foram suficientes
para impedir as análises e inviabilizar os resultados. Sendo assim, a metodologia
de utilização do GPR em estruturas de disposição de rejeitos de minério de ferro é
aconselhável, desde que sejam tomados alguns cuidados:

I. Paralelo ao uso do GPR deve ser feito uma investigação direta na área a
ser analisada, como exemplo a utilização de sondagens SPT;
II. Após a identificação de anomalias nos radargramas, realizar nova
prospecção com o método GPR para averiguação das informações na área
analisada;
III. Realizar coletas específicas do material de subsuperfície, nos pontos que
apresentarem anomalias nos radargramas, para auxiliar nas interpretações;

105
8. Trabalhos Futuros

As seguintes propostas são apresentadas como continuidade deste trabalho:

 Investigação dos sedimentos existentes, identificados através do


método GPR, na barragem de Três Marias, que ocasionaram em
anomalias nos radargramas;
 Realizar uma coleta de amostras na barragem de Três Marias, nos
pontos específicos onde se localizam as anomalias, para auxiliar na
interpretação dos perfis de GPR;
 Realizar uma coleta de amostras na barragem do Diogo para
análise quantitativa e qualitativa, para auxiliar na interpretação dos
perfis de GPR;
 Realizar uma coleta de amostras na pilha de rejeitos do Monjolo
para análise quantitativa e qualitativa, para auxiliar na interpretação
dos perfis de GPR;
 Análise quantitativa e qualitativa da água da barragem do Diogo e
de Três Marias;
 Averiguação das hipóteses levantadas através da realização de
prospecção com métodos diretos (sondagem e coleta de amostras);
 Realizar prospecção com o GPR utilizando as técnicas CMP e
WARR, com a utilização de duas antenas (biestática);
 Realizar um estudo geotécnico para avaliar a estabilidade das
estruturas analisadas.

106
9. Referências bibliográficas

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113
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114
ANEXO A

Barragem do Diogo – batimetria Setembro/2012.


Fonte: Vale S.A.

115
Detalhe - Batimetria Barragem do Diogo- Setembro/2012.
Fonte: Vale S.A.

116
ANEXO B

Resultado DRX Amostra E1-1.

117
Resultado DRX Amostra E1-2.

118
Resultado DRX Amostra E1-3.

119
Resultado DRX Amostra B1-1.

120
Resultado DRX Amostra B1-2.

121
Resultado DRX Amostra P1-1.

122
Resultado DRX Amostra P1-2.

123
Resultado DRX Amostra P1-3.

124
ANEXO C

Diâmetro das partículas (mm)


100,0

90,0

80,0

70,0

60,0
% Passando

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0
Curva Granulométrica
0,0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000

Curva Granulométrica – Peneiramento Grosso, Peneiramento Fino e Sedimentação da Amostra P1.

125
Diâmetro das partículas (mm)
100,0

90,0

80,0

70,0

60,0
% Passando

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0
Curva Granulométrica
0,0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000

Curva Granulométrica – Peneiramento Grosso, Peneiramento Fino e Sedimentação da Amostra B1.

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Diâmetro das partículas (mm)
100,0

90,0

80,0

70,0

60,0
% Passando

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0
Curva Granulométrica
0,0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000

Curva Granulométrica – Peneiramento Grosso, Peneiramento Fino e Sedimentação da Amostra E1.

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